Juventude e desafios

da Educação
Autoria: Câmara dos Deputados
Última atualização: Julho de 2023

A Constituição Federal de 1988 estabelece que educa-

ção é um direito de todos. E mais: que Estado e família, com o
apoio da sociedade, compartilham a responsabilidade de ga-
rantir que crianças e jovens possam estudar.

Você sabe a diferença entre Estado (com inicial maiúscula) e

estado (com inicial minúscula) quando falamos da organização políti-
co-administrativa de um país?

Estado com inicial minúscula é a unidade territorial que com-

põe o país (ex.: estado de Goiás, estado do Pará...). Já Estado com inicial
maiúscula é um território soberano administrado por um governo cen-
tral, com um conjunto de leis próprias que rege a sua população e de
instituições que participam da sua administração, como as escolas, os
governos, a polícia, os hospitais etc. É o caso do Estado brasileiro.

Nossa Constituição detalhou em 10 artigos - do 205 até

o 214 - como deve ser o acesso dos brasileiros e brasileiras à
educação, e quais são as obrigações do poder público nisso.
Foi um marco fundamental na história das nossas leis. Mas
sabe que não foi a primeira vez que o País afirmou seu com-
promisso com a educação?

Um dos momentos mais importantes em que isso

aconteceu foi logo após o fim da Segunda Guerra Mundial.
O mundo estava abalado pelos horrores da guerra e, por isso,
representantes de diversos países - inclusive do Brasil - se reu-
niram com um objetivo: nunca mais deixar que os direitos hu-
manos sejam ignorados ou esquecidos.
 Após muita reflexão, criaram um documento conhecido
como Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH).
Proclamada em 1948, na Assembleia Geral da Organização
das Nações Unidas (ONU), a DUDH era um pacto por uma so-
ciedade mais justa, em que todos e todas tivessem os mes-
mos direitos e garantias. E o direito à educação, claro, mereceu
atenção especial.

Em seu artigo 26, a DUDH estabelece que toda pessoa

tem direito à educação. E que essa educação “deve visar à
plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos Antes de continuar,
direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve fa- vale a pena conhe-
cer a DUDH cli-
vorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas
cando aqui.
as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como
o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a
manutenção da paz”.

Desde então, muitas outras iniciativas e tratados interna-

cionais surgiram para fortalecer os direitos humanos e, tam-
bém, o direito à educação. Vale destacar a Agenda 2030, um
acordo firmado em 2015 por 193 países membros da ONU. Tra-
ta-se de um plano de ação global, para o período de 2016 a
2030, que reúne 17 objetivos de desenvolvimento sustentável,
visando a uma vida digna para as pessoas, com igualdade de
oportunidades e crescimento sustentável em harmonia com
o planeta.

No objetivo de desenvolvimento sustentável de nº 4

da Agenda 2030, busca-se assegurar a educação inclusiva
e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida para todas e todos.
Educação e juventude

Está na Constituição, na DUDH e em diversas outras nor-

mas. Mas, na prática, o acesso à educação nem sempre é ga-
rantido. Foi o que muitos jovens brasileiros experimentaram,
especialmente após a pandemia.

Nesse período, muitos precisaram interromper os estu-

dos, ou migrar do ensino regular para a modalidade EJA (Edu-
cação de Jovens e Adultos). Uma pesquisa feita pelo Fundo
das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontou os princi-
pais fatores que dificultaram o retorno dos jovens às escolas:

• Necessidade de trabalhar para se sustentar ou para

Veja a pesquisa
ajudar a família; Educação brasileira
em 2022 – a voz de
• Dificuldades de aprendizagem ou aprendizagem adolescentes (2022),
insuficiente; do Unicef.

• Problemas de transporte para ir à escola;

• Ambiente escolar pouco acolhedor, com casos de vio-

lência e bullying;

• Infraestrutura escolar deficiente;

• Aulas pouco atrativas.

Não está fácil. Mas tem solução. E começa com você.

