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TABOÃO DA SERRA
2022
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI
TABOÃO DA SERRA
2022
O ENSINO DA ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Jozeni¹
Declaro que sou autor (a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial
ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).
RESUMO
Email: jozy.ni@hotmail.com
Introdução
A arte é uma obra universal que há milhares de anos os povos utilizam para se
comunicar e que está presente na vida do ser humano antes mesmo do seu
nascimento. A arte é o elo entre o criar e o sentir, entre os movimentos e as relações
que se estabelecem com eles.
A sociedade costuma dizer que a presença da arte na vida dos seres humanos é
incontestável. Ela tem acompanhado a história da humanidade ao logo dos tempos,
está presente em todas as regiões, em todas as culturas, em todas as épocas; ela
ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço. A arte é uma expressão artística que
contém um forte poder de comunicação, principalmente quando se difunde pelo
ambiente urbano, alcançando ampla dimensão da realidade social. Ela pode ser
compreendida como parte constitutiva de uma trama repleta de contradições e tensões
em que os sujeitos sociais, com suas relações e práticas coletivas e individuais e por
meio dos sons, vão (re) construir partes do tecido social e cultural.
A arte atinge os sentidos do receptor, estando no universo da sensibilidade. Por
tratar-se de um material marcado por objetivos essencialmente estéticos e artísticos,
destinado à fruição pessoal e/ou coletiva, ela também assume inevitavelmente a
singularidade e as características especiais próprias do autor e de seu universo cultural.
E, finalmente, o receptor faz sua (re) leitura da obra, às vezes trilhando caminhos
inesperados para o criador.
A cultura é compreendida como um campo onde se estabelecem os conflitos, e
que coexistem processos de dominação, apropriação, resistência e (re) apropriação,
num movimento dialético e contraditório entre os setores hegemônicos e subalternos. O
sujeito é produtor/receptor/consumidor de cultura.
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Pensar na arte como elemento que une de forma complementar faz com que o
indivíduo tenha uma relação intrínseca com a capacidade de perceber o mundo à sua
volta, permitindo-lhe, a partir disso, construir e produzir sua própria história de
diferentes maneiras.
O presente trabalho consiste em aprofundar os conhecimentos na prática da
arte no âmbito escolar, tendo como objeto central do estudo a educação infantil de
quatro á seis anos, sendo o tema principal: A presença da arte na educação infantil:
olhares e intenções.
Na realização deste estudo serão abordadas propostas metodológicas com
base em pesquisas bibliográficas, buscando informações e comprovações do assunto
abordado. O principal objetivo da arte na educação é formar o ser criativo e reflexivo
que possa relacionar-se como pessoa.
Por mais que a oralidade e a escrita sejam as maiores atenções por parte dos
teóricos da educação Infantil e também pelos professores que colocam como meta
primordial em seus planos de aula, as linguagens artísticas estão sempre enquadradas
em todos os trabalhos desenvolvidos pelos alunos que se expressam criativamente a
todo o momento, oportunidade ideal para o professor estimular o interesse da pela arte
no educando mostrando outros horizontes e ampliando suas possibilidades de
aprendizagem
As linguagens artísticas atribuem diferentes significados e intenções no
cotidiano da Educação Infantil. Este trabalho fará um resgate das intenções que
orientam as ações dos professores, ao proporem atividades com linguagens artísticas
na escola e identificam os significados dessas ações em relação à estrutura da área de
Arte, às demandas do trabalho com crianças de quatro à seis anos e à dinâmica
pedagógica da escola.
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É possível identificar a arte, conscientemente ou não, têm mediado situações
de contato com as linguagens artísticas usando cinco tipos de intenções: Arte para
desenvolver habilidades, Arte como recurso ao trabalho com outras áreas, Arte como
expressão, Arte como acesso a padrões estéticos e Arte como conhecimento.
A partir dessas dimensões, identificamos duas grandes entradas para a Arte na
Educação Infantil. Esta pode aparecer como linguagem essencial à comunicação e
expressão infantil e como um repertório de conhecimentos construídos culturalmente e
ao qual a criança pode ter acesso através das ações dos professores.
Pretende-se mostrar que a educação por meio da arte é, na verdade, um
movimento educativo e cultural que busca a constituição de ser um ser humano
completo, total, dentro dos moldes do pensamento democrático e valorizando no ser
humano os aspectos intelectuais, morais e estéticos. Visando refletir sobre o papel da
arte na educação infantil.
