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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA

APRENDIZAGEM

1
Sumário
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3

A psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem ............................. 5

A Teoria dos Setênios.............................................................................. 6

Psicologia do Desenvolvimento ............................................................. 10

O que é a psicologia do desenvolvimento humano e da aprendizagem?


......................................................................................................................... 11

Principais aspectos do desenvolvimento humano ................................. 17

A Psicologia da aprendizagem .............................................................. 22

Características da aprendizagem .......................................................... 25

Dimensões do processo de aprendizagem ............................................ 28

CONCLUSÃO ........................................................................................ 36

REFERENCIA ........................................................................................ 37

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

A preocupação e interesse em desvendar os mistérios da aprendizagem


humana surgiram ainda na antiguidade. No século XIX, o desenvolvimento das
disciplinas científicas, entre elas a Psicologia, fortaleceu estudos que resultaram
no desenvolvimento de diferentes teorias acerca dos processos de construção
do conhecimento. No século XX, diversas pesquisas ancoradas em observações
e experimentos colaboraram para a abertura de um campo de estudos que,
posteriormente, iria se estruturar em torno de diferentes teorias cognitivas ou
teorias de aprendizagem, decisivas para a compreensão das diferentes variáveis
envolvidas nos processos de construção e desenvolvimento do conhecimento e
sua relação com o sujeito que aprende.

O processo de aprendizagem é complexo, envolve fatores internos de


natureza biológica e psicológica que interagem entre si e com o meio externo.
Abrange hábitos que vão sendo formados pelo sujeito em compasso com a
assimilação de valores sociais e culturais a que tem acesso no decorrer de seu
processo de socialização. Deste modo, envolve o enfrentamento de exigências
externas, de natureza social, as quais mobilizam o sujeito para que este
desenvolva respostas que possam atender a tais exigências satisfatoriamente.

Psicologia do Desenvolvimento é o campo de conhecimento que estuda


as constâncias e as variações pelas quais os indivíduos passam no decorrer da
vida, abordando o desenvolvimento das diversas funções psíquicas que
integram a mente, as emoções, as relações interpessoais, entre outros.
(PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). Para Biaggio (2009), a especificidade da
psicologia do desenvolvimento humano está em investigar os fatores externos e
internos que contribuem para as mudanças no comportamento em períodos de
transição rápida. Bock, Furtado e Teixeira (2008) afirmam que o estudo do
desenvolvimento humano é uma condição para tentar responder condutas e
comportamentos das diversas fases do desenvolvimento. Assim, podemos
definir o desenvolvimento como um processo contínuo e ininterrupto em que os
aspectos biológicos, físicos, sociais e culturais se ligam, se influenciam e
produzem indivíduos com modos de pensar, sentir e agir diferentes uns dos

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outros. Dessa forma, a Psicologia do Desenvolvimento pode ser definida como
a área que estuda o desenvolvimento humano em todos os seus aspectos: físico-
motor, intelectual, afetivo-emocional e social, compreendendo desde o
nascimento até o fim da vida (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008).

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A psicologia do desenvolvimento e da
aprendizagem

A psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem é um campo da


Psicologia que estuda o desenvolvimento físico-motor, afetivo-emocional,
intelectual e social da infância até a vida adulta. Esta abordagem compreende,

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ainda, as mudanças comportamentais pelas quais passamos ao longo dos anos,
e o entendimento das próprias origens.

Será que já nascemos prontos ou vamos acumulando experiências, de


acordo com o momento da vida e o nosso grau de entendimento? Nosso
desenvolvimento ocorre por meio do acúmulo contínuo de novos conhecimentos,
de vivências práticas, ou é um caminho natural e inerente a tudo isso?

Estes são alguns dos questionamentos levantados pelos profissionais


especializados nesta área. O acompanhamento das mudanças de
comportamento que ocorrem ao longo de nosso processo evolutivo nos permite
compreender melhor como nós somos em cada fase da vida.

Neste contexto, fica evidente a importância da Psicologia do


Desenvolvimento Social como uma aliada para entender claramente como nos
comportamos e lidamos com o nosso próprio processo de crescimento e
amadurecimento físico, emocional e intelectual.

A Teoria dos Setênios

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A Teoria dos Setênios, desenvolvida pelo filósofo e educador austríaco
Rudolf Steiner, criador da Medicina Antroposófica. Steiner defende que, a cada
setênio, passamos por novas mudanças que evidenciam novos interesses,
novas emoções, comportamentos e necessidades.

Fases da Teoria dos Setênios

0 a 7 anos: O Ninho. Integração entre características natas e hereditárias.


Se dá entre o nascimento e pré-alfabetização (de um a dois anos após essa
idade). Nesta fase, a criança apresenta reflexos hereditários – herdados pelos
pais – para se defenderem dos perigos e no auxílio da obtenção de nutrição. Os
bebês começam a obter capacidade de identificação visual, reconhecimento do
tom de voz de sua mãe, rostos, etc. Uma evolução de poucos meses faz com
que eles já adquirem a capacidade de reconhecimento dos pais através da visão.
Conseguem avançar rapidamente neste sentido. Reconhecem objetos com
maior facilidade, interagem com outras crianças fisicamente passando de
movimentos sem coordenação para movimentos mais coordenados. Passando
para a fase da infância, estes são marcados por grande avanço na linguagem e
interação com outras crianças e família.

