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Sumário Aspectos históricos da inclusão ...................................................................

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Fundamentos filosóficos........................................................................... 9 Fundamentos
psicológicos ..................................................................... 10 Os fundamentos
legais........................................................................... 12 Conceito da Educação inclusiva
................................................................ 18 Educação inclusiva no
Brasil...................................................................... 19 Inclusão Escolar e suas implicações
...................................................... 20 Atendimento Educacional Especializado (AEE)
..................................... 28 Principais
desafios.................................................................................. 30 Considerações
Finais................................................................................. 30 REFERÊNCIAS
............................................................................................. 34

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Educação inclusiva é uma modalidade de educação que inclui alunos com qualquer tipo de
deficiência ou transtorno, ou com altas habilidades em escolas de ensino regular. A
diversidade proposta pela escola inclusiva é proveitosa para todos. De um lado estão os
alunos com deficiência, que usufruem de uma escola preparada para ajudá-los com o
aprendizado e do outro, os demais alunos que aprendem a conviver com as diferenças de
forma natural, a desenvolver o sentido de entreajuda, o respeito e a paciência. O
público-alvo do Plano Nacional de Educação (PNE) no que diz respeito à educação
inclusiva, são alunos com deficiência (intelectual, física, auditiva, visual e múltipla), com
transtorno do espectro autista e com altas habilidades (superdotados). A inclusão ajuda a
combater o preconceito buscando o reconhecimento e a valorização das diferenças através
da ênfase nas competências, capacidades e potencialidades de cada um. Esse conceito tem
como função a elaboração de métodos e recursos pedagógicos que sejam acessíveis a
todos os alunos, quebrando assim as barreiras que poderiam vir a impedir a participação de
um ou outro estudante por conta de sua respectiva individualidade. Página 5 Faculdade de
Minas Um dos objetivos da inclusão escolar é o de sensibilizar e envolver a sociedade,
principalmente a comunidade escolar. Aspectos históricos da inclusão Historicamente, o
movimento denominado inclusão vem, universalmente, direcionando as políticas,
desmobilizando governos, e desafiando modo impactante, as sociedades de todo o
continente. A luta é pela eliminação das barreiras impeditivas de acesso e permanência na
escola, que agora escancara suas dependências para receber todo tipo de aluno, na
tentativa de erradicar toda espécie de discriminação, sendo respeitada a individualidade de
cada um. A Secretária de Educação Especial, Claudia Pereira Dutra, em 2004, referindose à
tendência inclusiva afirmava que: Página 6 Faculdade de Minas O direito à educação é
garantido por lei, com uma educação de qualidade para todos, implica, dentre outros fatores,
num redimensionamento de todo o contexto escolar, considerando não somente a matrícula,
mas, principalmente, a valorização das aptidões e respeito às diferenças. Assim, o resgate
dos valores culturais, que fortalecem a identidade e o coletivo populacional, propõe preparar
para o enfrentamento de desafios com a oferta da educação inclusiva e de qualidade para
todos, sendo respeitadas as características próprias de interesses e ritmos de
aprendizagem. Desafio que a escola por seu histórico de homogeneidade e segregação
mantido, até então, não está apta para lidar com a diversidade. Uma das dificuldades
decorre das exigências, sobretudo, originadas nas teorias críticas da educação, que
desconsideram as singularidades dos sujeitos. Silva (1999) critica as teorias do currículo
como discurso, afirmando que o formato dado ao currículo depende da forma como ele é
concebido pelos diferentes autores e teorias que sustentam o currículo. O equívoco para
qualquer teoria do currículo é determinar o que deve ser ensinado mesmo antes de se
conhecer o tipo de aluno e suas necessidades a serem atendidas. Portanto, para atingir os
objetivos da inclusão de todos os alunos, além das teorias educacionais e das propostas
existentes nesse sentido, torna-se emergente que o professor adquira conhecimento das
reais necessidades do aluno. A mudança de postura profissional pelo professor por meio da
sensibilização e da conscientização da realidade do aluno, envolvendo toda a instituição
escolar, com a escola desenvolvendo um trabalho de gestão compartilhada com a família,
acompanhada da formação continuada de sua equipe de atuação, tornam-se fundamentais.
A interação com a família representa um ganho de fundamental importância em todas as
situações e, quando se trata do aluno com necessidades educacionais especiais, os
vínculos que se estabelecem tornam-se fundamentais na superação dos Página 7
Faculdade de Minas conflitos, acima de muitos outros recursos. Pela riqueza de
informações, a parceria com a família ou atendentes poderá auxiliar, desmistificando
comportamentos inadequados. Esta é uma via capaz de oferecer maior validade às
intervenções escolares levando o aluno a compartilhar, interagir e projetar suas ideias. A
inclusão como iniciativa da UNESCO reconhece como necessidade a educação para todos,
com a finalidade de oferecer atendimento educacional de qualidade a todas as crianças.