Que educação eu quero?

A educação não é boa só para você, para mim ou para

a filha da vizinha. Ela é reconhecidamente o melhor caminho
para promover o crescimento sustentável de um país. Por isso
é essencial que ela esteja entre as políticas públicas de Estado.

Mas, para que ela seja do jeito que você quer, sonha e
precisa, é preciso que você entenda que não apenas tem di-
reito à educação. Você é um agente de mudança, e tem o di-
reito de opinar, propor e cobrar o que espera dela.

Um ponto de partida interessante para descobrir o que

é realmente importante para você nesse tema é ler as metas
para atingir o objetivo 4 da Agenda 2030.

Apresentaremos a seguir outros exemplos de assuntos

que podem ser trabalhados:

Novo ensino médio

O novo ensino médio tem sido objeto de muitos

questionamentos.

O novo modelo é composto por um currículo básico e

5 itinerários formativos, que o estudante pode escolher de
acordo com seus interesses, competências e ideais de futuro.
O jovem é convidado a trabalhar aspectos socioemocionais na
jornada do ensino médio, com discussões sobre seus projetos
de vida e caminhos possíveis para o ensino superior. Espera- Veja o que educa-
-se, assim, tornar o ensino mais atrativo e reduzir os índices de dores e deputados
discutiram sobre
evasão escolar nos últimos anos da educação básica. o assunto em se-
minário realizado
A adesão ao modelo seria escalonada, com previsão de na Câmara dos
Deputados.
conclusão até 2024, mas foi suspensa em virtude das diversas
dificuldades encontradas por educadores, gestores escolares
e alunos.

Atualmente, está sendo realizada uma escuta com ges-

tores escolares dos estados, governadores, professores e es-
tudantes para que o Ministério da Educação possa entender
melhor os impactos do novo ensino médio e a necessidade de
alterações nessa política pública.
Financiamento do Curso superior: público ou privado

Não bastasse a grande responsabilidade que é escolher

a carreira a seguir, os jovens que saem do ensino médio tam-
bém deparam com a questão do custeio dos estudos, a de-
pender da faculdade em que ingressarem.

Numa universidade pública, o ensino é gratuito, custe-

ado por toda a sociedade por meio dos impostos.

Mas, em uma faculdade particular, quem custeia é o pró-

prio aluno - por conta própria ou por meio de programas de
financiamento para a educação: Programa Universidade para
Todos (Prouni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Preparação para o mercado de trabalho

Na última década, a evolução tecnológica causou a extin-

ção de dezenas de profissões e o surgimento de outras deze-
nas. Para o jovem que está prestes a ingressar no mercado de
trabalho, isso significa mais desafios. Além de driblar dificul-
dades como a falta de infraestrutura das escolas e a baixa re-
muneração dos professores e profissionais da educação, esse
estudante vai ter que se garantir nesse novo universo de com-
petências e habilidades associadas à tecnologia.

A pesquisa O Futuro do Mundo do Trabalho para as Ju-

ventudes Brasileiras, lançada em março de 2023 no Youtube
do Canal Futura, mostrou que 27% dos jovens estão sem escola
e sem trabalho. A maioria deles são negros, do sexo feminino,
com baixa escolaridade. São conhecidos como “sem-sem”,
termo criado para denunciar a desigualdade de oportunida-
des e de formação e acesso à Educação Básica entre os jovens
do Brasil.
Quer ampliar horizontes? Conheça algumas leis impor-
tantes no universo da educação!

1. Estatuto da Criança e do Adolescente

2. Lei de Diretrizes e bases da educação nacional (LDB).

3. Fundo de Financiamento ao estudante do Ensino

Superior

4. Programa Universidade para Todos - PROUNI

5. Plano Nacional da Educação (PNE) - Lei brasileira

que estabelece diretrizes, metas e estratégias para o
desenvolvimento nacional, estadual e municipal da
educação.

6. Estatuto da Juventude