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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU


NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI

PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS

ANA CLARA BENTO

ARTES VISUAIS NA ESCOLA

CAETÉ
2023
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ARTES VISUAIS NA ESCOLA

Ana Clara Bento,

Declaro que sou autora deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja
parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e
corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de
investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação
aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO- O aluno constrói no decorrer do seu desenvolvimento a capacidade de expressar-se por


diferentes linguagens e, exerce essa habilidade livremente através do desenho, da imitação, da
dança e das brincadeiras de faz-de-conta. A arte, de uma forma geral, é para ela uma atividade
lúdica, que amplia a capacidade imaginativa e representativa e deve ser uma ferramenta importante
no processo ensino-aprendizagem que se bem utilizado, pode substituir um momento desagradável
em prazeroso, torna-se um motivador e estimulador em sala de aula. Sendo assim, este artigo tem
como objetivo conhecer as intervenções psicopedagógicas mediadas pelas artes. Como resultados,
teve-se que o professor tem papel fundamental ao propiciar às crianças situações de aprendizagem
por meio das artes que possam contribuir para o desenvolvimento das relações e o acesso aos
conhecimentos mais amplos, sobretudo se pautadas nas práticas psicopedagógicas para o processo
de aprendizagem. Conclui-se que o ensino de Artes nesta primeira etapa da Educação Básica é
essencial, uma vez que promove os meios da expressão humana.
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PALAVRAS-CHAVE: Arte. Ensino. Aprendizagem. Desenvolvimento. Psicopedagogia.


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1. INTRODUÇÃO

A humanidade vive um tempo em que a educação passa por um momento de


mudanças em sua metodologia, e necessário se faz que a escola, em seu contexto
educacional, se adapte a estas novas mudanças. Hoje a escola está mais voltada
para um melhor conhecimento dos seus aprendentes, promovendo um aprendizado
mais alegre e participativo. Ao trabalhar a criatividade, o educador valoriza sua
prática e enriquece sua ação criadora, assim, ensinantes e aprendentes estão
inseridos nesta conciliação de novas amostras educacionais.
O psicopedagogo é um profissional que está focado nas interfaces da
educação e da saúde, cujo processo é busca constante pela qualidade de "Ser" e
"Dever Ser", numa realização humana de ações focadas no autoconhecimento e
autoestima. Incentivar a superação das dificuldades e descobertas das
potencialidades, é algo bastante relevante em nossos dias, pois sabemos do
caminhar lento dos nossos passos educacionais, sendo de primordial importância
avançarmos mais, com atitudes de um país ainda em desenvolvimento, mas
também focado em uma visão além de suas fronteiras.
Quanto mais se levantam questões sobre os processos de ensino-
aprendizagem, tanto mais teremos chances de realmente nos aproximar da tão
chamada qualidade em educação. E o termo aproximar é usado, pois jamais a
alcançaremos por completo, se acreditarmos que a história está em constante
transformação e o homem consequentemente carece de uma educação dinâmica e
em progressivo movimento de construção, que acompanhe as necessidades da
sociedade moderna.
Logo, a qualidade em educação deve ser um desafio sempre presente e
motivador para nós educadores. Desafio este que se torna parceiro na medida em
que nos estimula, nos desestabiliza e nos leva a estar sempre inconformados com o
estágio onde nos encontramos. Não distante desta perspectiva, a Psicopedagogia
trás sua válida contribuição para o cenário educacional, uma vez que propõe uma
visão mais ampla no que diz respeito à análise do processo de ensino
aprendizagem, que abrange fatores sociais, afetivos, orgânicos, cognitivos e
pedagógicos.
Ainda nesse sentido, é comum na maioria das turmas dos anos iniciais,
segundo pesquisas realizadas por vários autores e estudiosos da educação, o aluno
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dizer que não sabe desenhar e se recusarem a começar a realizar tal atividade. Para
compreender por que esse problema surge é válido saber como se desenvolve o
percurso das crianças no desenho.
O aluno constrói no decorrer do seu desenvolvimento a capacidade de
expressar-se por diferentes linguagens e, exerce essa habilidade livremente através
do desenho, da imitação, da dança e das brincadeiras de faz-de-conta. A arte é para
ela uma atividade lúdica, que amplia a capacidade imaginativa e representativa e
deve ser uma ferramenta importante no processo ensino-aprendizagem que se bem
utilizado, pode substituir um momento desagradável em prazeroso, torna-se um
motivador e estimulador em sala de aula. O aluno não aprende simplesmente
porque vê os outros escrevendo e desenhando ou porque vê materiais com
desenhos estereotipados, mas sim, porque tenta compreender as informações,
elaborando hipóteses e, procura de a melhor forma transcrevê-las para o papel.
Nesse sentido, a questão que subsidia a pesquisa se resume na seguinte
indagação: quais as contribuições das artes visuais na educação infantil e como
mediadora nas práticas psicopedagógicas para o processo de aprendizagem? Como
hipótese prévia do estudo teve-se que as intervenções psicopedagógicas mediadas
pelas artes são relevantes para o processo de aprendizagem.
Sendo assim, o objetivo principal deste estudo é conhecer as intervenções
psicopedagógicas mediadas pelas artes. De forma mais específica, pretende-se
verificar a relevância das intervenções psicopedagógicas mediadas pelas artes para
o processo de aprendizagem.
Buscou-se reunir e revisar a bibliografia sobre estudos de alguns teóricos,
traçando um breve panorama sobre o assunto, com o objetivo de analisar e
compreender as fases pelas quais o aluno passa no desenvolvimento do grafismo,
bem como verificar a importância das artes visuais para a humanidade, repensar a
prática em sala de aula e buscar possíveis alternativas para que o aluno não deixe
de usar a criatividade e a imaginação, sob um prisma psicopedagógico.
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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 O ENSINO DAS ARTES VISUAIS NA EDUCAÇÃO


