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1° Período de 2022

Introdução aos Estudos Teológicos


Professor: André Farias
Aluno: João Luiz Machado Junior

A Teologia pode ser considerada de espanto ou Iniciativa da fé dentro da Filosofia


por ser considerada um ponto de partida para uma atitude filosófica, libertando
assim o sujeito e a sua fé a partir da revelação de DEUS.

É através da Filosofia que tentamos explicar o racionalmente com argumentos


racionais todas as coisas que existem e não somente suas partes.

Existe uma interdependência entre a Teologia e a Filosofia para que haja


reciprocidade entre a fé e a razão, na explicação de todas as coisas, para que haja
um equilíbrio entre ambas.

O professor André Farias diz que a filosofia é a mãe de todas as ciências mas, essa
visão, depende do teórico que a utiliza. A Filosofia está atrelada com a vivência do
indivíduo, vivida de maneira racional, trazendo através do ato vivencial, um
propósito moral e prático vivido por um homem sábio.

Emanuel Kant, no século XVIII resumiu a filosofia em três perguntas:

O que eu posso conhecer? Se refere a área do conhecimento, a Epistemologia.

O que eu devo fazer? Que se refere a área Ético- Moral.

O que eu posso esperar? Que se refere a área estética, isto é, ao campo do


sentimento.

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Saber, agir e pensar = Entendemos que essas três podem resumir a busca da
Filosofia e vão responder a uma quarta questão que Kant coloca: O que é o homem?

A Filosofia nos desafia a entender o valor de tudo aquilo que vivemos, fazendo
assim com que na reflexão do ato de viver se torne algo pleno.

A Teologia é um estudo relacionado à compreensão de DEUS.

Na antiguidade, entre os gregos, eram aplicadas as narrativas mitológicas e os


primeiros teólogos eram poetas como Homero e Hesíodo, que narravam a origem
da vida e a origem do mundo em suas " Teoganias e Cosmonia".

É em Aristóteles que a Teologia se torn uma das três partes da ciência que se divide
da seguinte forma: Ciências física, ciências matemática e ciências teológica.

É no início da era Cristã até a era dos Escolásticos da idade média que a Teologia
ganha forma e se torna uma disciplina na qual, a partir da revelação e a sua Luz, e
as verdades da religião Cristã, que são interpretadas, elaboradas e ordenadas no
campo racional do conhecimento.

Hoje em dia a Teologia, em um aspecto global, dando luz a outras ciências


desenvolve um estudo sobre a fé e a religião, expressando sempre o conteúdo em
uma linguagem clara e consistente.

Então, a Teologia nasce do esforço do homem para expressar a sua fé de acordo


com o mundo da razão.

Precisamos entender a Filosofia e a Teologia para estarmos aptos para com


argumentos lógicos, responder a qualquer um que pedir ou argumentar sobre a
nossa fé!

Podemos classificar os períodos da Filosofia da seguinte forma:

1) Mitológica: História sobre a origem do mundo, dos valores e da moralidade.

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2) Pré - Socráticos: Estudo da natureza ( Physi), suas mudanças e
transformações.
3) Socráticos: Questões éticas, valores morais, dialética, dúvida e maiêutica.
4) Platônico: Mundo sensível x mundo das idéias, busca das verdades
essenciais.
5) Aristotélica: Metafísica, lógica, ato e potência, teoria das quatro causas.

No contexto desta matéria podemos observar o surgimento da palavra LOGOS,


um termo que possui vários sentidos. Vamos observar três sentidos dado a essa
palavra:

1) Verbo, mas não a palavra solta. É um verbo articulado, uma palavra


constituída, isto é, um enunciado que confere sentido a algo.
2) Deriva da primeira trazendo um discurso inteligível para a racionalidade,
para a inteligência que se exprime através do discurso, é uma vocação no
desvelamento da estrutura da realidade
3) Logos é também trabalho do espírito que classifica as sessões, as
experiências e as observações. Ele tenta compreender as coisas, interpretar
os fatos, o que permite falar de uma maneira sensata sobre o que se
interpreta, assim Logos, diferente de Moto, concede a palavra, ao enunciado,
Lógica.

Resumindo Logos é um discurso inteligente sobre a essência das coisas, é


aquilo que confere o sentido primeiro aquilo que é!

Olhando agora diretamente para a Metafísica, dois pensamentos se dividem sobre


essa questão:

Heráclito: Ele buscou compreender a multiplicidade das coisas do mundo sem


rejeitar as suas contradições aparentes, apreendendo a realidade em sua
mutabilidade.

