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Estudo dirigido

1 – Defina metáfora ?
Figura de linguagem pela qual o individuo acessa a compreensão de algo no
mundo; O que torna acessível o conhecimento de algo que não está no plano
da compreensão. “Elemento essencial para nossa categorização de mundo e
para os processos mentais.”
2 – Qual a visão tradicional da Metáfora?
Forma mais importante de linguagem figurativa, atingindo seu maior uso na
linguagem literária e poética.
3 – Em quais locais a Metáfora aparece e que nem todos os livros
tradicionais apontam? Justifique sua resposta:
Textos jornalísticos, publicitários, além da linguagem do cotidiano. Nota-se que
em todos esses segmentos há a necessidade de tornar a mensagem a ser
transmitida de forma mais acessível. Portanto, o uso da metáfora torna-se
essencial para que a mensagem seja compreendida pelo interlocutor, uma vez
que tais segmentos buscam atingir o maior número de pessoas possível, e
essa população é diversificada em níveis de compreensão.
4 – Principal diferença entre metáfora e comparação? Justifique sua
resposta:

Na metáfora um elemento é diferentemente substituído pelo outro, enquanto


que na comparação há uma palavra que estabelece a ligação entre os
elementos comparados. A metáfora, diferente da comparação, não exige
conjunção ou locução conjuntiva comparativa. Ou seja, na comparação temos
uma analogia explicita, onde o elemento comparativo se liga ao comparado por
meio de uma conjunção ou locução conjuntiva comparativa. Exemplo: “A vida é
igual uma viagem.” Na metáfora a analogia aparece implícita, mas permanece
dando o sentido.

5 – Do que trata a Metáfora Orientacional?


Trata-se de organizar todo um sistema de conceitos em relação a um outro,
tendo, em sua maioria, a ver com a orientação espacial.
6 – Em que se baseiam as Metáforas Orientacionais? Por que elas podem
ser alteradas de uma localidade para outra?
Baseiam-se em nossa experiência física e cultural. Podem ser alteradas em
função da cultura e realidade presente em cada espaço cultural. Temos o
exemplo da vaca, que é sagrada em determinadas culturas e em outras não.
7 – Qual é o princípio que rege a Metáfora Ontológica?
 Com elas podemos identificar nossas experiências como entidades ou
substâncias, referir-nos a elas, categorizá-las, agrupá-las, quantificá-las,
raciocinando, dessa maneira, sobre elas.
8 - Leia o texto a seguir e elabora um comentário a cerca da importância
do uso da Metáfora em textos e nos processos de comunicação:

O uso da metáfora é importante pelo fato de que faz parte própria estrutura
usual, cotidiana da língua. Os falantes, em sua estrutura comunicacional se
utiliza desse recurso para a obtenção de significado de termos e expressões
que são utilizados, o que torna mais acessível a conceituação de alguns
elementos. As metáforas possuem o poder de tornar acessível à compreensão
aquilo que está oculto ao entendimento.

Letícia Gomes Montenegro

Mestre em Linguística, Letras e Artes (UERJ, 2014)


Graduada em Letras - Literatura e Língua Portuguesa (UFBA, 2007)

A metáfora é a mais importante figura de palavra. Nesse sentido, é válido


retomar a noção de que entre o homem e a realidade objetiva existe uma
mediação realizada através da linguagem. Dessa forma, é na linguagem que o
homem constitui sua atuação no mundo, concretiza pensamentos e
compartilha-os com a sociedade. A linguagem verbal organiza a interpretação e
a compreensão feita pelos indivíduos no processo de interlocução. Dessa
forma, sabemos que o ser humano faz uso de mecanismos linguísticos para
expressar ideias, emoções, sentimentos e pensamentos constantemente.
Retomada esta noção, entende-se a palavra como a força motriz dessa relação
entre sujeito e realidade. A construção de novas realidades é potencializada
pelo uso da palavra.

A multiplicidade dos significados das palavras, os diversos sentidos com que


uma mesma palavra pode ser interpretada em diferentes contextos, bem como
os usos variáveis que a oralidade proporciona aos falantes, remetem ao
conceito de figuras de palavras. As figuras de palavras são recursos da língua
que permitem mudar o sentido real de uma expressão, transpondo-a para o
sentido figurado. Entre as figuras mais usadas encontram-se a metáfora e a
metonímia. Elas são consideradas pelo linguista Roman Jakobson como
matrizes presentes na maior parte dos enunciados e dos discursos, às vezes
predominando a metáfora, por outras predominando a metonímia. A imensa
maioria dos textos está repleta de figuras de linguagem, sendo a metáfora a
figura de maior recorrência na linguagem. Vejam os exemplos para
compreender o conceito:

Seus olhos eram duas esmeraldas.

Seu olhar é um punhal a penetrar-me o peito.

