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Avaliação, Diagnóstico

e Intervenção
Psicopedagógica
Professora Tatiana Alves Carnelozzi
SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 4
Avaliação, Diagnóstico e Intervenção Psicopedagógica
UNIDADE I
Avaliação, Diagnóstico e Intervenção
Psicopedagógica
Professora Tatiana Alves Carnelozzi

Plano de Estudo:
● Avaliação psicopedagógica: conceitos e prática para a atuação
do psicopedagogo;
● Diagnóstico na prática do psicopedagogo;
● Intervenção na prática psicopedagógica clínica e institucional.

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1. AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: CONCEITOS E PRÁTICA PARA A
ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO

Quando mencionamos a palavra avaliação, instantaneamente surgem várias ideias


na nossa mente. Como profissionais da educação é comum que nos lembremos dos mode-
los de avaliação diagnóstica, tão usado no cotidiano das escolas.
Entretanto, na psicopedagogia não tratamos dos modelos de avaliação convencio-
nais como já conhecemos, a saber: avaliações diagnósticas, formativas, comparativas e
somativas. Como psicopedagogos, esse conceito precisa ser adaptado para nosso trabalho
de olhar em diferentes perspectivas e possibilidades o futuro de um aluno. A avaliação
psicopedagógica deve ser interpretada como um processo técnico e científico de coleta
de dados, em que não se dará de forma padrão em todas as ocasiões. É um processo de
estudo e investigação do profissional, e não tem previsão ou um protocolo a ser seguido da
mesma forma com todos os pacientes, pois considerará o contexto de vida, escolar, afetivo
e social de cada um.
A avaliação precisa começar assim que conhecemos o indivíduo a ser avaliado. Na
nossa prática clínica, por exemplo, desde o momento que a criança entra em nossa sala.
Perguntas devem ser feitas em nossa mente para encontrarmos essas respostas posterior-
mente. Precisamos observar desde a fala descontraída até mesmo a postura corporal da
criança. Devemos questionar “por que ela não cumprimenta? ”, “é comum ela sentar em tal
posição? ”, “Por que a mãe/pai responde por ela antes dela falar”? Entre outros quesitos.

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Essa avaliação informal, essa prática de observar além do resultado do papel é
o que fará de você um psicopedagogo/a com diferencial, capaz de refletir e solucionar
problemas, investigar e avançar com seu paciente e explorar possibilidades.
Precisamos lembrar que a psicopedagogia é uma ciência em evolução, e está sem-
pre se atualizando com as novas descobertas no universo do saber e do conhecimento.
Por isso, a avaliação deve compreender os mecanismos e caminhos que seu paciente
se utiliza para aprender. Deve-se considerar as mais variadas condições e alternativas,
investiga-los com instrumentos e práticas indicadas para aquela situação, além de propor
outros. Não é uma etapa do acompanhamento psicopedagógico que tem uma previsão
de tempo e um protocolo único para todos os casos. Sempre precisaremos considerar a
anamnese com o pais, o histórico da criança, as condições pedagógicas que se encontram
e os questionamentos da família e da escola.
Para entendermos melhor essa dinâmica, consideramos a citação abaixo:
A avaliação psicopedagógica é um dos componentes críticos da intervenção
psicopedagógica, pois nela se fundamenta as decisões voltadas à prevenção
e solução das possíveis dificuldades dos alunos, promovendo melhores con-
dições para o seu desenvolvimento (MORAES, 2010, p. 03)

Perceba como a avaliação acontece em todas as fases do acompanhamento


psicopedagógico. Ela norteará todo o trabalho de diagnóstico e intervenção para um ques-
tionamento que envolverá, ainda, toda uma equipe multiprofissional para atender a criança.

1.1 Etapas da avaliação


O primeiro passo para uma avaliação psicopedagógica envolve principalmente a
família e escola do aluno. Precisamos entender desde a concepção uterina da criança o que
ela passou para descartarmos transtornos de aprendizagem que decorrem de problemas
gestacionais, como uso de álcool e droga ilícitas na gravidez, gestação acima de 40 anos,
entre outros.
Esse passo é chamado anamnese:
A avaliação psicopedagógica envolve a identificação dos principais fatores
responsáveis pelas dificuldades da criança. Precisamos determinar se trata
de um distúrbio de aprendizagem ou de uma dificuldade provocada por ou-
tros fatores (emocionais, cognitivos, sociais...). Isto requer que sejam coleta-
dos dados referente à natureza da dificuldade apresentada pela criança, bem
como que se investigue a existência de quadros neuropsiquiátricos, condi-
ções familiares, ambiente escolar e oportunidades de estimulação oferecidas
pelo meio a que a criança pertence (MORAES, 2010, p. 03)

Nesse momento tão importante, é necessário se atentar para dificuldades de or-


dem patológicas e encaminhar, se necessário, para especialistas da área. Por exemplo,
uma criança que não tem uma rotina com alimentação adequada, negligenciada pelos pais

