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PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO NO ENSINO DA ARTE

Prof. Regiane Cristina Lagemann


PLANEJAMENTO DOCENTE
Educação: experiência e sentido
“ A experiência, e não a verdade, é o que dá
sentido à educação.
Educamos para transformar o que sabemos,
não para transmitir o que é sabido.”

Jorge Larrosa e Walter Kohan


• Por que a aula não dá certo?
• Em que momento do trabalho o conteúdo se
perde?
• As metodologias são apropriadas?
• Houve mudança significativa de como se planejava
há anos atrás e como se planeja hoje?
• Temos bem fundamentado dimensões conceituais
de Planejamento, Currículo, Diretriz Curricular, PPP
e de Plano de Ensino?
• Temos conhecimento teórico sobre avaliação ou
sabemos diversificar os instrumentos?
• O Plano de Trabalho Docente está em
conformidade com o PPP da escola e com outros
documentos que envolvem seu trabalho?
O que é um plano?
É um documento que registra o que se pensa
fazer, como fazer, quando fazer, com que
fazer e com quem fazer;
É um norte para as ações educacionais;
Plano é a formalização dos diferentes
momentos do processo de planejamento;
É a apresentação sistematizada e justificada das
decisões tomadas.
É uma mediação teórico-metodológica para
ação consciente e intencional.

• É reflexão;
• É processo mental;
• É abordagem teórica;
• É tomada de decisão;
• É previsão de uma ação
• É intencionalidade
(PARANÁ, 2008, p.2)
Portanto...
“Passar do senso-comum à consciência filosófica
significa passar de uma concepção fragmentária,
incoerente, desarticulada, implícita, degradada,
mecânica, passiva e simplista a uma concepção
contextualizada, unitária, coerente, articulada,
explícita, original, intencional e ativa.”
(CIRESEI, apud SAVIANI, 2002,p.2)
O que ensinar em Arte?
A metodologia da área de Arte deve levar em conta as
fases de desenvolvimento cognitivo de quem vai
aprender. Segundo Piaget, as crianças entre 06 e 10
anos de idade estão saindo do estágio pré-operacional e
entrando no estágio representacional, começando a se
interessar mais pelo mundo a seu redor do que por si
mesma.
Temos parâmetros sobre o que os alunos são capazes de
fazer:
- dominar alguns instrumentos de arte
- criar símbolos e representações
- compreender o processo de expressão e criação

