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INSTITUTO FEDERAL DE SERGIPE – CAMPUS LAGARTO

CORDENADORIA DO CURSO DE LICENCIATURA EM FÍSICA

CRISTIANO DOS SANTOS VIEIRA

CAPITULO 10 – APONTANDO SOLUÇÕES

LAGARTO-SE
2021
CRISTIANO DOS SANTOS VIEIRA

CAPÍTULO 10 - APONTANDO SOLUÇÕES

Resumo crítico apresentado ao curso de Física do


Instituto Federal de Sergipe – IFS como um dos
pré-requisitos para a obtenção da nota parcial da
disciplina Educação de Jovens e adultos-EJA, sob
a orientação do professor Dr. Acácio Nascimento
Figueredo.

LAGARTO-SE
2021
CAPÍTULO 10 - APONTANDO SOLUÇÕES

INTRODUÇÃO
Quando falarmos em educação no Brasil, há uma certa preocupação quanto ao
seu desenvolvimento, pois, segundo o IBGE, 731 mil crianças ainda estão fora da escola
chegando a ocupar 53° lugar em educação, entre 65 países avaliados pelo PISA. A
situação fica mais preocupante em relação a educação de jovens e adultos (EJA), que
em pleno século 21, existe uma enorme quantidade de pessoas que não sabe ler e
escrever, como foi contabilizado pelo censo demográfico de 2010, sendo que, 13,9
milhões de jovens e adultos com idade superior a 15 anos declararam não saber ler ou
escrever. [1]

Nesse cenário o capítulo 10 do livro de Gadotti e Romão aponta algumas


soluções que devem ser levadas em considerações ainda hoje, acerca da
problematização da alfabetização no Brasil para jovens e adultos. Nessa perspectiva o
autor destaca nesse capítulo a importância do congresso brasileiro de alfabetização
(CBA) realizado em 14 a 16 de setembro de 1990, que foi considerado pela UNESCO
como o ano Internacional da alfabetização e com um marco crucial para a EJA, onde foi
aprovado proposições e soluções em que de respeito há alfabetização [2]. Para o
acontecimento desse evento fez-se necessário a divulgação de uma declaração e
entrevista a AIA que o Grupo Estadual de Trabalho em Alfabetização (GETA/SP)
realizou no ano anterior se prontificando a realizar eventos, encontros e temáticas que
enfatizassem a realidade da alfabetização. [3]

No congresso em que estavam reunidas cerca de 2 mil pessoas, dentre elas


estavam educadores e todos se comprometeram em envidar os esforços profissionais em
prol das seguintes soluções diante da problemática da alfabetização no Brasil:

1. Priorizar a educação básica em uma política nacional de combate às raízes


estruturais da pobreza, promoção da justiça social e do desenvolvimento
econômico

Esta tese foi enunciada pelos participantes da CBA que explicitou a convicção
de que:

a solução dos problemas educacionais não reside exclusivamente na escola.


A história tem mostrado que nenhum país do mundo contemporâneo
alcançou níveis elevados de alfabetização sem que suas populações tenham
conquistados, simultaneamente, melhorias substanciais nas suas condições de
vida e uma distribuição de renda mais equitativa. (Declaração do CBA, A.
parágrafo 1°)

Essa primeira tese deixou bem claro que a escola tem seus limites e para
enfrentar essa problemática é preciso do envolvimento de outros setores, tanto social,
quanto político, pois a culpa de a educação ir mal sempre é colocada na escola, no
entanto, segundo essa solução ficou explicito que cada um tem o seu fator de culpa,
principalmente o desenvolvimento econômico.

2. Combater o preconceito em relação ao analfabeto, reconstruindo o conceito


de alfabetização

Durante décadas a palavra analfabeto carrega significados negativos, visto que,


muitos costumam pensar que ler e escrever é algo muito fácil, mas não leva em conta o
contexto-histórico, em que ir à escola era só possível para os de alta classe e não
recebiam tantas oportunidades para estudar, somente o trabalho árduo. Dessa forma,
desvalorizam o analfabeto, como se ele não fosse importante para a sociedade.

Para superar o preconceito que cerca o analfabeto, as políticas de alfabetização


precisam envolver ações permanentes no que se refere a educação básica, com o intuito
de reconhê-lo como um cidadão atuante na sociedade, produtor de cultura e que tem
sido privado dos códigos da leitura e da escrita.

3. Garantir o direito de todos à alfabetização, à escolarização e à


continuidade do processo educativo

De acordo com o preambulo da “Declaração Mundial sobre Educação para


Todos” mais de 960 milhões de adultos são analfabetos, tendo em vista esse número,
muitos se propuseram ao longo do tempo mostrar interesse em alfabetizar a população,
no entanto, olhavam para o crescimento de uma política de elite e a alfabetização não
aconteceu. E quando foi previsto o ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive
para os que não tiveram acesso na idade própria, foi atendido somente uma parcela
dessas pessoas.

Houve um grande crescimento nos anos de 1987 e 1988 como mostrado no


quadro abaixo da Fundação educar que em 17 de março de 1990 foi extinta pelo
presidente Collor:
Apesar do grande crescimento do número de alunos (Jovens e Adultos)
atendidos como possível perceber na tabela acima, se comparamos ao número de
analfabetos, ainda tinha muito que melhorar e investir.

Com todo o avanço tecnológico e Cientifico em nossos dias, ainda percebemos


que não mudou muita coisa, pois segundo o IBGE e a Pesquisa Nacional cerca de 11
milhões de brasileiros são considerados analfabetos. Isto representa 7% da população,
sendo que a maioria dessas pessoas são de idade avançada. [4]

Diante de toda essa problemática e que a educação é direito de todos, os autores


do livro apontam a seguinte solução: uma política de atendimento para todos requer a
ampliação de vagas e distribuição de recursos para todas as faixas etárias, sem
descriminação, pesquisa, produção de materiais didáticos e de leitura que atendam a esta
diversidade de ofertas de ensino.

