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PSICOLOGIA E ODONTOLOGIA

Por que Psicologia e Odontologia?

“a realidade do outro não está naquilo que ele


revela a você, mas naquilo que ele não pode
revelar. Portanto, se você quiser compreendê-lo,
escute não o que ele diz, mas o que ele não diz.”
Kalil Gibran
Introdução

• A Psicologia aplicada à Odontologia não é


mais uma especialidade odontológica, nem
um ramo da Psicologia. É uma atitude geral
que postula uma visão integrada do homem,
na sua unidade corpo-mente, considerando
seu ambiente físico e seu meio sócio-cultural.
Por que Psicologia e Odontologia?

• Para estabelecer uma relação odontólogo-


paciente satisfatória, o primeiro necessita
saber o que pode ocorrer ao corpo do
indivíduo quando seu estado emocional está
alterado e o que pode ocorrer ao estado
emocional e ao comportamento desse
indivíduo quando seu corpo adoece.
Continuação...
• Além dos conhecimentos de Psicologia
propiciarem um melhor e mais completo
entendimento do paciente e do que ele
apresenta, em algumas áreas específicas da
Odontologia existem distúrbios psicogênicos
que interferem e agravam determinadas
doenças e sintomas, e não se pode esquecer
das doenças psicossomáticas.
Quando e porquê o CD a aplicará?

• O CD aplicará conhecimento básico de Psicologia


em todas as áreas e em sua rotina diária. Esses
conhecimentos básicos propiciarão um melhor e
mais integrado relacionamento profissional-
paciente, permitindo um diagnóstico global que
envolve sintomas somáticos e psicológicos que
necessitam ser correlacionados e avaliados.
Psiquiatria – O que é?
• A Psiquiatria ´ é um saber medicamente
institucionalizado e constituído a partir do séc.
XVII, momento em que a loucura adquiriu um
estatuto de doença mental (Filho, 1992), como
resultado do encontro de um pensar médico
positivo e de uma prática de reclusão de
incapazes.
• O asilo, nessa ocasião, era o espaço onde eram
exercidos o saber, a prática e o objeto da
psiquiatria, qual seja, a doença mental.
Psiquiatria
• A Psiquiatria é uma ciência praticada por
médicos.
• Vinculada basicamente à doença mental, a
Psiquiatria tem sido o modo como a sociedade
moderna interpreta e se relaciona com o
sofrimento mental, sendo a loucura o mais
chamativo desses sofrimentos (Serrano,
1982).
psiquiatra
• O médico psiquiatra é aquele que medica,
utilizando-se de remédios neurolépticos,
antipsicóticos e ansiolíticos, para aliviar o
sofrimento mental.
• O psiquiatra não é psicólogo do seu paciente.
Os psiquiatras podem também ser
psicoterapeutas, se tiverem formação
específica para tal exercício.
constituição da Psiquiatria
• Inicio do séc. XIX.
• Hospício – espaço de uma prática médica e
pedagógica, cujo objetivo era a normalização do
doente mental, por meio do tratamento moral,
em nome da manutenção da ordem pública.
• A relação da sociedade com o louco era uma
relação de tutela – dominação/subordinação –
regulamentada; o médico tinha o estatuto de
tutor e competente em contraposição ao louco,
que tinha o estatuto de doente e de menor
(incapacitado).
Psiquiatria ...
• Década de 40 – formulação da “política de portas
abertas”, com a criação de comunidades
terapêuticas e incentivo ao trabalho em equipe.
• Década de 50 – com o advento de novas
substâncias farmacológicas, os psiquiatras
começaram a fazer uso de drogas chamadas de
neurolépticos.
• Qual é o efeito dos neurolépticos? A propriedade
de produzir um estado de indiferença, reduzir os
sintomas psicóticos e agir predominantemente
sobre estruturas subcorticais.
Psiquiatria X interdisciplinaridade
• Década de 60 – instala-se o projeto preventivo
como saber e prática, com o pressuposto de que,
por meio de participação, auto-ajuda e
oportunidades sociais, os problemas de saúde
seriam superados.
• Houve mudanças na Psiquiatria preventiva e
adesão de conceitos assimilados também da
antropologia, sociologia, psicologia
comportamental e psicanálise, e com uma
proposta terapêutica profilática, que aponta
como objeto de intervenção as relações sociais.
PSICOLOGIA – O que é ?

