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VALDILENE SOARES MOREIRA DA ROCHA

TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO – TEA:


INCLUSÃO E DESENVOLVIMENTO

MOSSORÓ
2023
VALDILENE SOARES MOREIRA DA ROCHA

TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO – TEA:


INCLUSÃO E DESENVOLVIMENTO

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito
parcial à obtenção do título
especialista em Psicopedagogia
Institucional e Clínica.

MOSSORÓ
2023
TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO – TEA:
INCLUSÃO E DESENVOLVIMENTO

Valdilene Soares Moreira da Rocha1

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO – A inclusão de crianças com quaisquer necessidades educacionais


especiais ainda é um dos mais importantes desafios vivenciados, principalmente, por
educadores, sendo assim, é de suma importância ter como base a interação entre
crianças com ou sem Transtorno do Espectro do Autismo – TEA, com o intuito também
da atualização de práticas pedagógicas que contribuam com o processo de ensino e
aprendizagem, pois todas as crianças podem evoluir, a diferença é somente o tempo de
aprendizado e os estímulos recebidos por parte de cada uma delas. Trabalhar com a
diversidade para favorecer a inclusão e uma tarefa desafiadora, todavia, há um
enriquecimento pessoal que permite a cada situação nova um novo olhar, uma nova
aprendizagem e uma nova forma de conduta. Logo esse Relatório objetiva promover da
inclusão e do desenvolvimento dessas crianças que necessitam de uma atenção
especial e de certo cuidado para que seja possível realizar ações planejadas para a
promoção de relacionamentos afetivos entre família, alunos, professor e escola, as
adaptações curriculares e principalmente, a igualdade por todos. A metodologia
utilizada partiu de uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa a luz de autores
que abordem a temática em questão. Com base nos resultados obtidos, foi possível
perceber que as estratégias de intervenção com a promoção e a participação de todos
foram fundamentais para o bom andamento do desenvolvimento das crianças autistas.

Palavra-chaves: Autismo; Inclusão Social; Respeito; Educação e interação.

1
valdilenesoares744@gmail.com
1 INTRODUÇÃO

Muito se discute sobre as condições necessárias para aprendizagem dos


alunos com necessidades educacionais especiais na escolar regular. A escola
historicamente se caracterizou pela visão da educação enquanto privilégio de um grupo
elitista, uma exclusão que foi legitimada nas políticas e práticas educacionais que
reproduz a ordem social. Portanto, a busca mundial pela inclusão é um conjunto de
uma ação: política, cultural, social e pedagógica.
Ela surgiu tendo em vista, a defesa do direito de todos os alunos estarem
juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. Assim, a
educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção
de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis.
Portanto, a partir da visão dos direitos humanos, fundamentado no
reconhecimento das diferenças e na participação dos sujeitos, decorre uma
identificação dos mecanismos e processos de hierarquização que operam na regulação
e produção das desigualdades estruturantes do modelo tradicional de educação
escolar.
Nesse contexto, ao reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos sistemas
de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar
alternativas para superá-las, a educação inclusiva assume espaço central no debate
acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola na superação da lógica da
exclusão.
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 9.394/96, no
artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo,
métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades;
Também define, dentre as normas para a organização da educação básica, a
“possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado”
(art. 24, inciso V) e “[...] oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as
características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante
cursos e exames” (art. 37).
Tendo em vista o processo de inclusão e as leis que regem essa temática,
iremos focar em nosso trabalho na criança comTranstorno do Espectro do Autismo –
TEA. Esta condição, o autismo, caracteriza-se, segundo a Organização Mundial de
Saúde (OMS, 1993) como:

“Uma síndrome presente desde o nascimento ou que começa quase


sempre durante os trinta primeiros meses. Caracterizando-se por respostas
anormais a estímulos auditivo ou visuais, e por problemas graves quanto à
compreensão da linguagem falada. A fala custa aparecer e, quando isto
acontece, nota-se ecolalia, uso inadequado dos pronomes, estrutura
gramatical, uma incapacidade na utilização social, tanto da linguagem verbal
quanto corpórea”.

