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Psicologia da Educação

4- ano do magistério
A importância da Avaliação do professor perante o aluno em sala de aula para
diagnosticar possível transtorno e síndrome voltada à dificuldade na
aprendizagem.

O termo diagnóstico tem origem em duas palavras gregas: diá, que significa “por
meio de, durante”, e gnosis, “referente ao conhecimento de”. Dessa forma, entende-
se que diagnóstico é o conhecimento ou determinação de uma característica pela
observação das suas manifestações. Já o termo psicopedagógico remete ao
conhecimento que articula a Psicologia e Pedagogia.

O objeto de estudo da Psicopedagogia, a saber, os processos de aprendizagem,


devem ser compreendidos a partir de duas perspectivas: preventiva e terapêutica. A
perspectiva preventiva contempla o ser humano em desenvolvimento na qualidade
de educável, ou seja, o sujeito a ser educado, bem como seus processos de
desenvolvimento e alterações nestes processos, enfatizando as competências do
aprender num sentido global. A perspectiva terapêutica contempla a identificação e o
estudo de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de
aprendizagem.

O diagnóstico na perspectiva da Psicopedagogia possui especificidades, que o


diferencia dos demais psicodiagnósticos, em razão das particularidades do seu
objeto de estudo, que é a matriz do pensamento e processos diagnósticos.

O diagnóstico psicopedagógico é um processo, por meio do qual se apura, identifica,


levanta hipóteses, ainda que provisórias, sobre que leva o aluno a apresentar
dificuldades ou a não aprender, isto é, quais os obstáculos que impedem o seu
desenvolvimento dentro do esperado.

A proposta do diagnóstico psicopedagógico está apoiada em pressupostos


científicos que descrevem a compreensão de um fenômeno, no qual a situação real
é caracterizada/compreendida a partir da utilização de teorias científicas, noções e
conceitos.
Nesse contexto, encontra-se Epistemologia Convergente que, apoiada nas teorias
interacionistas, estruturalistas e construtivistas, estrutura a teoria e a prática sobre o
diagnóstico e intervenção psicopedagógicos, etapas fundamentais na busca pela
superação das dificuldades na aprendizagem, compreendendo que todo o processo
diagnóstico deve ser estruturado de forma a possibilitar a observação da interação
entre o cognitivo e o afetivo do aprendente.

A Epistemologia Convergente entende que a aprendizagem possui duas dimensões


distintas: normal e patológica. Para identifica-las, é necessário recorrer aos
conhecimentos teóricos e práticos sobre a matriz do pensamento diagnóstico, ou
seja, recorrer ao instrumento conceitual que fundamenta a ação, de maneira a
apresentar os estados do objeto (dimensão normal e/ou patológica da
aprendizagem), mantendo sua unicidade.

A matriz do pensamento avaliativo está organizada como a maior parte dos


esquemas da observação: propriamente dito, prognóstico e indicações. Baseia-se
nos princípios interacionistas, construtivistas e estruturalistas e prevê:

▪ Análise do contexto e leitura do sintoma.


▪ Explicação das causas que coexistem temporalmente com o sintoma.
▪ Explicação da origem do sintoma e das causas “a-históricas”.
▪ Análise do distanciamento do fenômeno em relação aos parâmetros considerados
aceitáveis.
▪ Levantamento das hipóteses sobre a configuração futura do fenômeno atual.
▪ Indicações e encaminhamentos.

A avaliação remete à caracterização do sujeito e do meio no qual se manifesta o


sintoma ou dificuldade no momento da observação e avaliação da aprendizagem.
Baseia-se no pressuposto que o sintoma é resultado da interação do subsistema, a
personalidade como o sistema social, e seus mediadores. É constituído por a)
análise do contexto em que se desenvolve o processo de aprendizagem; b) leitura
de sintomas que emergem na interação social voltada para o aprendente; c)
explicação de causas que coexistem temporalmente com o sistema; d) Explicação
da origem desta causa; e) Análise do distanciamento do fenômeno em relação aos
parâmetros considerados aceitáveis. Podem ser observados aspectos tais como: as
características da instituição educacional (aprendizagem sistemática), comunidade
(aprendizagem assistemática), como as condutas exigidas que ajudam na
manifestação ou não das dificuldades em um outro campo. Dentro da caracterização
interessa: sexo, idade, meio cultural e etc., que permitem a compreensão se a
conduta é ou não sintomática.
Indicações, referem-se à análise das causas internas do aprendente simultâneas
aos sintomas e suas interações. Essa análise é de extrema importância para a
orientação, recomendações e, claro, para as indicações.
Há três causas internas que podem desencadear o aparecimento de sintomas:

1. A afetividade.

2. As funcionais.

3. O estágio de pensamento (cognitivo).

Identificar o sintoma, compreender o contexto, levantar as referências históricas e


discriminar aspectos, particularidades e relação que constitui o todo, caracteriza o
que pode ser chamado de processo. O processo diz respeito a uma sequência de
atuação e visa à transformação de um estado inicial, assim sendo não se trata de
uma ação pontual. Portanto, o diagnóstico final vai além de uma mera coleta de
informações, mas é o processo, uma etapa de transição, que permitirá ao
profissional estruturar, à medida que se aproxima do seu objeto de estudo, os
encaminhamentos e intervenções posteriores.
Para iniciar a avaliação da dificuldade de aprendizagem, é necessário
compreender o que é desenvolvimento infantil, que consiste na sequência de
mudanças físicas, de linguagem, pensamento e emocionais que ocorrem em uma
criança desde o nascimento até o início da idade adulta.