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que podem sofrer com dependência química muitas vezes, não terá resultados qualitativos
somente com intervenção psicopedagógica, pois seu problema tem origem na desnutri-
ção, que deve ser medicamentada e acompanhada por um médico. Nesse caso, é preciso
acionar setores responsáveis pelos direitos da criança, como o conselho tutelar. Estes
profissionais tomarão atitudes pertinentes à situação familiar daquela criança para aí sim
intervimos como psicopedagogos.
Outro ponto importante da avaliação é o alinhamento das expectativas de aprendi-
zagem da idade da criança e o currículo da escola. Quando o motivo da avaliação for queixa
escolar, é necessário um relatório escolar especificando que nível de leitura, escrita e cál-
culo a criança está. Quanto mais detalhado for o relatório escolar, melhor será a conduta da
equipe multiprofissional (neurologista infantil, psiquiatra, psicólogo, terapeuta ocupacional,
fonoaudiólogo, etc.) O profissional psicopedagogo clínico deve se reunir com a escola e
considerar a opinião dos professores, ouvi-las para entender as queixas e considerações
de cada profissional. Se a criança tem acompanhamento com terapeuta ocupacional, fo-
noaudiólogo, psicólogo ou outros, é importante alinhar o trabalho da equipe integralmente.
Por isso, o relatório escolar e o contato com a escola é fundamental.
Ao definir o período de avaliação, delimita-se a época do ano letivo em que foi
feita, a sua extensão, as interrupções ocorridas e suas causas. Começaremos com a
avaliação de crianças menores de 5 anos. Para isso, precisamos estudar as fases do de-
senvolvimento infantil. É necessário ter clareza do que é esperado em cada faixa etária.
Ciente do que espera-se para cada idade, podemos mensurar numa sessão de avaliação
psicopedagógica possíveis atrasos no desenvolvimento ou complicações na desenvoltura
do paciente. Vale ressaltar que cada criança tem seu tempo para se desenvolver e, nunca
se desenvolverá exatamente ao mesmo tempo das outras. Entretanto, quando chega num
limite determinado pelos estudos e o desenvolvimento infantil e essa criança não atingiu o
esperado, deve-se investigar.
Veja no quadro abaixo algumas especificações acerca do desenvolvimento infantil
e suas fases:

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FIGURA 1 – DESENVOLVIMENTO INFANTIL E SUAS FASES

Fonte: TEMPO de creche. Neurociência, Aprendizagem e Desenvolvimento Infantil – 6 a 12 meses. 2016.

Disponível em: https://tempodecreche.com.br/espaco-de-coordenar/neurociencia-aprendizagem-e-desenvol-

vimento-infantil-6-a-12-meses/. Acesso em: 20 nov. 2021.

Em geral, à medida que o bebê cresce e desenvolve a sua musculatura, exercita


seus movimentos. Ganha controle sobre o próprio corpo, e passa de gestos bruscos, “meio
estabanados” à movimentos refinados, controlados e com intenção determinada. Para essa
fase, trabalhamos estimulação de coordenação motora grossa e fina, lateralidade, ritmo,
estimulação fonética, sons e texturas, firmeza das mãos e pés e socialização.
A partir dos 6 anos, é a fase que mais atendemos na psicopedagogia clínica. Digo
isso porque nessa fase a criança já está submetida à alfabetização e operações mate-
máticas simples. Nessa idade da escolarização geralmente é o mais comum de surgirem
as desconfianças dos transtornos de aprendizagem, síndrome e dificuldades. Isso porque
existe um parâmetro nas turmas em que a criança estuda, e os professores/pais comparam
as conquistas acadêmicas e avanços de um aluno com outros. Isso também acontece na
questão comportamental. Uma criança com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hi-
peratividade) comumente é diagnosticada nessa fase, por exemplo. Não que anteriormente
não demonstrasse sinais do transtorno, mas porque no primeiro ano do ensino fundamental
lhe é exigido uma postura corporal por um longo tempo, assim como lhe exigem tarefas que
demandam atenção sustentada e seletiva.
Falando mais sobre o TDAH, quero ressaltar uma importante tarefa nossa (psicope-
dagogos) nas sessões de avaliação. Um indivíduo com TDAH via de regra, carrega rótulos
e reclamações da família e da escola desde muito cedo. Durante as avaliações, procure