O sucesso da escola inclusiva depende principalmente da formação dos


professores e da proposta política pedagógica da escola. Pois sem o conhecimento
básico dos professores sobre as diversidades dos novos alunos e sem uma proposta
bem definida não há como a inclusão ser implantada e as crianças permanecerem na
escola.
Sabendo que o processo de inclusão tem se dado muitos mais em nível do
cumprimento da legislação, onde as escolares estão recebendo alunos sem que
tenham se organizado para tal fim e tem sido nestas escolas que professores acabam
se restringindo ao problema trazido, e se colocam contra o processo.
Neste momento em que se discute a escola inclusiva, e urgente que se
organize a escola em prol deste projeto, a fim de buscar a sustentação política e
pedagógicas das ações que serão desenvolvidas na consecução de implantar a escola
inclusiva.
A educação inclusiva e peça-chave para que o Brasil de conta de sua
responsabilidade junto aos organismos internacionais quando as metas do congresso
mundial da Tailândia, com para as contidas na declaração de Salamanca. Muitas se há
de fazer para que tenhamos êxito na concretização deste novo paradigma educacional.
E reconhecer que Somos diferentes, mais que devemos ter as mesmas
oportunidades de acesso a uma vida melhor. E permitir que casa individue possa
entender como se dão as relações de poder na sociedade e possam exercer seu papel
de cidadãos, enquanto contribuinte, na construção de uma nação solidaria.
A educação inclusiva e uma pratica inovadora que esta enfatizando a qualidade
de ensino para todos os alunos, exigindo que a escola se modernize e que os
professores aperfeiçoem suas práticas pedagógicas. E um novo paradigma que desafia
o cotidiano escolar brasileiro. São barreiras a serem superadas pro todos: Profissionais
de educação, comunidade, pais e alunos. Precisamos aprender mais sobre a
diversidade humana, a fim de compreender os modos diferenciados de casa ser
humana ser, sentir, agir e pensar.
A Educação Inclusiva é a garantia de acesso ao espaço da escola por todos,
levando à sociedade a cria relações de acolhimento à diversidade humana e aceitação
das diferenças individuais, representando um esforço coletivo na equiparação de
oportunidades de desenvolvimento, conforme registra a Declaração de Salamanca:

O princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças


deveriam aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou
diferenças que possam ter. As escolas inclusivas devem reconhecer e
responder às diversas necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos
como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qual
idade a todos através de currículo apropriado, modificações organizacionais,
estratégias de ensino, usam de recursos e parcerias com a comunidade.
(BRASIL, 1994a, p 61).

Diante desse compromisso, é preciso que o trabalho de Educação Inclusiva vá


sendo implantado gradualmente, para que tanto a Educação Especial, quanto o ensino
regular, possam ir se adequando a esta nova realidade, construindo políticas, práticas
institucionais e pedagógicas que garantam a qualidade ensino não só para alunos
portadores de necessidades educacionais especiais, como para todo o aluno de ensino
regular.
A escola necessita, portanto, adequar-se ao aluno, providenciando meios e
recursos que garantam efetivamente a sua aprendizagem, entendo ser função dela
essa garantia. É preciso criar uma escola que acredita nas possibilidades de seus
alunos.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE INCLUSÃO

