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Inventário Portage Operacionalizado
Aída Brito
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cima dos resultados do inventário como, avaliação do desenvolvimento de
pessoas surdas, baixa visão, TEA etc.
Para que se fale e utilize o Inventário Portage, é necessário que se
tenha conhecimento acerca do desenvolvimento humano e suas
características, o qual consiste em mudanças físicas, neurológicas, cognitivas,
emocionais, sociais, linguísticas e comportamentais, que acontecerão em
etapas, mas não de forma individual. Portanto, ao longo desta aula foi sendo
discutida a primeira etapa do desenvolvimento humano e as habilidades
esperadas para cada idade, ou seja, os marcos de desenvolvimento na faixa de
0 a 6 anos – primeira infância (DIAS, CORREIA, MARCELINO, 2013).
Conforme afirmam Dias, Correia e Marcelino (2013), o desenvolvimento
humano corresponde a várias mudanças que ocorrem na vida do sujeito de
forma progressiva, contínua e cumulativa, desde o seu nascimento até a sua
morte. Tal processo é resultante da interação constante dos aspectos
biológicos e dos fatores ambientais onde o sujeito está inserido, colaborando
para que este venha a evoluir de forma integrada. Logo, “falar em
desenvolvimento também implica falar sobre comportamentos, ao se partir do
entendimento de que comportamento se define enquanto uma relação do
organismo com o seu ambiente” (RIBEIRO, SELLA, SOUZA, 2018, p.36).
Além disso, as autoras Ribeiro, Sella e Souza (2018) também comentam
que o desenvolvimento humano se trata de alterações apresentadas em várias
áreas, como: motor, social, emocional, linguagem/comunicação, cognitiva etc.
Tal segmentação se dá a nível de melhor compreensão para aqueles
que investigam o desenvolvimento humano, visto a sua complexidade. Por
consequência, as mudanças que ocorrem ao longo da vida do sujeito e que são
esperadas para um desenvolvimento típico, seguindo por fases/etapas, são
denominadas como “marcos do desenvolvimento” (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2012).
Ao longo de todas as etapas do desenvolvimento humano espera-se que
o sujeito atinja alguns marcos ou habilidades do desenvolvimento, específicos
para a sua faixa etária. Caso o sujeito não evolua dentro do esperado, estamos
diante de um atraso do desenvolvimento e, portanto, ao identificar tais atrasos,
os familiares e profissionais devem “ligar” o sinal de alerta. Dessa forma, torna-
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se fundamental que os profissionais e familiares identifiquem quais são esses
atrasos, compreendendo o que acontece com esse sujeito.
Para isso, é necessário que o profissional conheça plenamente os
marcos do desenvolvimento humano, distinguindo se há ou não um
desenvolvimento dentro do que é habitualmente esperado, a partir das faixas
etárias correspondentes. Dessa forma, a criança deve ser avaliada por
profissionais da saúde e da educação, e diante de alguns atrasos do
desenvolvimento, verificar quais os passos deverão ser seguidos. A exemplo
disso, podemos pensar na seguinte situação: uma criança de 02 anos chega
para a avaliação médica/escolar e ao longo da anamnese a família informa que
essa criança não emite nenhuma palavra, mas o que se espera, tipicamente,
de uma criança de 02 anos é de que ela apresente um vocabulário de mais de
50 palavras. Logo, considera-se que tal criança está em atraso do
desenvolvimento, visto que ela não tem atingido uma habilidade esperada para
a idade.
Dessa forma, os profissionais deverão fazer uma avaliação aprofundada,
acionando todos os envolvidos na rotina da criança para que possa ser feito
esse processo. Inicialmente será feita a pré-avaliação com o sujeito, seus
familiares e as demais pessoas que para ele são significativas. Ao longo do
processo, os profissionais poderão ter uma linha de base sobre quais os
comportamentos que o sujeito emite e quais ele ainda não desenvolveu, o que
irá possibilitar a escolha de comportamentos-alvos para a intervenção. Além do
mais, é nesse momento que o profissional poderá selecionar qual o protocolo
comportamental que estará de acordo com a demanda do sujeito e, portanto,
poderá ser utilizado no processo de avaliação e delineamento das
intervenções.