Antes de aprenderem a falar essas crianças da fase infantil já sabem o


significado das palavras. Usando uma combinação de duas ou mais palavras,
ela vai progredindo na evolução da linguagem. Com quatro anos de idade, essa

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grande maioria já se comunica através de frases completas, passando para a
fase de total compreensão e um bom domínio da gramática

7 a 14 anos: Incorporação dos valores e das mudanças físicas,


características da puberdade. Na fase entre 7 a 14 anos de idade, começam a
formar o raciocínio lógico, adquirindo uma compreensão de número e tempo e
suas relações familiares, ou seja, vão adquirindo consciência de seus atos e
emoções, tendo a capacidade de discernimento e identificação das emoções do
outro, tornando-as mais empáticas – se colocar no lugar do outro.

14 a 21 anos: Conflito de Identidade (Puberdade e Adolescência).


Mudanças na forma de raciocinar moralmente, evitando o processo de culpa e
autorecriminação, marca bem a transição da infância e adolescência para a fase
adulta. Com todas essas mudanças emocionais, a criança vai adquirindo
habilidades sociais e de funcionamento. A fase da adolescência se inicia aos 12
ou 14 anos, com a puberdade e termina entre 19 a 20 anos. Nessa fase da
adolescência é onde há mais questionamentos pelo jovem devido já ter adquirido
a capacidade de formular hipóteses ou questões. Nessa fase já sabem avaliar
racionalmente, além de fazer deduções e ser sistemático em suas questões. A
questão sexual é aflorada e ele começa a fazer esse controle físico nos seus
relacionamentos. É nessa fase que eles se desvinculam emocionalmente de
seus pais desenvolvendo seus próprios valores e princípios. Esse é o grande
marco para a vida adulta.

21 a 28 anos: Novas experiências e desafio aos limites / Conflito dos


talentos. Nessa fase o indivíduo já tem uma capacidade intelectual, social,
participativa, emocional em alto grau. É nessa fase da vida que eles definem
carreira, casamento, filhos, etc.

28 a 35 anos: Fase de Consolidação Profissional. Muitos profissionais da


área da psicologia, avaliam os períodos e as transições do começo à metade da
fase adulta, envolvendo crises, avaliação da via profissional, decisões sobre
metas de vidas, etc. Em meados dos anos 30 o indivíduo desenvolve uma
preocupação em estar perdendo tempo, ou seja, os anos se passaram e o que
eu fiz de importante, tanto profissionalmente quanto na vida pessoal.

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35 a 42 anos: Conflito Existencial – Surgem os questionamentos: Qual é
a minha missão na terra? Qual o sentido da vida que estou levando? Sou Feliz?
Qual será o meu legado? O que estou construindo? São questionamentos da
meia-idade, que é uma fase de ajuste entre as conquistas do passado e as
limitações do futuro. Instala no indivíduo a questão do tempo que se passou seu
muito maior do que o tempo que resta para ser vivido, ou seja, o tempo para
fazer diferente, conquistar novos espaços, novos horizontes.

42 a 49 anos: Doação ao próximo e necessidade de expandir os


horizontes. As mulheres se deparam, nessa fase, com a menopausa, que é uma
mudança drástica e que baixa sua estima. Sente-se menos mulher nessa fase.
Começa a busca em cuidar do corpo, do visual. Nos homens, há o
questionamento e autocobrança sobre o que fez até hoje, principalmente sobre
a questão profissional e financeira

49 a 56 anos: Autoconhecimento. Nessa fase as pessoas tomam


consciência de que precisam cuidar da saúde, mudança sua qualidade de vida.
Muitos se desesperam por não aceitar bem essa fase de limitações físicas,
entram em pânico a ponto de procurar ajuda psiquiátrica ou psicológica. Outros
trabalham bem essa fase e procuram desacelerar nessa época, buscando outras
realizações como viagens, estilo de vida mais tranquilo e saudável.

56 a 63 anos (e adiante): Desapego/ Sabedoria / Arte/ Espiritualidade.


Na fase da velhice, a capacidade motora, sensorial e de percepção, mudam.
Muda também a resistência física, não fazem mais as mesmas coisas que faziam
na fase jovem/adulta. Muitos chegam a se aposentar e acabam se tornando
dependentes dos filhos – quem não se precaveu desse momento com
economias – tanto emocionalmente como fisicamente e financeiramente.

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Psicologia do Desenvolvimento

. O desenvolvimento humano deve ser entendido a partir de quatro


aspectos básicos:

O Aspecto físico-motor que se refere ao crescimento orgânico, à


maturação neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objetos e de
exercício do próprio corpo. Vamos ao exemplo: uma criança leva a chupeta à
boca ou consegue tomar a mamadeira sozinha, por volta dos 7 meses, porque
já coordena os movimentos das mãos.

O Aspecto intelectual seria a capacidade de pensamento, raciocínio.


Exemplo: uma criança de 2 anos que usa um cabo de vassoura para puxar um
brinquedo que está embaixo de um móvel ou um jovem que planeja seus gastos
a partir de sua mesada ou salário.

