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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL E SUA


INCLUSÃO DIGITAL

Bruna Nunes da Costa Lima


Francisca Geane Medeiros de Aquino
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura em Pedagogia (PED 5083) Prática interdisciplinar
27/05/2023
RESUMO

O objetivo desde trabalho é falar sobre a educação de jovens e adultos no Brasil e sua história no
contexto da educação ao longo dos anos, pois essa modalidade de educação trouxe diversos
benefícios para a vida das pessoas que não tiveram oportunidades de estudo durante a infância e
juventude. Ainda, falar sobre a inclusão digital nessa modalidade de ensino, que é tão pouco falado
e aplicado, mas que é fundamental tanto para o ensino e aprendizagem quanto para a vida do
estudante fora da escola. Neste trabalho o teórico Paulo Freire bem como seus estudos e
compreensão da educação de jovens e adultos é abordado pois ele é um educador de extrema
importância na história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, pois sempre apoiou e deu suporte
para que esse ensino ocorresse. Foi utilizado a pesquisa teórica para a realização do trabalho com
o objetivo de apresentar a EJA e sua história no Brasil bem como a inserção da inclusão digital
nessa modalidade de ensino.

Palavras-chave: Educação. História. Inclusão

1. INTRODUÇÃO

A educação de jovens e adultos tem uma história muito importante no Brasil, pois foi ao
longo dos anos que foi se conquistando esse direito para todos os cidadãos que não foram
alfabetizados durante a infância. Por meio desse direito adquirido e amparado por diversas leis, é
importante falar dessa modalidade ensino, sua história e sobre as formas de ensino e aprendizagem
que podem ser realizadas com as tecnologias atuais.
Assim, este trabalho tem o objetivo de apresentar um pouco da história da EJA no Brasil e
abordar a prática da inclusão digital nessa modalidade de ensino, para que jovens e adultos possam
estar atualizados e aproveitar desse ensino e aprendizagem para sua vida social.
O teórico que mais se dedicou e obteve diversas experiências na EJA e que abriu caminhos
para o reconhecimento e valorização da mesma é Paulo Freire, e sua teoria será citada ao longo do
trabalho bem como sua visão de educação e métodos de alfabetização e ensino para a educação de
jovens e adultos no Brasil.

Bruna Nunes da Costa Lima


Francisca Geane Medeiros de Aquino
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (5083) – Prática do Módulo I – 27/05/2023
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Paulo Freire elaborou uma proposta de alfabetização de adultos cujo método de alfabetização
era passado com muito cuidado, carinho e dedicação pelo educador, e assim, fazendo com que todos
enxergassem a importância de alfabetizar-se.
Ao pesquisar sobre a inclusão digital nota-se que o assunto ainda é pouco discutido na
modalidade da EJA, mas que é importante a ser abordado neste contexto, pois essa inclusão pode ser
benéfica, não apenas para o ensino e aprendizagem, mas também para inserção do aluno no mercado
de trabalho, bem como as várias possibilidades e oportunidades que a inclusão digital pode trazer
para a vida do mesmo.

2. A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL

A Educação de Jovens e Adultos no Brasil possui uma longa e perpassa por vários
acontecimentos ao longo de sua evolução. Teve início na década de 1930 com o crescimento de
indústrias que passou a exigir mais de seus funcionários.
Mesmo o ensino sendo gratuito e atendendo a todos, o avanço nessa modalidade se deu na
década de 40, a partir de iniciativas políticas, foi aí que em 1947 houve uma campanha de
alfabetização que tinha como objetivo fazer este processo no período de três meses, antes de fazer
uma capacitação profissional.
Sempre houve uma exclusão com relação a educação de jovens e adultos, pelo fato deste
serem vistos como pessoas sem capacidade de aprender e não possuíam direitos econômicos, políticos
e jurídicos pelo fato de serem analfabetos, também não tinham direito ao voto e eram explorados no
trabalho, pois não tinham conhecimento.
Mas, após essa campanha, essa visão foi se modificando, e as pessoas que não eram
alfabetizadas foram ganhando espaço na educação e vistas de forma a serem capazes de adquirir
conhecimento. Segundo Freitas (2002p.52), "a educação é um fenômeno essencialmente humano pelo
qual as gerações transmitem conhecimentos, práticas, costumes e modos de vida".
No fim da década de 50, surgiram críticas à Campanha de Educação de Adultos realizada e,
a partir disso, um novo olhar se voltou para dificuldades do analfabetismo fazendo com que uma nova
proposta pedagógica para a educação de jovens e adultos fosse lançada cujo educador principal foi
Paulo Freire.
Alfabetização é mais que o simples domínio mecânico de técnicas para escrever e ler. Com
efeito, ela é o domínio dessas técnicas em termos conscientes. É entender o que se lê e escreve
o que se entende. (...) Implica uma auto formação da qual se pode resultar uma postura atuante
do homem sobre seu contexto. Para isso a alfabetização não pode se fazer de cima para baixo,
nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo
próprio analfabeto, apenas ajustado pelo educador. Isto faz com que o papel do educador seja