CONTOS DE FADAS ARTE RUPESTRE


Tendo em vista as possibilidades do
aluno, no decorrer do trabalho propõe-
se a apresentação de imagens situadas
em determinado tempo e espaço,
contextualizadas como manifestação
cultural de uma sociedade específica.
Prevê-se o uso dos mais diversos
materiais, respeitando-se a idade da
criança, para que as suas experiências
sejam diversificadas e para que possa
perceber, de fato, todas as
possibilidades e limitações desses
materiais. Chama-se a atenção do aluno
para os detalhes de algumas obras para
que desenvolva um senso crítico e
estético.
Vénus de Willendorf – Austri
2500 a 2000 a.C
O trabalho com a Arte está relacionado à percepção,
à emoção, à intuição, à sensibilidade.
Segundo DUARTE JÚNIOR (1988), A arte é, por
conseguinte, uma maneira de despertar o indivíduo
para que este dê maior atenção ao seu próprio
processo de sentir.
CARACTERIZANDO ARTE E ARTE/EDUCAÇÃO
Desde o início da humanidade a arte está presente na vida
das pessoas como forma de expressão e comunicação.
O homem pré-histórico se comunicava através dos desenhos
e signos impressos nas rochas, por meio de expressões
artísticas que representavam seus sentimentos, sua
percepção de mundo com uma forma poética, sensível e
contextualizada.
Qual a real importância da arte na vida das pessoas?
Ana Mae Barbosa, mais conhecida como Barbosa (2002), diz que:
É impossível conhecer a cultura de um país sem conhecer a sua
arte, pois é importante compreender que a arte é a representação
do país por seus próprios membros.
É por meio da Arte que podemos conhecer e entender a cultura do
nosso tempo, sendo este um processo fundamental para a
construção humana sensível.
Segundo PILOTTO (2004) a Arte como linguagem, expressão e
comunicação, trata da percepção, da emoção da imaginação,
da intuição, da criação, elementos fundamentais para a
construção humana sensível.
A arte possibilita contato com o mundo e consigo mesmo.
Permite com que a criança conheça e compreenda o contexto
onde está inserida, bem como desenvolva conhecimentos
artísticos e culturais e históricos.
• A arte/educação proporciona o contato direto com
as imagens e objetos artísticos. O contato e a
produções artísticas desenvolvidas pelos professores
de arte no contexto escolar permitem além do
contato com a Arte, momentos de criação e de
expressão individuais e coletivos. Permitem ao aluno
conhecer a realidade do seu tempo, a sua cultura e a
sua história.
A escola é um espaço constitucional onde o aluno
tem a oportunidade de conhecer de forma
intencional, ou não os conhecimentos históricos e
culturais construídos pela sociedade no decorrer dos
tempos.
Segundo (FUZARI; FERRAZ, 2009) “Ao conhecer a arte produzida
por diversos locais, por diferentes pessoas, classes sociais e
períodos históricos e a outras produções no campo artístico
(artesanato, objetos, desing, audiovisual etc), o educando amplia
sua concepção da própria arte e aprende dar sentido a ela”.
QUAL A FUNÇÃO DA ARTE NA EUCAÇÃO?
A arte desenvolve a cognição de crianças e
adolescentes, proporcionando conhecimento e
expressão não apenas racional, mas também afetivos e
emocionais. (BARBOSA, 2001) “A função da Arte na
Educação é desenvolver as diferentes inteligências”.
PCN – PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - ARTE
Em 1997, foram publicados para o primeiro e segundo ciclo do
ensino fundamental e em 1998 para o terceiro e quarto ciclo.
Grandes nomes da história no ensino da Arte no Brasil,
contribuíram para este documento, como Ana Mae Barbosa,
Rosa Lavelberg, Maria Fusari e Maria Helolisa Ferraz.

 Os PCN Propiciam o ensino entre o fazer, o refletir e o


conhecer Arte.
 Como característica do Fenômeno Artístico, o conhecimento

artístico como produção e fruição e o conhecimento artístico


como reflexão.
• Apresenta objetivos específicos para o Ensino da Arte
que abordam a fruição, a produção e a reflexão da obra
de arte, como também conteúdos básicos divididos nas
linguagens artísticas.
• RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil) é o documento que tem o objetivo servir como
guia de reflexão de cunho educacional sobre objetivos,
conteúdos e orientações didáticas, para profissionais que
atuam com crianças de zero a seis anos.
• O desenvolvimento das linguagens da Arte com as
crianças deve acontecer com a articulação entre o
apreciar, o refletir e o fazer Arte.
PROPOSTA TRIANGULAR DO ENSINO DA ARTE E O
CONHECIMENTO SENSÍVEL

PROPOSTA DE ANA MAE BARBOSA


A Proposta Triangular nasce com uma preocupação e
questionamento sobre a proposta educativa em Arte centrada
apenas no fazer das linguagens artísticas, que predominava nos
anos 70, época do fazer artístico.
Inicia um processo de discussão e pesquisa que direcionasse o
ensino também para o conhecimento da Arte e sua apreciação.
Foi empregada a Proposta Triangular nos anos 80 por Barbosa, a
leitura de imagem é o primeiro eixos da Proposta Triangular para
“formar o conhecedor, fruidor e decodificador da obra de arte.....
A escola seria a instituição pública que pode tornar o acesso à
arte possível para a vasta maioria dos estudantes em nossa
nação.
Proposta triangular – Ana Mae Barbosa
Barbosa entende o ensino da Arte como forma contextualizada
de ver a Arte e a cultura. Três eixos: Fruir Arte, contextualizar
Arte e produzir Arte. Nesta proposta existe uma junção crítica e
estética que a autora chamou de:

1º FRUIÇÃO - apreciação ou leitura de imagem; está ligada ao


modo que os alunos apreciam, leem e interpretam a obra de
arte

2º REFLEXÃO - a história da Arte ou reflexão da produção;

3º PRODUÇÃO - o fazer artístico ou produção artística; diz


respeito a contextualização da obra de arte, onde a realidade
histórico cultural do artista contribuem para sua interpretação e
compreensão
A ARTE E AS CATEGORIAS DO CONHECIMENTO SENSÍVEL

• Sentir Arte é um processo que o ser humano conhece a


respeito de si mesmo e do mundo. O trabalho com Arte esta
relacionado á percepção, à intuição, à sensibilidade.
• DUARTE JÚNIOR 1988 – “ A Arte é uma maneira de despertar
o indivíduo para que este dê maior atenção ao seu próprio
processo de sentir”. Por meio da Arte podemos conhecer e
entender a cultura do nosso tempo, sendo este um processo
fundamental para a construção humana sensível.
• “O sentir é anterior ao pensar e compreende aspectos
perceptivos e aspectos emocionais. Por isso pode-se afirmar o
homem antes de ser razão , o homem é emoção”
• PILOTTO 2004. “A arte como linguagem, expressão e
comunicação, trata da percepção, da emoção, da imaginação,
da intuição, da criação, elementos fundamentais para a
construção humana sensível”.
• Kant definiu como categoria do Conhecimento Sensível, a
percepção, a intuição, a imaginação, a emoção e a
sensibilidade.
• Pensar o conhecimento sensível como parte integrante do
ensino aprendizagem da Arte é a função dos educadores de
Arte, fazendo-se necessário articular com os três eixos da
Proposta Triangular do Ensino da Arte. É necessário
oportunizar momentos de Fruição da Arte onde a criança
poderá desenvolver sua capacidade de intuição e percepção
de mundo, compreendendo o contexto onde está inserida de
forma crítica e sensível.
• A razão e a intuição precisam trabalhar de forma associada,
pois não existem isoladamente.
• Fayga Ostrower diz que o diálogo de intuir e perceber o meio
cultural proporciona um repensar e agir situações novas e
diferentes. O ato de intuir a partir dos conhecimentos reais e
da sensibilidade propicia a construção de novas criações e
possibilidades para novas situações.

• PERCEPÇÃO : é um elemento sutil dificilmente reconhecido de


imediato. Perceber é apreender o mundo externo, é ir ao
encontro do que no íntimo se quer perceber. MIGUEL diz
“está fundamentada no que o professor é capaz de sentir e
compreender sobre si mesmo, sobre os alunos e sobre a vida”.
• INTUIÇÃO: Tem capacidade de construir ideias através das
informações internalizadas pelos indivíduos. MIGUEL diz que :
“intuir, observar, relacionar, são caminhos criativos que
representam um modo dinâmico de conhecimento, no qual o
professor torna-se protagonista no diálogo entre a sua
percepção e os significados que constrói na sala de aula e no
modo como espaços , objetos e pessoas lhe falam e lhe
afetam”.

• EMOÇÃO: Serve como um sistema primário da aviso. É


significativa, fica armazenada no banco de memória
emocional e é parte da racionalidade, GARDNER 1999.

