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RESUMO
A formação de profissionais da educação requer um ensino de qualidade, que lhe confira competência
na realização de atividades que inclua os alunos surdos. Nessa perspectiva, o estudo consiste em
relatar a experiência da intérprete de Língua de Sinais na E.M. Célia Marina Dal Pozzo Borges, da
cidade de Itanhaém – SP, no período de março de 2013 a janeiro de 2014, com intuito de construir
estratégia destacando a surdez sobre suas implicações educacionais, como dificuldades na interação
professor/intérprete e a incerteza em relação ao papel dos diferentes atores neste cenário, como os
depoimentos, apontam as dificuldades com adaptações curriculares, e estratégias de aula,implicando
na exclusão do aluno surdo das atividades curriculares, verificando os aspectos a qual estão
negligenciados, eum pressuposto tácito de que a inclusão escolar é um bem em si, para qual se
pretendecom este estudo contribuir para a reflexão acerca de práticas inclusivas envolvendo surdos,
procurando compreender seus efeitos, limites e possibilidades e buscando uma atitude educacional
responsável e consequente frente a este grupo.
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¹Este artigo trata de buscar as falhas que ocorrem no processo escolar dos alunos surdos e deficientes auditivos,
além de fazer uma reflexão para que a inclusão realmente ocorra.
² Graduada em Letras – Português/Inglês pela UNIFEOB em 2001, Especialização em AEE em Deficiência
Auditiva(2013) Uníntese. E-mail: para.aretuzamidory@gmail.com
³Graduada em Fonoaudiologia Pela UCDB em 2005, Especialização em Educação Especial com Ênfase em
Inclusão escolar (2007) Instituto Libera Limes. Especialização em Língua de Sinais (2012) Faculdade Eficaz.
Mestranda em Educação (UCDB). Orientadora do Trabalho de Conclusão do Curso de pós-graduação lato sensu
da UCDB/Portal Educação. E-mail: nayara.cesario@hotmail.com
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1. INTRODUÇÃO
2. A INCLUSÃO ESCOLAR
A inclusão é um tema que vem sendo abordado dentro de diferentes panoramas, e têm-
se produzido muitas discussões e polêmicas entre os profissionais e as famílias, que buscam
para seus filhos, uma melhor qualidade do ensino e perspectiva de vida; apresenta-se como
uma proposta adequada para a comunidade escolar, e para sociedade, que se mostra disposta
ao contato com as diferenças, (...) Falar da diferença provoca, ao mesmo tempo, uma
problematização sobre a oposição entre a normalidade e a anormalidade e, inclusive, a
problematização da própria normalidade, do quotidiano. (SKILIAR, 1998, p.36), porém no
contexto do surdo, não significa apenas inseri-lo numa sala de aula de ensino regular, mas é
primordial respeitar e compreender suas necessidades, para melhor atende-las, pois não tem
sido satisfatório no atual cenário, pois necessitam de uma série de condições que na maioria
dos casos, não têm sido propiciada pela escola e pelo estado.
A estrutura da própria escola ainda é uma grande barreira, pois mesmo existindo
políticas públicas educacionais, e leis que amparam, as escolas regulares em sua maioria
necessitam de recursos físicos, financeiros e humanos, como professores especializados e
intérpretes, para a inclusão do aluno na sala de aula. Estrutura esta que “(...) assegurasse a
todos a formação cultural e científica para a vida pessoal, profissional e cidadã, possibilitando
uma relação autônoma, crítica e construtiva” (LIBÂNEO, 1998, p.2) .
Destaca-se ainda a dificuldade em oportunizar uma cultura de colaboração entre
alunos surdos e ouvintes, onde professores e especialistas que participam da atividade escolar
constituam uma equipe com tempo reservado para organização de atividades, trabalhando
conjuntamente numa ação efetiva de proposição de atividades que atendam às necessidades de
todos os alunos.
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3. TRANSFORMANDO AS DIFERENÇAS
O Trabalho oficialmente com surdos ocorreu desde 2010, porém a história com a
Língua de Sinais Libras começou em 2003. A professora Lecionava Língua Portuguesa em
uma escola em Poços de Caldas Minas Gerais no ensino fundamental. As duas das salas que
lecionava, havia um garoto no 6º ano e um no 7º ano ambos surdos profundos, então se
procurou estratégias para ensiná-los, e até mesmo leva-los finais de semana para sua casa para
aprender a Libras, iniciou com tradução em entrevistas de emprego para os surdos, e os
acompanhava nas igrejas que os mesmos frequentavam e, foi se aproximando da comunidade
surda da cidade. Quando voltou para Santos em 2009, procurou qualificação na cidade para
aprender os sinais do local, após o fim do curso, passou no concurso para intérprete na
prefeitura de Itanhaém na qual trabalha até nos dias atuais.
