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FATORES QUE GERAM DIFICULDADES DE

INCLUSÃO DOS ALUNOS COM NECESSIDADES


EDUCACIONAIS ESPECIAS, NAS SÉRIES FINAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO, NAS ESCOLAS
DE PORTO ALEGRE- RS

Karen Costa Oliveira¹


Daniela Rohan Hirschmann²

Resumo:

Este artigo vem propor um debate sobre a importância de eliminar as barreiras que ainda
persistem no processo de inclusão de alunos com necessidades especiais em escolas regulares
de ensino, nas séries finais do ensino fundamental e ensino médio para que de fato haja uma
aprendizagem significativa e prazerosa a todos. Neste sentido a inclusão é um caminho que
leva os envolvidos a desenvolver a imaginação, a criatividade, emoções e sentimentos de
forma mais humanizada. Ela deve ser vista como oportunidade para todos. Quanto mais
experiências inclusivas tivermos em nossas salas de aula, mais estaremos contribuindo para
formar adultos solidários e que veem no outro uma fonte de troca e crescimento.
É importante conhecermos não só as necessidades especiais e particularidades de cada aluno,
como também nos sentirmos peça importante desse processo de mudança da nossa sociedade.
Não bastam leis, propostas e planejamentos se de fato não estamos sentindo a necessidade de
uma mudança de paradigma. Só a transformação interior nos faz deixar de lado as queixas
para buscar novos conhecimentos que nos auxiliam nessa caminhada de grandes desafios.
A realização da pesquisa foi quantitativa, através de questionário e observações em duas
Escolas de Ensino Fundamental e médio da rede Estadual de Porto Alegre. Foi feito
atividades de sensibilização com o grupo de professores, visando maior abertura no trabalho
com as diferenças e consequentemente uma aprendizagem mais significativa, onde se
estimulasse não só a socialização, mas as habilidades do aluno, na sua especificidade e
pluralismo cultural.

Palavras–Chave: Inclusão e Eliminação de Barreiras. Sensibilização e Mudança de


Paradigma.
______________________________________________________________________

¹Graduada em Licenciatura, Orientação Educacional - Pedagogia pela Faculdade Porto-


Alegrense de Educação, Ciências e Letras
Pós Graduanda em Psicopedagogia: Abordagem Institucional e Clínica- Pela Faculdade
Porto-Alegrense de Educação, Ciências e Letras
Especialização em Gestão Educacional- Pelo SENAC Porto Alegre-RS
e-mail: karencostadeoliveira@gmail.com
²Mestranda em Educação/Professora Orientadora
e-mail: danirh21ahoo.com.br
1 - INTRODUÇÃO:

O presente artigo tem como finalidade fazer uma reflexão sobre a importância da
eliminação de barreiras que ainda permanecem na vida escolar dos educandos com
necessidades especiais educacionais, principalmente nas séries finais do ensino fundamental e
médio, além de mostrar de que forma ocorre essa prática no cotidiano escolar e como a sua
eliminação pode ser eficaz no processo de ensino aprendizagem para todos. Tivemos no
decorrer desses últimos anos no Brasil, muitas transformações nas políticas públicas, em
relação ao atendimento educacional às pessoas com necessidades educacionais especiais, que
têm causado diversas dúvidas e resistências no meio escolar. Pensando nesse panorama atual
objetivei investigar e interpretar os fatores que geram dificuldades de inclusão desses alunos,
nas séries finais de ensino fundamental e ensino médio, nas escolas de Porto Alegre-RS.

A metodologia usada para realização da pesquisa foi qualitativa, através de


observação, questionário, entrevista e bibliográfica.

O trabalho está dividido em dois enfoques: o primeiro mostra o ambiente escolar,


externo e interno e os entraves relatados pelos educadores de áreas específicas. O segundo
enfoque trás estratégias que auxiliam o processo de inclusão e a importância de se por em
prática para obtermos ganhos sociais.

Este artigo tem como objetivos verificar os fatores que geram dificuldades de inclusão
dos alunos com necessidades especiais nas séries finais do ensino fundamental e ensino médio
bem como pensar em ações que modifiquem esse cenário atual, abrindo novas oportunidades
sociais.

