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DISCIPLINA : PROJETO INTEGRADOR E

PRÁTICAS DE ENTREVISTAS NA CLÍNICA

CURSO: PSICOLOGIA
6º TERMO
AULA 04

PROFªALESSANDRA MATIAS
Consulta psicológica na prática

A consulta psicológica na prática, considera as


diferenças entre métodos e linhas de pensamento
da psicologia, é estruturada a partir de um
conjunto de ações.
(Identificação do problema, boas práticas de
comunicação com o paciente e motivação).
Orientadas para o estabelecimento da aliança
entre o profissional de saúde mental e o paciente.
Identificação do problema e contato com o paciente

O primeiro contato com o paciente no consultório,


quando inicia a interação profissional com o paciente e
ocorre a identificação embrionária do problema por
meio de testes psicodiagnósticos, entrevistas, etc.

O contato com o paciente na clínica psicológica demanda


abertura, humildade e acolhimento. Ser psicoterapeuta é
uma tarefa complexa e exigente, que tende a mobilizar o
self dos envolvidos em profundidade.
Participar do processo de autoconhecimento e
autogerenciamento de alguém, do manejo e da análise
das suas experiências, intenções e emoções, demanda
profunda humildade por parte do profissional nos
contatos iniciais e seguintes, visando a deslocamentos
necessários em torno do que é compartilhado.
O intuito é que se possa responder
terapeuticamente ao conteúdo ou ao não conteúdo,
então elementos constituintes desses contatos
iniciais (FALEIROS, 2004).
A clínica psicológica é herdeira do modelo médico, por isso
o profissional observa e compreende os sinais e sintomas
do paciente para, posteriormente, intervir, conforme as suas
formações teórica e ética e o ambiente onde está inserido
(MOREIRA et al., 2007).

A clínica psicológica, portanto, “[...] caracteriza-se não pelo


local em que se realiza — o consultório —, mas pela
qualidade da escuta e da acolhida que se oferece ao
sujeito: a escuta e a acolhida do excluído do discurso”
(MOREIRA et al., 2007, p. 617).
A prática profissional será pautada por concepções teóricas
e metodológicas, além de princípios éticos, que refletirão a
postura acolhedora diante do sofrimento ou do fenômeno
psicológico que se coloca diante do profissional (DUTRA,
2004).

As psicoterapias são formas de atuação do psicólogo clínico e


orientam o profissional na identificação do problema.
As terapias gestalt, cognitivas e comportamentais, a psicanálise e as
terapias analíticas junguianas são algumas das abordagens-lupas que
podem orientar o fazer clínico, desde a identificação do problema até
o planejamento do processo terapêutico.
A pessoa que procura o psicólogo chega, para o primeiro contato
com o profissional, geralmente acometida por ansiedades e
angústias. O papel do psicólogo é lidar com toda essa carga de
sentimentos. Deve, então, manter uma atitude de respeito e
consideração, e olhar, em conjunto com o paciente, para a
situação conflitiva de maneira livre de críticas, menosprezo e
desvalia.

Essa postura é essencial para construir a ligação de confiança e


proximidade necessária para a condução do processo. Para que o
ato clínico se inicie, o paciente deve apresentar uma questão,
um problema, que o levará para o serviço psicológico.
A queixa é, teoricamente, o motivo que levou o
paciente a procurar um serviço psicológico.

A demanda pode ser entendida como o real pedido de


ajuda, e essa demanda, apesar de motivada pela
queixa, nem sempre se converte na mesma situação
que trouxe o paciente à consulta psicológica
(BRANCO, 2019).
A identificação da queixa é, de acordo com Branco (2019),
o primeiro momento de contato entre o paciente e o
profissional. O ato clínico tem, como premissa, o contato
contínuo com o paciente. A queixa é, geralmente, um fator de
sofrimento para o paciente, ao mobilizar as suas funções
psíquicas do dito funcionamento normal (fisiológica e
comportamental).
O paciente chega ao consultório com uma história prévia sobre
determinada queixa que deve ser avaliada e interpretada (se
pertinente) pelo psicólogo, uma vez que o profissional deve perceber
e delimitar o problema e os sinais e sintomas que o circundam
(CUNHA, 2003) para entender qual abordagem/ metodologia usar
para dar início ao estabelecimento da aliança terapêutica.

