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INTRODUÇÃO
A linguística, como ciência que estuda a linguagem, observa como funcionam os
aspectos que implicam nessa que é considerada uma das principais práticas humanas, sua
linguagem verbal. Caracteriza-se por analisar e descrever as línguas nas suas modalidades
falada e escrita. Esse sistema comunicativo, fala e escrita, contribui para uma interação no
meio social, é uma ação inerente aos falantes.
Os estudos linguísticos entendem a linguagem como uma capacidade humana que
ocorre através das línguas. Essa língua, por sua vez, é um sistema de signos que é utilizado
por esses seres que compõem as várias comunidades linguísticas. Martelotta(2011) afirma
que, ao estudarem a linguagem, os linguísticas não se prende apenas a estrutura particular das
línguas, mas também se interessam pelo processo que envolve a utilização dos instrumentos
da comunicação. Dessa maneira, a Linguística divide-se em níveis de análise onde
especificam-se o foco de análise pesquisando as particularidades existentes nas línguas.
Alguns níveis focam na fala e outros na escrita.
É possível perceber intrinsecamente na língua diferentes variações na maneira de
falar, como por exemplo, um sotaque que muda de um lugar a outro ou até mesmo palavras
diferentes que possuem um mesmo significado. E, inserido nesse estudo tem-se a Fonética
que estuda as características físicas da fala, ou seja, os sons produzidos quando se está falando
algo, isso, em conjunto com a Fonologia que estuda as diferenças presentes nesses sons
produzidos. Ambas têm seus próprios métodos de pesquisa, mas se complementam. Enquanto
a Morfologia, estuda internamente toda a estrutura das palavras, no qual tem como objeto de
estudo o morfema.
Diferente das outras áreas, a Semântica tem como propósito detalhar quais
conhecimentos sobre a língua o falante pode ter, e isso significa dizer que, ela quer especificar
quando uma pessoa tem a capacidade de compreender uma determinada situação descrita de
maneiras diferentes. Assim, a Semântica estuda a familiaridade entre conceito de algo e o
significado que o possui.
A Semântica possui como objeto de estudo o significado. Mas como dá significado a
esse “significado”? Atribuir o conceito de significado, na esfera da Semântica, não é uma
tarefa simples até mesmo para os estudiosos da área. Segundo Pires de Oliveira (2004) e
Lyons (1987) isso ocorre porque a todo momento os falantes estão atribuindo significados a
várias palavras e sentenças que são comuns ou concretas e, por isso, sempre remetem o
significado a “coisa” mencionada. Por exemplo, se questionarmos alguém o significado da
palavra cadeira a pessoa dirá que é o objeto a qual usamos para sentar-se, ou seja, fez menção
a “coisa” propriamente dita e não ao sentido real de significado linguístico. Dentro do plano
das palavras de sentido abstrato atribuir um significado torna-se ainda mais difícil, pois não
existe no mundo um objeto que é utilizado para caracterizá-las.
Nos estudos saussuriano a noção de significado parte do conceito que todo signo
linguístico possui um significante e um significado. De acordo com Saussure (2012), no
circuito de fala há a relação entre o indivíduo A e o B e, em A está o ponto de partida. Quando
o indivíduo A ao pronunciar uma palavra ao indivíduo B, se ela for de conhecimento dele,
automaticamente em B terá uma imagem acústica do que seria e sucessivamente o conceito
sobre essa palavra. Portanto, é uma ação psíquica, seguida, por sua vez, de uma ação
fisiológica. Nesse viés, o significado para a vertente estruturalista nada tem a ver com as
coisas do mundo. Saussure (2012) afirma que o que une o signo linguístico é um conceito
(significado) e uma imagem acústica (significante) e não a coisa com a palavra.
Nesse sentido, conceituar significado parte do ato de emitir um conceito que não é
necessariamente referir-se a coisa que está no mundo, ou seja, ao fazer uso da significação o
emissor descreve e conceitua dando sentido ao que diz acerca das palavras e das sentenças,
desse modo, o significado na Semântica é composto a partir de três perguntas: o que é? Para
que serve? E como se caracteriza? Ele não é ensinado ao outro como uma disciplina, mas sim
construído a partir de convenção e, portanto, nas interações que começa o ser humano a dar
significação.
A Semântica como uma disciplina científica da Linguística demorou a delimitar a
área de estudo e, por isso, consideram-a como tardia, fato esse que também influencia na
conceituação do significado. Hoje ela estando formada encontramos uma pluralidade de
Semânticas compostas de diversas formas de conceder significado. A Semântica Lexical
estuda o significado do léxico das palavras, já a Semântica Formal estuda o significado a
partir do referente que há no mundo e se o que se diz é falso ou verdadeiro. A Semântica
Enunciativa estuda o significado de acordo com os enunciados ditos e a Semântica Cognitiva
o significado relacionado com criação mental e as coisas no mundo.