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supervalorizar as qualidades e talentos da criança, para depois questioná-la sobre suas difi-
culdades. A mente do indivíduo com TDAH funciona com grande esquema de recompensa,
em que devemos punir as ações negativa e recompensar as conquistas e qualidades.
Independentemente do que se desconfia durante as avaliações e as estratégias
selecionadas para intervenção, listo abaixo os momentos que todos os pacientes passarão.
Na primeira sessão que você conhecerá seu paciente. Não é momento de falar de
você como profissional, e sim de escutar as queixas, as reclamações, pois a família chegará
sempre com uma dor e uma grande dúvida. Seja paciente, investigadora, pesquise antes
para atender essa família. Primeiro começamos com a anamnese, que é uma avaliação
informal com a família do paciente realizada em sessão.
Existem modelos de anamnese extremamente extensos, mas, se você entender
o objetivo dela, não perderá tempo na sessão fazendo tantas perguntas. Lembre-se que
anamnese serve para conhecer o histórico familiar, doenças gestacionais ou desenvolvidas,
presença de doenças ou síndromes e transtornos nos familiares, histórico de consumo de
drogas na gravidez, desenvoltura acadêmica do paciente, nível de socialização, queixas
escolares e dificuldades que está enfrentando, idade que começou a andar, falar, engatinhar.
Na anamnese podemos já eliminar algumas doenças que são adquiridas/provadas
geneticamente. Também observaremos se a dinâmica familiar ou escolar corrobora para
a queixa do paciente ou evita. Também instruirá para tratamentos e medicamentos que o
aluno já tomou, como respondeu a esses tratamentos, o que teve sucesso ou não.
Deixou abaixo um modelo de anamnese que tenho usado em atendimento. Sempre
personalizo, posso eliminar algumas perguntas dependendo da situação ou acrescentar
outras. Lembre-se que a sessão não é estática, ela varia sempre de caso a caso.

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FICHA DE ANMNESE PARA PSICOPEDAGOGOS

IDENTIFICAÇÃO:

Nome:__________________________________________________________________
Idade: _____anos e _____meses
Data de nascimento: _____/_____/_____
Natural de: ____________________________________________________________
Escolaridade:_________________ Turno:________________
Horário: _____________________
Escola:_________________________________________________________________
Pública ( ) Privada( ) Fone: ___________________
E-mail:______________________________________________________________________
Professor(a) responsável :___________________________________________________
Coordenador(a): __________________________________________________________
Encaminhado pela escola: ( ) sim ( ) não ( ) outro _______________________________
Pai: ______________________________________________________
Idade: ______________
Fone: ______________________
E-Mail:___________________________________________
Profissão: _________________________________
Escolaridade:_________________________
Mãe:_____________________________________________________
Idade:______________ Fone: ______________________
E-mail: ___________________________________________
Profissão:_________________________________
Escolaridade: ________________________ Endereço: ___________________________
_________________________________________ Bairro: _________________________
______________ Cidade: ________________________

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COMPOSIÇÃO FAMILIAR

Relação dos pais hoje? ____________________________________________________


________________________________________________________________________
____________________________
Outras crianças e parentes que moram com a criança: ____________________________
________________________________________________

Nome:__________________________________________________________________
Idade:___________________________________________________________________
Relação:_________________________________________________________________
Educação:________________________________________________________________
Ocupação:_______________________________________________________________
Saúde:__________________________________________________________________
Prob.Aprendiz.:____________________________________________________________

IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA Queixa (motivo): ______________________________


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________

CONCEPÇÃO

( ) Filho natural ( ) Filho adotivo

Idade dos pais na época: Pai: _________________________ Mãe: ______________________


Gravidez foi planejada ou casual? _____________________________________________
Número de gestações anteriores? _____________________________________________
Abortos? ___________ Naturais: ___________
Provocados: ____________________________

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GESTAÇÃO

Acompanhamento pré-natal? ________________________________________________


Ingestão de algum tipo de drogas? Lícitas e/ou ilícitas? ____________________________
________________________________________________________________________
Quedas ou acidentes durante? _______________________________________________
Tomou alguma medicação? __________________________________________________

Doenças: ( ) rubéola ( ) toxoplasmose ( ) sífilis ( )hipertensão ( ) diabetes ( ) outras


________________________________________________________________________
Condições emocionais? ____________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________

PARTO

Parto: ( ) normal ( ) induzido ( ) cesárea ( ) fórceps


Cordão umbilical em volta do pescoço? ________________________________________
Nasceu roxinho? ________________
Necessitou de oxigênio? ________________________
Teve convulsões? _________________________________________________________
Altura: ____________ Peso: ____________ Apgar ( força muscular, frequência de batimen-
tos do coração, reflexo, respiração e cor.): ______________________________________
Teve icterícia? ____________________________________________________________

ALIMENTAÇÃO

Mamou no peito?__________________
Tempo: ______________________________________
Tomou mamadeira? _________________________
Tempo: ______________________________
Hoje tem hora para as refeições? _____________________________________________

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Como a criança come? Rápido, devagar, sofreguidão, voracidade, mastiga bem?
________________________________________________________________________
Faz as refeições com a família? ______________________________________________
Onde?
Vendo TV?______________________________________ _________________________
___________________________________________________
Preferência alimentar: ______________________________________________________

HISTÓRIA CLÍNICA

( )Febre alta
( )Sarampo
( )Meningite
( )Caxumba
( )Rubéola
( )Coqueluche
( )Desidratação Grave
( )Otite
( )Complicação com vacinas Adenóides
( )Amigdalites
( )Alergias
( )Acidentes
( ) Asma
( )Infecção de ouvido
( )Catapora
( )Bronquite
( )Convulsões