O Aspecto afetivo-emocional pode ser considerado como o modo


particular de o indivíduo integrar as suas experiências. É o sentir. A sexualidade
faz parte desse aspecto. Exemplos: a vergonha que sentimos em algumas
situações, o medo em outras, a alegria de encontrar um amigo querido.

O Aspecto social seria a maneira como o indivíduo reage diante das


situações que envolvem outras pessoas. Vamos novamente a um exemplo: em
um grupo de crianças, no parque, é possivel observar que algumas buscam
espontaneamente outras para brincar, enquanto algumas permanecem
sozinhas.

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Mesmo considerando que o desenvolvimento é contínuo, os que estudam
o assunto procuram dividir o processo global em cinco fases, que teriam
características próprias: vida pré-natal, infância (do nascimento aos doze anos),
adolescência (dos doze aos vinte e um anos), idade adulta (dos vinte e um aos
sessenta e cinco anos), e velhice (depois dos sessenta e cinco anos).

Ao começar a se inteirar do assunto, você vai encontrar nomes


conhecidos, como o do psicólogo suíço Jean Piaget, cuja Piaget vai aparecer

O que é a psicologia do desenvolvimento humano


e da aprendizagem?

A chamada psicologia do desenvolvimento e aprendizagem é um


complexo campo da Psicologia.

No seu escopo, estão os estudos sobre o desenvolvimento físico-motor,


afetivo-emocional, intelectual e social, passando da infância até chegar na vida
adulta.

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A abordagem considera mudanças de comportamento pelas quais cada
um de nós passa no decorrer da vida.

Os questionamentos levantados na busca por respostas para essas


questões são inúmeros, como não poderia ser diferente.

As correntes de pensamento, da mesma forma, são diversas.


Cada uma delas contribui com suas perspectivas para perguntas comuns, como:
o ser humano já nasce pronto ou ele acumula experiências em diferentes fases
da vida? E o desenvolvimento, ele ocorre a partir do acúmulo de conhecimentos
e vivências ou é um caminho natural?

As respostas oferecidas a cada uma das questões nem sempre são


definitivas, mas nos ajudam a compreender melhor o processo evolutivo do ser
humano e também quem somos a cada fase da vida.É por tudo isso que a
psicologia do desenvolvimento é tão importante.

Qual é o objeto de estudo da psicologia do desenvolvimento


humano?

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Esse campo funciona como uma base para que possamos compreender os
nossos comportamentos e o próprio modo como lidamos com o nosso processo
de crescimento e amadurecimento.

Então, poderíamos dizer que o objeto de estudo da psicologia do


desenvolvimento é o próprio ser humano, mas a questão é um pouco mais
complexa.

O problema é que o objeto de estudo dessa ciência ainda hoje é alvo de


controvérsias.

Mesmo que tenha sido frequentemente apontada como equivalente à


psicologia infantil, há especialistas que questionam a tese de que o
desenvolvimento se restringe a uma faixa etária.

Ao contrário, acreditam que o desenvolvimento de comportamentos deveria


ser estudado ao longo de toda a vida de uma pessoa. Ou seja, ainda que
as transformações sejam mais óbvias durante a infância, existiriam variáveis
para se analisar muito após isso, compreendendo desde o nascimento até a
morte.

Jean Piaget e a Psicologia do Desenvolvimento Infantil

Jean Piaget é um dos grandes nomes


quando falamos sobre desenvolvimento
humano. Não por acaso, é considerado como
o pai do construtivismo. Mas o que isso
significa?

Para ele, a criança cria seu processo de aprendizagem construindo e


reconstruindo seu pensamento.

Isso acontece a partir da assimilação e da acomodação, conforme os problemas


que se colocam em seu caminho. Para definir o modo como o pensamento é
construído desde o sopro inicial da vida, Piaget dividiu em etapas que, de acordo
com ele, todos os indivíduos passariam em idades muito semelhantes.

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A primeira delas é a sensório-motor, que compreende desde o
nascimento até os dois anos de idade.

É aqui que começa o desenvolvimento da coordenação motora, quando


a criança aprende a diferenciar o próprio corpo dos objetos.
As ações são controladas por meio de informações de ordem sensorial.
Já na etapa pré-operatória, que vai dos dois até os sete anos, o pensamento da
criança é egocêntrico, centrado nela mesma, pois ainda não é capaz de se
colocar no lugar do outro. É aqui que ela começa a desenvolver a fala, identificar
os símbolos e criar habilidades físicas.

Passando, então, ao estágio das operações concretas, que vai dos sete
aos 12 anos, acontece o aprimoramento das habilidades anterior, assim como a
capacidade de raciocínio lógico também é desenvolvida.
Por fim, chegamos ao quarto e último estágio: o das operações formais.
Para Piaget, ele ocorre dos 12 anos em diante, onde competências e
capacidades estariam desenvolvidas por completo. O pensamento lógico é
dominado e são adicionados à conduta também os valores morais, permitindo
a tomada de decisões mais complexas.

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Quais são os principais fatores que influenciam no
desenvolvimento?

Quando falamos de desenvolvimento humano e no modo como ele


acontece, é impossível apontar apenas um fator como decisivo.
Afinal, o processo ocorre justamente a partir da interação de vários deles.
Vamos relacionar agora quais são os principais.