Inicialmente, considera-se importante fazer um breve panorama histórico a
respeito do ensino de Artes no Brasil, a partir de suas origens históricas, uma vez
que este evoluiu consideravelmente de acordo com os contextos históricos e as
correntes pedagógicas. A história da arte brasileira está intrinsecamente ligada à
história do ensino da arte. Os jesuítas foram os primeiros a introduzir a arte e o
ensino da arte no Brasil. No início da colonização do Brasil, copiando estampas
europeias de figuras religiosas, sem técnicas adequadas.
Segundo Carrara (2012) e Biasoli (1999), a arte foi o primeiro signo nacional e
o barroco brasileiro, apesar da inspiração portuguesa, foi o primeiro produto cultural
do país. Pode-se afirmar, então, que a ação dos jesuítas foi a primeira manifestação
do ensino de Arte no Brasil.
Em seguida, eram os negros e mulatos que praticavam a arte na colônia, o
que durou desde a metade do século XVI até o século XIX. No século XIX, passou-
se a adotar a postura artística da tradição clássica europeia, passando-se a
reconhecer o papel fundamental do desenho e adotando-se a postura artística da
tradição clássica europeia.
No entanto, a força da criação nacional foi abafada pelo modelo estrangeiro, o
neoliberalismo, que prejudicou a formação de uma consciência artística nacional,
gerando “preconceitos nas classes populares contra o ensino de artes e afastando o
povo da produção artística.” (CARRARA, 2012, p. 36).
Com a chegada da Missão Artística Francesa em 1816, a concepção de arte
popular, realizada pelos artistas de origem humilde, mas que já realizavam, na
concepção de Barbosa (1994, p. 19) “uma arte que já poderíamos considerar como
brasileira”, foi substituída pela burguesia, em sintonia com o modelo europeu. Neste
período, a metodologia do ensino da arte tinha no desenho o seu principal
fundamento, mas não era incluída nas escolas públicas elementares. Era baseada
no academicismo brasileiro, que perpetuou os moldes europeus de ensino, sem
nenhuma preocupação com nossa cultura.
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Algumas mudanças histórico-sociais trouxeram modificações no ensino das


