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FUNDAMENTOS E CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO

ESPECIAL E DA EDUCAÇÃO ESCOLAR

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Sumário

Introdução ........................................................................................................ 3

Aspectos históricos da educação especial e da inclusão ............................. 4


Fundamentos filosóficos ........................................................................... 7

Fundamentos psicológicos ....................................................................... 8

Os fundamentos legais ........................................................................... 10

Educação inclusiva no Brasil...................................................................... 15


Inclusão Escolar e suas implicações ...................................................... 15

Atendimento Educacional Especializado (AEE) ..................................... 22

Principais desafios .................................................................................. 23

Considerações Finais................................................................................. 24
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 27

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Fundamentos e Contextos da Educação Especial e Da
Educação Escolar

Introdução

Educação especial e inclusiva é uma modalidade de educação que inclui


alunos com qualquer tipo de deficiência ou transtorno, ou com altas habilidades em
escolas de ensino regular.

A diversidade proposta pela escola inclusiva é proveitosa para todos. De um


lado estão os alunos com deficiência, que usufruem de uma escola preparada para
ajudá-los com o aprendizado e do outro, os demais alunos que aprendem a conviver
com as diferenças de forma natural, a desenvolver o sentido de entreajuda, o respeito
e a paciência.

O público-alvo do Plano Nacional de Educação (PNE) no que diz respeito à


educação inclusiva, são alunos com deficiência (intelectual, física, auditiva, visual e
múltipla), com transtorno do espectro autista e com altas habilidades (superdotados).

A inclusão ajuda a combater o preconceito buscando o reconhecimento e a


valorização das diferenças através da ênfase nas competências, capacidades e
potencialidades de cada um.

Esse conceito tem como função a elaboração de métodos e recursos


pedagógicos que sejam acessíveis a todos os alunos, quebrando assim as barreiras
que poderiam vir a impedir a participação de um ou outro estudante por conta de sua
respectiva individualidade.

Um dos objetivos da inclusão escolar é o de sensibilizar e envolver a


sociedade, principalmente a comunidade escolar.

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Aspectos históricos da educação especial e da inclusão

Historicamente, o movimento denominado inclusão vem, universalmente,


direcionando as políticas, desmobilizando governos, e desafiando modo impactante,
as sociedades de todo o continente. A luta é pela eliminação das barreiras impeditivas
de acesso e permanência na escola, que agora escancara suas dependências para
receber todo tipo de aluno, na tentativa de erradicar toda espécie de discriminação,
sendo respeitada a individualidade de cada um.

A Secretária de Educação Especial, Claudia Pereira Dutra, em 2004, referindo-


se à tendência inclusiva afirmava que:

O direito à educação é garantido por lei, com uma educação de qualidade para
todos, implica, dentre outros fatores, num redimensionamento de todo o contexto
escolar, considerando não somente a matrícula, mas, principalmente, a valorização
das aptidões e respeito às diferenças. Assim, o resgate dos valores culturais, que
fortalecem a identidade e o coletivo populacional, propõe preparar para o
enfrentamento de desafios com a oferta da educação inclusiva e de qualidade para
todos, sendo respeitadas as características próprias de interesses e ritmos de
aprendizagem. Desafio que a escola por seu histórico de homogeneidade e
segregação mantido, até então, não está apta para lidar com a diversidade.

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Uma das dificuldades decorre das exigências, sobretudo, originadas nas
teorias críticas da educação, que desconsideram as singularidades dos sujeitos. Silva
(1999) critica as teorias do currículo como discurso, afirmando que o formato dado ao
currículo depende da forma como ele é concebido pelos diferentes autores e teorias
que sustentam o currículo. O equívoco para qualquer teoria do currículo é determinar
o que deve ser ensinado mesmo antes de se conhecer o tipo de aluno e suas
necessidades a serem atendidas.

Portanto, para atingir os objetivos da inclusão de todos os alunos, além das


teorias educacionais e das propostas existentes nesse sentido torna-se emergente
que o professor adquira conhecimento das reais necessidades do aluno. A mudança
de postura profissional pelo professor por meio da sensibilização e da conscientização
da realidade do aluno, envolvendo toda a instituição escolar, com a escola
desenvolvendo um trabalho de gestão compartilhada com a família, acompanhada da
formação continuada de sua equipe de atuação, tornam-se fundamentais.

A interação com a família representa um ganho de fundamental importância


em todas as situações e, quando se trata do aluno com necessidades educacionais
especiais, os vínculos que se estabelecem tornam-se fundamentais na superação dos
conflitos, acima de muitos outros recursos. Pela riqueza de informações, a parceria
com a família ou atendentes poderá auxiliar, desmistificando comportamentos
inadequados. Esta é uma via capaz de oferecer maior validade às intervenções
escolares levando o aluno a compartilhar, interagir e projetar suas ideias.

A inclusão como iniciativa da UNESCO reconhece como necessidade a


educação para todos, com a finalidade de oferecer atendimento educacional de
qualidade a todas as crianças. Com tal intenção, persiste a política da Secretaria de
Educação Especial (SEESP) em seu objetivo de eliminação de barreiras. Com vistas
a erradicar a exclusão escolar intensificando ações geradoras da inclusão social, a
proposta da Secretaria de Educação Especial, contempla todos os níveis de ensino,
não descuidando em seu aparato legal, de nenhum segmento, com abrangência
institucional de atendimento da criança ao ancião.

