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Inventário Portage Operacionalizado
Aída Brito

Nas aulas anteriores, foram apresentadas as etapas que antecedem a


avaliação. Dessa forma, ao chegar até esse passo, dá-se início um novo, ou
seja, a avaliação. Para a etapa da avaliação o analista deverá ter em mãos um
arcabouço completo com relação ao sujeito que irá avaliar e ao contexto o qual
está inserido e, portanto, chegar à decisão de qual protocolo será o mais
indicado para utilizar no caso. Nesta aula, o protocolo que será abordado será
o Inventário Portage Operacionalizado.
O Portage, como de modo geral é citado, foi elaborado por volta dos
anos 70 por alguns estudiosos, como Shearer, Frohman e Hilliard. Os
pesquisadores produziram tal protocolo a partir de um experimento realizado
com crianças da zona rural que eram atendidas por um hospital da cidade de
Portage, em colaboração com a universidade de Wisconsin. Ao serem feitos os
atendimentos às crianças da zona rural, os cientistas perceberam que muitas
das crianças que viajavam do interior até a cidade, para serem consultadas
pelos profissionais do hospital, apresentavam um desenvolvimento
comportamental atrasado, em comparação às crianças moradoras da cidade.
Portanto, os pesquisadores tomaram tal informação como ponto de
partida para a sua pesquisa, questionando-se sobre o porquê essas crianças
apresentavam atrasos no desenvolvimento e o que motivaria esse atraso. Para
isso, os pesquisadores fizeram um conjunto de procedimentos a serem
aplicados com crianças da zona urbana e da zona rural, obtendo alguns
resultados com relação à questão norteadora da pesquisa.
Posteriormente, as professoras Lúcia Williams e Ana Aiello, além de
traduzir todo o inventário, elas também operacionalizaram, ou seja, criaram
“todas as definições operacionais para que as pessoas pudessem utilizar as
provas de maneira sistemática” (RIBEIRO, SELLA, SOUZA, 2018, p.133).
O Portage é um dos inventários mais divulgado e utilizado no mundo
para a avaliação do desenvolvimento humano. Tal inventário está presente em
todos os países, traduzido para todas as línguas e tem muitas adaptações em

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cima dos resultados do inventário como, avaliação do desenvolvimento de
pessoas surdas, baixa visão, TEA etc.
Para que se fale e utilize o Inventário Portage, é necessário que se
tenha conhecimento acerca do desenvolvimento humano e suas
características, o qual consiste em mudanças físicas, neurológicas, cognitivas,
emocionais, sociais, linguísticas e comportamentais, que acontecerão em
etapas, mas não de forma individual. Portanto, ao longo desta aula foi sendo
discutida a primeira etapa do desenvolvimento humano e as habilidades
esperadas para cada idade, ou seja, os marcos de desenvolvimento na faixa de
0 a 6 anos – primeira infância (DIAS, CORREIA, MARCELINO, 2013).
Conforme afirmam Dias, Correia e Marcelino (2013), o desenvolvimento
humano corresponde a várias mudanças que ocorrem na vida do sujeito de
forma progressiva, contínua e cumulativa, desde o seu nascimento até a sua
morte. Tal processo é resultante da interação constante dos aspectos
biológicos e dos fatores ambientais onde o sujeito está inserido, colaborando
para que este venha a evoluir de forma integrada. Logo, “falar em
desenvolvimento também implica falar sobre comportamentos, ao se partir do
entendimento de que comportamento se define enquanto uma relação do
organismo com o seu ambiente” (RIBEIRO, SELLA, SOUZA, 2018, p.36).
Além disso, as autoras Ribeiro, Sella e Souza (2018) também comentam
que o desenvolvimento humano se trata de alterações apresentadas em várias
áreas, como: motor, social, emocional, linguagem/comunicação, cognitiva etc.
Tal segmentação se dá a nível de melhor compreensão para aqueles
que investigam o desenvolvimento humano, visto a sua complexidade. Por
consequência, as mudanças que ocorrem ao longo da vida do sujeito e que são
esperadas para um desenvolvimento típico, seguindo por fases/etapas, são
denominadas como “marcos do desenvolvimento” (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2012).
Ao longo de todas as etapas do desenvolvimento humano espera-se que
o sujeito atinja alguns marcos ou habilidades do desenvolvimento, específicos
para a sua faixa etária. Caso o sujeito não evolua dentro do esperado, estamos
diante de um atraso do desenvolvimento e, portanto, ao identificar tais atrasos,
os familiares e profissionais devem “ligar” o sinal de alerta. Dessa forma, torna-

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se fundamental que os profissionais e familiares identifiquem quais são esses
atrasos, compreendendo o que acontece com esse sujeito.
Para isso, é necessário que o profissional conheça plenamente os
marcos do desenvolvimento humano, distinguindo se há ou não um
desenvolvimento dentro do que é habitualmente esperado, a partir das faixas
etárias correspondentes. Dessa forma, a criança deve ser avaliada por
profissionais da saúde e da educação, e diante de alguns atrasos do
desenvolvimento, verificar quais os passos deverão ser seguidos. A exemplo
disso, podemos pensar na seguinte situação: uma criança de 02 anos chega
para a avaliação médica/escolar e ao longo da anamnese a família informa que
essa criança não emite nenhuma palavra, mas o que se espera, tipicamente,
de uma criança de 02 anos é de que ela apresente um vocabulário de mais de
50 palavras. Logo, considera-se que tal criança está em atraso do
desenvolvimento, visto que ela não tem atingido uma habilidade esperada para
a idade.
Dessa forma, os profissionais deverão fazer uma avaliação aprofundada,
acionando todos os envolvidos na rotina da criança para que possa ser feito
esse processo. Inicialmente será feita a pré-avaliação com o sujeito, seus
familiares e as demais pessoas que para ele são significativas. Ao longo do
processo, os profissionais poderão ter uma linha de base sobre quais os
comportamentos que o sujeito emite e quais ele ainda não desenvolveu, o que
irá possibilitar a escolha de comportamentos-alvos para a intervenção. Além do
mais, é nesse momento que o profissional poderá selecionar qual o protocolo
comportamental que estará de acordo com a demanda do sujeito e, portanto,
poderá ser utilizado no processo de avaliação e delineamento das
intervenções.
Tais comportamentos-alvos apresentam ápices, ou seja, eles podem
chegar ao topo do desenvolvimento e são pré-requisitos para o
desenvolvimento, sem eles o processo de evolução fica todo atrapalhado. E o
que, de fato, são os ápices?