E desta forma, procurar evidenciar que, lançando mão da arte o educando pode
desenvolver seu intelecto pelo lúdico e assim trabalhar de maneira mais produtiva
Contudo o intuito deste trabalho é realizar estudos à cerca do desenvolvimento
expressivo e representacional em seu envolvimento com o meio educacional e suas
relações com o mundo das artes.
Preparando-se para ver, observar e refletir sobre as experiências artísticas
infantis, os educadores, os professores de artes e mesmo os pais poderão
compreendê-las melhor e, principalmente, encontrar caminhos para auxiliar a
manifestação da criatividade e imaginação da criança em arte.
Espera-se que o tema abordado possa mobilizar reflexões, discussões,
pesquisas que contribuam para o fortalecimento e democratização da educação escolar
também na área artística.
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I- A arte e a Educação Infantil
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De acordo com Ferraz e Fusari (1999, p. 16), “a arte se constitui de modos
específicos de manifestação da atividade criativa dos seres humanos ao interagirem
com o mundo em que vivem, ao se conhecerem e ao conhecê-lo”.
A arte é vista e sentida de maneiras diferentes por crianças e adultos. Para o
adulto está associada ao belo, às exposições, a museus, à estética. Já para a criança,
a arte é uma forma de se expressar, pois “a natureza da criança é lidar com o mundo
de modo lúdico, fazer o que lhe dá prazer e satisfação. Por isso gosta tanto de brincar e
desenhar” (SANS, 1995, p. 21).
Seu pensamento se dá na ação, na sensação, na percepção,
sempre regado pelo sentimento. Convive, sente, reconhece e repete os
símbolos do seu entorno, mas não é, ainda, um criador intencional de
símbolos. Sua criação focaliza a própria ação, o exercício, a repetição
(MARTINS, PICOSQUE e GUERRA, 1998, p. 96).
O jogo do faz de conta está muito presente na vida da criança quando uma
vassoura pode ser seu cavalinho, ou uma caixa de papelão pode representar seu carro.
No desenho os seus rabiscos vão, aos poucos, depois de inúmeras tentativas, se
tornando letras e ela passa a diferenciar a escrita do desenho. Seus traços começam a
ser controlados e, geralmente, o primeiro símbolo que a criança constrói é a figura
humana.
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Rhoda Kellogg, indaga que figuras nascem dos sóis e, em algumas ocasiões, a
figura humana é representada por um círculo com olhos, nariz e boca. Para Sans
(1995, p. 28), “depois que a criança desenha o sol irradiante, parece descobrir um tipo
de fórmula para representar o rosto humano. Geralmente, ela desenha dois pequenos
círculos representando os olhos, um ponto como se fosse o nariz e um risco horizontal
como boca”.
Ela não se preocupa em organizar as cenas no papel, seus desenhos são
dispostos de forma aleatória, os objetos podem aparecer acima, abaixo, ou nos cantos
do papel, pois a criança os desenha da forma como os compreende e não conforme a
realidade. Procede da mesma maneira com as cores. Um cachorro pode ser azul ou
rosa, uma vez que não se incomoda com o aspecto visual e sim o afetivo que a cor
proporciona.
Os desenhos das crianças, assim como todas as suas formas de expressão
pode ser considerados um reflexo da sua criatividade infantil, pois são os registros dos
seus sentimentos e das suas percepções do meio, o que proporciona ao professor um
modo de compreender melhor seu aluno e assim ajudá-lo, pois:
“a arte infantil faculta-nos não só a compreensão da
criança, mas também a oportunidade de estimular seu
desenvolvimento, através da educação artística”
(LOWENFELD e BRITTAIN, 1970, p. 176)
É através das aulas de Arte que o professor irá estimular seu aluno a investigar,
inventar, explorar e, mesmo cometendo erros, ele não terá medo de liberar sua
criatividade. O professor deve apresentar a atividade como algo essencial para a
criança, e também deve estar motivado com o trabalho, não apenas orientando de
forma mecânica, mas fazendo a criança sentir sua importância para que a atividade
seja significativa para o aluno.
[...] é comum, também, a criança desenhar o que sabe existir,
mesmo que esteja escondido. Ao desenhar uma casa, ela pode colocar,
no mesmo plano das linhas de contorno, os móveis que estão dentro
dela. (BUORO, 2000, p. 36)
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Nessa fase também tem início o interesse por trabalhos em grupos, em todas as
linguagens artísticas (teatro, dança, música e artes visuais) e essa necessidade será
ainda maior na próxima fase do seu desenvolvimento expressivo.
