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INTRODUÇÃO

O presente artigo constitui o trabalho de conclusão de curso de pós-graduação


em Educação Especial Inclusiva da faculdade Famart. Tem como tema “A
Educação Inclusiva e o Papel do Professor na Teoria e na Prática”. A escolha
por esse tema surgiu pela observação da dificuldade encontrada pela escola
comum e seus profissionais apresentam no cotidiano em sala de aula, ao
trabalhar com a inclusão. A analisarmos essas dificuldades, se faz necessária a
revisão de conceitos e a formação adequada dos professores, que por muitas
vezes se veem sem os recursos necessários, materiais e didáticos, para incluir
os alunos com necessidades educacionais especiais na sala de aula.
Considerando a Educação Especial como sendo um desafio de todos, o
professor por sua vez é quem de fato encontra-se na linha de frente, em um
cenário no qual as escolas não oferecem os subsídios para trabalhar com esses
alunos e suas dificuldades, é ao professor a quem cabe o atendimento desse
educando com qualidade, para que ele alcance os objetivos e o
desenvolvimento aconteça.

Neste contexto o presente artigo abordará a importância da formação


continuada do professor de forma a ter acesso a práticas pedagógicas
diretamente com alunos com necessidades especiais, independente de sua área
de atuação. Apesar de muitas vezes os professores apresentarem resistência
quando o assunto é mudança, a inclusão de novas metodologias no processo de
ensino que proporcionem a inclusão de alunos com necessidades especiais
dentro do âmbito educacional é fundamental. É fato que quanto maior é o
conhecimento em determinado assunto, mais segurança sentimos diante dele. O
novo gera insegurança e instabilidade, exigindo reorganização e mudança. É
comum sermos resistentes ao que nos desestabiliza. Sem dúvida, as ideias
inclusivas causaram muita desestabilidade e resistência (MINETTO, 2008,
p.17). Assim, cabe aos professores procurar novas posturas e habilidades que
permitam compreender e intervir nas diferentes situações que se deparam, além
de auxiliarem na construção de uma proposta inclusiva, fazendo com que haja
mudanças significativas pautadas nas possibilidades e com uma visão positiva

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das pessoas com necessidades especiais. Para que os objetivos do processo de
inclusão sejam alcançados, deve haver mudanças nesse processo dentro do
contexto escolar, que são realizadas através da reflexão comprometida e
responsável pelos envolvidos referente à realidade inclusiva. Considerando a
importância do professor no processo de ensino educativo e inclusivo, os
objetivos deste trabalho foram analisar e avaliar sua qualificação e habilidades
frente à inclusão de alunos com necessidades especiais e o processo de
aprendizagem proposto para tais alunos, a fim de facilitar a inclusão desses
sujeitos de maneira eficaz e satisfatória.

DESENVOLVIMENTO

O Brasil obteve um avanço importante no processo de educação inclusiva com


a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, que em
consonância com a Constituição Federal garante a todos direitos iguais.
Segundo Fernandes (2006) aponta o conceito de inclusão social como: [...] o
termo “integração” é conceituado para caracterizar os movimentos iniciais de
defesa de direitos de pessoas com deficiência na ocupação de diferentes
espaços na vida social, como a educação, a saúde, o lazer, os esportes. (p. 67).
Quando falamos em “necessidades educacionais especiais” sugerimos a
existência de um impasse na aprendizagem, indicando que os alunos com tais
necessidades precisam de recursos e serviços educacionais diferenciados dentro
do contexto escolar. Dessa forma, cabe às escolas adotar medidas de integração
desses alunos, com o objetivo de proporcionar um ensino igualitário a todos.
Mantoan (2003) nos diz que: [...] o processo de integração refere-se
especificamente aos modelos de inserção escolar de alunos com deficiências,
que compreendem um contínuo de possibilidades, desde as classes comuns até
locais específicos, como classes e escolas especiais. (p. 09). Para que as escolas
atendam ao processo de inclusão, os alunos com necessidades educacionais
especiais devem ser incluídos no ensino regular, onde o processo de ensino
precisa de uma revisão, a fim de atender as demanda individuais de cada aluno,
independentemente de suas particularidades e diferenças, de modo a adequar e

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organizar o Currículo Escolar e o Projeto Político Pedagógico da instituição,
contemplando a diversidade de sua comunidade escolar, formando um
equilíbrio entre o desenvolvimento dos conteúdos previstos e a socialização de
todos os envolvidos.