artes. Entre elas podemos destacar a mudança de monarquia para república (1870-
1901) e a mudança da oligarquia para a democracia (1927-1939). No primeiro
período, de acordo com Carrara (2012), houve a preocupação com a inclusão do
desenho na escola, que viam a educação como a preparação para o trabalho. Neste
período, houve gradativamente um rompimento com o padrão de arte convencional.
O ensino da arte assume o papel de formar mão-de-obra, desencadeando um
conflito entre as belas artes e as artes industriais, definido pelo direcionamento dado
ao ensino das artes no Rio de Janeiro, que valorizava o lado artístico, a expressão, a
arte pela arte, e em São Paulo, que privilegiava o ensino técnico-científico voltado
para a formação profissional. Neste contexto, Barbosa (2018) afirma que o ensino da
arte é valorizado “como meio de redenção econômica do país e da classe obreira,
que engrossava as suas fileiras com os recém-libertos”. (BARBOSA, 2018, p. 30)
Mas em 1922 a Arte Educação teve um grande impulso, com a realização da
Semana da Arte Moderna, que apresentou novas ideias sobre arte, como por
exemplo, que está tinha como finalidade principal permitir que o aluno expressasse
seus sentimentos. Gobbi (2017) acredita que os idealizadores deste movimento se
tornaram referência para a arte brasileira.
A partir das décadas de 1950, 60 e 70, o Brasil passou pela fase da
Pedagogia Nova, que dava ênfase à livre expressão e espontaneidade, e pela
Pedagogia Tecnicista, voltada para os aspectos técnicos da arte. Neste segundo
período, as ideias de John Dewey dominaram as reforças na educação e no ensino
de artes no país.
John Dewey inspirou e determinou os padrões da arte-educação no Brasil,
através da legislação oficial, até mais ou menos 1958. (...) Já nos anos 60, houve
um movimento de construção e adoção de modelos autóctones de educação e de
arte-educação, baseados nas teorias e modelos freirianos e nas atividades da
Universidade de Brasília. (CARRARA, 2012, p. 38). O golpe militar de 1964, no
entanto, nos leva de volta a um sistema modelado, com tendências americanas,
inglesas e francesas, com o exílio de muitos educadores brasileiros. Neste período,
o ensino da arte assumiu uma função ideológica, na tentativa de atribuir um caráter
humanista ao currículo.
A Arte foi incluída no currículo escolar em 1971, com o nome de Educação
Artística, através da LDB 5692/71 e, de acordo com Barbosa (2010), caracterizou-se
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pelo desenvolvimento de práticas e procedimentos, esvaziada de conteúdos


específicos.
A partir da década de 1980, com a redemocratização do Brasil, voltaram à
cena vários educadores preocupados com o desenvolvimento intelectual das novas
gerações, que lutaram para garantir a presença da arte no currículo escolar.
Segundo Barbosa (1994), a partir dessa época, passaram a fazer discussões
de novas técnicas educacionais, que vão culminar na LDB 9394/96, segundo a qual
a Arte é considerada disciplina obrigatória na Educação Básica, em seus diversos
níveis, visando o desenvolvimento cultural dos alunos. Anteriormente, com a
promulgação da Constituição de 1988 e com a própria LDB 9394/96, o ensino da
Arte passa a ser obrigatório desde a Educação Infantil. Neste contexto histórico, de
acordo com Barbosa (2010), a arte passa a ocupar espaço no ambiente escolar e na
sociedade brasileira.
Para Barbosa (2018), tais mudanças não são fruto apenas das mudanças na
legislação, mas uma mudança de mentalidade, da concepção filosófica e
metodológica do ensino da arte a partir do paradigma da cognição. Atualmente, o
principal objetivo do ensino da Arte deve ser ajudar o aluno na idade escolar a
entender criticamente a sociedade e a cultura. Essa ressignificação do processo
ensino-aprendizagem no meio escolar. Para que ocorra efetivamente a
transformação do ensino e da aprendizagem da arte, é preciso dominar os
conhecimentos históricos que se relacionam com a arte e a educação para escolha
de práticas educativas que componham o cenário contemporâneo.

