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ANDRAGOGIA E PEDAGOGIA

 Publicado em 29 de junho de 2017


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Status: on-line

Leonice Rocha

Consultora e Assessora Pedagógica/Mestre em Ciência da Educação / Especialista em


Gestão Estratégica no Ensino a Distância - EAD/ Pedagoga / Graduada em Letras
23 artigos

Leonice M.D. Rocha

29 de junho de 2017

No século XX, o americano e educador Malcolm Shepherd Knowles definiu a


andragogia como uma ciência antiga que estuda a educação para adultos com a
finalidade de buscar uma aprendizagem efetiva para o desenvolvimento de habilidades e
conhecimento.

A palavra “andragogia” tem a sua origem na terminologia grega andros (homem)


+ agein (conduzir) + logos (tratado, ciência), fazendo referência à ciência da educação
de adultos. Já a palavra “pedagogia”, que também é derivada dos vocábulos
gregos paidós (criança) + agein (conduzir) + logos (tratado ou ciência), por sua vez
faz referência à educação de crianças.

Quando se fala em aprendizagem, treinamento, geralmente vem à mente a palavra


"pedagogia". A aprendizagem nos adultos, como regra, muito difere da aprendizagem
da criança. Lógico que algumas metodologias são universais, mas o professor que está
acostumado a lecionar com crianças, não transfere com tanta facilidade as suas
experiências docentes ao trabalhar com a aprendizagem de adultos.

Com o surgimento da andragogia, a necessidade de planejar as práticas pedagógicas


para o ensino dos adultos trouxe uma nova reflexão no âmbito educacional o que não
significa acabar com todas as realizações científicas e práticas planejadas de pedagogia
já existentes, ou seja, tentar “reinventar a roda”, mas sim aprimorar os métodos de
ensino já existentes adaptando-os a este novo processo de aprendizagem.

A educação de adultos tem suas características individuais, especialmente no ensino


profissional.

Passar de uma metodologia de ensino clássico para novos enfoques andragógicos não é
muito fácil. Os professores envolvidos neste processo de aprendizagem, nesta migração,
precisam estar bem preparados, inclusive participarem de programas de capacitação
andragógicos, afinal, os professores são adultos em aprendizagem.

Burley (1985), ressaltou sobre a importância da utilização de métodos andragógicos


para o treinamento de educadores de adultos.

É importante que o professor seja um mediador eficiente de atividades de grupo e


demonstrar a importância prática do conteúdo a ser estudado. Além disso, o professor
deve transmitir para o aluno o entusiasmo pelo aprendizado. O aluno precisa entender
que aquele conhecimento adquirido fará a diferença na vida dele.

O aprendizado para os adultos deve ser concentrado em abordagens que possuam


métodos próprios e que produza uma maior eficiência das atividades educativas.

O aluno que se dispõe ao aprendizado já na fase adulta, compreende que o processo de


formação continua ao longo da vida (educação ao longo da vida) de uma pessoa, para
ajudá-lo a adaptar-se a um ambiente profissional em constante mudança, para responder
adequadamente à mudança social e tecnológica e para realizar plenamente o seu
potencial profissional, físico e psicoemocional. Conforme cita Cavalcanti (1999):
“Adultos se sentem motivados a aprender quando entendem as vantagens e benefícios
de um aprendizado, bem como as consequências negativas de seu desconhecimento. ”

Portanto, andragogia sugere que o aluno adulto seja responsável por determinar o seu
campo de estudo, a sua escolha de métodos, o seu planejamento e avalie os seus
resultados. O aluno adulto atua como a principal formação iniciadora. Em contrapartida,
o professor ou mediador desempenha o papel de coordenar este processo criando novas
formas, técnicas e oportunidades de aprendizagem.

É necessário que haja uma conscientização por parte de docentes e discentes, quanto ao
aprendizado continuado ao longo de suas vidas. Há uma responsabilidade social por
parte de profissionais que precisam estar habilitados, precisam ter competências nas
áreas que trabalham a fim de servir melhor a sociedade. Neste sentido, a andragogia sem
dúvida é uma ferramenta que se utilizada pelo profissional o ajudará a atingir os seus
objetivos.