Tendo como ferramenta a história da humanidade, podemos entender diversos


conceitos que penduram até os dias atuais. Um destes conceitos gira em torno da
história da relação entre pessoas com deficiência e a sociedade, muitas vezes
determinada pela visão sociocultural da época.
Saad (2003, p. 105) aponta que grande parte dos problemas presentes nessa
relação é proveniente do preconceito, ou seja, “conceito formado antecipadamente,
porém sem fundamentação razoável” e a partir do preconceito dificulta-se a interação
social.
A educação Inclusiva é uma ação educacional humanística, democrática,
amorosa, mas não piedosa, que percebe em sua singularidade e que t em como
objetivo o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos.
O conceito de educação inclusiva surgiu a partir de 1994, com a Declaração de
Salamanca. A ideia é que as crianças com necessidades educativas especiais sejam
incluídas em escolas de ensino regular. O objetivo da inclusão demonstra uma
evolução da cultura Ocidental, defendendo que nenhuma uma criança deve ser
separada das outras por apresentar alguma espécie de deficiência.
Do ponto de vista pedagógico esta integração assume a vantagem de existir
interação entre crianças procurando um desenvolvimento conjunto. No entanto, por
vezes, surge uma imensa dificuldade por parte das escolas em conseguir interagir as
crianças com necessidades especiais devido à necessidade de criar condições
adequadas.
Com a Declaração de Salamanca surgiu o termo necessidades educativa
especiais, que veio substituir o termo criança especial, termo anteriormente utilizado
para designar uma criança com deficiência. Porém, este novo termo não se refere
apenas às pessoas com deficiência, este engloba todas e quaisquer necessidades
consideradas diferentes e que necessitem de algum tipo de abordagem especifica por
parte de instituições. Num mundo cheio de incertezas, o homem está sempre à procura
da sua identidade e, por vezes, chega mesmo a procurar integrar-se na sociedade que
rodeia, pois fica um pouco perdido.
A educação especial é uma educação organizada para atender especifica e
exclusivamente alunos com determinadas necessidades especiais. Algumas escolas
dedicam-se apenas a um tipo de necessidade, enquanto que outras se dedicam a
vários.
De um lado, professores do ensino regular não possuem preparo
mínimo para trabalhar com crianças que apresentam deficiências
evidentes e, por outra grande parte dos professores do ensino
especial tem muito pouco a contribuir com o trabalho pedagógico
desenvolvido no ensino regular, na medida em que tem calcado e
contribuído sua competência nas dificuldades especificas do
alunado que atendem (SILVIA E RETONDO, 2008, p.28)

Segundo o MEC, a educação inclusiva constitui um paradigma educacional


fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença
como valores indissociáveis.
De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva MEC
em 2008, a prioridade para a inserção de crianças e adolescentes com deficiências ora
escola e matricula em classes comuns do ensino regular e oferecer atendimento
educacional especializado em salas de recursos em horários complementarem.
Além de ser um direito garantido pela constituição, a inclusão e um conceito
definido por educadores do mundo todo. A convivência de crianças com algum tipo de
deficiência com outros de sua idade sem deficiência e importante tanto para o
desenvolvimento social e educacional de ambos os grupos para diminuir o preconceito.
Os defensores da educação inclusiva também apontam que a chegada dessas
crianças estimula a escola a tratar melhor a diversidade, respeitando o ritmo de
aprendizagem de cada aluno, independentemente do grupo social a que ele pertence.
“Conviver com a diferença podemos mostrar ao mundo como e possível conviver com
diferença, sem anulá-la nem absorve-la, sem impor valores.
A inclusão visa melhorar a qualidade de ensino das escolas, atingindo inclusive,
os alunos que fracassaram em suas salas de aula, para tanto como afirma Sassaki
(1997), na medida em que, inspirada no paradigma da inclusão, a escola aceita todas
as pessoas, uma dúvida que possa ser lançada pelos que são contrários à educação
inclusiva: “uma criança com deficiência mental não conseguirá acompanhar os seus
colegas. Não vai aprender tanto quanto eles. Ela ficará para trás. Vai ficar
marginalizada”.
Este tipo de afirmação é justificado por pessoas, ou profissionais que acreditam
que o ser humano apenas desenvolve uma inteligência, a inteligência lógica. Na escola
inclusiva, tal situação não pode acontecer, pois nesta escola professores e alunos
utilizam a teoria das inteligências múltiplas, propostas por Gardner na década de 1980,
onde todos os alunos estudam fazendo o uso de suas melhores inteligências tanto na
sala de aula como fora dela.