Tais comportamentos-alvos apresentam ápices, ou seja, eles podem
chegar ao topo do desenvolvimento e são pré-requisitos para o
desenvolvimento, sem eles o processo de evolução fica todo atrapalhado. E o
que, de fato, são os ápices?
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Um comportamento que tem consequências além da própria
mudança, algumas das quais podem ser consideradas importantes
(...) ela expõe o repertório do indivíduo a novos ambientes,
especialmente novos reforçadores e punidores, novas contingências,
novas respostas, novos controles de estímulos e novas comunidades
de contingências mantenedoras ou destrutivas. Quando alguns ou
todos esses eventos acontecem, o repertório do indivíduo se
expande. (ROSALES-RUIZ E BAER, 1997, p.534 apud COOPER,
2014).
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desenvolvimento e propõe uma avaliação do desenvolvimento de crianças na
faixa etária dos 0 aos 6 anos de idade, em seus marcos do desenvolvimento.
Dessa forma, o Portage irá avaliar por faixas de idade, como de 0 a 1 ano, 1 a
2 anos, 3 a 4 anos e, por fim, 5 a 6 anos de idade.
Com o Portage, os profissionais têm a possibilidade de avaliar 580
categorias comportamentais importantes para o desenvolvimento de uma
criança de 0 a 6 anos, considerando o desenvolvimento típico das crianças
dessa faixa etária. Sendo assim, ele irá distribuir tais categorias em 05 áreas
gerais, sendo: desenvolvimento motor, linguagem, cognição, socialização e
autocuidados (RIBEIRO, SELLA, SOUZA, 2018).
Tal protocolo poderá ser utilizado por qualquer profissional de saúde ou
educação, visto que não se trata de um teste padronizado, não sendo de uso
exclusivo do psicólogo. Porém, deve ter conhecimento acerca do inventário,
bem como da análise do comportamento.
Na aula anterior, foi discutido sobre a importância dos marcos do
desenvolvimento infantil e a implicação destes no processo de avaliação do
sujeito. Dando prosseguimento, discutiremos a seguir acerca do Inventário
Portage Operacionalizado e suas especificidades. Portanto, resgatando
algumas informações acerca do que já foi discutido sobre o Portage, sabemos
que tal inventário foi planejado com o objetivo de contribuir em uma avaliação e
intervenção no ambiente natural das crianças e, dessa forma, tornou-se um dos
protocolos mais indicados no treinamento parental.
O Inventário Portage Operacionalizado é um instrumento de avaliação
direcionado à infância, mais especificamente às crianças de 0 a 6 anos, ou
seja, específico para a intervenção precoce. Todo o protocolo é constituído por
580 alvos/comportamentos, os quais são subdivididos em cinco áreas do
desenvolvimento infantil, sendo: desenvolvimento motor, linguagem, cognição,
socialização e autocuidados. Para os menores, conforme mencionam Ribeiro,
Sella e Souza (2018, p.134) “existe a área de estimulação infantil, a qual
mescla tarefas de cada uma das áreas de desenvolvimento”.
Tal protocolo é enriquecedor no sentido de que permite aos
profissionais, bem como a família, avaliar continuamente o repertório e o
desenvolvimento da criança, seguindo mediante os marcos do
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desenvolvimento infantil que são esperados para cada idade. Dessa forma,
possibilita a fácil identificação de possíveis atrasos no desenvolvimento, o que
acaba por colaborar para que a família e os profissionais busquem estimular a
criança, por meio de intervenção, objetivando minimizar ou sanar o
desenvolvimento tardio de habilidades indispensáveis para a vida do sujeito.
(BOLSANELLO, 2003).
