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CURSO DE PSICOLOGIA
PRÁTICA INTEGRATIVA II
PSICOLOGIA CLÍNICA
BELÉM-PA
2024
1. PSICOLOGIA CLÍNICA
2. ABORDAGENS TEÓRICAS
No dia 13/03 (treze de março) foi realizada entrevista com o psicólogo Ramon
Luiz Coutinho Lima (CRP: 108736); que se formou em 2019 pela UNAMA
(Universidade da Amazônia) e atua, desde então, na área da psicologia clínica com a
Abordagem Centrada na Pessoa (ACP).
Quanto ao seu primeiro contato com o cliente, no processo de triagem inicial, o
psicólogo esclareceu que não costuma elaborar uma entrevista estruturada; pois o
seu foco reside no estabelecimento de uma comunicação humana, pautada no
acolhimento, na escuta empática e no amor positivo incondicional. Assim, é por meio
dessa escuta sem pré-julgamentos que ele, enquanto terapeuta, vai poder
compreender melhor as queixas e demandas do seu cliente.
Por conseguinte, Ramon frisa a importância desse primeiro contato para que
se possa traçar estratégias de intervenção junto com o cliente, já que a participação
ativa do cliente nessa escolha é um fator relevante às premissas da ACP; haja vista
os princípios da não-diretividade e autonomia anteriormente elucidados.
Nesse sentido, esse primeiro encontro marca, sobretudo, o ponto de partida
para a formação da relação terapêta-cliente. Ademais, nesse primeiro contato também
será estabelecido do acordo-terapêutico entre o psicólogo e o cliente, onde será
definida a quantidade inicial de sessões, bem como os horários do atendimento.
Nesse contexto, Ramon esclarece que o mais comum é que seja fechado um
pacote inicial de 10 sessões, onde ele costuma deixar os quatro primeiros encontros
amplamente aberto para a livre expressão do cliente. Dessa maneira, são nesses
agendamentos iniciais que o psicólogo se familiarizará ainda mais com as demandas
trazidas pelo indivíduo em terapia. Assim, é nesse período que Ramon exercerá a
atitude fenomenológica para se aprofundará mais especificamente na compreensão
das percepções que a pessoa tem do mundo e de si própria.
Dessa forma, é mais ou menos por volta da quinta sessão terapêutica que o
psicólogo humanista começará a dar os primeiros feedbacks a seus clientes acerca
do que foi observado e iniciará de forma mais contundente as intervenções técnicas
pertinentes aos fenômenos psicológicos da consciência em questão.
Nesse ínterim, Ramon destaca a importância do aspecto motivacional, onde o
terapeuta evidencia para seu cliente a sua evolução e como, agora, ele já consegue
lidar melhor com situações e emoções que antes lhe eram mais difíceis.
Nesse contexto, essa intervenção motivacional impulsiona o indivíduo a refletir
sobre a sua experiência vivida e promove a busca do cliente por sua auto regulação.
Sendo, na ACP, a valoração do ser humano, um fator decisivo para a ampliação da
consciência, bem como, para a reestruturação do self. Portanto, essa cadeia de
fenômenos promove, sobretudo, a atualização do cliente; a medida em que ele
identifica suas incongruências, efetua seus próprios reajustes e passa a simbolizar de
forma mais saudável suas experiências.
Nesse ínterim, Ramon novamente destaca a importância da não-diretividade
do terapeuta, haja vista que a ACP defende, em especial, a ideia da autonomia da
pessoa em face às suas próprias escolhas. Assim, como psicólogo, ele pontua que
apesar de estar ativamente contribuindo para os processos de atualização dos seus
clientes, quem direciona a terapia são os próprios clientes; a partir do que eles
evidenciam como fenômenos significativos à sua consciência. Daí a ACP, também ser
nomenclaturada como “abordagem centrada no cliente”.
Nesse sentido, Ramon traz uma exemplificação de como costuma se utilizar do
“reflexo das emoções” como estratégia salutar na facilitação o processo atualizante
de seus clientes. Sob esse viés, o psicólogo narra que ao observar que um cliente
comenta alguma situação angustiante já citada anteriormente, porém o faz de forma
a demonstrar um abrandamento emocional em relação a sua experiência vivida;
Ramon intervém terapeuticamente de maneira a evidenciar a “diluição da emoção”.
