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S161 Salas d
e recursos: um estudo do município de Campinas:
relatório final [recurso eletrônico] / [pesquisa
e redação Luiza Andrade Corrêa, Gustavo Taniguti
e Karolyne Ferreira; coordenador Rodrigo Hübner
Mendes]. - 1. ed. - São Paulo: Instituto Rodrigo
Mendes. 2022. Dados eletrônicos (pdf).
Inclui bibliografia.
ISBN 978-65-5854-517-0
CDD 371.3344678
doi.org/10.36599/rodm-ed1.004
FICHA TÉCNICA
REALIZAÇÃO Núcleo de Pesquisas e Tecnologias
INSTITUTO RODRIGO MENDES Gustavo Taniguti
Karolyne Ferreira
Superintendência
Rodrigo Hübner Mendes Relacionamento com parceiros
Lucas Mauricio Silva
Administrativo financeiro
Valquiria Morais Tecnologia da informação
Ana Paula Gimenes Renato Soares
Moises Gama
Advocacy
Luiza Andrade Corrêa
PUBLICAÇÃO
SUMÁRIO
05 INTRODUÇÃO
06 METODOLOGIA
26 CAPÍTULO 3 – RECOMENDAÇÕES
27 POLÍTICAS PÚBLICAS
30 GESTÃO ESCOLAR
31 ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS
33 FAMÍLIAS E PARCERIAS
35 CONCLUSÕES
37 REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Este estudo investiga as salas participativa, capazes de melhorar a
de recursos das escolas da rede qualidade da educação pública.
estadual de Campinas (SP). Para
isso, caracteriza esses espaços e No Capítulo 1, o leitor verá conceitos,
apresenta avaliações de educadores e premissas e marcos históricos centrais
estudantes a seu respeito. Seu objetivo para situar, no contexto brasileiro, a
central é fornecer informações para educação inclusiva, o Atendimento
apoiar o aprimoramento das práticas Educacional Especializado, as Salas de
pedagógicas e das políticas públicas de Recursos Multifuncionais e o Desenho
Educação Especial do estado de São Universal para a Aprendizagem.
Paulo. Ele propõe reflexões que podem No relatório completo, também
basear ações futuras interessadas em são apresentados resultados de
fortalecer a inclusão escolar. análise bibliométrica da produção
acadêmica sobre salas de recursos.
Neste relatório, inicialmente são Os dados indicam que trabalhos de
apresentados os marcos regulatórios pós-graduação sobre elas ganharam
da Educação Especial e das salas impulso no Brasil na década de 2010,
de recursos no Brasil, bem como as acompanhando o desenvolvimento das
contribuições trazidas pela perspectiva políticas públicas e da expansão do
da educação inclusiva. ensino superior no país.
METODOLOGIA
Este estudo foi conduzido no ano de de 1994 a 2020. Os dados foram
2021 e investigou escolas de Educação obtidos no repositório de teses e
Básica do município de Campinas. Seu dissertações da Coordenação de
objetivo é fornecer elementos para Aperfeiçoamento de Pessoal de
aprimorar as práticas pedagógicas Nível Superior (CAPES). Foram
e as políticas públicas estaduais feitas consultas parametrizadas
de Educação Especial. Embora sua com termos relacionadas a salas de
contribuição se concentre na cidade recursos. Os resultados permitiram
de Campinas, é possível retirar dele elaborar um panorama geral de
conclusões para qualquer rede escolar. estudos dedicados à investigação
No relatório completo, é possível desse tema.
encontrar um maior detalhamento sobre
a metodologia utilizada na pesquisa. A 3. C
aracterização da rede estadual
coleta e a análise de dados obedeceram de ensino de Campinas a partir de
às seguintes etapas: dados do Censo Escolar 2020. Foram
utilizadas as bases de matrículas e de
1. R
evisão bibliográfica sobre o tema escolas. As análises incluíram variáveis
das salas de recursos e retrospecto como matrículas, acessibilidade,
dos principais marcos normativos necessidade especial, etapa.
relacionados à Educação Especial
no Brasil. 4. A
plicação de um survey que buscou
traduzir a opinião de gestores,
2. A
nálise bibliométrica da produção professores e estudantes público-
acadêmica brasileira sobre salas de alvo da Educação Especial de 175
recursos, considerando o período escolas estaduais de Campinas.