• IMAGINAÇÃO: É um pensar específico sobre um fazer


concreto. Nasce do interesse e do entusiasmo.
• CRIAÇÃO:
• Inicia-se num processo de pura sensibilidade, onde a
mobilização interior leva a pessoa criar mergulhada no
próprio inconsciente. Consciente e inconsciente se completam
na completa integra de si em busca do desenvolvimento da
própria personalidade. Em busca de uma construção de olhar
para o mundo e para a própria existência.
• Ostrower esclarece que “quando uma pessoa é aberta à vida,
sem preconceitos, e receptiva às ovas experiências, quando
ela é capaz de diferenciar-se e reintegrar-se de amadurecer e
crescer espiritualmente, ela terá condições de criar”.
• Compreender as categorias do Conhecimento Sensível é
articulá-las no ensino da Arte e pela Arte, possibilita uma
visão completa do ser humano, onde a criação e a imaginação
perpassam pela compreensão que se tem de si mesmo e do
mundo. Está muito além dos que muitos acreditam saber
sobre o ensino da Arte nas escolas, pois envolve a essência da
sensibilidade humana, envolve a razão e emoção,
aprendizagem e uma busca constante de conhecimentos
AVALIAÇÃO
A Arte como área de conhecimento deve ser compreendida
como momento de criação do aluno e não como momento de
apresentação de modelos e trabalhos homogêneos e nem como
função a repetição de trabalhos com desenhos prontos, feito
cópias que não possibilitam a criança criar. Não se cria quando
está pronto.
Desenhos estereotipados (trabalho impresso com chapas de
estereotipia algo que se adequa a um padrão fixo ou geral ou
ideia ou convicção classificatória preconcebida sobre alguém ou
algo, resultante de expectativa, hábitos de julgamento ou falsas
generalizações ou aquilo que é falta de originalidade;
banalidade, lugar-comum, modelo, padrão básico), quando
entregues as crianças, limitamos sua capacidade de criação
Conseguindo só explorar seu repertório visual, individual e
artístico.
OS ALUNOS PODEM CRIAR
É necessário avaliar o que passamos e como passamos a Arte
para nossos alunos. Professores são referências para os alunos e
tudo que ele apresenta o aluno acredita como “belo”.

PRÁTICAS EM SALA DE AULA


Pensar em um plano e projetos, onde atentamos para a estética,
artística e cultural. Deve garantir uma continuidade de
aprendizagem e trabalho, valorizando a qualidade do trabalho e
não a quantidade. O planejamento deve apresentar: objetivos,
conteúdos, procedimentos metodológicos ou metodologia e
avaliação.
No caso da rede estadual de educação básica do Paraná, o
planejamento é específico, pautado nas diretrizes curriculares de
Arte.
No planejamento de Artes Visuais, podemos
desenvolver diversos procedimentos de forma crítica
e criativa:
1- Ressignificação: a criança produz uma representação
pessoal da obra.
2- Intervenção com fragmento da obra do artista: a
criança cria um novo contexto, partindo de um
fragmento da obra de arte.
3- Intertexto: a criança procura imagens que se
assemelham ou fazem relação direta com a obra.
MUITAS POSSIBILIDADE
PRINCÍPIOS NORTEADORES DA AVALIAÇÃO
ESCOLAR EM RELAÇÃO AO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM

FORMAS DE REGISTRO DA APRENDIZAGEM


AVALIAÇÃO
Deve acompanhar o desenvolvimento da criança através da
produção, tanto coletiva quanto individual.
Utilizando a proposta Triangular e as categorias do
Conhecimento Sensível, a avaliação não pode ser vista como um
fim em si mesmo, avaliando apenas a produção final da criança,
mas sim o processo de construção artística, histórica e cultural.
Avaliação e registro são duas maneiras que devem caminhar
juntas, montando um portfólio.
HERNANDES, 1998, acredita que este processo de avaliação
compreende a aprendizagem, pois as anotações são pessoais,
experiências em sala de aula, interagindo com os outros alunos,
dentro e fora da escola
A avaliação qualitativa e contínua é
reconhecida na atual LDB ( Lei 9.394/96 )
Artigo 24:
V. A verificação do rendimento escolar observará os
seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho
do aluno, com prevalência dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados
ao longo do período sobre os de eventuais provas
finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos
com atraso escolar;
AVALIAÇÃO
É um processo contínuo e sistemático, deve ser
constante e planejado.
É funcional por que se realiza em função dos
objetivos previstos.
É orientadora- indica os avanços e dificuldades
do aluno, ajudando-o a progredir.
Ajuda o professor a replanejar seu trabalho.
Avaliar é acompanhar.
É condição essencial de qualquer ação
intencional.
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS DA
AVALIAÇÃO
 A mudança da avaliação implica mudanças na própria
avaliação (seu conteúdo, sua forma e intencionalidade).