2.2 METODOLOGIAS DO ENSINO DAS ARTE NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA

A história do ensino da arte no Brasil, como vimos, esteve ligada


fundamentalmente às transformações histórico-sociais que o país atravessou.
Dentro deste contexto, a maneira de ensinar arte na escola também passou por
várias mudanças. De acordo com Prosser (2012), são quatro os tipos de
metodologias do ensino da arte:
Metodologia Tradicional: Introduzida pelos jesuítas, desde o período colonial
brasileiro. Metodologia onde a herança cultural é passada de geração em geração
na forma de conteúdos, técnicas e concepções a serem memorizadas e
acumuladas, sem levar em conta as fases do desenvolvimento da criança, nem as
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suas necessidades ou criatividade. O centro do processo educativo é o professor,


que tem o conhecimento e o transmite.
Metodologia da Escola Nova: Surgiu no século XX, como reação à
Metodologia Tradicional. De origem europeia e norte-americana, foi introduzida no
Brasil na década de 1910, provocando várias reformas no ensino. Com relação ao
processo de ensino-aprendizagem, tinha o aluno como centro do processo
educativo, priorizando o desenvolvimento e o mundo psicológico do educando.
Neste contexto, a arte é vista como uma ferramenta para o autoconhecimento como
meio de expressão do eu.
Metodologia Tecnicista: Surgiu nos Estados Unidos, depois da II Guerra
Mundial (1939-1945), com o objetivo de formar mão-de-obra especializada para
determinadas funções e profissões. Foi a metodologia utilizada, no Brasil, nos
tempos da ditadura militar. Como seu objetivo era a profissionalização, enfatizava a
técnica e não dava espaço para a reflexão e a interação com o contexto. No ensino
da arte, essa tendência traduziu-se no ensino de técnicas: como pintar, como fazer
música, como representar, sem estimular o aluno refletir sobre o que criavam ou
exprimiam.
Metodologia Histórico-crítica: esta metodologia parte do princípio de que o
homem é um ser inserido em um meio específico e na própria história, ou seja, o
indivíduo é um ser social, que passa a poder agir sobre o meio. Surgiu na Europa,
com a Escola de Frankfurt, desde a década de 1920. No entanto, no Brasil, a
metodologia histórico-crítica ganhou força apenas com o final da ditadura militar,
com a volta à democracia. Neste contexto, o ensino da arte integra elementos das
três metodologias citadas anteriormente, porém abrange mais um elemento: a
capacidade de, por meio do conhecimento e da análise da realidade, refletir e agir
sobre ela, transformando-a.
Através da análise desses modelos, percebe-se que os educadores
percorreram um longo caminho para alcançar uma perspectiva contemporânea da
arte, ou seja, como conhecimento, baseada na “diversidade de códigos em função
de raças, etnias, gênero, classe social, etc.” (BARBOSA, 2018, p. 19). Para uma
transformação do ensino e da aprendizagem da Arte na contemporaneidade é
preciso dominar os conhecimentos históricos que se relacionam com a arte e a
educação para escolha de práticas educativas que componham o cenário
contemporâneo.
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As artes visuais na Educação Infantil são importantes no desenvolvimento da