Hereditariedade

O potencial de uma criança é também definido pela carga genética que


ela herda de seus pais biológicos.

Não significa dizer que toda essa potencialidade será, de fato, transmitida.
Ou seja, o desenvolvimento pode ocorrer ou não, de acordo com os estímulos
recebidos do ambiente.

Crescimento orgânico ou aspecto físico

Conforme a criança desenvolve os seus aspectos físicos, a exemplo da


própria altura, ela também passa a ter comportamentos e ações que, pelo menos
até então, não pareciam possíveis.

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Alguns teóricos apontam, no entanto, que fatores biológicos podem
influenciar nesse processo. É o caso da desnutrição ou mesmo de um quadro de
falta de oxigênio durante o parto.

Meio de vivência

Desde o momento em que ainda estamos na barriga de nossas mães


somos influenciados pelo meio externo.

A partir do nascimento, não é diferente.


As interações que realizamos todos os dias, no espaço em que estamos
inseridos, também contribuem, de modo decisivo, para moldar nosso padrão de
comportamento.

É por isso que tanto se fala da necessidade de estimular a criança a partir


do exemplo de um adulto. Aqui, é importante ressaltar que a hereditariedade e o
ambiente atuam em conjunto.A interação entre ambos os fatores é decisiva para
determinar nosso desenvolvimento e o nosso modo de agir.

Desenvolvimento ou maturação neurofisiológicas

É a partir do que se chama de maturação que alguns padrões de


comportamento se tornam possíveis.
Essa possibilidade está diretamente conectada com as mudanças fisiológicas
que acontecem em nosso corpo conforme crescemos.
Por exemplo, ninguém espera que um recém-nascido saia da maternidade
caminhando.
Antes disso, ele precisa desenvolver seus músculos e articulações, além da
coordenação motora.

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Principais aspectos do desenvolvimento humano

Os aspectos do comportamento humano são divididos em quatro


categorias distintas, que você confere a seguir.

Aspecto físico-motor

Faz referência ao crescimento orgânico e também à capacidade de


manipular objetos, o que ocorre a partir do desenvolvimento da maturação
neurofisiológica.

Exemplo disso é a criança que, mesmo aos sete meses e com grandes
limitações, consegue levar a chupeta até a boca porque já é capaz de coordenar
o movimento das mãos para ações simples

Aspecto intelectual

Diz respeito à capacidade de raciocínio que criamos com o passar do


tempo.

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É o caso do momento no qual a criança entende que precisa tirar o
plástico de um pote de iogurte se quiser comer o que tem dentro dele.

Aspecto afetivo ou emocional

Trata-se do modo como cada um de nós encara as experiências e o que


sentimos na vivência de cada uma delas.

É algo muito pessoal e que pode variar de um indivíduo para o outro.


Enquanto alguns sentem medo ao ver um cachorro, outros são tomados por
alegria. Não existe padrão.

Aspecto da socialização

O aspecto da socialização fala sobre o modo como nos portamos diante


de outras pessoas quando estamos em grupo.
Por exemplo, na escola, você costumava ser do tipo que queria fazer todos os
trabalhos em dupla ou preferia a individualidade?

Principais teorias e teóricos da psicologia do desenvolvimento

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Psicologia de Gestalt

Essa foi uma das primeiras correntes científicas que tiveram origem
dentro da psicologia.

Ainda assim, os psicólogos dessa linha são menos conhecidos que os


demais.

A principal defesa de Gestalt é que usamos inúmeras estruturas para que


possamos aprender. Ou seja, o desenvolvimento humano estaria baseado em
estruturas de ordem biológica, as quais descobrimos como utilizar conforme
crescemos. Isso significa que não haveria propriamente um “desenvolvimento”,
mas apenas a descoberta progressiva das capacidades que o cérebro possui.

No entanto, é importante ressaltar que as pesquisas mais atuais mostram


que não funciona dessa forma e que existe, sim, evolução dos processos
cognitivos.

Psicologia cognitiva

Já a chamada psicologia cognitiva trata da maneira como cada um de nós


percebe, aprende, lembra e representa todas as informações fornecidas.
Por isso, percepção, pensamento e memória estão entre os seus principais
objetos de estudo.

O objetivo é explicar como o ser humano percebe o mundo e, mais do que


isso, como ele se utiliza do conhecimento que possui para desenvolver
as funções cognitivas, desde a fala até a capacidade de resolver problemas.
Por isso, podemos dizer que a psicologia cognitiva estuda os processos mentais
que estão por trás do comportamento.

Sobretudo na Europa, essa corrente possui grande aceitação.


É importante dizer que a sua criação ocorreu da divergência com outras
abordagens da psicologia.

Um dos principais motivos é a adoção do método científico positivista, que


defende a objetividade e refuta processos de interpretação ou de construção
teórica. Justamente por isso, vai contra os métodos fenomenológicos, a exemplo
da psicanálise – falaremos sobre ela adiante.

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Lev Vygotsky

Assim como Piaget, Lev Vygotsky encara o desenvolvimento humano a


partir da perspectiva construtivista. Ele propõe que o conhecimento é construído
em ambientes naturais de interação social, estruturados a partir da cultura.

