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Aula 30 1º Ano – A CIÊNCIA NA ANTIGUIDADE

A trajetória da ciência foi longa e extensa, até se tornar o que conhecemos


hoje, seguindo regras e métodos firmes e fixos para se obter conhecimento
confiável. Antes disso, houve um extenso caminho no qual pensadores e
cientistas defenderam diversos conceitos referentes à ciência.

Na Antiguidade, com os gregos, a própria lógica dos pré-socráticos já


podia ser encarada como uma tentativa de se fazer ciência. Pois, mesmo
utilizando de métodos que hoje em dia não chamaríamos de científicos, havia a
preocupação em entender como o mundo funciona, o que compõe o mundo,
entre outras coisas.

É dito que o começo da ciência como a conhecemos hoje veio com


Aristóteles. Mas, mesmo antes de Aristóteles, várias ideias já vieram de seu
mestre, Platão.

Além de Platão conceber o mundo das ideias como sendo o mundo original
de onde viemos, alcançado através do pensamento e diferente do mundo que
conhecemos (mundo sensível), Platão dizia que o caminho para o mundo das
ideias era o ato de abandonar a doxa, partindo para a episteme, sendo esses dois
conceitos que nos interessam quanto à evolução da ciência.

No caso, “doxa” é o mesmo que “opinião”. Ou seja, uma ideia pré-


concebida que temos, que pode ou não ter verdade científica, mas se tiver, vai
ser por puro acaso, já que é uma ideia distante do conhecimento estudado. Por
exemplo, se você nunca estudou sobre vacinas, você não consegue dizer com
certeza se elas funcionam ou não. Então, você só tem uma opinião vaga sobre
elas, de modo que não importa se você der a resposta certa ou errada, ainda é só
uma opinião.

A “episteme”, no caso, é justamente o contrário, é o conhecimento


verdadeiro. Então, quando estudamos uma verdade, procuramos conhecê-la
para falar sobre ela, o nome desse conhecimento resultante é episteme.
Seguindo o exemplo interior, episteme é uma pessoa que pesquisou e procurou
saber como as vacinas são feitas, para então saber se funcionam ou não, e então
expor esse conhecimento.

Assim, para Platão, praticamente tudo o que temos é doxa. Porque se o


mundo sensível é ilusório e só o mundo das ideias é verdadeiro, ora, então tudo
o que vemos é ilusão, nada é baseado em uma verdade concreta. E procurar a
sabedoria é justamente deixar de ver o mundo apenas como doxa, e passar a vê-
lo como episteme.

Aristóteles, por outro lado, discorda dessa visão, e diz que o conhecimento
vem do contato direto, dos sentidos. Basicamente, mesmo que o Mundo das
Ideias fosse o real, o fato é que vivemos no mundo sensível, então o que
podemos conhecer é o que está no mundo sensível. Devemos desenvolver os
sentidos, não as ideias.

Aristóteles lançou as bases para as primeiras ideias que temos do que é


“ciência”. No caso, também com conceitos opostos: a “essência” e o “acidente”.

“Essência” é o que define uma coisa, são as características mais


importantes de um objeto, de modo que, se não for assim, não é o mesmo
objeto. Por exemplo, a “essência” de uma cadeira é servir para sentarmos nela.
Se não for feita para ser sentada, então não é uma cadeira.

“Acidente” seriam todas as outras características, as que podem variar, mas


não vão fazer o objeto deixar de ser o que é. Por exemplo, não importa se uma
cadeira é preta, branca ou marrom, se tem almofada ou não, se é feita de
madeira ou de metal, ela ainda será uma cadeira se tiver as características
básicas de uma cadeira. Essas outras características são “acidentes”, ou seja,
características que pode ser de um jeito ou de outro, mas não interferem com a
função principal da coisa.

Além disso, também instituiu outros conceitos:

“Matéria” é aquilo do qual a coisa é feita. Por exemplo, um anel de ouro é


feito de ouro, a “matéria” daquele objeto é o ouro.

“Forma” é quase a mesma coisa que “essência”, é o modo como uma coisa
é, pra ser ela mesma. Por exemplo, para ser um anel, tem que ter a forma de um
anel.

“Potência” é o que uma coisa pode vir a ser. Por exemplo, um punhado de
uvas pode vir a ser vinho.

“Ato” é o que a coisa é, aqui e agora. No caso, as uvas ainda não são
vinho, ainda são uvas, elas ainda são o ato de ser uvas.

Assim, com esses conceitos, Aristóteles lançou as bases para muitas teorias
da filosofia da Ciência.

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