Ainda de acordo com Martins, Picosque e Guerra (1998, p. 114) podemos levar
“desse terceiro movimento expressivo a invenção de relações e regras que geram
critérios próprios, na busca de soluções criativas que vão alimentando um pensamento
criador com maior autonomia”.
Quando explicam que “no encontro que se faz entre cultura e criança situa-se o
professor cujo trabalho educativo será o de intermediar os conhecimentos existentes e
oferecer condições para novos estudos”. O papel do professor é mediar os
conhecimentos, apresentar novos saberes aos que a criança já possui
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De acordo com o RCN para a Educação Infantil (1998, p. 23)
Segundo Ferreira (1989, p. 146) cuidar significa: “[...] imaginar, meditar, cogitar,
julgar, supor. Aplicar atenção, o pensamento, a imaginação. Ter cuidado. Fazer os
preparativos. Prevenir-se. Ter cuidado consigo mesmo”, ou seja, o cuidar busca
através, da atenção e da prevenção, meios para que a pessoa sinta-se bem consigo
mesma e com os outros. Apresenta, portanto, uma preocupação com os cuidados
básicos e necessários a uma vida saudável.
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Entender o papel da música na Educação Infantil e possibilitar ao educando a
vivência dessa prática constitui o primeiro passo para a construção do fazer musical, no
ambiente escolar, permitindo que o canto deixe de ser uma ação mecânica, sem uma
intencionalidade definida.
Dessa maneira, as escolas devem proporcionar situações em que a criança
possa ampliar seu potencial criativo, favorecendo o desenvolvimento do seu gosto
estético e aumentando sua visão de mundo. Quando a criança ouve uma música,
aprende uma canção, brinca de roda, participa de brincadeiras rítmicas ou de jogos de
mãos recebe estímulos que a despertam para o gosto musical, introduzindo no seu
processo de formação um elemento fundamental do próprio ser humano.
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Algumas práticas musicais têm sido utilizadas na Educação Infantil para atender
a propósitos diferenciados, os quais variam de acordo com os interesses do grupo e as
propostas contidas em seus currículos. Segundo Hentschke (1995, apud JOLY, 2003,
p. 117):
Algumas razões são importantes para justificar a inserção da educação
musical no currículo escolar. Entre elas, estão proporcionar à criança: o
desenvolvimento das suas sensibilidades estéticas e artísticas, o
desenvolvimento da imaginação e do potencial criativo, um sentido histórico da
nossa herança cultural, meios de transcender o universo musical de seu meio
social e cultural, o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor, o
desenvolvimento da comunicação não-verbal.
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Os PCN’s e a LDB
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Por fim, há um capítulo relativo aos valores, normas e atitudes direcionadoras do
ensino de Artes na escola regular, sem esquecer de mencionar sugestões de formas de
avaliação. É importante lembrarmos que, após vinte e cinco anos de um ensino de
Artes polivalente, após a Lei 5692/71, que instituiu a Arte-Educação nas escolas
brasileiras (Oliveira 1998), onde um único professor era o responsável pelo ensino de
todas as áreas artísticas, a LDB de 1996, traz uma grande mudança, tornando
obrigatório o ensino de Artes, porém dividida em cada uma das modalidades artísticas
já especificadas.
E nesse contexto que surgem os PCNs, como uma forma de orientair a ação
pedagógica de cada uma das áreas de Artes, nas salas de aula. No texto referente à
área de música dos PCNs-Artes, há visíveis progressos em relação à visão do que seja
música, e de como pensar a prática pedagógica em música, se comparados com a
visão tradicional. Apesar de, de forma oculta, estar baseado na proposta tríplice de Ana
Mae Barbosa, uma linha teórica que foi inicialmente pensada para as artes plásticas, é
possível encontrar possíveis relações entre a proposta tríplice, e o método TECLA
desenvolvido pelo educador Keith Swanwick.
Nessa proposta, as três ações pedagógicas estão relacionadas com: Fazer
musical, que inclui tanto execução musical (E) através da interpretação e improvisação
sobre peças musicais, quanto a composição (C); Fruição, que engloba a apreciação
ativa, e informada, de obras musicais; e Reflexão/Contextualização, que tem como
intenção abordar os aspectos da história e literatura musical (L).