Assim, o comportamento do indivíduo seria um resultado da interação


entre sujeito e objeto, em um processo que teria como resultado a construção e
a reconstrução das estruturas cognitivas.

De maneira específica, Vygotsky concentrou seus estudos nos efeitos


culturais e sociais que eram responsáveis por influenciar o comportamento
humano – ambos vistos como indissociáveis. Inclusive, ele enfatizava a
importância da participação do aluno no seu processo de aprendizagem e
entendia que a maturação da mente dependia do contato em sociedade.

Behaviorismo

Essa corrente de pensamento surgiu a partir da percepção de que a


psicanálise oferecia uma atitude científica reduzida.
Assim como a psicologia cognitiva, o behaviorismo segue o positivismo e
desconsidera tudo aquilo que não pode ser medido de maneira objetiva.
Diferente do cognitivismo, no entanto, seu foco se volta ao comportamento do
ser humano.

Ou seja, concentra os estudos na relação entre os estímulos percebidos


e os comportamentos por eles provocados, deixando de lado as variáveis que
não possam ser aferidas. Assim, a introspecção não é levada em conta.

Psicanálise

Da psicanálise todo mundo certamente já ouviu falar em algum momento,


seja por sua forte aplicação prática ou por conhecer o seu criador: Sigmund

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Freud. Aqui, o foco da abordagem são os impulsos inconscientes e os efeitos
que eles exercem sobre o nosso comportamento.

Sabe todas aquelas vezes em que você se viu repetindo comportamentos


nocivos, que prometeu a si mesmo que deixaria de lado? E que tal aquelas
situações em que suas próprias ações jogaram contra você? Freud, a psicanálise
e o inconsciente explicam.

Um dos caminhos para chegar até esse inconsciente seriam os sonhos e


as interpretações possíveis a partir deles, revelando percepções e desejos.

O mesmo vale para os relatos do paciente, já que a psicanálise busca


trazer para a consciência o conflito reprimido. O entendimento é de que, só
assim, seria possível lidar com o problema.

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A Psicologia da aprendizagem

A aprendizagem é o processo através do qual a criança se apropria


ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que o seu grupo social
conhece. Para que a criança aprenda, ela necessitará interagir com outros seres
humanos, especialmente com os adultos e com outras crianças mais
experientes. Nas inúmeras interações em que envolve desde o nascimento, a
criança vai gradativamente ampliando suas formas de lidar com o mundo e vai
construindo significados para as suas ações e para as experiências que vivem.
Com o uso da linguagem, esses significados ganham maior abrangência, dando
origem a conceitos, ou seja, significados partilhados por grande parte do grupo
social. A linguagem, além disso. Irá integrar-se ao pensamento, formando uma
importante base sobre a qual se desenvolverá o funcionamento intelectual. O
pensamento pode ser entendido, desta forma, como um diálogo interiorizado.

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Objetos e conceitos existem, inicialmente, sob a forma de eventos
externos aos indivíduos. Para se apropriar desses objetos e conceitos é preciso
que a criança identifique as características, propriedades, e finalidades dos
mesmos. A apropriação pressupõe, portanto, gradativa interiorização. Através
desse processo, é possível aprender o significado da própria atividade humana,
que se encontra sintetizada em objetos e conceitos. Assim, ao se analisar uma
mesa, pode-se notar que ela resume, em si, anos de trabalho e tecnologia: é
preciso maquinário apropriado para lixar a madeira, instrumentos como o martelo
e chaves de fenda para monta-la, apetrechos para refina-la, como lixa e verniz.
Entender o que se significa uma mesa implica conhecer as suas principais
características e finalidades – mesa para jogar, comer, estudar etc -,
compreendendo o quanto de esforço foi necessário para concebe-la e realiza-la.

A Psicologia da Aprendizagem estuda o complexo processo pelo qual as


formas de pensar e os conhecimentos existentes numa sociedade são
apropriados pela criança. Para que se possa entender esse processo é
necessário reconhecer a natureza social da aprendizagem. Como já foi dito, as
operações cognitivas (aquelas envolvidas no processo de conhecer) são sempre
ativamente construídas na interação com outros indivíduos.

Em geral, o adulto ou a criança mais experiente fornece ajuda direta à


criança, orientando-a e mostrando-lhe como proceder através de gestos e
instruções verbais, em situações interativas. Na interação adulto-criança,
gradativamente, a fala social trazida pelo adulto vai sendo incorporada pela
criança e o seu comportamento passa a ser, então, orientado por uma fala
interna, que planeja a sua ação.Nesse momento, a fala está fundida com o
pensamento da criança, está integrada às suas operações intelectuais.

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Reconhece-se, dessa maneira, que as pessoas, em especial as crianças,
aprendem através de ações partilhadas mediadas pela linguagem e pela
instrução. A interação entre adultos e crianças, e entre crianças, portanto, é
fundamental na aprendizagem. A Psicologia da Aprendizagem, aplicada à
educação e ao ensino, busca mostrar como, através da interação entre professor
e alunos, é possível a aquisição do saber e da cultura acumulados.