• É a ciência que estuda os comportamentos,


principalmente do ser humano, sejam eles
aqueles considerados conscientes – que
envolvem experiências, pensamentos e ações
intencionais – e inconscientes – que ocorrem
num plano não observável diretamente.
(Lane,1982).
PSICOLOGIA
• É uma profissão recente, sendo reconhecida
nos países ocidentais há pouco mais de cem
anos ( Vasconcelos, 1987).
• A Psicologia, não é, uma ciência médica.
• Inicialmente ligada à Filosofia, posteriormente
adotou um modelo cientificista, composto por
métodos, teorias e técnicas psicológicas.
Vertentes da Psicologia
• Clínica , comportamental, social, psicanalítica,
hospitalar, do desenvolvimento humano,
comunitária, institucional – que procurarão
caracterizar o ser humano, procurando leis
gerais, a partir de algumas características da
espécie, dentro de determinadas condições
socioculturais.
Psicanálise
• É uma ciência fundada por Sigmund Freud, há cerca de 100
anos, em Viena.
• A ciência e seu método chama-se Psicanálise.
• O método terapêutico psicológico é a “psicanálise” ou
simplesmente “análise”.
• O objeto de estudo é a psique, sendo que esta “não é
uma coisa que existe na cabeça do indivíduo nem
na cabeça coletiva. Ela simplesmente não tem
lugar material. Psique é o que produz sentido nas
coisas humanas, sejam individuais ou coletivas (...)
Sendo assim, estudar a psique não é um
passatempo, nem é egoismo elitista de gente rica”
( Hermann, 1992:85).
O que estuda o psicanalista?
• Estuda o fenômeno humano, quer se trate de
um paciente em análise, quer de um grupo de
pessoas, uma família, uma comunidade, um
acontecimento. O processo fundamental do
método psicanalítico, tanto no que diz
respeito à produção de conhecimentos quanto
à análise, é o efeito de ruptura de campo, qual
seja, a quebra dos limites que a rotina do dia-
a-dia impõe aos significados da
pessoa.(Hermann, 1992).
O que acontece numa análise?
• Uma pessoa pode se dar conta de que ela é
muito diferente do que pensa ser. Que vive
mal e sofre o que não seria preciso, por viver
de acordo com aquilo que pensa e quer ser e
não de acordo com o que de fato é. A pessoa
poderá ter uma outra qualidade de vida, se
puder respeitar a sua existência real e ser ela
mesma, usando os recursos que possui
para lidar com as dificuldades da vida ( que a
psicanálise não elimina). (Filho, 1997).
Relação Profissional-Paciente em
Odontologia
• - as pessoas tem medo de dentista. ( espaço
físico desperta as mais diversas fantasias no
paciente, já que este é repleto de objetos
cortantes e pontiagudos, que são introduzidos
em sua cavidade oral e cujo resultado nem
sempre é indolor).
Relação profissional-paciente
• O que explicaria o fato de um paciente não
demonstrar medo com um determinado
dentista e demonstrá-lo com outro?
• Por que uma mesma pessoa é mais
cooperativa com um profissional do que com
o outro?
A Importância da Vinculação
Profissional-Paciente
• O que significa a palavra vínculo?
• Vínculo - conceito oficial – “é tudo o que liga, ata
e aperta” ( Ferreira, 1995).
• Quando estamos “ligado” ou vinculados, somos
co-responsáveis pelo que acontece na relação;
isto quer dizer que falar de vínculo na relação
profissional-paciente significa atribuir ao
profissional a sua parcela de responsabilidade
pelo sucesso ou fracasso do atendimento, do
ponto de vista relacional.
Vínculo – o que é?
• O vínculo diz respeito a uma estrutura complexa, que
inclui duas pessoas e sua representação mútua, ou
seja, como uma percebe a outra, pelos processos de
comunicação e aprendizagem. Todo o vínculo
compreendido desta forma pressupõe a existência de
um emissor, um receptor, uma codificação e uma
decodificação da mensagem.(Pichon Rivière,1995).
• Assim, o vínculo é sempre bicorporal – dois atores - e
tripessoal ( por haver uma presença internalizada, que
pode ser positiva ou negativa, que nos acompanha em
todas as nossas vinculações).
Transferência e Contratransferência
• A transferência é um acontecimento presente
no relacionamento entre duas ou mais
pessoas e que, pela intensidade e
irracionalidade com que se apresenta, não
pode ser explicado com base na situação
atual, estando relacionado a vivências
anteriores a esta, normalmente referentes às
primeira vinculações.
Transferência positiva e transferência
negativa
Transferência positiva – casos de pacientes que
atribuem ao dentista propriedades onipotentes (
aquele que tem o poder de cura e solução de
problemas) ou
• Aqueles que se dizem apaixonados pelo (a) dentista,
mesmo conhecendo-o (a) apenas profissionalmente.
• Transferência negativa – pode ser caracterizada por
sentimentos de desconfiança, inveja, desprezo e
irritação. Também pode ser percebida naqueles casos
em que o paciente coloca o profissional num papel de
alguém impotente ou incompetente.
contratransferência
• Refere-se às emoções despertadas no
profissional, como resposta aos movimentos
afetivos de seu paciente, e que também estão
vinculadas às vivências anteriores do primeiro.
Esta pode ser positiva ou negativa.
• Ex. uma dentista que está sendo constantemente
assediada por seu paciente pode desejar concluir
rapidamente o tratamento para ficar livre do
assédio ou então desmarcar as consultas com
este.
Processo de Formação de Vínculo
• Fábula citada por Freud (1921) – porcos-
espinhos.
• A vinculação profissional-paciente não ocorre
de uma vez. É um processo que envolve
conhecimento mútuo, estabelecimento de
limites claros ( às vezes precisamos comunicar
ao outro que seus espinhos estão nos ferindo)
e respeito às limitações do outro ( reconhecer
que nossos espinhos também podem ferir).
O vínculo acarreta ônus
• O temor da separação.
• É fundamental que o profissional não
confunda a vinculação com o apego e o sentir
com o ser dominado por seus sentimentos.
A Subjetividade na relação
profissional-paciente

Não é preciso correr para fora para ver melhor,


Nem tampouco olhar pela janela.
Permaneça no centro do seu ser;
Pois quanto mais você se afastar dele, menos aprenderá
(...)
Para fazer é preciso ser

Lao -Tse
A subjetividade e o cirugião-dentista

• A Pessoa do Profissional como “Instrumento” da


Prática Odontológica

• A Imprevisibilidade como Parte Integrante da Prática


do CD
• “Jeitos de Ser” – Descobrindo a Si Mesmo como
Profissional na Relação com os Pacientes
• Convivendo com as Próprias Emoções: os Climas de
Perda e Ganho
• Neutralidade – encontro entre duas pessoas.
Subjetividade, o que é?
• A subjetividade pode ser comparada a fios de um tecido
constituído, desde o início da vida, por características que
são herdadas e vínculos que vão se processando em
diferentes situações, com diferentes pessoas e em dados
momentos, e não uma coisa única. Adquire significado e
matizes variadas nos diálogos com os outros, dependendo
da cultura, da época, da sociedade e do meio social, nos
quais a pessoa se encontra inserida.
• A subjetividade do CD írá imprimir colorido e diferenciar o
vínculo com seu paciente, à medida que os contatos forem
acontecendo, pois somos seres que nos constituímos,
desenvolvemos e existimos nas relações.
SÓCRATES ( séc. V a.C.)

– patrono da Filosofia . Afirmava que a 1ª e fundamental verdade


filosófica é dizer “ só sei que nada sei”.
Guia-se pelo princípio de que nada sabe e, desta perplexidade
primeira, inicia a interrogação e o questionamento do que é
familiar.
Seu método se divide em duas partes:
• A ironia ( em grego significa perguntar), que é destrutiva, pois
conclui pela descoberta da própria ignorância;
• A maiêutica ( em grego significa parto) é o “dar a luz” novas
ideias e é, portanto construtiva.
Assim, Sócrates , por meio de perguntas, destrói o saber
constituído, para depois reconstruí-lo na procura da
definição do conceito.
SÓCRATES ( séc. V a.C.)

