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Resumo
Cada disciplina escolar presente nos currículos escolares possui uma razão específica para ser
contemplada, ou seja, as disciplinas possuem objetivos que devem ser atingidos pelo aluno em
seu processo de formação. Tendo em vista que muitas vezes a disciplina de Arte é considerada
como um momento de recreação ou de passatempo escolar, o presente artigo tem por objetivo
entender a real finalidade do ensino Arte na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental. Considerando como abordagem metodológica a pesquisa qualitativa, esta
investigação privilegiou como fontes de pesquisa os documentos oficiais que norteiam a
construção dos currículos escolares. Neste sentido, foram analisados o Referencial Curricular
da Educação Infantil (BRASIL,1998) e os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte
(BRASIL, 1997) destinados aos Anos iniciais do Ensino Fundamental, ambos elaborados pelo
Ministério da Educação (MEC). Como referenciais teóricos foram consultados autores como
Barbosa (1979; 1991), Fusari e Ferraz (2001), Pallarés (1981), que discutem a Arte no âmbito
educacional. O estudo mostra que a Arte possui objetivos claros e significativos à educação das
crianças. Os segmentos da Arte (Artes Visuais, Dança, Música e Teatro), contemplados no
ensino, possuem finalidades específicas que contribuem para a formação integral do sujeito. O
ensino de Arte permite ao aluno desenvolver aspectos como a sensibilidade, a percepção, a
expressividade, a espontaneidade, a consciência de si, do outro e das diversas culturas. As
análises dos documentos oficiais mostram que o ensino de Arte tem por objetivo desenvolver
aspectos sociais do aluno bem como auxiliá-lo na construção do conhecimento, permitindo-o a
compreender a sua realidade e a tornar-se criativo diante de seus problemas.
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Graduanda em Licenciatura em Pedagogia pela Uninter. Licenciada em Artes pela Univel. Pós-graduada em
Metodologia do Ensino de Artes pela Uninter. E-mail: andrielitochetto@hotmail.com
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Doutoranda em Educação no Programa de Pós Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná (PUCPR). Professora na Rede Municipal de Curitiba. Pedagoga pela Secretaria de Educação do Estado do
Paraná. E-mail: lidianegomesdossantos@hotmail.com
ISSN 2176-1396
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Introdução
Desde a era primitiva, nossos ancestrais já utilizavam a arte como expressão do que
vivenciavam na época, registrando nas paredes das cavernas esboços e esquemas de
acontecimentos que ocorriam cotidianamente. Observamos que desde os feitos remotos até a
consolidação da arte como meio de produção e sensibilização na civilização historicamente
desenvolvida, tem-se plena asseveração da importância desse saber para a humanidade.
Neste sentido, este artigo traz reflexões que foram suscitadas durante o Estágio
Supervisionado de Docência na Educação Básica, realizado em um Colégio de Cascavel/PR,
durante o curso de Licenciatura em Pedagogia pela Uninter. Por meio de um projeto de
intervenção, notou-se que os professores que lecionavam Arte sentiam dificuldades em
lecionar, mesmo com auxílio de materiais, sendo que algumas vezes a disciplina foi ministrada
como modo simples de recreação.
É com o objetivo de entender a real finalidade do ensino Arte na Educação Infantil e
nos Anos iniciais do Ensino Fundamental que este artigo é produzido. A partir da perspectiva
qualitativa, traremos a análise de documentos oficiais que norteiam a construção dos currículos
escolares. No transcorrer das páginas, traremos as orientações contidas no Referencial
Curricular da Educação Infantil (BRASIL, 1998) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais –
Arte (BRASIL, 1997), ambos da Secretaria de Ensino Fundamental (MEC). Ainda, estão
presentes no texto, autores que discutem a Arte no âmbito educacional como Barbosa (1979;
1991), Fusari e Ferraz (2001), Pallarés (1981), entre outros.
A Arte e a Educação
O conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão
do mundo na qual a dimensão poética esteja presente: a arte ensina que é possível
transformar continuamente a existência, que é preciso mudar referências a cada
momento, ser flexível. Isso quer dizer que criar e conhecer são indissociáveis e a
flexibilidade é condição fundamental para aprender. (BRASIL, 1997, p. 19)
informações que tem aproximação. É neste sentido que o ensino de Arte vem contribuir com as
demais disciplinas, pois permite ao aluno absorver e dialogar, opinar e fazer com que suas ideias
não se bastem somente em senso comum, mas pela frenética procura de dados, que constatem
e afirmem a veracidade dos fatos.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná consideram a Arte e seu
ensino como um amplificador de conhecimento, como se verifica no trecho a seguir:
A Arte é fonte de humanização e por meio dela o ser humano se torna consciente da
sua existência individual e social; percebe-se e se interroga, é levado a interpretar o
mundo e a si mesmo. A Arte ensina a desaprender os princípios das obviedades
atribuídas aos objetos e às coisas, é desafiadora, expõe contradições, emoções e os
sentidos de suas construções. Por isso, o ensino da Arte deve interferir e expandir os
sentidos, a visão de mundo, aguçar o espírito crítico, para que o aluno possa situar-se
como sujeito de sua realidade histórica. (PARANÁ, 2008, p. 56).
