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EDUCAÇÃO INCLUSIVA: REFLEXÕES SOBRE O TEMA

Ms. Carla Regina Wingert de Moraes1


Ms. Ana de Oliveira Machado Barby2

RESUMO: Esta pesquisa caracteriza-se por um estudo de campo, com metodologia


exploratório-descritiva e abordagem qualitativa, enfocou aspectos nas áreas de:
educação, educação especial, educação inclusiva e deficiência mental. Para tanto o
estudo teve como objetivo investigar entre professores do Ensino Regular com
alunos incluídos e professores da Escola de Educação Especial o que pensam a
respeito da educação deste alunado. A amostra da pesquisa foi composta por 10
professores do ensino regular com alunos deficientes mentais incluídos da Escola
Estadual Sebastião Paraná e 10 professores da Escola de Educação Especial
Sinhara Vianna, da cidade de Palmas – Pr. O instrumento de coleta dedados
utilizado para a investigação consistiu de um questionário aberto, contendo dados de
identificação e seis questões referentes ao tema. Os dados foram analisados de
forma descritiva e apresentados em forma de gráficos. Com base nos dados
levantados foi possível perceber que a maioria dos professores entrevistados
considera o processo inclusivo como uma época de grandes mudanças, prevêem
sérias dificuldades, pois consideram que nem professores, nem a escola comum
está preparada para atender os deficientes mentais.

Palavras-chave: Educação; Educação Inclusiva; Deficiência Mental.

1 INTRODUÇÃO

O processo de inclusão vem sendo amplamente discutido na sociedade, em

especial na escola. Segundo Cruz (2003) surge à idéia de que devem-se garantir e

estimular a participação de todos na sociedade, reconhecendo e desenvolvendo o

potencial de cada cidadão, eliminando com isso a discriminação ao portador d

deficiência.
1 Professora PDE
2 Orientadora PDE
O interesse pelo tema deste estudo surge pela preocupação hoje imposta à

escola como uma das principais responsáveis pela efetivação do processo inclusivo,

também pelo anseio em aprofundamento no assunto e intenção de verificar como

está o processo educacional dos portadores de deficiência mental no contexto atual.

O movimento a favor da inclusão cada dia vem tornando-se mais presente,

quer seja através de leis, estudos, discussões, realizados por professores, pais e

sociedade em geral. O que torna-se necessário questionar: como está sendo visto e

direcionado o processo de educação dos alunos com deficiência mental por parte

dos professores, no ensino comum e especializado?

Apresenta-se a seguir, as hipóteses de pesquisa: a) há diferenças

significativas na concepção de educação entre professores do ensino comum e

especializado; b) a sociedade está jogando uma responsabilidade grande em cima

da escola regular quanto a inclusão; c) a escola regular apenas está conseguindo

cumprir com o papel de integração e sociabilização do deficiente mental, deixando a

desejar quanto ao aspecto educacional pelo fato de não estar preparada.

Configura-se como objetivo geral investigar entre professores do ensino

regular com alunos deficientes mentais incluídos; e professores de Escola de

Educação Especial o que pensam a respeito da educação deste alunado.

Como objetivos específicos: verificar qual é a concepção sobre educação

dos professores entrevistados, proporcionar reflexão sobre o tema, evidenciar o

envolvimento do educador no processo educacional do deficiente mental.

2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA

Sem sombra de dúvidas, nos dias atuais um dos temas mais discutidos na

escola e na sociedade é o atendimento dos portadores de necessidades especiais,

grupo que envolve os deficientes, onde estão centradas as maiores preocupações.

Importante destacar que a escola com essa nova visão deve passar a se preocupar

também em garantir acesso e permanência de meninos de rua, nômades, entre

outros. Toda população que continua excluída é “segregada” da e na escola comum,

buscando assim a educação para todos.

Segunda Almeida (in Rosa e Souza, 2002, p. 64), “o UNICEF aponta que

cerca de 41% das crianças brasileiras não conseguem concluir os oito anos do

ensino fundamental”. Importante refletir que é neste contexto difícil que passa ser

incluso o atendimento do deficiente no ensino comum.