Com tal intenção, persiste a política da Secretaria de Educação Especial (SEESP) em seu
objetivo de eliminação de barreiras. Com vistas a erradicar a exclusão escolar intensificando
ações geradoras da inclusão social, a proposta da Secretaria de Educação Especial,
contempla todos os níveis de ensino, não descuidando em seu aparato legal, de nenhum
segmento, com abrangência institucional de atendimento da criança ao ancião. As Diretrizes
da Política Nacional da Educação Infantil MEC/2004 instituem: “A educação de crianças com
necessidades educacionais especiais deve ser realizada em conjunto com as demais
crianças, assegurando-lhes o atendimento educacional especializado, mediante a avaliação
e interação com a família e a comunidade.” (BRASIL, 2004, p. 17). O que se observa na
prática nem sempre corresponde às finalidades propostas, pois de acordo com as Diretrizes
Nacionais da Educação Especial na Educação Básica CNE/2001: “o atendimento
educacional aos alunos com necessidades educacionais especiais terá início na educação
infantil, nas creches e nas pré-escolas, assegurando-lhes o atendimento educacional
especializado”. (BRASIL, 2001, p.12). Página 8 Faculdade de Minas Constata-se desta
forma, que importantes iniciativas foram consolidadas, porém, muito ainda há que se fazer
para que a inclusão efetive seus níveis idealizados. Com certeza, a acessibilidade
constitui-se no instrumento concreto, capaz de mediar o processo de inclusão, porém, como
as leis tornam-se insuficientes para garantir a realização da proposta inclusiva há que se
realizar um esforço em conjunto com a comunidade escolar para que haja o acesso e a
permanência para todos os educandos, indistintamente. O debate educativo aguça o resgate
de valores. Portanto, merece a máxima atenção quando se refere a construção de sistemas
educacionais inclusivos (OLIVEIRA, 2008). Conforme registros estatísticos, o crescimento
das matrículas revelam um grande avanço, com a correspondência das ações
implementadas pelo SEESP e o crescimento da política da educação inclusiva. A inclusão
exige adequada formação do professor para assegurar sua capacidade de intervir no
contexto em sala de aula, em sua maioria muito populosa e apresentando inúmeros
desafios. Neste cenário de heterogeneidade, certamente novas diferenças estarão sendo
detectadas pelo docente que, por vezes, inadvertidamente vê seu cenário acrescido de um
ou mais alunos com certa deficiência com a qual não se sente preparado para atender sem
suas especificidades e singularidades. A luta pela inclusão, como tendência universal, é
irreversível. A expectativa da convivência entre todos não é apenas do Brasil. A disputa pelo
direito à educação Página 9 Faculdade de Minas pública de qualidade tem sido recorrente
em todos os níveis, etapas e modalidades da educação. Fundamentos filosóficos O
fundamento filosófico mais radical para a defesa da inclusão escolar de pessoas com
deficiências é, sem dúvida, o fato de que todos nascemos iguais e com os mesmos direitos,
entre eles o direito de convivermos com os nossos semelhantes. Não importam as
diferenças, não importam as deficiências: o ser humano tem direito de viver e conviver com
outros seres humanos, sem discriminação e sem segregações odiosas. E quanto mais
“diferente” o ser humano, quanto mais deficiências ele tem, mais esse direito se impõe. E
este é um direito natural, que nem precisaria estar positivado em lei. Não precisava constar
na Constituição. Assim, o direito de estar numa sala de aula, junto com crianças da mesma
idade, com ou sem deficiência, é anterior ao direito do professor de dar aula. O direito da
criança e do adolescente de estar numa sala de aula é um direito que decorre do fato de ele
ser cidadão, é um direito natural. O direito do professor de dar aula decorre de uma portaria,
que, em certos casos, pode ser revogada a qualquer momento. Ninguém pode revogar o
direito à convivência e à educação. Em certo sentido, a escola é a continuação e a
amplificação da família. A segregação, a discriminação, a exclusão é odiosa, tanto na família
quanto na escola. O direito à educação, o direito de frequentar a escola comum (junto com
os ditos Página10 Faculdade de Minas “normais”), o direito a aprender nos “limites” das
próprias possibilidades e capacidades, são decorrentes do direito primordial à convivência,
até porque é na convivência com seres humanos - “normais” ou diferentes - que o ser
humano mais aprende. Nesse sentido, o professor precisa perder a ilusão de que é com ele
que a criança vai aprender as coisas mais importantes para a vida, aquelas das quais ele
mais vai precisar. A maior parte do que o ser humano aprende, o aprende na convivência,
na interação, através dos mecanismos que Piaget denomina de acomodação e adaptação,
enfrentando os problemas do dia-a-dia. A boa escola é aquela que, ombreando com a
escola da vida, oferece ao aluno bons “cardápios”, com produtos de boa qualidade, através
de situações-problema, de questões bem elaboradas, de roteiros de trabalho, de projetos,
de aulas onde o ator principal é o aluno e não o professor. Fundamentos psicológicos Do
ponto de vista psicológico e afetivo, não há dúvida de que é na interação com o grupo e com
as diferenças de sexo, de cor, de idade, de condição social e com as diferenças de aptidões
e de capacidades físicas e intelectuais existentes no grupo que a criança vai construindo sua
identidade, vai testando seus limites, desafiando suas possibilidades e, consequentemente,
aprendendo. Este é o mundo real. E quanto mais diversificadas forem essas experiências,
quanto mais instigantes esses desafios, mais a criança aprende. Segregar a pessoa com
deficiência é negar-lhe o direito a viver num mundo real, é negar-lhe o direito a aprender
pela convivência com pessoas ditas não deficientes. A aceitação da criança deficiente pelos
colegas vai depender muito do Página11 Faculdade de Minas professor colocar em prática
uma pedagogia inclusiva que não pretenda a correção do aluno com deficiência, mas a
manifestação do seu potencial. A escola, nesta perspectiva, deve buscar consolidar o
respeito às diferenças, vistas não como um obstáculo para o cumprimento da ação
educativa, mas como fator de enriquecimento e melhoria da qualidade de ensino e
aprendizagem para todos, tanto para alunos com deficiência quanto para aqueles sem
deficiência. Por isso, numa perspectiva de escola inclusiva, o ambiente escolar deve
representar, com a maior fidelidade possível, a diversidade dos indivíduos que compõem a
sociedade. São as diferenças que possibilitam enriquecer as experiências curriculares e que
ajudam a melhor assimilar o conhecimento que se materializa nas disciplinas do currículo.