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Os seres e as coisas do mundo estão em constante transformação. O que temos
em um dado momento é diferente do que foi há pouco tempo atrás, e será
diferente no momento seguinte. Segundo Heráclito, "Não há como nos banhar no
mesmo rio", as águas nunca serão as mesmas pois o rio está em constante fluxo, e
nós também não seremos mais os mesmos, pois estamos em constante
transformação.

Parmênides contrariou o pensamento de Heráclito e sua perspectiva. Segundo ele o


ser é imóvel, imutável e estático. Inclusive era impensável imaginar que uma coisa
pudesse ser e não ser ao mesmo tempo como acontece na transitoriedade da
experiência da vida. Com isso estabeleceu indícios do princípio da identidade e
repetição, posteriormente utilizado na lógica.

Ele negou a existência do movimento que percebemos no mundo, onde as coisas


aparecem e desaparecem, nascem e morrem. Esses movimentos e mudanças
acontecem apenas na experiência sensível de nossa percepção que é ilusória. Os
sentidos nos enganam e apenas o mundo inteligível é verdadeiro. O movimento
não tem lógica,por ser único, imutável, imóvel e infinito.

Tanto Heráclito quanto Parmênides desenvolveram teorias do conhecimento.


Ambos se apresentam como possibilidades a Filosofia, todavia, o pensamento de
Parmênides com sua Metafísica, com sua lógica e com seus princípios de
contradição que influenciaram o período clássico da Filosofia e a Teologia Cristã.

Platão acredita que o mundo sensível é uma "Sombra" do inteligível, pois todas as
coisas da natureza só existem por que existem a idéias dessas coisas. O mundo
inteligível carrega então a forma perfeita de toda a existência que há no mundo
sensível.

Aristóteles funde os pensamentos de Heráclito, Parmênides e Platão em um só.


Aristóteles afirma que tanto o mundo sensível quanto o mundo inteligível, estão no
mesmo campo de existência. Ele identifica ambos como forma e matéria. A matéria

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é o que dará forma a todas as coisas. E a forma é o que individualiza e determina
uma matéria, fazendo existir as coisas ou seres particulares. A particularidade da
forma é ser aquilo que uma essência é.

O Cristianismo começou a ser compreendido na Grécia antiga através do


argumento da razão por aqueles que não haviam vivido a experiência da fé.

Usou-se então dos argumentos da razão por aqueles que não haviam vivido a
experiência da fé.

Então no segundo século da nossa era, o Cristianismo passa por um processo


então, de Helenização produzindo a partir desse processo, uma nova linguagem
Teológica.

Justino Martins, Clemente de Alexandria, Orígenes, Antena Horas, Eusébio de Aréia são
os primeiros teólogos considerados no interior do Cristianismo.

Mas foi Agostinho que propôs a doutrina da iluminação. DEUS ilumina todos os
homens no mundo presente. É possível então observar que a Filosofia grega e a
Teologia Cristã percorrem o caminho da afirmação Metafísica como o caminho de
afirmação da verdade!

O pensamento do francês René Descortês na modernidade foi o primeiro a


defender que o conhecimento era inato ao ser humano e propôs um método
dedutivo como ponto inicial de qualquer conhecimento que se pretenda
verdadeiro, claro e distinto.

Descortês vai elaborar um conceito de metafísica onde não é em um outro mundo


que a verdade é acessada, mas no interior do próprio homem, na sua
subjetividade, onde ali, através das idéias inatas tão perfeitas colocadas por DEUS
no homem, que ultrapassam a dimensão imperfeita humana. Pode se ter acesso
tanto às verdades absolutas quanto à existência de Deus.

Entrando na Teologia Natural podemos dividir ela em quatro grupo, são eles:

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* Ontológicas: Estão baseadas na idéia do DEUS metafísico sendo sua existência
deduzida diretamente da sua essência na abstração do pensamento. Um
pensamento que nós chamamos de a Priore e indutivo. O conceito de que DEUS já
implicaria a sua própria existência.

*Cosmológicas: Estão baseados na natureza, no princípio de causalidade. Elas


partem de um pensamento que nós chamamos a posteriori. Elas partem daquilo
que existe para dentro de um princípio de causalidade. Chegar a uma causa
primária que seria Deus. Se as coisas no mundo estão em constante mudanças,
teria de haver então, essa causa primária para que estas mudanças que não é
causada por nada pudesse justamente colocar em movimento todas essas coisas.

*Teológicas: Estão baseadas juntamente na ordem das coisas e no princípio da


finalidade. O mundo se pareceria com uma grande máquina onde cada peça teria o
seu objetivo para que ele funcionasse e essa máquina seria produzida então,por
um designer inteligente. Uma avaliação das provas teológicas são as provas
também antropológicas que chegam a Deus a partir da vocação humana.