A visão de inclusão que defendemos refere-se à efetivação de uma

educação para todos e expressa, dentro de um contexto educacional amplo, a

realização de um trabalho pedagógico consciente para alcançar metas e objetivos

educacionais que potencializem a participação e diminuam as barreiras à

aprendizagem, e que sejam vivenciadas por todos os alunos, independentemente de

origem étnica, racial, sócio-econômica e características pessoais, aceitas ou não

pela escola e sociedade.

Com esta concepção, a inclusão é “um processo que reitera princípios

democráticos de participação social plena [...] de qualquer cidadão em qualquer

arena da sociedade em que viva, à qual ele tem direito, e, sobretudo a qual ele tem

deveres” (SANTOS, 2003, p. 81).

A educação inclusiva esta em processo de avanço e amadurecimento,

necessitando constituir-se de ações que levem à mudanças no ambiente escolar,

nos aspectos arquitetônicos, organizacionais, curriculares e de atitudes.


2.2 EDUCAÇÃO ESPECIAL: EVOLUÇÃO

A preocupação do atendimento educacional do deficiente vem se

apresentando a tempos, não é um processo só de agora. Em 1948, com a

Declaração Universal dos Direitos Humanos, começam a destacar-se manifestações

sociais, as famílias passam a organizar-se e iniciam-se as primeiras discussões em

prol do atendimento do deficiente.

No ano de 1961, a lei 4.024/61, passa a prever o atendimento do deficiente.

As décadas de 80 e 90 são marcadas por importantes tratados, leis e declarações.

Imprescindível destacar a Declaração de Salamanca, 1994, que prevê linhas de

ação para o atendimento dos deficientes. Com a LDB 9394/96, surge o capítulo V

contemplando a Educação Especial. O art. 58 aponta “atendimento preferencial na

rede regular de ensino”, e também garante quando necessário outros três contextos:

classe regular com apoio, classes homogêneas e escola especial levando em

consideração a gravidade do aluno a ser atendido, as duas primeiras no ensino

regular (GUEBERT, 2007).

A partir da LDB 9394/96 surgem vários documentos que vão norteando o

atendimento especializado e o Brasil passa a viver um período de extremos conflitos

apontados por posicionamentos muitas vezes divergentes e de extremo radicalismo,

por alguns.

No Paraná, no ano de 2007, são editadas as Diretrizes Curriculares para

Educação Especial com Perspectiva Inclusiva, documento esse que aponta o

posicionamento da Secretaria Estadual de Educação como adepta da inclusão

responsável, na qual família e escola, respeitando e levando em consideração as

dificuldades apresentadas pelo aluno deficiente optam pelo melhor lugar no

momento, que vai prestar o atendimento educacional.

Em janeiro de 2008 é entregue ao ministro da educação a “Política Nacional

de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva”, documento elaborado

pelo grupo de trabalho nomeado pela portaria nº 555/2007, composta por membros
da equipe da Secretaria Especial – MEC e renomados doutores envolvidos com a

área do nosso país.

O documento citado prevê uma reestruturação na educação especial em

temas conceituais, organizacionais, ressaltando que a educação especial perpassa

todos os níveis de ensino e que ela deve acontecer em período contrário ao ensino

regular, como apoio pelos serviços prestados pela própria escola ou centro de

atendimento especializado.

2.3 FORMAÇÃO PROFISSIONAL

A formação profissional para o atendimento do deficiente, no ensino regular,

ainda enfrenta uma série de dificuldades. Não podemos ser inocentes e

responsabilizar só o professor em sala pelas dificuldades e morosidades que o

processo inclusivo passa, a questão é bem mais complexa, exige políticas

educacionais de atendimento claras e que as mesmas sejam cumpridas, são

necessárias adaptações físicas, e, sobretudo, envolvimento da comunidade escolar.