Com relação a isso, Bolsanello (2003), em seu estudo com os
profissionais que atuam na avaliação e intervenção precoce, faz uma crítica e
chama a atenção dos profissionais para aspectos fundamentais no processo
avaliativo e de delineamento para intervenção:
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anterior a qual ela se encontra, ou seja, se a criança que será avaliada tem 4
anos de idade, a avaliação deve ser feita a partir dos marcos dos 3 anos.
Conforme afirmam Ribeiro, Sella e Souza (2018, p.134):
Para retroceder na faixa etária, deve ocorrer erros em, pelo menos,
15 itens consecutivos em uma dada área do desenvolvimento. 15
erros consecutivos devem resultar na interrupção da avaliação da
faixa etária da área sendo avaliada e retrocesso à faixa etária
anterior.
Tal orientação se dá pelo fato de que a criança que veio a ser avaliada,
apresenta uma deficiência no seu desenvolvimento, ou seja, terão áreas ou
comportamentos os quais ela não terá o pré-requisito para que possa emitir tal
comportamento. Dessa forma, para que a avaliação não se torne um processo
fatigante e aversivo, demandando da criança comportamentos os quais ela,
possivelmente, ainda não tem, é indicado que seja feita a avaliação com
comportamentos esperados dentro da faixa etária anterior a sua, ou seja,
retroceder a faixa etária. Ao ser feita a avaliação e perceber que em
determinadas áreas a criança não atingiu alguns comportamentos, dentro do
que é esperado para a sua idade, o avaliador terá, então, a lista de alvos a
serem colocadas em intervenção.
Visando contribuir no processo de avaliação, as autoras do Manual do
Inventário Portage Operacionalizado, elencaram ao final do livro algumas
cadeias de respostas, ou seja, algumas possibilidades de respostas para um
determinado comportamento. Como exemplo, podemos citar um caso em que a
função desejada seria de que a criança se comunicasse e, portanto, ao final
são dispostas algumas possibilidades de respostas que possibilitam a emissão
desse comportamento, como: ligar para a pessoa, mandar uma mensagem,
escrever um bilhete etc.
Como considerações finais acerca do Portage, torna-se importante
comentar que nenhum protocolo de avaliação é semelhante a um livro de
receitas. Uma criança não cabe em um inventário só, o inventário é um
instrumento didático, mas apresenta um limite. Portanto, é imprescindível que o
profissional tenha conhecimento sobre outros protocolos, visando uma
aplicação mais extensa e um olhar ampliado. Além disso, por mais que o
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inventário seja destinado a crianças de 0 a 6 anos, isso não significa que o
profissional não poderá ou deverá utilizá-lo com uma criança mais velha, mas
que não tenha adquirido ainda os comportamentos de tais marcos. Portanto, a
idade não deve ser o corte para o uso ou não do protocolo, mas sim o
repertório do sujeito.
02 – Ri
A criança deverá rir.
04- Sorri em resposta a atenção dada pelo adulto (sorri para as pessoas)
A criança sorri em resposta a atenção dada pelo adulto (sorri para as
pessoas)
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A criança olha para as próprias mãos, sorri e vocaliza com frequência
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A criança vocaliza para chamar atenção?