Faz uso de medicação? ____________________________________________________


________________________________________________________________________
____________________________

Quais os acompanhamentos que faz na área da saúde? ___________________________


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
_________________________________________________________

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SONO

Onde a criança dorme? Tem seu quarto?__________________________________________


Tem o costume de dormir na cama dos pais? ____________________________________
Que horas dorme? _________________
Que horas acorda? ______________________________
Sono: tranquilo ( ) agitado ( ) range dentes ( ) terror noturno ( ) sonambulismo ( ) Fala
dormindo ( ) Enurese ( ) Hábitos especiais (presença de alguém, objetos, embalo, bico,
chupa dedo, etc.) __________________________________________________________
__________________

DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR

Com que idade sentou __________________


Engatinhou? ________________________
Forma de engatinhar: ______________________________________________________
Com que idade andou? ________________
Caía muito? _______________________________
Dominância manual: _______________________________________________________
Acredita que tenha alguma dificuldade motora? __________________________________

CONTROLE DE ESFÍNCTERES

Com que idade parou de usar fraldas? _________________________________________


Controle esfincteriano hoje:
Dia ( ) sim ( ) não
Noite ( ) sim ( ) não

DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

Balbuciou? ___________________
Com que idade começou a falar? _____________________________________________
Apresentou problemas na fala?________
Quais? ______________________________________
Fez uso de bico? ___________________ Até que idade? __________________________

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Como era esse uso? _______________________________________________________
Compreende ordens? ______________________________________________________
Como a criança se comunica? _______________________________________________

ESCOLARIDADE

Frequentou creches/educação infantil? ________________________________________


Idade que entrou para escola: _______________________________________________
Adaptação: ______________________________________________________________
Escolas que frequentou:
ESCOLA SÉRIE ANO ______________________________________________________
Repetiu de ano? __________________________________________________________
Por que? __________________________________
Faz as tarefas sozinho(a)? __________________________________________________
Com quem faz as tarefas? ___________________________________________________
Fatos importantes que aconteceram na vida escolar de seu filho: ____________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________
Quais as queixas mais frequentes? ___________________________________________
________________________________________________________________________
_____________________________________

Tem dificuldade para: ( ) ler ( ) escrever ( ) coordenação motora ( ) contar ( ) calcular


( ) esquece o que aprende ( ) troca letras na escrita ou na leitura ( ) letra ilegível ( )
atenção ( ) concentração Conhece: ( ) cores ( ) números ( ) dinheiro ( ) letras ( )
meses do ano ( ) dias da semana
Sabe recortar? ____________________________________________________________
Apresenta tiques? _________________________________________________________
Como pega o lápis? ________________________________________________________
Escreve muito forte ou muito fraco? ___________________________________________

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COMPORTAMENTO

Humor habitual ___________________________________________________________


Prefere brincar sozinho ou em grupos? ________________________________________
Estranha mudanças de ambiente? ____________________________________________
Adapta-se facilmente ao meio? ______________________________________________
Tem horários? ____________________________________________________________
Aceita bem as ordens? _____________________________________________________
Prática esportes? _________________________________________________________
Apresenta agressividade, apatia ou teimosia? ___________________________________
Percebe quando muda alguma coisa em casa ou quando há um objeto novo? ______________
Tem algum medo? _________________________________________________________
Quais as brincadeiras e brinquedos infantis preferidos? ___________________________
Como a criança se comporta:
Sozinha: ________________________________________________________________
Em família: ________________________________________________________
Com outras pessoas: ________________________________________________
Com quem ela mais gosta de ficar e por quê? ___________________________________
________________________________________________________________________
_____________________________________________

SEXUALIDADE
Tem curiosidade sexual? Início: ______________________________________________
Tipo de pergunta: _________________________________________________________
Atitude da família frente às perguntas ou atitudes:
Algum problema?

Parece não ouvir quando é chamado? _________________________________________


Já fez audiometria? ________________________________________________________
Cirurgia? ________________________________________________________________

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AUDIÇÃO

Algum problema? _________________________________________________________


Usa óculos? ______________________________________________________________
Cirurgia? ________________________________________________________________

HÁBITOS

Rói unha? _______________________________________________________________


Tem tiques nervosos? ______________________________________________________
Alguma mania repetitiva? ___________________________________________________
Tem movimentos rítmicos? __________________________________________________
Chupa dedo ou bico? ______________________________________________________

RELACIONAMENTO

Relaciona-se com outras crianças? ___________________________________________


Tem amigos? Como é essa relação? __________________________________________
________________________________________________________________________
Como é a relação na escola com colegas e professores? _____________________________
________________________________________________________________________
Como é a relação na família com os pais e irmãos? _______________________________
________________________________________________________________________
ESTIMULAÇÃO:

A criança tem acesso à: ( ) Brinquedos ( ) jogos pedagógicos ( ) Revistas, livros ( )