É um processo que deve estar funcionando como um todo e não de forma

fragmentada, que é o que temos percebido.

Faz-se necessário profissionais que propõem e levam adiante suas idéias

inovadoras e que insistem em lutar contra este quadro de exclusão aparentemente

irreversível, travando muitas vezes lutas diárias contra a inflexibilidade de

pensamento, contra o medo de se arriscar na incerteza, contra a crença de que o

conhecimento é estático ou mesmo contra a incapacidade de mudança.

Mas não basta o idealismo, a força de vontade, precisamos cada vez mais

através da graduação e também da formação continuada buscarmos o

aprimoramento e aprofundamento necessário para caminharmos rumo ao

atendimento educacional profissional e de qualidade em favor das pessoas

deficientes. Ação essa que deve refletir-se através da oferta aos professores e
também do interesse e comprometimento dos mesmos, uma vez que se faz urgente

tratarmos a inclusão cada vez mais de forma profissional, e não como se a situação

pudesse ir se ajeitando no decorrer, alunos, pais e professores preocupam-se e

querem uma educação de qualidade.

A educação inclusiva está em processo de avanço e amadurecimento,

necessitando constituir-se de ações que levem à mudanças no ambiente escolar,

nos aspectos organizacionais, arquitetônicos, curriculares e de atitudes.

2.4 EDUCAÇÃO ESPECIAL E ENSINO COMUM: PARCERIA POSSÍVEL

Não se trata mais de discutir de agora em diante “de quem é o aluno”, mas

sim num trabalho em conjunto caminhar rumo ao melhor atendimento possível. A

política nacional prevê que a educação especial perpassa todos os níveis de ensino,

proporcionando assim apoio ao deficiente.

Vivemos um momento em que precisamos seriedade, comprometimento e

acima de tudo profissionalismo. É urgente pararmos com discussões do tipo: o

ensino regular não está pronto, a educação especial vai acabar. É necessário

mudarmos os paradigmas, estarmos abertos e preparados para vivermos essa nova

fase, que sem sombra de dúvida na vontade de todos: alunos, educadores,

familiares e sociedade, querem mudanças que provoquem avanços.

É momento sim de seguirmos uma tendência mundial, que passa a ver com

mais atenção às diferenças. De termos consciência, maturidade e responsabilidade,

de entendermos que vivemos em um país de extensão territorial imensa, de uma

população extremamente empobrecida e assim conhecendo o processo de inclusão

de outros países, construir o nosso de forma responsável.

A Educação especial tem concentrado esforços no sentido de integrar

pessoas com deficiências no sistema de ensino. Com o movimento pela inclusão, a

educação especial, obrigatoriamente, encontra-se em fase de redefinição de seu


papel, frente às exigências deste novo paradigma.

Acreditamos que este é o momento de compreender que não é possível

mais a dicotomia “especial x regular”, mas sim buscarmos o equilíbrio e em conjunto,

contando com o saber e a experiência de cada um em favor do processo inclusivo.

O movimento pela inclusão vem para desacomodar uma situação estabelecida,

serve para a educação especial rever seus erros e acertos, e para o ensino regular

repensar a educação, respeitando a diversidade e entendendo o atendimento para

todos, pensando acima de tudo em acesso e permanência do aluno na escola.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa caracteriza-se por um estudo de campo, com metodologia

exploratório-descritiva e abordagem qualitativa.

Como área de abrangência enfoca: educação, educação especial, educação

inclusiva, diversidade e deficiente mental.

O estudo desenvolveu-se no segundo semestre do ano de 2007 em Palmas,

Paraná.

A amostra da pesquisa foi selecionada aleatoriamente, através de sorteio

dos participantes e é composta de 10 professores da Escola de Educação Especial

Sinhara Vianna – APAE e 10 professores da Escola Estadual Sebastião Paraná que

tenham alunos deficientes mentais incluídos, de ambos os gêneros.