Somente numa escola em que a sociedade, sempre plural e heterogênea, esteja
equitativamente representada, com alunos com deficiências ou não, é que o currículo
escolar pode cumprir sua função: construir a cidadania e preparar os alunos para viverem
em harmonia fora da escola, dotados de habilidades e competências que a experiência de
escola e o conhecimento nela construído os ajudou a desenvolver. Nessa concepção de
escola que não exclui ninguém, em que a deficiência, seja ela qual for, não deve constituir
barreira para a criança permanecer na escola e aprender, vem assumindo particular
importância e papel decisivo o atendimento educacional especializado, que tem como
pressuposto fundamental o direito da criança com deficiência a frequentar a escola comum e
de nela progredir, dentro de seus limites e possibilidades. Página12 Faculdade de Minas Os
fundamentos legais A rigor, como já dito acima, os direitos da pessoa com deficiência em
relação à educação nem precisariam estar positivados em lei: são direitos originários,
fundamentais, que decorrem do simples fato de o sujeito desses direitos ser pessoa
humana. Em geral, porém, para, de um lado, serem melhor explicitados e ganharem mais
força cogente, e, por outro, para que fiquem mais claras as responsabilidades de quem lhes
deve garantir a eficácia, esses direitos acabam sendo recepcionados em textos legais que
vão desde os tratados internacionais até uma simples portaria ministerial ou parecer de um
órgão colegiado, passando pelas leis ordinárias e pela própria constituição do país. Foi o
que aconteceu com os direitos das pessoas com deficiências, particularmente, com o direito
à educação, visto na perspectiva da educação inclusiva, não como um movimento de mão
única, mas como um processo de mão dupla, onde, por um lado, se reconhece à pessoa
com deficiência direito a frequentar e a usufruir todos os espaços e condições de vida, as
mais normais possíveis, e, por outro, se atribui à sociedade, através do poder público, a
responsabilidade de garantir à pessoa com deficiência reais condições de acessibilidade a
todos os bens materiais e culturais socialmente produzidos e disponíveis, eliminando toda e
qualquer barreira - física, cognitiva, cultural - que se interponha entre a pessoa com
deficiência e esses bens. Página13 Faculdade de Minas Do conceito de integração, que
acentua o processo de adaptação do aluno com deficiência ao grupo, passa-se ao conceito
de inclusão, que enfatiza a responsabilidade da sociedade de se reorganizar de forma a
garantir, por meio de políticas públicas definidas e concretas, condições físicas, materiais, de
recursos humanos, de equipamentos e de instrumentos legais que permitam à pessoa com
deficiência ser um cidadão como qualquer outro e ter a possibilidade concreta de usufruir de
tudo o que a sociedade oferece para que a inclusão escolar realmente se efetive, na sua
total dimensão. Sem ter a pretensão de esgotar o tema referente às bases legais de uma
concepção de educação inclusiva, vamos fazer referência apenas aos documentos que nos
parecem fundamentais e que, na sua essência, apontam para a mesma direção: o direito da
criança com deficiência à educação, e, decorrente dele, o direito dessa criança de ser
matriculada numa turma de escola comum, junto com as crianças da sua idade, com
garantia de meios e recursos que supram os seus impedimentos à aprendizagem e ao seu
desenvolvimento afetivo e cognitivo. Fundamentado em sólidos pressupostos filosóficos e
psicológicos, o direito da criança com deficiência de frequentar a escola comum e de
receber nela um atendimento educacional especializado encontra-se hoje legalmente
reconhecido e solidamente regulamentado. Esse direito, na verdade, foi reconhecido pela
primeira vez, de forma solene, na Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1948,
onde se proclama que todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos, sem
distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de qualquer outra natureza.