A Educação Especial
no Brasil e a
perspectiva inclusiva
SALAS DE RECURSOS: UM ESTUDO SOBRE O MUNICÍPIO DE CAMPINAS
1
estrutural, capaz de superar o modelo
de integração que distinguia classe Toda pessoa tem direito de
acesso à educação
comum de classe especial ou de
instituições especializadas.
3
mas sim melhores práticas
educacionais que contemplem todos, O processo de aprendizagem
sem deixar ninguém para trás. de cada pessoa é singular
5
escolar, com condições para que
os estudantes atinjam o sucesso e A educação inclusiva diz
desenvolvam autonomia. Ainda que respeito a todos
não se refira apenas a estudantes com
deficiência, nacionalmente ela ganhou
projeção ao assegurar condições de
acesso à educação em escolas comuns
para o público-alvo da modalidade de
Educação Especial. No paradigma da
Educação Especial em
escolas de Educação
Básica da rede estadual
de Campinas
SALAS DE RECURSOS: UM ESTUDO SOBRE O MUNICÍPIO DE CAMPINAS
212 50
230 4% 1% Atualmente, 56 das 175 escolas
5% 1.766 ofertam Atendimento Educacional
409 38% Especializado na própria unidade
9% escolar. Na rede estadual de Campinas,
o AEE é orientado principalmente pelo
Plano Estadual de Educação (PEE) e
pela Política de Educação Especial do
641
14% Estado de São Paulo.
Muitas das escolas que ofertam o Ministério da Educação. Elas não são,
AEE estão situadas em áreas de portanto, multifuncionais.
vulnerabilidade social. A distribuição
espacial dessa oferta traz desafios de De acordo com o Censo Escolar, 36
mobilidade urbana, visto que há uma das 175 escolas da rede estadual
concentração de salas de recursos na de Campinas dispõem de sala de
região central do município (Figura 1). recursos, o que representa um
percentual de 20,6%. Para o total das
Nessas escolas, conforme definição escolas estaduais de São Paulo, o
da Política de Educação Especial percentual é de 27,3%. Desse modo,
do Estado de São Paulo, as salas de quando consideramos a quantidade de
recursos operam e são equipadas salas de recursos, a realidade escolar
por tipo de deficiência, utilizando- de Campinas encontra-se abaixo da
se a classificação de deficiências do média estadual.
Jaguariúna
Campinas
Valinhos
ESCOLAS ESTADUAIS:
Diretoria Campinas Leste
Diretoria Campinas Oeste
ESCOLAS ESTADUAIS COM AEE
Vulnerabilidade Social
Além disso, uma vez que em Campinas divididos entre professores de sala
as salas de recursos são providas por comum (50,4%), gestores (23,5%) e
tipo de deficiência, isso pode gerar professores de AEE (21,6%). O relatório
um desafio ainda maior em termos completo contém o perfil demográfico
de deslocamento para os estudantes, desses respondentes. No presente
com impactos à sua frequência nesses relatório são descritos apenas os
espaços. Portanto, apesar de as escolas resultados mais relevantes.
da rede estadual localizadas em
Campinas apresentarem parâmetros O conhecimento sobre os marcos
médios em relação ao estado como um legais dos direitos das pessoas com
todo, fica claro que ainda há desafios deficiência é condição básica para o
a avançar em relação à melhoria da exercício da cidadania e a construção
acessibilidade, número de matrículas nas de ambientes inclusivos. Quando
escolas comuns e atendimento no AEE. indagados se conheciam ou já leram
a Lei nº 13.146 (Lei Brasileira de
Inclusão), grande parte dos gestores
e professores de AEE respondeu
QUESTIONÁRIO positivamente (93,7% e 94,8%,
APLICADO A respectivamente). Destaca-se um
PROFESSORES E percentual relativamente alto (34,1%)
de professores de sala comum que
GESTORES desconhecem essa Lei (Gráfico 2).
34,1 65,9
Isso foi feito por meio de entrevistas com
Professor de AEE
professoras de AEE, professores de sala
comum e gestores escolares. Também
foi produzido um survey, composto por 5,2 94,8
dois questionários. Um deles foi aplicado
Gestor
a professores e outro foi aplicado a
estudantes público-alvo da Educação
Especial e suas famílias. Seus resultados 6,3 93,7
são apresentados nos tópicos a seguir.