Inicialmente para se falar em Semântica Lexical é necessário entendermos que ela
consiste em dois termos “léxico” e “campo lexical”. De modo geral e bem amplo entende-se
que léxico são todas as palavras ou signos de uma língua e tem como função produzir,
armazenar, processar e transmitir os signos que os mesmos utilizam.
Enquanto, o campo lexical é o conjunto de palavras de uma determinada língua que
possui relações entre si, como se pertencesse à mesma “família”. Com o passar do tempo e
com a convivências com outras pessoas, que possuem uma linguagem diferente, o seu campo
lexical vai ficando mais amplo, ou seja, o campo lexical é flexível e mutável. Campos lexicais
variam muito de acordo com a área de conhecimentos na qual somos atuantes, como por
exemplo, estudante, mecânico ou jogador de futebol, pois são adeptos de um vocabulário bem
específico.
A Semântica Lexical estuda o significado de forma individual, isto é, tem um foco
maior com relação às especificidades das palavras como os autores confirmam a seguir
A Semântica, como uma disciplina ampla, estuda o sentido das palavras e das
sentenças das línguas naturais. A Semântica Lexical, como um campo de estudo
mais específico da Semântica, ocupa-se primordialmente do sentido das palavras,
estabelecendo relações entre propriedades linguísticas e o sentido dos itens lexicais.
Dentro da abordagem representacional, o foco da Semântica Lexical é propor
análises teóricas e descrições dos sentidos dos itens lexicais como representações
mentais do que se pode chamar de Língua-I, nos termos de Chomsky (1995), ou
seja, de uma capacidade mental individual e interna dos falantes, que permite que
eles produzam e entendam sentenças em suas línguas nativas. Portanto, pode-se
definir a Semântica Lexical, grosso modo, como o estudo do sentido das palavras
sob a perspectiva da Semântica Representacional (em especial palavras de categorias
lexicais) (CANÇADO; AMARAL, 2016, p. 16).
Dentro desta Semântica abordam-se relações entre palavras, onde estuda
especificamente seis relações, a sinonímia, a antonímia, a hiperonímia/hiponímia, a
homonímia, a paronomásia e a polissemia. Elas abordam a parte teórica da Semântica Lexical
e a tornam repleta de complexidade, porém repletas possibilidades, pois dentro de cada uma
delas possui especificidades que enriquecem os campos lexicais e consequentemente o léxico.
Sabemos que nas situações onde ocorrem comunicações, os agentes dessa ação
possuem sempre um objetivo ao executá-la, seja transmitir uma informação, questionar algo
ou incitar um debate em qualquer dessas situações existe um motivo pelo qual o falante é
impulsionado. Tratando-se da semântica formal, uma das correntes linguísticas que procuram
estudar e definir a conceituação da significação das palavras, fica claro que para ela toda e
qualquer realização da fala parte do pressuposto da referencialidade, ou seja, quando um
falante constrói um enunciado através da fala ao comunicar-se, as realizações que
possibilitaram o desempenho comunicativo desse indivíduo são produzidas através de
referenciais presentes no mundo físico, referências tangíveis com significação já concebida
coletivamente na sociedade e que são passíveis de verificação da veracidade no mundo.
Sendo assim, a semântica formal está atrelada indissociavelmente à noção de
comprovação dos fatos que exercem a função de referencial externo à língua para as
realizações das falas naturais humanas e que, ao ouvirmos uma frase como “há uma rã no
banheiro” não podemos excluir a possibilidade de que em algum momento houve um animal
anfíbio conhecido popularmente como “rã” em um cômodo de uma residência chamado
“banheiro” que por acaso é frio e propício para essa espécie procurar refúgio em determinado
tempo, que não necessariamente é o mesmo tempo ao qual o falante produz essa frase, assim
como afirma Müller & Viotti (2003, p.139) ao dizerem que a semântica formal:
se apoia no fato de que, se não conhecemos as condições nas quais uma sentença é
verdadeira, não conhecemos seu significado. Elas afirmam que o significado de uma
sentença é o tipo de situação que ela descreve e que a descrição dessas situações
possíveis é equivalente às condições de verdade da sentença.
Luís de Camões
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Texto 1
Fonte: https://images.app.goo.gl/q51z4wDwAiKeHEAQ6
Texto 2
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/willian-bonner-reconhece-assaltante-de-sua-casa-na-
barra-9mfh4hb0corq26lmganwzpzke/amp/
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3- Leia o poema a seguir e marque a alternativa que corresponde aos seguintes pares de
palavras: solidão, companhia, nada e tudo.
Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Fonte: https://www.pensador.com/poemas_de_clarice_lispector/
a) Paráfrase
b) Antônimos
c) Hiperônimos
d) Hipônimos
e) Homônimo
Ser feliz é uma responsabilidade muito grande. Pouca gente tem coragem. Tenho coragem
mas com um pouco de medo. Pessoa feliz é quem aceitou a morte. Quando estou feliz demais,
sinto uma angústia amordaçante: assusto-me. Sou tão medrosa. Tenho medo de estar viva
porque quem tem vida um dia morre. E o mundo me violenta.
Fonte: https://www.pensador.com/poemas_de_clarice_lispector/
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Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta
anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da
cidade, permanecendo deitado na calçada durante setenta e duas horas, para finalmente
morrer de fome. Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de comerciantes, uma
ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem
prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome. Um homem que morreu de fome.
O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era alçada da
Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem
morreu de fome.
O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal sem ser
identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em
plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um
vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um
bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes,
que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que
morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem
olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os
homens, sem socorro e sem perdão. Não é de alçada do comissário, nem do hospital, nem
da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso?
Deixa o homem morrer de fome. E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis.
Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes,
que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada
mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse,
para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que
morresse de fome. E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no
centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.
NOTÍCIA DE JORNAL SABINO, Fernando. A mulher do vizinho. 17 ed. Rio de Janeiro: Record, 1997. (Adaptado
para fins didáticos)
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CONCLUSÃO
Desse modo, percebe-se que em todo ato de comunicação estamos atribuindo
significados. Esse significado na esfera Semântica caracteriza-se por descrever no viés
linguístico o conceito de algo sem se prender ao objeto material a “coisa” que o liga. Assim,
por sua vez, é também um elemento construído nas interações de linguagem do ser humano.
No Estruturalismo americano a noção de significado parte da dualidade de um conceito e uma
imagem acústica, ou seja, significado e significante. Não se pode negar a relação entre
conceito e coisa mesmo que, entretanto, nos estudos semânticos têm-se como hipótese a
dimensão metafísica, visto que, nem tudo no mundo há algo materializado. As várias
semânticas apresentadas partem do mesmo ponto, mas com características próprias ao
construírem uma lógica para estudos do significado. Portanto, ao proferir significação fica
claro que há apenas um único conceito para diversas formas, pois não conceituamos casa
levando como ponto às suas diversas formas existentes, mas o sentido dado a casa.
Por meio dos estudos acerca da semântica, podemos observar que uma palavra pode
ter o mesmo ou diferentes significados dependendo do contexto em que está inserida, para
isso existem alguns conceitos que são básicos para o entendimento do significado das palavras
e das sentenças. Quando estudamos a teoria podemos perceber a complexidade que há, por
isso, que ao levar essa teoria para a prática escolar os docentes devem construir uma proposta
de ensino que vise ser didática aos alunos, assim, propomos como modelo uma atividade de
forma lúdica para a compreensão do significado.
REFERÊNCIAS:
LYONS, John. Semântica. In: LYONS, John. Lingua(gem) e Lingüística: uma introdução.
Tradução de Marilda Winkler Averbug e Clarisse Sieckenius de Souza. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1987.
MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de linguística. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2011.
MÜLLER, Ana Lúcia de Paula; VIOTTI, Evani de Carvalho. Semântica formal. In: FIORIN,
José Luiz. (Org.). Introdução à Linguística II: princípios de análise. 2 ed. São Paulo:
Contexto, 2003.
PIRES DE OLIVEIRA, Roberta. Semântica. In: MUSSALIN, Fernanda; BENTES, Anna
Christina. (Org.). Introdução à Lingüística: domínios e fronteiras. v. 2. 4 ed. São Paulo:
Cortez, 2004, p. 17-46
PINTO, Deise Cristina de Morais. et.al Introdução à semântica. V. único. Rio de Janeiro :
Fundação Cecierj, 2016.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. Organização Charles Bally e Albert
Sechehaye, com a colaboração de Albert Riedlinger. Trad. Antônio Chelini, José Paulo Paes,
Izidoro Blikstein. 28 ed. São Paulo: Cultrix, 2012 [1916¹].
KOCH, I. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.
CARVALHO, J. O papel da intencionalidade na construção dos sentidos do texto.
Educação Pública, Rio de Janeiro, 22 fev. 2011. Disponível
em:<http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/portugues/0038.html> Acesso em: 20
de jun. 2023
CANÇADO, M. Manual de semântica. Belo Horizonte: UFMG, 2008.
KOCH, I.; BENTES, A.; CAVALCANTE, M. Intertextualidade: diálogos possíveis. São
Paulo: Cortez, 2008.