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O QUE É FILOSOFIA

1. POR QUE ESTUDAR FILOSOFIA?

Basta olhar para o mundo que nos cerca para perceber como as ideias dos
pensadores nos afetam de modo tão substancial. É possível detectá-las naquilo que
nossos amigos e conhecidos acreditam, Elas estão presentes na mídia, na música,
nas saias de aula de nossos filhos, na administração pública, em cada prateleira de
uma livraria, na maneira como interpretamos a nossa própria existência — até
mesmo na igreja. Quanto maior for o conhecimento que temos das ideias que deram
forma à nossa cultura, maior será nossa capacidade para entender - e influenciar —
a cultura em que estamos inseridos.

2. O QUE É FILOSOFIA

A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo
deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais.
Sophia quer dizer sabedoria e dela vem da palavra sophos, sábio.
Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo
saber. Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber.
Assim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o
conhecimento, o estima, o procura e o respeita.
Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes
de Cristo) a invenção da palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria
plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la ou
amá-la, tornando-se filósofos.

3. O NASCIMENTO DA FILOSOFIA

Os antigos procuravam tentar encontrar a atitude que estaria por trás da


busca do conhecimento. E eles encontraram uma atitude comum a todos aqueles
que buscavam conhecimentos de qualquer tipo que é uma certa perplexidade, o
espanto, com o que acontece diante de nós. Ou seja, o espanto é um misto de
admiração e perplexidade. Nós não sabemos o que está acontecendo, mas é algo
que se passa como se fosse admirável.
À medida que este espano vai se consolidado, vai dando lugar a Episteme, ou
seja, o saber ou filosofia. Portanto, o espanto é um misto de admiração e
perplexidade e a episteme é conhecimento.

PRÉ-SOCRÁTICOS:

1. OS PRIMEIROS FILÓSOFOS

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Os primeiros filósofos se empenhavam na busca da realidade última, a
realidade que transcende o que é próximo e comum e define e explica os elementos
da experiência diária. Três preocupações dominavam as reflexões dos primeiros
filósofos:

1.1. A busca do arché


Os filósofos procuravam a substância principal ou dominante, chamada archê,
a partir da qual todas as coisas são feitas ou existem . Era a busca da essência
ou substância suprema das coisas, a busca daquilo de que, afinal, o mundo
real é feito.
1.2. A busca da unidade em meio à diversidade
Esta questão gira em torno de encontrar sentido no meio das mais diversas
manifestações da realidade: como todas as coisas se encaixam de um modo
que faz sentido. Hoje em dia, quase sempre falamos do universo sem pensar
muito. O termo universo é meio híbrido, em que as palavras unidade e
diversidade (o uno e o múltiplo) misturam-se para formar uma palavra única. As
instituições de ensino superior são geralmente chamadas “universidades”,
porque ali se estudam os diversos elementos do universo.
1.3. A busca do cosmos sobre o caos
Reflexão filosófica sobre cosmos ("ordem") para se referir ao mundo como um
todo organizado e harmonioso.  

Portanto, esses primeiros filósofos se preocuparam em tentar explicar a


physis (natureza/mundo/universo) de uma forma racional (cosmologia). Por isso,
este período é chamado de cosmológico.

2. PRINCIPAIS FILÓSOFOS

 Tales de Mileto (640-546 a. C.), que talvez tenha sido o primeiro filósofo, e
estava na lista dos sete sábios da Grécia, acreditava que a água era a origem
de tudo.
 Anaximandro (610-547 a. C.) dizia que o princípio criador não poderia ser
conhecido pelos sentidos, mas somente pelo intelecto já que ele é o apeiron
(indeterminado).
 Anaxímenis (588-524 a. C.) argumentava que o ar seria esse princípio
originador de tudo.
 Pitágoras de Samos (570-490 a. C.) creditava aos números a origem de tudo,
mas desde que entendidos como harmonia e proporção. Ou seja, tudo na
natureza é proporcional e harmônico.
 Heráclito de Éfeso (535-475 a. C.), um dos filósofos mais importantes desse
período, atribuía ao fogo a origem das coisas, já que para ele a
realidade/physis é uma eterna luta de contrários que tem esse elemento como
sua causa.
 Parmênides (510-470 a. C.) de Eleia, rompe com os filósofos que o
precederam na maneira de pensar o mundo. E por isso não se adequa a
classificação de monista ou pluralista.

ARISTÓTELES

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Aristóteles entendia que o espanto nos desperta para a busca do
conhecimento da verdade. Diferente de Platão que acreditava que seria por meio da
reminiscência.

Todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer: uma prova disso é o
prazer das sensações, (...) de fato, os homens começam a filosofia, agora e
desde sempre, por causa do espanto (thaumázein), na medida em que,
inicialmente, ficavam perplexos diante dos fenômenos surpreendentes mais
comuns (...) Ora, quem é tomado pela dúvida e pelo espanto e pelo espanto
reconhece sua ignorância. E é por isso que, também, o philómitos ( aquele que
ama o mito) é, de certa forma, filósofos (aquele que ama a sabedoria) , pois o
mito constie-se de elementos de espantosos. De modo que, se os homens
filosofarem para livertarem-se da ignorância, é evidente que buscavam o
conhecimento unicamente em vista de saber e não por alguma utilidade
prática. Metafísica, Livro I Capítulo I ARISTÓTELES

Se nos espantamos com o mundo é porque em nossa natureza está


engendrada a busca pelo saber, isto é, a busca pela verdade [...].
É por meio da capacidade de perceber o mundo que somos despertados para
buscar o sentido ou a razão de ser das coisas [...].
Precisamos partir das sensações se queremos conhecer a realidade [...].
Tanto Platão como Aristóteles vêem no espanto o ponto de partida da
filosofia. Porém, Aristóteles difere de platão ao indicar que são as sensações e não
as reminiscência que nos despertam para o conhecimento da verdade.
Para provar que que não há necessidade de uma doutrina da reminiscência e
a separação entre dois mundos, Aristóteles dedicou-se a analisar as coisas a partir
de suas “causas primeiras”.

1. AS QUATRO CAUSAS

Aristóteles procurou analisar as coisas a partir de sua causa primeira. As


causas primeiras são razões que nos dizem o que é, como é, por que é e para que é
uma coisa. Estabeleceu quatro causas, são elas:

1. Causa material: aquilo de que uma coisa é feita. Por exemplo: casa, tijolos,
animais, matéria da esfera de bronze, madeira etc.
2. Causa formal: a própria forma (eidos) ou essência das coisas. Por exemplo:
rio, e mar são formas distintas da matéria água; a mesa é forma assumida
pela matéria madeira etc.
3. Causa eficiente ou motora: aquilo de que provêm a mudança e o movimento
das coisas. Por exemplo: o pai é a causa eficiente do filho; a vontade é a
causa eficiente de várias ações dos homens etc.
4. Causa final: a razão que da motivo ou a finalidade para alguma coisa existir
e ser tal como ela é. Por exemplo: o bem comum é a coisas final da política; a
felicidade é a causa final da ação da ética etc.

Segundo Aristóteles, das causa que descritas, as duas primeira são


responsáveis pela estrutura de todas as coisas sensíveis. Estruturam as coisas que
são. Á forma é imutável, porém as coisas transformam-se por causa do devir,

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porque é de natureza da matéria transformar-se. Assim a causa da transformação é
a matéria e não a forma. Não existe forma sem matéria

2. ATO E POTÊNCIA

A dinâmica da transformação está ligada às noções de ato (atualidade) e


potência (potencialidade).

1. Potência: é aquilo que está contido numa matéria é que pode vir a existir. Por
exemplo, a semente e uma árvore em potência ou uma árvore em potencial.
2. O ato: é atualização de uma matéria, isto e, forma que atualiza uma potência.
Por exemplo, a árvore é o ato de uma semente. Ato é a causa formal das
coisas.

Em primeiro lugar, podemos concluir que potencia e matéria são idênticas,


assim como a forma e o ato. Além disso, que a matéria é uma realidade passiva
(potência), que precisa de forma, isto e, do ato para constituir os seres.
 Potencia > matéria
 Ato > forma
Em segundo lugar, que a matéria é uma realidade passiva (potência), que
precisa de forma, isto é, do ato, para constituir os seres.
A atualização da forma é o fim de todo movimento (continua p73)

3. SUBSTÂNCIA E ACIDENTES

Substância e acidentes são conceitos chaves da metafisica aristotélica.


Há dois sentidos de substância:

1. Substância Primeira: significa aquilo que nos designamos do sujeito:


Sócrates, Maria, João ...
2. Substância Segunda: o gênero ou a espécie a que o sujeito pertence:
homem, grego; animal, bípede; vegetal, erva...

No primeiro sentido a substancia é um ser individual, que existe efetivamente;


no segundo é o conjunto das características gerais que o sujeito de um gênero e de
uma espécie possuem.
 Substância primeira: sujeitos individuais: homem;
 Substância segundo: sujeitos universais, isto é, gêneros e espécies que não
existem em si e por si mesmos, mas apenas nos indivíduos.

3. Acidentes: é uma propriedade ou um atributo que acompanha sempre uma


substância, como a cor vermelha que acompanha sempre a maçã. Um
acidente nunca tem existência independente

BIBLIOGRAFIA

Madureira. Jonas. Curso Vida Nova de Teologia Básica – Filosofia.

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