Na sociedade em que nos encontramos, as principais resistências a cerca da inclusão


em geral, têm como origem o desconhecimento e o medo do desconhecido. No âmbito escolar
a relutância aparece em diversos níveis, desde professores, funcionários, alunos com ou sem
necessidades especiais e suas famílias. Derrubar os preconceitos é nossa barreira mais
importante a ser enfrentada. É nesse aspecto que se faz necessário que a escola assuma seu
papel de promover espaços de sensibilização e não mais de normas impostas de cima para
baixo, com a política do medo. Atualmente, o educador deve ser dinâmico e criativo frente a
todas as diversidades de uma sala de aula, mas acima de tudo um mestre com olhar fraterno
diante de seus alunos. Quando falamos em inclusão, estamos falando em acolher todas as
pessoas inseridas em nossa sociedade, proporcionando a elas os mesmos direitos de todos.

Segundo Mantoan (2003, p. 24):

“A inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não atinge


apenas alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades em aprender, mas
todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educacional geral”.

Ao longo dos anos a educação tem sido alvo de inúmeros questionamentos, exigindo
que a escola e os educadores reciclem suas práticas a partir do que está sendo discutido,
transformando suas ações frente às reinterpretações e do que é possível ser feito com respeito
à individualidade de cada um.

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Essas mudanças na prática podem e devem ser realizadas tanto nas adaptações físicas,
na organização do trabalho pedagógico, como também nos nossos sentimentos e valores.

2 – AMBIENTE ESCOLAR INTERNO E EXTERNO E DIFICULDADES


RELATADAS PELOS EDUCADORES

É fundamental nos reportarmos mais uma vez para o papel de cada cidadão como um
mediador de mudanças na nossa sociedade. É com modelo e práticas reais que construímos
um mundo melhor. Nesse sentido a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais
só acontecerá de fato, quando cada um de nós sentirmos que é inevitável essa mudança. Dessa
forma a escola pode ser uma ferramenta para uma nova sociedade. Sociedade menos
excludente e mais inclusiva. Na escola, desde cedo podemos vivenciar e aprender a ver o
mundo com um olhar menos preconceituoso e mais aberto às diferenças.

Segundo Rodrigues (2005, p. 46):

“A inclusão encontra-se hoje conceitualmente situada entre grupos que a consideram


como utópica, outros, uma mera retórica e outros, ainda, ‘uma manobra de diversão’
face aos reais problemas da escola”.

O que está sendo abordado nesse trabalho é a importância da sensibilização de todos


dentro da escola para que o processo de inclusão aconteça de fato. Foram utilizados
observações e questionários com educadores de séries finais do ensino fundamental e médio.
Sendo que essa experiência teve como objetivo verificar a possibilidade de conhecer os
motivos pelos quais o processo de inclusão de alunos portadores de necessidades especiais se
torna mais difícil nessas séries. Além disso, foram oferecidos momentos de leituras e
sensibilização, onde os educadores puderam experimentar sensações de estarem no lugar do
outro e despertar para o mundo do diferente, a fim de desenvolver a necessidade de uma
mudança de comportamento.

Nessa direção, foram desenvolvidas atividades em alguns encontros no ano letivo de


2014 que tiveram como base livros que falam sobre o processo de inclusão, os quais serviram
como apoio para a aquisição de novos conhecimentos. Esses encontros eram realizados aos
sábados, em reuniões pedagógicas. O trabalho foi desenvolvido com professores de duas
escolas estaduais de Porto Alegre- RS. Tais instituições atendem alunos oriundos de famílias
com um baixo poder aquisitivo, residentes próximos às escolas.