Dessa forma, quando a criança chega à escola os professores devem ter em


mente que além de conteúdos escolares a serem aprendidos pela criança é
necessário que ela se torne independente, capaz de desenvolver atividades do
dia-a-dia por si só, pois muitas vezes os pais realizam tarefas que as crianças
poderiam realizar sozinhas. Um exemplo de currículo importante para o
estímulo da autonomia da criança é o Currículo Funcional Natural, que tem por
objetivo central segundo, LeBlanc citado por Suplino (2005, p. 33), “tornar o
aluno mais independente, produtivo e também mais aceito socialmente”.
Entretanto, é preciso determinar o que é funcional, e isso depende de diversos
fatores, pois:

Aquela habilidade que pode ser considerada funcional numa


determinada comunidade, poderá não ser em outra. Portanto, ao
eleger-se os objetivos funcionais para ensinar, é necessário ter em
mente aquilo que a pessoa portadora de deficiência necessita
aprender para ser exitosa e aceitável em seu meio, como qualquer
outra dessa mesma comunidade (SUPLINO, 2005, p. 34).

Partindo do pressuposto de que é necessário saber o que cada criança necessita


aprender, é importante também a constante análise e avaliação do currículo
proposto durante o processo de ensino-aprendizagem. A partir disso, o
educador poderá avaliar o educando em seus avanços e entraves. No entanto,
para que o educador consiga fazer essa relação sobre o que e como ensinar o
aluno com autismo é necessária formação adequada, caso contrário a
metodologia utilizada em sala não servirá para alcançar o objetivo desejado,
que é a aprendizagem. Esse é um grande problema encontrado nas escolas, pois
os professores não estão preparados para lidar com essas crianças, pela falta de
formação. Santos (2008, p. 9) cita que no currículo dos cursos superiores, as
informações sobre autismo são pobres e obsoletas, além disso, a bibliografia é
escassa e a maioria dos textos é importada e traduzida, assim como as
experiências nesta área. A inclusão das regular precisa de atenção de todos os
envolvidos como citado anteriormente, dessa maneira:

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Para que a escola possa promover a inclusão é necessário que os
profissionais que nela atuam tenham uma formação especializada,
que lhes permita conhecer as características e as possibilidades de
atuação destas crianças. Tal conhecimento deveria ser efetivado no
processo de formação desses profissionais, sobretudo dos
professores que atuam no ensino fundamental (SILVA;
BROTHERHOOD, 2009, p. 3).

O professor por sua vez, deve ter consciência que para a concretização da
aprendizagem significativa por parte da criança é importante a mudança de
suas crenças e atitudes, pois toda criança é capaz de aprender basta um olhar
reflexivo para quais habilidades esta possui, assim é possível focar em suas
aptidões.

A escola regular pode ser substituída pela escola das diferenças ou pela
pedagogia da adversidade para ser capaz de organizar situações de ensino e
gerar espaço em sala de aula capaz de incluir, com o intuito de que todos os
alunos possam ter acesso a todas as oportunidades educacionais e sociais
oferecidas pelo âmbito escolar sem qualquer distinção. O professor como
mediador deverá promover um ensino igualitário e sem desigualdade, já que
quando se fala em inclusão não estamos falando só dos deficientes e sim da
escola também, onde a diversidade se destaca por sua singularidade, formando
cidadãos para a sociedade. [...] a inclusão é um motivo para que a escola se
modernize e os professores aperfeiçoem suas práticas e, assim sendo, a
inclusão escolar de pessoas deficientes torna-se uma consequência natural de
todo um esforço de atualização e de reestruturação das condições atuais do
ensino básico. (MANTOAN,1997, p.120) É importante pensar no professor
como agente transmissor de conhecimento que respeita as diferenças, e que
cada aluno reage de acordo com a sua personalidade, seu estilo de
aprendizagem, sua experiência pessoal e profissional, entre outras. Uma das
contribuições da Política Nacional de Educação Especial visando a melhoria e
orientação das redes de ensino é o Atendimento Educacional Especializado -
AEE, que visa modificar e atender as exigências de uma educação igual para
todos. Refere-se a um professor especializado nesse tipo de atendimento que
identifica a necessidade de cada um, cria e articula um plano de ensino dentro
do ensino comum, provendo recursos para esses alunos, adaptando as
situações, trazendo para o seu cotidiano não só na parte pedagógica, mas