O objetivo do presente estudo foi descrever e discutir as práticas de inclusão que
configuram as atuais discussões no campo da educação especial. Este artigo procurou, a partir
da vivência dos alunos, deficientes auditivos e surdos, profissionais envolvidos e familiares o
processo de inclusão em escolas regulares, problematizando assim a inclusão/ exclusão, como
uma situação contraditória que dialeticamente se supera e sugere que esse processo possa ser
entendido como fazendo parte de uma matriz de poder. Ao se falar em Educação Inclusiva é
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Ele ressalta em seus estudos que os métodos psicológicos utilizados para avaliar um
PNEE eram quantitativos, focando no defeito ao invés da capacidade do aluno. A partir deste
pensamento, ele abriu estudos para a redefinição do papel da escola.
Observou-se uma instituição de ensino fundamental II que desenvolve com esse duplo
propósito, propiciando, na medida do possível e dos recursos concretamente disponíveis, uma
condição bilíngue às crianças atendidas. As observações foram feitas em uma classe, regular
de EJA, termo 1, cujas faixas etárias dos alunos são heterogêneas, entre os quais quatro eram
surdos.No período da pesquisa, os adolescentes, podiam interagir com educadores ouvintes,
professores, a intérprete e outros profissionais.
Nos processos inclusivos, as pessoas sempre defendem que os alunos devem ter
contatos com a diferença, mas nem sempre consideram que os alunos incluídos também
precisam ter contato com seus iguais para a constituição de sua identidade, Dorziat (2004,
p.62) considera que:
“a inclusão social de pessoas surdas, objetivando sua participação
social efetiva, depende de uma organização das escolas considerando três
critérios: a interação por meio da língua de sinais, a valorização de
conteúdos escolares e a relação conteúdo - cultura surda.”
6- Pesquisas e estudos de uma Pedagogia Visual que possa ser inserida no contexto
linguístico dos alunos Surdos, proporcionando uma metodologia adequada para o ensino das
diversas disciplinas do currículo escolar e assim possibilitando a construção de projetos
educacionais (Parâmetros Curriculares Nacionais: estratégias para a educação de alunos com
necessidade educacionais especiais de 1999. P.15)
Lima (2006, p.7), apresenta em uma das suas edições “Educação Infantil, saberes e
praticas da inclusão”, que diz a proposta bilíngue traz uma grande contribuição para o
desenvolvimento da criança surda ao reconhecer a LIBRAS como uma língua, com todo o
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5. PREPOSIÇÃO DIAGNÓSTICA
Se verificarmos como relatos deste estudo, uma aluna do sexo feminino surda com
idade de 17 anos, um aluno do sexo masculino surdo com idade de 20 anos, uma deficiente
auditiva e mental leve do sexo feminino com a idade de 22 anos e um deficiente auditivo
masculino com a idade de 18 anos, notará que as mães dos alunos e os professores envolvidos
no processo de inclusão, como agentes que promovem a inserção de alunos de inclusão no
meio escolar, estão intimamente interligados com seu desempenho escolar.
Olhar para a série em que o aluno surdo encontra-se inserido, é olhar para o processo
de desenvolvimento de sua linguagem e, consequentemente, para sua constituição como
sujeita, por estarem a adquirir conceitos fundamentais, valores sociais e éticos. Para tanto é
imprescindível que esse sujeito, cuja língua é visuo-gestual, tenha o conhecimento da língua
de sinais, caso contrário, sua imersão deve ser imediata na comunidade surda para que a
constituição como sujeita da linguagem ocorra do mesmo modo que a do ouvinte, ou seja,
num ambiente em que há uma mesma língua circulante.
Quando um aluno entra na escola, e a direção mostra- se interessada pelo processo de
inclusão com a presença de um intérprete alfabetizador de Libras, é de se afirmar que é um
trabalho conjunto para o sucesso da inclusão: coordenação, professores, família, profissionais
do AEE e alunos. Nota-se então uma escola julgadora de inclusão bastante satisfatória, porém
não observadora das necessidades de discussões e mudanças no tangente a adaptação dos
recursos necessários para cada aluno. Segundo Brasil (1998, p. 31)
Assim, com um território linguístico não comum, entre surdo e ouvinte, a relação
dialógica, que é uma relação de produção de significação, sofrerá comprometimentos.