2.2 O QUE É TRANSTORNO DO ASPECTRO DO AUTISTA – TEA: ASPECTOS


GERAIS

A expressão autismo deriva de uma palavra grega autós, que quer dizer voltar
para si mesmo, refere-se a um indivíduo que não estabelece relações com outras
pessoas, é retraído, evitando qualquer contato com o mundo exterior. Sua primeira
interpretação se deu na de cada de 1943por Léo Kanner, psiquiatra austríaco, que
dedicou-se ao estudo do tal fenômeno humano.
De acordo com Kanner, o autismo decorre de pais que são demasiadamente
intelectuais, bem como em indivíduos emocionalmente frios e sem nenhum interesse
nas relações humanas. Assim, Kanner denominou o autismo como um distúrbio infantil
qualificado por uma incapacidade individual de relacionar-se de maneira afetiva com
outros indivíduos (KAJIHARA 2014, apud, SANTOS, 2015 p. 25).
De igual modo a Organização Mundial da Saúde (1998), acredita quea criança
autista desenvolverá problemas muito sérios de relacionamento social, entre outras
coisas como a inabilidade de permanecer num contato visual, ligação social e jogos em
grupo. Sua condutas e dará de maneira comumente ritualístico, podendo englobar
resistência à mudança, ligações a objetos estranhos e um padrão de brincar tipificado.
Vale salientar que essas caraterísticas que a Organização Mundial da Saúde
(1998) considera, por muitas vezes levam a preconceitos, estigmas, estereótipos em
relação à criança, debilitando-a no seu desenvolvimento afetivo, intelectual e interativo.
A condição, comumente conhecida como autismo, possui, na verdade, 4 tipos
distintos de apresentação, são eles: 1. Transtorno Autista; 2. Transtorno Desintegrativo
da Infância; 3. Transtorno Generalizado do Desenvolvimento Não-Especificado; 4.
Síndrome de Asperger. Por fim, com a junção dos quatro tipos de apresentação do
problema em questão, classificou-se como Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
O autismo frente ao mundo em que vivemos, podem não ser considerados como ditos
normais, todavia, vale salientar que os autistas apresentam um desenvolvimento físico
normal, embora tenham uma enorme dificuldade em firmar relações sociais ou afetivas
e apresentam-se com interesse apenas de viver em um mundo isolado. Nesta
perspectiva, é pertinente compreender as questões que ocorrem aos autistas; sendo
assim, é importante salientar que não se sabe ao certo o que causa o autismo.
Diagnosticar uma criança com autismo não é tarefa tão fácil, e vale ressaltar
que também é um grande desafio. Existem muitos estudos e pesquisas sobre a
temática, contudo, as causas do autismo ainda são desconhecidas, o que se pode
afirmar é que a genética e alguns fatores externos podem desempenhar forte influencia
nas causas desse transtorno, ou seja, o principio afetivo não rejeita a presença de
fatores externos e nem a relação inicial mãe-criança.
Nos dias atuais, existe um número considerável de indivíduos com TEA,
entretanto, a grande maioria da população ainda desconhece o assunto, ou tem pouco
conhecimento, o que em algumas situações, podem causar preconceito e uma forma
equivocada de tratamento. Logo, é de suma importância conhecer as bases teóricas e
conceituais no que diz respeito ao autismo propiciando assim,compreensão de
condutas dos autistas e, consequentemente, o entendimento das dificuldades que
apresentam, em especial no que concerne ao contato social e movimentos repetitivos.

