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FACULDADE

VICK COSTA

ARTES VISUAIS: A CRIANÇA, EXPRESSANDO-SE PELO DESENHO

Rio de Janeiro-RJ

2019
FACULDADE

VICK COSTA

ARTES VISUAIS: A CRIANÇA, EXPRESSANDO-SE PELO DESENHO

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial à
obtenção do título especialista em Artes
Visuais.

Rio de Janeiro-RJ

2019
Declaro que sou autor(a)1 deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído,
seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas
consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados
resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste
trabalho.

Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou
violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de
Serviços).

RESUMO- O objetivo desse artigo é fazer com que os educadores que atuam na
educação infantil repensem sobre as concepções e metodologias a respeito do ensino da Arte,
valorizando a expressão e a criação da criança, uma vez que a maneira como a criança brinca
ou desenha reflete na sua forma de pensar e sentir em especial as artes visuais, sobre sua
prática e técnicas. A fundamentação teórica estará centrada na compreensão de que as artes
visuais são um importante meio para trabalhar com as dificuldades de aprendizagem, seu
trabalho interfere diretamente com todos os envolvidos, propiciando uma inovação através da
prática lúdica e artística. Serão realizadas análises teóricas e metodológicas para que se possa
refletir sobre os momentos da criança na história das artes visuais? E qual a importância do
desenho para a educação da criança? Nesse sentido, este artigo estará baseado em
pesquisas qualitativas a partir de livros, artigos, revistas, monografias e internet, bem como nas
vivências e práticas do profissional de artes no contexto escolar através de sua atuação.

Palavras-chave: Arte visual. Criança. Desenho. Ensino. Aprendizagem.

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1 INTRODUÇÃO

Este artigo tem como finalidade mostrar o quanto a Arte Visual é


importante para a o desenvolvimento da criança, pois através da arte as
crianças conseguem expressar seu sentimento e suas habilidades pelo
desenho. Apresentar qual contribuição ela pode oferecer para a escola na
formação da criança e no seu desenvolvimento.

Demonstrar que para ensinar arte visual o professor deve ter uma
formação apropriada na área de artes, pois assim conseguirá oferecer
conteúdos criativos para os alunos e não somente pedir para que eles copiem
o que já está pronto.

Tendo em vista que o professor deve despertar o interesse das crianças


sobre as aulas de artes visuais desde a primeira fase, deixando claro que o
mesmo deve transformar o conteúdo em brinquedo, uma vez que o estímulo
lúdico ajuda na capacidade da criança de aprender e faz com que ela tenha
apreciação artística e interesse pela leitura dos diversos tipos de artes.

É importante lembrar que trabalhar com Artes Visuais na educação não


tem como objetivo formar artistas, mas sim ampliar a capacidade criativa dos
alunos e possibilitar que eles conheçam a linguagem artística e tenham um
olhar sensível para o mundo, aprendendo a representá-lo.

A fundamentação teórica estará centrada na compreensão de que as


artes visuais são um importante meio para trabalhar com as dificuldades de
aprendizagem, seu trabalho interfere diretamente com todos os envolvidos,
propiciando uma inovação através da prática lúdica e artística.

Serão realizadas análises teóricas e metodológicas para que se possa


refletir sobre os momentos da criança na história das artes visuais? E qual a
importância do desenho para a educação da criança?

Nesse sentido, este artigo estará baseado em pesquisas qualitativas a


partir de livros, artigos, revistas, monografias e internet, bem como nas
vivências e práticas do profissional de artes no contexto escolar através de sua
atuação.
2 Momentos da criança na história da arte

Na educação infantil as atividades artísticas contribuem com ricas


oportunidades para o desenvolvimento da criança, uma vez que põem ao seu
alcance diversos tipos de materiais para manipulação, além da arte espontânea
que surge em brincadeiras ou a partir de uma proposta mais direcionada.