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Toda palavra se refere a outro sujeito que dará sentido ao enunciado, entretanto, não
há liberdade ilimitada para a compreensão – processo que cada palavra será confrontada e
formulada num conjunto de outras palavras – do ato da fala, pois “sempre haverá no diálogo
um “terceiro sujeito” que antecipa a compreensão do enunciado”.
Atribuir à linguagem função meramente comunicativa também ocorre nas salas de
aula, em consonância com a formação tradicional de professores.
As concepções da abordagem tradicional creditam somente à educação escolar a
capacidade de proporcionar desenvolvimento ao aluno, negligenciando a experiência vivida
fora da escola, segundo Mizukami (1986). Em sala de aula, o professor instrui e ensina os
alunos, que devem somente ouvir, não questionar e entregar o produto de acordo com o
modelo fornecido pelo professor.
Desse modo, no exercício de sua função, o professor transmite conteúdos predefinidos
e solicita aos alunos a repetição automática dos dados que a escola forneceu.
A metodologia utilizada em sala é aula expositiva, que é estendida por meio de
exercícios de repetição, aplicação e recapitulação, mesmo sem a compreensão do aluno, o que
será do conhecimento do professor caso verifique a execução da atividade. Havendo
dificuldade de aprendizagem, o problema está no aluno.
Percebe-se, então, que a maneira como o professor, ministra as aulas ainda com base
na formação tradicional: assim, diante das propostas atuais de educação inclusiva, o que há é
uma divergência de ações nas salas de aula, uma vez que se torna difícil para o professor,
diante da sua formação tradicional, atender às singularidades dos alunos com necessidades
educativas especiais por implicar uma pedagogia da diversidade.
implicados em experiências de inclusão dos alunos surdos, ainda que aparentemente „bem
sucedidas‟, indicando a necessidade de pensar um modelo novo de escola e não de fazer caber
o aluno surdo no modelo que já está ai. Este modelo foi concebido para a semelhança e não
para o acolhimento das diferenças, e se a escola pretende acolher a diferença, ela precisa ser
repensada de modo a respeitar de fato as singularidades. Carvalho (2004,p.42),diz:
Lidar com as diferenças é uma situação difícil, mas não impossível, e as mudanças
dependem do compromisso que as equipes educacionais adotam. Compromisso vinculado a
uma reflexão sobre o outro, que possui e é constituído por uma língua diferenciada, que deve
ser de conhecimento destes ouvintes para que assim possam, numa relação dialógica, vir a
conhecer as necessidades destes sujeitos, sendo capazes, por sua vez, de colocar-se a par do
que necessitam, e não esperar que o ouvinte suponha quais são suas necessidades e imponha
regras do grupo majoritário.
Assim, o aluno surdo, seu companheiro parecem ver apenas as sombras e os ecos e
não compreendem que as relações escolares poderiam se dar de modo diferente. Laplane
(2004, p.52) argumenta que:
“acreditar que valores e princípios da educação inclusiva sejam
capazes de promover instituições mais justas do que aquelas que
fundamentaram a segregação, compreender que o discurso em defesa da
inclusão se constituiu historicamente como oposto ao da segregação e, nesse
contexto, reconhecer a importância de destacar as vantagens da educação
inclusiva não pode ocultar os problemas todos que esta mesma “educação
inclusiva” impõe”.