O instrumento de coleta de dados utilizado para a investigação consistirá de

um questionário aberto (em anexo), contendo dados de identificação e seis questões

referentes ao tema. Cervo e Bervian (apud MATTOS; ROSSETO JR. e BLECHER,

2004, p. 39) afirmam que “o questionário é a forma mais utilizada para coletar dados,

possibilitando medir com exatidão o que se deseja”.

Os dados serão analisados de forma descritiva apoiando-se nas orientações

de Bardin (1977) e através de gráficos.


4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

A partir dos dados coletados estabeleceram-se os seguintes destaques e

reflexões: existe uma preocupação coletiva quanto a inclusão; é comum para os

grupos entrevistados que o ensino comum não está preparado para incluir o

deficiente mental.

A seguir passa-se a expor cada questão discutida, analisando e

interpretando a partir da análise de conteúdo proposta por Bardin (1977, p. 44): “A

análise de conteúdo procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre

as quais se debruça”.

O questionário constou dos dados de identificação dos entrevistados e de

seis questões descritivas.

Dos 20 (vinte) entrevistados 17 (dezessete) são do gênero feminino e 03

(três) do gênero masculino, na faixa etária de 25 a 54 anos. Sendo que 10 (dez)

trabalham na Escola de Educação Especial Sinhara Vianna – APAE e os outros 10

(dez) na Escola Estadual Sebastião Paraná, do município de Palmas – PR.

GRÁFICO 1 – FORMAÇÃO ACADÊMICA - NÍVEL DE ENSINO MÉDIO


Fonte: Dados da Pesquisa

Importante considerar como o questionário pedia para informar ano de

conclusão do ensino médio apresentam-se professores formados entre os anos de

1972 a 2003, concentrando-se principalmente no final da década de 80 e início de

90, concluindo assim pelas respostas e época de formação que a nível de ensino

médio não houve discussões e encaminhamentos para se trabalhar e conviver com

a diversidade.

De acordo com Salgado (in SANTOS e PAULINO, 2006, p. 61) “[...] a ação

pedagógica dos professores está relacionada à sua constituição histórica enquanto

sujeito e, por outro lado, às características dos diferentes espaços onde suas ações

têm algum significado e sentido”.

O processo de formação poderá favorecer ou não a inclusão, levando em

consideração suas experiências, formação acadêmica, nas quais tiveram contato

com situações e orientações inclusivas.


GRÁFICO 2 – FORMAÇÃO ACADÊMICA NÍVEL SUPERIOR

Fonte: Dados Pesquisa

Como especialização, dos dez professores da Escola de Educação Especial

07 têm especialização em Educação Especial, 01 em Pedagogia Gestora e 01 em

Letras e um está finalizando o terceiro grau. Dos professores entrevistados da

Escola Estadual, destacam-se as seguintes especializações: Metodologias das

Séries Iniciais, Metodologia do Ensino da História, Metodologia do Ensino de

Línguas, Letras, Escultura, Análise do Discurso e Metodologia do Treinamento

Desportivo.

Questão 01 – Qual é a sua concepção de educação:

Tendo em vista que a educação é um processo continuo que atende às

necessidades físicas, psicológicas e sociais do ser humano que desenvolve sua

potencialidade, que proporciona condições de modificar o ambiente familiar e social

em que está inserido, contribuindo no relacionamento com a vida, adaptando-se a

quaisquer situações. Os entrevistados posicionaram-se sobre educação, sobre

vários aspectos, apresentamos alguns depoimentos:

“é um processo de construção da capacidade cognitiva de um indivíduo e

deve estar comprometida com sua formação plena.”

“educação na escola é transmitir conhecimentos.”

“a educação reúne condições que permitem uma mudança de postura, de


valores”.

“é ato de aprender e ensinar mutuamente, respeitando o desenvolvimento e

os limites de cada indivíduo.”

“educar é transformar, preparar para vida.”

“é um movimento de transformação da realidade. É conduzir para um

universo formativo e informativo”.