Ao afirmar que todas as pessoas nascem iguais em dignidade e direitos, os signatários
dessa declaração estavam dizendo também, indubitavelmente, que o direito à Página14
Faculdade de Minas educação, pública e gratuita, não está condicionado a nenhum tipo de
performance, seja ela física, auditiva, visual ou cognitiva. Passo importante no caminho do
reconhecimento dos direitos das pessoas deficientes foi a resolução aprovada pela
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 9 de dezembro de 1975,
conhecida como Declaração dos direitos das pessoas deficientes, na qual se afirma que a
pessoa com deficiência, qualquer que seja a origem, a natureza e a gravidade dessa
deficiência, tem os mesmos direitos fundamentais que seus concidadãos da mesma idade, o
que implica, antes de tudo, o direito de desfrutar de uma vida decente, tão normal e plena
quanto possível, inclusive, e sobretudo, no que diz respeito à educação. Quarenta anos
depois da Declaração Universal dos Direitos Humanos, sensível à reflexão que se vinha
fazendo no mundo inteiro, e, particularmente, aqui no Brasil, acerca do tema, o constituinte
de 1988, ao explicitar os deveres do Estado brasileiro em relação à educação, estabelece
que um dos serviços que devem ser garantidos para o cumprimento desse dever é o do
atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência, que deve ser oferecido
preferencialmente na rede regular de ensino (CF, art. 208, inciso III). A partir dos anos 90, a
reflexão em torno da natureza e das políticas relativas à educação especial foram se
intensificando e vários documentos foram aprovados, tanto no âmbito nacional quanto
internacional, consolidando em leis a linha de discussão que se vinha fazendo em torno do
tema, sempre no sentido de que a criança com deficiência, seja essa deficiência física,
visual, auditiva, cognitiva ou de Página15 Faculdade de Minas qualquer outro tipo, tem
direito de ser matriculada em escolas comuns, nelas permanecer e de receber nelas o
atendimento de que necessita para superar os impedimentos e as barreiras que lhe
dificultam a aprendizagem, o pleno exercício da cidadania e a inserção no mundo do
trabalho, nos limites de suas capacidades. No Brasil, após a Constituição de 1988, a
discussão em torno do tema da educação especial ganhou espaço e se aprofundou. Fruto
dessa reflexão, foram sendo editados textos legais nos quais, não obstante alguns recuos, a
ideia da inclusão escolar entendida como direito de acesso da criança com deficiência na
escola comum e de nela receber o atendimento de que necessita para vencer as barreiras
que lhe dificultam a aprendizagem se consolida em definitivo. Dois anos após a
promulgação da Constituição, em 1990, esse direito foi reforçado no Estatuto da Criança e
do Adolescente (art. 54, inciso III). Sem querer esgotar a matéria, elencamos a seguir os
principais textos legais que se referem ao tema: Lei nº 7.853/89. Dispõe sobre o apoio às
pessoas com deficiências, sua integração social e pleno exercício de direitos sociais e
individuais. LDB nº 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A LDB
dedica à educação especial os artigos 58, 59 e 60 do Capítulo V. A exemplo do que fizera o
Estatuto da Criança e do Adolescente, a LDB considera a educação especial uma
modalidade de educação escolar, a ser oferecida, preferencialmente, na rede regular de
ensino. Parecer CNE/CEB nº 16/99. Dispõe sobre educação profissional de alunos com
necessidades educacionais especiais. Resolução CNE/CEB nº 4/99. Dispõe sobre
educação profissional de alunos com necessidades educacionais especiais.
Decreto nº 3.298/99. Regulamenta a Lei 7.853/89, dispõe sobre a política nacional para
integração da pessoa portadora de deficiências, consolida as normas de proteção ao
portador de deficiências. Lei nº 10.098/2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos
para a promoção de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida e dá outras providências. Resolução CNE/CEB nº 2/2001. Institui
Diretrizes e Normas para a Educação Especial na Educação Básica. No seu art. 2º, assim
dispõe a Resolução: “Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às
escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais
especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para
todos.” (MEC/SEESP, 2001). Parecer CNE/CEB nº 17/2001. Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica. Lei nº 10.172/2001. Aprova o Plano Nacional de
Educação - PNE e dá outras providências. No tópico 8 do texto aprovado, o PNE aponta
diretrizes para a política de educação especial no Brasil e indica objetivos e metas para a
política de educação de pessoas com necessidades educacionais especiais. Decreto nº
6.094/2007. Dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela
Educação. No art. 2º, inciso IX, o documento aponta como uma das diretrizes do plano, na
qual devem se empenhar Municípios, Estados, Distrito Federal e União, a garantia de
acesso e permanência das pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes
comuns do ensino regular, fortalecendo a inclusão educacional nas escolas públicas.
Decreto nº 186/2008. Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de
2006. Página17 Faculdade de Minas Decreto nº 6571/2008. Dispõe sobre o atendimento
educacional especializado. Resolução CNE/CEB nº 4/2009. Institui as diretrizes
operacionais para o atendimento educacional especializado na Educação Básica,
modalidade Educação Especial. Além desses documentos, de natureza legal, cabe referir,
ainda, como textos fundamentais na reflexão e na difusão de ideias, conceitos e diretrizes
afinadas com a concepção de educação especial na perspectiva da educação inclusiva, os
seguintes documentos: - 2004 - O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes
Comuns da Rede Regular, do Ministério Público Federal, que teve por objetivo disseminar os
conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, reafirmando o direito e os benefícios da
escolarização de alunos com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino regular. - 2008
- O documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva, elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada
pela Portaria nº 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008.
-2010 - A Nota Técnica SEESP nº 10/2010 Orientações para institucionalização da oferta do
atendimento educacional especializado (AEE) em Salas de Recursos Multifuncionais
implantadas nas escolas regulares. -2010 - O documento Construindo o Sistema Nacional
Articulado de Educação: o Plano Nacional de Educação – Diretrizes e Estratégias de Ação,
aprovado pela Assembleia da Conferência Nacional da Educação (CONAE), em 1º de abril
de 2010. No Eixo VI do referido documento - Justiça Social, Educação e Trabalho: Inclusão,
Página18 Faculdade de Minas diversidade e igualdade - ao tratar especificamente da
educação especial, o texto aponta as responsabilidades do poder público no que tange à
educação especial, as metas a serem perseguidas, os instrumentos, os recursos e os
modos operacionais para atingi-las, enfatizando sempre o direito da criança com deficiência
de ser atendida na escola comum. Conceito da Educação inclusiva Educação inclusiva é
uma modalidade de educação que inclui alunos com qualquer tipo de deficiência ou
transtorno, ou com altas habilidades em escolas de ensino regular. A diversidade proposta
pela escola inclusiva é proveitosa para todos. De um lado estão os alunos com deficiência,
que usufruem de uma escola preparada para ajudá-los com o aprendizado e do outro, os
demais alunos que aprendem a conviver com as diferenças de forma natural, a desenvolver
o sentido de entreajuda, o respeito e a paciência. O público-alvo do Plano Nacional de
Educação (PNE) no que diz respeito à educação inclusiva, são alunos com deficiência
(intelectual, física, auditiva, visual e múltipla), com transtorno do espectro autista e com altas
habilidades (superdotados). Página19 Faculdade de Minas A inclusão ajuda a combater o
preconceito buscando o reconhecimento e a valorização das diferenças através da ênfase
nas competências, capacidades e potencialidades de cada um. Esse conceito tem como
função a elaboração de métodos e recursos pedagógicos que sejam acessíveis a todos os
alunos, quebrando assim as barreiras que poderiam vir a impedir a participação de um ou
outro estudante por conta de sua respectiva individualidade. Um dos objetivos da inclusão
escolar é o de sensibilizar e envolver a sociedade, principalmente a comunidade escolar.