O aluno que conhece arte pode estabelecer relações mais amplas quando estuda um
determinado período histórico. Um aluno que exercita continuamente sua imaginação
estará mais habilitado a construir um texto, a desenvolver estratégias pessoais para
resolver um problema matemático. (BRASIL, 1997, p. 19)
É neste sentido que a disciplina de Arte não pode ser vista como um momento de
entretenimento ou recreação. Como as demais disciplinas do currículo, em Arte existem
objetivos a serem alcançados por meio de métodos que visam o aprendizado. Os PCNs,
reconhecendo as dificuldades enfrentadas pelos professores polivalentes, afirmam que:
Sem uma consciência clara de sua função e sem uma fundamentação consistente de
arte como área de conhecimento com conteúdos específicos, os professores não
conseguem formular um quadro de referências conceituais e metodológicas para
alicerçar sua ação pedagógica; não há material adequado para as aulas práticas, nem
material didático de qualidade para dar suporte às aulas teóricas. (BRASIL, 1997, p.
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Desta maneira, o professor que leciona Arte, mesmo não tendo a formação específica,
deve buscar conhecimentos que lhe dê suportes à sua prática educativa, devido à relevância
desta disciplina na vida dos alunos.
É necessário provocar e despertar nos alunos querer algo além do que é desenvolvido
em sala de aula, tendo em vista uma nova forma de observar as mais variadas situações, até
mesmo fora do ambiente escolar. Estas observações precisam servir de estímulo e levar à
fruição livre dos pensamentos com criatividade, diante de diversas linguagens artísticas. Como
afirma as Diretrizes do Paraná:
Os alunos devem ser guiados a relacionar-se com a arte, na qual esta interfira em seus
pensamentos e hábitos simples, elevando-os a algo criador. A partir do momento em que se
compreendem conceitos estéticos, ocorre uma transformação na capacidade de ver, observar,
descobrir e analisar os fatos, tornando cada momento de formação humana. Com isso, surgem
novas mentes pensantes, dispostas a adentrarem em mundos diferentes do que estão habituados,
de enfrentar desafios e posicionar-se com determinação, procurando caminhos que se
desloquem a uma conclusão coerente e abrangente.
As autoras Fusari e Ferraz afirmam que é necessário pensar em “um trabalho escolar
consistente, duradouro, no qual o aluno encontre um espaço para o seu desenvolvimento pessoal
e social por meio da vivência e posse do conhecimento artístico e estético” (2001, p. 21).
Continuam afirmando que isso “requer uma metodologia que possibilite aos estudantes a
aquisição de um saber específico, que os auxilie na descoberta de novos caminhos, bem como
na compreensão do mundo em que vivem e suas contradições” (IDEM).
Compete então, ao professor responsável pelas aulas de Arte, mediar e atrair a vontade
pela busca e pela pesquisa, despertando a curiosidade, difundindo novos elementos, indagando
e gerando dúvidas, que deixem os alunos instigados e inquietos por respostas, gerando assim
uma vasta construção de conhecimento. Essa curiosidade deve ser guiada até que se torne
objetiva, não sendo somente ingênua ou de senso comum, mas aprimorada, com o professor
mostrando caminhos e dando livre arbítrio para que o aluno exprima as suas próprias
manifestações, permitindo ao educando opinar e atuar como cidadão crítico.
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Estas discussões permitem concluir que a Arte deve ser colocada como disciplina
formadora de opinião, pela qual os conteúdos trabalhados não se resumam a meros desenhos,
trabalhos manuais, ou cantigas e representações sem sentido. Ao contrário disto, a Arte deve
propiciar que cada situação apresentada gere diálogo e discussões, permitindo ao aluno expor
o que pensa e interagir com o grupo, trocando informações, ideias e socializando, além de ser
instigado a refletir e raciocinar sobre manifestações simples e complexas. Sempre respeitando
a idade e o nível de desenvolvimento do aluno, o professor deve buscar dar significação e
conjunção de forma única e pessoal ao conteúdo exposto, permitindo que isso seja debatido e
que todos tenham direito e oportunidade de opinar e defender suas convicções, ponderando a
igualdade entre todos. Fusari e Ferraz atentam para o fato de que esse tipo de prática pedagógica
é:
Todas e quaisquer manifestações artísticas levadas aos alunos devem aguçar os seus
sentidos, incentivando-os a tornarem-se seres criadores. Segundo Freinet, “a livre expressão
facilita a criatividade da criança, no desenho, na música, no teatro, extensões naturais da
atividade infantil, progressivamente responsável por seus comportamentos afetivos, intelectuais
e culturais“ (apud SAMPAIO, 1994, p. 30).