As Diretrizes da Política Nacional da Educação Infantil MEC/2004 instituem: “A


educação de crianças com necessidades educacionais especiais deve ser realizada
em conjunto com as demais crianças, assegurando-lhes o atendimento educacional

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especializado, mediante a avaliação e interação com a família e a comunidade.”
(BRASIL, 2004, p. 17).

O que se observa na prática nem sempre corresponde às finalidades


propostas, pois de acordo com as Diretrizes Nacionais da Educação Especial na
Educação Básica CNE/2001: “o atendimento educacional aos alunos com
necessidades educacionais especiais terá início na educação infantil, nas creches e
nas pré-escolas, assegurando-lhes o atendimento educacional especializado”.
(BRASIL, 2001, p.12).

Constata-se desta forma, que importantes iniciativas foram consolidadas,


porém, muito ainda há que se fazer para que a inclusão efetive seus níveis
idealizados. Com certeza, a acessibilidade constitui-se no instrumento concreto,
capaz de mediar o processo de inclusão, porém, como as leis tornam-se insuficientes
para garantir a realização da proposta inclusiva há que se realizar um esforço em
conjunto com a comunidade escolar para que haja o acesso e a permanência para
todos os educandos, indistintamente.

O debate educativo aguça o resgate de valores. Portanto, merece a máxima


atenção quando se refere a construção de sistemas educacionais inclusivos
(OLIVEIRA, 2008). Conforme registros estatísticos, o crescimento das matrículas
revelam um grande avanço, com a correspondência das ações implementadas pelo
SEESP e o crescimento da política da educação inclusiva.

A inclusão exige adequada formação do professor para assegurar sua


capacidade de intervir no contexto em sala de aula, em sua maioria muito populosa e

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apresentando inúmeros desafios. Neste cenário de heterogeneidade, certamente
novas diferenças estarão sendo detectadas pelo docente que, por vezes,
inadvertidamente vê seu cenário acrescido de um ou mais alunos com certa
deficiência com a qual não se sente preparado para atender sem suas especificidades
e singularidades.

A luta pela inclusão, como tendência universal, é irreversível. A expectativa da


convivência entre todos não é apenas do Brasil. A disputa pelo direito à educação
pública de qualidade tem sido recorrente em todos os níveis, etapas e modalidades
da educação.

Fundamentos filosóficos

O fundamento filosófico mais radical para a defesa da inclusão escolar de


pessoas com deficiências é, sem dúvida, o fato de que todos nascemos iguais e com
os mesmos direitos, entre eles o direito de convivermos com os nossos semelhantes.
Não importam as diferenças, não importam as deficiências: o ser humano tem direito
de viver e conviver com outros seres humanos, sem discriminação e sem
segregações odiosas. E quanto mais “diferente” o ser humano, quanto mais
deficiências ele tem, mais esse direito se impõe. E este é um direito natural, que nem
precisaria estar positivado em lei. Não precisava constar na Constituição.

Assim, o direito de estar numa sala de


aula, junto com crianças da mesma idade,
com ou sem deficiência, é anterior ao direito
do professor de dar aula. O direito da criança
e do adolescente de estar numa sala de aula
é um direito que decorre do fato de ele ser
cidadão, é um direito natural. O direito do
professor de dar aula decorre de uma portaria,
que, em certos casos, pode ser revogada a qualquer momento. Ninguém pode
revogar o direito à convivência e à educação.

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Em certo sentido, a escola é a continuação e a amplificação da família. A
segregação, a discriminação, a exclusão é odiosa, tanto na família quanto na escola.
O direito à educação, o direito de frequentar a escola comum (junto com os ditos
“normais”), o direito a aprender nos “limites” das próprias possibilidades e
capacidades, são decorrentes do direito primordial à convivência, até porque é na
convivência com seres humanos - “normais” ou diferentes - que o ser humano mais
aprende. Nesse sentido, o professor precisa perder a ilusão de que é com ele que a
criança vai aprender as coisas mais importantes para a vida, aquelas das quais ele
mais vai precisar.

A maior parte do que o ser humano aprende, o aprende na convivência, na


interação, através dos mecanismos que Piaget denomina de acomodação e
adaptação, enfrentando os problemas do dia-a-dia. A boa escola é aquela que,
ombreando com a escola da vida, oferece ao aluno bons “cardápios”, com produtos
de boa qualidade, através de situações-problema, de questões bem elaboradas, de
roteiros de trabalho, de projetos, de aulas onde o ator principal é o aluno e não o
professor.

Fundamentos psicológicos

Do ponto de vista psicológico e afetivo, não há dúvida de que é na interação


com o grupo e com as diferenças de sexo, de cor, de idade, de condição social e com
as diferenças de aptidões e de capacidades físicas e intelectuais existentes no grupo
que a criança vai construindo sua identidade, vai testando seus limites, desafiando
suas possibilidades e, consequentemente, aprendendo. Este é o mundo real. E
quanto mais diversificadas forem essas experiências, quanto mais instigantes esses
desafios, mais a criança aprende.