Educação inclusiva no Brasil A educação inclusiva foi implementada pelo MEC (Ministério da
Educação e Cultura) no sistema de ensino brasileiro em 2003. Antes disso, o sistema
educativo brasileiro ainda era segmentado em duas vertentes: Escola especial: para alunos
com qualquer tipo de deficiência ou transtorno, ou com altas habilidades. Escola regular:
para alunos que não tinham nenhum tipo de deficiência ou transtorno, e nem altas
habilidades. Página20 Faculdade de Minas O Plano Nacional de Educação (PNE) atual
integra os alunos que antes iriam para a escola especial na escola regular. Inclusão Escolar
e suas implicações A luta para que a criança considerada especial pudesse está inserida no
meio escolar com os demais alunos, foi ao longo do tempo se constituindo numa realidade
conquistada. Há muito tempo se vem tentando fazer com que a escola se prepare para
receber os alunos com qualquer tipo de deficiência para lhes oferecer uma educação de
qualidade, pois por muito tempo essas crianças foram segregadas e viveram a margem da
sociedade. Historicamente o movimento pela inclusão pode ser considerado como parte de
uma série de movimentos em favor da garantia da igualdade dos direitos sociais de
participação, acesso e permanência nos vários bens e serviços sociais, incluindo a
educação. Página21 Faculdade de Minas Nesse sentido, vários documentos foram sendo
criados para sustentar o direito das crianças com deficiências de terem uma vida com o
mesmo respeito e consideração que as consideradas normais. Os dispositivos legais, tendo
a Constituição Federal como base principal, garantem o direito à educação, o acesso à
escola e desenvolvimento do bem-estar de todos, sem descriminação para pessoas com
deficiências ou não. Realizando uma breve análise comparativa entre as leis de Diretrizes e
Bases da Educação - LDB no Brasil de 1961 e a de 1996, vemos saltos qualitativos no
cenário da inclusão escolar em relação às mudanças de um documento para o outro. Pois, o
primeiro texto dedica apenas um artigo para destacar sobre a inclusão de crianças com
necessidades educacionais especiais, ao qual se denominava de crianças excepcionais. O
artigo 88 mencionava que “A educação de excepcionais, deve, no que for possível,
enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade”. (BRASIL,
1961). Enquanto que a lei 9394/96, como resultado do avanço nas discussões em torno da
inclusão escolar de crianças com necessidades educacionais especiais, dedica um capítulo
exclusivo para tratar da inclusão. Em suma, a nova LDB propõem que: Os sistemas de
ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos,
técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades;
Página22 Faculdade de Minas II - terminalidade específica para aqueles que não puderem
atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas
deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os
superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para
a integração desses educandos nas classes comuns. (BRASIL, 1996). Outro documento que
explicita os direitos reservados a pessoa com deficiência, é a Lei n° 7.853 de 1989, que
dispõe sobre os direitos individuais e sociais da pessoa com deficiência. Esta se refere aos
direitos: a saúde, formação profissional e do trabalho, acessibilidade, garante na área da
educação o apoio necessário a estas crianças com todos os benefícios disponibilizados às
demais crianças. Ademais, destaca-se nesta lei a garantia ao “acesso de alunos portadores
de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar,
merenda escolar e bolsas de estudo.” (BRASIL, 1989). Mais conhecida como Estatuto da
Criança e do Adolescente, a Lei nº 8.069 de 1990 é mais um dos documentos de legalização
dos direitos da criança, que apresenta em seu texto os direitos educacionais e sociais das
crianças com deficiência. Esta lei garante, dentre outras coisas: o atendimento educacional
especializado às crianças com deficiência, preferencialmente, na rede regular de ensino;
trabalho protegido ao adolescente com deficiência; prioridade de atendimento nas ações e
políticas públicas de prevenção e proteção para famílias com crianças e adolescentes nessa
condição. Nesse cenário de discussão e afirmação dos direitos das pessoas com
deficiências, alguns movimentos, a nível mundial, também merecem destaque por terem
sido marco histórico na defesa da inclusão escolar. Pois, contribuíram Página23 Faculdade
de Minas substancialmente para a ressignificação e constituição de documentos nacionais,
especificamente, no Brasil. A Conferência Mundial sobre Educação para Todos de 1990, por
exemplo, garante o direito a todos no sentido amplo da palavra direito, considerando para
isto as pessoas com deficiências. Como podemos ver em seu art. 6º: A aprendizagem não
ocorre em situação de isolamento. Portanto, as sociedades devem garantir a todos os
educandos assistência em nutrição, cuidados e apoio físico e emocional essencial para que
participem ativamente de sua própria educação e dela se beneficiem. (Conferência Mundial
sobre Educação para Todos, 1990, Artigo 6 º). Outro movimento de repercussão mundial
que se destacou na década de 1990 foi a Declaração de Salamanca (1994). Esta visa
conscientizar a necessidade das instituições, de forma geral, adotarem uma conduta
inclusiva capaz de atender a todos indistintamente, adequando-se as necessidades
individuais de cada um. Para tanto, defende a ideia da adequação curricular, planejamento
de estratégias para que alunos que apresentam dificuldades possam aprender da mesma
forma que os demais. Desse modo, torna-se visível a defesa da educação para todos no
texto do art. 7º da declaração: O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em
todos os alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente das
dificuldades e das diferenças que apresentem. Estas escolas devem reconhecer e satisfazer
as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos de
aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos, através de
currículos adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, de
utilização de recursos e de uma cooperação com as respectivas comunidades. É preciso,
portanto, um conjunto de apoios e de serviços para Página24 Faculdade de Minas satisfazer
o conjunto de necessidades especiais dentro da escola. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA,
1990, p. 11-12). A Declaração de Salamanca constitui-se um importante documento que
fundamenta as ações da tendência inclusiva, estabelecendo as diretrizes orientadoras da
construção da prática à inclusão e acessibilidade, a fim de oportunizar a educação de
qualidade para todos, estendendo às pessoas com necessidades educacionais especiais, o
direito de cidadania atendida com equidade, no gerenciamento de suas reais condições de
escolaridade. A instituição que conta com alunos que apresentam necessidades
educacionais especiais incluídos, necessita esforçar-se para bem acolhê-los, oferecendo
atender adequadamente cada caso, de forma que todos os alunos possam beneficiar-se
com as medidas de adaptação, adequação e acessibilidade que necessitam. A inclusão
educacional propõe um modo novo de interação no contexto sócio educacional,
demonstrando o valor das relações, pois só é possível a aprendizagem quando ocorrem
interações. Em seguida, vem a Convenção de Guatemala (1999), discutindo as
discriminações enfrentadas pelas pessoas com deficiências. Esta compreende que todos os
indivíduos têm direitos iguais e destaca como objetivo “prevenir e eliminar todas as formas
de discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e propiciar a sua integração à
sociedade”. Diante de todos esses discursos que promovem possibilidades de acesso
igualitário aos bens sociais, como uma educação de qualidade, sabe-se que apenas os
documentos não garantem a efetividade da inclusão. Por outro lado, esses movimentos, leis
e declarações, apesar de não garantir a inclusão, por si só, consolidam uma visão de que as
diferenças 16 existem e seus direitos são válidos, ou seja, direito ao pleno desenvolvimento
dentro de suas potencialidades. Página25 Faculdade de Minas Por isso: Os sistemas de
ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o
atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as
condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (BRASIL, 2001b).
Assim sendo, os sistemas de ensino devem estar cientes de sua incumbência frente à visão
inclusiva de sociedade, garantindo não apenas a matrícula do aluno, mas dando suporte
para sua permanência na escola. Partindo dessa perspectiva inclusiva, a política da
educação no Brasil teve avanços significativos, principalmente no sistema público de ensino.
Além da garantia de ingresso e permanência das crianças com necessidades educacionais
especiais, prima-se pela qualidade do ensino ao propor estratégias como: Atendimento
Educacional Especializado (AEE), profissionais capacitados, recursos didáticos e
pedagógicos. Portanto, para que se realize um ideário de educação para todos, faz-se
necessário ir além de criar possibilidades para um grupo de pessoas com determinadas
necessidades educacionais especiais. Pois os sistemas de ensino precisam oferecer
oportunidades e possibilidades de desenvolvimento a todos sem exclusão de um grupo em
benefício de outro. Como destaca Mantoam (1997) o princípio democrático de “educação
para todos” só se evidencia nos sistemas educacionais que se especializam em todos os
alunos e não apenas em alguns deles, os deficientes em geral. Há muito ainda a ser feito
para que se possa caracterizar um sistema como apto a oferecer oportunidades
educacionais a seus alunos, de acordo com as especificidades de cada um, sem cairmos
nas teias da educação especial e suas modalidades de exclusão. Diante disso, acredita-se
haver uma interpretação errônea do que vem a ser inclusão, já que incluir o aluno na classe
regular de ensino não é apenas tê-lo na Página26 Faculdade de Minas escola. Mas, é
necessário buscar estratégias e recursos diferenciados que sejam capazes de alcançar a
todos indistintamente. Lembrando que esta maneira diferenciada também não pode se
tornar excludente, mas, harmonizar-se, haja vista que o foco não pode estar na deficiência
assim como esta, não pode ser desconsiderada. Com isso, o desafio é construir e pôr em
prática no ambiente escolar uma pedagogia que consiga ser comum ou válida para todos os
alunos da classe escolar, porém capaz de atender aos alunos cujas situações pessoais e
características de aprendizagem correspondentes requeiram uma pedagogia diferenciada.
Tudo isso sem demarcações, preconceitos, ou atitudes nutridoras dos indesejados estigmas.
