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INCLUSÃO

ESCOLAR:
APONTAMENTOS
PRELIMINARES

SILVANA MARIA PEREIRA DA SILVA


PSICOPEDAGOGA
ABPP RN 84041
MÓDULO
IV

O QUE FAZER
PARA QUE A
INCLUSÃO
ACONTEÇA?

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POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM:

EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Indiscutivelmente há possibilidades de aprendizagem, mas à luz
de uma educação inclusiva, cujo foco deve ser o aluno e sua aprendizagem.
neste sentido:

A Inclusão rompe com os paradigmas que sustentam o conservadorismo das


escolas, contestando os sistemas educacionais em seus fundamentos. Ela
questiona a fixação de modelos ideais, a normalização de modelos específicos de
alunos e a seleção dos eleitos para frequentar as escolas, produzindo, com isso,
identidades e diferenças, inserção e/ou exclusão. (ROPOLI, 2010, p. 7)

A educação inclusiva é questionadora da artificialidade das

identidades normais, entendendo as diferenças como resultado da


multiplicidade e não da diversidade. nesta perspectiva silva apud Ropoli
(2010, p.8) compreende que “[...] o múltiplo é sempre um processo, uma
operação, uma ação. A diversidade é estática, é um estado, é estéril. A
multiplicidade é ativa, é fluxo, é produtiva [...]”.

ESCOLA PARA AS DIFERENÇAS

Ropoli et al (2010) assinalam que nas escolas inclusivas todos se


igualam pelas diferenças. Os encaminhamentos dos alunos às classes e
escolas especiais, os currículos adaptados, o ensino diferenciado, a
terminalidade específica dos níveis de ensino e outras soluções precisam
ser indagados em suas razões de adoção, interrogados em seus benefícios,
discutidos em seus fins, e eliminados por completo e com urgência.

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As escolas comuns e as escolas especiais são “escolas dos diferentes”, que
não se alinham aos propósitos de uma escola para todos. As autoras
concordam para o sentido das escolas das diferenças, por voltar-se para a
perspectiva inclusiva.
As autoras em estudo defendem, ainda, que a escola comum se
torna inclusiva quando reconhece as diferenças dos alunos diante do
processo educativo e busca a participação e o progresso de todos, adotando
novas práticas pedagógicas. O Projeto Político Pedagógico (PPP) é um
instrumento coletivo que reflete a singularidade do grupo que o produziu,
suas escolhas e especificidades, pois cada escola é única e precisa ser, como
os seus alunos, reconhecida e valorizada nas suas diferenças.
De acordo com as autoras a escola atual tem de mudar, e a tarefa
de mudar exige trabalho em muitas frentes, no entanto, as mudanças
necessárias não acontecem por acaso e nem por decreto, mas fazem parte
da vontade política do coletivo da escola. Afirmam ainda que o PPP não
pode ser um documento paralelo que não atravessa o cotidiano escolar e
fica restrito à categoria de um arquivo ou de uma alegoria, de caráter
residual, pois a aprendizagem precisa ser o eixo das escolas.

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A escola para as diferenças precisa entrar em cena urgentemente,

pois com o formato de escola que adotamos na atualidade acaba por

contribuir com o processo de exclusão escolar e ao mesmo tempo de

desumanização. O processo de exclusão escolar, faz parte de um círculo

vicioso que vai se perpetuando. Para esclarecer essa questão trazemos

dados do diagnóstico da realidade da criança e do adolescente do

município de Baraúna/RN (Silva, 2012), que fala acerca do ciclo de

violações que se reproduz, onde a criança com direito violado torna-se

violador do próprio direito e do direito do outro, seja pelo abandono à

escola, seja através de atos infracionais. Que possamos cuidar de nossas

crianças e adolescentes desde a educação infantil, para que posteriormente

não se tornem, também, violadores de direitos de si mesmos e dos outros.

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AVALIAÇÃO EM ÂMBITO ESCOLAR

Ropoli et al (2010, p.15), faz uma crítica à avaliação em

âmbito escolar, afirmando que:

A avaliação de caráter classificatório, por meio de notas, provas e


outros instrumentos similares, mantém a repetência e a exclusão nas
escolas. A avaliação contínua e qualitativa da aprendizagem, com a
participação do aluno, tendo, inclusive, a intenção de avaliar o ensino
oferecido e torná-lo cada vez mais adequado à aprendizagem de todos
os alunos conduz a outros resultados.

A avaliação em âmbito escolar, diante os dados educacionais da

realidade brasileira precisa ser urgentemente transformada. As autoras

defendem uma avaliação de fato contínua e qualitativa do processo de

aprendizagem, onde possa contar com a participação do aluno, cuja

finalidade deve ser avaliar todo o processo de ensino e aprendizagem, no

intuito de nos conduzir a resultados diferentes do que temos obtido

atualmente.

É necessário refletirmos acerca da finalidade da avaliação, e qual

seria? Obter o sucesso, mais precisamente o sucesso escolar, e nos

possibilita analisar a qualidade dos resultados. Para que posteriormente

seja possível novas tomadas de decisões em relação aos resultados obtidos.