Sendo essa, uma outra estratégia que auxilia o cliente a conseguir alterar sua
percepção. Isso acorre devido o terapeuta evidenciar ao indivíduo o processo de
tomada de consciência dessa mudança no impacto emocional que tal fenômeno
exercia sobre a pessoa, mas que agora não exerce mais.
A esse respeito, Ramon disserta que a tendência atualizante dos clientes é
movimentada constantemente pelos psicólogos rogerianos e que parte desse
processo implica em fazer com que o cliente tome consciência das suas próprias
alterações de percepções. Pois, é justamente na terapia que eles vão passar por um
processo de “conscientização” daquilo que eles ainda não estão conseguindo
enxergar. Então, parcela da intervenção terapêutica na ACP consiste em promover
essa reflexão dos clientes dia daquilo que lhes escapa à consciência; a fim de facilitar
o surgimento de novas simbolizações mais saudáveis das suas experiências vividas.
Dentro deste cenário, Ramon esclarece sobre a importância que a ampliação da
consciência possui para o bem-estar do indivíduo. Nesse contexto, o psicólogo afirma
que, hodiernamente, muitas pessoas, sobretudo após a pandemia, estão “apenas
existindo”; sem muita consciência de si próprias. Dessa forma, o processo terapêutico
auxilia os clientes a tornar mais visível aquilo que eles ainda não conseguem perceber
em seu mundo interno. Assim sendo, a expansão dessa consciência dos clientes
acerca de si próprios e das suas percepções do mundo é um fator decisivo para a
reestruturação de seu self.
Dito isso, Ramon elucida que esse processo de compreensão de si acaba, por
muitas vezes, sendo mais ou menos doroso ou desafiar para o indivíduo. Então, o
psicólogo humanista também destaca a relevância de, na prática clínica, se respeitar
os limites dos clientes, dando a eles autonomia para decidir até onde eles suportam
adentrar em determinadas questões. No entanto, Ramon faz a resalva que cabe ao
terapeuta ter a atenção em relação a possíveis novos momentos em que o cliente
demonstrar mais abertura para que determinada demanda possa vir a ser mais
aprofundada na relação terapêutica.
Outrossim, a confiança no terapeuta, segundo Ramon, é outro fator
imprescindível a permissividade existente na relação terapêutica. Nesse contexto, o
psicólogo atua no setting terapêutico de forma a evidenciar ao cliente que o seu papel
ali é o de “um possível contato amigável”; visando, mais que tudo, o acolhimento desse
cliente. Assim, Ramon, em seu atendimento, narra ter a percepção de quando é
necessário “quebrar o gelo”, ou “fazer o cliente sorrir”, ou mesmo “acolher por meio
de um abraço”.
Em suma, a ideia é deixar o cliente o mais à vontade possível para sua livre
expressão; entendo até onde se é ou não possível de se avançar nas estratégias
interventivas, de acordo com aquilo que o cliente é capaz de suportar
emocionalmente.
Nesse ínterim, Ramon destaca a importância de o indivíduo durante a sessão
terapêutica poder desabafar, ser verdadeiramente amparado e poder sair dali se
sentindo mais leve. Segundo ele, esse é o cuidado que os psicólogos precisam ter no
atendimento aos seus clientes - o de tornar o atendimento mais humano – o que,
anteriormente, na história da Psicologia e de outras abordagens não era visto como
algo tão relevante.
Ademais, quanto ao espaço físico do setting terapêutico, Ramon diz que teve a
preocupação de deixar o ambiente o mais próximo possível de uma casa; utilizando
móveis rústicos e tapetes felpudos na decoração, com o obetivo de propiciar ao cliente
um conforto sensorial em relação ao espaço. Dessa maneira, Ramon enfatiza que
todos esses recursos, corroboram para que seja desconstruído no setting terapêutico
a noção de hierarquização dos papeis entre o terapeuta e o cliente. Desse modo, isso
favorece a identificação mais igualitária da relação terapeuta-cliente, bem como o
fortalecimento dessa interação.
Por fim, Ramon frisa que “a dor existe, mas ela não é eterna, é uma escolha e o
cliente pode aprender a regular até onde doi”. Assim, todos esses passos serão
significativos para aquilo que ele denominou de “o processo de cura” do cliente.