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também preparando para a sociedade. A resistência das escolas em receber
alunos que precisam de atendimento especializado ainda se dá devido à falta de
experiência que os professores enfrentam, sem saber como lidar com aquela
criança que não se encaixa com o perfil da sala, muitas vezes tentam fazer com
que aquele aluno mude de sala, antes mesmo de saber quais são as suas
possibilidades. Um dos planos do AEE junto com o professor e a equipe
escolar é envolver os interessados que são os pais e familiares, trazendo para a
escola para esclarecer quais as dificuldades enfrentadas na sala de aula e fora
dela para juntos dar início ao atendimento do mesmo. Em relação à formação,
fica cada vez mais difícil a situação do professor, porque as universidades
pouco os preparam para lidar com alunos com necessidades educacionais
especiais, saem despreparados, já que na sua formação não tem um curso
específico para lidar com eles. Muitos professores ainda reclamam que falta,
também, o suporte de profissionais da área da especificidade para trabalhar
com essas crianças, já que elas necessitam de uma atenção especial, um
trabalho diferenciado. Ainda há muito para se fazer, pois realmente a formação
do professor não é coerente para se trabalhar com a inclusão, enquanto isso a
pedagogia da diversidade precisa ser vista como uma pedagogia que seja
auxiliadora, onde as práticas pedagógicas precisam ser repensadas e
modificadas, dependendo da criatividade de cada professor, o modo com o qual
desenvolverá seu projeto com a sala, de forma a incluir a todos, através de um
planejamento flexível para novas adaptações. É também importante que essa
formação não seja voltada apenas para os professores, como também para
todos os profissionais da área da educação na escola, onde os centros de apoio,
por sua vez, também farão o seu papel, disponibilizando profissionais
especialistas, como fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicopedagogo,
psicólogo, entre outros. O professor por mais inclusivo que ele seja ele não
consegue incluir o aluno sozinho, a participação de todos é fundamental para
um melhor desenvolvimento dentro da comunidade. É necessário tanto a escola
como esses centros de apoio possam mudar pensando no que fazer para quem
fazer e como construir uma sociedade inclusiva, usando sua técnica junto com
os materiais oferecidos pela escola ou instituição, o professor pode repensar
sua prática pedagógica junto com a equipe escolar. Antes de começar a

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repensar na prática da inclusão é preciso um levantamento do que já existe e
quais habilidades são capazes, considerando o grau de dificuldade de cada um,
depois dessa análise que deve ser o ponto de partida os planos devem ser
colocados em prática, às matérias a ser aplicadas na educação inclusiva sendo
na prática e na teoria. Por fim, nota-se a importância do professor nesse
processo, pois é através dele que os alunos aprendem a conviver com as
diversidades e diferenças na sala de aula, fazendo com que haja um ensino
voltado à compreensão e ao respeito mútuo, onde não haja discriminações, pois
não existem pessoas melhores e nem piores devidos às suas particularidades, o
que existe são diferenças que precisam ser superadas. A inclusão implica uma
mudança nas políticas educacionais e de implementação de projetos
educacionais do sentido excludente ao sentido inclusivo, formando um
ambiente onde a prática não precisa estar limitada a um sistema paralelo de
educação. Para que os professores possam trabalhar na educação inclusiva é
necessário que ocorram mudanças estruturais e pedagógicas, quebrando
barreiras e abrindo portas para os alunos com diversos tipos e graus de
dificuldades e habilidades. O professor da educação especial não deve ser
diferente dos outros professores, porque deve trabalhar com adaptação
curricular, inserindo todos os alunos. Para isso o seu planejamento deve ser
flexível, o professor tem que ser o transmissor desse direito do aluno deficiente
mostrando meios que insiram esse aluno a sociedade mesmo quando pareça
impossível. Embora a inclusão seja um direito garantido na lei a questão da
acessibilidade e permanência do aluno com necessidades especiais em alguns
lugares não tem acessibilidade nenhuma. Para que o trabalho seja desenvolvido
com êxito é necessário que uma gama de outras coisas aconteça para tenham o
conhecimento do meio que esses alunos se inserem, o professor também
precisa estar cercado de outros profissionais para que de fato a inclusão
aconteça, a criança deve fazer um acompanhamento com o profissional de sua
deficiência para que haja um avanço naquele grau da sua deficiência. A nossa
sociedade é formada por pessoas diferentes, cada um com suas crenças e seus
valores, na escola não pode ser diferente já que estamos sempre levantando a
questão que ninguém é igual a ninguém. Para começar a pensar em mudanças é
necessário que seja feito um levantamento do que já tem sido feito e o que