Por fim, percebe-se que apesar de haver boas idéias e boas intenções, há uma
impossibilidade de ordem prática para a implantação dos PCN-Arte nas escolas.
A maior parte das críticas dirigidas a esse documento está relacionada com a
falta de compreensão da realidade das escolas, principalmente as escolas públicas,
brasileiras, Para Souza, isso ocorreu porque o texto preliminar não foi amplamente
debatido e divulgado.
Para a autora, uma das possíveis soluções seria contrapor outro projeto, mais
articulado e melhor preparado. Porém, outra solução, talvez utópica nesse momento,
seja exigir que o governo cumpra com suas metas de investir na formação inicial e
continuada para o magistério, facilite o acesso a livros didáticos para os profissionais da
área, e contrate novos professores para atuar nas suas respectivas áreas de habilitação
especifica
De qualquer forma, medidas precisam ser pensadas e ações precisam ser
tomadas, pois, oito anos após publicação do segundo volume dos PCNs pouca coisa
mudou na pratica do dia-a-dia de sala de aula.
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II - A Arte e o Desenvolvimento Infantil
Ana Angélica (1993) nos fala da ação organizativa da criança. Enquanto brinca
ou desenha, a criança está o tempo todo ordenando sua realidade. Organizando o seu
dia a dia. Mais do que organizar, ela pode experimentar uma nova maneira de
vivenciar, alterar a realidade, experimentar-se em outros eus. Cria uma nova realidade
e se recria.
Descobre o mundo e organiza-se nele. Lança-se para frente com a certeza de
suas marcas, livre para construir e reconstruir, num diálogo fruído entre pensamento e
sentimento. Tudo está carregado de significado.
Fayga (1977, pg 147) nos fala da importância do indivíduo “integrar-se em
sua personalidade”, de alcançar a auto realização. É preciso garantir o espaço desta
vivência, da ação criadora que recria e se renova constantemente.
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A criança, mesmo antes de aprender a ler e a escrever, reage positivamente aos
estímulos artísticos, pois ela é criadora em potencial. Nesta fase, as atividades de artes
fornecerão ricas oportunidades para o desenvolvimento das crianças, uma vez que
põem ao seu alcance os mais diversos tipos de material para manipulação.
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A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico, que
caracteriza um modo particular de dar sentido à experiências das pessoas: por meio
dele, o aluno amplia a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a linguagem. Aprender
arte envolve, basicamente, fazer trabalhos artísticos, apreciar e refletir sobre eles.
Envolve, também, conhecer, refletir sobre as formas da natureza e sobre as produções
artísticas individuais e coletivas de distintas épocas e culturas.
A arte é produção; logo supõe trabalho. Movimento que arranca o ser do não ser,
a forma do amorfo, o ato da potência, o cosmo do caos.
A arte fundamenta-se numa visão do ser humano como criador e na relação que
este tem com a natureza. O ato criador relaciona-se com a capacidade de inventar
novas formas, buscando novas ordenações e novos significados presentes, até mesmo,
na sociedade atual.
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Os alunos passam, então, a conhecer, apreciar e a refletir sobre as formas da
natureza e o que foi produzido artisticamente em diferentes épocas.
A arte é uma atividade íntegra de personalidade. Fazendo arte a pessoa usa seu
corpo, sua percepção, seus conceitos, sua emoção, sua intuição, tudo em uma
atividade que não divide em compartimentos, mas, ao contrário, integra os vários
aspectos da personalidade.
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Para GODOY (2003), as pessoas participam de vários meios que se entrelaçam
algumas vezes se sobrepõem e outras podem se conflitar, possibilitando, com esse
movimento, o desenvolvimento das linguagens expressivas.
A arte como prática pedagógica deve valorizar a arte, e suas vertentes artísticas,
desenvolvendo a criatividade individual da criança.
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No contexto das acepções na educação, a Arte refere-se à competência que
induze o indivíduo a compreender e então desvendar e desenvolver habilidades
Muitas vezes não é compreendido pelos educandos que interrogam o porquê aprender
determinados conteúdos, mas acabam se deparando no cotidiano com um mundo
visual, onde até as combinações das roupas depende do equilíbrio.
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A área de Arte que se está delineando neste documento visa a destacar
os aspectos essenciais da criação e percepção estética dos alunos e o modo de tratar a
apropriação de conteúdos imprescindíveis para a cultura do cidadão contemporâneo.