Segundo Libâneo (1994, p. 22):

A educação é um conceito amplo que se refere ao processo de


desenvolvimento unilateral da personalidade, envolvendo a formação da
qualidade humana – física, moral, intelectual, estética, tendo em vista a
orientação da atividade humana na sua relação com o meio social, num
determinado contexto de relações sociais.

Foi possível detectar que nem sempre os professores expressam claramente

os seus conceitos de educação como pode-se destacar através dos depoimentos.

Portanto, percebe-se que os mesmos tendem a ressaltar um ou mais aspectos que

constituem a educação, apesar de demonstrar estarem construindo tal conceito,

ainda deixam em aberto esta questão.

Questão 02 – Em sua formação inicial e ou continuada, obteve informações

sobre a educação de alunos com deficiência mental?

Por considerarmos significativo para o atendimento do leitor julgou-se

importante apresentar as respostas separadas por grupo de cada escola.

GRÁFICO 3 – QUESTÃO 02 - ESCOLA ESPECIAL


Fonte: Dados Pesquisa

Gráfico 4 – QUESTÃO 02 - ESCOLA ESTADUAL

Fonte: Dados Pesquisa

Questão 03 – Como a educação especial e comum podem contribuir para a

inclusão social de alunos com deficiência mental:

“Fazer com que as estruturas educacionais existentes sejam eficientes para

atenderem a todos nos seus diferentes níveis de ensino”..

“Participação do professor e equipe técnico-pedagógica de modo processual


e contínuo no acompanhamento do aluno.”

“Apoio dos professores especializados.”

Nesta questão apareceram dois aspectos comuns e bastante evidenciados

apresentados pelos grupos entrevistados: necessidade de parceria e dificuldade de

formação profissional do professor do ensino comum.

O apoio e assessoramento ao professor nas classes com alunos incluídos é

uma condição indispensável ao sucesso do trabalho, sendo necessário que se

façam valer e cumprir as leis. É prudente que ao aluno deficiente sejam dadas as

condições de atendimento educacional, incluído quando significar para este um

benefício, sendo assim é importante frisar que nesse contexto não estamos rumo a

extinção do atendimento especializado, mas sim de uma ressignificação do mesmo.

Questão 04 – O que você pensa sobre a educação do aluno com deficiência

mental:

“Acredito que este aluno é capaz de aprender como qualquer outro, mas que

necessita é de cuidados e maneiras de ensinar diferentes, pois certamente não tem

o mesmo desenvolvimento que uma criança normal”.

“A educação dos alunos portadores de deficiência mental está obtendo

avanços significativos nos últimos anos”..

“Deve ser adaptada às suas limitações para desenvolver ao máximo SUS

capacidades”..

Existe um posicionamento de unanimidade que é possível pensar na

educação do deficiente mental, quer seja para garantir direitos legais ou por ser um

ser humano, mas que se apresenta ainda como um processo novo e que lança uma

série de desafios.

Questão 05 – Destaque algumas alternativas ou metodologias que você

considere importantes no trabalho com deficientes mentais:


“Aquela que respeita as limitações, mas que acredita que todo ser humano é

capaz de aprender, mesmo que seja em nível diferente do outro”.

“Perceber a individualidade e descobrir o caminho de cada um”.

Apontam-se algumas condições:


• turmas com número menor de alunos;-

• professores que se disponham a aceitar o desafio;

• equipes multidisciplinares na escola;

• trabalhar do concreto para o abstrato;

• diversificação de conteúdo, material e métodos;

• ter conhecimento sobre o aluno que vai ser trabalhado;

• trabalhar com materiais específicos para cada deficiência;

• adaptações e flexibilização curricular.

Destacam também que é necessários carinho, paciência e amor pelo que se

faz.

De acordo com Guebert (2007) o sucesso no processo de inclusão escolar

depende: do envolvimento da comunidade, da formação profissional e de

adaptações curriculares. Quanto ao professor, é necessário que ele queira, acredite

e busque a possibilidade de aprofundamento para prestar atendimentos aos

deficientes. E esse processo começa com derrubar as barreiras atitudinais que estão

muitas vezes arraigadas na prática pessoal.