O papel do professor nesse processo é fundamental. Ele procura


estruturar condições para ocorrência de interações professor-alunos-objeto de
estudo, que levem à apropriação do conhecimento. De maneira geral, portanto,
essa visão de aprendizagem reconhece tanto a natureza social da aquisição do
conhecimento como o papel preponderante que nela tem o adulto. Estas
considerações, em conjunto, têm sérias implicações para a educação: procede-
se, na aprendizagem, do social para o individual, através de sucessivos estágios
de internalização, com o auxílio de adultos ou de companheiros mais
experientes.

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Características da aprendizagem

A aprendizagem é um processo permanente e contínuo, que se reflete em


todas as nossas ações. “Explicar o mecanismo da aprendizagem é esclarecer a
maneira pela qual o ser humano se desenvolve, toma conhecimento do mundo
em que vive, organiza sua conduta e se ajusta no meio físico e social” (CAMPOS,
2014, p. 16). A afirmação de Campos conduz a alguns questionamentos: afinal,
o que é aprendizagem? Como aprendemos? Existem diferentes tipos de
aprendizagem? Campos (2014) apresenta algumas características da
aprendizagem, resultantes da contribuição das diferentes teorias.

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a aprendizagem não é a mera repetição da informação e não resulta
unicamente do processo de memorização. Para que ela ocorra estão envolvidos

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“o uso e o desenvolvimento de todos os poderes, capacidades, potencialidades
do homem, tanto física quanto mentais e afetivas” (CAMPOS, 2014, p. 33).

Para que a aprendizagem ocorra de maneira satisfatória, além de outros


aspectos, deve-se considerar que cada estudante apresenta uma inclinação à
aquisição do conhecimento por diferentes canais sensoriais. A estas diferentes
tendências de aprendizado, dá-se o nome de estilos de aprendizagem. Para
Campbell, Campbell e Dickinson (2000, p. 161) “Os estilos de aprendizagem
referem-se às diferenças individuais na maneira como a informação é
compreendida, processada e comunicada”.

A respeito dos estilos de aprendizagem, várias são as teorias que buscam


defini-los e classificá-los. Dentre elas, merece destaque a desenvolvida por
Fernald e Keller e Orton-Gilingham, que propõe o modelo VAC (VISUAL,
AUDITIVO e CINESTÉSICO). Este modelo é baseado nos sentidos e
compreende três estilos:

• Estilo visual: o indivíduo tem inclinação ao aprendizado utilizando


estímulos visuais, estabelece relações entre ideias e conceitos a partir de
imagens. O uso de fotos, vídeos, demonstrações e outros recursos visuais é
indicado. A observação e a leitura podem ser métodos de estudo interessantes
para estes estudantes.

• Estilo Auditivo: o indivíduo tem inclinação ao aprendizado utilizando


estímulos auditivos, estabelece relações entre ideias e conceitos a partir de sons,
especialmente da linguagem falada. O estudo deve priorizar o ouvir e o falar. O
aluno pode ler em voz alta, utilizar recursos audiovisuais. Em sala de aula a
explicação do professor é de grande importância.

• Estilo Cinestésico: o indivíduo tem inclinação ao aprendizado por meio


dos movimentos corporais. O uso de experiências que envolvem tocar, sentir e
explorar é de grande relevância. Indica-se o uso de atividades práticas, pois o
tocar e o fazer são importantes para estes alunos.

É comum haver um estilo de aprendizagem dominante. Cabe, no entanto,


salientar que todos os canais sensoriais são importantes para a aquisição do

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conhecimento. Além disso, em uma sala de aula, a diversidade entre os alunos
exige o uso de uma abordagem multissensorial.

Dimensões do processo de aprendizagem

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Aprendizagem e desenvolvimento são processos interligados e
dependem tanto de elementos intrínsecos (internos) quanto extrínsecos
(externos) do ser humano. Os fatores internos abrangem três aspectos que se
inter-relacionam: o corpo enquanto um instrumento responsável pelos
automatismos, coordenações e articulações, cujo organismo representa a
infraestrutura que possibilita ao indivíduo perceber, registrar, reconhecer e
gravar os diferentes estímulos que o cercam; as estruturas cognitivas
responsáveis por organizar os estímulos transformando-os em conhecimento,
representam o que está na base da inteligência; a dinâmica do comportamento,
que diz respeito à capacidade do indivíduo atuar de modo dinâmico sobre a
realidade que o cerca, produzindo mudanças em seu comportamento. Os fatores
externos são aqueles que dependem das condições oferecidas pelo meio no qual
o indivíduo está inserido (PAÍN, 1985).

e o processo de aprendizagem na dinâmica da transmissão da cultura,


ampliando o sentido da palavra educação. Ressalta que a educação possui
quatro funções:

a) mantenedora/conservadora – reproduz as normas que regem as


ações, garantindo a continuidade da espécie humana; transmissão da cultura;

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b) socializadora – por meio da língua, da cultura, do meio, transforma o
indivíduo em sujeito que se identifica com o grupo e passa a internalizar seu
conjunto de normas;

c) repressora – utiliza-se de meios para garantir a manutenção do


sistema que rege a sociedade conservando e reproduzindo as limitações
existentes;

d) transformadora – quando as contradições do sistema são percebidas


e reconhecidas e os sujeitos adotam uma postura de enfrentamento dessas
contradições, em que a aprendizagem se torna uma possibilidade libertadora.