2.3 EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A Educação Inclusiva, ao contrário da Tradicional, onde todos os alunos é que


precisavam se adaptar a ela chega constituindo um novo modelo onde a escola é que
precisa se adaptar às necessidades e especificidades do aluno, buscando além de sua
continuação na escola, o seu desenvolvimento. Ou seja, na educação inclusiva, deve
estar preparada tanto a estrutura como os profissionais para enfrentar o desafio de
oferecer uma educação com qualidade para todos os seus alunos.
Avaliando que, cada aluno numa escola, mostrar-se características próprias e
um conjunto de valores e informações que os tornam únicos e especiais, estabelecendo
uma diversidade de interesses e ritmos de aprendizagem, o desafio da escola hoje é
trabalhar com essa diversidade na expectativa de construir um novo conceito do
processo ensino e aprendizagem.
Deste modo, para que a inclusão de alunos com necessidades especiais no
sistema regular de ensino aconteça, permitindo o resgate de sua cidadania e alargando
suas perspectivas existenciais, não basta a publicação de leis que decidam a criação
de cursos de capacitação básica de professores, nem a obrigatoriedade de matrícula
nas escolas da rede pública. Estas são, sem dúvida, medidas essenciais, porém não
suficientes.
Nas várias reformas educacionais ocorridas no país nos últimos anos, com
destaque para a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, o tema
das necessidades educativas especiais esteve presente, com a referência comum da
responsabilidade do poder público e da matrícula preferencial na rede regular de
ensino, com os apoios especializados necessários.
Com a Resolução n.2/2001 que instituiu as Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica, houve um avanço na perspectiva da
universalização e atenção à diversidade, na educação brasileira, com a seguinte.
Recomendação, em seu Art. 2º, Os sistemas de ensino devem matricular todos
os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com
necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para a
educação de qualidade para todos.

3 A PSICOPEDAGOGIA E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Os primeiros Centros Psicopedagógicos foram fundados na Europa, em 1946,


por J. Boutonier e George Mauco, com direção médica pedagógica. Estes Centros
uniam conhecimentos da área de Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, onde tentavam
readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar
e atender crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes
(MERY apud BOSSA, 2000, p. 39).