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precisa ser feito para melhorar, por que antes de serem deficientes eles são
pessoas que tem sentimentos elas devem ser vistas como pessoas que
vivenciam desafios todos os dias, por mais que o professor seja inclusivo,
sozinho ele não consegue fazer muita coisa é necessário uma equipe de apoio,
que venha atender as necessidades dessas crianças, fazendo um trabalho
diferenciado, para inseri-lo na sociedade, chamado de apoio pedagógico, dentro
do contexto escolar com a finalidade de auxiliar o professor e o aluno no
processo ensino aprendizagem.

CONCLUSÃO

Em nossos estudos podemos concluir que houve sim um grande avanço nas
instituições de ensino na inclusão dos alunos com necessidades educacionais
especiais, fazendo com que os professores buscassem o conhecimento e novas
formas de ensinar, a fim de garantir a inclusão de todos no ensino regular,
melhorando a autonomia e a independência desses alunos. Cabe ao professor
realizar seu trabalho voltado ao direito da igualdade e de oportunidade a todos,
o que não exige um único modo de educar, mas o de poder oferecer a cada
indivíduo o que melhor atende às suas necessidades frente às suas
características, interesses e habilidades. Formar um ensino que respeite a
diversidade das pessoas e aprender com isso, usufruindo de conhecimentos
construídos por cada um na perspectiva de um crescimento interpessoal, pois a
possibilidade de aprendizagem dessas pessoas está diretamente relacionada ao
intuito de aprender, estimulado pelo professor e por todos os sujeitos que se
relacionam, possibilitando a aquisição de novas funções cognitivas que será
essencial para sua trajetória escolar, independentemente de suas necessidades
e/ou capacidades.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Documento subsidiário à política de inclusão.


Brasília. Disponível em: . Acesso em 25 Jan. 2022.

FERNANDES, S. Metodologia da Educação Especial. 1ª ed. Curitiba. IBPEX, 2011.

MANTOAN, Maria Tereza Egler. (Org.) A integração de pessoas com deficiência. São
Paulo: Memnon. SENAC, 1997

MANTOAN, Maria Tereza Eglér. O desafio das diferenças nas escolas. Petropolis, RJ:
Vozes, 2009.

MARTIN, Carla Soares. Os fundamentos das deficiências e síndromes. Disponível em <


http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/educacao-especial/aprender-superar-
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MINETTO, M. F. O currículo na educação inclusiva: entendendo esse desafio. 2ª ed.


Curitiba: IBPEX, 2008.

MORALES, P. V. A relação professor-aluno - o que é, como se faz. São Paulo. Editorial


y Distribuidora, 2001.

SANTOS, Ana Maria Tarcitano dos. Autismo: desafios na alfabetização e no convívio


escolar. 2008. 36 f. Trabalho de Conclusão (Curso de Distúrbios de Aprendizagem) –
Centro de Referência em Distúrbios de Aprendizagem, São Paulo, 2008. Disponível
em: Acesso em: 25 Jan 2022

SILVA, Maria do Carmo Bezerra de Lima; BROTHERHOOD, Rachel de Maya. Autismo e


inclusão: da teoria à prática. In: V ECPP, Maringá, 2009. Disponível em: Acesso em:
26 Jan 2022.

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SUPLINO, Maryse. Currículo funcional natural: guia prático para a educação na área
de autismo e deficiência mental. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos,
Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência;
Maceió: ASSISTA, 2005.

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