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Delineamentos Experimentais
Lucelmo Lacerda
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lhe é inacessível, o que ela faz é sofisticar os processos de estudo para que
eles deem conta do objeto selecionado, é o caso do comportamento humano.
Os delineamentos experimentais são bastante bem conhecidos na
ciência de modo geral e são usuais da física, química, biologia, entre outros,
tendo cada objeto particularidades específicas para seu estudo. Mas quando
falamos em seres humanos, o grande problema é que “humanos”, de modo
geral, é uma categoria impossível, pois cada um é idiossincrático. Na verdade,
nosso objeto de estudo é sempre um ou mais comportamentos de um sujeito
específico, daí que haja os delineamentos experimentais de sujeito-único como
principal ferramenta de sofisticação científica para este objeto de estudo.
Os delineamentos experimentais de sujeito-único permitem que nós
estudemos o comportamento de um indivíduo particular e tenhamos uma boa
confiança de que são as estratégias que implementamos que produzem a
mudança que estamos analisando, isto é, a relação funcional entre Variável
Independente ou Variáveis Independentes (isto é o procedimento ou o conjunto
de procedimentos interventivos que você implementa) e a Variável Dependente
(isto é, o comportamento-alvo da intervenção).
Vamos a um exemplo, imagine uma pessoa que tem uma estereotipia
vocal que o atrapalhe, digamos que seja a repetição diuturna de um palavrão, e
decidimos então intervir nesta estereotipia com a função de reduzi-la na escola
(ou seja, a variável dependente é a repetição de um certo palavrão durante o
período escolar), então nós formulamos um procedimento de Reforço
Diferencial de Resposta Zero – DRO (ou seja, esta é a Variável Independente)
e o implementamos de modo que o comportamento foi reduzido de 100 por dia
para 5 por dia. As explicações para esta redução podem ser variadas “Ele viu
as pessoas envolvidas e se conscientizou”, “Ele percebeu que estava fazendo
mal”, “Quando ele viu os pais preocupados, isso chamou a atenção dele” ou
ainda “Teve um dia que uma amiga deu uma olhada para ele que eu vi que ele
percebeu o que estava fazendo com a própria vida” e assim por diante.
Uma das alternativas para saber se é exatamente a intervenção que
funcionou e não outras variáveis é a linha de base de reversão, em que o DRO
é retirado e se observa o que ocorre com o comportamento, presumivelmente
ele retorna bem rapidamente ao nível anterior, 100, fazendo com que a
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“consciência”, “percebeu” e milhares de outras explicações sejam falseadas e
quando o DRO é reativado, então o comportamento torna a cair, demonstrando
a relação funcional entre a Variável Independente e a Variável Dependente.
Esta não é a única forma de garantir esta relação, existem também os
delineamentos de linha de base múltipla, por exemplo, que são interessantes e
imprescindíveis para casos de comportamentos que não são reversíveis, como
por exemplo o comportamento de leitura. Não dá para retirar a intervenção e
esperar que o sujeito vai deixar de ler, uma vez que este novo repertório já foi
aprendido, daí que mais uma vez a ciência age com sofisticação e não com
recusa de análise científica.
O importante é a existência de estratégias experimentais para garantir
a relação funcional entre variáveis em uma intervenção baseada em ABA, isto
garante uma validade científica à intervenção e o respeito a uma das 7
dimensões da ABA, que a dimensão analítica, que exige a utilização destas
estratégias.
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