Atualmente, o aprendizado ao longo da vida tornou-se uma prática para a grande parte
dos profissionais em todas as empresas. Cursos de treinamento, formação,
especialização, curso de pós-graduação, seminários educacionais, ensino à distância,
etc. Tudo isto tornou-se um atributo obrigatório para uma carreira de sucesso.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BURLEY, (apud Cavalcante), Revista de Clínica Cirúrgica do Paraíba, nº 6, ano 4,


julho de 1999.

ANDRAGOGIA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2021.


Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Andragogia&oldid=60365773>.
Acesso em: 2 fev. 2021.

CAVALCANTI, Roberto de Albuquerque. Andragogia: a aprendizagem nos


adultos. Revista de Clínica cirúrgica da Paraíba, nº 6, ano 4, julho de 1999.

A ESCOLARIZAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS: Fatores Sociais e Históricos
Que Perpassam a Educação de Jovens e
Adultos na Educação Brasileira
 Publicado em 7 de junho de 2018
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Status: on-line

Leonice Rocha

Consultora e Assessora Pedagógica/Mestre em Ciência da Educação / Especialista em


Gestão Estratégica no Ensino a Distância - EAD/ Pedagoga / Graduada em Letras
23 artigos

7 de junho de 2018

Leonice Rocha

No âmbito da aprendizagem ao longo da vida, a alfabetização faz parte do direito à


educação e ao bem público.
As transformações sociais, econômicas, científicas e tecnológicas das últimas décadas
desafiam o desenvolvimento humano e a educação.

Uma vez que a educação capacita os indivíduos com as ferramentas necessárias para
lidar com esses desafios, é necessário que o aprendizado (conteúdo curricular), do que
está sendo ensinado, dialogue com o cotidiano do aluno a fim de despertar o interesse
do mesmo.

A educação de jovens e adultos – EJA, deve ter como objetivo motivar jovens e adultos
a continuar aprendendo por toda a vida e capacitá-los com habilidades práticas
necessárias para trabalhar no mercado de trabalho, ou simplesmente para que eles
adquiram um senso de dignidade e valor, além de aprimorar os conhecimentos
adquiridos ou perdidos ao longo da vida, como leitura e escrita. Um dos princípios da
EJA é ensinar jovens e adultos através do uso de técnicas de aprendizagem específicas e
apropriadas, uma vez que têm necessidades diferentes, interesses, habilidades e
capacidades de aprendizado dos alunos da idade escolar adequada para a educação
básica. os objetivos para seu próprio desenvolvimento e para a comunidade.

Os adultos frequentam aulas de alfabetização e educação porque têm desígnios


específicos e buscam o conhecimento e as habilidades que lhes permitirão atingir seus
objetivos, pois muitos deles não tiveram oportunidades de aprender, aumentando assim
o índice de analfabetismo por parte de jovens e adultos. Conforme cita Strelhow, (2010,
p. 56): “Assim, chegamos ao século XXI com uma alta taxa de pessoas que não têm o
domínio sobre a leitura, a escrita e as operações matemáticas básicas [...]”.

Jovens e adultos em locais de pouco acesso à educação podem nunca ter tido a
oportunidade de frequentar a escola ou podem ter tido apenas alguns anos de educação
formal. Alguns podem ter adquirido habilidades básicas de alfabetização em uma língua
oficial da escola e também querem ter acesso a publicações impressas em sua língua da
comunidade ou língua materna.

O desenvolvimento da educação no Brasil tem uma história social que se iniciou com a
catequização indígena, alfabetização e o ensino da língua portuguesa. (PAIVA, 1987),
ao longo de seus quase 500 anos de existência, o sistema educacional brasileiro vem
enfrentando muitos problemas, assim também afirma Platzer (2017, p. 12) ao dizer que:

Os estudos acerca da Educação de Jovens e Adultos no Brasil envolvem, entre


outras discussões, a compreensão de sua trajetória histórica, refletindo sobre
o seu processo de constituição, por sua vez, permeado por inúmeros desafios.

No Brasil, a disseminação da alfabetização só começou a ocorrer mesmo, a partir do


século XX e as oportunidades educacionais eram muito restritas, acessíveis apenas às
elites proprietárias de terra e uma minoria da população.

