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Pesquisa Científica
Lucelmo Lacerda

Uma pesquisa científica precisa, primeiramente, de um projeto bem


delineado, que seja capaz de nos guiar em busca da resposta a um problema,
evitando os enviesamentos que tendemos a ter. Vou apresentar aqui as partes
usualmente estabelecidas em um projeto:

Tema
Neste campo, apresentamos a temática estudada, se o estudo é sobre a
inclusão de crianças com autismo, por exemplo, descrevemos o que seja o
autismo e o que seja a inclusão, por exemplo.
Neste tópico é que deve aparecer uma revisão da literatura (que às vezes aparece
como um tópico separado) especializada sobre o tema, em que as principais
informações científicas sobre a temática são apresentadas.

Problema
O problema de pesquisa é uma pergunta que a pesquisa visa responder.
É preciso tomar muito cuidado aqui para saber se você é capaz de responder à
pergunta, por isso ela precisa ser bastante específica. Se eu vou acompanhar e
medir o comportamento de sentar de crianças com autismo que, em alguns dias
têm um acompanhante e outros dias não tem, ao invés de formular o problema
“A inclusão escolar é benéfica para crianças com autismo?”, eu deveria propor
um problema muito mais específico, como “Quais são os impactos do mediador
escolar no comportamento de sentar de crianças com autismo em uma escola
pública nas séries iniciais do ensino fundamental?”

Hipótese
Uma pesquisa não necessariamente precisa ter uma hipótese prévia, mas
isso é uma boa formulação em diversos contextos. A hipótese é a resposta para
o problema que o pesquisador acredita que será alcançada. Isto é, a hipótese é
a resposta prévia, antes da testagem e serve para modelar adequadamente a
metodologia que ele utilizará e então esta hipótese, ao fim, será corroborada ou

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falseada ou refutada. No problema acima exemplificado, seria uma boa hipótese
supor que a presença do mediador escolar aumenta a probabilidade da maior
parte das crianças permanecer sentada.

Justificativa
Uma pesquisa precisa ter um valor social, de alguma forma responder a
um problema social. Quando falamos em pesquisa básica, esse valor social está
em responder a uma dúvida, ao conhecimento de certo elemento da realidade,
mas na pesquisa aplicada, que é o contexto das pós-graduações a que
chamamos de “especialização”, é preciso esclarecer qual é o impacto social da
pesquisa. Vamos continuar no mesmo exemplo já descrito, sabemos que
crianças com autismo são 1 a cada 54 crianças, sabemos que ficar sentado é
um requisito para a aprendizagem escolar, então, sabermos se o mediador
escolar aumenta ou não este comportamento tem um impacto direto na
formulação de políticas públicas e na aprendizagem de crianças com autismo,
isto é, tem altíssimo valor social, que precisa ser descrito no projeto.

Objetivo Geral
Trata-se de uma variação do problema de pesquisa, meu objetivo geral é
justamente responder à pergunta, então eu diria algo como “descrever os
impactos da presença do mediador escolar no comportamento de sentar de
crianças com autismo nas séries iniciais do Ensino Fundamental na escola
pública”. O objetivo geral deve ser o de descrever, analisar, verificar, formular,
isto é, apresentar uma resposta ao problema de pesquisa.

Objetivos específicos
Para eu alcançar meu objetivo geral, há diversos passos, diversos
objetivos intermediários a serem alcançados que, somados, respondem à
pergunta de pesquisa, estes são os objetivos específicos. Neste caso
exemplificado, por exemplo, não seria nada fácil verificar os impactos da
mediação escolar no comportamento de sentar de crianças com autismo, então
eu precisaria de diversos objetivos específicos, tais como:

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A. Descrever os principais desafios de aprendizagem de crianças com
autismo na escola inclusiva;
B. Avaliar o comportamento dos professores diante dos estudantes com
autismo;
C. Descrever o comportamento dos professores regentes quando os
estudantes estão sentados ou em pé e com ou sem mediadores
escolares;
D. Medir o comportamento de sentar das crianças com autismo com e
sem a presença dos mediadores escolares;
E. Avaliar a topografia do comportamento de sentar das crianças com
autismo;
F. Descrever os comportamentos emitidos pelas crianças com autismo
sentadas ou em pé;
G. Realizar avaliação funcional do comportamento de levantar-se da
cadeira de todas as crianças com autismo;
Esses são alguns exemplos possíveis de objetivos específicos em uma
pesquisa como essa.

Referencial Teórico
Há inúmeras formas de se entender a realidade, são discursos que
interpretam a realidade a partir dos dados disponíveis e é fundamental que
descrevamos quais são os referenciais que nos orienta em nosso trabalho.
No exemplo dos objetivos específicos descritos acima, há um objetivo que
“Realizar avaliação funcional do comportamento de levantar-se da cadeira de
todas as crianças com autismo”, que é uma afirmação completamente sem
sentido para certos ramos da Psicologia que entendem que o comportamento é
produto da mente. Então, para que o leitor possa saber exatamente qual a forma
de interpretação da realidade você parte e também para que você possa manter
uma linha coerente, é preciso anunciar seu referencial teórico. No caso elencado,
para justificar um objetivo como esse, seria imprescindível esclarecer que o
referencial seria o behaviorista radical, para o qual o comportamento é
controlado por variáveis do ambiente e a avaliação funcional é a descrição de
que variáveis o comportamento é função.

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Metodologia
Trata-se da descrição de todos os processos que farei para construir o
conhecimento que pretendo e responder a minha pergunta de pesquisa. A
metodologia é o COMO FAZER a pesquisa, o que inclui o TIPO de pesquisa (por
exemplo, experimental, descritiva, documental) e todos os detalhes do processo.

Cronograma
Uma descrição visual do planejamento de todos os passos da pesquisa.
As pesquisas possuem diferentes nuances e são de diferentes tipos. Quanto à
abordagem, elas podem ser qualitativas ou quantitativas ou ainda quali/quanti,
em que são avaliados dados não quantificáveis e dados quantificáveis.
A natureza da pesquisa pode ser básica, em que conhecemos regras
básicas do conhecimento da natureza ou aplicada, quando utilizamos o
conhecimento básico para resolver problemas e avaliamos, nestas pesquisas,
se este problema foi efetivamente resolvido. As pesquisas de intervenção de
saúde ou educação, por exemplo, são pesquisas aplicadas, que podem ser
quantitativas para avaliação de efeito e qualitativa para perceber diferentes
discursos sobre sua experiência, por exemplo.
A pesquisa também pode variar conforme os objetivos, sendo exploratória
(apresentando os contornos de um problema ainda pouco conhecido), descritiva
(em que um processo é apresentado de modo minucioso) ou explicativa
(buscando relação de causalidade a partir da descrição).
Outra variação é quanto aos procedimentos, em que uma pesquisa pode
manipular variáveis e avaliar o impacto sobre alguma outra variável, é o caso
dos estudos experimentais, que pode comparar um indivíduo com ele mesmo
(delineamento de sujeito único) ou comparar grupos em que o experimento é
feito ou não (Grupo Experimental e Grupo Controle), pode descrever uma
intervenção em um sujeito, o estudo de caso e também pode realizar uma ação,
com a participação do pesquisador e avaliar os impactos deste processo.

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