Questão 06 – Qual sua expectativa em relação ao futuro educacional do seu

aluno deficiente mental?

A questão apresenta nas respostas a realidade do sonho, da utopia, da

expectativa e das incertezas que estamos vivendo:

“São as melhores possíveis, mesmo sabendo que alguns irão desistir,

devido a uma série de fatores, os dois piores, o preconceito e o despreparo dos


educadores no ensino regular.”

“Que ele possa vencer barreiras das limitações ligadas ao preconceito,

desconhecimento, desinformação, possa ter oportunidades iguais podendo assim se

desenvolver plenamente como ser humano”.

“Se não acabar esse faz de conta, infelizmente as coisas vão continuar da

seguinte forma: eu finjo que ensino e eles fingem que aprendem. De nada adianta

inclusão sem respeito, sem estrutura, sem material humano, físico que permitam que

o aluno com deficiência mental, realmente seja visto como um indivíduo com

potencial a ser desenvolvido”.

“Se não houver mudanças, não adianta fazer de conta que a escola educa.

Estamos simplesmente jogando o deficiente mental em salas superlotadas e sem

professores preparados para atendê-los”..

É urgente a necessidade de melhor estrutura de ensino, a escola comum

precisa atender a todos. Nosella (1992) citando Gramsci fala que ele idealizava,

queria uma escola que fosse igual para todos.

Não basta a luta pela inclusão escolar, não basta que leis sejam

promulgadas, é preciso que as pessoas estejam sensibilizadas e querendo

encontrar soluções para os impasses cotidianos.

Uma prática cultural inclusiva requer perceber a diferença e a discriminação,

tomando-as como parte de nós mesmos. Solicita também refletir sobre elas,

estabelecendo relações e definindo ações e finalidades, para que se possa romper

com o que está aí e criar uma nova cultura, a da inclusão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação Inclusiva traz uma contribuição para a educação diferente,

transformadora que passa de fato se preocupar com a educação para todos,

levando à um repensar, provocando uma série de mudanças que num primeiro plano
devem acontecer no posicionamento pessoal e profissional de cada professor

envolvido e direcionar-se a toda comunidade escolar, causando reflexos em toda a

sociedade.

Ao longo deste estudo, propusemo-nos a encaminhar reflexões sobre o

processo inclusivo e investigar entre professores da Escola Estadual Sebastião

Paraná e Escola de Educação Especial Sinhara Vianna, ambas do município de

Palmas-PR, o que pensam sobre a educação do deficiente mental.

Com base nos dados levantados foi possível perceber que a maioria dos

professores entrevistados considera o processo inclusivo como uma época de

grandes mudanças, prevêem sérias dificuldades, pois consideram que nem

professores, nem a escola comum está preparada para atender os deficientes

mentais.

Os professores da Escola de Educação Especial apontam insegurança

quando do encaminhamento dos alunos deficientes para a escola comum,, pois

consideram que a mesma tem práticas excludentes para com muitos que a

freqüentam, e é nesse contexto que o deficiente mental será inserido. Destacam

uma expectativa de mudança, acreditam que muitos deficientes podem e devem ser

atendidos, mas apresentam ressalvas e consideram que por algum tempo, alguns

casos de maior gravidade devem continuar a freqüentar a Escola de Educação

Especial.

Para os professores do ensino regular os grandes obstáculos são, a falta de

qualificação profissional e estruturação da escola comum. Consideram que o

deficiente mental tem o direito de ser atendido, mas desconhecem como fazê-lo.

Importante destacar que a inclusão parece ser benéfica para os demais

alunos, que tem oportunidade de conviver com a diferença, que podem mudar seus

conceitos, seus posicionamentos, desenvolvendo-se como cidadãos menos

preconceituosos. Mas é imprescindível pensar formas de convivência e atendimento

educacional que garantam benefícios efetivos a todos.


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