No campo da prática clínica, de modo ampliado, Cunha (2003) aponta


para a diferenciação dos termos sinais e sintomas.
Os sinais são como achados objetivos e observáveis, enquanto os
sintomas são experiências do sujeito, são por ele sentidos.
Essa diferenciação se torna difusa no âmbito da saúde mental.
Em psicopatologia, esses sinais e sintomas vão aparecer, em
um primeiro momento, como alterações nas funções, como
exacerbação ou diminuição de um padrão de comportamento
usual. Essas alterações podem surgir quando são
compartilhados fatos marcantes da vida, os quais podem
caracterizar uma disfuncionalidade/patologia de acordo com a
intensidade dos sintomas.

Para delimitar a queixa, o psicólogo poderá observar esses sinais e sintomas


em desarranjo. Testes psicológicos e manuais de diagnóstico,
como o DSM-V, são instrumentos científicos para auxiliar o psicólogo nessa
tarefa (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
Por isso, o psicólogo que realiza um psicodiagnóstico
precisa ter familiaridade com os instrumentos de
classificação nosológica de psicopatologias e conduzir
observação e exame mental adequados ao paciente.

Nosologia é a ciência que estuda a classificação das doenças.


No contato com o paciente, é importante que o psicólogo observe,
perceba, escute atentamente e aproxime-se, mas sem ser
coercitivo.

É importante, ainda, que o profissional psicólogo tenha sensibilidade


para interagir com o silêncio (que pode ser necessário para
complementar a análise do que é verbalizado), criando vínculos para
que o paciente revele a sua intimidade e denuncie os aspectos
incoerentes e confusos dos seus conflitos.
A discriminação entre os motivos conscientes e inconscientes que
trouxeram o paciente à consulta psicológica colabora para que o
psicólogo identifique quem é o seu verdadeiro paciente: se pessoa
que é trazida ou o grupo familiar, ou ambos. Essa identificação tem
repercussões na interação clínica entre o psicólogo e o paciente,
pois ambos assumem papéis e funções e passam a interagir em
dois planos: de atitudes e de motivações.

No plano das atitudes, o psicólogo assume uma função de examinador, enquanto o


paciente assume função de quem precisa de auxílio.
No plano das motivações, os aspectos conscientes e inconscientes do psicólogo e do
paciente caracterizam os papéis, assim como influenciam os fenômenos da
transferência (do paciente para o psicólogo) e da contratransferência (do psicólogo
para o paciente) (CUNHA, 2003).
O contato com o psicólogo é importante para mostrar ao
paciente que as dificuldades parecem se manter enquanto não
forem, primeiramente, compartilhadas para, depois, serem bem
acolhidas (CUNHA, 2003).

Nesse contexto, o acolhimento representa uma forma de


receber e se relacionar com pessoas que buscam o serviço em
saúde mental.
Funciona como um atendimento ágil, que se aproxima das
necessidades dos pacientes e envolve três processos
distintos (GOMES, 2009; NEUMAN; ZORDAN, 2011):

1. a subjetivação, que visa a permitir ao usuário se apropriar, significar e


reconstruir a sua história de vida;
2. a responsabilização, que se baseia no compartilhamento, entre
profissional e paciente, do poder de resolução do problema;
3. a organização do serviço, que diz respeito ao planejamento
institucional para os casos em que o acolhimento se dá nas instituições
de saúde.
Acolher a queixa do paciente e, assim, estabelecer o contato com ele
é uma das tarefas mais complexas da clínica psicológica, pois
representa a dimensão de todo o processo analítico e dos
desdobramentos esperados pelas partes. Na prática, alguns casos de
acolhimento de queixa e contato com o paciente são mais
desafiadores.

Exemplo:
Uma situação clínica ilustrando o primeiro contato desafiador
ao profissional, quando o paciente chega agitado e agressivo
ao consultório.
Caso: primeiro contato com paciente agitado/agressivo.
A agitação psicomotora, estado no qual as atividades mental e motora
estão excitadas de maneira exacerbada, é uma ocorrência comum,
fazendo parte do quadro de vários transtornos, como episódios maníacos
e esquizofrenia (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).