Videogame ( ) Tablet ( ) celular ( ) Computador

Como é o acesso aos eletrônicos? ____________________________________________

É feito controle do conteúdo acessado na internet e redes sociais? ______________________

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_____/_____/______

_______________________________________________
Assinatura Mãe / Pai

________________________________________________
Psicopedagoga(o)

Feita a anamnese, é o momento de aplicar alguns testes ou provas projetivas,


como chamamos. Para Bueno (2017, p. 03):
as técnicas projetivas dizem respeito àquelas atividades em que é solicita-
do que o sujeito faça desenhos ou uma representação acerca de uma dada
situação. E é pela análise destes desenhos que o psicólogo infere sobre ca-
racterísticas com relação ao indivíduo. O desenho pode ser uma atividade de
grande importância para avaliações psicológicas infantis, sua forma, cores e
posição na folha de papel podem dizer muito sobre seu comportamento.

Enquanto desenha, a criança registra seu pensamento, organiza sua ideia, repro-
duz sua emoção por ser um momento lúdico que está sendo submetida. Por isso, as provas
projetivas funcionam quando precisamos saber a visão de mundo do paciente, em que suas
experiências estão interferindo, entre outras situações.
Bueno (2017, p. 5-8) resgata em Visca (2011, p. 212 e 213) as principais provas
projetivas, como relata os quadros abaixo:

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QUADRO 1 – PROVAS PROJETIVAS

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Fonte: Visca (2011, p. 213 a 215)

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De acordo com Jorge Visca (1987), as técnicas projetivas psicopedagógicas bus-
cam investigar os vínculos que a criança pode ter com a família, escola e consigo mesma.
Como analisa esses vínculos, pode apontar possíveis obstáculos que estejam impedindo a
criança de aprender:
O material necessário para a aplicação da prova é: folhas de papel sulfite;
lápis preto; e borracha. As provas devem ser aplicadas individualmente e em
cada sessão de aplicação a solicitação dos vínculos pode variar de acordo
com o aspecto da aprendizagem que se quer avaliar. (BUENO, 2017, p. 04)

Além das provas projetivas ‘comunicarem’ para nós quem é a crianças, existem
testes e escalas que podemos usar na psicopedagogia clínica. Esses, serão listados e
comentados no próximo capítulo.

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2. DIAGNÓSTICO NA PRÁTICA DO PSICOPEDAGOGO

Quando tratamos do termo “diagnóstico” na psicopedagogia, devemos ter noção


da complexidade do tema, antes de mais nada. Diagnosticar é colocar uma etiqueta no
histórico do seu paciente que nunca mais será removida. Portanto, como profissionais
investigadores, é nossa tarefa zelar dos cuidados que o paciente requer até chegar a um
diagnóstico, pois muitas vezes leva-se anos para a equipe multiprofissional que acompanha
o caso chegar à uma conclusão.
O profissional psicopedagogo tem como objeto de pesquisa e de estudo a aprendi-
zagem. Não à toa você se inteirou, no capítulo anterior, que as avaliações começam com
um longo questionamento, uma entrevista. Reflita sobre esse processo: o que o psicope-
dagogo observa no histórico do paciente, depois de muito analisar e questionar, é o que o
induzirá às problematizações e questionamentos. Isso só é possível porque o trabalho do
psicopedagogo é um olhar clínico e investigativo, em que as sessões conduzem conforme
vai-se fazendo novas descobertas.
As etapas que seu paciente passará para se chegar numa hipótese diagnóstica são:
● Anamnese;
● Sessões lúdicas centradas na aprendizagem;
● Complementação com provas e testes (quando necessário);
● Síntese diagnóstica – Prognóstico;
● Devolução – Encaminhamento.

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As sessões lúdicas centradas na aprendizagem, desenvolvida por Maria Lúcia
Lemme Weiss nada mais é que um momento em que a criança receberá muitas opções
de jogo, brinquedos, materiais e também receberá instruções sobre onde brincar, tempo
estipulado, etc.
Para Oliveira (2018), algumas sugestões de materiais são:
● Folhas de papel brancas e coloridas, lápis, apontador, régua, lápis de cor, cane-
tas, cola, tesoura, revistinhas, livros;
● Material para carpintaria e construções: madeiras, pregos, tachinhas, arames,
ferramentas etc;
● Materiais reaproveitáveis como embalagens, tecidos, caixas, borrachas...
● Blocos de madeira ou plástico, pinos de encaixe;
● Tintas diversas, massa plástica, cola plástica colorida;
● Fantoches, miniaturas, animais, flores, bonecos, pires, xícaras;
● Jogos.