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fundamentalmente diálogos com o analfabeto sobre situações concretas, oferecendo-lhes os


meios com que os quais se possa alfabetizar. (Paulo Freire, 1989, p. 72)

Em 1967 foi lançado um projeto conhecido como Mobral - Movimento Brasileiro de


Alfabetização, que, no início visava atender analfabetos de 15 a 30 anos, tendo como objetivo ensinar
a ler e a escrever. Bello (1993, p.38), ao falar sobre o projeto diz que:

O projeto MOBRAL permite compreender bem essa fase ditatorial por que passou o país. A
proposta de educação era toda baseada aos interesses políticos vigentes na época. Por ter de
repassar o sentimento de bom comportamento para o povo e justificar os atos da ditadura,
esta instituição estendeu sobre seus braços a uma boa parte das populações carentes, através
de seus diversos programas.

Na década de 70 este projeto se expandiu e no ano de 1985 teve fim, e no lugar do mesmo foi
lançado a Fundação Educar com o objetivo de apoiar técnicas e financeiramente as iniciativas de
alfabetização existentes.
Com a promulgação da Constituição de 1988, o Estado ampliou seu dever com a Educação de
Jovens e Adultos, assim o artigo 208 da Constituição de 1988 diz que, "O dever do Estado com a
Educação será efetivado mediante a garantia de: ensino fundamental obrigatório e gratuito,
assegurada inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria".
Então na década de 90 a Educação de Jovens e Adultos consegue estabelecer uma nova
política onde ganha novos métodos para trabalhar com criatividade e de fazer com que jovens e
adultos que tiveram uma vaga passagem pelas escolas, tenham uma nova oportunidade de inserir-se
na educação e, assim permanecendo, venham a ganhar cultura, conhecimento e incluírem-se no
mercado de trabalho.

A universalização do ensino elementar, a garantia de domínio dos códigos básicos de leitura


e escrita e a superação do fracasso escolar terão que ser pó nós enfrentados de forma tal que
o propósito conteúdo do ensino, receba tratamento adequado ao mais pleno desenvolvimento
cognitivo. Não se trata mais de alfabetizar para o mundo no qual a leitura era privilégio de
poucos ilustrados, mas sim para contextos culturais nos quais a decodificação da informação
escrita é importante para o lazer, o consumo e o trabalho. Este é um mundo letrado, no qual
o domínio da língua é também pré-requisito para a aquisição da capacidade de lidar com
códigos e portanto, ter acesso a outras simbólicas e não verbais, com as da informática e as
das ates. (MELLO, 1993, p.28)

Uma proposta de alfabetização foi elabora pelo educador Paulo Freire, tal proposta tem como
método tratar a alfabetização com cuidado, carinho e dedicação pelo professor, fazendo com que
todos enxerguem a importância de se alfabetizar.
Segundo Gadotti 2003 o conceito de educação de jovens e adultos vai se movendo na direção

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ao de educação popular na medida em que a realidade começa a fazer exigência à sensibilidade e a


competência científica dos educadores e educadoras. Uma dessas exigências tem a ver com a
compreensão crítica dos educadores de que vem ocorrendo na cotidianidade do meio popular.
Nos dias de hoje a Lei Federal nº 9.394/96 (LDB) ampara a EJA que passa a ser uma
modalidade de educação básica nas etapas de Ensino Fundamental e Médio, que tem como
fundamento além de alfabetizar os jovens e adultos também dar oportunidades de escolarização no
ensino regular, proporcionando uma educação que possa desenvolver o sistema crítico e inserir os
alunos no contexto social atual.

3. EJA E A INCLUSÃO DIGITAL

Nos dias de hoje muito se fala sobre a inclusão digital nos meios de ensino, para que alunos
possam ter acesso às tecnologias e que o professor utilize também como um método de ensino. Para
Lara (2010) os pilares da inclusão digital são o computador, o acesso à rede e o domínio das
ferramentas utilizadas na rede mundial de computadores.
Mas, tais ferramentas nem sempre estão disponíveis para os alunos da EJA, Acker (2009, p23)
observa que "a inclusão é um ato que afirma e deseja o convívio universal. É um ato que não nega
conflitos, mas amplia o universo de negociação de identidades diferentes".
Pode-se pensar que a inclusão digital vai estar ligada ao pensamento de Paulo Freire (1996) e
trazer como um dos seus pilares o uso da internet para resolver tarefas cotidianas, aproximando as
pessoas marginalizadas socioeconomicamente (maioria) das pessoas mais favorecidas (minorias). O
processo de inclusão vincula-se às condições de acesso à internet, ou seja, a exclusão digital amplia
ainda mais a exclusão social. Nesse sentido:

“A forma de se proporcionar este acesso deve estar integrada às condições locais existentes,
em termos de suas organizações, tanto quanto em seus referenciais culturais. Centros
de produção, criação e compartilhamento cultural (e de acesso à rede) devem estar integrados
a associações comunitárias, centros religiosos, igrejas etc.” (LAZARTE, 200, p. 48).

