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Psicologia da Educação especial

Como desenvolvi a alfabetização de estudantes


com projeto antibullying. Laços entre nós

“Laços entre nós”, em consonância com as habilidades de leitura e escrita, com as


5 competências socioemocionais antibullying propostas pela Base nacional comum
curricular (BNCC):

 Autoconsciência, Autogestão,
 Consciência social,
 Habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável .


O projeto ainda esta em sintonia com o Objetivo de Desenvolvimento
Sustentável  (ODS) 4,da Agenda 2030  da Organização das Nações Unidas   (ONU),
e com a proposta de Educação para o século 21 pela UNESCO   e o ensino integral.
Tanto para melhorar as condições de leitura e escrita dos alunos, quanto para
melhorar a convivência entre todos, estreitando os laços de amizade e desatando os

nós que o bullying esta causando entre eles.


Alfabetização, criação de laços e desenvolvimento da autoestima
O projeto “Laço entre nós” visa estimular o respeito às diversas diferenças existentes
entre todas e todos , favorecendo o aumento da autoestima e a empatia entre eles,
com vistas ao aperfeiçoamento da leitura e escrita e à inserção e utilização de novas
tecnologias em sala de aula.
Além deste objetivo geral, também tem como objetivos específicos os seguintes
pontos:
• Intervir na realidade por meio de ações coletivas;
• Contribuir para o processo de alfabetização, por meio da leitura e escrita, com
ênfase na inserção da gramática, da produção individual e revisão coletiva entre os
estudantes e na utilização de novas tecnologias;
• Abordar a gramática de forma contextualizada, como fator essencial para que a
aprendizagem faça sentido aos estudantes;
• Contribuir para o senso de pertencimento, ao respeito ao diferente, à compreensão
democrática e à coragem de discordar, respeitando sempre as outras opiniões;
• Desenvolver maior senso crítico e autonomia;
• Promover o protagonismo e a dialogicidade entre os alunos, sensibilizando-os para
a ética e pensamento crítico;
• Promover o engajamento familiar e a valorização das relações humanas;
• Questionar a visão de mundo criada pela mídia e pela globalização.
Como estruturei as etapas do projeto
O projeto foi desenvolvido entre os meses de junho a dezembro de 2019 e foi
dividido nas etapas abaixo:

• 1ª etapa: dinâmica com os responsáveis


Teve como objetivo estreitar os laços entre estudantes e familiares. Para isso, em
reunião presencial foi realizada uma dinâmica com os familiares, que tiveram que
adivinhar a letra do seu filho nos cartões expostos. Nos cartões, cada estudante
respondeu, por meio de palavras e desenhos, o que seu familiar tinha de melhor.

• 2ª etapa: sessão de filme


Assistimos ao filme Toy Story 4, que aborda a importância da valorização pessoal,
da empatia e da amizade. Ao final do filme, foi aberto um bate-papo e os estudantes
puderam expressar verbalmente o que eles gostaram, perceberam e aprenderam
com a atividade.

• 3ª etapa: cadeira do elogio


Foi criada uma roda com os estudantes, com uma cadeira disponível no centro. O
aluno que se sentasse na cadeira recebia elogios dos colegas. A finalidade desta
dinâmica é criar a cultura do elogio entre os estudantes da classe.
• 4ª etapa: por dentro e por fora
Foi montado um painel coletivo com fotos dos estudantes e espaços para colocar
elogios elaborados pelos colegas de classe, por meio de fichas. Nessa fase, houve a
inserção de gramática com o uso de adjetivos. A produção escrita individual e a
revisão coletiva foram primordiais na execução dessa etapa.

5ª etapa: criação do Caderno dos elogios


Nesta etapa, os alunos começaram a elaborar frases com elogios para os amigos da
turma, de outras classes e para funcionários, por meio de um caderno que circula
pelas mãos de todas e todos.

• 6ª etapa: eu sou VIP


Inspiradas nas Brag bracelets, as pulseiras VIPs motivacionais foram criadas para os
estudantes com a finalidade de enaltecer e destacar o melhor de cada aluno, em
forma de incentivos.
• 7ª etapa: gênero textual de bilhete
Criamos um carinhódromo, um meio de comunicação que utiliza bilhetinhos/cartas
afetuosas entre os alunos da turma. Desta vez, os familiares responderam à
pergunta: “O que meu/minha filho(a) tem de melhor?” A inserção da família nesta
etapa contribuiu muito para estreitar ainda mais os laços.

• 8ª etapa: piquenique literário


Foi discutida a importância da autovalorização e do respeito às diferenças por meio
dos livros: “Feio ou bonito” e “Flicts”, ambos de Ziraldo, e “Menina bonita do laço de
fita”, de Ana Maria Machado.

• 9ª etapa: gênero textual de gibi


Foi feita a criação de história em quadrinhos com diálogos construídos em dupla,
incluindo a temática do projeto e criação do cartaz “E quem disse que essa turma
não está no gibi?”.

10ª etapa: gênero digital

No quesito digital, foi feita a releitura dos diálogos dos quadrinhos por meio de fotos
com filtro de Cartoon. Também foram utilizadas novas tecnologias, como o QR
Code, para desenvolver essa etapa. Primeiro construímos o QR Code em sala, com
o superpoder de cada herói. Em seguida, realizamos a leitura de todos os códigos
expostos em cartaz com o tema: “O bullying é um vilão e precisamos combatê-lo.
Para exterminá-lo você precisa de superpoderes como empatia, amizade, amor,
carinho, respeito… Qual é o seu superpoder? Todo mundo pode ser um super-herói
ou super-heroína”.
Construindo uma cultura de valorização da diversidade
A observação comportamental foi o instrumento mais adequado para avaliar se os
nós causados pelo bullying, pela baixa autoestima, e pela falta de afetividade se
transformaram em laços de amizade e respeito.
Após todas as etapas concluídas, percebi que os estudantes que apresentavam
vergonha de tirar uma simples foto, não tinham mais nenhuma atitude que
denunciasse qualquer tipo de problema com a autoimagem.
Observei também uma visível mudança no relacionamento entre os alunos, que
antes beirava a agressividade e que deu lugar ao respeito, ao carinho e à empatia.
O engajamento da família no processo de desenvolvimento integral dos estudantes
aumentou consideravelmente, a ponto de impactar positivamente na aprendizagem
e na afetividade dos mesmos, e apresentou um expressivo progresso durante o
semestre.

Oportunizando a aprendizagem de todos

Os alunos com deficiência intelectual, que fazem Atendimento Educacional


Especializado   (AEE), participaram de todos os processos do projeto. Inicialmente,
eles não estabeleciam vínculo entre a fala e a escrita. Já no final do
processo, começaram a identificar o valor sonoro utilizando vogais para representar
as sílabas das palavras. 
Além disso, estudantes que inicialmente só dominavam a leitura, passaram a ser
fluentes na escrita de forma natural, pois a leitura e a escrita passaram a fazer parte
do cotidiano da sala, indissociavelmente.
A revisão textual, realizada em duplas, desde as formações de palavras até os
textos propriamente ditos, também contribuiu para o sucesso do projeto. O erro não
passou a ser visto mais como um obstáculo e sim como uma oportunidade de
aprender.

REFERENCIAS
https://diversa.org.br/relatos-de-experiencia/alfabetizacao-estudantes-projeto-
antibullying/

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