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Um comportamento que tem consequências além da própria
mudança, algumas das quais podem ser consideradas importantes
(...) ela expõe o repertório do indivíduo a novos ambientes,
especialmente novos reforçadores e punidores, novas contingências,
novas respostas, novos controles de estímulos e novas comunidades
de contingências mantenedoras ou destrutivas. Quando alguns ou
todos esses eventos acontecem, o repertório do indivíduo se
expande. (ROSALES-RUIZ E BAER, 1997, p.534 apud COOPER,
2014).

Conforme apresenta Cooper (2014), ao citar Rosales-Ruiz e Baer


(1997), compreendemos que o ápice se trata de comportamentos que ao
chegar ao seu nível superior de aprendizado, dirigem-se a um outro
comportamento. A exemplo disso, Varella e Amaral (2018), apresentam que
uma criança, aos 12 meses de idade, começa a apresentar alguns
comportamentos, como: responder ao ser chamado pelo nome, segue
instruções simples, imita sons, emite algumas palavras, entre outras
habilidades. Dessa forma, a criança passa a compreender e se usar da
linguagem como uma forma de interagir com as pessoas mais próximas. Tal
comportamento, quando apreendido, aponta para outro, que se trata da
atenção compartilhada. Logo, para que a criança venha a apresentar o
comportamento de atenção compartilhada, antes ela precisa passar por alguns
pré-requisitos, ou seja, os comportamentos que foram citados anteriormente.
Dessa forma, contextualizando para o Transtorno do Espectro Autista
(TEA), percebe-se que alguns sinais comuns do autismo, como: dificuldade
para manter contato visual, dificuldade para brincar, pouco ou nenhuma
comunicação social, entre outros, afetam as cúspides comportamentais. E,
dessa forma, ao afetar as cúspides comportamentais, a falta de repertório para
tais comportamentos afetarão as principais áreas de desenvolvimento do
sujeito, ou seja, áreas que possibilitam a evolução do sujeito em outros
aspectos.
À vista disso, alguns protocolos comportamentais estudam as cúspides
e se baseiam nos marcos do desenvolvimento, visando operacionalizar o
protocolo de forma a facilitar para que o profissional identifique qual o
comportamento necessário de ser aprendido.
Dito isso, voltamos a discutir sobre o Inventário Portage
Operacionalizado, o qual é um dos protocolos que se baseia nos marcos do

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desenvolvimento e propõe uma avaliação do desenvolvimento de crianças na
faixa etária dos 0 aos 6 anos de idade, em seus marcos do desenvolvimento.
Dessa forma, o Portage irá avaliar por faixas de idade, como de 0 a 1 ano, 1 a
2 anos, 3 a 4 anos e, por fim, 5 a 6 anos de idade.
Com o Portage, os profissionais têm a possibilidade de avaliar 580
categorias comportamentais importantes para o desenvolvimento de uma
criança de 0 a 6 anos, considerando o desenvolvimento típico das crianças
dessa faixa etária. Sendo assim, ele irá distribuir tais categorias em 05 áreas
gerais, sendo: desenvolvimento motor, linguagem, cognição, socialização e
autocuidados (RIBEIRO, SELLA, SOUZA, 2018).
Tal protocolo poderá ser utilizado por qualquer profissional de saúde ou
educação, visto que não se trata de um teste padronizado, não sendo de uso
exclusivo do psicólogo. Porém, deve ter conhecimento acerca do inventário,
bem como da análise do comportamento.
Na aula anterior, foi discutido sobre a importância dos marcos do
desenvolvimento infantil e a implicação destes no processo de avaliação do
sujeito. Dando prosseguimento, discutiremos a seguir acerca do Inventário
Portage Operacionalizado e suas especificidades. Portanto, resgatando
algumas informações acerca do que já foi discutido sobre o Portage, sabemos
que tal inventário foi planejado com o objetivo de contribuir em uma avaliação e
intervenção no ambiente natural das crianças e, dessa forma, tornou-se um dos
protocolos mais indicados no treinamento parental.
O Inventário Portage Operacionalizado é um instrumento de avaliação
direcionado à infância, mais especificamente às crianças de 0 a 6 anos, ou
seja, específico para a intervenção precoce. Todo o protocolo é constituído por
580 alvos/comportamentos, os quais são subdivididos em cinco áreas do
desenvolvimento infantil, sendo: desenvolvimento motor, linguagem, cognição,
socialização e autocuidados. Para os menores, conforme mencionam Ribeiro,
Sella e Souza (2018, p.134) “existe a área de estimulação infantil, a qual
mescla tarefas de cada uma das áreas de desenvolvimento”.
Tal protocolo é enriquecedor no sentido de que permite aos
profissionais, bem como a família, avaliar continuamente o repertório e o
desenvolvimento da criança, seguindo mediante os marcos do

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desenvolvimento infantil que são esperados para cada idade. Dessa forma,
possibilita a fácil identificação de possíveis atrasos no desenvolvimento, o que
acaba por colaborar para que a família e os profissionais busquem estimular a
criança, por meio de intervenção, objetivando minimizar ou sanar o
desenvolvimento tardio de habilidades indispensáveis para a vida do sujeito.
(BOLSANELLO, 2003).
Com relação a isso, Bolsanello (2003), em seu estudo com os
profissionais que atuam na avaliação e intervenção precoce, faz uma crítica e
chama a atenção dos profissionais para aspectos fundamentais no processo
avaliativo e de delineamento para intervenção:

Observa-se que os profissionais utilizam o que sabem sobre o


desenvolvimento infantil, não como parte daquilo que devem
conhecer amplamente para a sua própria referência no processo de
intervenção, mas sim para organizar roteiros de atividades que se
constituem em objetivos a serem alcançados pelo bebê, a fim de
promover o seu desenvolvimento ou corrigir os déficits que possam
apresentar, o que caracteriza um modelo de atuação focalizado
eminentemente na criança e na sua deficiência (...) constata-se que
em nenhum momento os profissionais levam em conta a mãe ou
familiares na elaboração do plano de intervenção, no sentido de
evidenciar para eles as capacidades do filho e salientar, frente às
dificuldades, as maneiras de como eles poderão ajuda-lo. (p.347).

Diante dessa declaração, podemos reafirmar a importância da


participação não apenas dos profissionais, mas também da família e de todos
aqueles que são significantes no trajeto de tal criança (detalhes que foram
discutidos ao longo da primeira aula do módulo 01 – Avaliação
comportamental). Assim, o Inventário Portage é extremamente contribuinte
para a participação dos pais no processo de avaliação e do delineamento da
intervenção, visto as suas definições operacionalizadas e compreensivas,
acessíveis a qualquer pessoa que tenha conhecimento e interesse acerca do
desenvolvimento infantil (RIBEIRO, SELLA, SOUZA, 2018).
A avaliação a partir do inventário Portage se dá a partir de áreas, como
já citadas anteriormente e, dessa forma, serão apresentadas cada uma delas e
as respectivas habilidades esperadas em cada uma das áreas:
SOCIALIZAÇÃO – A área de socialização contará com a composição de 83
habilidades, distribuídas nas faixas etárias de 0 a 1 ano, 1 a 2 anos, 2 a 3 anos,
3 a 4 anos, 4 a 5 anos e 5 a 6 anos. Esta área propõe observar a interação
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com os pares, familiares, o dia a dia da criança em seus ambientes naturais –
casa, escola, parques etc, sorrir, acariciar, brincar, imitar, chamar a atenção
das pessoas, etc.
LINGUAGEM – A área de linguagem contará com a presença de 99
habilidades, distribuídas da mesma forma que mencionada acima. Dessa
forma, tal área propõe observar os comportamentos verbais de
falante/emissão, assim como o comportamento de compreensão do sujeito, ou
seja, segue instruções, fornece informações quando é questionado, nomeia
objetos, categoriza por cor, classe ou função, entre outros comportamentos.
AUTOCUIDADO – A área de autocuidado contará com 105 habilidades
referentes a comportamentos que envolvem viver de forma independente, ou
seja, referentes a alimentação, higiene, vestimenta, entre outros.
COGNIÇÃO - A área referente a cognição contará com 108 habilidades,
contando com comportamentos como: selecionar itens por cor, separar e
classificar por tamanho, ordem ou cor, selecionar itens iguais ou semelhantes,
entre outras.
DESENVOLVIMENTO MOTOR – A área referente ao desenvolvimento motor,
contará com 140 habilidades, referente a coordenação motora grossa e fina,
contando com comportamentos como: subir/descer obstáculos, rolar,
engatinhar, montar quebra-cabeças, recortar, pintar, desenhar etc.
O profissional irá, portanto, preencher um checklist das áreas citadas
anteriormente, marcando com um V os comportamentos que a criança emitir, X
para quando ela responder de forma incorreta ou não responder e, por fim, o 0
caso alguns dos comportamentos não possam ser selecionados ou solicitados
para que a criança faça, em virtude de alguma questão pessoal ou ambiental.
Ao final, o avaliador poderá computador os dados, avaliando em qual
faixa etária a criança está encaixada.
Dessa forma, ao selecionar o Inventário Portage, o profissional deverá
estar consciente das orientações que são dadas para que seja feita uma boa
avaliação com tal inventário, assim como pode ser levado em consideração
essa recomendação no uso dos demais protocolos. É recomendado que se
inicie a avaliação de uma criança a partir dos marcos presentes na faixa etária

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anterior a qual ela se encontra, ou seja, se a criança que será avaliada tem 4
anos de idade, a avaliação deve ser feita a partir dos marcos dos 3 anos.
Conforme afirmam Ribeiro, Sella e Souza (2018, p.134):

Para retroceder na faixa etária, deve ocorrer erros em, pelo menos,
15 itens consecutivos em uma dada área do desenvolvimento. 15
erros consecutivos devem resultar na interrupção da avaliação da
faixa etária da área sendo avaliada e retrocesso à faixa etária
anterior.

Tal orientação se dá pelo fato de que a criança que veio a ser avaliada,
apresenta uma deficiência no seu desenvolvimento, ou seja, terão áreas ou
comportamentos os quais ela não terá o pré-requisito para que possa emitir tal
comportamento. Dessa forma, para que a avaliação não se torne um processo
fatigante e aversivo, demandando da criança comportamentos os quais ela,
possivelmente, ainda não tem, é indicado que seja feita a avaliação com
comportamentos esperados dentro da faixa etária anterior a sua, ou seja,
retroceder a faixa etária. Ao ser feita a avaliação e perceber que em
determinadas áreas a criança não atingiu alguns comportamentos, dentro do
que é esperado para a sua idade, o avaliador terá, então, a lista de alvos a
serem colocadas em intervenção.
Visando contribuir no processo de avaliação, as autoras do Manual do
Inventário Portage Operacionalizado, elencaram ao final do livro algumas
cadeias de respostas, ou seja, algumas possibilidades de respostas para um
determinado comportamento. Como exemplo, podemos citar um caso em que a
função desejada seria de que a criança se comunicasse e, portanto, ao final
são dispostas algumas possibilidades de respostas que possibilitam a emissão
desse comportamento, como: ligar para a pessoa, mandar uma mensagem,
escrever um bilhete etc.
Como considerações finais acerca do Portage, torna-se importante
comentar que nenhum protocolo de avaliação é semelhante a um livro de
receitas. Uma criança não cabe em um inventário só, o inventário é um
instrumento didático, mas apresenta um limite. Portanto, é imprescindível que o
profissional tenha conhecimento sobre outros protocolos, visando uma
aplicação mais extensa e um olhar ampliado. Além disso, por mais que o