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26- Manipula brinquedos ou objetos
A criança manipula brinquedos ou objetos
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A criança toma parte em jogos manipulativos com outra pessoa (puxa fio,
move trinco)
38- Puxa uma outra pessoa para mostrar a ela alguma ação ou objeto
A criança puxa uma outra pessoa para mostrar a ela alguma ação ou
objeto
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estimulado
A criança pode trazer ou levar objetos dentro da sala quando
devidamente estimulado
48- Entrega um livro ao adulto para que o leia ou compartilhe com ele
A criança entrega um livro ao adulto para que o leia ou compartilhe com
ele
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54- Ao escutar música, canta e dança
Ao escutar música a criança canta e dança
56- Saúda adultos que lhe são familiares, sem ser lembrado
A criança saúda adultos que lhe são familiares, sem ser lembrado
62- Interage com outras crianças, enquanto trabalha na sua própria tarefa
O aprendiz interage com outras crianças, enquanto trabalha na sua
própria tarefa
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O aprendiz pode trazer ou levar objetos ou chamar pessoas em outra sala
quando devidamente instruída
68- Brinca com duas a três crianças durante vinte minutos em atividades
cooperativas
O aprendiz brinca com duas a três crianças durante vinte minutos em
atividades cooperativas
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73- Brinca com 4/5 crianças em atividades cooperativas sem supervisão
constante
O aprendiz brinca com 4/5 crianças em atividades cooperativas sem
supervisão constante
LINGUAGEM COMPREENSÃO
01- Responde a voz de outro através de movimentos corporais ou
parando de chorar
A criança responde a voz de outro através de movimentos corporais ou
parando de chorar
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02- Chora de modo diferente em relação a desconfortos diferentes
A criança chora de modo diferente em relação a desconfortos diferentes
03 Sorri
A criança sorri
06. Ri
A criança ri
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11. Responde a gestos com gestos
A criança responde a gestos com gestos
18. Compartilha objetos ou alimentos com outra criança quando lhe pede
A criança compartilha objetos ou alimentos com outra criança quando
lhe pede
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20. Entende "acabou" e "foi embora"
A criança entende "acabou" e "foi embora"
25. Segue duas ordens simples relacionadas de uma etapa sem gestos
A criança segue duas ordens simples relacionadas de uma etapa sem
gestos
26. Aponta para três partes do corpo em si
A criança aponta para três partes do corpo em si
28. Aponta para três a cinco figuras num livro, quando nomeados
A criança aponta para três a cinco figuras num livro, quando nomeados
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31. Executa uma série de três ordens relacionadas
A criança executa uma série de três ordens relacionadas
32. Aponta para gravuras de objeto comum, descrito por seu uso
A criança aponta para gravuras de objeto comum, descrito por seu uso
34. Vira as páginas de um livro, duas a três de uma vez para achar a
gravura designada
A criança vira as páginas de um livro, duas a três de uma vez para achar
a gravura designada
39. Pode trazer ou levar objetos ou chamar pessoa que está em outra
sala quando devidamente instruída
A criança pode trazer ou levar objetos ou chamar pessoa que está em
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outra sala quando devidamente instruída
42. Presta atenção por cinco minutos, enquanto é lida uma estória
A criança presta atenção por cinco minutos, enquanto é lida uma estória
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50. Capaz de apontar absurdos numa gravura
A criança é capaz de apontar absurdos numa gravura
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ABLA-R
Como já discutido em outros módulos, sabe-se que a Análise do
Comportamento Aplicada (ABA) se preocupa em realizar uma avaliação geral
do sujeito, ou seja, considerando aspectos de sua vida, diagnóstico,
antecedente histórico, expectativas do sujeito/família, bem como a avaliação do
repertório comportamental.
Conforme afirmam Varella, Souza e Williams (2017), tal avaliação é
extremamente importante, visto que possibilitará o alcance de
comportamentos-alvos fidedignos à necessidade do sujeito, sendo fiel a seus
requisitos comportamentais. Dessa forma, finalizam afirmando que “avaliações
imprecisas podem levar à escolha de objetivos inapropriados em virtude da
possível ausência de requisitos comportamentais para a aprendizagem dos
comportamentos selecionados” (p. 42).
Dessa forma, no processo de aprendizado de novos comportamentos é
requisitado ao sujeito o estabelecimento de discriminações que se diferenciam
em graus de dificuldade e tipos de discriminação. De uma forma didática,
Varella, Souza e Williams (2017), exemplificam o que seria uma discriminação
em uma situação simples e bastante rotineira no cotidiano, como: “uma criança
com autismo que aprendeu a guardar todas as roupas na gaveta direita de uma
cômoda, estabeleceu discriminações diferentes de uma outra criança que
aprendeu a guardar as camisetas na gaveta direita e as calças na gaveta da
esquerda” (p.43).