Assim, percebe-se a importância da inclusão digital na EJA, para que os alunos


sejam capazes de pesquisar e escolher o que quer aprender, possibilitando ir além do
espaço escolar, fazendo com que além do ensino de jovens e adultos prepará-los para
a cidadania e qualificar para o mercado de trabalho, também possam ter acesso às diversas
tecnologias.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho teve como pesquisa a teoria de Paulo Freire sobre a Educação de Jovens

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e Adultos, baseada em outros autores sendo realizadas somente pesquisas bibliográficas e eletrônicas.
Utilizou-se da pesquisa teórica pelo fato de se obter mais matérias quando o assunto é sobre a história
da EJA no Brasil e sua importância atualmente.

Figura 1: Livro do autor Paulo Freire em formato de PDF utilizado para a pesquisa da
elaboração do paper.

Em termos relacionados à fonte de pesquisa, trabalhou-se com produções científicas


publicadas em periódicos e eletrônicos, além de pesquisa bibliográfica na área da Educação e
História. Essa modalidade de produção, além de ser comumente a mais valorizada no conjunto da
produção bibliográfica, é a mais facilmente acessada. Os acessos às produções bibliográficas foram
realizados através de sites e livros diversos.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sabe-se que uma das principais funções da escola é a de formar o futuro cidadão, por isso se
tem a necessidade de ter uma formação escolar, pois é o processo ensino e aprendizagem que irá
ajudar a participar direta e indiretamente da vida em sociedade, que envolve vários fatores como:
política, economia, cumprimento de direitos e deveres.

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O uso das tecnologias na Educação de Jovens e Adultos é uma temática pouco pesquisada em
educação. Percebe-se dessa forma, que existem muitos desafios e muitas coisas ainda devem ser
conquistadas. Assim, como a EJA possui uma história de conquistas e lutas pelas mesmas, com
relação a inclusão das tecnologias na vida dos alunos de tal modalidade, ainda deve haver muitas
conquistas a serem adquiridas.
É importante que a escola considere os alunos da EJA como sujeitos trabalhadores que
estudam, e que por isso, trazem uma bagagem de vida social imensa, havendo uma necessidade na
sua inclusão tanto na alfabetização quanto aos meios digitais para que ocorra a aprendizagem.

6. CONCLUSÃO
Muito se fala sobre a importância da alfabetização na inserção social do indivíduo,
pois dessa maneira poderão ser capazes de conhecer seus direitos e saber exercer seus deveres. Ainda
existem muitos direitos a serem conquistados, pois é uma modalidade de ensino muito
importante, mas também há de se reconhecer que ao longo dos anos houve um grande
processo de avanço e de direitos adquiridos.
A EJA é uma forma de integrar o ensino sistematizado com o mercado de trabalho, assim,
abordando as tecnologias nesse processo de ensino e aprendizagem, o aluno pode se tornar capaz de
transformar a si próprio e o ambiente em que está inserido.
Portanto, conclui-se que a EJA é uma modalidade de ensino muito importante, pois ela resgata
a vontade de jovens e adultos a retomar seus estudos, criando possibilidade de recomeçar e fazer um
futuro diferente.

REFERÊNCIAS

ACKER, T. V.; RABIA, S.; PASSARELLI, B. Inclusão digital e empregabilidade. São Paulo:
Editora Senac, 2009.

BARCELOS, Valdo. Formação de professores para educação de jovens e adultos. 5ª ed. Vozes,
Petrópolis, Rio de Janeiro, 2012.

BEISIEGEL, Celso de Rui. Coleção Educadores - Paulo Freire. Recife: Massangana, 2010.

BRASIL. Ministério da Educação, SEED. Salto para o futuro: Educação de Jovens e Adultos.
Secretaria de Educação a Distância. Brasília, 1999.

COLAVITTO, Nathalia Bredan; ARRUDA, Aparecida Luvizotto Medina Martins. Educação de


Jovens e Adultos (eja): a importância da alfabetização. Revista Eletrônica Saberes da Educação
Volume 5 n° 1 - 2014. Disponível em:

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http://docs.uninove.br/arte/fac/publicacoes_pdf/educacao/v5_n1_2014/Nathalia.pdf. Acesso em: 13


de Novembro 2019.

CORTI, Ana Paula; VÓVIO, Claudia Lemos. Jovens na alfabetização: para além das palavras,
decifrar mundos. Brasília: Ministério da Educação/Ação Educativa, 2007.

FREIRE, Paulo. A educação como prática da liberdade. 23ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1999.

________. A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 1991

________. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam, 42" ed. São Paulo:
Cortez, 2001.

________. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 27ª ed. São Paulo:
Paz e Terra, 2003.

________. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora
UNESP, 2000, 6ª reimpressão.

FREITAS, Helena. Formação de professores no Brasil:10 anos de embate entre projetos de


formação. In: Educação e Sociedade. Campinas: Cedes, v.23.

GADOTTI, M: ROMÃOJ. E. (orgs). Educação de Jovens e Adultos: teoria, prática e proposta.


7. Ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2005.

LAZARTE, L. Ecologia cognitiva na sociedade da informação. Ciência da informação, Brasília,


v.29, n.2, p43-51, 2000.

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