Na literatura francesa – que, como vimos, influencia as ideias sobre


psicopedagogia na Argentina (a qual, por sua vez, influencia a práxis
brasileira) – encontra-se, entre outros, Os trabalhos de Janine Mery, a
psicopedagoga francesa que apresenta algumas Considerações sobre o
termo psicopedagogia e sobre origem dessas ideias na Europa, e os
trabalhos de George Mauco, fundador do primeiro centro médico
Psicopedagógico na França,..., onde se percebeu as primeiras tentativas
de articulação Entre Medicina, Psicologia, Psicanalise e Pedagogia, na
solução dos problemas de comportamento e de aprendizagem (BOSSA,
2000, p. 37)
Esperava-se através desta união Psicologia-Psicanalise-Pedagogia, conhecer a
criança e seu meio, para que fosse possível compreender o caso para determinar uma
ação reeducadora. Diferenciar os que não aprendiam, apesar de serem inteligentes,
daqueles que apresentavam alguma deficiência mental, física ou sensorial era uma das
preocupações da época.
Observamos que a psicopedagogia teve uma trajetória significativa tendo
inicialmente um caráter médico-pedagógico dos quais faziam parte da equipe do Centro
Psicopedagógico: médicos, psicólogos, psicanalistas e pedagogos.
Esta corrente europeia influenciou significativamente a Argentina. Conforme a
psicopedagoga Alicia Fernández (apud BOSSA, 2000, p 41), a Psicopedagogia surgiu
na Argentina há mais de 30 anos e foi em Buenos Aires, sua capital, a primeira cidade a
oferecer o curso de Psicopedagogia.
A ciência psicopedagogia, apresenta um campo de atuação extremamente
vasto, restando ao profissional à tarefa imensa e complexa de assumir a sua
colaboração com discernimento e compromisso, construídos sob uma base solida de
formações teórico-práticas.
Segundo Bossa, o caminho da Psicopedagogia no Brasil é árduo. O
Psicopedagogo, profissional pós-graduado, precisa ser um multe especialista em
aprendizagem humana, congregando conhecimentos de diversas áreas técnicas e
cientificas, com o objetivo de intervir nesse processo, tanto com intuito de potencializá-
lo, quanto de tratar dificuldades, utilizando instrumentos próprios para este fim.
A referida autora cita que a Psicopedagogia surgiu da necessidade de
atendimento às crianças com dificuldades de aprendizagem. Sendo que este problema
apresentado por algumas crianças tornavam-nas inaptas dentro do sistema
convencional de educação e eram vistos como uma situação desencadeadora de
outros problemas, inclusive o fracasso e a evasão escolar. O que se comprova, perante
os comportamentos negativos com relação ao desenvolvimento das atividades
pedagógicas.
Uma vez estabelecido que a Psicopedagogia surgisse devido a necessidade de
atender crianças com dificuldades de aprendizagem, consegue-se firmar o seu principal
enfoque, ou seja, algo que se traduz em ser o seu objeto de estudo.
No início do processo histórico, já podemos observar a Psicopedagogia com
uma ciência norteadora dos procedimentos necessários ao trabalho com crianças que
apresentam algum tipo de barreira intransponível à sua aprendizagem, objetivando o
reconhecimento das capacidades individuais e procurando eliminar os obstáculos que a
impediam de aprender.
Está difícil tarefa, fez com que a Psicopedagogia, se unisse às demais áreas
que lidam com o ser humano, procurando maiores fundamentações teórico- práticas,
hoje tidas veementemente como subsídios indispensáveis a todo e qualquer tratamento
Psicopedagógico.
Assim, dada a vasticidade de seu quadro teórico, a psicopedagogia apresenta
fundamentação em estudos da área da Medicina, Pedagogia, Sociologia, Filosofia,
Odontologia, Fonoaudiologia, Neurologia, Psicologia e Linguística, entre outras.
Podendo ainda contar com a contribuição da epistemologia genética.
Esta fundamentação, buscada através de outras áreas do conhecimento,
embasam e fortificam o corpo Psicopedagógico, que já possui a sua especificidade,
tanto quanta área de estudo, como especificidade de seu objeto de estudo, constituindo
uma nova área com corpo teórico próprio.
De acordo com Bossa, o objeto de estudo da Psicopedagogia é o próprio
processo de aprendizagem e seu desenvolvimento normal e patológico em contexto.
Sejam estes relacionados com a realidade interna ou com a realidade externa, sem
deixar de lado os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que mesmo de forma implícita,
estão inseridas em tal processo do trabalho com as questões de aprendizagem.

O reconhecimento do caráter interdisciplinar significa admitir a sua


especificidade, uma vez que a Psicopedagogia, na busca de
conhecimentos de outros campos, cria seu próprio objeto, condição
essencial da interdisciplinaridade. NÁDIA BOSSA, (1994, pp.5-6)

Nessas décadas de 70 e 80, a prática Psicopedagógico é bastante variada e


depende das articulações feitas pelos psicopedagogos com as demais ciências. O
resultado é o psicopedagogo com uma visão predominantemente psicológica ou
psicanalítica, o psicopedagogo com uma visão predominantemente fonoaudiológica, o
psicopedagogo com uma visão predominantemente psicomotricista, o psicopedagogo
especialista em Matemática, dentre outros.
O terceiro momento, reconhecido por estar ainda ligado ao segundo, é marcado
pela preocupação do ser em processo de construção do conhecimento. A
psicopedagogia no Brasil, há trinta anos, vem desenvolvendo um quadro teórico
próprio. “É uma nova área de conhecimento, que traz em si as origens e contradições
de uma atuação interdisciplinar, necessitando de muita reflexão teórica e pesquisa”
(BOSSA, op. cit, p.13).
A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, o que adveio de uma
demanda – o problema de aprendizagem, colocando no território pouco explorado,
situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia – e evolui devido à
existência de recursos, para atender esta demanda, constituindo-se assim, numa
pratica. Como se preocupa com o problema de aprendizagem, deve ocupar-se
inicialmente do processo de aprendizagem.
Portando vemos que psicopedagogia estuda as características da
aprendizagem humana: como se aprende, como esta aprendizagem varia
evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as
alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las. Este objeto
de estudo, que é um sujeito a ser estudado por outro sujeito adquire características
especificas a depender do trabalho clinico ou preventivo (Idem, p. 21).
Assim, de acordo com as pesquisas efetuadas e com estes autores que
descrevem o processo histórico, o fundamento da psicopedagogia é o estudo da
aprendizagem humana, que se constitui a cada momento e em qualquer tempo.
Intrínseca ao ser humano, que se dá em todos os sentidos, em qualquer local e
continuamente.
Na ciência Psicopedagogia, podemos observar que a interdisciplinaridade e a
transdisciplinariedade, aliadas à reflexão da prática profissional, são elos que
contribuem para que a Psicopedagogia se mantenha nessa caminhada junto às
ciências. Sendo assim, o profissional Psicopedagogo, é preparado para atuar com
magnitude, em diversos campos de ação.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das discussões decorrentes desse trabalho, destacaremos alguns pontos,


