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A refenda do sujeito:
a alienação na linguagem
Sujeito-divisão
divisão>ondem sigte
divisão>+ outra propr > alienação na/pela linguagem
alienação>em relação com a ordem simbólica > desv na cad Se
2. J.-A. Miller, “La Suture (éléments de la logique du signifiant)” in Cahiers pour l ’analyse,
1966. 1-2, p. 39.
3. Cf. supra cap. 5: “La valeur du signe linguistique et le point de capiton chez Lacan” .
4. O sentido retrógrado do vetor de estofo A/ , indica esta propriedade.
E Lacan precisa:
“ O efeito de linguagem é a causa introduzida no sujeito. Por este efeito,
ele não é causa de si mesmo, ele traz dentro de si o verme da causa
que o refende. Pois sua causa é o significante, sem o qual não haveria
nenhum sujeito no real. Mas o sujeito é o que este significante representa,
e ele não poderia nada representar a não ser para outro significante,
a que, desde então, se reduz o sujeito que escuta.
“ Não se fala, portanto, ao sujeito. Isso fala dele e é aí que ele se apreende,
e isto tanto mais forçosam ente, porquanto antes do simples fato de que
isso se enderece a ele, de que ele desapareça como sujeito sob o significante
que se torna, ele não era absolutam ente nada. Mas esse nada sustenta-se
em seu advento agora produzido pelo chamado feito no O utro ao segundo
significante”6.
Explicitemos m elhor o sentido e o alcance desta tese lacaniana prínceps:
um significante é o que representa um sujeito para um outro significante.
108 / Joël D or
O próprio princípio da m etáfora paterna ilustra esta tese de forma definitiva.
Na m etáfora do Nom e-do-Pai, é o surgimento de S2, substituindo S l, que
faz advir o sujeito falante, de m odo que S2 é o significante que representa
o sujeito para um outro significante (S l). A mesma operação se reitera à
medida que a cadeia significante se constitui7, uma vez que esta cadeia falada
é estruturada de tal forma que o sentido de um signo depende do sentido
de todos os outros signos. Mas, de um a certa m aneira, o sentido do signo
é tam bém tributário de um ato de simbolização que não é nada mais do
que a construção do próprio signo pela associação de um significante a um
significado. Este signo só advém, assim, na medida em que um sujeito participa
de sua elaboração. A este propósito, podem os, portanto, colocar o sentido
do signo como o que representa a intervenção de um sujeito. Um a vez que
o sentido do signo depende do sentido dos outros signos, ele atualiza a interven
ção de um sujeito com relação ao sentido de um outro signo. O ra, temos
fundamentos para descartar tanto o sentido quanto o signo, em virtude da
primazia do significante sobre o significado. Ao m anterm os apenas o signifi
cante, revela-se, então, que um significante é exatam ente o que representa
um sujeito para um outro significante.
R esta um ponto a ser esclarecido: o que se passa com o significado
nesta relação com o significante? É preciso exam inar esta questão em seu
ponto de partida, isto é, ao nível do recalque originário. Retom em os o esquema
do m om ento constitutivo da m etáfora do Nom e-do-Pai e a instauração da
cadeia falada, que com pletam os da seguinte maneira:
A partir do m om ento da constituição da m etáfora paterna, a criança
que acede à linguagem não sabe mais o que diz (S l recalcado) ao nível do
que ela enuncia. (S2). No “ desfile da palavra” , a cadeia falada organiza-se
como uma seqüência discreta de signos, isto é, de significantes associados
a significados. Certas circunstâncias podem conduzir a recalques secundários,
que se efetuam sob a forma de processos metafóricos. Ao final desses proces
sos, outros significantes tornam -se, então, inconscientes (S5 e S8 no esquema).
Isto não quer dizer que S5/s5 e S8/s8 desapareceram da cadeia falada. Figuram
ali e continuam sendo construções ainda disponíveis, governadas pelo código
da língua. O sujeito ainda pode dispor, em seu léxico, desses signos providos
de um sentido preciso, o que não exclui que eles possam ter sido combinados,
sem que ele o saiba, em m ecanismos m etafóricos. Em outras palavras, o
que constitui a diferença entre os significantes recalcados (S5 e S8) e estes
mesmos significantes no discurso é o seu tipo de inscrição na cadeia inconsciente
e na cadeia falada. Ao mesmo tem po, é a função significante que varia mais
além do significante propriam ente dito.
Os significantes recalcados retornarão na vida do sujeito sob a forma
de intervenções que irão, por exemplo, subverter a cadeia falada, no caso
de um lapso (ver figura: S 8 /S ll/s ll).
7. Cf. supra, esquemas pp. 144 e 148.
55 repressão sexual
s5 (castração)
56 crocodilo
s6
S12 o couro
sl2
112 / Joël D or
junto à filha cristaliza uma última substituição significante, cujo resultado
é a fobia do couro propriam ente dita: esta se desencadeia no m om ento em
que, na construção metonímica precedente, o significante S6 (crocodilo) põe-se
bruscam ente a funcionar como aquilo que ele é tam bém inconscientemente,
ou seja, o “crocodilo m etafórico” , de forma que o significante “ couro” , S12,
torna-se metonimicam ente ligado ao significante recalcado da repressão sexual,
S5.
Podemos, então, esquem atizar a fobia do couro na seguinte substituição
significante: