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EJA – Os desafios de retomar os estudos.

Gabriela dos Santos Ramos1


Marcelo Esteve de Abreu2
Marlene de Almeida da Silva3
Patrícia Cristina Silva4
Aline da Hora de Jesus5

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Pedagogia (Código da turma


10678) – Prática do Módulo V - 2022

RESUMO

Esta importante pesquisa tem como objetivo principal dissertar uma reflexão sobre
as dificuldades enfrentadas pelos alunos que retomam os estudos dentro da escola
contemporânea, discutindo qual é o perfil do educando da EJA na atualidade e
quais são os desafios eles possam enfrentar nas salas de aula de nossas escolas?
O principal objetivo é identificar quem são os educandos da EJA na
contemporaneidade e descobrir os principais empecilhos que os alunos defrontam
no processo de ensino-aprendizagem, dentro das escolas.
Entender quais procedimentos pedagógicos que deverão nortear a metodologia de
ensino utilizada nas salas de aulas para melhor aproveitamento e resultados,
considerando que este retorno para a maioria é um recomeço muito importante
para a vida; aumentando assim a nossa responsabilidade como professora, fazendo
frente a fortalecer as demandas dentro e fora da escola, para torná-los sujeitos de
conhecimento e de construção do seu próprio futuro.

Palavras-chave: Estudantes, perfil, desafios.

1. INTRODUÇÃO

A principal característica dos alunos que hoje fazem parte da Educação de jovens e
adultos – EJA, é o fato de serem pessoas que não puderam concluir os estudos em idade
própria em virtude de problemas de diversas ordens, sejam sociais, culturais ou
econômicas.
Historicamente, a EJA vem passando por avanço no que se refere ao aspecto
conceitual e organizacional. Neste processo evolutivo, a Educação de Jovens e Adultos

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Graduanda em Pedagogia - 6º Semestre- Prática Interdisciplinar V– Curso de Pedagogia (FLC 10678) - UNIASSELVI.
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Graduando em Pedagogia - 6º Semestre- Prática Interdisciplinar V– Curso de Pedagogia (FLC 10678)- UNIASSELVI.
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Graduanda em Pedagogia - 6ºSemestre-Prática Interdisciplinar V – Curso de Pedagogia (FLC 10678) - UNIASSELVI.
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Graduanda em Pedagogia - 6º Semestre- Prática Interdisciplinar V – Curso de Pedagogia (FLC 10678) - UNIASSELVI
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Professora Orientadora Especialista em Educação, Supervisão e Orientação Educacional – Tutora Externa –
UNIASSELVI.
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Curso de Pedagogia (FLC 10678) – Prática Interdisciplinar
V – 17/12/2022.
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não tem mais caráter compensatório, próprios do supletivo da época que perdurou por
bastante tempo. Atualmente, é compreendida com sendo uma ponte de equilíbrio, que
deve gerar o compromisso com a vida em sociedade. Avanços também são perceptíveis
na elaboração de políticas públicas que valorizam o contexto histórico social do
educando, buscando metodologias de trabalho para atender a diversidade social e cultural
que está presente na escola da EJA.
Percebe-se que na EJA, a diversidade é uma de suas peculiaridades. Diversidade
de histórias de vida, idades, perfis, desejos, sonhos, metas. Dessa forma fica a cargo do
professor buscar sua própria formação e melhor metodologia de ensino. Nas salas de EJA
o maior desafio do professor é conseguir vencer os limites de tempo que é bem reduzido
cabendo ao profissional a necessidade de buscar novas práticas e aprimoramento, muitas
vezes por conta própria.
Mediante isso, conhecer a identidade de seus alunos e seus desafios, olhando para
esses indivíduos com um olhar bem mais aprofundado, observando sua cultura,
interesses, conhecimentos e necessidades de aprendizagem, pode oferecer ao professor
uma direção para elaboração de sua metodologia de ensino, adaptando-as de acordo
com. as diferentes realidades apresentadas.
O presente estudo visa abordar as seguintes questões: quem são os alunos da
EJA atualmente, quais seus principais desafios? Como o professor pode facilitar esse
processo de retomada dos estudos?
Estudar essa problemática é algo significativo porque o educador pode ampliar o
vínculo com o educando, compreendendo infinitas possibilidades de ampliar a
aprendizagem do aluno, levando em consideração sua história de vida, para a construção
de uma visão mais abrangente e integradora do processo educativo.
Essa pesquisa visa dissertar sobre esses aspectos, apresentando ideias e
soluções para essa problemática, utilizando como metodologia deste estudo uma
pesquisa bibliográfica, qualitativa e descritiva de autores versados no assunto, bem como
fontes de pesquisa seguras.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Discutir a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é de fundamental importância


analisar sua trajetória no Brasil, as políticas públicas voltadas para essa modalidade de
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ensino, traçando, também, uma reflexão sobre uma escola que atenda às necessidades
desse público.
Historicamente, a preocupação com a EJA no Brasil originou-se durante o período
imperial com o surgimento da primeira escola noturna em 1854, cuja função era a
alfabetização de trabalhadores.
Ademais, em 1947 a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA)
objetivou levar a educação para brasileiros iletrados, resultando no 1° Congresso
Nacional de Educação de Adultos, trazendo o slogan: “Ser Brasileiro é ser alfabetizado”.
Segundo o relatório do serviço da educação de adultos, no período de 1947 a
1950, o movimento CEAA foi planejado com seguintes objetivos centrais.

estender a ação da escola primária a vários milhões de brasileiros, de ambos


os sexos, adolescentes e adultos, que não sabiam ler.
influir na conjuntura cultural do país, de tal modo que os problemas de educação
popular passassem a ser percebidos em toda a extensão e gravidade, inclusive
nos grandes grupos de analfabetos da população ativa (BRASIL, 1950 p.74)

Durante o governo de Juscelino Kubitschek, compreendido entre 1958 a 1963


ocorreu a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA), sediando o 2°
Congresso Nacional da Educação de Jovens e Adultos, projeto em que o educador Paulo
Freire foi a principal referencia, devido ao seu método humanista, utilizando o diálogo e o
aluno como centro do processo de aprendizagem. A atitude dialógica é, antes de tudo,
uma atitude de amor, humildade, e fé nos homens, no seu poder de fazer e refazer, de
criar e de recriar. (FREIRE, 1987 p.81)
Nesse contexto, o Ministério da Educação (MEC) escolheu Paulo Freire para
dirigir o Plano Nacional de Alfabetização de Adultos (PNAA), devido a sua
metodologia de ensino ser destaque no cenário educacional brasileiro, pois Freire
alfabetizou na cidade de Angicos em Rio Grande do Norte pelo menos 300 adultos em
40 horas, utilizando o método de palavras geradoras, considerando o vocabulário dos
discentes como precursor da alfabetização.
Entretanto, em 1964 o programa foi extinto devido ao golpe militar, sendo
implantado o Movimento Brasileiro da Alfabetização (MOBRAL), porém o processo
pedagógico não condizia com a realidade do público da EJA. Nesse sentido, o ensino
distanciava das ideologias de Freire, já que o conhecimento prévio do aluno e
tampouco o processo de conscientização política eram considerados.
Acreditamos que o “método” de Paulo Freire e o MOBRAL baseiam-se em
filosofias e metodologias totalmente opostas - enquanto o primeiro procura
partir dos conhecimentos prévios dos alunos, levando em consideração suas
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experiências de vida, suas particularidades, e a partir destes pontos ocorre o


trabalho com os conteúdos de ensino, no segundo, houve uma massificação e
imposição dos conteúdos, sem atentar às diferenças regionais e
singularidades dos alunos (HORIGUTI, 2009, p. 04).

Além disso, na década de 70 foi criado o supletivo pela Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional 5.692/71. O objetivo era escolarização para as necessidades do
mercado de trabalho.
Diante contexto histórico apresentado percebe-se variadas medidas públicas não
só para elevar o nível de escolaridade da população, como também alfabetizar jovens e
adultos, contudo as políticas em sua maioria consistia em medidas compensatórias e
preparar o cidadão para atender a demanda trabalhista, descartando o prosseguimento
nos estudos, acarretando na exclusão social de pessoas que não puderam concluir a
trajetória escolar em idade própria, uma vez que eram destinados aos trabalhos de
habilidades manuais em detrimento das cognitivas.

A necessária melhoria da produção e da distribuição na indústria, agricultura e


serviços, requer aumento de competências, o desenvolvimento de novas
habilidades e a capacidade de adaptar-se, de forma produtiva e ao longo de toda a
vida, às demandas em constante evolução no tocante ao emprego. (BRASIL,
2007, p.66-67).

Diante da circunstâncias, a demanda para o mercado de trabalho alinhada a


desigualdade social no Brasil contribuiu para o processo de evasão escolar. Além disso,
outros fatores também colaboraram para o abandono da escola, como, baixa qualidade
do ensino, falta de incentivo da família, desinteresse dos alunos, distância entre a moradia
e a escola, entre outros.
A partir das razões que induzem ao abandono aos estudos, a Lei das Diretrizes e
Bases da Educação (LDB) busca contribuir para retomada de jovens e adultos no ensino
regular de modo que atenda as particularidades do público alvo priorizando a qualidade
educacional, conforme expressa o artigo 37:

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos,


que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais
apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses,
condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

Hodiernamente, o ensino de jovens e adultos, tem sido alvo de uma demanda


heterogênea da população, com um perfil bem diversificado em relação a idade,
comportamento e objetivos.Também podemos observar a construção de uma nova
identidade no perfil da EJA, que passou a atender a adolescentes, que são oriundos de
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escolas regulares, marcados pela reprovação e pela evasão. Na sua maioria, esses
estudantes trazem experiências escolares mal sucedidos e resultados de um contexto
histórico com privação de direitos básicos. Nesse cenário, podemos ver o grande desafio
para o professor que precisa se desdobrar para encontrar alternativas para atender essa
diversidade, também entendermos que para os alunos não é tarefa fácil se adaptar a essa
diversidade.
Na conjuntura de entrada do adolescente na Educação de Jovens e Adultos,
dispomos de dois aspectos significativos a considerar, depois de repetidas experiências
de insucessos, os alunos são vistos como tamanho e idade para estar na mesma série
que colegas com trajetórias diferentes, como também, o envolvimento em brigas e outros
comportamentos caracterizados como indisciplina (GUEDES, 2009).
Portanto, o jovem se sente desestimulado ao chegar à EJA, com sensação de
fracasso, o que torna o trabalho do professor difícil e a permanência deste aluno um
desafio, pois eles já carregam marcas de fracassos anteriores, e que prejudicam ainda
mais seu desenvolvimento e aprendizagem escolar.
Diante desse desafio, a resolução de 15 de junho de 2010 instituiu as Diretrizes
Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos, em seu segundo artigo, declara:

Para o melhor desenvolvimento da EJA, cabe a institucionalização de um sistema


educacional público de Educação Básica de jovens e adultos, como política
pública de Estado e não apenas de governo, assumindo a gestão democrática,
contemplando a diversidade de sujeitos aprendizes, proporcionando a conjugação
de políticas públicas setoriais e fortalecendo sua vocação como instrumento para a
educação ao longo da vida.

Reafirma-se, então, a preocupação com a pluralidade dos sujeitos aprendizes ao


regressarem às salas de aula. Nesse sentido, as esferas governamentais têm como
função implantar políticas que operacionalizem uma educação pautada na autonomia,
motivação, autoestima, além do estímulo para prosseguir nos estudos em trajetória ao
ingresso no ensino superior.
Outro aluno que faz parte desse público que frequenta as salas de aula da EJA são
os idosos, em busca da retomada dos estudos, o que para eles representa uma melhor
ocupação e participação na sociedade. Portanto, a presença de idosos nas salas de aula
da EJA é importante, porém, nesse contexto, suas necessidades devem ser atendidas
como “[...] comprometimento com as questões sociais e com a dignidade humana”
(MARQUES; PACHANE, 2010, p. 477).
Podemos observar que os alunos que frequentam as sala de EJA formam um
grupo bastante heterogêneo no que diz respeito à idade, características socioculturais,
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inserção ou não no mundo do trabalho, local de moradia, entre outras características


(GUEDES, 2009).
Diante da premissa, é preciso ressignificar a escola, no momento de chegada
desses alunos, sejam eles jovens, adultos ou idosos. É de suma importância, já que a
decisão de voltar não é fácil, e a escola não pode perder de vista a experiência de vida
que estes educandos trazem. Entendemos que o não atendimento adequado aos
interesses desses sujeitos poderá gerar um clima de frustração, de medo, de
insegurança, de dificuldade de aliar os estudos com o trabalho e a vida familiar, a
vergonha da idade. É relevante mostrar que eles são muito corajosos em retornar para
enfrentar esse desafio, estabelecendo um nível de diálogo, fortalecendo os saberes
demonstrados por eles e que são tão importantes quanto os conteúdos que estudarão.
Corroborando com esse pensamento, Arroyo (2011 p. 11) afirma que:

[...] as turmas da EJA precisam ser vistas como sujeitos sociais e não
simplesmente como “alunos” ou qualquer outra categoria generalizante. Por isso a
escola e seus profissionais que desejem estabelecer um diálogo com as novas
gerações deverão se mexer, sair do lugar! Um dos caminhos apontados é
conhecer os jovens e os adultos com os quais trabalham.