Assim, percebe-se que há possibilidades de mudanças quando se visualiza os avanços em
relação à inclusão, pois há uma preocupação em que as escolas se organizem para oferecer
um atendimento educacional a todos. É essencial “oferecer um ensino de qualidade para
todos os educandos, inclusive para os que têm alguma deficiência ou problema que afete a
aprendizagem”. Nesse sentido, corrobora-se que as implicações sobre inclusão escolar
devem ser permeadas e (re) significadas a partir da perspectiva histórico-cultural de
Vigotski. Os estudos deste teórico sobre “desenvolvimento comparativo entre a criança
normal e a criança anormal ou com defeito – termos utilizados à época de Vigotski – parte
do pressuposto de que as leis que regem o desenvolvimento de ambas as crianças são
basicamente as mesmas”. (KELMAN, 2010). O entendimento de que a criança com
desenvolvimento dito normal e crianças com necessidades educacionais especiais
aprendem pelo mesmo princípio, nos leva a reflexão sobre a necessidade de proporcionar
situações de aprendizagem para que essas crianças desenvolvam-se igualmente sem
prejuízo. De acordo com Vigotsk o aprendizado não é desenvolvimento; entretanto, o
aprendizado adequadamente Página27 Faculdade de Minas organizado resulta em
desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de
outra forma, seriam impossíveis de acontecer. Tal abordagem teórica destaca que as
aprendizagens desenvolvidas ao longo da vida por meio dos mecanismos biológicos e
culturais, se forem vividas nas relações de forma significativas, resultarão em
desenvolvimento. Kelman (2010) baseando-se na abordagem histórico-cultural, enfatiza que
nos instituímos na “nossa herança cultural e biológica para usar a linguagem e outras
ferramentas culturais e, também para aprender uns com os outros por meio de processos
educacionais. A cultura, entretanto, é sempre histórica e socialmente construída”. A mesma
autora destaca o fato de o funcionamento humano buscar alternativas para desenvolver-se
quando os padrões considerados normais sofrem alguma alteração. Crianças cegas buscam
caminhos alternativos para poder receber a informação e, por conseguinte, aprender.
Crianças surdas dependem do que hoje vem sendo conhecida como pedagogia visual.
Dessa forma, pode-se dizer que apesar das leis gerais serem as mesmas, existem
possibilidades distintas de desenvolvimento, o que caracteriza a singularidade do
desenvolvimento de crianças com necessidades especiais. O maior desafio do professor
consiste em descobrir como crianças com necessidades educativas especiais conseguem
atingir os processos psicológicos superiores, quais são as estratégias pedagógicas que
possibilitam os caminhos Página28 Faculdade de Minas alternativos para que ocorram
processos interativos significativos, levando à aprendizagem e, por conseguinte, ao
desenvolvimento. Portanto os estudos apontam para a possibilidade de desenvolvimento e
aprendizagem das crianças com funcionamento diferenciado dos demais, resta saber se
estes estudos são considerados colocando a visão na possibilidade ou na dificuldade da
criança. Quando se reafirma que apesar de as leis, decretos e outros corroborarem para
uma educação de qualidades para todos, ainda persiste a desigualdade e a exclusão.
Reafirmamse, também, as possibilidades, tendo em vista, que a educação inclusiva ainda se
faz num processo, ou seja, não é algo acabado e consumado, pois há que ser consolidado
muito daquilo que se tem proclamado como direito de todos. Atendimento Educacional
Especializado (AEE) De acordo com o MEC, a educação inclusiva abrange todos os níveis
de escolaridade (Educação infantil – Ensino superior) e dispõe de Atendimento Educacional
Especializado (AEE) para orientar professores e alunos quanto à utilização da metodologia.
É importante ressaltar que a escola especial não foi extinta. É nela que os alunos dispõem
do AEE como complemento e apoio ao ensino regular, sempre que necessário, mas não
como substituição da escola regular. Desta forma, a educação especial deixou de ser uma
modalidade substitutiva e passou a ser uma modalidade complementar, mas não deixou de
existir. Página29 Faculdade de Minas Se além do que é oferecido pela escola inclusiva por
padrão um aluno tiver necessidade de uma abordagem diferenciada para que seu
aprendizado seja facilitado, podem ser requeridos recursos de NEE (necessidades
educacionais especiais). Esses recursos consistem em um acompanhamento direcionado,
fora do horário normal que o aluno frequenta na escola inclusiva. Veja abaixo alguns dos
recursos dos quais os alunos podem dispor, de acordo com as suas respectivas deficiências:
Deficiência visual e auditiva: linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização
(ex: Braille, LIBRAS). Deficiência intelectual: mediação para desenvolver estratégias de
pensamento (ex.: comunicação alternativa). Deficiência física: adequação do material
escolar e do ambiente físico (ex.: cadeiras, tecnologia assistiva). Transtorno do espectro
autista (autismo): abordagens diferentes para adequação e orientação do comportamento
(ex.: comunicação alternativa). Altas habilidades: aumento dos recursos educacionais e/ou
aceleração de conteúdos. O público-alvo da educação inclusiva é composto por alunos com
deficiência (intelectual, física, auditiva, visual e múltipla), transtorno do espectro autista
(autismo) e altas habilidades. Página30 Faculdade de Minas Principais desafios A
idealização do ensino inclusivo e seus objetivos são conceitos extremamente válidos, porém
a realidade com a qual os alunos, professores e demais pessoas envolvidas no projeto
enfrentam no dia a dia são bem diferentes. Veja abaixo alguns dos principais desafios da
educação inclusiva: A estrutura física dos estabelecimentos nem sempre é adequada. Falta
de introdução de recursos e de tecnologia assistiva. Número excessivo de alunos por turma.