O lúdico, o teatro, a dança, a pintura, o desenho, a criatividade, o


conto de fadas, fazem parte de um momento em que as crianças se
expressam, comunicam e transformam a vida na relação com a arte,
ou seja, “somos potencialmente criadores, possuímos linguagens,
fazemos cultura” (PIRES, 2009, p.47).

De acordo com Santos e Costa (2018, p.1) Ao reconstruir os sentidos


das experiências para si, a criança articula as experiências externas às suas
possibilidades de percepção e leitura de mundo. Para esse mundo simbólico, à
disposição das crianças, é um ato criador ao mesmo tempo individual e coletivo
esta organização de sentidos.

Na história da educação no Brasil primeiramente, deu-se maior


importância para a implantação do ensino superior de artes, só após a
academia houve uma preocupação em inserir o Desenho no ensino primário e
secundário, sendo assim a academia influenciou com sua metodologia o ensino
de desenho na educação básica, porém o ensino da história da arte não é
mencionado como conteúdo.

Segundo Mosaner e Stori (2007, p.147) “É interessante salientar que só


depois de bem estabelecido o curso superior de artes, através da Academia, é
que há a preocupação de implantá-lo no ensino primário e secundário”.

Foi no Rio de Janeiro e São Paulo que surgiram os primeiros jardins de


infância no Brasil tinham um caráter assistencialista. Nas décadas de 70 e 80
com as mudanças e a industrialização do país, as mulheres entram no trabalho
assalariado o que exigiu a ampliação do atendimento educacional para as
crianças de quatro a seis anos de idade e posteriormente para as crianças de
zero a três anos. Como está afirmado:

O atendimento institucional à criança pequena, no Brasil e no


mundo, apresenta ao longo de sua história concepções bastante
divergentes sobre sua finalidade social. Grande parte dessas
instituições nasceram com o objetivo de atender exclusivamente às
crianças de baixa renda. O uso de creches e de programas pré-
escolares como estratégia para combater a pobreza e resolver
problemas ligados à sobrevivência das crianças foi, durante muitos
anos, justificativa para a existência de atendimentos de baixo custo,
com aplicações orçamentárias insuficientes, escassez de recursos
materiais; precariedade de instalações; formação insuficiente de seus
profissionais e alta proporção de crianças por adulto. (BRASIL, 1998,
p.18)

O cenário de mudanças que o país vivenciava cumulou com a


promulgação da Constituição Federal em 1988, o Estatuto da Criança e do
Adolescente em 1990 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
LDB nº 9394/96. A Constituição Federal de 1988 vem garantir que é dever do
Estado à criança ser atendida em creches e pré – escolas. A LDB
institucionaliza que a Educação Infantil é uma etapa da Educação Básica e
merece uma pedagogia voltada para a infância.

A criança passa a ser considerada como um todo em desenvolvimento


integral: cognitivo, físico e emocional. As instituições de ensino passaram por
momentos de transição e mudanças em questão de atender as crianças de
zero a seis anos de idade na Educação Infantil e os educadores tem buscado
diversos métodos criativos para trabalhar com essa faixa etária e também se
aperfeiçoando.

A Integração da Educação Infantil assume características próprias.


Fazendo nascer uma visão de mundo através da linguagem, da natureza e
sociedade e da identidade e autonomia como noções de Música, Corpo e
Movimento, Artes Visuais, etc.
2 AS ARTES VISUAIS A CRIANÇA E O DESENHO

A Educação Infantil agregando as Artes visuais através da Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB 9394/96, trouxe o Ensino da
Arte para educação básica. Durante muito tempo o Ensino de Arte nas escolas
estava condicionado a ser um passatempo ou estava para ocupar uma lacuna
disponível.

Passou a ser encarada como disciplina que não tinha relevância para a
grade curricular, estava presente, mas não era dada a importância necessária.
A LDB traz muitas mudanças para educação nacional e essas acontecem
também na arte.

Essa disciplina é de suma importância tanto quanto às demais de acordo


com os Parâmetros Curriculares Nacionais:

Desde o início da história da humanidade a arte sempre


esteve presente em praticamente todas as formações culturais. O
homem que desenhou um bisão numa caverna pré-histórica teve que
aprender, de algum modo, seu ofício. E, da mesma maneira, ensinou
para alguém o que aprendeu. Assim, o ensino e a aprendizagem da
arte fazem parte, de acordo com normas e valores estabelecidos em
cada ambiente cultural, do conhecimento que envolve a produção
artística em todos os tempos. No entanto, a área que trata da
educação escolar em artes tem um percurso relativamente recente e
coincide com as transformações educacionais que caracterizaram o
século XX em várias partes do mundo. (BRASIL, 2001, p.21)

As crianças possuem saber artístico impregnados de valores,


significados e sentimentos. É através desses saberes artísticos que a criança
vai desenvolver sua formação cognitiva, os laços afetivos e a expressão
corporal. Essas áreas não estão separadas fazem parte do desenvolvimento
integral que promove a inserção da criança na sociedade como um cidadão
consciente. Dentro desses saberes se encontra a arte de desenhar.

O desenho é a manifestação de uma necessidade da criança: agir


sobre o mundo que a cerca; intercambiar, comunicar (DERDYK,
1989, p.51).

Segundo Cava (2009, p. 9), as crianças têm necessidade de desenhar e


desde o final do século XIX, muitos teóricos se dedicaram a entender essas
marcas fascinantes feitas por elas, os motivos que as levam a mudarem seus
rabiscos. “Como o grafismo infantil é uma das formas de expressividade da
criança, entendemos ser relevante para a práxis de o educador conhecer as
etapas do desenvolvimento gráfico infantil”.

Essas são as etapas do desenvolvimento gráfico-infantil baseadas em


Piaget (1975).

A forma de uma criança conhecer o objeto passa por significativas


transformações em sua evolução no processo de adaptação ao meio a que se
dá por seguidos movimentos de equilibração. Inicialmente, predomina-se a
ação nas reações com o objeto, é o período sensório motor, que se estende
até os dezoito meses aproximadamente, nesse período, o desenho é
totalmente involuntário, os movimentos são desordenados, porém proporciona
prazer (som do giz deslizando no papel, o gesto o movimento do braço).

Na fase seguinte, período pré-operacional, a criança ainda não opera


mentalmente sobre os objetos, o que só conseguirá fazer a partir de
aproximadamente sete anos e de acordo com este autor, essa é a fase dos
porquês, onde a criança adora encher folhas com desenhos (muita gente,
carros, animais). Nesta fase surge o caráter semiótico, isto é, do símbolo, da
representação. Portanto, é visto que evolução do desenho compartilha o
processo de desenvolvimento, passando por etapas que caracterizam a
maneira da criança se situar no mundo.

Seguindo essa mesma linha de raciocínio Vygotsky (1991), cita a


experiência de “certo grau de abstração” na atitude da criança que desenha, ao
liberar conteúdos de sua memória, reconhece o papel da fala nesse processo,
afirmando que a linguagem verbal é a base da linguagem gráfica constituída
pelo desenho.

Mesmo olhando de formas diferentes os aspectos do desenho, as


concepções dos dois autores, a saber, Piaget (1975) focaliza o sujeito do ponto
de vista epistêmico e Vygotsky (1991) contempla o ponto de vista social, eles
valoriazam a importância do desenho no processo de desenvolvimento da
criança e a característica de que a criança desenha o que a interessa,
representando o que sabe de um objeto.

Duarte Jr. (1988) ao escrever sobre a importância da Arte na formação


humana disse que esta se torna essencial por exprimir e construir aquilo que
está fora dos limites da razão discursiva. Lyra (1982) justificando o campo da
Arte como sendo o estético, fala do duplo objetivo da obra de Arte: recriar a
vida e interpretar o mundo, despertando prazer e/ou transmitindo informação.