Na obra Pedagogia do Oprimido, Freire defende uma educação para todos,


visando a emancipação, mediante uma luta libertadora, especialmente quando afirma que
“[...] nos parece indiscutível é que, se pretendemos a libertação dos homens, não
podemos começar por aliená-los ou mantê-los alienados” (FREIRE, 2016, p. 93). Para
tanto, é necessário que o professor se envolva totalmente no processo, ofertando práticas
educativas que promovam a fusão total da turma, eliminando ao máximo os preconceitos
e motivando a libertação política, cultural, humana e social de todos.
A EJA compreende indivíduos com suas especificidades, com experiências e
histórias de vida que buscam um sonho, amizades, uma certificação, uma perspectiva de
futuro melhor. Esses sujeitos são os que “[...] tiveram passagens pela escola em algum
momento de sua vida e também pode ter frequentado campanhas, projetos e programas
de alfabetização, sem, contudo, ter-se apropriado da leitura e da escrita”. (SALES; PAIVA,
2014, p.04).O jovem, adulto e o idoso que por algum motivo um dia abandonou a escola,
não significa que a escola era sem importância para eles, mas foi necessário parar, e
agora eles desejam recomeçar. Mas o fato de haver uma ida e vinda constante destes
alunos que repetem, abandonam e retornam à instituição escolar, manter a EJA
funcionando nas instituições ainda e muito desafiadoras, uma vez que as prefeituras
alegam que há evasão ao longo do ano, fecham turmas, ou até mesmo fecham o turno
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completo que atendem essa modalidade de ensino, encaminhando alunos para outra
escola, mais distante de seus lares.
Segundo Amorim, Dantas e Aquino (2017, p. 257) é necessário perceber a EJA:
[...] como fator de desenvolvimento humano, destacando a problemática do
desprestígio de Educação de Jovens e adultos frente a precarização da educação
formal que surte efeito de negligência e negação do direito à educação cujas
consequências incidem no desenvolvimento intelectual, social e cultural do
indivíduo.

Ademais, a palavra desafio no dicionário nos remete a ação ou efeito de desafiar.


Ato de instigar alguém para que realize alguma coisa, normalmente, além de suas
competências ou habilidades. Esse último conceito é uma analogia aos desafios
enfrentados pelos alunos da EJA, uma vez que eles fazem o possível e o impossível para
retomar os estudos sem perder a esperança de lutar por um futuro melhor.
Outro fator importante que podemos mencionar é o fato das instituições onde são
ofertadas essa modalidade de ensino necessitar fazer adaptações em seus horários, que
em determinados locais precisam ser ainda mais reduzidos, devido estarem localizadas
em áreas de risco, limítrofes ao tráfico de drogas, com riscos de assaltos, como também
os alunos trabalham e acabam chegando mais tarde nas escolas, tornando o horário
noturno ainda menor que o habitual, em comparação com os turnos matutino e
vespertino. Nesse sentido, constatamos um desafio maior dos educandos; a chegada na
escola e o retorno para os lares e como perda, o horário de aula reduzido.
Aqui notamos que o professor exerce o papel principal, e para tanto precisa se
tornar o mediador e incentivador destes alunos, defendendo seus direitos na preservação
do exercício da verdadeira cidadania. Para Arroyo (2017, p. 94) é imprescindível ter:

[...] uma compreensão mais profunda sobre a proximidade de lutas entre


educandos e educadores por direitos humanos. Por justiça e dignidade. Por
conviver com esses educandos nas escolas públicas e na EJA, seus
educadores/as são os primeiros a avançar no entender dessas vivências
padecidas das injustiças pelos educandos com quem trabalham. Por essa
proximidade, os educadores e educadoras avançam na consciência de que eles
também padecem injustiças próximas como trabalhadores na educação,
injustiçados por seus direitos.