No primeiro cenário, ou seja, na qual a criança deverá guardar todas as
roupas em uma só gaveta, trata-se de um grau de discriminação simples, visto
que o comportamento dela estará sob controle apenas da gaveta da direita.
Portanto, tal gaveta pode ser compreendida, nesse cenário, enquanto o
estímulo discriminativo para que a criança guarde suas roupas nela, enquanto
a outra gaveta, a da esquerda, seria o estímulo delta, ou seja, que não
promove algum tipo de consequência quando a criança está frente a ela. Já no
segundo cenário, trata-se de uma discriminação condicionada, onde a criança
terá duas instruções, sendo: guardar as camisas na gaveta direita e as calças
na gaveta esquerda. Quando entregue as camisas à criança, a gaveta da
direita será o estímulo discriminativo, as camisas serão os estímulos
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condicionais, visto que deverão ser guardadas em uma gaveta específica
(gaveta da direita) e a gaveta da esquerda será o estímulo delta, não
promovendo nenhuma consequência reforçadora. Da mesma maneira
acontece quando entregue as calças à criança - as calças serão os estímulos
condicionais, a gaveta da esquerda será o estímulo discriminativo e, por fim, a
gaveta da direita o estímulo delta. (VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017).
Nesse sentido, compreende-se que existirão “medidas
comportamentais”, conforme afirmam os autores Varella, Souza e Williams
(2017, p.43), “de facilidade ou dificuldade no estabelecimento de
discriminações que podem auxiliar na seleção de objetivos” que serão
adequados para o sujeito, levando em consideração o seu repertório,
demandas e formas eficazes de ensinar-lhes. Sendo assim, os pesquisadores
Kerr, Meyrson e Flora, no ano de 1977, preocupados em compreender o
porquê algumas crianças com deficiência conseguiam realizar determinadas
atividades com presteza, mas quando diante de atividades similares não
conseguiam, elaboraram o teste de Avaliação de Habilidades Básicas de
Aprendizagem, o ABLA (Assessment of Basic Learning Abilities). (SOUZA,
2019).
O teste ABLA foi elaborado visando avaliar o que facilita ou dificulta a
aprendizagem de algumas habilidades básicas, divididas em algumas áreas,
como: motor, visual e auditivo. Ao analisar crianças em desenvolvimento típico,
é possível observar que estas apresentam discriminações simples em seis
níveis, os quais serão estudados e avaliados a partir de tal instrumento, até por
volta dos 03 anos de idade. Ao invés de identificar apenas o que a criança já
sabe, o ABLA se propõe a observar como ocorre o processo de aprendizagem,
quais as formas, níveis e dificuldades apropriadas para o ensino de novas
habilidades para o sujeito, ou seja, contribuindo ricamente para o delineamento
de intervenções e sendo levado em consideração o repertório da criança.
(VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017; SOUZA, 2019).
Dessa forma, o teste consiste na aplicação de seis níveis/tarefas, sendo:
Nível 1 – Imitação;
Nível 2 – Discriminação de posição;
Nível 3 - Discriminação visual;
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Nível 4 – Emparelhamento por identidade visual;
Nível 5 – Emparelhamento arbitrário visual;
Nível 6 – Emparelhamento auditivo visual.
Níveis do ABLA
NÍVEL 01 – IMITAÇÃO MOTORA – Em tal nível, é solicitado à criança uma
resposta imitativa simples após ser dado o modelo. Dessa forma, o sujeito
deverá estar sob controle da ação demonstrada pelo avaliador e, portanto,
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deverá repeti-la corretamente, de forma independente ou com AF. O avaliador
irá colocar uma esponja dentro de um dos recipientes - lata amarela ou da
caixa vermelha e, em seguida, será solicitado ao sujeito que imite a ação do
avaliador. Se a criança não emitir a resposta que foi solicitada, o avaliador
deverá guiá-la para que ela responda corretamente, mas caso responda de
forma independente, será dada uma consequência reforçadora. Após 8
tentativas independentes e consecutivas, segue para o próximo nível.