Preconceito em relação à deficiência. Falta de formação para as equipes das escolas. Falta
de professores especializados ou capacitados. Considerações Finais O sistema
educacional, por suas características homogeneizadoras, deixa muito a desejar, quanto ao
suporte e apoio necessário aos profissionais, para atendimento das necessidades
educacionais de seus educandos. Mesmo assim, esforçando-se para assumir o trabalho
educativo dos alunos inclusos nas classes comuns, luta para realizar a proposta inclusiva,
apesar da falta de preparo para enfrentar a causa da diversidade, a inclusão flagra as
carências que passam tais alunos, em relação à diversidade de atendimento. Enfrentar as
barreiras implica numa soma de desafios que necessitam ser avaliados e,
consequentemente, removidos, a partir de sua perspectiva de ingresso na instituição
Página31 Faculdade de Minas educativa. Tornasse fundamental, auxiliá-las, de acordo com
as necessidades que apresentam, evitando que evadam da escola. A orientação segura e
motivadora, dirigida ao educando para mantê-lo no processo educacional, é de suma
importância, tendo em vista a cidadania participativa e atuação de forma inteligente e
construtiva. Portanto, a grande proposta da inclusão é transformar a escola no reduto de
todos os alunos. As mudanças necessárias, a habilitá-la para educar efetivamente todos os
alunos buscam, priorizar as especificidades dos educandos independente de suas
diferenças, tornando-se necessário reavaliar o Projeto Político Pedagógico. O processo de
inclusão não é apenas tendência temporária ou passageira. Sua concretização requer
meticulosa atenção na sequência da organização do desenvolvimento sociocultural,
entendido como fator de configuração humana. Urge que o processo de reestruturação das
escolas evolua gradativamente como um todo, sob a responsabilidade de toda a sociedade,
empenhada em garantir condições de acessibilidade, mobilidade e adaptações curriculares.
Isto inclui o currículo, a avaliação, os registros, as decisões sobre agrupamentos de alunos
nas escolas e nas salas de aula, bem como oportunidades de esporte, lazer e recreação. O
objetivo é garantir o acesso e a participação de todas as crianças em todas as
oportunidades oferecidas pela escola e impedir o isolamento e a segregação. (CESTARI,
MONROY, SHIMAZAKI, 2010). A inclusão escolar deve ter como características as
condições de qualidade de atendimento às pessoas com necessidades específicas de
atendimento educacional, oferecendo reais oportunidades de desenvolvimento a todos. O
convívio interativo estimula a toda coletividade com maior capacidade à aprendizagem,
sobretudo, ao aluno com deficiência. Página32 Faculdade de Minas Inclusão significa
convidar aqueles (de alguma forma) têm esperado para entrar e pedir-lhes para ajudar a
desenhar novos sistemas que encorajem todas as pessoas a participar da completude de
suas capacidades – como companheiros e como membro. (MANTOAN, 1997). No processo
de inclusão, não é apenas o aluno que precisa adaptar-se à escola e, sim, a escola, que
necessita preparar-se para receber este aluno. Nesse sentido, a Declaração de Salamanca
(UNESCO, 1994, p. 01) afirma: “Toda criança tem direito a educação e deve possuir as
mesmas oportunidades de aprendizagem; Toda criança possui suas particularidades,
aptidões e necessidades de aprendizagem”. Os sistemas e programas educacionais
necessitam ser estabelecidos e praticados levando em conta a extensa diversidade de
características e necessidades. Portanto, os alunos com necessidades educacionais
especiais devem ter acessibilidade ao ensino regular. As escolas regulares, seguindo esta
orientação inclusiva, constituem os meios mais capazes para combater as atitudes
discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo uma sociedade
inclusiva e atingindo a educação para todos. Além disso, “tais escolas provém uma
educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o
custo de todo o sistema educacional (...)”. (UNESCO, 1994, p.09). Portanto, incluir não
significa apenas permitir a matrícula de alunos com necessidades especiais no sistema
regular de ensino, sem investir em propostas Página33 Faculdade de Minas facilitadoras de
inclusão e de acessibilidade. Ficando mais exposto à discriminação, é na escola que ocorre
com mais frequência a prática do bullying, do desprezo e a falta de atenção dos
responsáveis torna mais vulnerável e fragilizada a permanência do aluno incluso que, por
vezes, é visto como intruso. Inclusão é o aprofundamento das reflexões em torno do
processo de ensino e aprendizagem com a necessária reestruturação do sistema
educacional, para que as crianças com necessidades especiais, deficientes ou não, sejam
atendidas nas suas especialidades e particularidades, satisfazendo suas necessidades de
aprendizagem.

REFERÊNCIAS

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Educação Especial, 2006a. BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o
Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] União,
Poder Executivo, Brasília, DF, 16 jul. 1990. BRASIL. Educação inclusiva: direito à
diversidade. Brasília, DF: Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial, 2006b.
BRASIL. Lei nº 10.172, de 09 de janeiro de 2001a. Aprova o Plano Nacional de Educação e
dá outras providências. BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de
outubro de 1988. . Acesso em 09 set 2015. BRASIL, Ministério da Educação. Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Disponível em http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. BRASIL. Conselho Nacional de
Educação. Resolução nº 4 de 2010. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de julho de 2010,
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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Nacionais
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Educação, 2005. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica.
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2001. Seção 1E, p. 39-40. Página35 Faculdade de Minas BRASIL. Ministério da Educação.
Diretrizes Nacionais para a o Educação Especial na Educação Básica. Secretaria da
Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 2001. BRASIL. Educação inclusiva: v. 3: A
escola. Coordenação Geral: SEESP/MEC. Organização: Maria Salete F. Aranha. Brasília:
MEC/ SEESP, 2004. DUTRA, Claudia P. In: Inclusão - Revista da Educação Especial/
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12/Entrevista. CESTARI, A. C. J.; MONROY, A.; SHIMAZAKI, E. M. Fundamentos e políticas
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MANTOAN, Maria Teresa Eglér. A Integração de pessoas com deficiência: contribuições
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Fundepe Editora, 2008. SILVA, T. T. Documentos de identidade - Uma introdução às teorias
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