Neste sentido, a autora observa que o conhecimento é uma elaboração


conjunta de quem ensina e de quem aprende, é construção e produção humana.
Os processos de aprendizagem envolvem muitas variáveis, necessitando de um
olhar mais amplo e atento a todos os fatores que os constituem. São complexos,
pois envolvem questões cognitivas, psicológicas, materiais e humanas que são
indissociáveis.

De acordo com Paín, a aprendizagem não constitui uma estrutura, mas


um lugar de articulação de esquemas. Não ocorre de modo isolado, é abrangente
por envolver “um momento histórico, um organismo, uma etapa genética da
inteligência e um sujeito associado a outras estruturas teóricas”, que constituem
material de estudo do “materialismo histórico, à teoria piagetiana da inteligência
e à teoria psicanalítica de Freud” (PAÍN, 1985, pág. 15). Assim, a autora
apresenta quatro dimensões que envolvem os processos de aprendizagem,

30
• A dimensão biológica – é o organismo, suas especificidades e a
possibilidade de aprendizagem e construção de esquemas de ação sobre o
mundo, bem como instrumentalidade para agir sobre ele;

• A dimensão cognitiva – a partir de uma estrutura orgânica inicial o


sujeito constrói conhecimento, refere-se mais às construções da própria pessoa;

• A dimensão social – é composta pelo par ensino/aprendizagem em


contextos específicos para cada sujeito, compreendendo todos os
comportamentos destinados à transmissão cultural;

• A dimensão de aprendizagem como função do eu – que trata da


constituição do sujeito (PAÍN, 1985).

De que maneira cada uma delas pode influenciar a aprendizagem

31
A dimensão biológica do processo de aprendizagem refere-se ao
organismo, suas especificidades e a possibilidade de aprendizagem e
construção de esquemas de ação sobre o mundo, bem como instrumentalidade
para agir sobre ele. Sobre este aspecto, Piaget aponta a existência de duas
funções que são comuns à vida e ao conhecimento: conservação da informação
e antecipação.

A conservação da informação está relacionada à memória. Num primeiro


momento ocorre a aquisição de um determinado conhecimento para,
posteriormente, ocorrer a conservação da aprendizagem adquirida.

Piaget afirma que as informações adquiridas a partir do exterior ocorrem


em função de algum marco ou esquema interno do indivíduo, podendo ser mais
estruturado ou menos estruturado. Tal processo ocorre tanto para as
aprendizagens mais complexas, como para as mais elementares. Desse modo,
por meio de um comportamento exploratório espontâneo que lhe é vital, o
indivíduo cria condições para adaptar-se adequadamente às novas situações,
conservando os esquemas anteriormente construídos.

Piaget destaca que toda aprendizagem humana resulta de uma


construção. “As estruturas do conhecimento apresentam a característica
específica de serem construídas, motivo pelo qual não podem ser consideradas

32
inatas, apesar do caráter hereditário da inteligência como aptidão do ser
humano” (PAÍN, 1985, p. 16).

Essa construção necessita da experiência ou manipulação do ambiente,


e do funcionamento interno do sujeito, os quais conduzem à gradual estruturação
da coordenação de suas ações.

Paín (1985) propõe a existência de três tipos de conhecimento que


compreendem a dimensão biológica:

– Conhecimento das formas hereditárias – une as informações


hereditárias do sujeito com as informações referentes ao meio no qual este
sujeito atuará.

– Conhecimento das formas lógico-matemáticas – construído


progressivamente, de acordo com as fases de equilibração crescente e por
organização progressiva das ações realizadas com os objetos, porém,
dispensando-os como tais.

– Conhecimento das formas adquiridas – as experiências que o sujeito


realiza sobre o objeto lhe fornecem informações sobre suas características e
propriedades.

A dimensão cognitiva do processo de aprendizagem, alude


especificamente às questões psicológicas da aprendizagem. Referenciando P.
Gréco, no Volume VII do Tratado de Psicologia Experimental, Paín diferencia 3
tipos de aprendizagem:

• O primeiro tipo de aprendizagem diz respeito aquele em que o indivíduo


adquire um comportamento novo, adaptado às novas situações a que se expõe
e corroborado pela experiência trazida a partir da tentativa e erro frente a uma
situação até então desconhecida. A tentativa e erro não são ocasionais, mas
dirigidas de modo que cada experiência seja favorável ao sujeito e conduza a
uma aprendizagem, independentemente de ter alcançado êxito ou não.

• No segundo tipo há uma aprendizagem da regulação que conduz as


transformações dos objetos e suas relações recíprocas. A experiência tem por

33
função confirmar ou ajustar as hipóteses ou antecipações internas construídas
pelo sujeito, a partir da manipulação dos objetos.

• O terceiro tipo é a aprendizagem estrutural que está vinculada ao


surgimento das estruturas lógicas do pensamento, as quais permitem ao sujeito
organizar uma realidade compreensível e cada vez mais equilibrada. Tais
estruturas vão sendo construídas no decorrer de todo processo de
aprendizagem, tendo a experiência a função de reavaliação permanente dos
esquemas já construídos e ineficientes para determinadas transformações.