não como conclusões estanques, mas como pontos de partida para novas reflexões e
posteriores questionamentos. Conforme o que foi discutido dentro de uma visão
histórica, muito já se caminhou quanto ao conceito de deficiência. Pelo menos é o que
resgatam os autores que acompanham esse processo.
Esta visão nos leva a avaliar o que nos parece seguro, evitando as verdades
estabelecidas, além de nossos preconceitos, para que busquemos investir em modo
ousado de organizar nossa escola, conforme nos recomendou Paulo Freire (1995):
Concepção de escola, enquanto espaço social que precisa ser criada, e é nela que
precisam estar presentes a ousadia, a criatividade, os sonhos e as diferentes falas, ou
seja, é preciso criar uma escola que acredita nas possibilidades de seus alunos.
Percebendo, ainda a necessidade de apoio pedagógico especifica para os
alunos que apresentam deficiências, a Declaração de Salamanca também da conta
desta questão “Dentro das escolas inclusivas, as crianças com necessidades
educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra para o que possam
precisar, para que lhes assegure uma educação efetiva” (BRASIL, 1994a, p. 61).
Apesar de garantida na lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em
1996, a filosofia da inclusão não se consolidou na forma desejada. É preciso, antes de
qualquer ponto, que os professores se adaptem a este novo processo, entendendo que
há necessidade de um novo olhar para os portadores. E importante que sejam revistos
os conceitos e preconceitos existentes, para que seja possível a elaboração de um
trabalho educativo de qualidade.
Aposta na educação inclusiva é acreditar que seremos capazes de contribuir
para uma transformação social, que trote efetivamente a todos dentro dos princípios da
igualdade. Da solidariedade e da convivência respeitosa entre os indivíduos. Acreditar
no processo de inclusão é viabilizar a possibilidade de se buscar alternativas de
permanência do aluno na escola, respeitando seu ritmo de aprendizagem e elevando
sua autoestima. E banir em definitivo o habito de excluir, que tanto tem empobrecida a
sociedade Brasileira.

REFERÊNCIAS
AINSCOW, M.; PORTER, G.; WANG, M. Caminhos para as escolas
Inclusivas. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 1997.

BOSSA, Nádia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da pratica, 2ª


ed. Ver. Amp. Porto Alegre: Artes Medicas Sul,2000.

BRASIL. Declaração de Salamanca e Linha de Ação Sobre Necessidades


Educacionais Especiais. Brasília: Corde, 1994.

BRASIL. MEC. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de


Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994b.

KAJIHARA, O. Setenta anos de pesquisa sobre o autismo. In: Transtornos


Globais do Desenvolvimento e Inclusão: Aspectos históricos, clínicos e educacionais.
Maringá SC: 2014.

SAAD, Suad Nader. Preparando o caminho da Inclusão: dissolvendo mitos e


preconceitos em relação à pessoa com Síndrome de Down. São Paulo: Vetor, 2003.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão – Construindo uma sociedade para todos.


Rio de Janeiro: WVA, 1997.

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