1) A história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil está ligada às transformações sociais, econômicas e políticas ao longo do tempo, com avanços e retrocessos.
2) Nos anos 1920-1930, houve esforços para ampliar a educação popular e de adultos, como a implementação do primeiro Plano Nacional de Educação em 1934.
3) Nos anos 1940-1960, programas como o Fundo para Alfabetização de Adultos, o Mobral e o Ensino Supletivo tentaram lidar com o analfabetismo e atender às
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PORTFÓLIO
Título original
O contexto histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
1) A história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil está ligada às transformações sociais, econômicas e políticas ao longo do tempo, com avanços e retrocessos.
2) Nos anos 1920-1930, houve esforços para ampliar a educação popular e de adultos, como a implementação do primeiro Plano Nacional de Educação em 1934.
3) Nos anos 1940-1960, programas como o Fundo para Alfabetização de Adultos, o Mobral e o Ensino Supletivo tentaram lidar com o analfabetismo e atender às
1) A história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil está ligada às transformações sociais, econômicas e políticas ao longo do tempo, com avanços e retrocessos.
2) Nos anos 1920-1930, houve esforços para ampliar a educação popular e de adultos, como a implementação do primeiro Plano Nacional de Educação em 1934.
3) Nos anos 1940-1960, programas como o Fundo para Alfabetização de Adultos, o Mobral e o Ensino Supletivo tentaram lidar com o analfabetismo e atender às
O contexto histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
A história da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil, é marcada
pela trajetória de ações e programas destinados à Educação Básica e, em particular, aos programas de alfabetização para o combate ao analfabetismo. E apresenta variações ao longo do tempo, demonstrando estar estreitamente ligada às transformações sociais, econômicas e políticas.
Com base nas leituras de Haddad e Di Pierro (2000) podemos observar
que esse processo de escolarização da EJA, teve grandes avanços e retrocessos ao longo do caminho. Segundo os autores a década de 40 inicia-se com mudanças e com uma preocupação geral para a educação das camadas populares.
Em 1920, houve uma movimentação por parte dos educadores no intuito
de ampliar as escolas e melhorar a qualidade do ensino popular, principalmente no estabelecimento de condições favoráveis à implementação de políticas direcionadas à educação de adultos. Sob a gestão de Getúlio Vargas, com a Revolução de 1930, as novas exigências no campo educacional brasileiro tiveram início. Nesse período, a educação de adultos é liderada pelo Estado, na Constituição de 1934, que institui a implementação do primeiro Plano Nacional de Educação - PNE, com oferta do ensino primário integral, frequência obrigatória e gratuita, estendendo-se aos adultos.
Na década de 40, o Estado instituiu o fundo para alfabetização de
adultos, devido aos elevados índices de analfabetismo por conta da má estruturação política educacional das décadas anteriores. Cabe ressaltar que a “extensão das oportunidades educacionais por parte do Estado a um conjunto cada vez maior da população”, servia como um mecanismo que pudesse fortalecer a democratização do país, com a valorização da educação escolar (Haddad; Di Pierro, 2000, p. 111). O final dos anos 50 e o início dos anos 60 foram períodos de grande mobilização dos educadores brasileiros a respeito das reformas da educação, como o II Congresso Nacional de Educação de Adultos, que aconteceu em 1958, na cidade do Rio de Janeiro. Com esse novo olhar para pensar a estrutura pedagógica da alfabetização de adultos, no congresso realizado em Recife, com a presença marcante do educador Paulo Freire, as discussões direcionavam-se para o entrelaçamento entre os problemas educacionais vigentes e a problemática social. O trabalho desenvolvido por Freire com a educação de adultos possibilitou a organização do Programa Nacional de Alfabetização de Adultos. Outros elementos consideráveis foram a criação do Mobral, em 1968, e a expansão do Ensino Supletivo (CES), criado em 1972. Os documentos expressam que a oferta do Mobral e do Supletivo foram tentativas utilizadas como estratégias do Estado para saber lidar com a tensão arraigada desde os primórdios da educação popular e para atender às orientações da Unesco (Ventura, 2011). Refletindo sobre a lógica burocrática que ainda perpassa as ações da EJA, verifica-se que todo o avanço da educação para a classe trabalhadora foi conduzido por lutas e por concepção democrática da sociedade, na busca por igualdade de oportunidades e igualdade de condições sociais. A importância para tal reconhecimento deve-se ao engajamento de educadores que, de forma geral, deram conta do direito à educação permanente para todos. É na luta que as condições são criadas e afirmadas, não só para democratização da educação, mas para a participação social, que inclui a “socialização das gerações mais iguais e menos injustas” (Cury, 2002, p. 247). Os desdobramentos que merecem nossa atenção referem-se às normas oficiais que evidenciam as finalidades da EJA e estão pautadas no aperfeiçoamento e na qualidade, atribuindo significado ao conhecimento educativo e, sobretudo, na formação geral do jovem e do adulto estudante. Inegáveis os desafios que ainda são enfrentados no cotidiano de nossas escolas, de como ainda estamos à margem dos sistemas educacionais; essas ideias não são acabadas, são decorrentes das observações como professores da EJA no sistema estadual de ensino. De acordo com Machado (2009, p.19), vemos que, no Brasil, a denúncia de descaso para com a EJA aparece em estudos e pronunciamentos de vários educadores. Em 1938, Paschoal Lemme (2004, p. 65) já destacava que “mesmo entre as pessoas que têm certo trato com os problemas de educação e de ensino é comum verificar-se um completo desconhecimento da importância e da significação hoje emprestadas ao problema da educação de adultos”. Passados 71 anos dessa afirmação, o que podemos dizer sobre a Educação de Jovens e Adultos no Brasil? Vale lembrar aqui que Paschoal Lemme, em 1938, concorreu ao concurso para técnico de educação do então Ministério de Educação e Saúde apresentando como tese um trabalho exatamente sobre educação de adultos. Impossível não destacar que a EJA sempre foi tratada pelo Estado como uma segunda opção, pelo baixo rendimento do sistema educacional, que acaba por se tornar seletivo, excludente e muitas vezes marginalizado, ou com um expressivo quantitativo da população que consegue ingressar na escola. Além disso, é visível que tanto a oferta quanto o rendimento dos alunos são diferentes, à medida que a localização dificulta o acesso. Deve-se aqui atentar para os desdobramentos expressos da Educação de Jovens e Adultos como sendo uma educação escolar que certifica e prepara para o trabalho; há também a desqualificação do ensino da EJA, caracterizado como fraco e de mau rendimento. A respeito da democratização da educação e da superação do analfabetismo, o que contribuiu para refletirmos sobre a qualidade da educação e suas interfaces é que, apesar da universalização e da possibilidade de vagas ao ensino público, ainda há uma defasagem e isso vem afetando substancialmente a jovens e aos adultos, pois em suas trajetórias escolares não estão conseguindo dar conta do sistema de ensino. Na realidade, o que nos resta entender, em termos sociais, é quem é mais atingido pela qualidade da oferta e da seletividade do sistema. As interrogações valem como um alerta para a necessidade de um exercício de reflexão para compreender por que a EJA é menos estruturada do que os demais sistemas de ensino e por que seus objetivos não são claros como os demais. Talvez por não incluir só a educação da segunda chance, mas também a educação continuada. Esse processo interrogativo leva-nos a entender os discursos recentes que envolvem a EJA no que se refere à precariedade de seus valores e da sua organização, estando sempre vulneráveis às estratégias governamentais.