criança, pois através delas, as crianças vivenciam suas experiências e desenvolvem
o conhecimento em diferentes produções artísticas, sobretudo quando vista de um
ponto de vista psicopedagógico.
Porém, antes de adentrar especificamente nesta percepção de arte e
psicopedagogia, cabe destacar que, na concepção de Barbosa (2019), a arte, como
conteúdo, representa o melhor trabalho do ser humano. “Arte não é apenas básica,
mas fundamental na educação de um país que se desenvolve. Arte não é enfeite,
arte é cognição, é profissão, é uma forma diferente da palavra interpretar o mundo, a
realidade, o imaginário e é conteúdo”. (BARBOSA, 2019, p. 4)
A arte promove o desenvolvimento de competências, habilidades e
conhecimentos necessários às diversas áreas de estudo. Entretanto não é isso que
justifica a sua inserção no currículo escolar, mas seu valor intrínseco como
construção humana, como patrimônio comum a ser apropriado por todos.
(IAVELBERG, 2019, p. 43). Sendo assim, é necessário que o professor estimule o
aluno para que ele conquiste saberes novos e aproprie do conhecimento produzido.
De acordo com Fusari e Ferraz (2001), o professor deve conhecer e
compreender melhor a forma de ensinar as linguagens artísticas, levando em
consideração o contato que os alunos têm com o universo de visualidade do mundo
contemporâneo, isto é, deve pensar as aulas de modo a privilegiar a observação,
expressão e comunicação das crianças.
Sendo assim, um dos principais compromissos com o professor é adequar
sua prática educativa para o desenvolvimento das expressões e percepção infantil,
que são favorecidas quando “elas são orientadas para observar, ver, ouvir, tocar,
enfim, perceber as coisas, a natureza e os objetos à sua volta. Sentir, perceber,
fantasiar, imaginar, representar, fazem parte do universo infantil e acompanham o
ser humano por toda vida”. (FUSARI E FERRAZ, 2001, p. 56.)
No sentido de orientar os professores sobre os conteúdos de aprendizagem
em artes, os RCNEI’s (Brasil, 1998) recomendam que estes poderão ser
organizados de modo a permitir que o aluno utilize sua carga de conhecimento de
mundo, mas também possa estabelecer novas relações. Para isto é necessário que
o professor, para ter uma ação educativa de qualidade, deve garantir que:
• o aluno possa compreender e conhecer a diversidade da produção artística
na medida em que estabelece contato com as imagens das artes nos diversos
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meios, como livros de arte, revistas, visitas às exposições, contato com artistas,
filmes etc.;
• exista a possibilidade do uso de diferentes materiais pelas crianças, fazendo
com que estes sejam percebidos em sua diversidade, manipulados e transformados;
• os pontos de vista de cada aluno sejam respeitados, estimulando e
desenvolvendo suas leituras singulares e produções individuais;
• as trocas de experiências entre as crianças aconteçam nos momentos de
conversa e reflexão sobre os trabalhos, elaborações conjuntas e atividades em
grupo;
• o prazer lúdico seja o gerador do processo de produção;
• a arte seja compreendida como linguagem que constrói objetos plenos de
sentido;
• a valorização da ação artística e o respeito pela diversidade dessa produção
sejam elementos sempre presentes.
Sendo que o aluno necessita expressar as ideias à sua maneira, cabe ao
professor agir flexivelmente para compreender o modo de pensar dela, ser receptivo
para aceitar suas ideias e encaminhar o aluno para o uso de seu pensamento
criador em todos os sentidos do desenvolvimento de sua criatividade.
Diante do papel fundamental que o professor desempenha no processo
ensino-aprendizagem, Fusari e Ferraz (1999) acreditam ser compromisso do
educador adequar o seu trabalho para o desenvolvimento das expressões e
percepções infantis.
Isto porque a arte é um dos espaços onde as crianças exercitam suas
potencialidades perceptivas. Para que isto ocorra, é preciso que o educador tenha
conhecimento dos principais aspectos pedagógicos e filosóficos que permeiam o
processo de ensino e aprendizado da arte.
As Artes Visuais expressam, comunicam e atribuem sentidos a sensações,
sentimentos, pensamentos e realidade por vários meios, dentre eles; linhas formas,
pontos, ainda estão presentes no dia-a-dia da criança, de formas bem simples como:
rabiscar e desenhar no chão, na areia, em muros, sendo feitos com os materiais
mais diversos, que podem ser encontrados por acaso, e por fim são linguagens, por
isso é uma forma muito importante de expressão e comunicação humanas, isto
justifica sua presença na educação infantil.
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O trabalho com crianças da Educação Infantil (0 a 6 anos) deve levar em