 Mudanças nos aspectos com os quais estabelece


relações: a prática pedagógica como um todo (vínculo
pedagógico, conteúdo e metodologia), a instituição de
ensino em que se dá e o sistema (educacional e social).
QUAL O OBJETIVO DA AVALIAÇÃO NA
ESCOLA?

Melhorar, aprender, formar.

É fundamental que o educando aproprie-se da (auto)


avaliação como instrumento de crescimento.

Pergunta que o professor deve fazer antes de


avaliar:
A serviço de que e de quem está sua avaliação e
quem se beneficia dela?
DIMENSÕES BÁSICAS DA AVALIAÇÃO
Dimensão Desafios
Sensibilidade Sentir necessidade de avaliar; demonstrar
percepção aguçada e abertura.
Análise da Conhecer, obter dados significativos.
realidade
Clareza da Retomar, fazer memória da finalidade, dos
finalidade objetivos.
Realizar juízo de valor/qualidade sobre o
Julgamento produto ou a atividade, e não sobre a
pessoa.
Tomada de Decidir o que fazer, dar continuidade à
decisão prática ou elaborar um novo plano de ação.
Ação Agir de acordo com a decisão tomada.
O QUE AVALIAR
• Avaliar o que o aluno aprendeu;
• O desenvolvimento do aluno, o seu envolvimento no
processo de avaliação, também suas necessidades, suas
demandas e seus interesses;
• O professor, suas ações e reações;
• A metodologia adotada pela escola;
• Adequação do material e dos métodos utilizados;
• Todo o pessoal da escola;
• A comunidade.
Avaliar um aspecto só, gera uma visão incompleta
do processo escolar.
PARA QUE AVALIAR

Avaliar para colher informações necessárias à


reorientação das práticas pedagógicas:

Avaliar para coletar dados relevantes que


permitam perceber o estado de aprendizagem do
aluno, ver quais as aprendizagens foram
consolidadas e quais dificuldades apresentou ao
longo do processo, e então definir as estratégias
de intervenção necessárias a seus avanços.
COMO AVALIAR

Existem muitas maneiras de avaliar. O ideal é


que várias formas de avaliação sejam usadas,
pois cada uma delas é feita sob uma perspectiva
diferente e focaliza elementos distintos em
momentos diferentes.
Portanto, precisamos definir a estratégia de
avaliação adequada às competências e
habilidades que desejamos avaliar.
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

•Observação e registro;
•Auto-avaliação;
•Avaliação em grupo;
•Portifólio;
•Reflexão sobre erros e acertos do aluno e
do professor;
•Dever de casa;
•Provas operatórias.
SEGUNDO AS DCE PARANÁ – p. 31 a 33
A avaliação, nesta perspectiva, visa contribuir para a
compreensão das dificuldades de aprendizagem dos alunos,
com vistas às mudanças necessárias para que essa
aprendizagem se concretize e a escola se faça mais próxima da
comunidade, da sociedade como um todo, no atual contexto
histórico e no espaço onde os alunos estão inseridos .
Não há sentido em processos avaliativos que apenas constatam
o que o aluno aprendeu ou não aprendeu e o fazem refém
dessas constatações, tomadas como sentenças definitivas. Se a
proposição curricular visa à formação de sujeitos que se
apropriam do conhecimento para compreender as relações
humanas em suas contradições e conflitos, então a ação
pedagógica que se realiza em sala de aula precisa contribuir
para essa formação.
Nas salas de aula, o professor é quem compreende a
avaliação e a executa como um projeto intencional e
planejado, que deve contemplar a expressão de
conhecimento do aluno como referência uma
aprendizagem continuada.