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inventário seja destinado a crianças de 0 a 6 anos, isso não significa que o
profissional não poderá ou deverá utilizá-lo com uma criança mais velha, mas
que não tenha adquirido ainda os comportamentos de tais marcos. Portanto, a
idade não deve ser o corte para o uso ou não do protocolo, mas sim o
repertório do sujeito.

01 - Observa uma pessoa que se mova diretamente na linha de visão


A criança irá observar uma pessoa que se mova diretamente na linha de
visão.

02 – Ri
A criança deverá rir.

03 – Sorri (começa a reconhecer o ambiente que a cerca)


A criança sorri e começa a reconhecer o ambiente que a cerca.

04- Sorri em resposta a atenção dada pelo adulto (sorri para as pessoas)
A criança sorri em resposta a atenção dada pelo adulto (sorri para as
pessoas)

05 - Mantém contato visual durante 2 a 3 minutos, quando está sendo


trocada
A criança mantém contato visual durante 2 a 3 minutos, quando está
sendo trocada.

06- Adormece em horas apropriadas


A criança adormece em horas apropriadas

07- Vocaliza em resposta a atenção


A criança vocaliza em resposta a atenção

08-Olha para as próprias mãos, sorri e vocaliza com frequência

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A criança olha para as próprias mãos, sorri e vocaliza com frequência

09- Sorri em resposta a expressão facial de outras pessoas


A criança sorri em resposta a expressão facial de outras pessoas

10-Segura e examina o objeto oferecido pela mãe por um minuto


A criança segura e examina o objeto oferecido pela mãe por um minuto

11- Sacode ou aperta o objeto colocado na mão, fazendo ruídos não


intencionais
A criança sacode ou aperta o objeto colocado na mão, fazendo ruídos
não intencionais

12- Brinca sozinho sem vigilância durante 10 minutos


A criança brinca sozinho sem vigilância durante 10 minutos

13- Brinca sozinho contente perto do adulto durante 15 a 20 minutos


A criança brinca sozinho contente perto do adulto durante 15 a 20
minutos

14- Responde, no círculo familiar, através de sorriso, vocalizando ou


parando de chorar
A criança responde, no círculo familiar, através de sorriso, vocalizando
ou parando de chorar

15- Bate nos óculos, nariz ou cabelos do adulto


A criança bate nos óculos, nariz ou cabelos do adulto

16- Tenta alcançar pessoas que lhe são familiares


A criança tenta alcançar pessoas que lhe são familiares

17- Vocaliza para chamar atenção

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A criança vocaliza para chamar atenção?

18- Responde ao próprio nome, olhando ou estendendo os braços para


ser levantado
A criança responde ao próprio nome, olhando ou estendendo os braços
para ser levantado?

19- Aperta ou chocalha brinquedo para produzir som, em imitação ao


adulto
A criança aperta ou chocalha brinquedo para produzir som, em imitação
ao adulto

20- Sorri e vocaliza ao ver sua imagem refletida no espelho


A criança sorri e vocaliza ao ver sua imagem refletida no espelho?

21- Imita brincadeira de "esconde-esconde"... achou


A criança imita brincadeira de "esconde-esconde"... achou

22- Tenta alcançar e bater em sua imagem no espelho ou em outra


criança
A criança tenta alcançar e bater em sua imagem no espelho ou em outra
criança

23 -Bate palmas imitando adultos


A criança bate palmas imitando adultos

24- Acena dizendo "adeus”, imitando o adulto


A criança acena dizendo "adeus”, imitando o adulto

25- Abraça, acaricia, beija pessoas familiares


A criança abraça, acaricia, beija pessoas familiares

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26- Manipula brinquedos ou objetos
A criança manipula brinquedos ou objetos

27- Oferece brinquedo ou objeto ao adulto e solta


A criança oferece brinquedo ou objeto ao adulto e solta

28 - Oferece brinquedo ou objeto ao adulto e solta


A criança oferece brinquedo ou objeto ao adulto e solta

29- Imita movimentos de outra criança brincando


A criança imita movimentos de outra criança brincando

30- Ajuda o adulto em tarefa simples


A criança ajuda o adulto em tarefa simples (ex: guardar material, ajudar
no lanche)

31 - Brinca paralelamente com outra criança


A criança brinca paralelamente com outra criança

32- Participa do jogo, empurrando carro ou rolando bola, durante dois a


cinco minutos
A criança participa do jogo, empurrando carro ou rolando bola, durante
dois a cinco minutos

33- Aceita a ausência dos pais continuando a brincar – ocasionalmente


A criança aceita a ausência dos pais continuando a brincar - podendo
fazer manhã ocasionalmente

34- Explora espontaneamente o ambiente


A criança explora espontaneamente o ambiente

35 - Toma parte em jogos manipulativos com outra pessoa

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A criança toma parte em jogos manipulativos com outra pessoa (puxa fio,
move trinco)

36- Abraça e carrega boneca ou brinquedo macio


A criança abraça e carrega boneca ou brinquedo macio

37- Repete ações que provoca risada e atenção


A criança repete ações que provoca risada e atenção

38- Puxa uma outra pessoa para mostrar a ela alguma ação ou objeto
A criança puxa uma outra pessoa para mostrar a ela alguma ação ou
objeto