Durante o período do Império, em 1872 foi realizado o primeiro censo nacional


brasileiro que revelou que 82,3% da população, com mais de 5 anos de idade era
analfabeta.

No período republicano, o assunto sobre alfabetização e educação era bastante


mencionados em diversos encontros políticos, no entanto pouco fizeram para mudar este
quadro. O analfabetismo era visto como causa e o entendimento que se tinha era de que
o analfabeto era pobre e marginalizado, era um incapaz político, não podia votar ou ser
votado (CUNHA, 1999).

Devido as escassas oportunidades de educação durante a infância, até o ano de 1950,


mais da metade da população ainda era analfabeta, o que a excluía da vida política,
inclusive sendo negado o direito de voto.

As primeiras políticas públicas nacionais sobre educação, voltadas para jovens e


adultos, foram desenvolvidas no ano de 1947, com o estabelecimento do Serviço de
Educação de Adultos do Ministério da Educação, e o lançamento da Campanha de
Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). Duas outras campanhas ocorreram na
época, mas com poucos resultados efetivos: a Campanha Nacional de Educação Rural
(CNER) em 1952, e a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA)
em 1958.

Devido a isso, em 1947, o governo lançou a 1ª Campanha de Educação de Adultos,


propondo: alfabetização dos adultos analfabetos do país em três meses, oferecimento de
um curso primário em duas etapas de sete meses, a capacitação profissional e o
desenvolvimento comunitário. Abriu-se, então, a discussão sobre o analfabetismo e a
educação de adultos no Brasil. Nessa época, o analfabetismo era visto como causa (e
não como efeito) do escasso desenvolvimento brasileiro. Além disso, o adulto
analfabeto era identificado como elemento incapaz e marginal psicológica e
socialmente, submetido à menoridade econômica, política e jurídica, não podendo,
então, votar ou ser votado (CUNHA, 1999).

Neste contexto, verifica-se que o percurso histórico da Educação de Jovens e Adultos


(EJA) é muito mais conturbado do que na educação básica, o Secad/MEC (2016, p. 3),
diz que:

Ao longo de sua história, o Brasil tem enfrentado o problema da exclusão


social que gerou grande impacto nos sistemas educacionais. Hoje, milhões de
brasileiros ainda não se beneficiam do ingresso e da permanência na escola,
ou seja, não têm acesso a um sistema de educação que os acolha. [...] efetivar o
direito à educação dos jovens e dos adultos ultrapassa a ampliação da oferta
de vagas nos sistemas públicos de ensino. É necessário que o ensino seja
adequado aos que ingressam na escola ou retornam a ela fora do tempo
regular: que ele prime pela qualidade, valorizando e respeitando as
experiências e os conhecimentos dos alunos.

A alfabetização de jovens e adultos não se limita apenas a uma simples tarefa escolar,
mas existe a necessidade de planejar as práticas pedagógicas para este público
específico. A EJA trouxe uma nova reflexão no âmbito educacional, o que não significa
acabar com todas as realizações científicas e práticas planejadas de pedagogia já
existentes, ou seja, tentar “reinventar a roda”, mas sim aprimorar os métodos de ensino,
já existentes, adaptando-os a este novo processo de aprendizagem.

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REFERÊNCIAS
CUNHA, Conceição Maria da. Introdução: discutindo conceitos básicos. In: SEED-
MEC Salto para o futuro. Educação de jovens e adultos. Brasília: 1999.

MEC. Secad. Coleção cadernos de EJA: tecnologia e trabalho. 2016. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/12_cd_al.pdf.> Acesso em 6 maio
2018.

PAIVA, Vanilda Pereira. Educação Popular e Educação de Adultos. 5. ed. São Paulo:
Edições Loyola. Ibrades, 1987.

STRELHOW, Thyeles Borcart. Breve história sobre a Educação de Jovens e Adultos no


Brasil. Revista Histedbr On-line. Campinas, n.38, p. 49-59, jun.2010 - ISSN: 1676-
2584. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Disponível
em: http://www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/edicoes/ 38/art05_38.pdf. Acesso em
7 maio 2018.

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