• Ao criticar o saber dogmático, não quer dizer que ele próprio é


detentor de um saber. Desperta as consciências adormecidas, mas
ele não é um “farol” que ilumina; o caminho novo deve ser
construído pela discussão, que é intersubjetiva, e pela busca
criativa das soluções.
• Portanto, ele é “subversivo” porque “desnorteia”, perturba a
“ordem” do conhecer e do fazer e, portanto, deve morrer.
• Ele toma veneno
• sicuta.
PLATÃO (428-354 a.C)

• Discípulo de Sócrates, aperfeiçoa a maiêutica e a transforma


em dialética, segundo a qual as intuições sucessivas se
contrapõem umas às outras até se aproximarem o mais
possível das essências ideais que constituem a verdade
absoluta: é a marcha realizada pelo pensamento, do mundo
sensível até o mundo das idéias.
Teoria das ideias
• Uma de suas teorias mais conhecidas é a das Ideias em que
afirma que o mundo que conhecemos através dos cinco
sentidos, o mundo sensível, é um mundo imperfeito e falho,
mera sombra do real mundo das ideias. O Mundo das Ideias é
muito superior ao mundo sensível. O mundo que sentimos é
somente uma cópia apagada do mundo das ideias pois as
ideias são únicas e imutáveis e as coisas do mundo sensível
estão constantemente mudando. Esse pensamento aparece
no livro República e é conhecida como Mito da Caverna. Para
Platão a única forma para conhecermos a realidade inteligível
é através da razão pois os nosso sentidos podem nos enganar.
• Aristóteles chegou a estudar as diferenças
entre a razão, a percepção e as sensações.
• Esse estudo está sistematizado no De Anima,
que pode ser considerado o primeiro tratado
das idéias psicológicas.
O mundo psicológico no Império
Romano e na Idade Média
• Às vésperas da era cristã, surge um novo
império que iria dominar a Grécia, parte da
Europa e do Oriente Médio: O Império
Romano.
• Uma das principais características desse
período é o aparecimento e o
desenvolvimento do cristianismo – uma força
religiosa que passa a força política dominante.
SANTO AGOSTINHO (354-430)
• A alma era vista não somente como a sede da
razão, mas a prova de uma manifestação
divina no homem.
• A alma era imortal por ser o elemento que liga
o homem a Deus. E, sendo a alma também a
sede do pensamento, a Igreja passa a se
preocupar também com sua compreensão.
São Tomas de Aquino (1225-1274)
• Foi buscar em Aristóteles a distinção entre
essência e existência. Assim com Aristóteles ele
considera que o ser humano, em sua essência,
busca a perfeição por meio de sua existência.
Porém sob o ponto de vista religioso. Somente
Deus seria capaz de reunir a essência e a
existência em termos de igualdade. Portanto, a
busca da perfeição pelo homem seria a busca de
Deus. Estavam lançados os argumentos racionais
para justificar os dogmas da igreja.
RENASCIMENTO OU RENASCENÇA
Séc. XIII- XVII
Pouco mais de 200 anos após a morte de São
Tomás de Aquino, tem início uma época de
transformações radicais no mundo europeu. O
mercantilismo leva à descoberta de novas terras
( a América, o caminho para as Índias, a rota do
Pacífico), e isso propicia a acumulação de
riquezas pelas nações em formação, como
França, Itália, Espanha, Inglaterra.
Transformações sociais
• Na transição para o capitalismo, começa a
emergir uma nova forma de organização
econômica e social.
• Dá-se, também, um processo de valorização
do homem.
• As transformações ocorrem em todos os
setores da produção humana.
René Descartes
Corpo - máquina
• Segundo Descarte, o corpo não era nada além de uma
máquina orgânica, governada pelo “reflexo”, definia como
uma “unidade de ação mecânica, previsível, determinística”.
• Ideia inspirada pelas pequenas estátuas de mecanismo de
relógio dos Jardins Reais Franceses, que se mexiam e tocavam
músicas quando um transeunte pisava em um disparador.
DUALISMO
• Para Descartes, muitas funções mentais, como a
memória e a imaginação, eram resultados de funções
corporais. Ligar alguns estados mentais com o corpo
era um afastamento fundamental das visões
anteriores do dualismo, em que todos os estados
mentais eram separados das funções corporais.
• Descarte concluiu que a mente racional, que
controlava a ação volitiva, era divina e separada do
corpo.
Corpo-mente
• A ideia mais radical de Descarte foi sugerir que,
embora a mente conseguisse afetar o corpo, o
corpo também conseguiria afetar a mente.
• Ex: paixões como amor, ódio, tristeza, surgiam do
corpo e influenciavam os estados mentais,
embora o corpo agisse sobre essas paixões por
meio de seus mecanismos.
• Dessa maneira, Descartes aproximou mente e
corpo ao focalizar suas interações.
Corpo –mente-natureza-religião
O capitalismo coloca o mundo medieval em
movimento. Os dogmas religiosos dominantes perdem
a força . Os órgãos dos sentidos ganharam destaque
como forma de captar o mundo. A produção se
diversificou e muitas coisas começaram a surgir como
mercadorias. Idéias, mercadorias, lugares sociais,
verdades... Tudo se multiplicou e o homem passou a ter
de escolher. Nesse processo, a ideia e a vivencia da
subjetividade foram se fortalecendo.
Descartes e a dúvida

• “Todo o movimento de duvidar traz a evidência de


que, ao menos enquanto um ser que pensa ( e
duvida), eu existo. Esta é minha única certeza: eu
ainda não sei se os outros existem e mesmo se meu
próprio corpo existe. A evidência primeira é a de um
“eu” e ele será a partir de agora o fundamento de
todo conhecimento.
• FIGUEIREDO,L.C.M. e SANTI,P.L.R. Psicologia – uma (nova) introdução.
São Paulo: Educ,2008.
Regras para o conhecimento científico
• Esse avanço na produção de conhecimentos
propicia o início da sistematização do
conhecimento científico – começam a se
estabelecer métodos e regras básicas para a
construção do conhecimento científico.

• Evidencia-se a crença na Ciência.