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PROPOSTAS CURRICULARES E DIÁLOGO

A autora também trata da importância da contextualização das propostas

curriculares, que
[...] contextualizadas, reconhecem e valorizam os alunos em suas peculiaridades de etnia,
de gênero, de cultura. Elas partem das vidas e experiências dos alunos e vão sendo
tramadas em redes de conhecimento, que superam a tão decantada sistematização do saber
(p.16)

Neste sentido, o diálogo é um recurso valioso para o processo de ensino e


aprendizagem, seja entre aluno-aluno, aluno-professor, professor-professor,
professor-equipe escolar, o diálogo viabiliza melhores condições de aprendizagem.
Freire (2011) nos diz que “[...] o diálogo é uma exigência existencial [...] não pode
reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro [...] é um ato de
criação” (p. 109)

Neste processo de diálogo Mendes (2009) assevera que não há


superiores, mas apenas parceiros que buscam e organizam saberes, que
possibilitam a resolução de problemas, como também o crescimento profissional de
todos.

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TRANSFORMAÇÕES NECESSÁRIAS PARA UM ENSINO DE

QUALIDADE

Paro (2007, 113-114) aponta três transformações necessárias para um


ensino de qualidade:

A primeira delas diz respeito à organização do ensino em ciclos de aprendizado [...] É


preciso instituir uma organização de ensino que não se sustente no prêmio e no castigo,
expedientes sabidamente antipedagógicos, mas que propicie condições para a motivação
intrínseca ao aprender, única compatível com a constituição de sujeitos autônomos. A
segunda transformação [...] O conteúdo do currículo deve ser visto de uma perspectiva mais
ampla que contemple a formação integral do cidadão. [...] Questões relacionadas com a
ética, a política, a arte, o cuidado pessoal, o uso do corpo e outros temas relacionados ao
viver bem das pessoas e dos grupos não podem constituir apenas ‘temas transversais’ a
compor versões escritas de currículos, mas transformar-se em temas centrais na pratica
diária das escolas. A terceira transformação de ordem didática a ser considerada diz respeito
à própria forma de ensinar em nossas escolas fundamentais. É preciso transformar o modo
de ensinar tradicional que ainda domina o cotidiano nas salas de aula. Trata-se de uma
verdadeira ‘reforma intelectual e moral’ [...] na maneira de os educadores escolares
perceberem sua específica função pedagógica. [...] Nesse sentido, tal política educacional
tem de tomar um conjunto de medidas efetivas que não somente melhore as condições de
trabalho (melhores salários, menor quantidade de aluno por docente, disponibilidade de
material escolar etc.), mas também proporcione aos professores formação em serviço, com
assessoria permanente e tempo reservado em suas atividades escolares para discutir seus
problemas, tomar contato com uma visão revolucionária e democrática de educação e
aprender metodologias mais consentâneas com tal visão.

Há possibilidades para que a inclusão se efetive sim. No entanto, é


necessário a mudança de paradigmas. Ressalte-se que uma escola inclusiva não é
apenas para as pessoas com deficiência, mas para todos, onde a aprendizagem, de
fato aconteça não apenas para alguns.

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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Não bastam leis, é necessário uma conquista diária, para tanto é


imprescindível acreditar nessa possibilidade. Avançamos muito, é verdade,
mas infelizmente, ainda falta muito para que o que está disposto na lei seja
implementado, de fato. Os dados educacionais brasileiros revelam a
necessidade de mais e melhores investimentos, o que indica que enquanto
escola não estamos preparados nem para os alunos típicos, quem dirá para
os alunos atípicos. É possível, também, compreender que não há um único
responsável tanto pelo fracasso, quanto pelo sucesso escolar. Compreende-
se que o processo de aprendizagem deve ser colaborativo, realizado em
equipe e contextualizado na realidade do aluno, produzindo deste modo
resultados satisfatórios, não nos esquecendo de dialogar sempre.
É imprescindível a formação continuada, pois a formação de um
profissional não finaliza com um curso seja de graduação, pós graduação,
pois uma atuação profissional, especialmente do professor requer estudos
e reflexões contínuos, diante as barreiras presentes no cotidiano escolar,
que por sua vez não são poucas.
Compreende-se também a importância de reorganização escolar
para que se torne efetivamente inclusiva. Lembrando que uma escola
inclusiva não se refere apenas à estudantes com deficiência, mas é
necessário considerar as diferenças, melhorando deste modo o processo de
ensino e aprendizagem. Para tanto deve haver mudanças de concepções e
práticas. A educação inclusiva passa pelo Atendimento Educacional
Especializado – AEE, mas não é o único instrumento de inclusão. assunto
que abordaremos, posteriormente, em nosso próximo curso.

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REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 50. ed. rio de janeiro: paz e terra, 2011.

MENDES, Enicéia Gonçalves et al. Das Margens Ao Centro: Perspectivas Para as


Políticas e Práticas Educacionais no Contexto da Educação Especial Inclusiva.
Araraquara, SP: Junqueira e Marin, 2009.

PARO, Vitor Henrique. Gestão escolar, democracia e qualidade do ensino. São


Paulo: Ática, 2007.

ROPOLI, Edilene Aparecida; Mantoan, Maria Tereza Eglér; Santos, Mª Terezinha Da


Consolação Teixeira Dos; Machado Rosângela. A Educação Especial na
Perspectiva da Inclusão Escolar: A Escola Comum Inclusiva. Brasília: Ministério
Da Educação Secretaria Da Educação Especial. Fortaleza: Universidade Federal Do
Ceará, 2010. V.01 (Coleção: A Educação Especial Na Perspectiva Da Educação
Inclusiva).

SILVA, Silvana Maria Pereira da. Diagnóstico da Realidade da Criança e do


Adolescente do Município de Baraúna/RN (Relatório De Pesquisa). Baraúna, Rio
Grande do Norte, 2012.

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