*Morais: Estão relacionadas a moral, ao bom comportamento, ação justa com a


vontade de Deus.

Não existe uma ideia consistente que explique com exatidão porque há o mal.
Antes temos apenas apontado os seus efeitos na vida do homem como ser
humano.

Na visão de Agostinho não é uma substância criada por DEUS por que se fosse uma
substância ela seria boa. O mal para Agostinho resulta de uma vontade falível, uma
vontade frágil. O mal também pode ser fruto do orgulho, colocando o amor próprio
acima de todas as coisas. Para Agostinho o mal se torna o fruto da fraqueza da
vontade do homem. O homem tem livre arbítrio bem como todas as coisas criadas
por DEUS , mas apesar de tudo, falível.

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Immanuel Kant vai dizer que há um mal radical na natureza humana E qual é? O de
preferirmos a nós mesmos ao invés do outro. O mal para Kant é uma invenção da
lei moral. Na realidade, segundo Kant, as pessoas podem parecer pessoas gentis,
pessoas educadas, pessoas morais, nas situações em que tudo vai bem, mas no
fundo do seu coração é imoral, este precisamente, é o mal para Kant.

Quais são os limites lógicos para a compreensão do mal?

Para Paul Ricouer o mal no pensamento ocidental nos permite designar fenômenos
díspares como o pecado, sofrimento e morte. Essa é para Ricouer a causa do
enigma do mal. Portanto, é necessário fazer as distinções especiais entre esses
fenômenos.

O pecado = Mal moral que implica a imputação de uma ação suscetível da


transgressão moral, código ético, gerando culpa que é o julgamento da condenação
da ação.

O sofrimento = É algo sofrido e pode ser variado pelas adversidades da natureza,


doenças, afetos, medo da Morte e etc. O sofrimento priva o sujeito do prazer, por
isso é o oposto da acusação. O sofrimento causa lamentação, o que é o oposto da
culpa para Ricouer.

Nós cremos em DEUS apesar do mal, nós continuamos sentindo Deus andando
conosco.

Entramos no campo agora da Sociologia.

A sociologia tem como objetivo principal observar e descrever para compreender a


sociedade. A sociedade por sua vez é constituída por pessoas.

A cultura é constituída de valores e de normas que regem ao comportamento


dessas pessoas.

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Numa definição clara de sociedade e cultura podemos dizer que a pessoa pertence
a sociedade mas seria errôneo afirmar que a pessoa pertence a cultura. O
indivíduo, ele manifesta a cultura.

A alta modernidade traz consigo o avanço da sociedade no aspecto revolucionário


da revolução industrial e do êxodo rural para a vida urbana. Vemos então, a
sociedade ganhando forma na vida urbana, marcando assim o início de grandes
revoluções libertárias humanas trazendo assim o foco totalmente para o homem
como indivíduo.

O mundo moderno é predominantemente antropocêntrico, o homem é o centro


deste mundo.

Antropologia vem do grego antropos que significa antropos = homem e Logos =


Estudo , o estudo do homem, o homem entendido como ser humano.

O nascimento da Antropologia como ciências, possibilitou diversas abordagens para


se compreender esse indivíduo que se tornou o grande centro da reflexão humana
e para falar do homem de maneira tão complexa como este próprio homem exige.

Em 1838 nasce o termo Sociologia, ou melhor, física do social, como uma


necessidade científica para se compreender todo o contexto social, e foi o Filósofo
Auguste Comte, filósofo Francês nascido no sul da França em Montpellier
considerado o pai do positivismo no pensamento positivista que cunhou esse
termo pela primeira vez.

A sociologia é uma ciência e em seu início ela vai perguntar quais são as ciências
práticas que fazem prova da experiência e que poderiam servir de modelo,
tomando sempre emprestado alguns dos seus arquétipos e reutilizando na análise
social.

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A partir de determinados métodos da Sociologia nascem duas escolas . Uma
francesa tendo como seu fundador Emile Durkheim e a escola arma tendo como
fundador Max Weber.

Émile Durkheim adorou o modelo organista como Auguste Comte, como modelo das
ciências naturais, química, física e biologia. A esta sociologia tiveram muitos adeptos
que queriam distância do pensamento filosófico e literário.

Max Weber estabelece o modelo dentro do conceito da ciência histórica


considerando que essa ciência ânseia adquirir finalmente todas as características
de uma ciência de qualidade e já podemos ver então a primeira divergência entre
pais da sociedade.