Contribuições importantes do mundo
capitalista para o surgimento da Psicologia
• Surgimento da máquina: o mundo como um relógio.
• Todo o universo passou a ser pensado como uma
máquina, isto é, podemos conhecer seu funcionamento,
a sua regularidade, o que nos possibilita o conhecimento
de suas leis.
• Para conhecer o psiquismo humano passa a ser
necessário compreender os mecanismos e o
funcionamento da máquina de pensar do ser humano –
seu cérebro.
• A Psicologia começa a trilhar os caminhos da Fisiologia,
da Neuroanatomia e da Neurofisiologia.
Descobertas importantes
• A Neurologia 1846 – descobre que a doença
mental é fruto da ação direta ou indireta de
diversos fatores sobre as células cerebrais.
Descobertas...
• Psicofísica 1860 – Lei de Fechner-Weber,
estabelece a relação entre estímulo e sensação,
permitindo sua mensuração.

– Psicofisiologia – Wundt cria laboratório para realizar


experimentos nesta área.

• Os Fisiologistas – através da Psicofísica.


Estudavam a fisiologia do olho e a percepção das
cores. As cores eram estudadas como fenômeno
da Física e a percepção como fenômeno da
Psicologia.
DESCOBERTAS...
• A Neuroanatomia – a atividade motora nem sempre
está ligada à consciência, por não estar
necessariamente na dependência dos centros cerebrais
superiores.

• Ex: quando alguém encosta a mão em uma chapa


quente, primeiro afasta-a da chapa para depois
perceber que se queimou. Esse fenômeno chama-se
reflexo, e o estímulo que chega à medula espinal, antes
de chegar aos centros cerebrais superiores, recebe
uma ordem para a resposta, que é afastar a mão.
APRESENTANDO OS PRINCÍPIOS
• Desde que as pessoas começaram a pensar, elas começaram a
pensar sobre as outras pessoas. Temos um forte desejo de
entender os outros, entender seus motivos, pensamentos, desejos,
intenções, humor, ações, e assim por diante.

• Queremos saber por que eles lembram alguns detalhes e,


convenientemente, esquecem outros, ou porque eles se comportam
de maneira autodestrutiva.

• Queremos saber se os outros são amigos ou inimigos, líderes ou


seguidores, se nos rejeitarão ou se apaixonarão por nós.

• Nossas interações sociais requerem que utilizemos nossas


impressões dos outros para categorizá-los e predizer suas
intenções e ações. Essencialmente, as pessoas estão
constantemente tentando entender o que move as outras pessoas.
Aqueles que fazem isso como profissão são conhecidos como
cientistas psicológicos.
SÉC XIX
• Temas antes estudado pelos filósofos passam
a ser investigados também pela Fisiologia e
pela Neurofisiologia em particular. Os avanços
que atingiram também essa área levaram à
formulação de teorias sobre o sistema
nervoso central, demonstrando que o
pensamento, as percepções e os sentimentos
humanos eram produtos desse sistema.
Quais são as origens da ciência
psicológica?
• As origens da ciência psicológica podem ser encontradas
nas importantes perguntas filosóficas que existem há
séculos.
• Ex: o debate natureza-ambiente envolve determinar a
extensão em que a mente e o comportamento são
predeterminados pela biologia ou são desenvolvidos e
moldados pelo ambiente.
• O problema mente-corpo lida com a questão de como a
atividade mental se relaciona ao funcionamento cerebral.
• A teoria de Darwin da evolução montou o cenário para um
novo entendimento das origens da mente e do
comportamento.
Teoria de Charles Darwin ( 1809-1882).
• “A Origem das Espécies” ( 1859).
Em uma viagem a bordo do Beagle,
de 1832 a 1837, coletou informações
sobre tentilhões nas Ilhas Galápagos,
descobrindo que cada ilha tinha uma
espécie levemente diferente de tentilhão.
Conclusão : os tentilhões diferentes
descendiam da mesma espécie.
Sua pergunta: o que poderia explicar as pequenas variações?

• Teoria evolutiva – uma abordagem à ciência psicológica que


enfatiza o valor herdado, adaptativo, do comportamento e da
atividade mental no desenrolar de toda a história de uma espécie.
Darwin - Teoria evolutiva
• “Eu casualmente li, como entretenimento, “Malthus
sobre população” e, estando bem preparado para
apreciar a luta pela existência que ocorre em todos
os lugares, a partir da longa e constante observação
dos hábitos dos animais e das plantas,
imediatamente me ocorreu que, nessas
circunstâncias, as variações favoráveis tenderiam a
ser preservadas, e as desfavoráveis, a ser destruídas.
O resultado disso seria a formação de uma nova
espécie. ( da autobiografia de Darwin).
Seleção natural
• Processo pelo qual as mutações aleatórias em
organismos que são adaptativas são transmitidas, e
as mutações que atrapalham a reprodução não são
passadas adiante. Assim, na luta das espécies para
sobreviver, os que estão mais bem adaptados ao
ambiente deixarão mais descendentes, e esses
descendentes produzirão mais descendentes, e
assim por diante. ( i.e., a noção de sobrevivência dos
mais aptos).
Importância da teoria de Darwin para a
psicologia
• As diferenças individuais hereditárias constituem a
base do desenvolvimento evolutivo. Essa idéia foi
aproveitada por seu primo Francis Galton (1822-
1911), que propôs que algumas diferenças eram de
natureza psicológica ( p.ex., a inteligência) e podiam
ser medidas e testadas. O movimento de testagem
mental aconteceu na esteira de Galton.
Essencialmente, a idéia da seleção natural teve um
profundo impacto sobre a ciência, a filosofia e a
sociedade.
Psicologia como Ciência

• Berço na Alemanha do final sec. XIX.


• Wundt, Weber e Fechener trabalharam juntos
na Universidade de Leipzig.
• Seguiram para a Alemanha muitos estudiosos
dessa nova ciência: o inglês Edward B.
Titchener e o americano William James.
Padrões/objetivos/ como ciência
• Definir seu objeto de estudo - ( o comportamento, a
vida psíquica, a consciência);
• Delimitar seu campo de estudo, diferenciando-o de
outras áreas de conhecimento, como a Filosofia e a
Fisiologia;
• Formular métodos de estudo desse objeto;
• Formular teorias como um corpo consistente de
conhecimento na área.
Psicologia com status científicos
• Criação do primeiro laboratório de Psicologia na
Alemanha em 1879.
• Wundt desenvolve a concepção do paralelismo
psicofísico, segundo a qual aos fenômenos
mentais correspondem fenômenos orgânicos.
• Ex. estimulação física – picada de agulha teria
uma correspondência na mente dele.
• Método introspeccionismo – o sujeito descreve a
sensação percebida por ele.
O que é a ciência psicológica?
• É o estudo da mente, do cérebro e do
comportamento.
• Mente se refere à atividade mental, como os
pensamentos, os sentimentos e a experiência
subjetiva. As experiências perceptivas que o sujeito
tem ao interagir com o mundo (i. é, visão, olfato,
paladar, audição e tato), são exemplos da mente em
ação, assim como as memórias, pensar sobre algo o
que se quer comer no almoço e o que acha de beijar
alguém que considera atraente. A Mente é o que o
cérebro faz.
• Cérebro - um órgão localizado no crânio, que
produz atividade mental. É o cérebro físico que
capacita a mente.
• Comportamento – qualquer ação ou resposta
observável. Ex. movimentos corporais, ações
intencionais como comer ou beber e expressões
faciais como sorrir.
• O termo comportamento é empregado para
descrever uma ampla variedade de ações físicas,
sutis ou complexas, que ocorrem nos organismos
das formigas aos humanos.
PRINCIPAIS ABORDAGENS