Segregar a pessoa com deficiência é negar-lhe o direito a viver num mundo


real, é negar-lhe o direito a aprender pela convivência com pessoas ditas não
deficientes. A aceitação da criança deficiente pelos colegas vai depender muito do
professor colocar em prática uma pedagogia inclusiva que não pretenda a correção
do aluno com deficiência, mas a manifestação do seu potencial.

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A escola, nesta perspectiva, deve buscar consolidar o respeito às diferenças,
vistas não como um obstáculo para o cumprimento da ação educativa, mas como
fator de enriquecimento e melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem para
todos, tanto para alunos com deficiência
quanto para aqueles sem deficiência.

Por isso, numa perspectiva de escola


inclusiva, o ambiente escolar deve
representar, com a maior fidelidade possível, a
diversidade dos indivíduos que compõem a
sociedade. São as diferenças que possibilitam
enriquecer as experiências curriculares e que ajudam a melhor assimilar o
conhecimento que se materializa nas disciplinas do currículo.

Somente numa escola em que a sociedade, sempre plural e heterogênea,


esteja equitativamente representada, com alunos com deficiências ou não, é que o
currículo escolar pode cumprir sua função: construir a cidadania e preparar os alunos
para viverem em harmonia fora da escola, dotados de habilidades e competências
que a experiência de escola e o conhecimento nela construído os ajudou a
desenvolver.

Nessa concepção de escola que não exclui ninguém, em que a deficiência,


seja ela qual for, não deve constituir barreira para a criança permanecer na escola e
aprender, vem assumindo particular importância e papel decisivo o atendimento
educacional especializado, que tem como pressuposto fundamental o direito da
criança com deficiência a frequentar a escola comum e de nela progredir, dentro de
seus limites e possibilidades.

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Os fundamentos legais

A rigor, como já dito acima, os direitos da pessoa com deficiência em relação


à educação nem precisariam estar positivados em lei: são direitos originários,
fundamentais, que decorrem do simples fato de o sujeito desses direitos ser pessoa
humana.

Em geral, porém, para, de um lado, serem melhor explicitados e ganharem


mais força cogente, e, por outro, para que fiquem mais claras as responsabilidades
de quem lhes deve garantir a eficácia, esses direitos acabam sendo recepcionados
em textos legais que vão desde os tratados internacionais até uma simples portaria
ministerial ou parecer de um órgão
colegiado, passando pelas leis ordinárias e
pela própria constituição do país.

Foi o que aconteceu com os direitos


das pessoas com deficiências,
particularmente, com o direito à educação,
visto na perspectiva da educação inclusiva,
não como um movimento de mão única, mas
como um processo de mão dupla, onde, por um lado, se reconhece à pessoa com
deficiência direito a frequentar e a usufruir todos os espaços e condições de vida, as
mais normais possíveis, e, por outro, se atribui à sociedade, através do poder público,
a responsabilidade de garantir à pessoa com deficiência reais condições de
acessibilidade a todos os bens materiais e culturais socialmente produzidos e
disponíveis, eliminando toda e qualquer barreira - física, cognitiva, cultural - que se
interponha entre a pessoa com deficiência e esses bens.

Do conceito de integração, que acentua o processo de adaptação do aluno


com deficiência ao grupo, passa-se ao conceito de inclusão, que enfatiza a
responsabilidade da sociedade de se reorganizar de forma a garantir, por meio de
políticas públicas definidas e concretas, condições físicas, materiais, de recursos
humanos, de equipamentos e de instrumentos legais que permitam à pessoa com
deficiência ser um cidadão como qualquer outro e ter a possibilidade concreta de
usufruir de tudo o que a sociedade oferece para que a inclusão escolar realmente se
efetive, na sua total dimensão.

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Sem ter a pretensão de esgotar o tema referente às bases legais de uma
concepção de educação inclusiva, vamos fazer referência apenas aos documentos
que nos parecem fundamentais e que, na sua essência, apontam para a mesma
direção: o direito da criança com deficiência à educação, e, decorrente dele, o direito
dessa criança de ser matriculada numa turma de escola comum, junto com as
crianças da sua idade, com garantia de meios e recursos que supram os seus
impedimentos à aprendizagem e ao seu desenvolvimento afetivo e cognitivo.

Fundamentado em sólidos pressupostos filosóficos e psicológicos, o direito da


criança com deficiência de frequentar a escola comum e de receber nela um
atendimento educacional especializado encontra-se hoje legalmente reconhecido e
solidamente regulamentado.

Esse direito, na verdade, foi reconhecido pela primeira vez, de forma solene,
na Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1948, onde se proclama que
todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos, sem distinção de
raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de qualquer outra natureza. Ao
afirmar que todas as pessoas nascem iguais em dignidade e direitos, os signatários
dessa declaração estavam dizendo também, indubitavelmente, que o direito à
educação, pública e gratuita, não está condicionado a nenhum tipo de performance,
seja ela física, auditiva, visual ou cognitiva.

Passo importante no caminho do reconhecimento dos direitos das pessoas


deficientes foi a resolução aprovada pela Assembleia Geral da Organização das
Nações Unidas em 9 de dezembro de 1975,
conhecida como Declaração dos direitos das
pessoas deficientes, na qual se afirma que a
pessoa com deficiência, qualquer que seja a
origem, a natureza e a gravidade dessa
deficiência, tem os mesmos direitos
fundamentais que seus concidadãos da mesma
idade, o que implica, antes de tudo, o direito de
desfrutar de uma vida decente, tão normal e
plena quanto possível, inclusive, e sobretudo, no
que diz respeito à educação.