As oportunidades de aprendizagem de arte, dentro e fora da escola, mobilizam a
expressão e a comunicação pessoal e ampliam a formação do estudante como
cidadão, principalmente por intensificar as relações dos indivíduos tanto com seu
mundo interior como com o exterior.
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A arte da criança, desde cedo, sofre influência da cultura, seja por meio de
materiais e suportes com que faz seus trabalhos, seja pelas imagens e atos de
produção artística que observa na TV, em revistas, em gibis, rótulos, estampas, obras
de arte, trabalhos artísticos de outras crianças etc.
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Todo educador tem um grande obstáculo, um desafio, cada criança tem a sua
própria personalidade, gostos, inquietações e dificuldades, nem sempre um método de
ensino e aprendizagem que envolva a arte serve para toda a turma, é preciso que o
educador esteja preparado para diferenciar os seus métodos.
A criança nesta fase inicial vive em constante mudança, mas nem sempre pensar
igual para todas elas, assim conseguirá fazer da criança uma peça a mais para a
construção do seu próprio aprendizado. É preciso dar oportunidade para a criança
fazer, e que perca o medo de errar, pois, muitas vezes, o “medo” prejudica a criança a
aprender.
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Nesse contexto, as aulas de arte poderiam ser um momento de conhecimento e
desenvolvimento de inúmeros canais de relacionamento e afetividade entre professor e
aluno. Infelizmente não é o que normalmente ocorre. Fica visível o papel de controle do
professor, observando atentamente o desenho, uma das principais linguagens
utilizadas, na sua forma, cor e espaço.
Nas atividades de desenho assim conduzidas, falta a liberdade e o estímulo à
criatividade de cada criança, quando este momento poderia ser de grande significado
para ela, já que é aquele no qual ela pode se expressar com todo o seu corpo.
A arte possibilita, conforme sinaliza Martins, Picosque e Guerra (1998), um modo
único de despertar a consciência e novos modos de sensibilidade. O fazer artístico,
aliado à educação dos sentidos e ao saber ver e apreciar, pode resultar na construção
de uma consciência estética capaz de captar mudanças e até mesmo de impulsioná-
las.
O encontro da criança com a arte deve ser uma ação de corpo inteiro, é um
“estar em”, é integrar-se. Os indicadores, que podemos denominar de pensamento e
ações divergentes, além de outros, tais como sensibilidade em relação aos problemas,
elaboração, redefinição e síntese, fazem parte da base teórica das investigações sobre
criatividade.
O papel do professor é preponderante para que a arte seja pensada como algo
importante na formação humana. Essa consciência ainda está longe do esperado e
esse princípio, na prática da arte na Educação Infantil, requer ainda, para que essa
realidade se altere, muitas pesquisas e ações políticas.
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Conclusão
O trabalho consiste em realizar um estudo abrangente sobre as diversas
possibilidades de inserção da arte e cultura dentro do cotidiano escolar, tendo em vista
o alto grau de vulnerabilidade, pautados pelos desafios pré estabelecidos e dificuldades
em captar recursos e parcerias para tal empreitada.
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Ao final da pesquisa pode-se analisar que independente do contexto social
inserido as limitações não devem ser práticas em comunidades vulneráveis, com
investimento econômico e parcerias adequadas, podemos ofertar cultura, música e arte
de maneira prazerosa em ambientes restritos, levando em conta as possibilidades de
compreendermos as singularidades, necessidades, contexto e história de cada criança,
procurando formas diversificadas de aprendizagem de maneira adaptada a cada
situação, a qual nos depararmos, não se limitando apenas a vivenciar estes problemas,
mas sendo capaz de acrescentar à cidadania destes jovens uma dimensão social e
política que é mais do que um direito atribuído á eles, é o nosso dever enquanto
cidadão.
Podemos concluir dizendo que para a arte ter o mesmo valor das outras
disciplinas e ser considerada importante para o desenvolvimento da criança, será
necessária uma conscientização e tomada de atitude por parte do professor e de toda a
escola.
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Referências Bibliográficas
BRASIL. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: arte –
Brasília, 1997.
FUSARI, Maria F. R; FERRAZ, Maria H.C.T. Arte na educação escolar. São Paulo:
Cortez, 1993. (coleção magistério 2º grau. Série formação geral).
SANS, Paulo de Tarso Cheida. A criança e o artista: Fundamentos para o ensino das
artes plásticas. 2. ed. Campinas, SP: Papirus, 1995. (Coleção Ágere).
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