Aspectos iniciais
No primeiro contato assim configurado, o profissional deve tentar avaliar se
os seus sentimentos naturais de medo ou raiva perante a situação refletem a
realidade do ocorrido, evitando agir de maneira permissiva ou demasiadamente
punitiva. Antes de qualquer intervenção, o profissional deve se apresentar de
maneira pausada e segura ao paciente, mas tomando cuidado com falas que podem
soar hostis ou ameaçadoras.
Cuidados para o manejo

O profissional deve estar atento e ser cauteloso para formular


alguma hipótese sobre a razão da agitação. É esperado que o
profissional, frente ao contato com paciente que pode colocar a
integridade física de terceiros em risco, aja prontamente para
contornar a situação com a maior brevidade possível, pois,
frequentemente, pacientes agressivos constituem uma situação
de urgência, que exige habilidade e celeridade no manejo. Ao
mesmo tempo, o psicólogo não deve renunciar a um tempo mínimo
para observar e obter informações essenciais para qualquer
tomada de decisão
Condução da entrevista:

Durante a entrevista com o paciente agitado, o psicólogo deve manter o


contato visual, atentando para a sua fala, os não ditos e os seus
movimentos corporais. Os movimentos e o tom de voz devem ser suaves,
evitando atitudes corporais como elevar a voz ou cruzar os braços (pois
isso evoca confrontação), mantendo-se certa distância física do paciente.
De fato, dependendo da sintomatologia, como, por exemplo, uma agitação
derivada de quadros psicóticos, o contato físico pode ser encarado como
uma ameaça. Deve-se, também, evitar fazer anotações, mantendo atenção
ao que o paciente tem a dizer ou reivindicar, ainda que não seja
recomendável barganhar com ele (MONTOVANI et al., 2010).
Análise:

Lidar com situações extremas, como paciente agitado ou agressivo,


ilustra bem a necessidade da repetição e da assimilação da
importância da postura do psicólogo no primeiro contato com o
paciente, que é a porta de entrada para a criação do vínculo na
aliança terapêutica.
Para estabelecer esse vínculo, o psicólogo precisa estar atento ao
comportamento verbal e não verbal do paciente e aos motivos
conscientes e inconscientes (que ele talvez nem o próprio paciente
tenha acessado, como supracitado).
Branco (2019), que destaca que, após o primeiro contato (escuta da
queixa), durante a psicoterapia, a queixa poderá se converter em
demanda-bússola para o planejamento terapêutico.
Essa conversão não é fácil de ser percebida em terapia e necessita
de um esforço conjunto por parte do terapeuta e do paciente. Cabe
ao profissional, no contato com o paciente, escutar a queixa além da
sua literalidade, ficando atento aos sinais e sintomas, bem como
àquilo que não é dito de maneira clara, direta e verbal.
Na conversão da queixa em demanda, o sujeito vai deixando de
perceber o objeto da sua reclamação como algo externo e
independente, passando a vivenciá-lo e comunicá-lo como algo que
faz parte da sua experiência, resultando em maior compreensão
sobre os elementos pessoais que estão relacionados ao sofrimento.
Bibliografia

CUNHA, J. A. Fundamentos do psicodiagnóstico. In: CUNHA, J. A. et


al. (org.). Psicodiagnóstico-V. 5. ed. rev. e amp. Porto Alegre: Artmed,
2007a. p. 23-31.
COSTA, Gleison G.; SIMIÃO, Anna R M.; CRUZ, Lívia; et al. Técnica de
entrevista e aconselhamento psicológico. [Digite o Local da Editora]: Grupo A,
2022. E-book. ISBN 9786556903460. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556903460/.
Trabalho : Projeto Integrador

Tema: Proposta de intervenção no ambiente escolar

Tópicos propostos

- Saúde mental na educação (docência)


- Exaustão dos professores no trabalho (grupos de reflexão)
- Grupos de pais e docentes (grupos de reflexão)

Grupo de 5 alunos
Trabalho impresso entregue na data da P1.

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