Nas sessões observamos com muita atenção vários pontos:


Escolha do material: Escolhe o mesmo brinquedo em todas as sessões? Se limita
a brinquedos que exigem menos imaginação? Cansa rápido do brinquedo? Gosta de jogos
que exigem raciocínio lógico? Entre outras observações, essas nos fará conhecer melhor a
criança e suas preferências.
A relação da criança com o profissional: Convida você para brincar junto com ela?
Insiste em brinquedos que transmitem afetividade (ursinhos de pelúcia por exemplo)? Brin-
ca concentrado no brinquedo ou jogo?
Modo de brincar: Se comunica com os brinquedos criando situações imaginárias?
Começa o jogo, mas não conclui? Já brincou com esses brinquedos antes? Demonstra
irritabilidade quando não desenvolve do jeito que queria?
Tais reflexões nos permitirá um parâmetro dos costumes da criança, sua rotina,
seus costumes. De acordo com Weiss (2015, p. 79), como o jogo é inerente ao homem, e
por revelar sua personalidade integral de forma espontânea, se pode obter dados específi-
cos e diferenciados em relação ao Modelo de Aprendizagem do paciente. Assim, aspectos
do conhecimento que já possui, do funcionamento cognitivo e das relações vinculares e
significações existentes no aprender, o caminho usado para aprender ou não-aprender, o
que pode revelar, o que precisa esconder e como o faz podem ser claramente observados
através do jogo.
Além das provas projetivas e das sessões lúdicas centradas na aprendizagem,
existem testes e provas que nós, psicopedagogos podemos aplicas para verificar a situação
da atenção, aprendizagem, raciocínio do paciente. Entretanto, como já foi dito, as análises,
avaliações, sessões psicopedagógicas não estáticas e nunca usaremos os mesmos instru-
mentos para todos os pacientes. Você perceberá ao longo de sua prática que, para alguns
pacientes, não faz sentido usar o protocolo que usa para outros.
Sobre os testes psicopedagógicos, também é válido mencionar que muitos têm
um custo alto, e para aplica-los os pais precisam entender a relevância deles. Vale a pena

UNIDADE I Avaliação, Diagnóstico e Intervenção Psicopedagógica 23


estudar os indicadores dos testes antes de adquirir para aplicar nas sessões. Os testes não
podem ser a ferramenta fundamental para analisarmos o quadro do paciente, e sim nossos
conhecimentos acerca do próprio paciente, além do conhecimento sobre o DSM, que é o
documento oficial sobre os Transtornos, critérios para diagnóstico, etc.
A psicopedagoga Rosimeire Castro listou em seu material “Testes Psicopedagógi-
cos” alguns que podemos selecionar para nossa prática clínica e institucional:

FIGURA 2 - TESTES PSICOPEDAGÓGICOS

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UNIDADE I Avaliação, Diagnóstico e Intervenção Psicopedagógica 25
Fonte: Castro, 2020.

Com esse resumo conseguimos entender, mesmo que superficialmente, a infini-


dade de testes a avaliações que existem. Eles auxiliam grandemente na identificação do
ponto de vista quantitativo das dificuldades e lacunas na aprendizagem, mas precisamos
saber que eles são um dos recursos e não o processo de avaliação em si. É aconselhável
que outros recursos também sejam utilizados: conhecimentos teóricos, observações, entre-
vistas (avaliação qualitativa).
Para entender melhor no momento de escolher os testes, faça algumas perguntas
a si mesmo: Eu conheço esse teste? Conheço as propriedades e parâmetros que ele usa?
Seus indicadores serão relevantes para esse paciente? Quais outros instrumentos me
ajudarão no lugar desse teste?
Dessa forma, enquanto ganhamos experiência como psicopedagogos, aprende-
mos a selecionar a melhor forma para trabalharmos, além de ajudar o paciente otimizando
o tempo e quantidade das sessões.
Assim que fazemos as avaliações, provas, testes necessários, analisamos e estudamos
o caso do paciente, fazemos também uma devolutiva do processo para a família e a escola.
Existem modelos de relatórios para isso, mas o mais importante é colocar com o
seu olhar, sua visão, o que seu paciente realizou nas sessões e o que você identificou.
Insira os resultados dos testes, se utilizou. Mas, registre todos os pontos de vista, in-
clusive as qualidades e avanços, por mais que seu paciente tenha um quadro comprometedor
para a aprendizagem. Toda criança tem, em sua personalidade, uma riqueza a ser explorada.
No próximo capítulo trataremos dos pontos mais importante da intervenção
psicopedagógica.

UNIDADE I Avaliação, Diagnóstico e Intervenção Psicopedagógica 26


3. INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

A psicopedagoga sempre busca o desenvolvimento das relações com a apren-


dizagem. Além disso, seu objeto de estudo está constituído em torno da aprendizagem
humana, seja seus padrões normais ou patológicos. Logo após a avaliação e o diagnóstico
é importante apresentar a família um Plano de Intervenção, de como será trabalhada as
dificuldades e / ou atrasos no desenvolvimento do sujeito. Neste plano deve conter os
objetivos a serem alcançados e a metodologia para se ter êxito no tratamento. Portanto, a
intervenção psicopedagógica pode ser entendida como uma interferência realizada por um
profissional da psicopedagogia.
É na intervenção psicopedagógica que o procedimento adotado visa interferir
no processo, com o objetivo de entende-lo, explicita-lo ou corrigi-lo, acarretando novos
elementos para o paciente, assim quebrando padrão e as dificuldades gradativamente,
melhorando cada vez mais suas habilidades e ultrapassar seus déficits de aprendizagem.
As intervenções psicopedagógicas podem se traduzir em uma fala, um assinala-
mento, uma interpretação que o psicopedagogo realiza em crianças com déficit de aprendi-
zagem, além de outros fatores específicos somados aos sinais apresentados pela criança
na escola e/ou no meio social. Consideramos então, que um dos principais objetivos da
psicopedagogia é a intervenção, realizando a mediação entre adolescentes, crianças ou
adultos e os seus objetivos específicos de conhecimento.