Primeiramente foi entregue aos educadores um questionário de pesquisa para levantar


dados sobre os reais motivos das atitudes de negação frente à nova proposta de ensino. Foram
elaboradas perguntas, nas quais se observa que os profissionais dessa área veem a nova oferta
de ensino como uma imposição de cima para baixo, por não se sentirem incluídos nesse plano
de educação inclusiva. Para que a inclusão aconteça de fato os educadores necessitam estar
em um ambiente onde se sintam respeitados, afim de que possam entregar-se a esse projeto de
inclusão. O contato com alunos especiais, aliado a vontade de ajudar e ver o outro como um
ser humano com direitos e a certeza de que podem fazer a diferença na vida daquele
indivíduo, levam o educador a enfrentar o medo do desconhecido e a respeitar o ritmo de
aprendizagem dos educandos, acreditando na capacidade de cada um deles, procurando
sempre conhecer suas histórias de vida, principalmente quando este vem de lugares com
pouca experiência de estimulação.

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Segundo as respostas dos questionários, a escola não deve determinar o que o
professor precisa fazer e sim oferecer momentos de sensibilização e atualização, envolvendo
trabalhos com a equipe diretiva, palestras e acessórias. Mas sempre atendendo o andamento
de cada profissional.

Segundo Beyer (2005, p. 8)

“Em vez de se construir como um movimento gradativo de decisões conjuntas


entrepais e educadores, com imediata reversão em ações de implementação e
adaptação das escolas e dos professores na direção do projeto inclusivo, ocorreu
um movimento deslocado das bases para o topo. No Brasil, esse movimento foi
articulado por estudiosos e técnicos de secretarias, diferente de outros países”.

Muitas escolas atualmente, ainda estão praticando a integração ao invés da inclusão,


recebendo crianças especiais, porém, as inserindo num grupo onde devem seguir
metodologias homogenias, com expectativas de avanço no mesmo ritmo que os demais e
sendo avaliadas da mesma maneira.

Portanto, enquanto as pessoas não tiverem a lucidez de entender o processo de


inclusão como aquele que respeita a individualidade de cada um e possibilita que todos
reflitam e participam das diretrizes políticas pedagógicas da educação inclusiva, não teremos
escolas verdadeiramente inclusivas em nosso país.

Percebe-se que a falta de formação, conhecimento, experiência, apoio humano e a


sensação de obrigatoriedade causaram o efeito oposto ao que se desejava, contribuindo para a
negação dessa oferta de ensino.

O ensino inclusivo permite que todos tenham o direito de frequentar a escola,


independente do seu nível de comprometimento. A lei garante o acesso a todos, sem exceção.
E acredita-se que para um bom desenvolvimento humano frequentar ambientes sociais, como
a escola, é fundamental. As interações sociais são importantes para o avanço das estruturas
humanas, como o pensamento e a linguagem. Educandos segregados em escolas especiais
significa a perpetuação da deficiência e a não possibilidade de crescimento.

Neste sentido, Vygotski (1997, p. 214-215) afirma que:

(...) as funções psicológicas superiores (o pensamento em conceitos, a linguagem


racional, a memória lógica, a atenção voluntária, etc.) se formam durante o período
histórico do desenvolvimento da humanidade e devem sua origem, não à evolução
biológica, (...) mas a seu desenvolvimento histórico como ser social.

O êxito da educação inclusiva só ocorrerá com ações conjuntas de pais, educadores e


governo. Esse sucesso trará ganhos em geral. Hoje as escolas não oferecem qualidade para
ninguém, por isso elas devem passar por uma reforma pedagógica que de fato dê certo. Uma
reforma que leve em conta principalmente o número de professor para atender uma
determinada quantidade de alunos. Visto que fica inviável um único educador atender com
qualidade 30 crianças ou mais, numa sala de aula tão heterogenia. Historicamente as
instituições de ensino são um espaço de trabalho para grupos homogênios. No momento que
as escolas aceitarem e respeitarem o talento de cada um, estarão contribuindo para a
construção de uma escola inclusiva, que nada mais é, uma escola de qualidade para todos.
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Finalizando, o processo de inclusão de alunos com necessidades especiais em escolas
regulares de ensino, começa no nosso processo de aceitação e abertura ao diferente para
depois uma modificação estrutural do sistema educacional. Todos os cidadãos Brasileiros
precisam ser mais abertos e menos preconceituosos. Dessa forma começamos a dar sentido e
compreendemos o que nos cerca de forma natural, não esperando que os educandos se
moldem as nossas metodologias em grupos iguais. Caso contrário este projeto continuará
como uma retórica de lei.