DA

PSICOLOGIA
Cérebro / mente
Cérebro / estruturas/funções
estruturalismo
ESTRUTURALISMO

• O método de observação de Tichner é o


introspeccionismo, e os conhecimentos
psicológicos produzidos são eminentemente
experimentais, isto é, produzidos a partir do
laboratório.
• Introspecção – um exame sistemático das
experiências mentais subjetivas, o qual requer
que a pessoa inspecione e relate os conteúdos
de seus pensamentos.
estruturalismo
Tichner começou fazendo diferenciação entre
Mente e Consciência.
Mente - era a soma total dos processos
mentais que ocorre durante toda a vida do
individuo.
Consciência - era a soma total dos processos
mentais que ocorrem no presente.
Funções do cérebro
Funcionalismo
• o que fazem os homens e por que o fazem?
• James elege a consciência como o centro de
suas preocupações e busca a compreensão de
seu funcionamento, na medida em que o
homem a usa para adaptar-se ao meio.
Fluxo de consciência
• Acreditava que a mente não podia ser separada
em seus elementos, porque ela é muito mais
complexa que seus elementos.
• Ex. ele observou que a mente consistia em uma
série contínua de pensamentos que estão
sempre mudando.
Fluxo de consciência
• A mente é uma série contínua de
pensamentos que estão sempre mudando.
Segundo James, esse fluxo de consciência não
podia ser congelado no tempo, e portanto, as
estratégias empregadas pelos estruturalistas
eram estéreis e artificiais.
associacionismo
Associacionismo
• De acordo com essa lei, todo comportamento de um
organismo vivo ( homem, um pombo, um rato, etc.)
tende a se repetir, se nós recompensarmos (efeito) o
organismo assim que ele emitir o comportamento. Por
outro lado, o comportamento tenderá a não
acontecer, se o organismo for castigado ( efeito) após a
sua ocorrência. E, pela lei do efeito, o organismo irá
associar essas situações com outras semelhantes.
• Ex: se ao apertarmos um dos botões do rádio formos
“premiados” com música, em outras oportunidades
apertaremos o mesmo botão, bem como
generalizaremos essa aprendizagem para outros
aparelhos, como players digitais, gravadores, etc.
BEHAVIORISMO - 1925
• Behaviorismo
• John B. Watson e, mais tarde, B.F. Skinner
argumentam que todos os comportamentos
podem ser compreendidos como um resultado da
aprendizagem e que, para predizer o
comportamento, temos de examinar as forças
ambientais.
• Para prever o comportamento, precisamos saber
como as características do indivíduo interagem
com aquelas da situação específica (Bandura,
1986).
A abordagem behaviorista
• Enfatiza a importância dos determinantes
ambientais, ou situacionais do comportamento.
• O comportamento é o resultado da contínua
interação entre variáveis pessoais e ambientais.
• As condições ambientais moldam o
comportamento através da aprendizagem.
• O comportamento da pessoa por sua vez, molda
o ambiente.
Gestalt

• Uma teoria baseada na ideia de que o todo da


experiência pessoal é muito maior do que
simplesmente a soma de seus elementos
constituintes.
• Foca na aprendizagem e na percepção,
sugerindo que a combinação dos elementos
sensoriais produz novos padrões com
propriedades inexistentes nos elementos
individuais.
Teoria da Gestalt
• O movimento da Gestalt refletia a ideia que estava no âmago
das críticas ao estruturalismo: a percepção dos objetos é
subjetiva e depende do seu contexto. Duas pessoas podem
olhar para um objeto e ver coisas diferentes.
• A mente organiza a cena em um todo perceptivo.
• A mente percebe o mundo de uma forma organizada, que
não pode ser dividida em seus elementos constituintes.
• Foram desenvolvidos a partir da percepção e da sensação
dos movimentos, buscando entender os processos envolvidos
na ilusão de ótica ou seja o que acontece quando vemos um
estímulo diferente do que ele é na realidade.
psicanálise
A PSICANÁLISE
• Nasce com Freud na Áustria.
• A partir da prática médica, recupera para a
Psicologia a importância da afetividade e
postula o inconsciente como objeto de
estudo, quebrando a tradição da Psicologia
como ciência da consciência e da razão.
Sigmund Freud (1856-1939)

• Fundador da psicanálise na passagem do séc.