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Quarenta anos depois da Declaração Universal dos Direitos Humanos,
sensível à reflexão que se vinha fazendo no mundo inteiro, e, particularmente, aqui
no Brasil, acerca do tema, o constituinte de 1988, ao explicitar os deveres do Estado
brasileiro em relação à educação, estabelece que um dos serviços que devem ser
garantidos para o cumprimento desse dever é o do atendimento educacional
especializado às pessoas com deficiência, que deve ser oferecido preferencialmente
na rede regular de ensino (CF, art. 208, inciso III).

A partir dos anos 90, a reflexão em torno da natureza e das políticas relativas
à educação especial foram se intensificando e vários documentos foram aprovados,
tanto no âmbito nacional quanto internacional, consolidando em leis a linha de
discussão que se vinha fazendo em torno do tema, sempre no sentido de que a
criança com deficiência, seja essa deficiência física, visual, auditiva, cognitiva ou de
qualquer outro tipo, tem direito de ser matriculada em escolas comuns, nelas
permanecer e de receber nelas o atendimento de que necessita para superar os
impedimentos e as barreiras que lhe dificultam a aprendizagem, o pleno exercício da
cidadania e a inserção no mundo do trabalho, nos limites de suas capacidades.

No Brasil, após a Constituição de 1988, a discussão em torno do tema da


educação especial ganhou espaço e se aprofundou. Fruto dessa reflexão, foram
sendo editados textos legais nos quais, não obstante alguns recuos, a ideia da
inclusão escolar entendida como direito de acesso da criança com deficiência na
escola comum e de nela receber o atendimento de que necessita para vencer as
barreiras que lhe dificultam a aprendizagem se consolida em definitivo. Dois anos
após a promulgação da Constituição, em 1990, esse direito foi reforçado no Estatuto
da Criança e do Adolescente (art. 54, inciso III).

Sem querer esgotar a matéria, elencamos a seguir os principais textos legais


que se referem ao tema:

 Lei nº 7.853/89. Dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiências, sua


integração social e pleno exercício de direitos sociais e individuais.
 LDB nº 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A
LDB dedica à educação especial os artigos 58, 59 e 60 do Capítulo V. A exemplo do
que fizera o Estatuto da Criança e do Adolescente, a LDB considera a educação

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especial uma modalidade de educação escolar, a ser oferecida, preferencialmente,
na rede regular de ensino.
 Parecer CNE/CEB nº 16/99. Dispõe sobre educação profissional de
alunos com necessidades educacionais especiais.
 Resolução CNE/CEB nº 4/99. Dispõe sobre educação profissional de
alunos com necessidades educacionais especiais.
 Decreto nº 3.298/99. Regulamenta a Lei 7.853/89, dispõe sobre a
política nacional para integração da pessoa portadora de deficiências, consolida as
normas de proteção ao portador de deficiências.
 Lei nº 10.098/2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a
promoção de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida e dá outras providências.
 Resolução CNE/CEB nº 2/2001. Institui Diretrizes e Normas para a
Educação Especial na Educação Básica. No seu art. 2º, assim dispõe a Resolução:
“Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas
organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais
especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade
para todos.” (MEC/SEESP, 2001).
 Parecer CNE/CEB nº 17/2001. Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica.
 Lei nº 10.172/2001. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá
outras providências. No tópico 8 do texto aprovado, o PNE aponta diretrizes para a
política de educação especial no Brasil e indica objetivos e metas para a política de
educação de pessoas com necessidades educacionais especiais.
 Decreto nº 6.094/2007. Dispõe sobre a implementação do Plano de
Metas Compromisso Todos pela Educação. No art. 2º, inciso IX, o documento aponta
como uma das diretrizes do plano, na qual devem se empenhar Municípios, Estados,
Distrito Federal e União, a garantia de acesso e permanência das pessoas com
necessidades educacionais especiais nas classes comuns do ensino regular,
fortalecendo a inclusão educacional nas escolas públicas.
 Decreto nº 186/2008. Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova
Iorque, em 30 de março de 2006.

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 Decreto nº 6571/2008. Dispõe sobre o atendimento educacional
especializado.
 Resolução CNE/CEB nº 4/2009. Institui as diretrizes operacionais para
o atendimento educacional especializado na Educação Básica, modalidade Educação
Especial.

Além desses documentos, de natureza legal, cabe referir, ainda, como textos
fundamentais na reflexão e na difusão de ideias, conceitos e diretrizes afinadas com
a concepção de educação especial na perspectiva da educação inclusiva, os
seguintes documentos:

- 2004 - O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns


da Rede Regular, do Ministério Público Federal, que teve por objetivo disseminar os
conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, reafirmando o direito e os benefícios
da escolarização de alunos com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino
regular.

- 2008 - O documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva


da Educação Inclusiva, elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº
555/2007, prorrogada pela Portaria nº 948/2007, entregue ao Ministro da Educação
em 07 de janeiro de 2008.

-2010 - A Nota Técnica SEESP nº 10/2010 Orientações para institucionalização


da oferta do atendimento educacional especializado (AEE) em Salas de Recursos
Multifuncionais implantadas nas escolas regulares.