A dimensão social do processo de aprendizagem é tida como um dos


polos que compõe o par ensino-aprendizagem, do qual decorre o processo
educativo. Processo este que abarca os diferentes comportamentos necessários
à transmissão da cultura, sejam os realizados nas instituições formais ou nas
outras instituições que promovem a educação, entre elas a família. Por meio da
aprendizagem o sujeito histórico exercita, apropria-se e incorpora a cultura do
grupo social a que pertence, demonstrada em comportamentos como: falar,
cumprimentar, usar utensílios, fabricar artefatos, rezar, conforme a modalidade
própria do seu grupo. Ou seja, adquire e desenvolve conhecimentos e
comportamentos relativos às relações e convenções sociais vigentes no
contexto do grupo, não apenas como produto das relações estabelecidas com
os objetos e outras pessoas, mas como consequência de seu pertencimento a
determinados grupos sociais (PAÍN, 1985; POZO, 2002).

Nesse sentido, educar significa ensinar, indicando, estabelecendo sinais


e marcando comportamentos permitidos nesses grupos. Desse modo, o sujeito
aprende como se comportar a partir de ações que desenvolvem e que reprimem,
adequando-se às normas e às necessidades do grupo. Nesse movimento do
construir, desconstruir, modificar, evoluir, a educação garante a continuidade do
processo histórico e da sociedade.

Sob esta perspectiva, as aprendizagens humanas são consideradas


aprendizagens sociais visto que se originam em contextos de interação social, e
são culturalmente mediadas quando se utilizam da transmissão da cultura.
Todavia, apesar do caráter social e coletivo, a assimilação e interiorização da
cultura é um processo individual de cada aprendiz.

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O processo de aprendizagem como função do eu. Os processos de
aprendizagem também influenciam a constituição do sujeito. A educação permite
ao ser humano manter a pulsão sob controle, permitindo empregarmos sua força
em obras culturais. Aos poucos, a criança aprende a controlar a pressão dos
impulsos por meio de atividade, aprende a organizar informações sensoriais
transformando-as em elementos utilizáveis que podem ser pensados,
recordados e sonhados. Tais elementos agrupam-se de modo a formar uma
barreira que protege a emoção da realidade e a realidade da emoção.

Paín (1985, p.19) aponta para dois tipos de elementos: os elementos alfa
“são captados em uma experiência emocional e integrados ao conhecimento
como partes da pessoa”, e os elementos beta que “entrariam no sujeito como
coisas não-digeridas” e, como tal, formando uma base sem utilidade para
imaginação e inteligência. Estes elementos formalizam a diferença entre o pré-
consciente de representações, e de objetos inconscientes não verbalizados.

A função mediadora do ego permite a aceitação da realidade diante do


princípio do prazer , pois sua capacidade de pensar possibilita discernir entre o
que convém e o que não convém em cada situação, evitando, de maneira
racional, a necessidade de reprimir.

A capacidade de entender e memorizar da inteligência humana também


é fundamental para que o homem possa deter sua demanda impulsiva. A
aprendizagem integra a educação e o pensamento em um só processo, uma vez
que ambos se viabilizam na efetivação do princípio de realidade. Desenvolver a
capacidade de resignação e de frustração é fundamental considerando que
conhecer também implica um desconhecer. É preciso prestar atenção ao
“reverso da aprendizagem, isto é, ao que se oculta quando se ensina, ao que se
desprende quando se aprende” (PAÍN, 1985, p. 19)

O sujeito aprende que pertence a um grupo social particular, dotado de


um equipamento mental determinado pela genética e cumprindo uma
continuidade biológica funcional, e tudo isso para que consiga cumprir o destino
de outro. Todavia, ainda permanece um ser inacabado, em constante
construção.

35
CONCLUSÃO

O desenvolvimento do conhecimento é um processo espontâneo, ligado


ao processo global da embriogênese. A embriogênese diz respeito ao
desenvolvimento do corpo, mas também ao desenvolvimento do sistema
nervoso e ao desenvolvimento das funções mentais.

No caso do desenvolvimento do conhecimento, a embriogênese só


termina na vida adulta. É um processo de desenvolvimento total que devemos
re-situar no contexto geral biológico e psicológico. Em outras palavras, o
desenvolvimento é um processo que se relaciona com a totalidade de estruturas
do conhecimento.

A aprendizagem apresenta o caso oposto. Em geral, a aprendizagem é


provocada por situações - provocada por um experimentador psicológico; ou por
um professor, com referência a algum ponto didático; ou por uma situação
externa. Ela é provocada, em geral, como oposta ao que é espontâneo.

Além disso, é um processo limitado a um problema simples ou uma


estrutura simples. Assim, considero que o desenvolvimento explica a
aprendizagem, e esta opinião é contrária a opinião amplamente sustentada de
que o desenvolvimento é uma soma de unidades de experiências de
aprendizagem. Para alguns psicólogos o desenvolvimento é reduzido a uma
série de itens específicos aprendidos, e então o desenvolvimento seria a soma,
a acumulação dessa série de itens específicos.

O desenvolvimento é o processo essencial e cada elemento da


aprendizagem ocorre como uma função do desenvolvimento total, em lugar de
ser um elemento que explica o desenvolvimento.

36
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