2.1 – ESTRATÉGIAS QUE AUXILIAM O PROCESSO DE INCLUSÃO E GANHOS


SOCIAIS.

Como convencer os educadores a aceitarem a proposta de educação inclusiva? Escola


inclusiva é escola democrática! Oriunda de uma sociedade democrática e sem preconceitos.
Mas é necessário que os educadores se sintam incluídos nesse processo de construção de um
novo paradigma de inclusão. É importante ainda, que percebam que não estão sozinhos,
podendo contar com instituições governamentais, equipe diretiva, quando necessário com
atendimento educacional especializado na escola, professor de apoio, com a família e outros
profissionais que atendam a criança. Só assim serão criteriosos na hora da escolher aquilo
que irão levar para a sala de aula. A escola é um espaço privilegiado para possibilitar a
aproximação da criança com a cultura letrada e a socialização, por isso deve familiarizá-la
com uma educação de boa qualidade e novas experiências sociais.
Devemos considerar o outro, valorizando o que ele é e o que pode ser e não pensar na
política da inclusão como responsabilidades impostas pela lei. Sempre tendo claro que essa
prática satisfaz a necessidade de todos.

Educadores que proporcionam momentos diários de um currículo que respeite a


especificidade de cada educando, com naturalidade, desenvolverão na criança habilidades que
poderão acompanhá-la pela vida inteira. Para aplicar um planejamento diário, que integre os
conteúdos pré-estabelecidos e adaptações necessárias à realidade de determinado aluno, é
preciso que o educador tenha acesso à idade cronológica em que o educando se encontra, ao
diagnóstico realizado por um profissional da área da saúde ou especialistas que acompanham
esse indivíduo, bem como as habilidades já adquiridas por ele até o momento. Durante o seu
crescimento o ser humano passa por estágios de desenvolvimentos que precisam ser
observados e respeitados no momento de um planejamento de uma aula. Neste sentido é
necessária a adequação em geral, eliminando barreiras arquitetônicas, mas também
pedagógicas, modificando espaços físicos, matérias escolares de ensino-aprendizagem,
critérios de avaliação, entre outros.

Conforme pesquisa de observação feita nas escolas, foi possível constatar que ainda
não existe critério de seleção de conteúdos a serem trabalhados com os educandos que estão
incluídos e não há profissionais que auxiliem os educadores na adaptação curricular
individualizada. Por isso muitas vezes os educadores optam por materiais de maneira
empírica, não sendo relevante a realidade daquele aluno. É importante salientar que quanto
mais lúdica, criativa e diversificada a aula, mais inclusiva a todas as realidades que ali se
encontram ela será. A educação precisa mudar não porque não é boa para os alunos de
educação inclusiva, mas porque necessita de uma reforma para todos. Todos nós temos
talentos e a contribuição que trarão benefícios para o bem comum.
Werneck (2005) coloca:

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(...) tenho uma preocupação muito grande quanto falo da escola. É uma instituição
que todos nós, inclusive eu, ajudamos a construir e que tem de mudar, não
porque não é boa para a criança com deficiência, mas porque não esta boa para
ninguém. Mas no dia que ela for boa para uma criança com deficiência, ela vai ser
boa para todo mundo.

As famílias e a escola devem se preocupar em preparar desde muito cedo o aluno para
desenvolver valores de respeito e solidariedade que são fundamentais na sociedade atual,
imersa com tantas diferenças. Sabemos que as Instituições de ensino preparam para o
exercício da cidadania e o mundo do trabalho, sendo assim caberá a elas a missão moral de
não se limitar a ensinar valores, como os citados acima, mas também praticá-los no seu
cotidiano escolar, pra só assim, vivermos numa sociedade mais justa e igualitária.

Quando o aluno convive com naturalidade num ambiente de diversidades, ele vê a


vida sobre outra perspectiva, além de conviver com o diferente, ele passa a ter outra visão de
mundo. Esses valores tão importantes falados na escola passam a ter mais sentido, pois estão
associados no contexto em que vivem. E não esquecemos que os alunos de hoje serão os
adultos e profissionais de amanhã. Alguns engenheiros que pensarão nas barreiras
arquitetônicas com mais responsabilidades, outros empresários que saberão ver as
competências além das deficiências, entre outros.