-2010 - O documento Construindo o Sistema Nacional Articulado de Educação:


o Plano Nacional de Educação – Diretrizes e Estratégias de Ação, aprovado pela
Assembleia da Conferência Nacional da Educação (CONAE), em 1º de abril de 2010.
No Eixo VI do referido documento - Justiça Social, Educação e Trabalho: Inclusão,
diversidade e igualdade - ao tratar especificamente da educação especial, o texto
aponta as responsabilidades do poder público no que tange à educação especial, as
metas a serem perseguidas, os instrumentos, os recursos e os modos operacionais
para atingi-las, enfatizando sempre o direito da criança com deficiência de ser
atendida na escola comum.

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Educação inclusiva no Brasil

A educação inclusiva foi implementada pelo MEC (Ministério da Educação e


Cultura) no sistema de ensino brasileiro em 2003. Antes disso, o sistema educativo
brasileiro ainda era segmentado em duas vertentes:

 Escola especial: para alunos com qualquer tipo de deficiência ou


transtorno, ou com altas habilidades.
 Escola regular: para alunos que não tinham nenhum tipo de deficiência
ou transtorno, e nem altas habilidades.

O Plano Nacional de Educação (PNE) atual integra os alunos que antes iriam
para a escola especial na escola regular.

Inclusão Escolar e suas implicações

A luta para que a criança considerada especial pudesse está inserida no meio
escolar com os demais alunos, foi ao longo do tempo se constituindo numa realidade
conquistada. Há muito tempo se vem tentando fazer com que a escola se prepare
para receber os alunos com qualquer tipo de deficiência para lhes oferecer uma
educação de qualidade, pois por muito tempo essas crianças foram segregadas e
viveram a margem da sociedade.

Historicamente o movimento pela inclusão pode ser considerado como parte


de uma série de movimentos em favor da garantia da igualdade dos direitos sociais
de participação, acesso e permanência nos vários bens e serviços sociais, incluindo
a educação.

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Nesse sentido, vários documentos foram sendo criados para sustentar o direito
das crianças com deficiências de terem uma vida com o mesmo respeito e
consideração que as consideradas normais. Os dispositivos legais, tendo a
Constituição Federal como base principal,
garantem o direito à educação, o acesso à escola
e desenvolvimento do bem estar de todos, sem
descriminação para pessoas com deficiências ou
não.

Realizando uma breve análise


comparativa entre as leis de Diretrizes e Bases
da Educação - LDB no Brasil de 1961 e a de
1996, vemos saltos qualitativos no cenário da
inclusão escolar em relação às mudanças de um documento para o outro. Pois, o
primeiro texto dedica apenas um artigo para destacar sobre a inclusão de crianças
com necessidades educacionais especiais, ao qual se denominava de crianças
excepcionais. O artigo 88 mencionava que “A educação de excepcionais, deve, no
que for possível, enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na
comunidade”. (BRASIL, 1961).

Enquanto que a lei 9394/96, como resultado do avanço nas discussões em


torno da inclusão escolar de crianças com necessidades educacionais especiais,
dedica um capítulo exclusivo para tratar da inclusão. Em suma, a nova LDB propõem
que:

Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades


especiais:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica,


para atender às suas necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível


exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e
aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,


para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular

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capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns. (BRASIL,
1996).

Outro documento que explicita os direitos reservados a pessoa com


deficiência, é a Lei n° 7.853 de 1989, que dispõe sobre os direitos individuais e sociais
da pessoa com deficiência. Esta se refere aos direitos: a saúde, formação profissional
e do trabalho, acessibilidade, garante na área da educação o apoio necessário a estas
crianças com todos os benefícios disponibilizados às demais crianças. Ademais,
destaca-se nesta lei a garantia ao “acesso de alunos portadores de deficiência aos
benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, merenda
escolar e bolsas de estudo.” (BRASIL, 1989).

Mais conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei nº 8.069 de


1990 é mais um dos documentos de legalização dos direitos da criança, que
apresenta em seu texto os direitos educacionais e sociais das crianças com
deficiência. Esta lei garante, dentre outras coisas: o atendimento educacional
especializado às crianças com deficiência, preferencialmente, na rede regular de
ensino; trabalho protegido ao adolescente com deficiência; prioridade de atendimento
nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção para famílias com crianças e
adolescentes nessa condição.

Nesse cenário de discussão e afirmação dos direitos das pessoas com


deficiências, alguns movimentos, a nível mundial, também merecem destaque por
terem sido marco histórico na defesa da inclusão escolar. Pois, contribuíram
substancialmente para a ressignificação e constituição de documentos nacionais,
especificamente, no Brasil.

A Conferência Mundial sobre Educação para Todos de 1990, por exemplo,


garante o direito a todos no sentido amplo da palavra direito, considerando para isto
as pessoas com deficiências. Como podemos ver em seu art. 6º: A aprendizagem não
ocorre em situação de isolamento. Portanto, as sociedades devem garantir a todos
os educandos assistência em nutrição, cuidados e apoio físico e emocional essencial
para que participem ativamente de sua própria educação e dela se beneficiem.
(Conferência Mundial sobre Educação para Todos, 1990, Artigo 6 º).