39- Retira a mão perto do objeto proibido, quando lembrado


A criança retira a mão perto do objeto proibido, quando lembrado

40- Espera a vez no lanche


A criança espera a vez no lanche

41- Brinca com dois a três companheiros sem interação


A criança brinca com dois a três companheiros sem interação

42- Compartilha objetos ou alimentos com outra criança quando solicita


A criança compartilha objetos ou alimentos com outra criança quando
solicita

43- Saúda companheiros e adultos familiares quando lembrado

44- Coopera com pedidos dos técnicos algumas vezes


A criança coopera com pedidos dos técnicos algumas vezes

45- Pode trazer ou levar objetos dentro da sala quando devidamente

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estimulado
A criança pode trazer ou levar objetos dentro da sala quando
devidamente estimulado

46- Presta atenção a música por cinco a dez minutos


A criança presta atenção a música por cinco a dez minutos

47- Tenta ajudar técnico em parte da tarefa


A criança tenta ajudar técnico em parte da tarefa (ex: segurar a pá de
lixo).

48- Entrega um livro ao adulto para que o leia ou compartilhe com ele
A criança entrega um livro ao adulto para que o leia ou compartilhe com
ele

49- Brinca de fantasiar-se


A criança brinca de fantasiar-se

50- Faz uma escolha quando pedem


A criança faz uma escolha quando pedem

51- Pede ajuda quando está em dificuldades


A criança pede ajuda quando está em dificuldades (ex: banheiro ou
quando tem sede).

52- Mostra compreensão de sentimentos como amor, tristeza, alegria


A criança mostra compreensão de sentimentos como amor, tristeza,
alegria

53- Permanece na sala de terapia - banheiro, refeitório


A criança permanece na sala de terapia - banheiro, refeitório

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54- Ao escutar música, canta e dança
Ao escutar música a criança canta e dança

55- Segue regras imitando ações de outras crianças


A criança segue regras imitando ações de outras crianças

56- Saúda adultos que lhe são familiares, sem ser lembrado
A criança saúda adultos que lhe são familiares, sem ser lembrado

57- Segue regras de jogos de grupo conduzidos pelo adulto


A criança segue regras de jogos de grupo conduzidos pelo adulto

58- Diz "por favor" quando lembrado


A criança diz "por favor" quando lembrado

59- Responde ao telefone dramatizando conversas com pessoa que lhe é


familiar
A criança responde ao telefone dramatizando conversas com pessoa que
lhe é familiar

60- Espera a vez num grupo de seis crianças


A criança espera a vez num grupo de seis crianças

61- Coopera com pedidos do adulto a maioria das vezes


A criança coopera com pedidos do adulto a maioria das vezes

62- Interage com outras crianças, enquanto trabalha na sua própria tarefa
O aprendiz interage com outras crianças, enquanto trabalha na sua
própria tarefa

63- Pode trazer ou levar objetos ou chamar pessoas em outra sala


quando devidamente instruída

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O aprendiz pode trazer ou levar objetos ou chamar pessoas em outra sala
quando devidamente instruída

64- Repete rimas, danças ou canções para outras pessoas


O aprendiz repete rimas, danças ou canções para outras pessoas

65- Trabalha sozinho numa tarefa mais de dez minutos


O aprendiz trabalha sozinho numa tarefa mais de dez minutos

66- Pede ajuda verbal quando está em dificuldade


O aprendiz pede ajuda verbal quando está em dificuldade.

67- Pede desculpas, sem ser lembrado a maioria das vezes


O aprendiz pede desculpas, sem ser lembrado a maioria das vezes

68- Brinca com duas a três crianças durante vinte minutos em atividades
cooperativas
O aprendiz brinca com duas a três crianças durante vinte minutos em
atividades cooperativas

69- Apresenta uma conduta socialmente aceitável em público


O aprendiz apresenta uma conduta socialmente aceitável em público

70- Pede licença para usar objetos pertencentes a outra pessoa


O aprendiz pede licença para usar objetos pertencentes a outra pessoa

71- Diz "por favor" e "obrigado", sem precisar ser lembrado


O aprendiz diz "por favor" e "obrigado", sem precisar ser lembrado

72- Expressa seus sentimentos


O aprendiz irá ser capaz de expressar seus sentimentos

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73- Brinca com 4/5 crianças em atividades cooperativas sem supervisão
constante
O aprendiz brinca com 4/5 crianças em atividades cooperativas sem
supervisão constante

74- Explica regras de jogo ou atividade a outras pessoas


O aprendiz explica regras de jogo ou atividade a outras pessoas

75- Imita papéis de adultos


O aprendiz imita papéis de adultos AE at01s AE at03s

76- Segue regras do jogo de raciocínio verbal


O aprendiz segue regras do jogo de raciocínio verbal

77- Conforta companheiros de brinquedo quando estão tristes


O aprendiz conforta companheiros de brinquedo quando estão tristes

78- Escolhe seus próprios amigos


O aprendiz escolhe seus próprios amigos

79- Representa partes de uma estória, desempenhando um papel ou


utilizando fantoches
O aprendiz representa partes de uma estória, desempenhando um papel
ou utilizando fantoches

LINGUAGEM COMPREENSÃO
01- Responde a voz de outro através de movimentos corporais ou
parando de chorar
A criança responde a voz de outro através de movimentos corporais ou
parando de chorar

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02- Chora de modo diferente em relação a desconfortos diferentes
A criança chora de modo diferente em relação a desconfortos diferentes

03 Sorri
A criança sorri

04. Arrulha e sussurra quando contente


A criança arrulha e sussurra quando contente

05. Repete os próprios sons


A criança repete os próprios sons

06. Ri
A criança ri

07. Mostra reconhecimento de seu meio, por meio de sorriso ou parando


de chorar
A criança mostra reconhecimento de seu meio, por meio de sorriso ou
parando de chorar

08. Sorri em resposta a atenção dada pelo adulto


A criança sorri em resposta a atenção dada pelo adulto

09. Responde ao estar em seu meio, através de sorriso, vocalizando ou


parando de chorar
A criança responde ao estar em seu meio, através de sorriso,
vocalizando ou parando de chorar

10. Responde ao próprio nome olhando ou estendendo o braço para ser


levantado
A criança responde ao próprio nome olhando ou estendendo o braço
para ser levantado

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11. Responde a gestos com gestos
A criança responde a gestos com gestos

12. Executa instruções simples, quando acompanhadas de gestos


A criança executa instruções simples, quando acompanhadas de gestos

13. Para atividades ao menos momentaneamente, quando lhe dizem não,


75% do tempo
A criança para atividades, ao menos momentaneamente, quando lhe
dizem não, 75% do tempo.

14. Responde a perguntas simples com respostas não verbais


A criança responde a perguntas simples com respostas não verbais

15. Obedece a ordem não verbal


A criança obedece a ordem não verbal

16. Executa gestos simples a pedido


A criança executa gestos simples a pedido

17. Demonstra compreensão de sentimentos, carinho, zanga, alegria.


A criança demonstra compreensão de sentimentos, carinho, zanga,
alegria.

18. Compartilha objetos ou alimentos com outra criança quando lhe pede
A criança compartilha objetos ou alimentos com outra criança quando
lhe pede

19. Entende "mais", "que"


A criança entende "mais", "que"

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20. Entende "acabou" e "foi embora"
A criança entende "acabou" e "foi embora"

21. É capaz de dar ou mostrar alguma coisa a pedido


A criança é capaz de dar ou mostrar alguma coisa a pedido

22. Aponta uma parte do corpo


A criança aponta uma parte do corpo

23. Aponta para si mesmo, quando se pergunta "onde está?"


A criança aponta para si mesmo, quando se pergunta "onde está?"

24. Aponta para uma parte do corpo de outro


A criança aponta para uma parte do corpo de outro

25. Segue duas ordens simples relacionadas de uma etapa sem gestos
A criança segue duas ordens simples relacionadas de uma etapa sem
gestos
26. Aponta para três partes do corpo em si
A criança aponta para três partes do corpo em si

27. Aponta doze objetos familiares, quando lhe dão os nomes


A criança aponta doze objetos familiares, quando lhe dão os nomes

28. Aponta para três a cinco figuras num livro, quando nomeados
A criança aponta para três a cinco figuras num livro, quando nomeados

29. Combina objetos com gravuras


A criança combina objetos com gravuras

30. Presta atenção à música por cinco a dez minutos


A criança presta atenção à música por cinco a dez minutos

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31. Executa uma série de três ordens relacionadas
A criança executa uma série de três ordens relacionadas

32. Aponta para gravuras de objeto comum, descrito por seu uso
A criança aponta para gravuras de objeto comum, descrito por seu uso

33. Ergue os dedos para dizer a idade


A criança ergue os dedos para dizer a idade

34. Vira as páginas de um livro, duas a três de uma vez para achar a
gravura designada
A criança vira as páginas de um livro, duas a três de uma vez para achar
a gravura designada

35. Aponta para grande e pequeno pedido


A criança aponta para grande e pequeno pedido

36. Coloca objetos: em cima de, embaixo de e dentro, a pedido.


A criança coloca objetos: em cima de, embaixo de e dentro, a pedido.

37. Dá mais de um objeto quando lhe pedem, usando forma de plural


(cubos)
A criança dá mais de um objeto quando lhe pedem, usando forma de
plural (cubos)

38. Discrimina o diferente em meio aos iguais


A criança discrimina o diferente em meio aos iguais

39. Pode trazer ou levar objetos ou chamar pessoa que está em outra
sala quando devidamente instruída
A criança pode trazer ou levar objetos ou chamar pessoa que está em

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outra sala quando devidamente instruída

40. Coopera com pedidos dos adultos em 75% do tempo


A criança coopera com pedidos dos adultos em 75% do tempo

41. Compreende texturas: duro, mole, macio


A criança compreende texturas: duro, mole, macio

42. Presta atenção por cinco minutos, enquanto é lida uma estória
A criança presta atenção por cinco minutos, enquanto é lida uma estória

43. Executa uma série de duas ordens não relacionadas


A criança executa uma série de duas ordens não relacionadas

44. Aponta para dez partes do corpo, obedecendo a ordem verbal


A criança aponta para dez partes do corpo, obedecendo a ordem verbal

45. Aponta para menino e menina por ordem verbal


A criança aponta para menino e menina por ordem verbal

46. Segue regras, imitando ações de outras crianças


A criança segue regras, imitando ações de outras crianças

47. Executa uma série de três instruções relacionadas


A criança executa uma série de três instruções relacionadas

48. É capaz de achar um par de objetos ou gravuras a pedido


A criança é capaz de achar um par de objetos ou gravuras a pedido

49. É capaz de achar: parte de cima, parte de baixo de objetos a pedidos


A criança é capaz de achar: parte de cima, parte de baixo de objetos a
pedidos

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50. Capaz de apontar absurdos numa gravura
A criança é capaz de apontar absurdos numa gravura

51. Combina símbolos (números e letras)


A criança combina símbolos (números e letras)

52. Coloca objetos: atrás, do lado de, próximo de


A criança coloca objetos: atrás, do lado de, próximo de

53. Aponta parte que falta em objetos, representados em gravuras


A criança aponta parte que falta em objetos, representados em gravuras

54. Segue regras de raciocínio verbal


A criança segue regras de raciocínio verbal

55. Representa partes de uma estória dramatizando com fantoches ou


gestos
A criança representa partes de uma estória dramatizando com fantoches
ou gestos