4. Ampliar substancialmente os recursos para a educação básica

Quando se fala em recursos para a educação, percebemos que há pouco


investimento do que é determinado para o setor educacional, tanto para o ensino
fundamental, quanto para à eliminação do analfabetismo. Portanto, cabe urgentemente
desenvolver uma política de captação de novos recursos para a educação e exigir dos
poderes públicos o cumprimento da constituição da cota mínima do produto interno
bruto. [5]

Para Paulo Freire “a necessidade de uma decisão política deve ser firme” e que
“toda proposta visando uma solução para o problema educacional deve passar por uma
reorientação das despesas públicas, com injeção de recursos na educação” (Folha de S.
Paulo, SP, 19.05.1987).
E em pleno século 21 não é diferente observamos vários cortes para a educação,
principalmente para a Educação de Jovens e Adultos que vem sofrendo duros ataques
desde o impeachment da Presidenta Dilma Roussef em 2016, quando os recursos
financeiros e humanos alocados nessas iniciativas foram drasticamente reduzidos.

5. Valorizar o magistério, promover a formação dos educadores e a pesquisa


em alfabetização

Já nessa solução é bastante alarmante, visto que, a profissão de professor não é


vista com bons olhos, por conta da desvalorização da carreira, do salário, da
infraestrutura, falta de interesse dos alunos e má qualidade no ensino. Tudo isso,
influência na formação e na escolha do curso que futuramente será a sua profissão.
Contudo, faz-se urgente assegurar aos professores um estatuto que garanta a perspectiva
de carreira, uma melhoria dos salários, das condições de trabalho e formação
continuada, dessa forma, podemos ter uma maior valorização do magistério e será
possível promover o curso com maestria.

6. Garantir participação conjunta de governo e sociedade civil na definição de


princípios e diretrizes da política nacional de alfabetização

Um programa de alfabetização deve ser construído de forma conjunta e coletiva,


entre estados, municípios e União, composto pelos representantes governamentais
(MEC, Consed, Undime) e formulado e acompanhado por uma comissão nacional.

CONCLUSÃO

Ao longo das décadas foi possível observar a grande dificuldade que a EJA
passou e nos dias de hoje ainda é possível perceber. Sendo assim, o capítulo 10 desse
livro busca apontar 6 soluções ou teses para resolver a problemática da alfabetização.
No entanto, já se passaram 21 anos, desde que o congresso foi realizado e 11 anos da
publicação desse livro e o que vimos na prática é muito pouco para uma teoria bem
organizada, sei que foram realizadas muitas tentativas, mas sempre do lado político ou
social teve alguma indiferença para que aquela iniciativa não desse totalmente certa.

As soluções apontadas pelos autores do livro são bastantes pertinentes e acredito


que se forem colocadas em práticas a educação de jovens e adultos cresceria de um
modo muito grande, no entanto, surge uma crítica acerca do conhecimento da sociedade
acerca desse assunto que é bastante negligenciada pelo governo. Também foram
explicitas na tentativa de recuperar um importante evento (o Congresso Brasileiro de
Alfabetização).

Diante disso, precisamos primeiro conscientizar as pessoas acerca desses direitos


e soluções até aqui mencionadas, é certo que de certa forma avançamos na consciência
do direito a educação infantil e adolescentes, por outro lado, não avançamos com
relação à educação dos adultos. Como citado acima, esse grupo de pessoas são a grande
parte analfabetos na população e precisam ter acesso, mesmo sendo, um grande desafio
fazer com que essa classe de pessoas participe, por isso, inclui um grande esforço de
mobilização de muitos grupos importantes da sociedade para divulgar e ajudar elas a
participarem.

Dessa forma, sanaríamos essa grande problemática da alfabetização no Brasil,


trabalhando todos os setores em conjunto, mas infelizmente o que presenciamos é cortes
em cima de cortes e a desvalorização desses profissionais. O que se conclui é que não
houve e não há vontade política para superar o analfabetismo, pelo contrário, eles
desejam que as pessoas não sejam críticas apenas saibam o básico.
REFERÊNCIAS

[1] BRUINI, Eliane da Costa. "Educação no Brasil"; Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/educacao/educacao-no-brasil.htm. Acesso em 10 de
fevereiro de 2021.

[2] GADOTTI, Moacir. Educação de Jovens e Adultos: teoria, prática e proposta.


ROMÃO, José E. (Org.). 2 ed. rev. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2000.
ISBN: 85-249-0602-2.

[3] IDE, Iolanda. Congresso Brasileiro de Alfabetização 1990: Explicação de suas


teses. Dissertação, filosofia e história da educação, Campinas – São Paulo, 1993, p. 1-
377.

[4] ADJUNTO, Graça. Analfabetismo cai, mas Brasil ainda tem 11 milhões sem ler
e escrever. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2020-
07/taxa-cai-levemente-mas-brasil-ainda-tem-11-milhoes-de-analfabetos#:~:text=A
%20taxa%20de%20analfabetismo%20no,ainda%2011%20milh%C3%B5es%20de
%20analfabetos.>. Acessado em: 10 de fevereiro de 2021.

[5] LUCENA, Vinicius. Falta de recursos é a marca da Educação de Jovens e


Adultos no Brasil. Disponível em:
<https://paineira.usp.br/aun/index.php/2019/12/12/falta-de-recursos-e-a-marca-da-
educacao-de-jovens-e-adultos-no-brasil/>. Acessado em: 10 de fevereiro de 2021.

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