(...) Os sujeitos surdos pela defasagem auditiva enfrentam dificuldades para entrar em
contato com a língua do grupo social no qual estão inseridos (Góes). Desse modo, no caso de
crianças surdas, o atraso de linguagem pode trazer consequências emocionais, sociais e
cognitivas, mesmo que realizem aprendizado tardio de uma língua, Botelho (1999) e Lacerda
(2007), entre outros autores, alertam para o fato de que o aluno surdo, frequentemente, não
compartilha uma língua com seus colegas e professores, estando em desigualdade linguística
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em sala de aula, sem garantia de acesso aos conhecimentos trabalhados, aspectos estes, em
geral, não problematizados ou contemplados pelas práticas inclusivas. A situação do aluno
surdo incluído faz pensar no texto de Platão (Refere-se ao “Mito da Caverna”)
Contudo, a desinformação dos professores e o desconhecimento sobre a surdez e sobre
modos adequados de atendimento ao aluno surdo são frequentes. A prática de muitos anos de
acompanhamento de crianças surdas permite afirmar que, infelizmente, a maior parte das
inclusões escolares de surdos é pouco responsável, a escola se mostra inicialmente aberta a
receber a criança (também porque há a força da lei que diz que a escola deve estar aberta à
inclusão), discute as características da criança no momento de sua entrada e, depois, o insere
na rotina, sem qualquer cuidado especial. Segundo Skliar (1999, p.34)
Em geral, com o passar do tempo, a criança parece bem, já que não apresenta muitos
problemas de comportamento, e todos parecem achar que está tudo certo. Ao final de anos de
escolarização, a criança recebe o certificado escolar sem que tenha sido minimamente
preparada para alcançar os conhecimentos que ela teria potencial para alcançar.
Esta realidade é gravíssima e tem se repetido no Brasil, a cada ano. Torna-se urgente
intervir e modificar estes fatos. Devido às dificuldades acarretadas pelas questões de
linguagem, observa-se que as crianças surdas encontram-se defasadas no que diz respeito à
escolarização, sem o adequado desenvolvimento e com um conhecimento aquém do esperado
para sua idade. Segundo LACERDA (2000, Apud FREIRE, 2001), quando se incluem alunos
surdos no ensino regular é,
Ainda o autor, afirma que, para muitos ouvintes que trabalham com surdos a existência de
uma cultura surda constitui tanto um problema de crenças pessoais como de oportunidades.
OTTAMAR (Apud SKLIAR, 1997, p. 145), fala que, não podemos pensar uma cultura de
surdos como uma imagem velada de uma hipotética cultura de ouvintes, pois esta não existe.
[...] sabe-se que a questão do fracasso escolar está mais ligada aos
preconceitos que temos a respeito que temos da criança e da pobreza.
Procurando ver as crianças e as classes populares sob a ótica de uma matriz
dialética, ver o que a criança tem de feio e bonito, viver a diversidade, com
crianças diversas, desmitificando os nossos estereótipos positivistas de que
existe o "bom" aluno e o professor "padrão". DOTTI (Apud PIRES, ca.
2002, p. 07).
pontos de vista diversos. Revela-se que a relação do aluno surdo com os demais delimita à
trocas de informações básicas, que são enganosamente “imaginadas por todos” como
satisfatórias e adequadas. Ele, por não conhecer outras experiências, só pode achar que este
ambiente em que vive é bom: tem amigos, vai à escola todos os dias, é bem tratado e tem a
intérprete.
Todavia, tudo isso se mostra precário, longe daquilo que seria desejável.
Shaw e Jamienson (1997, p. 48) discutem que os discursos de sala de aula revelam
papéis sociais e culturais nas interações que podem ser diferentes em muitos aspectos daquilo
que tratam normalmente os discursos familiares; nesse sentido, crianças surdas possuem
estratégias de comunicação muito peculiares, pois a maioria vem de lares ouvintes que não
possibilitam um desenvolvimento linguístico no patamar das crianças ouvintes. Assim, elas
partem de uma exposição e de estratégias de linguagem diferentes, estando expostas a um
ambiente que usa simultaneamente pistas visuais e auditivas, impondo a elas opções,
dividindo sua atenção.
Em uma sala de aula para alunos ouvintes, isso se reproduz, já que o professor passa
as informações de acordo com aquilo que está acostumado, sendo mais adequado aos ouvintes
que às crianças surdas. Desse modo, a criança surda está presente, mas está perdendo uma
série de informações fundamentais sobre questões de linguagem, sociais e afetivas que lhe
escapam justamente por sua condição de ser usuária de outra língua, tendo acesso aos
conteúdos apenas pela mediação do intérprete.
A criança surda tem um interlocutor único que usa uma linguagem filtrada, escolar e
própria para a tradução (Teruggi, 2003), sem outros modelos, sem trocas, sem contato com
tudo que o circula.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. REFERÊNCIAS
LAPLANE, A.L.F. Notas para uma análise dos discursos sobre inclusão. Escolar. In:
GÓES, M.C.R.; LAPLANE, A.L.F. (Org.). Políticas e práticas de Educação inclusiva.
Campinas: Autores Associados, 2004. p. 5-20.
MAZZOTA, M.J.S. Educação especial no Brasil: história e políticas. São Paulo: Cortez,
1996.