56. Pode apontar para alguns, muitos, vários


A criança pode apontar para alguns, muitos, vários

57. Capaz de apontar para maioria, menos de todos, poucos


A criança capaz de apontar para maioria, menos de todos, poucos

58. Aponta objetos pela metade ou inteiros


A criança aponta objetos pela metade ou inteiros

59. Conhece o nome de dez numerais


A criança conhece o nome de dez numerais

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ABLA-R
Como já discutido em outros módulos, sabe-se que a Análise do
Comportamento Aplicada (ABA) se preocupa em realizar uma avaliação geral
do sujeito, ou seja, considerando aspectos de sua vida, diagnóstico,
antecedente histórico, expectativas do sujeito/família, bem como a avaliação do
repertório comportamental.
Conforme afirmam Varella, Souza e Williams (2017), tal avaliação é
extremamente importante, visto que possibilitará o alcance de
comportamentos-alvos fidedignos à necessidade do sujeito, sendo fiel a seus
requisitos comportamentais. Dessa forma, finalizam afirmando que “avaliações
imprecisas podem levar à escolha de objetivos inapropriados em virtude da
possível ausência de requisitos comportamentais para a aprendizagem dos
comportamentos selecionados” (p. 42).
Dessa forma, no processo de aprendizado de novos comportamentos é
requisitado ao sujeito o estabelecimento de discriminações que se diferenciam
em graus de dificuldade e tipos de discriminação. De uma forma didática,
Varella, Souza e Williams (2017), exemplificam o que seria uma discriminação
em uma situação simples e bastante rotineira no cotidiano, como: “uma criança
com autismo que aprendeu a guardar todas as roupas na gaveta direita de uma
cômoda, estabeleceu discriminações diferentes de uma outra criança que
aprendeu a guardar as camisetas na gaveta direita e as calças na gaveta da
esquerda” (p.43).
No primeiro cenário, ou seja, na qual a criança deverá guardar todas as
roupas em uma só gaveta, trata-se de um grau de discriminação simples, visto
que o comportamento dela estará sob controle apenas da gaveta da direita.
Portanto, tal gaveta pode ser compreendida, nesse cenário, enquanto o
estímulo discriminativo para que a criança guarde suas roupas nela, enquanto
a outra gaveta, a da esquerda, seria o estímulo delta, ou seja, que não
promove algum tipo de consequência quando a criança está frente a ela. Já no
segundo cenário, trata-se de uma discriminação condicionada, onde a criança
terá duas instruções, sendo: guardar as camisas na gaveta direita e as calças
na gaveta esquerda. Quando entregue as camisas à criança, a gaveta da
direita será o estímulo discriminativo, as camisas serão os estímulos

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condicionais, visto que deverão ser guardadas em uma gaveta específica
(gaveta da direita) e a gaveta da esquerda será o estímulo delta, não
promovendo nenhuma consequência reforçadora. Da mesma maneira
acontece quando entregue as calças à criança - as calças serão os estímulos
condicionais, a gaveta da esquerda será o estímulo discriminativo e, por fim, a
gaveta da direita o estímulo delta. (VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017).
Nesse sentido, compreende-se que existirão “medidas
comportamentais”, conforme afirmam os autores Varella, Souza e Williams
(2017, p.43), “de facilidade ou dificuldade no estabelecimento de
discriminações que podem auxiliar na seleção de objetivos” que serão
adequados para o sujeito, levando em consideração o seu repertório,
demandas e formas eficazes de ensinar-lhes. Sendo assim, os pesquisadores
Kerr, Meyrson e Flora, no ano de 1977, preocupados em compreender o
porquê algumas crianças com deficiência conseguiam realizar determinadas
atividades com presteza, mas quando diante de atividades similares não
conseguiam, elaboraram o teste de Avaliação de Habilidades Básicas de
Aprendizagem, o ABLA (Assessment of Basic Learning Abilities). (SOUZA,
2019).
O teste ABLA foi elaborado visando avaliar o que facilita ou dificulta a
aprendizagem de algumas habilidades básicas, divididas em algumas áreas,
como: motor, visual e auditivo. Ao analisar crianças em desenvolvimento típico,
é possível observar que estas apresentam discriminações simples em seis
níveis, os quais serão estudados e avaliados a partir de tal instrumento, até por
volta dos 03 anos de idade. Ao invés de identificar apenas o que a criança já
sabe, o ABLA se propõe a observar como ocorre o processo de aprendizagem,
quais as formas, níveis e dificuldades apropriadas para o ensino de novas
habilidades para o sujeito, ou seja, contribuindo ricamente para o delineamento
de intervenções e sendo levado em consideração o repertório da criança.
(VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017; SOUZA, 2019).
Dessa forma, o teste consiste na aplicação de seis níveis/tarefas, sendo:
Nível 1 – Imitação;
Nível 2 – Discriminação de posição;
Nível 3 - Discriminação visual;

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Nível 4 – Emparelhamento por identidade visual;
Nível 5 – Emparelhamento arbitrário visual;
Nível 6 – Emparelhamento auditivo visual.

Durante a aplicação, o avaliador irá organizar os materiais


disponibilizando-os frente ao sujeito e fornecerá uma instrução padrão,
seguindo três passos, os quais fazem parte do chamado Padrão de
Reforçamento e Dica (PPRD) (VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017):
1º passo: O avaliador demonstra para o sujeito como se faz. (Demonstração)
2º passo: O avaliador irá oportunizar uma tentativa com AF.
3º passo: Espera a resposta independente da criança (Oportunizar
independência), esperando 10 segundos para que a criança emita a resposta
correta.

Em vista disso, a marcação do teste é simples, devendo ser marcado


apenas se a criança apresenta ou não tal comportamento. Como critério, o
ABLA coloca que diante de 8 respostas corretas, independentes e
consecutivas, o avaliador poderá passar para o próximo critério. Já se a criança
errar 8 respostas, de forma cumulativa, o avaliador poderá parar a avaliação de
tal nível. A cada nível, o sujeito é apresentado a um tipo de discriminação mais
avançada, baseada nas foram apresentadas anteriormente (MARTIN, YU,
VAUSE, 2007; SOUZA, 2019).
Dessa forma, a aplicação do ABLA, conforme mencionam Varella,
Souza e Williams (2017), dura em torno de 40 minutos, contando com
pequenos intervalos entre os níveis testados. Além disso, a testagem conta
com o uso de alguns materiais, como: espuma, uma lata amarela, um cilindro
amarelo, uma caixa vermelha com listras pretas, um cubo vermelho com listras
pretas, um pedaço de madeira roxo e um pedaço de madeira prateado.