Não Sim
Foram obtidas respostas de 268
professores e gestores de 78 escolas,
A opinião de que estudantes público- Uma hipótese que pode ser formulada
alvo da Educação Especial aprendem é que boa parte desse pensamento
melhor em escolas especiais sugere a advém da falta de informação e de
existência de barreiras atitudinais. formação continuada sobre o tema,
somadas à carência de estruturas
preparadas para receber os estudantes.
Hoje no Brasil essa sequer
deveria ser uma opção, já A formação continuada de educadores
que a Constituição Federal e gestores escolares tem alto potencial
e a CDPD determinam que para alterar essa crença e fornecer o
o sistema educacional ferramental necessário para práticas
seja inclusivo. inclusivas nas salas de aula.
22,2 60 14,8 3
Em relação à acessibilidade física das
Quadra de esportes
escolas, os banheiros foram os espaços Bebedouros
apontados como completamente
inacessíveis para 5,2% dos estudantes. 14,8 67,4 14,8 3
A quadra de esportes e o caminho
até a escola foram os ambientes
Bastante acessível
mais assinalados entre aqueles que
possuem pouca acessibilidade (14,8%) Acessível
(Gráfico 5). No geral, porém, o gráfico Pouco acessível
aponta para uma porcentagem grande Inacessível
de estudantes satisfeitos com a
disponibilidade de acessibilidade.
3
Entrevistada realizada em julho
de 2021.
Recomendações
SALAS DE RECURSOS: UM ESTUDO SOBRE O MUNICÍPIO DE CAMPINAS
CONCLUSÕES
Este estudo tem por objetivo oferecer O Capítulo 2 aborda os dados gerais
um panorama atual da oferta de sobre matrículas, acessibilidade,
salas de recursos em escolas da rede oferta de AEE e salas de recursos das
estadual de Campinas e apresenta 175 escolas estaduais de Campinas
avaliações a respeito do funcionamento consideradas neste estudo. Traz,
desses espaços, segundo educadores também, a avaliação de gestores,
e estudantes público-alvo da Educação professores da sala de comum,
Especial. Também identifica desafios professores do AEE e estudantes sobre
atuais experimentados por escolas e, as condições da inclusão em suas
em sintonia com as políticas públicas escolas, além de observações realizadas
vigentes, propõe recomendações para a por meio de visitas às escolas.
criação de uma cultura inclusiva.
O questionário respondido pelos
O presente relatório sintetiza os profissionais da rede de ensino
resultados de uma pesquisa exploratória revelou um alto percentual de
que analisou dados de natureza desconhecimento da Lei Brasileira
quantitativa e qualitativa. Também está de Inclusão por uma parcela
disponível um relatório completo. Foram significativa dos professores da
utilizados dados do banco de teses sala de aula comum (34,1%). Outro
e dissertações da CAPES, do Censo dado a ser destacado é que 61,4%
Escolar (INEP) e de um survey aplicado desses professores acreditam que os
a professores e gestores. Também foram estudantes público-alvo da Educação
examinados documentos disponíveis Especial aprendem melhor em
em sites e repositórios, entrevistas escolas especiais. Entre os gestores,
baseadas em roteiro semiestruturado o percentual é de 49,2% e, entre
e visitas em escolas. O universo professores de AEE, o percentual
de entrevistados foi composto por é de 32,8%. Isso indica a existência
gestores, coordenadores de núcleo de barreiras atitudinais, que podem
pedagógico, professores de sala advir da falta de informação sobre o
comum e professores do Atendimento tema, somada à carência de estruturas
Educacional Especializado (AEE). adequadas para receber todos os
estudantes.
O relatório é composto por três
capítulos. O Capítulo 1 traz conceitos,
premissas e marcos históricos Diante desse contexto, a principal
que oferecem ao leitor uma visão recomendação é investir em formação
geral da modalidade da Educação continuada de professores e gestores
Especial, da perspectiva da educação escolares com o objetivo de subsidiá-
inclusiva, do Atendimento Educacional los com repertórios e ferramentas
Especializado, das Salas de Recursos que viabilizem a implementação da
Multifuncionais e do Desenho Universal concepção inclusiva de ensino.
para a Aprendizagem.
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Realização