conta o processo de aprendizagem que se realiza de acordo com as fases de
desenvolvimento da criança. Contudo, é bom lembrar que cada aluno é única, com
identidade própria e um ritmo singular de desenvolvimento.
Portanto, além de levar em conta o processo de maturação do aluno de modo
geral e suas características individuais, é preciso propor situações que a incentivem
à conquista devagar da autonomia e da individualidade em seus diversos contextos.
Detectar os conhecimentos prévios das crianças não é tarefa fácil. Implica que o
professor estabeleça estratégias didáticas para fazê-lo. (BRASIL, 1998c, p.33)
Noutro ponto, destacando a questão das práticas psicopedagógicas para o
processo de aprendizagem por meio das artes visuais, redimensionarem-se essas
vivências dentro desse argumento psicopedagógico/arte terapêutico, calcado
também na Teoria da Psicogênese da Língua Escrita de Ana Teberosky e Emília
Ferreiro e o biólogo Jean Piaget, em sua Teoria Psicogenética, ao fazer-se a
Avaliação do Questionário de Perguntas, quando o psicopedagogo investiga o
aprendente no campo da leitura e escrita, ajudando-o, nessa superação, a perceber
conflitos internos e externos, paralelamente a esta, a começar um acompanhamento
arteterápico em suas produções artísticas.
Observa-se a relevância de um trabalho voltado para arteterapia em
psicopedagogia, sendo comum estabelecer atualmente, já que se demora muito a
intervir psicopedagogicamente, em função das necessidades da criança. Os
brinquedos, jogos dramáticos e recursos arte terapêuticos de natureza visual
desempenham, neste período, um papel nuclear. Seu uso é de principal importância
na estruturação do processo psicopedagógico, tendo em vista a construção do
conhecimento e do saber por parte do aluno através do uso de brinquedos e jogos e
atividades de expressão artística (BURTER, 1998).
Verifica-se também ser de suma importância o uso das artes visuais-plásticas
com adolescentes e adultos, devido ao fato de que as mesmas podem elevar a
autoestima do aprendente e melhorar no âmbito das dificuldades relacionadas com a
aprendizagem, o recurso da arteterapia para diagnosticar, e precaver-se também de
aceitáveis dificuldades, como forma alternativa de promover um aprendizado mais
consistente e saudável, portanto essas linguagens artísticas visuais, dentre outras,
podem ser mais adequadas à expressão e elaboração do que é apenas
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vislumbrado, ou seja, esta complexidade implica na apreensão simultânea de vários


aspectos da realidade (TRINDADE; DA MOTA; VIEIRA, 2022).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O acompanhamento psicopedagógico encontra na arte mais uma alternativa


que vem ajudar o sujeito/aprendente a inserir-se não só no seu meio sociocultural,
como também a adquirir e perceber suas potencialidades por maiores que sejam os
obstáculos encontrados no processo de ensino aprendizagem. Sai-se da área
conflitante em que se encontra e abre-se, desse modo, as oportunidades ofertadas a
um mundo onde a arte oportuniza o aprender e apreender de forma participativa.
Sendo assim, um dos principais compromissos do psicopedagogo é adequar
sua prática educativa de modo a privilegiar a observação, a expressão e a
comunicação das crianças por meio das artes visuais, representando papel central
neste contexto, pois atua como mediador entre o conhecimento e a criança.
Conclui-se assim que, o psicopedagogo, ao criar um ambiente acolhedor e
criativo; ao auxiliar as crianças no seu processo de aprendizagem e ao mostrar
como um ambiente facilitador, a arte promove mudanças, é acolhedora e
proporciona desafios ao possibilitar à criança entrar em contato com as imagens do
seu inconsciente, agindo com o corpo, expressando-se e, dessa forma, descobrindo
por meio dos sentidos novos caminhos: a arte de ver, de ouvir, de sentir.
Assim, a abordagem psicopedagógica da arte possibilita a transformação e o
crescimento de cada aluno para uma melhor qualidade de vida. Assim, com a sua
intervenção, por meio das atividades e dos recursos expressivos a serem
executados, haverá um crescimento emocional e de aprendizagem.
A aplicabilidade das artes visuais é tão abrangente que permeia a educação,
em que muitas de suas obras retratam muito da história; emprestando à
psicopedagogia um recurso a mais em sua intervenção. Oferta-se a ciência,
buscando-se perceber um ponto não visto pelo recurso tecnológico. Tornam-se
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popular, quando a vê exposta nos mais diferentes materiais que a mídia vincula.
Ajuda a medicina, quando dá vazão para que a inspiração das pinceladas faça
nascer formas e mostrem dados não detectados.
Portanto, em qualquer circunstância em que utilizemos as artes, elas
deixarão, por certo, no derramar de suas tintas, algo outrora descoberto, algo que
recentemente que se conheceu ou algo que ainda está por vir.

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