Níveis do ABLA
NÍVEL 01 – IMITAÇÃO MOTORA – Em tal nível, é solicitado à criança uma
resposta imitativa simples após ser dado o modelo. Dessa forma, o sujeito
deverá estar sob controle da ação demonstrada pelo avaliador e, portanto,

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deverá repeti-la corretamente, de forma independente ou com AF. O avaliador
irá colocar uma esponja dentro de um dos recipientes - lata amarela ou da
caixa vermelha e, em seguida, será solicitado ao sujeito que imite a ação do
avaliador. Se a criança não emitir a resposta que foi solicitada, o avaliador
deverá guiá-la para que ela responda corretamente, mas caso responda de
forma independente, será dada uma consequência reforçadora. Após 8
tentativas independentes e consecutivas, segue para o próximo nível.
NÍVEL 02 – DISCRIMINAÇÃO DE POSIÇÃO – Em tal nível, será demandado
da criança uma discriminação por posição, ou seja, sua resposta deverá estar
sob controle apenas da posição. Dessa forma, o avaliador colocará dois
recipientes sobre a mesa, ambos da mesma cor, em posições fixas. O
avaliador irá dar a instrução - “Onde isso vai?”, para que a criança coloque o
objeto na mesma lata que o avaliador colocou anteriormente.
NÍVEL 03 - DISCRIMINAÇÃO VISUAL - Neste nível a testagem será
semelhante a anterior, porém a posição dos recipientes deverão ser
randomizadas após cada tentativa e, além da discriminação da posição
(esquerda ou direita), o sujeito também estará sob controle do recipiente (caixa
ou lata), discriminando qual é o recipiente correto e a posição que ele está.
NÍVEL 04 - DISCRIMINAÇÃO CONDICIONAL VISUAL VISUAL - Neste nível,
será avaliado uma “aprendizagem de uma tarefa de escolha de acordo com o
modelo” (VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017, p.45). Dessa forma, o avaliador
irá expor alguns objetos sobre a mesa, mas selecionará apenas um e o
entregará a criança, dando a instrução - “Onde vai?”. Portanto, o sujeito deverá
discriminar o objeto, sua cor, a posição dos recipientes e, por fim, colocá-lo no
recipiente correto. Como exemplo, pensemos no seguinte cenário: o avaliador
entrega à criança o cilindro amarelo e lhe dá a instrução - “Onde vai?”. Na
mesa estarão dois recipientes: a caixa vermelha e a lata amarela. Dessa forma,
ao ser dado início a tentativa, a criança precisará discriminar qual o objeto que
está em suas mãos, a cor do objeto (amarelo), qual o recipiente correto, sendo
neste que deverá depositar o cilindro (lata amarela) e, por fim, colocar o objeto
na lata. Em vista disso, pode-se considerar que o cilindro assume a função de
estímulo condicional à lata, que opera como estímulo discriminativo.

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NÍVEL 05 - DISCRIMINAÇÃO VISUAL VISUAL ARBITRÁRIO - Neste nível a
testagem será semelhante a anterior, porém não terá nenhuma similaridade
entre os estímulos apresentados. Nesse caso, o sujeito avaliado deverá
estabelecer “relações arbitrárias entre estímulos visuais condicionais (pedaços
de madeira de cor roxa e prateada) e estímulos visuais discriminativos (lata
amarela e caixa vermelha)” (VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017, p.46). Por
exemplo: ao ser entregue um pedaço de madeira, de cor roxa, ao sujeito, este
deverá colocar tal estímulo na lata amarela, assim como fornecido o modelo.
NÍVEL 06 - DISCRIMINAÇÃO CONDICIONAL AUDITIVOVISUAL -
Consistindo enquanto o último nível da testagem, o avaliador deverá
apresentar o objeto e indicar onde a criança deverá colocá-lo, por exemplo: “Na
lata amarela”. Portanto, tal testagem é considerada enquanto condicional
auditivo visual porque o SD dado pelo avaliador será a indicação “lata amarela”
e a resposta da criança será o de ouvinte e visual, ao discriminar qual das latas
é a de cor amarela.

Considerações Finais Acerca do Tema


Enquanto considerações finais acerca do teste ABLA, é possível
mencionar o quanto tal avaliação é importante para crianças com atraso no
desenvolvimento e que estão falhando nas habilidades de iniciante, como as
habilidades discriminativas – simples ou condicionais, podendo discriminar
onde a criança tem mais falhado, podendo trabalhar especificamente no que
ela tem tido dificuldade, planejando intervenções eficazes, as quais levarão em
consideração as demandas da criança. Porém, como um alerta, os autores ao
concluírem declaram que:

Apesar de o ABLA-R apresentar um bom potencial preditivo, seus


resultados não devem ser considerados definitivos, uma vez que a
medida do ABLA é sensível à aprendizagem de novos repertórios e
tampouco deve ser considerado um impeditivo para aprendizagem de
discriminações inconsistentes com o nível atual. Em virtude de a
aplicação do teste ser rápida e seus resultados oferecerem
informações relevantes para o planejamento das condições de ensino
e seleção de objetivos comportamentais, o ABLA-R se mostra como
uma ferramenta útil, tanto para analistas do comportamento que
atuam com intervenções analítico-comportamentais no autismo e
outros distúrbios do desenvolvimento, quanto para pesquisadores que
necessitam de medidas do repertório discriminativo de um indivíduo
(VARELLA, SOUZA, WILLIAMS, 2017, p.53).

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