O desenvolvimento infantil abrange todo o escopo de habilidades que uma


criança domina ao longo de sua vida, incluindo o desenvolvimento em:

▪ Cognição: capacidade de aprender e resolver problemas.


▪ Interação social e Regulação emocional: interagindo com os outros e
dominando o autocontrole.
▪ Fala e Linguagem: compreensão e uso de linguagem, leitura e
comunicação
▪ Habilidades Físicas: habilidades motoras finas (dedo) e habilidades
motoras grossas (corpo inteiro).
▪ Consciência sensorial: o registro de informações sensoriais para uso.

Essa fase do desenvolvimento humano é fortemente influenciada por fatores


genéticos (genes transmitidos pelos pais) e eventos durante a vida pré-natal.
Também é influenciada por fatos ambientais e pela capacidade de aprendizagem da
criança.

Nesse sentido, observar e avaliar o desenvolvimento infantil são uma


ferramenta importante para garantir que as crianças atendam aos seus marco de
desenvolvimento. Portanto, além dos instrumentos de avaliação, é preciso saber
para que serve cada instrumento, o que será observado em cada um e os
parâmetros para realizar análise e comparação.

Para Piaget (1896-1980), a educação deve ser um facilitador do


desenvolvimento em todos os estágios:

– Sensório-motor (de 0 a 2 anos): nesse estágio a inteligência é prática,


construída pela ação a partir dos reflexos do bebê.

– Pré-operatório (de 2 a 7 anos): esse é conhecido como o estágio da


inteligência simbólica. A criança é egocêntrica.

– Operatório–concreto (de 7 a 11 anos): nesse período surge o


desenvolvimento das noções de tempo, espaço, velocidade, ordem etc. A
criança é capaz de relacionar diferentes aspectos.

– Operatório-formal (a partir dos 12 anos): nesse período a criança não apenas


observa a realidade, mas é capaz de buscar soluções de hipóteses.
Piaget não propôs um método de ensino, entretanto desenvolveu a teoria do
conhecimento. Os objetivos pedagógicos devem ser centrados nas atividades dos
alunos e os conteúdos servem como instrumentos de desenvolvimento. O mediador
deve levar o aluno ao descobrimento, aí dará início à aprendizagem, pois esse é um
processo interno e depende do nível de desenvolvimento da criança, assim, essa
aprende conforme a maturidade biológica e psicológica que adquirirá no dia a dia.

O que avaliar em cada fase?

Sensório-motor: 0-2 anos


▪ O desenvolvimento da inteligência é avaliado pelos sentidos,
sensações e sentimentos.
▪ Quais são os sentidos? Visão, audição, olfato, paladar, tato e sistema
vestibular.

Essa fase é dividida em seis níveis:

O que avaliar nesses níveis?

Nível 1: 0-1 mês


– Reflexos: perdem com 1 mês
– Sucção: perdem com 3 meses
– Marcha: perdem com 4 meses
– Natação: perdem com 4 meses

Nível 2: 1-4 meses


As crianças exploram o mundo pela boca e o choro é o meio de comunicação.

Nível 3: 4-8 meses


As crianças imitam os adultos; chamam atenção para si, apresenta sobre o que é um
objeto e pessoas.

Nível 4: 8-12 meses


Sabem selecionar seus brinquedos favoritos e solicita-os; seguem suas metas.

Nível 5: 12-18 meses


Desejam novas experiências; são muito curiosas.
Nível 6: 18-24 meses
A imitação dos adultos fica mais rica em detalhes. As crianças começam a
solucionar problemas, é o início do pensamento simbólico.

O que é pensamento simbólico? É a capacidade de:


▪ Imitação
▪ Brincar de faz de conta
▪ Desenhar

Pré-operatório: 2-7 anos


O raciocínio é ao “pé da letra”. A criança fixa-se no visual mais notável das
substâncias e desconsidera as outras dimensões. Até os 5 anos a criança não
entende que a quantidade ou medida de uma substância permanece a mesma
quando há
(re)arranjo ou mudança de forma na conservação de líquido, massa ou área.

Operatório-concreto: 7-11 anos


As operações consistem em transformações reversíveis e tal reversibilidade
pode constituir imersões. A criança de 7 a 11 anos compreende que cada fase de
reversibilidade, sem, contudo, coordena-las. As operações são uma fase de
transição entre as ações e as estruturas lógicas mais gerais.

Operatório-formal: 12 anos em diante


Ocorre de 11 a 12 anos até 14 a 15 anos e apresenta como característica
essencial a distinção entre o real e o possível, capaz de prever todas as relações
que poderiam ser válidas e logo procura determinar, por meio da experimentação e
análise, qual dessas relações possíveis tem validade real.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPP). Documentos e Referências.
Disponível em: <http://www.abpp.com.br/documentos_referencias.html.> Acesso:
ago/2017.

AUSUBEL, David Paul. A Aprendizagem Significativa: A teoria de David Ausubel.


São Paulo: Moraes, 1992.

BARBOSA, Laura Monte Serrat. A Psicopedagogia no âmbito da instituição


escolar. Curitiba: Expoente, 2001.

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