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Módulo 7: Jaques Lacan - Base Conceitual I

A língua e a linguagem são parte relevante de uma construção da verdade intrínseca ao


consciente de cada indivíduo. Para Lacan, tudo o que trazemos no setting como significado
(a representação daquilo que é dito, expresso) por via de um significante (o como trazemos,
a linguagem per se) detém uma significação singular (a que aquilo remeto, o que simboliza,
quais motivos nos fazem expressar aquilo naquele momento naquele formato). Se tratando
ainda da linguagem, que para Lacan tem profunda importância no processo, alguns
conceitos também serão relevantes para entender como se expressa (ou deixa de se
expressar) o indivíduo e, assim, identificar onde suas repressões e defesas residem.
Metáforas e metonímias são parte constituintes da linguagem que igualmente darão base
para formatar o significante e o significado, advindo de uma significação do indivíduo do
real, sendo a metonímia contida na metáfora.
A título de clarificação:
- Metonímia: Figura de linguagem em que se emprega uma palavra aleatória e fora do
seu contexto de uso no lugar de outra, por possuírem entre si algum tipo de relação.
- Metáfora: Figura de linguagem em que há uma transferência do significado de uma
palavra para outra, por meio de uma comparação não explícita.
- Simbólico: o que se constitui moralmente a partir daquilo que existe, no que se
viveu, o que se apresenta pelo ambiente, cultura, mundo.
- Imaginário: a interpretação que se faz do simbólico
- Real: o que é inexoravelmente insuportável existente no inconsciente do indivíduo
De outra forma, podemos validar que metonímia expressa um significado direto/objetivo do
significante, enquanto metáfora expressa um significado indireto, subjetivo do significante.
Uma metonímia, que vem ao setting, vela uma metáfora que nos defende de um real que
não temos coragem ou condições de enfrentar. São algumas formas que encontramos na
linguagem para traduzir uma parcela da significação que atribuímos às cenas e objetos que
percebemos. E as significações, sendo elas individuais, são carregadas de construções e
associações tão singulares quanto a própria singularidade do indivíduo em análise,
carregado de imaginários que se afastam do real.
Através da escuta flutuante é possível começar a construir essa relação de significações
que o analisando traz em seu percurso. Me aproprio aqui da metáfora e metonímia para
discorrer sobre o papel do analista neste contexto pela ótica lacaniana, que nos propõe que
a posição do analista é servir como uma agulha em que a linha passa e retorna ao
analisando, e não de apresentar a costura em si. Que tem a responsabilidade e se
encarregará da percepção desta costura será sempre o próprio analisando. Ao
enfrentarmos, reduzimos o uso destas metáforas, nos aproximamos desse real tão
insuportável e caminhamos para redução do sintoma e mudança de visão, escolhas,
decisões acerca das situações que lhe são apresentadas.
Existe a questão da primazia do significante no expressar da associação livre, seja de
acontecimentos ou sonhos, mas considerando de fato a cadeia de significantes para que a
significação venha.

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