Outro movimento de repercussão mundial que se destacou na década de 1990


foi a Declaração de Salamanca (1994). Esta visa conscientizar a necessidade das

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instituições, de forma geral, adotarem uma conduta inclusiva capaz de atender a
todos indistintamente, adequando-se as necessidades individuais de cada um. Para
tanto, defende a ideia da adequação curricular, planejamento de estratégias para que
alunos que apresentam dificuldades possam aprender da mesma forma que os
demais.

Desse modo, torna-se visível a defesa da educação para todos no texto do art.
7º da declaração: O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos
os alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente das
dificuldades e das diferenças que apresentem. Estas escolas devem reconhecer e
satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos vários estilos
e ritmos de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos,
através de currículos adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias
pedagógicas, de utilização de recursos e de uma cooperação com as respectivas
comunidades. É preciso, portanto, um conjunto de apoios e de serviços para
satisfazer o conjunto de necessidades especiais dentro da escola. (DECLARAÇÃO
DE SALAMANCA, 1990, p. 11-12).

A Declaração de Salamanca constitui-se um importante documento que


fundamenta as ações da tendência inclusiva, estabelecendo as diretrizes
orientadoras da construção da prática à inclusão e acessibilidade, a fim de oportunizar
a educação de qualidade para todos, estendendo às pessoas com necessidades
educacionais especiais, o direito de cidadania atendida com equidade, no
gerenciamento de suas reais condições de escolaridade. A instituição que conta com
alunos que apresentam necessidades educacionais especiais incluídos, necessita
esforçar-se para bem acolhê-los, oferecendo atender adequadamente cada caso, de
forma que todos os alunos possam beneficiar-se com as medidas de adaptação,
adequação e acessibilidade que necessitam. A inclusão educacional propõe um modo
novo de interação no contexto sócio educacional, demonstrando o valor das relações,
pois só é possível a aprendizagem quando ocorrem interações.

Em seguida, vem a Convenção de Guatemala (1999), discutindo as


discriminações enfrentadas pelas pessoas com deficiências. Esta compreende que
todos os indivíduos têm direitos iguais e destaca como objetivo “prevenir e eliminar
todas as formas de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e
propiciar a sua integração à sociedade”.

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Diante de todos esses discursos que promovem possibilidades de acesso
igualitário aos bens sociais, como uma educação de qualidade, sabe-se que apenas
os documentos não garantem a efetividade da inclusão. Por outro lado, esses
movimentos, leis e declarações, apesar de não garantir a inclusão, por si só,
consolidam uma visão de que as diferenças 16 existem e seus direitos são válidos,
ou seja, direito ao pleno desenvolvimento dentro de suas potencialidades.

Por isso: Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo


às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades
educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação
de qualidade para todos. (BRASIL, 2001b). Assim sendo, os sistemas de ensino
devem estar cientes de sua incumbência frente à visão inclusiva de sociedade,
garantindo não apenas a matrícula do aluno, mas dando suporte para sua
permanência na escola.

Partindo dessa perspectiva inclusiva, a política da educação no Brasil teve


avanços significativos, principalmente no sistema público de ensino. Além da garantia
de ingresso e permanência das crianças com necessidades educacionais especiais,
prima-se pela qualidade do ensino ao propor estratégias como: Atendimento
Educacional Especializado (AEE), profissionais capacitados, recursos didáticos e
pedagógicos.

Portanto, para que se realize um ideário de educação para todos, faz-se


necessário ir além de criar possibilidades para um grupo de pessoas com
determinadas necessidades educacionais especiais. Pois os sistemas de ensino
precisam oferecer oportunidades e possibilidades de desenvolvimento a todos sem
exclusão de um grupo em benefício de outro.

Como destaca Mantoam (1997) o princípio democrático de “educação para


todos” só se evidencia nos sistemas educacionais que se especializam em todos os
alunos e não apenas em alguns deles, os deficientes em geral. Há muito ainda a ser
feito para que se possa caracterizar um sistema como apto a oferecer oportunidades
educacionais a seus alunos, de acordo com as especificidades de cada um, sem
cairmos nas teias da educação especial e suas modalidades de exclusão.

Diante disso, acredita-se haver uma interpretação errônea do que vem a ser
inclusão, já que incluir o aluno na classe regular de ensino não é apenas tê-lo na

19
escola. Mas, é necessário buscar estratégias e recursos diferenciados que sejam
capazes de alcançar a todos indistintamente. Lembrando que esta maneira
diferenciada também não pode se tornar excludente, mas, harmonizar-se, haja vista
que o foco não pode estar na deficiência assim como esta, não pode ser
desconsiderada.

Com isso, o desafio é construir e pôr em prática no ambiente escolar uma


pedagogia que consiga ser comum ou válida para todos os alunos da classe escolar,
porém capaz de atender aos alunos cujas situações pessoais e características de
aprendizagem correspondentes requeiram uma pedagogia diferenciada. Tudo isso
sem demarcações, preconceitos, ou atitudes nutridoras dos indesejados estigmas.
Assim, percebe-se que há possibilidades de mudanças quando se visualiza os
avanços em relação à inclusão, pois há uma preocupação em que as escolas se
organizem para oferecer um atendimento educacional a todos.

É essencial “oferecer um ensino de qualidade para todos os educandos,


inclusive para os que têm alguma deficiência ou problema que afete a aprendizagem”.
Nesse sentido, corrobora-se que as implicações sobre inclusão escolar devem ser
permeadas e (re) significadas a partir da perspectiva histórico-cultural de Vigotski. Os
estudos deste teórico sobre “desenvolvimento comparativo entre a criança normal e
a criança anormal ou com defeito – termos utilizados à época de Vigotski – parte do
pressuposto de que as leis que regem o desenvolvimento de ambas as crianças são
basicamente as mesmas”. (KELMAN, 2010).

O entendimento de que a criança com desenvolvimento dito normal e crianças


com necessidades educacionais especiais aprendem pelo mesmo princípio, nos leva
a reflexão sobre a necessidade de proporcionar situações de aprendizagem para que
essas crianças desenvolvam-se igualmente sem prejuízo. De acordo com Vigotsk o
aprendizado não é desenvolvimento; entretanto, o aprendizado adequadamente
organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários
processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer.
Tal abordagem teórica destaca que as aprendizagens desenvolvidas ao longo da vida
por meio dos mecanismos biológicos e culturais, se forem vividas nas relações de
forma significativas, resultarão em desenvolvimento.

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Kelman (2010) baseando-se na abordagem histórico-cultural, enfatiza que nos
instituímos na “nossa herança cultural e biológica para usar a linguagem e outras
ferramentas culturais e, também para aprender uns com os outros por meio de
processos educacionais. A cultura, entretanto, é sempre histórica e socialmente
construída”. A mesma autora destaca o fato de o funcionamento humano buscar
alternativas para desenvolver-se quando os padrões considerados normais sofrem
alguma alteração.

Crianças cegas buscam caminhos alternativos para poder receber a


informação e, por conseguinte, aprender. Crianças surdas dependem do que hoje
vem sendo conhecida como pedagogia visual. Dessa forma, pode-se dizer que apesar
das leis gerais serem as mesmas, existem possibilidades distintas de
desenvolvimento, o que caracteriza a singularidade do desenvolvimento de crianças
com necessidades especiais.

O maior desafio do professor consiste em descobrir como crianças com


necessidades educativas especiais conseguem atingir os processos psicológicos
superiores, quais são as estratégias pedagógicas
que possibilitam os caminhos alternativos para que
ocorram processos interativos significativos,
levando à aprendizagem e, por conseguinte, ao
desenvolvimento.

Portanto os estudos apontam para a


possibilidade de desenvolvimento e aprendizagem
das crianças com funcionamento diferenciado dos
demais, resta saber se estes estudos são
considerados colocando a visão na possibilidade ou na dificuldade da criança.
Quando se reafirma que apesar de as leis, decretos e outros corroborarem para uma
educação de qualidades para todos, ainda persiste a desigualdade e a exclusão.
Reafirmam-se, também, as possibilidades, tendo em vista, que a educação inclusiva
ainda se faz num processo, ou seja, não é algo acabado e consumado, pois há que
ser consolidado muito daquilo que se tem proclamado como direito de todos.

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Atendimento Educacional Especializado (AEE)

De acordo com o MEC, a educação inclusiva abrange todos os níveis de


escolaridade (Educação infantil – Ensino superior) e dispõe de Atendimento
Educacional Especializado (AEE) para orientar professores e alunos quanto à
utilização da metodologia.

É importante ressaltar que a escola especial não foi extinta. É nela que os
alunos dispõem do AEE como complemento e apoio ao ensino regular, sempre que
necessário, mas não como substituição da escola regular.

Desta forma, a educação especial deixou de ser uma modalidade substitutiva


e passou a ser uma modalidade complementar, mas não deixou de existir.

Se além do que é oferecido pela escola


inclusiva por padrão um aluno tiver necessidade de
uma abordagem diferenciada para que seu
aprendizado seja facilitado, podem ser requeridos
recursos de NEE (necessidades educacionais
especiais).

Esses recursos consistem em um


acompanhamento direcionado, fora do horário
normal que o aluno frequenta na escola inclusiva. Veja abaixo alguns dos recursos
dos quais os alunos podem dispor, de acordo com as suas respectivas deficiências:

 Deficiência visual e auditiva: linguagens e códigos específicos de


comunicação e sinalização (ex: Braille, LIBRAS).
 Deficiência intelectual: mediação para desenvolver estratégias de
pensamento (ex.: comunicação alternativa).
 Deficiência física: adequação do material escolar e do ambiente físico
(ex.: cadeiras, tecnologia assistiva).
 Transtorno do espectro autista (autismo): abordagens diferentes para
adequação e orientação do comportamento (ex.: comunicação alternativa).
 Altas habilidades: aumento dos recursos educacionais e/ou aceleração
de conteúdos.

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O público-alvo da educação inclusiva é composto por alunos com deficiência
(intelectual, física, auditiva, visual e múltipla), transtorno do espectro autista (autismo)
e altas habilidades.

Principais desafios

A idealização do ensino inclusivo e seus objetivos são conceitos extremamente


válidos, porém a realidade com a qual os alunos, professores e demais pessoas
envolvidas no projeto enfrentam no dia a dia são bem diferentes. Veja abaixo alguns
dos principais desafios da educação inclusiva:

 A estrutura física dos estabelecimentos nem sempre é adequada.