Assim percebemos a importância do desenho no desenvolvimento da


criança e sabendo que as atividades lúdicas são também indispensáveis à
criança para apreensão dos conhecimentos artísticos e estéticos uma vez que
possibilitam o exercício e o desenvolvimento da sua percepção, imaginação,
fantasias e sentimentos.
3 ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS COM DESENHOS PARA CRIANÇAS

Os professores que forem lidar com artes visuais junto a crianças


especificamente com desenhos precisam conhecer um pouco mais sobre a
função e o desenvolvimento dos jogos e brincadeiras na vida infantil e
principalmente, saber interligá-los nas aulas escolares.

O desenho espontâneo propicia conhecer o universo simbólico da


criança e é importante, pois, nesse momento a criança experimenta de modo
criativo a sua expressão sem a intervenção do adulto e cabe ao professor
observar, acompanhar e estimular o desenvolvimento gráfico de seus alunos,
sempre incentivando e depois pedir que a própria criança conte a história do
seu desenho.

Essas primeiras garatujas sem nenhuma intencionalidade, apenas como


experimentações dos materiais por parte dos sujeitos. Precisam ser
estimuladas

Assim, Coll (2000 apud CAVA, 2009), salienta o poder da interpretação


da imagem visual.

O desenho propicia oportunidade de que o mundo interior se


confronte com o exterior, isto é, a observação do real se depara com
a imaginação e o desejo de significar. Para esta autora, esses
códigos visuais são importantes para as pessoas se conduzirem para
diversos locais com independência.

Para trabalhar as linguagens visuais na escolarização artística infantil é


necessário determinar quais metodologias utilizar para integrá-los as vivências
que fazem parte do cotidiano da criança. Isto significa definir também os
procedimentos e técnicas pedagógicas a serem utilizados nas atividades de
apreciação e expressão prazerosa e lúdica das formas.

No Ensino de Artes Visuais o Desenho precisa ser pensado e planejado


para ser aplicado em sala de aula, não pode ser considerado um passatempo
ou uma atividade para ocupar o tempo das crianças. As aulas de desenho
precisam ser planejadas com antecedência organizando um espaço para
acolher as crianças, como o pátio, o parquinho da escola ou outro ambiente,
aproveitando a oportunidade para que as mesmas experimentem espaços
diferentes e favoreçam o desenvolvimento das crianças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebemos ao longo da pesquisa sobre a importância do Ensino de


Artes Visuais na Educação Infantil principalmente a arte do desenho, contribui
para a o desenvolvimento da criatividade, da autonomia e da espontaneidade.
Desta forma, conforme se adquire interesse pela Arte os indivíduos se tornam
mais críticos e reflexivos.

Portanto, o desenho é estímulo para exploração do universo imaginário,


e ressaltamos ainda, que o desenhar envolve diferentes operações mentais,
que podem selecionar, relacionar estímulos e representar, favorecendo a
formação de conceitos.

Portanto, conclui-se que o papel dos educadores é o de valorizar cada


vez mais o ensino de Arte e mostrar o quanto a criação espontânea é
importante principalmente nas fases iniciais do desenvolvimento da criança em
sua formação estética, motora, cognitiva e sócio cultural.

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação


Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil
/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental.
— Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental.


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DERDYK, E. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo


infantil. São Paulo: Scipione, 1989.

CAVA, Laura Célia Sant’Ana Cabral. Ensino das artes: pedagogia. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2009.

DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Fundamentos estéticos da educação. – 2.


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– (Coleção primeiros passos; 167).

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primeiros passos; 115).

LYRA, Pedro. Utiludismo: a sociedade da Arte. – 2. ed. rev. – Fortaleza:


Edições UFC, 1982.

Piaget, J. (1975). A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho,


imagem e representação (Cabral, A.; Oiticica, C.M., Trad.). 2a Ed. Rio de
Janeiro: Zahar; Brasília: INL. 370 p.

PIRES, E. Proposta Curricular da Educação Infantil. Campinas: Prefeitura


Municipal de Campinas, 2009.

STORI, Norberto, MOSANER JR., Eduardo. O Ensino de Artes no Brasil.


Revista Sinergia, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 144-150, jul./dez. 2007. SINERGIA
(Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo).

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos


processos psicológicos superiores. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

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