No cotidiano das aulas, isso significa que:

• é importante a compreensão de que uma atividade


de avaliação situa-se entre a intenção e o resultado e
que não se diferencia da atividade de ensino, porque
ambas têm a intenção de ensinar;
• no Plano de Trabalho Docente, ao definir os conteúdos
específicos trabalhados naquele período de tempo, já se
definem os critérios, estratégias e instrumentos de
avaliação, para que professor e alunos conheçam os
avanços e as dificuldades, tendo em vista a
reorganização do trabalho docente;

• os critérios de avaliação devem ser definidos pela


intenção que orienta o ensino e explicitar os propósitos
e a dimensão do que se avalia. Assim, os critérios são
um elemento de grande importância no processo
avaliativo, pois articulam todas as etapas da ação
pedagógica;
• os enunciados de atividades avaliativas devem ser
claros e objetivos. Uma resposta insatisfatória, em muitos
casos, não revela, em princípio, que o estudante não
aprendeu o conteúdo, mas simplesmente que ele não
entendeu o que lhe foi perguntado. Nesta circunstância, o
difícil não é desempenhar a tarefa solicitada, mas sim
compreender o que se pede;
• os instrumentos de avaliação devem ser pensados e
definidos de acordo com as possibilidades teórico-
metodológicas que oferecem para avaliar os critérios
estabelecidos. Por exemplo, para avaliar a capacidade e a
qualidade argumentativa, a realização de um debate ou a
produção de um texto serão mais adequados do que uma
prova objetiva;
• a utilização repetida e exclusiva de um mesmo tipo de
instrumento de avaliação reduz a possibilidade de observar os
diversos processos cognitivos dos alunos, tais como: memorização,
observação, percepção, descrição, argumentação, análise crítica,
interpretação, criatividade, formulação de hipóteses, entre outros;
• uma atividade avaliativa representa, tão somente, um
determinado momento e não todo processo de ensino-
aprendizagem;
• a recuperação de estudos deve acontecer a partir de uma lógica
simples: os conteúdos selecionados para o ensino são importantes
para a formação do Arte aluno, então, é preciso investir em todas
as estratégias e recursos possíveis para que ele aprenda. A
recuperação é justamente isso: o esforço de retomar, de voltar ao
conteúdo, de modificar os encaminhamentos metodológicos, para
assegurar a possibilidade de aprendizagem. Nesse sentido, a
recuperação da nota é simples decorrência da recuperação de
conteúdo.
Assim, a avaliação do processo ensino-aprendizagem,
entendida como questão metodológica, de responsabilidade do
professor, é determinada pela perspectiva de investigar para
intervir. A seleção de conteúdos, os encaminhamentos
metodológicos e a clareza dos critérios de avaliação elucidam a
intencionalidade do ensino, enquanto a diversidade de
instrumentos e técnicas de avaliação possibilita aos estudantes
variadas oportunidades e maneiras de expressar seu
conhecimento.
Ao professor, cabe acompanhar a aprendizagem dos seus
alunos e o desenvolvimento dos processos cognitivos.
Por fim, destaca-se que a concepção de avaliação que permeia
o currículo não pode ser uma escolha solitária do professor. A
discussão sobre a avaliação deve envolver o coletivo da escola,
para que todos (direção, equipe pedagógica, pais, alunos)
assumam seus papéis e se concretize um trabalho pedagógico
relevante para a formação dos alunos.
Enfim, é necessário avaliar as
aprendizagens dos alunos, o
processo de ensino, a realização de
metas de planejamentos, programas
e projetos estabelecidos pela escola e
pelo sistema.

“O
ato educativo resume-se
em humanizar o ser humano”
Hannah Arendt
"A arte alimenta-se de ingenuidades, de imaginações
infantis que ultrapassam os limites do conhecimento;
é ai que se encontra o seu reino. Toda a ciência do
mundo não seria capaz de penetrá-lo."

(Loinello Venturi)
REFERÊNCIAS:

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Arte. Curitiba,
2009. Disponível em: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br, acesso em 15/04/2014

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HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à Universidade. 8. ed.,
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OSTROWER, Fayga. Universos da arte. Rio de Janeiro: Campus, 1983.

DUARTE JR. J. F. Fundamentos estéticos da educação. 5. ed. Campinas: Papirus, 1988.

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PILLOTTO, S. S. D. Gestão e conhecimento sensível: uma contribuição para o aprendizado humano. In


PILLOTTO, Silvia Sell Duarte, et al (orgs). Arte e o ensino da arte. Blumenau: Nova Letra, 2004.

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BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília : 1996

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