Conclui-se que uma escola inclusiva para de fato dar certo necessita de condições
primordiais de recursos humanos, pedagógicos e físicos, que ainda não dispomos em todas as
escolas públicas do nosso país. Percebe-se que as instituições de ensino Brasileiras estão
caminhando em passos lentos, ainda em situação incipiente, ao que diz respeito à educação
inclusiva.

A sociedade como um todo, na grande maioria, infelizmente subestimam as


potencialidades dos deficientes, só conseguindo enxergar os déficits do quadro clínico e não
as habilidades dessas pessoas. Busca-se em medidas clínicas sempre o padrão de normalidade,
imposto por uma sociedade excludente.

O que de fato acontece é que diante da obrigatoriedade da lei, há algumas tentativas de


acertos, ainda muito tímidas, visto que os alunos com necessidades educacionais especiais
estão sendo “ajeitados” nesse sistema educacional inundado de preconceitos e resistências.
Não podemos esquecer que as expectativas dos educadores acentuan-se em suas atitudes e
práticas docentes. Um educador mais consciente e humanizado será capaz de projetar mais
sucesso na história de vida daquele indivíduo, buscando iniciativas de mudança da realidade
ali encontrada.

Para Beyer (2005, p. 09):

Seria no mínimo ingenuidade pensar na transformação das escolas em decorrência


do estabelecimento de diretrizes políticos-pedagógicas. O caminho é ainda extenso,
muito precisa ser feito em termos de processos de conscientização na comunidade
escolar e também na sociedade.

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3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Despertar o interesse pela inclusão e a aceitação de alunos com necessidades


educacionais em escolas regulares é um processo que deve começar desde muito cedo, iniciar
em casa, passar pela escola e continuar pela vida inteira. A inclusão estimula a solidariedade,
facilita o aprendizado, a aquisição da cultura e melhora as relações sociais. Quem convive
com naturalidade com as diferenças desde pequeno, se torna um adulto muito mais
humanamente responsável e menos individualista.

A inclusão é um sistema complexo que implica num modo diferente de ver a vida e
viver com as pessoas em sociedade. Conviver com as diferenças na escola, nos possibilita a
vivência e experimentação de valores transmitidos a nós desde a primeira infância. Aqueles
que não tiveram na família a fonte de inspiração para se tornarem cidadãos mais solidários,
com olhar sobre o respeito e a compaixão aos limites de todos, terão oportunidade na escola,
de mudarem seus conceitos e atitudes.

Este artigo teve como objetivo verificar as causas que geram dificuldades de inclusão
dos alunos com necessidades educacionais especiais nas séries finais do ensino fundamental e
ensino médio, visto que é comum a resistência no trabalho com esses alunos, nas instituições
de ensino regular. Ao analisar as escolas, percebe-se que há momentos onde alguns
professores demonstram interesse e boa vontade em produzir com alunos deficientes. Porém,
é necessário maior orientação e apoio a esses profissionais, que se sentem ainda muito
solitários nessa novo desafio do século XXI.

Segundo a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do adolescente, toda criança


e adolescente tem direito de frequentar a escola. Esse direito diz respeito a todos, um todos
sem exceção! Esse ato educativo deve levar em conta que todo indivíduo é um sujeito único e
que por isso irá além de adquirir conhecimentos universais, terá a oportunidade de
compartilhar e crescer com a convivência social. A prática pedagógica da educação inclusiva
deve ter como princípios básicos momentos em que se possibilitem o crescimento da
autonomia, da solidariedade e do respeito ao tempo e ao processo de cada um. Dessa forma,
colaborando para formação de um cidadão mais justo.