Antes de tudo, a metodologia de ensino deve estar a alinhada as particularidades


dos discentes, com conteúdos que articulem com a rotina de vida dos alunos, posto que
os mesmos trazem uma imensa bagagem cultural, por isso, desarticular os saberes da
vivência ocasionaria a falta de motivação dos estudantes no prosseguimento nos estudos.
Sob essa perspectiva, o educador José Carlos Libâneo, através da tendência pedagógica
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Crítico Social dos Conteúdos, estabelece em sua teoria a busca da difusão de conteúdos
concretos que sejam inseparável das realidades sociais. “A difusão de conteúdos é a
tarefa primordial. Não conteúdos abstratos, mas vivos, concretos e, portanto,
indissociáveis das realidades sociais”. (LIBÂNEO, 2002, p. 69)
Desse modo, quando um aluno se matricula na EJA, ele não está apenas
cumprindo uma obrigação, mas está em busca de uma possibilidade de mudança de vida
em todos os sentidos, porém, cada dia presente nas salas de aula, é um desafio a ser
superado, diante das diversas situações de batalha para se manter numa sociedade que
segrega o direito, portanto respeitar a autonomia e os conhecimentos dos discentes é
imprescindível. “Ensinar exige respeito aos saberes do educando” (FREIRE,2015,p.31)
Em suma, entendemos que seja necessário proporcionar uma aprendizagem
cidadã, estimulando aos educandos a buscar conhecimentos dos direitos sociais e
constitucionais para que possam exercer a cidadania de fato, oferecendo sucesso em
todas as áreas de sua vida.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Essa pesquisa procurou da ênfase a conhecer quem são os sujeitos da EJA nos
dias atuais, seu perfil, sua heterogeneidade, suas histórias, seus desafios e direito, o que
é de grande relevância para que se estabeleça um vínculo de aprendizagem entre o
professor e o aluno, ampliando os saberes de ambos, numa luta contínua pela
permanência dos educandos nos espaços escolares onde vivem desafios diários, sempre
na busca não apenas do direito à educação, mas do direito de viver com dignidade.
Olhando para este cenário, Arroyo (2017, p.93) afirma que “[...] o direito à
dignidade humana pressupõe lutar por serem reconhecidos humanos já. Sem
condicionantes”. Podemos afirmar que a EJA, ajuda a reconstruir o aluno que outrora se
perdeu, e que agora busca recuperar seu tempo perdido e alcançar seus objetivos.
Para atingir os objetivos propostos nessa importante pesquisa, realizou-se um
estudo sistemático e minucioso, através da pesquisa em sites, livros, revistas.
Procurou-se pesquisar autores e teóricos que comprovem e fundamentem quais os
principais desafios do educando da EJA em retomar seus estudos, seus direitos e o papel
do professor nesse processo. Citamos autores como: Arroyo (2011 p. 11), MARQUES;
PACHANE, 2010, p. 477, Amorim, Dantas e Aquino (2017, p. 257)

Motivos que levaram os alunos a retomarem aos estudos na EJA


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https://www.researchgate.net/figure/Figura-3-Motivos-que-levaram-os-alunos-a-retomarem-aos-estudos-na-
EJA-da-Escola-Estadual_fig2_340073565

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Educação de Jovens e Adultos tem uma diversidade enorme de pessoas e
realidades. O trabalho bibliografo através da pesquisa foi importante porque ressaltou,
que têm-se dois grupos principais que foram excluídos de seus direitos educativos: um
grupo de pessoas em geral com idade avançada, idosas, que viveram em uma época em
que o acesso à educação era mais difícil, principalmente e áreas rurais. Neste grupo
temos os analfabetos, e pessoas com baixa escolaridade.
Outro grupo muito numeroso e bastante heterogêneo abandonaram os estudos por
fatores extraescolares que tem a ver com pobreza, necessidade de ingresso precoce no
mercado de trabalho, mas também por fatores escolares em função do fracasso de terem
tido uma trajetória escolar interrompida, malsucedida com sucessivas reprovações que
acaba desestimulando e levando ao abandono escolar precoce e outro grupo que está
surgindo devido à valorização da criminalidade e distorção de valores.
A educação de jovens e adultos reflete na qualidade de vida desses, pois aumenta
sua autoestima, amplia suas habilidades e melhora a forma de se socializarem e
conseguirem vencer desafios, vencer o analfabetismo na terceira idade.
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5. CONCLUSÃO
Na pesquisa realizada ficou constatados que os sujeitos da EJA nos dias atuais
são jovens, adultos, idosos, trabalhadores, pessoas com deficiência, com faixa etária
diferenciadas, com expectativas de um futuro melhor, com metas, sonhos, história de
vida, de lutas sociais. São indivíduos que retorna para sala de aula traz consigo o desejo
de lutar por algo melhor, independente da sua idade.
È bem notável os desafios que esse educando precisa enfrentar como citado
anteriormente.
A Educação de Jovens e adultos passou a ser um direito, ao quais todos que não
tiveram oportunidade na idade própria, de concluir seus estudos básicos, pudessem ter
acesso à educação de maneira regulamentada e com metodologia adequada, além de
financiamento como nos outros níveis. A partir do que diz a LDB, foram elaboradas as
Diretrizes da EJA, que detalham como esta deve se dar (SOARES, 2011).
Foi constatado que escola, família, comunidade, sociedade, bem como o Poder
Público são co-responsáveis pela formação educacional de jovens e adultos. Acredita-se
que a evasão escolar constitui uma negação desta formação. Desta forma torna-se
necessário buscar vários meios e ferramentas possíveis, com o intuito de sanar esse
problema e levar a todos o objetivo da igualdade.

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