UNIDADE I Avaliação, Diagnóstico e Intervenção Psicopedagógica 27


É importante salientar que as causas das dificuldades e dos transtornos de aprendi-
zagem são diversas, e por isso não é uma tarefa fácil para os educadores reconhecerem e
compreenderem essa pluricausalidade. As escolas acabam rotulando e punindo esse grupo
de alunos à repetência ou reprovação apenas, o que pode vir a causar mais problemas psi-
cológicos ao jovem no futuro. Neste contexto sugere-se que haja um trabalho em conjunto
entre o psicopedagogo e o professor. É uma boa opção organizar turmas para o trabalho
em grupo, reunindo alunos que aprendem com mais facilidade e alunos que apresentam
dificuldades de aprendizagem, porque crianças que entendem suas linguagens podem
funcionar como professores uns dos outros.
Para a Psicopedagogia, os papéis de professores e alunos se alternam o tempo
todo, pois podemos afirmar que no processo ensino-aprendizagem visto pela psicopeda-
gogia também se aprende sobre nós, sobre a nossa forma de ensinar, na qual, os outros
servem de espelho. Segundo Vygotsky, “Todos os seres humanos são capazes de aprender,
mas é necessário que adaptemos nossa forma de ensinar”.
Na intervenção psicopedagógica, é possível ter uma maior flexibilidade, trabalhan-
do com aspectos que forem surgindo ao longo das sessões. É necessário ter criatividade
para poder trabalhar as dificuldades do paciente de uma forma lúdica e prazerosa, pois é
importante que o paciente tenha vontade de aprender. O objetivo é a longo prazo. A todo
momento, é fornecido ajuda quando o paciente apresenta dificuldades, pois como afirma
Smith e Strick (2001), é necessário “preparar o terreno” para que as crianças consigam
obter sucesso de forma regular, pois este é o único incentivo que funciona a longo prazo.
Com o tempo, são estruturadas circunstâncias para que possam obter sucesso sozinhas.
Além disso, é trabalhada a autoestima do paciente com constantes elogios, pois
vários autores como Roeser e Eccles (2000 apud STEVENATO et al., 2003) afirmam que a
criança com dificuldade de aprendizagem tem uma tendência em apresentar baixo autocon-
ceito por se sentir inferior às outras crianças da mesma idade. Para os autores, as crianças
que apresentam dificuldade de aprendizagem conferem essa dificuldade a si mesmas e
apresentam sentimentos de vergonha, dúvidas em relação ao seu desempenho, baixa
autoestima e distanciamento das demandas da aprendizagem, caracterizando problemas
emocionais e comportamentos internalizados.
Outra característica da intervenção psicopedagógica é atuar nas dificuldades por
meio das atividades lúdicas. Para Brenelli (2001), os jogos podem revelar a realidade interna
da criança e a linguagem lúdica é a mais apropriada para crianças e adolescentes. Brenelli
(2008) afirma ainda que a utilização de jogos em contextos educacionais com crianças que

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apresentam dificuldades poderia ser eficaz em dois sentidos: iria lhes garantir o interesse
e a motivação, e por outro, estaria atuando com o intuito de possibilitar-lhes a construir ou
aprimorar seus instrumentos cognitivos, facilitando a aprendizagem dos conteúdos. Além
de se trabalhar a dificuldade que a criança apresenta, na intervenção também é possível
intervir no comportamento. No processo, muitas vezes, é importante trabalhar com regras
e limites, pois na maioria dos atendimentos pode se fazer necessário fazer um acordo para
que o paciente realize as atividades que podem ser que apresentem resistência. De acordo
com Souza (2009), a criança precisa interiorizar a ideia de que muitas vezes ela pode fazer
o que deseja, mas nem sempre isso será possível. Entretanto, entre escolher seu próprio
desejo e pensar no direito que os rodeiam, muitos optam por satisfazer seu próprio desejo,
mesmo que, por vezes, prejudiquem alguém.