 Falta de introdução de recursos e de tecnologia assistiva.
 Número excessivo de alunos por turma.
 Preconceito em relação à deficiência.
 Falta de formação para as equipes das escolas.
 Falta de professores especializados ou capacitados.

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Considerações Finais

O sistema educacional, por suas


características homogeneizadoras, deixa muito a
desejar, quanto ao suporte e apoio necessário aos
profissionais, para atendimento das necessidades
educacionais de seus educandos. Mesmo assim,
esforçando-se para assumir o trabalho educativo dos alunos inclusos nas classes
comuns, luta para realizar a proposta inclusiva, apesar da falta de preparo para
enfrentar a causa da diversidade, a inclusão flagra as carências que passam tais
alunos, em relação à diversidade de atendimento. Enfrentar as barreiras implica numa
soma de desafios que necessitam ser avaliados e, consequentemente, removidos, a
partir de sua perspectiva de ingresso na instituição educativa. Tornasse fundamental,
auxiliá-las, de acordo com as necessidades que apresentam, evitando que evadam
da escola. A orientação segura e motivadora, dirigida ao educando para mantê-lo no
processo educacional, é de suma importância, tendo em vista a cidadania
participativa e atuação de forma inteligente e construtiva.

Portanto, a grande proposta da inclusão é transformar a escola no reduto de


todos os alunos. As mudanças necessárias, a habilitá-la para educar efetivamente
todos os alunos buscam, priorizar as especificidades dos educandos independente
de suas diferenças, tornando-se necessário reavaliar o Projeto Político Pedagógico.

O processo de inclusão não é apenas tendência temporária ou passageira. Sua


concretização requer meticulosa atenção na sequência da organização do
desenvolvimento sociocultural, entendido como fator de configuração humana. Urge
que o processo de reestruturação das escolas evolua gradativamente como um todo,
sob a responsabilidade de toda a sociedade, empenhada em garantir condições de
acessibilidade, mobilidade e adaptações curriculares.

Isto inclui o currículo, a avaliação, os registros, as decisões sobre


agrupamentos de alunos nas escolas e nas salas de aula, bem como oportunidades
de esporte, lazer e recreação. O objetivo é garantir o acesso e a participação de todas
as crianças em todas as oportunidades oferecidas pela escola e impedir o isolamento
e a segregação. (CESTARI, MONROY, SHIMAZAKI, 2010).

24
A inclusão escolar deve ter como características as condições de qualidade de
atendimento às pessoas com necessidades específicas de atendimento educacional,
oferecendo reais oportunidades de desenvolvimento a todos. O convívio interativo
estimula a toda coletividade com maior capacidade à aprendizagem, sobretudo, ao
aluno com deficiência.

Inclusão significa convidar aqueles (de alguma forma) têm esperado para
entrar e pedir-lhes para ajudar a desenhar novos sistemas que encorajem todas as
pessoas a participar da completude de suas capacidades – como companheiros e
como membro. (MANTOAN, 1997).

No processo de inclusão, não


é apenas o aluno que precisa
adaptar-se à escola e, sim, a escola,
que necessita preparar-se para
receber este aluno. Nesse sentido, a
Declaração de Salamanca
(UNESCO, 1994, p. 01) afirma:
“Toda criança tem direito a educação e deve possuir as mesmas oportunidades de
aprendizagem; Toda criança possui suas particularidades, aptidões e necessidades
de aprendizagem”.

Os sistemas e programas educacionais necessitam ser estabelecidos e


praticados levando em conta a extensa diversidade de características e
necessidades. Portanto, os alunos com necessidades educacionais especiais devem
ter acessibilidade ao ensino regular.

As escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva, constituem os meios


mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades
abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação
para todos. Além disso, “tais escolas provém uma educação efetiva à maioria das
crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo de todo o sistema
educacional (...)”. (UNESCO, 1994, p.09).

Portanto, incluir não significa apenas permitir a matrícula de alunos com


necessidades especiais no sistema regular de ensino, sem investir em propostas
facilitadoras de inclusão e de acessibilidade. Ficando mais exposto à discriminação,

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é na escola que ocorre com mais frequência a prática do bullying, do desprezo e a
falta de atenção dos responsáveis torna mais vulnerável e fragilizada a permanência
do aluno incluso que, por vezes, é visto como intruso.

Inclusão é o aprofundamento das reflexões em torno do processo de ensino e


aprendizagem com a necessária reestruturação do sistema educacional, para que as
crianças com necessidades especiais, deficientes ou não, sejam atendidas nas suas
especialidades e particularidades, satisfazendo suas necessidades de aprendizagem.

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REFERÊNCIAS

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Secretaria de Educação Especial, 2006a.
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da
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Educação Secretaria de Educação Especial, 2006b.
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Educação e dá outras providências.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988.
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http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes
Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: MEC, 2000b.
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MEC/SEESP, 2001.

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Organização: Maria Salete F. Aranha. Brasília: MEC/ SEESP, 2004.

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CESTARI, A. C. J.; MONROY, A.; SHIMAZAKI, E. M. Fundamentos e políticas


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currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999

UNESCO. Aprender a ser. Informe de la Comisión Internacional para el


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