A inclusão demanda nova forma de pensar, novas posturas e conhecimentos por parte
do educador e de todas as pessoas envolvidas nesse projeto. Ela proporcionando aos alunos
em geral, novidades em termos de experiências, descobertas de suas aptidões e habilidades,
sempre respeitando o tempo de cada um. Todos somos diferentes e por isso, se o ensino for
organizado de forma que contemple a todos os educandos, todos saem ganhando, e não
apenas aqueles com alguma limitação ou deficiência. Uns aprendem com mais facilidade e
rapidez, outros não. Uns necessitam avançar, com novos desafios cognitivos outros ainda
precisam recapitular conteúdos já aprendidos. Assim somos nós, com variadas capacidades e
necessidades.

Nessa situação de diversidade é um equívoco pensar em atender os alunos com os


mesmos procedimentos, de forma homogenia, como historicamente vem sendo realizado. As
salas de aulas são heterogenias e por isso devemos levar em conta os níveis de aprendizagem
de cada educando. As instituições escolares devem oferecer espaços e oportunidades de trocas
e crescimento com o outro, permitindo a interação em um ambiente rico em diversidades
culturais.
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Ao analisar o contexto do cotidiano atual das escolas ditas inclusivas na rede regular
de ensino, percebe-se precários recursos, principalmente humanos e uma grande resistência à
inovação com forte tendência a práticas tradicionais pouco inovadoras. Na verdade a escola
para todos ainda é uma esperança, pois temos que romper com a acomodação, a fragmentação
e os preconceitos impostos historicamente; além de poder contar de forma mais efetiva com a
secretaria de educação do nosso estado. O lugar onde essas crianças e adolescentes com
alguma deficiência ou limitação vivem, é na sociedade de todos nós. E pensando que esse
mundo é para todos, seria um erro acreditar que é correto excluí-las do espaço de
aprendizagem formal.

O sucesso do projeto de educação inclusiva para dar certo depende de certos


requisitos, como ações pedagógicas com expectativas de sucesso voltadas para todos;
educação apropriada às necessidades de cada um, com processos avaliativos entendidos como
uma retroalimentação e auto avalição do processo de ensino aprendizagem ; vida social do
educando integrada ao seu entorno social e geográfico, como apoio pedagógico e terapêutico
e principalmente transformar em prática aquilo que é defendido como concepção e como lei,
realizando todos os ajustes necessários.

Se atualmente as escolas Brasileiras ainda não se permitem de fato implementar


práticas inclusivas, por falta de recursos pessoais, profissionais e financeiros, penso que
também não pode haver obrigatoriedade de aceitação e participação. Os participantes desse
projeto inclusivo devem fazer parte dele de forma voluntária. A participação forçada nesse
processo, já significa fracasso. Nossas dificuldades, principalmente de falta de professores são
escancaradas. Se há carência para áreas básicas do currículo, o que dirá para dar apoio ao
professor titular de uma turma inclusiva. Até podemos pensar na colaboração de professores
de salas de recurso, mas nem todas as escolas dispõem desse espaço e quando se tem a
demanda é tão grande, por atender outras escolas da região, que não seria viável essa tentativa
de apoio.

A educação inclusiva no momento ainda é uma utopia, mas é fazível. O grande desafio
desse novo paradigma é uma educação dinâmica, de contribuições pedagógicas e não mais
clínicas. E esses novos conceitos serão desenvolvidos especialmente pelo professor. Um
professor entusiasmado, que estimula e acredita na aprendizagem de todos, porque não esta
sozinho. Sua sala de aula com um número reduzido de aluno e que não se restringe a um só
educador. Porque conta com o suporte de outros professores especializados, profissionais
terapêuticos, pais e equipe diretiva. Conta ainda, com material pedagógico e construções
arquitetônicas que auxiliam o acesso e a permanência de seu aluno na escola, facilitando o
trabalho inclusivo.

A nós educadores, cabe estarmos atento ao andamento desse projeto de educação


inclusiva, reivindicando nossos direitos e de nossos educandos, para que possa ser feito um
trabalho pedagogicamente de qualidade.

Por tudo mencionado anteriormente, precisamos ter em mente que a educação é um


dos fatores mais importantes no desenvolvimento de um país, pois é através dela que
formamos os cidadãos do novo século. Por isso fica a reflexão: Que indivíduo eu quero
formar para o amanhã?

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REFERÊNCIAS

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