XIX para o séc. XX, afirmava que ao construir
sua teoria ele não pretendia formar
convicções, mas estimular o pensamento e
derrubar preconceitos.
Sigmund Freud – (1856-1939)
• “Foi um médico vienense que alterou,
radicalmente, o modo de pensar a vida psíquica.
Sua contribuição é comparável à de Karl Marx na
compreensão dos processos históricos e sociais.
• Freud ousou colocar os “ processos misteriosos”
do psiquismo, suas “regiões obscuras”, isto é, as
fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a
interioridade do homem como problemas
científicos. A investigação sistemática desses
problemas levou Freud à criação da “Psicanálise”.
• (Psicologias, BOCK, 1991, p.70).
Freud
• Compreender a Psicanálise significa percorrer
novamente o trajeto pessoal de Freud, desde
a origem dessa ciência e durante grande parte
de seu desenvolvimento.
• Grande parte de sua produção foi baseada em
experiências pessoais, transcritas com rigor
em várias de suas obras, como a Interpretação
dos Sonhos e a psicopatologia da vida
cotidiana, dentre outras.
• “Se fosse concentrar numa palavra a
descoberta freudiana, essa palavra seria
incontestavelmente inconsciente. “
• LAPLANCHE,J. PONTALIS, J.-B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Matins
Fontes, 2001.
psicanálise
• O termo psicanálise é usado para se referir a uma
teoria, a um método de investigação e a uma prática
profissional.
• Enquanto teoria – caracteriza-se por um conjunto de
conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento
da vida psíquica.
• Como método de investigação – caracteriza-se pelo
método interpretativo, que busca o significado oculto
daquilo que é manifestado por meio de ações e
palavras ou pelas produções imaginárias, como os
sonhos, os delírios, as associações livres, os atos falhos.
análise
• Pratica profissional que refere-se à forma de
tratamento, que busca o autoconhecimento
ou a cura, que ocorre por meio desse processo
de investigação.
A gestação da Psicanálise
• Freud formou-se em medicina na
Universidade de Viena, m 1881, e
especializou-se em Psiquiatria.
• Começou a clinicar atendendo pessoas
acometidas de “problemas nervosos”.
• Trabalhou com Jean Charcot, psiquiatra
francês que tratava as histerias com hipnose.
HIPNOSE
• Significa “ O médico induz o paciente a um estado alterado de
consciência e, nesta condição, investiga a ou as conexões
entre condutas e/ ou entre fatos e condutas que podem ter
determinado o surgimento de um sintoma. O médico também
introduz novas idéias ( a sugestão) que podem, pelo menos
temporariamente, provocar o desaparecimento do sintoma.” (
Psicologias, BOCK, 1991, p.71).

• Freud, em sua autobiografia, afirma que desde o início de sua


prática médica utilizou a hipnose, não só com objetivos de
sugestão, mas também para obter a história da origem dos
sintomas. Depois utilizou o método catártico de Breuer e
depois desenvolveu a técnica de concentração.
Método catártico
• Tratamento que possibilita a liberação de afetos
e emoções ligadas a acontecimentos traumáticos
que não puderam ser expressos na ocasião da
vivência desagradável ou dolorosa. Essa liberação
de afetos leva à eliminação dos sintomas.
• Ex; caso Ana O.
• Sintomas – paralisia com contratura muscular,
inibições e dificuldades de pensamento.
• - a doença do pai e o desejo inconsciente da sua
morte.
A descoberta do Inconsciente
• “Qual poderia ser a causa de os pacientes
esquecerem tantos fatos de sua vida interior e
exterior...? Perguntava-se Freud.

• O esquecido era algo sempre penoso para o indivíduo, e era


exatamente por isso que havia sido esquecido e o penoso
não significava, necessariamente, sempre algo ruim, mas
poderia se referir a algo bom que se perdera ou que fora
intensamente desejado.
– (FREUD, S. Autobiografia. IN. Obras completas. Ensayos XCVLLL.AL
CCIII Madri: Biblioteca Nueva. T.III (Trad. Dos autores).
A descoberta do Inconsciente
• Resistência - força psíquica que se opõe a
tornar consciente, a revelar um pensamento.
• Repressão – processo psíquico que visa
encobrir, fazer desaparecer da consciência,
uma ideia ou representação insuportável e
dolorosa que está na origem do sintoma.
• Esses conteúdos psíquicos “localizam-se” no
inconsciente.
Tais descobertas...
• “ (...) constituíram a base principal da compreensão
das neuroses e impuseram uma modificação do
trabalho terapêutico. Seu objetivo (...) era descobrir
as repressões e suprimi-las através de um juízo que
aceitasse ou condenasse definitivamente o excluído
pela repressão. Considerando este novo estado de
coisas, dei ao método de investigação e cura
resultante o nome de psicanálise em substituição ao
de catártico”.
• (FREUD, S. Autobiografia. IN: Obras completas. Ensayos XCVLLL.ALCCIII Madri: Bibliotca Nueva T.III (trad.
Dos autores).
Método interpretativo
• Método psicanalítico usado para desvendar o real,
compreender o sintoma individual ou social e suas
determinações.
• No caso da análise individual, o material de trabalho do
analista são os sonhos, as associações livres, os atos
falhos ( os esquecimentos, as substituições de palavras
etc.). Em cada um desses caminhos de acesso ao
inconsciente, o que vale é a história pessoal. Cada
palavra, cada símbolo tem um significado particular
para cada indivíduo, o qual só pode ser apreendido a
partir de sua história, que é absolutamente única e
singular.
Teoria sobre a estrutura do aparelho
psíquico
• Em 1900, no livro A interpretação dos sonhos, Freud
apresenta a primeira concepção sobre a estrutura e o
funcionamento psíquicos. Essa teoria refere-se à
existência de três sistemas ou instâncias psíquicas :
• Inconsciente, pré-consciente e consciente.
O inconsciente
• Lugar psíquico onde se encontram elementos instintivos, que nunca foram
conscientes e que não são acessíveis à consciência. É constituído por
conteúdos reprimidos, que não tem acesso aos sistemas pré-
consciente/consciente, pela ação de censuras internas. O inconsciente é
um sistema do aparelho psíquico regido por leis próprias de funcionamento.
Por exemplo: é atemporal, não existem noções de passado e presente.

• O inconsciente exprime “o conjunto dos conteúdos não presentes no


campo atual da consciência.

• Este conteúdo não foi “esquecido” ou perdido, mas não lhe é permitido ser “
lembrado” . O pensamento ou a memória ainda afetam a consciência, mas
apenas indiretamente.
( S.Freud, autobiografia. In. Obras completas. Ensayos
XCVIII AL CCCIII. Madri, Biblioteca Nueva. Ainda T.III.p.2773)
Pré-consciente e consciente
• Pré-consciente – refere-se ao sistema onde permanecem
aqueles conteúdos acessíveis à consciência. É aquilo que
não está na consciência, neste momento, e no momento
seguinte pode estar. Porções da memória que são
acessíveis. É o lugar da censura, fazendo com que só
chegue ao consciente o suportável. Faz parte do
inconsciente e pode tornar-se consciente com facilidade.