Com as discussões até aqui expostas, verifica-se nos documentos oficiais e nos
referencias teóricos que a disciplina de Arte não é um passatempo escolar, mas se constitui
como formadora de personalidade, contribuindo para o desenvolvimento perceptível e crítico
do sujeito. A seguir discutiremos de que maneira os eixos de Arte são entendidos pela
legislação educacional e em que medida estes auxilia no desenvolvimento do aluno,
demonstrando que cada segmento possui uma finalidade própria.
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Assim como em qualquer outra disciplina do currículo escolar, Arte também exige
planejamento. O planejamento das aulas é um dos quesitos fundamentais para o sucesso do
professor no aprendizado dos seus alunos, pois, é através dele que se percebem os erros e acertos
de suas aulas, além de possibilitar adaptações às formas de ensinar, conforme o aproveitamento
da turma e do indivíduo. A partir dessa análise, o professor pode também se autoavaliar,
observando e levantando suposições, buscando melhorar e proporcionar aos alunos um melhor
aprendizado, além da satisfação pelo que faz. Nas palavras de Zabala, o planejamento é:
Para que os conteúdos e atividades possam ser planejados, se faz necessária a prática da
pesquisa. A pesquisa inicia no momento em que o professor estuda o currículo, sente as
necessidades dos seus alunos e busca entendimento e suporte para apresentar novos
conhecimentos. Para Paulo Freire todo professor é um pesquisador, afirmando que “faz parte
da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa” (1996, p.32), porém, é
necessário que o professor se reconheça como tal para estar em formação permanente.
Fusari também reafirma a importância do planejamento ao dizer que “nada substitui a
tarefa de preparação da aula em si” (2008, p. 47). O planejamento, segundo a autora, é uma
competência teórica do professor que busca meios de adequação pelos quais a sua turma terá
mais facilidade e interesse pelo assunto, pensando também nas formas mais compatíveis de
assimilação e apreensão dos contextos visualizados.
É fato que tudo começa pelo senso comum, pela cultura que cada um traz em sua
bagagem pessoal ou pela curiosidade ingênua. Este é o ponto de partida da aprendizagem e
deve ser encarado pelo professor como uma oportunidade para uma nova busca pelo saber,
tornando o conhecimento ou acontecimento comum em um questionamento a ser sanado.
Partindo deste ponto, a criança passa a absorver e a entender mais informações a respeito do
que procura, o que torna essa curiosidade ingênua em curiosidade intelectual, daí o aprendizado.
As aulas de Arte para a Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental devem
partir da soma da ludicidade com a instigação do interesse do aluno pelo conteúdo apresentado.
É a união destes fatores que podem gerar no aluno a vontade pela prática, fazendo com que
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Neste sentido, o professor deve agir como mediador, estimulando o diálogo e práticas
artísticas como expressividade e fruição dos pensamentos, a fim de que o aluno chegue a um
senso de conhecimento e aprendizado. As ideias devem ser colocadas e a partir disso, deixar o
educando exprimir o que sente e consequentemente causar uma movimentação na mente,
considerando a possibilidade de participação e as particularidades de cada indivíduo. Freire,
neste mesmo sentido, já relatava:
Quando estou diante de uma platéia de estudantes, nem sempre se trata de convencê-
los ou de mostrar que sua idéia x ou y é errada e, consequentemente, que a minha seria
a certa. Ao explicitar a minha ideia, trata-se mais de fazer com que eles percebam em
que medida as deles, que partem das suas próprias práticas, se assemelham às minhas,
quando é o caso, ou divergem das minhas. (1996, p. 71)
sente atração pela atividade, pois, mesmo sendo um exercício de interação, pode persistir a
inibição em participar. Havendo desconforto, deve-se então, ser trabalho lentamente o
envolvimento de cada um. De início, é interessante inserir jogos teatrais e improvisos, que são
espontâneos e considerados também como brincadeiras, além da contação de histórias, que
envolve interação e não leva a nenhuma necessidade de exposição, mas somente de expressão.
Conforme a evolução, tanto de faixa etária quanto de desenvoltura e sociabilidade,
surgirão na prática teatral o cumprimento de regras e uma nova visão coletiva, ensinando
também a contribuição da ação grupal. A partir disso, amparado em imaginações, saberes e
emoções, o teatro promove aos alunos a análise e a compreensão de si próprios e de outros com
quem convive além da percepção de sentimentos e valores, sendo que cada um se exprime nos
próprios personagens que interpreta, mesmo sem a real intenção.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, afirmam que o ensino teatral permite ao aluno:
Considerações Finais
Este artigo, que teve por objetivo entender a finalidade do ensino Arte na Educação
Infantil e nos Anos iniciais do Ensino Fundamental, apontou que existem objetivos sólidos
pelos quais a Arte é importante à educação das crianças e não se faz presente nos currículos
para ser recreação ou passatempo.
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, A. M. T. B.. Teoria e Prática da Educação Artística. 3. ed. São Paulo: Cultrix,
1979.