Explicação: Observe que nesses enunciados tanto o substantivo “olho”, quanto


a palavra “olhar” estão assemelhadas a elementos diferentes de seus
significados de origem. O olho é um órgão do corpo humano, nesse caso ele se
torna uma pedra por sua beleza. Enquanto o olhar é um ato, neste enunciado
ele é descrito como uma ação violenta por dar a sensação de atravessar o
corpo do indivíduo que é olhado. Está constituída, nessa construção linguística,
a metáfora dos olhos de esmeralda.

As figuras de linguagem são caracterizadas como expressões que figuram


outros significados, menos esperados pelo receptor do discurso, quebrando a
significação própria de um campo de palavras. Assim, a metáfora é um
mecanismo de criação de novos efeitos para informações previamente
definidas, tais como a atribuição de novos sentidos para as relações entre
palavras aparentemente delimitadas por seus significados. De acordo com a
convenção gramatical, as palavras ligam-se umas às outras nos enunciados
por similaridade (fonética, formal, semântica), e por contiguidade na sequência
linear da fala, dessa maneira, um elemento não possui propriedades individuais
em seu sentido e forma, mas sim uma propriedade estrutural da relação entre
este elemento e outros, entre forma e sentido. Ou seja, o elemento possui
significado na relação contextual com os outros elementos da frase, oração ou
período em que esteja inserido. É nesta relação que surgem as metáforas.

Em resumo, a metáfora é uma figura de palavra que consiste em dizer que uma
coisa é outra porque há semelhanças entre elas. Ou seja, é a identificação de
dois elementos por uma semelhança, por uma característica comum, ou por
aproximação. Para alguns gramáticos, a metáfora se define por uma
comparação que não se explicita, sendo representada tanto pelo termo
comparado, quanto pelo termo comparativo, configurando-se no ponto de
comparação.

Observe o exemplo nesta simples construção: Pele de pêssego.

 Pele: é o elemento (ou a ideia) que será definido pela alteração de seu
significado original. (termo comparado)
 Pêssego: é o elemento com o qual o primeiro se relaciona,
assemelhando-se. (termo comparativo)

O resultado dessa relação é a metáfora, é o ponto da comparação entre os


dois termos, porém sem deixar explícita esta relação comparativa.

A metáfora é a imagem dessa pele, a maneira como ela se caracteriza por se


aproximar do elemento pêssego ela é aveludada como uma fruta.

Relembrando

A diferença entre metáfora e comparação: na metáfora um elemento é


diferentemente substituído pelo outro, enquanto que na comparação há uma
palavra que estabelece a ligação entre os elementos comparados.

Ocorrência da metáfora:

Define-se a metáfora como um fenômeno conceitual, um mecanismo cognitivo


básico e muito utilizado. Ela ocorre quando o domínio de uma experiência é
compreendido pelos termos de outro domínio. Vejamos como acontece no
próximo exemplo:

Faltando um pedaço (Djavan)

O amor é um grande laço

Um passo para uma armadilha

Um lobo correndo em círculos

Pra alimentar a matilha

Comparo sua chegada

Com a fuga de uma ilha

O domínio é o elemento amor. Uma experiência que se assemelha à outra de


um domínio completamente diferente; o laço. São palavras de campos de
significações distintas, mas que se aproximam por uma experiência formando a
metáfora; o amor é um grande laço.

O mesmo pode ser lido nessa construção: O amor é um lobo correndo em


círculos pra alimentar a matilha.

O amor deixa de ser a experiência de um sentimento, de uma emoção de um


ser vivo por outro e passa a ser a experiência de um animal indomesticável, o
lobo. O amor torna-se um lobo correndo. Isso se dá pelo poeta tentar expressar
a intensidade desse sentimento que está em um domínio da linguagem,
através de uma imagem que se encontra em outro domínio. Resultando nesta
metáfora que representa o sentimento amor.

Em outras palavras, o que resulta dessa construção é a projeção de um


conjunto de correspondências entre um domínio-fonte e um domínio-alvo.

Metáforas do cotidiano

Algumas metáforas se tornaram comuns na linguagem do dia a dia de forma


que os falantes perderam a percepção correspondente. É a construção de um
caminho da linguagem que gera novos sentidos para palavras já conhecidas.
Por exemplo, associamos a vida a uma viagem, o dia a uma batalha, ou ainda
a vida a uma guerra. Veja nestas construções:

Hoje eu perdi a batalha, mas ainda vencerei a guerra.

Nesta longa viagem, a cada amanhecer um novo voo é possível.

Bibliografia:
CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. – 1. Ed., 4ª
reimpressão – São Paulo: Contexto, 2016

CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. 15. Ed., 4° reimpressão – São


Paulo: Ática, 2002.

LOPES, Edward. Metáfora: da retórica à semiótica. – 2. ed. – São Paulo: Atual,


1987

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