• O consciente - é o sistema do aparelho psíquico que


recebe ao mesmo tempo as informações do mundo
exterior e as do mundo interior. Na consciência, destaca-se
o fenômeno da percepção, principalmente a percepção do
mundo exterior, a atenção, o raciocínio.
• É a pequena parte da mente que inclui tudo que estamos
cientes, num dado momento.
1920 / 1923
• Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoria
do aparelho psíquico e introduz o conceito
de
• Id.
Ego
e Super-ego,
para referir-se aos três sistemas da
personalidade.
Id - ego - superego
Id, Ego e Superego

• Estes sistemas não existem enquanto uma


estrutura vazia, mas são sempre habitados pelo
conjunto de experiências pessoais e particulares
de cada um, que se constitui como sujeito em
sua relação com o outro e em determinadas
circunstancias sociais. isto significa que para
compreender alguém, é necessário resgatar sua
história pessoal, que está ligada a história de seus
grupos e da sociedade em que vive.
ID
• O ID ( Isso ) - constitui o reservatório da
energia psíquica, é onde se “localizam” as
pulsões, os desejos de vida e de morte. As
características atribuídas ao sistema
inconsciente, na primeira teoria, são, nesta
teoria, atribuídas ao ID. Quando nascemos
somos só inconsciente, não temos Ego nem
superego. Não possuímos ainda a capacidade
de interpretação. Agimos com base na
satisfação do prazer.
EGO
• O Ego ( Eu) - é o sistema que estabelece o
equilíbrio entre as exigências do Id, as
exigências da realidade e as “ordens” do
superego. Procura dar “conta” dos interesses
da pessoa. È regido pelo princípio da
realidade. É a parte do aparelho psíquico que
está em contato com a realidade externa.
Desenvolve-se a partir do ID. Tem a função de
garantir a saúde, segurança e sanidade da
personalidade. Razão.
SUPEREGO
• O superego ( Super Eu) – é o último sistema do
aparelho psíquico a ser formado e se desenvolve
a partir do Ego. Atua como juiz ou censor sobre
as atividades e pensamentos do Ego. origina-se
com o complexo de Édipo, a partir da
internalização das proibições, dos limites e da
autoridade. É o depósito dos códigos morais,
modelos de conduta e dos construtos que
constituem as inibições da personalidade. Possui
três funções: consciência, auto-observação e
formação de ideias. Última instância a ser
formada e desenvolve-se a partir do Ego.
Personalidade dominada pelo ID

• Características:
• Ego infantilizado;
• Imediatismo;
• Egoísmo;
• Pouca tolerância a frustração;
• Manipulação do outro para gratificação de seus
desejos;
• Dependência;
• Tendência inconsciente à destruição, vez que o ID
nunca se satisfaz.
Personalidade dominada pelo SUPEREGO

Característica:
- Ego com pouca capacidade avaliativa;
- Obediência cega às regras sociais e morais;
- Intolerância com os próprios erros e o dos outros;
- Perfeccionismo;
- Ansiedade;
- inadequação;
- sensação de impotência;
- Tendência inconsciente à rigidez e à dominação.
Conflitos no interior da personalidade
humana
• O EGO tem que adiar os anseios incessantes
do ID, perceber e manipular a realidade para
aliviar as tensões das pulsões do ID e lidar
com o anseio de perfeição do Superego.
Sempre que o Ego é submetido a uma pressão
demasiado grande, resulta inevitavelmente a
ansiedade ( angústia).
A ansiedade

• A ansiedade provoca tensão, motivando o


indivíduo a tomar alguma atitude para reduzi-
la. De acordo com Freud, o ego desenvolve um
sistema de proteção – os chamados mecanis -
mos de defesa – que consistem nas negações
inconscientes ou distorções da realidade.
Os mecanismos de defesa
• A percepção de um acontecimento, do mun
do externo ou do mundo interno, pode ser
algo muito constrangedor, doloroso,
desorganizador. Para evitar esse desprazer, a
pessoa “deforma” ou suprime a realidade –
deixa de registrar percepções externas, afasta
determinados conteúdos psíquicos, interfere
no pensamento.
Mecanismos de defesa

• São vários os mecanismos que o indivíduo


pode usar para realizar essa deformação da
realidade. São processos inconscientes
realizados pelo ego, isto é, ocorrem
independentemente da vontade do indivíduo.
Para Freud, defesa é a operação pela qual o
ego exclui da consciência os conteúdos
indesejáveis, protegendo dessa forma o
aparelho psíquico.
Esses mecanismos são:

• Recalque
• Formação reativa
• Regressão
• Projeção
• Racionalização
• Negação
• Repressão
• sublimação
Recalque
• O indivíduo “não vê”, “não ouve” o que ocorre. Existe a
supressão de uma parte da realidade. Esse aspecto que não
é percebido pelo indivíduo faz parte de um todo e, a ficar
invisível, altera, deforma o sentido do todo. É como se, ao
ler esta página, uma palavra ou uma das linhas não
estivesse impressa e isso impedisse a compreensão da frase
ou desse outro sentido para o que está escrito.
• Um exemplo é quando entendemos uma proibição como
permissão porque não “ouvimos” o “não”.
• O recalque, ao suprimir a percepção do que está
acontecendo, é o mais radical dos mecanismos de defesa.
Os demais mecanismos referem-se a deformações da
realidade.
Formação reativa
• O ego procura afastar o desejo que vai em determinada
direção, e para isso o indivíduo adota uma atitude oposta a
esse desejo.
• Ex. atitudes exageradas – ternura excessiva, superproteção –
que escondem o seu oposto, no caso, um desejo agressivo
intenso.
• Aquilo que aparece ( a atitude) visa esconder do próprio
indivíduo suas verdadeiras motivações ( o desejo), para
preservá-lo de uma descoberta acerca de si mesmo que
poderia ser bastante dolorosa. É o caso de uma mãe que
superprotege o filho, do qual tem muita raiva porque atribui a
ele muitas de suas dificuldades pessoais. Para muitas dessas
mães pode ser aterrador admitir essa agressividade em
relação ao filho.
• Ex. o indivíduo perturbado por causa de paixões sexuais
pode tornar-se um combatente feroz da pornografia.
regressão

• O indivíduo retorna a etapas anteriores


de seu desenvolvimento; é uma
passagem para modos de expressão
mais primitivos.
• Ex. da pessoa que enfrenta situações
difíceis com bastante ponderação, mas
ao ver uma barata sobe na mesa, aos
berros. Com certeza, não é só a barata
que ele vê na barata.
projeção