Ao combinar ética religiosa e capitalismo, Weber propõe na verdade uma teoria


muito original, em sua análise histórica é possível notar que na maioria dos casos
dos países católicos, foram os protestantes e os judeus que contribuíram para o
dinamismo industrial dos séculos 18 e 19.

Durkheim não defende a permanência das religiões por conta de suas essências,
mais pelas solidariedades que elas promovem, na verdade para o sociólogo
francês, DEUS e a sociedade são na verdade um só. Quando você adora a DEUS está
na verdade a adorar inconscientemente a sociedade humana que pela religião
constrói essa consciência coletiva. Ao se reportar com seus ritos ao sagrado para
Durkheim o que se está a adorar verdadeiramente é a sociedade.

Nós chegamos a um ponto em que precisamos primeiro entender a importância da


sociologia e de todas as suas análises, porque todas essas análises e as
ferramentas sociológicas elas nos ajudam, por exemplo no nosso trabalho de
hermenêutica e interpretação bíblica, quando você fala sobre determinado
contexto de um livro sócio-econômico-cultural você está a utilizar ferramentas
desenvolvidas pela sociologia, mas também precisamos evidenciar a importância
dessa ciência porque ela nos ajuda a compreender o tipo de sociedade em que

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vivemos, e assim interpretando a sociedade colocando uma hermenêutica reflexiva
em cima da sociedade nós podemos também criticá-la, agora nós também
podemos e devemos tecer uma crítica a própria sociologia em si, não para
refutá-la, não para reprimi-la mas para nós entendermos o papel da teologia na
sociedade. Como podemos ver o método científico sociológico ele é ateu, a
sociologia foi construída sem Deus, por quê? Porque ela não precisa de Deus como
uma hipótese fundadora para garantia do conhecimento.

Deus se torna objeto da realidade social e ele está sujeito a um método, um


método entregue a uma aparição que o projeta como um objeto em campo
específico dessa disciplina, dessa maneira a sociologia ela limita Deus a um campo
religioso tratando-o por vezes como um fenômeno de análise histórico moral, ou
como peça fundante de um imaginário coletivo, assim percebemos que embora a
sociologia não omita essa representação de Deus ela tem muito pouco a dizer
sobre o Deus em si, exceto que ele seria vítima de uma crise que se manifesta pela
perda, pela falta, pela ausência de significado associado a um declínio da religião.
Em contrapartida, a teologia tem força semântica para produzir uma leitura social
interdisciplinar, porque a teologia nos dá Deus em todo seu esplendor se podemos
assim dizer, através da teologia atores sociais podem tocar Deus sem inibição
nenhuma, porque Deus ele dissimula tanto a ação quanto o fato social, sem,
todavia, criar uma desorganização na sociedade. A teologia convida a Deus para
retomar o seu lugar que é em todo lugar enquanto hoje ele parece não estar em
lugar nenhum, por isso que reservando o respeito a ciência social e guardando
toda a sua importância e toda a sua relevância, nós vemos que em relação a
presença de Deus nessa realidade a sociologia não pode dizer muita coisa, ela só
pode esperar que a teologia coloque este olhar na sociedade e que esse olhar se
encontre com a ciência para além dessa lacuna epistemológica que separa essas
duas áreas do conhecimento, se no entanto o lugar do discurso sobre Deus é vazio
na teologia ou na ciência haverá mais silêncio do que o próprio Logos, o Deus
encarnado.

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Precisamos devolver a sociedade e a sua memória a palavra de DEUS, a Bíblia.

Desvelar a Bíblia para torná-la acessível e compreensível ao maior número de


pessoas constitui uma responsabilidade e um princípio da teologia protestante,
somente as escrituras em uma sociedade sobretudo que perdeu a sua memória
religiosa e em particular bíblica, então é urgente superar essa ignorância da nossa
sociedade, caso ao contrário a própria sociedade, a própria cultura se tornará
indecifrável e incompreensível, nessa tarefa nós teólogos como especialistas das
escrituras temos uma responsabilidade especial.

Os teólogos precisam ser esses representantes da ação religiosa na sociedade,


retomar esse papel que está meramente concedido aos cientistas sociais. O
teólogo precisa assumir a sua responsabilidade de ser, do coração da associação
humana, um especialista na compreensão e na transmissão dos textos bíblicos, de
espiritualidade sincera e baseada na relação com Deus e de valores e princípios
que são apreendidos em todos os âmbitos dessa relação, são alguns dos princípios
que eu acredito que ajudaram o teólogo a cumprir a sua vocação no espaço
público, e assim se tornar, e certamente, e efetivamente um ator na cidade,
promovendo um espaço para que Deus possa ser visto, acolhido e sentido no
ambiente social.

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