NÍVEL 02 – DISCRIMINAÇÃO DE POSIÇÃO – Em tal nível, será demandado
da criança uma discriminação por posição, ou seja, sua resposta deverá estar
sob controle apenas da posição. Dessa forma, o avaliador colocará dois
recipientes sobre a mesa, ambos da mesma cor, em posições fixas. O
avaliador irá dar a instrução - “Onde isso vai?”, para que a criança coloque o
objeto na mesma lata que o avaliador colocou anteriormente.
NÍVEL 03 - DISCRIMINAÇÃO VISUAL - Neste nível a testagem será
semelhante a anterior, porém a posição dos recipientes deverão ser
randomizadas após cada tentativa e, além da discriminação da posição
(esquerda ou direita), o sujeito também estará sob controle do recipiente (caixa
ou lata), discriminando qual é o recipiente correto e a posição que ele está.
NÍVEL 04 - DISCRIMINAÇÃO CONDICIONAL VISUAL VISUAL - Neste nível,
será avaliado uma “aprendizagem de uma tarefa de escolha de acordo com o
modelo” (VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017, p.45). Dessa forma, o avaliador
irá expor alguns objetos sobre a mesa, mas selecionará apenas um e o
entregará a criança, dando a instrução - “Onde vai?”. Portanto, o sujeito deverá
discriminar o objeto, sua cor, a posição dos recipientes e, por fim, colocá-lo no
recipiente correto. Como exemplo, pensemos no seguinte cenário: o avaliador
entrega à criança o cilindro amarelo e lhe dá a instrução - “Onde vai?”. Na
mesa estarão dois recipientes: a caixa vermelha e a lata amarela. Dessa forma,
ao ser dado início a tentativa, a criança precisará discriminar qual o objeto que
está em suas mãos, a cor do objeto (amarelo), qual o recipiente correto, sendo
neste que deverá depositar o cilindro (lata amarela) e, por fim, colocar o objeto
na lata. Em vista disso, pode-se considerar que o cilindro assume a função de
estímulo condicional à lata, que opera como estímulo discriminativo.
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NÍVEL 05 - DISCRIMINAÇÃO VISUAL VISUAL ARBITRÁRIO - Neste nível a
testagem será semelhante a anterior, porém não terá nenhuma similaridade
entre os estímulos apresentados. Nesse caso, o sujeito avaliado deverá
estabelecer “relações arbitrárias entre estímulos visuais condicionais (pedaços
de madeira de cor roxa e prateada) e estímulos visuais discriminativos (lata
amarela e caixa vermelha)” (VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017, p.46). Por
exemplo: ao ser entregue um pedaço de madeira, de cor roxa, ao sujeito, este
deverá colocar tal estímulo na lata amarela, assim como fornecido o modelo.
NÍVEL 06 - DISCRIMINAÇÃO CONDICIONAL AUDITIVOVISUAL -
Consistindo enquanto o último nível da testagem, o avaliador deverá
apresentar o objeto e indicar onde a criança deverá colocá-lo, por exemplo: “Na
lata amarela”. Portanto, tal testagem é considerada enquanto condicional
auditivo visual porque o SD dado pelo avaliador será a indicação “lata amarela”
e a resposta da criança será o de ouvinte e visual, ao discriminar qual das latas
é a de cor amarela.
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Referências Bibliográficas
DOAN, L.A., MARTIN, T.L., YU, D.C.T., MARTIN, G.L. Do ABLA test results
predict performance on three-choice discriminations for persons with
developmental disabilities? Journal on Developmental Disabilities, v.13, n.1,
p. 11, 2007.
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