• É uma confluência de distorções do mundo externo e


interno. O indivíduo localiza ( projeta) algo de si no
mundo externo e não percebe que aquilo foi
projetado como algo seu que considera indesejável. É
um mecanismo de uso frequente e observável na vida
cotidiana.
• Ex. um jovem que critica os colegas por serem
extremamente competitivo e não se dá conta de que
também o é, às vezes até mais que os colegas.
• Ex: o indivíduo afirma que odeia o professor e que,
ao contrário, é o professor quem o odeia.
racionalização
• O indivíduo constrói uma argumentação intelectualmente
convincente e aceitável, que justifica os estados “
deformados” da consciência. Isto é, uma defesa que
justifica as outras. Portanto na racionalização, o ego coloca
a razão a serviço do irracional e utiliza para isso o material
fornecido pela cultura ou mesmo pelo saber científico.
• Ex: o pudor excessivo ( formação reativa), justificado com
argumentos morais;
• Ex; as justificativas ideológicas para os impulsos
destrutivos que eclodem na guerra, no preconceito e na
defesa da pena de morte.
• Ex; o indivíduo afirma que o emprego do qual foi
despedido não era tão bom assim.
sublimação

• A alteração ou o deslocamento dos impulsos


do id desviando a energia instintiva para os
comportamentos socialmente aceitáveis,
como desviar a energia sexual para um
comportamento de criação artística.
negação

• A negação da existência de uma ameaça


externa ou de um acontecimento traumático:
Ex; uma pessoa com doença terminal pode
negar a iminência da morte.
repressão

• A negação da existência de um fator


provocador da ansiedade, como a eliminação
involuntária de algumas lembranças ou
percepções da consciência que provoquem
desconforto.
Conclusão mecanismos de defesas...

• Todos nós utilizamos os mecanismos de defesa em


nossa vida cotidiana, isto é, deformamos a realidade
para nos defender de perigos internos ou externos,
reais ou imaginários. O uso desses mecanismos não
é, em si, patológico, contudo distorce a realidade, e
só o seu desvendamento pode nos fazer superar essa
falsa consciência, ou melhor, ver a realidade como
ela é.
Fases do desenvolvimento humano
O que é psicossexualidade?
• Na psicanálise, tal e qual legada por Sigmund
Freud, a sexualidade, diversamente de seu
sentido vulgar, não se restringe à genitalidade,
nem a finalidade procriativa; além do fator
somático, abrange um fator psíquico, daí a
psicossexualidade, dialeticamente, a libido ou
pulsão sexual é parte integrante da
constituição psíquica normal e patológica do
sujeito.
Fase oral – ( 0 aos 18 meses )
A zona de erotização é a boca. ( seio da mãe).
• O cérebro registra tudo pela boca. (chora, se
angustia).
• Dinâmica da mesmice – cuidador único.
Desenvolvimento das células espelho.
(imitação- sorrir, caminhar, entender os
significados sociais).
Fase anal ( 2 aos 4 anos)
 A zona de erotização é o ânus. ( controle dos esfíncteres).
 Estruturas cerebrais do sistema límbico (tálamo, hipotálamo, amigdala,
hipocampo) começam a agir. Controla as funções vegetativas-emoções,
motivações, memória e aprendizado.
 Fase onde o sistema límbico começa a levar a criança a dizer não.
Reconhecimento do outro e de si mesmo através dos porquês. Formação
de uma identidade de pertinença ( meu pai, minha casa, minha roupa).
 Egocentrismo – formação da identidade.
 Separação de objetos – brincar, desmontar e montar. ( construir e
desconstruir.
 Limites – dizer não é distinção entre eu e o outro. O limite é o desejo de
quem cuida. O desejo é acima da lei.
• Eu não quero aciona o sistema límbico.
• ( raiva culpa, etc.)
 Auto-estima – é formada quando meu lado mau
 é suportado, tanto por mim, quanto pelo outro.
 Possibilidade ética de gostar de si mesmo.
Fase fálica ( 4 a 6 anos)
A zona de erotização é o órgão sexual) ( identidade da
sexualidade).
• Aproximação com o sexo diferente.
• - Mais forte é a afetividade ( triangulo familiar – pai-filho-
mãe).
• Encontro do lugar entre os dois.
• Complexo de Édipo – procura pelo seu próprio lugar.
• Perguntas como: -mãe, como foi que eu
nasci?
Fase de latência - 6 aos 11 anos
Fase voltada as ações sociais.
• As amígdalas do sistema límbico começam a
trabalhar com intensidade. Surge a latência –
medo da perda. (monstros, garras).
• Medo é normal.
• 1960 – Winnicott – angustia de separação . (caso
do menino 7 anos com objetos que amarram.
• Amor homossexual – amor de
identificação com o outro.
• Manias , TOCs são normais .
Fase genital 12 anos em diante...
última fase. Quando o objeto de erotização ou de desejo não está mais no
próprio corpo, mas em um outro objeto externo ao indivíduo – o outro.
• Puberdade e adolescência.
• Sistema límbico que estava em repouso desde a fase anal, volta a agir
nos hormônios.
• Sistema límbico – a agressividade.
• Memória – ( hipocampo) – nos meninos a testosterona a memória fica
do mesmo tamanho.
• Memória ( hipocampo ) nas meninas há o aumento por causa dos
estrógenos.
• Perda da capacidade associativa : ( meninos) - ( falta de organização,
confusão). (ex. não sabe que dia é hj.)
• A melatonina – hormônio indutor do sono.
• Meninas por causa do estrógeno ela dorme menos.
• ( atenção para cuidar da prole).
• Testosterona ( meninos) - prontidão para procriar.
• Amor Heterossexual
Bibliografia
• BOCK Ana M Bahia; FURTADO Odair; TEIXEIRA Maria de Lourdes Trassi.
Psicologias : Uma introdução ao estudo de psicologia. 14ª edição-São
Paulo: Saraiva. 2008.
• CARLA Pinheiro. Psicologia Juridica . São Paulo: saraiva, 2017 (coleção
direito vivo/coordenação Jose Fabio Rodrigues Maciel ). ( virtual)
• GAZZANIGA Michael S. ; HEATHERTON Todd F. Ciência Psicológica : mente,
cérebro e comportamento – Porto Alegre: Artmed, 2005.
• SEGER, Liliana; COLS. Psicologia e odontologia: Uma Abordagem
Integradora. 4ª. ed. São Paulo: Santos, 2009.

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