Alguns passos para realizar uma intervenção psicopedagógica:

● Analisa-se com mais atenção e cautela os erros dos alunos;


● Elabora-se a reformulação e adequação das práticas docentes, para que elas se
aproximem da necessidade dos alunos e atenda as dificuldades que o mesmo
apresenta;
● Recomenda-se que o professor em conjunto com a escola e o psicopedagogo,
reflita sobre a estrutura curricular e sua compatibilidade com a estrutura cognitiva,
afetiva e social do aluno com déficit de atenção, afinal para nós psicopedagogos
a aprendizagem baseia-se no equilíbrio dessas estruturas.
● Avalia-se o enfoque psicopedagógico da dificuldade de aprendizagem em crian-
ças com déficit de atenção, os processos de desenvolvimento e os caminhos da
aprendizagem, entendendo o aluno de forma individual e interdisciplinar, bus-
cando apoio em diversas áreas do conhecimento, analisando a aprendizagem
no contexto escolar, familiar e no aspecto afetivo, cognitivo e biológico;
A intervenção psicopedagógica pode ser entendida como estratégias que visam à re-
cuperação de conteúdos escolares avaliados como deficitários nos pacientes. Procedimentos
de orientação são realizados na intervenção, com a proposta de atividades como brincadeiras,
jogos de regras e dramatizações, com o objetivo de promover a plena expressão dos afetos
e o desenvolvimento da personalidade de crianças com e sem dificuldades de aprendizagem.
Ocorre que por meio da intervenção psicopedagógica as lacunas no nível dos
conteúdos escolares são preenchidas, o que pode ser muito útil para a criança, se a razão
de seu mau desempenho for de natureza pedagógica. Instrumentos de diagnóstico e inter-
venção psicopedagógica, como atividades e testes tendem a ser muito eficazes e permitem
uma abordagem mais ampla das necessidades particulares de cada sujeito.

UNIDADE I Avaliação, Diagnóstico e Intervenção Psicopedagógica 29


● Quem pode procurar este serviço?
Todo aquele que apresente dificuldades de aprendizagem na escola ou em contex-
tos que necessitem de habilidades específicas como leitura-escrita, atenção e concentra-
ção, matemática; além daqueles que já realizaram o diagnóstico psicoeducacional e foram
encaminhados para atendimento psicopedagógico e/ou psicológico.

● Como ocorre a intervenção psicopedagógica?


A intervenção deve ser planejada conforme as dificuldades identificadas na avalia-
ção ou diagnóstico prévio. O enquadramento será planejado pelo terapeuta após estudo mi-
nucioso do diagnostico psicopedagógico e das condições materiais do paciente. Construirá
de acordo também com as suas reais possibilidades como terapeuta nesse atendimento
especifico, singular.
O psicopedagógico ou profissional da educação programará atividades, jogos e
brincadeiras, para trabalhar os aspectos deficitários apresentados pelo paciente. Será o
modo formal como conduzirá a intervenção psicopedagógica, considerando os dois lados: o
do terapeuta e o do paciente. Poderão acontecer algumas mudanças, ao longo do processo,
desde que devidamente combinadas.
O Enquadramento por encerrar um ponto exigirá definição de constantes que irão
se manter ao longo da intervenção e do tratamento psicopedagógico, a saber.

● Quanto tempo leva a intervenção?


O tempo depende do grau de dificuldade e capacidade de assimilação, bem como
o empenho do paciente, pais e professores durante o período da intervenção psicopedagó-
gica. Nunca é o mesmo tempo para todos os pacientes.

● Como funciona a intervenção psicopedagógica?


O paciente se encontrará com o (a) profissional em horários previamente agendados.
As sessões ocorrem de uma a duas vezes por semana com duração entre 50min e uma hora.
A atuação e intervenção psicopedagógica deve estar focada nas necessidades
da criança. O trabalho psicopedagógico se desenvolve a partir de atitudes investigativas,
desde a queixa até a intervenção, é contínuo. É preciso ter um olhar atento no sujeito e ser
criativo. O projeto de intervenção deve ser realizado em um conjunto de funções, levando
em conta o ponto de vista do sujeito que aprende e a instituição que ensina, a vivência com
a família assim como, sempre que necessário buscar um trabalho interdisciplinar quando
necessário para dar continuidade ao tratamento.

UNIDADE I Avaliação, Diagnóstico e Intervenção Psicopedagógica 30


A proposta do lúdico é essencial, visto que constitui uma forma prazerosa em
aprender e possibilita à criança desenvolver suas capacidades e habilidades de modo am-
plo. Durante o jogo é possível observar diferentes situações relacionadas à atenção, con-
centração, raciocínio lógico, noção espacial, regras, tolerância, frustração, como o sujeito
lida com o erro e o não saber, entre outros, desta forma o psicopedagogo, vai criando seu
olhar como terapeuta e seu raciocínio clínico. Ao conjecturar as observações, o profissional
inicialmente apura o diagnóstico e em outros momentos, utiliza essa ferramenta para inter-
venção. As teorias auxiliam na prática da atuação psicopedagógica, mas não existe uma
receita pronta para a realização dos atendimentos, já que cada sujeito é um ser individual e
apresenta diferentes dificuldades, e os resultados dependem de um conjunto de ações que
envolvem a escola, família, o psicopedagogo e outros profissionais especializados.

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REFERÊNCIAS

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