Sendo, o propósito primordial da terapia a busca pelo bem-estar do indivíduo onde,
segundo as palavras de Ramon, o “cliente vai evoluir com suas próprias pernas, mas
com a ajuda do terapeuta”. Assim, é imprescindível que o terapeuta saiba “se colocar
no lugar do cliente, sem vê-lo como uma pessoa com problemas, mas como um ser
humano”. Nesse contexto, ele finaliza dizendo que é imperativo valorizar uma pessoa
que teve coragem de dizer a um profissional “me ajuda”.
Crenças intermediárias: são regras que os próprios indivíduos criam para que
possam tolerar essas autoconcepções absolutas, negativas e desadaptativas; essas
crenças ajudam os indivíduos a enfrentar e a se proteger da dor insuportável da
ativação das crenças nucleares.
No dia 04/03 (quatro de março) foi realizada entrevista com a psicóloga Larissa
Silveira (CRP: 10/04129); e desde então, atua na área da psicologia clínica tanto no
seu consultório particular como na (Clínica Nascer). Clínica de Reprodução Humana.
Na prática de atendimento de escuta, onde ocorre a maior demanda de tratamento de
reprodução assistida com a busca de produção independente, barriga solidaria,
preservação de fertilidade etc. E no atendimento particular a demanda maior é a de
sintomas de ansiedade e depressão consequências de pós pandemia.
Ao receber um novo paciente, a Dra. Larissa Silveira enfatiza a importância da
Anamnese como um momento crucial para coletar informações detalhadas em uma
escuta breve e de acolhimento, não apenas sobre a queixa apresentada, mas também
para compreender como essa queixa se manifesta atualmente no paciente. Realizado
através de um formulário com perguntas.
Enfatiza que em seu atendimento tem sempre como objetivo de prover suporte
emocional; considerando as implicações do tratamento; assessorando o manejo
durante o tratamento, à gravidez, ou a não gravidez.
Informou também que no atendimento particular é diferente do atendimento em
uma clínica. Principalmente se for paciente de menor; a anamnese tem que ser feita
com o acompanhamento dos pais.
E nesse primeiro momento é importante se falar de valores, fechando um
contrato terapêutico; relatou ainda que o foco deve ser também na preparação
psicológica e emocional para assegurar um processo saudável no decorrer do
tratamento.
Do ponto de vista psíquico no caso de reprodução humana na necessidade de
gerar o filho no útero observando as implicações psíquicas desde o momento que a
mulher tem o diagnóstico de infertilidade.
Além disso, Dra. Larissa no âmago da abordagem psicodinâmica está o
estímulo a conscientização de sua própria responsabilidade diante das questões
abordadas em cada sessão. Fornecendo uma escuta atenta e interessada para
promover um espaço seguro de exploração emocional, sem contra transferir algo para
o paciente e saber identificar quando o paciente está transferindo algo pessoal dele
para o psicólogo.
Na construção do rapport a psicóloga busca criar um ambiente terapêutico
acolhedor, empático e livre de julgamentos, assegurar o sigilo como, por exemplo:
documentos com as informações do paciente devem ser arquivados não pode ser
exposto para nenhum outro profissional. Caso o paciente precise de um parecer
psicológico, não se coloca ali a fala do paciente, mas, tendo a necessidade de passar
informações para o psiquiatra que seja apenas informações focais como por exemplo
os sintomas de como esse paciente chegou no consultório.
Enfatizou também que para acompanhar o processo terapêutico ao longo do
tratamento se está progredindo vem do próprio paciente que vai sinalizando a melhora
e o psicólogo vai espaçando os atendimentos terapêuticos, o que era uma vez por
semana passa a ser uma vez ao mês. Assim como pode ocorrer do paciente
abandonar a terapia e se algum momento ocorrer uma crise emergencial disponibiliza-
se acolhimento por telefone e orienta a buscar um hospital de urgência e emergência
e tomar uma medicação para acalmar, isto é, orienta e acolhe. E ressaltar a
disponibilidade de retomar o atendimento terapêutico.
Mencionou que no atendimento clínico a psicanálise vai além da situação que
aquela paciente está vivento naquele momento, pois na psicodinâmica se faz se um
processo de ver o histórico daquele paciente desde a infância até o momento aqui e
agora. Porque muita às vezes o transtorno, o que ele está apresentando ali, a queixa,
está relacionado com algo que ele viveu na infância ou adolescência. Então a
psicanálise olha o paciente como um todo, isto é, se diferencia na clínica das demais
abordagens na forma como olha as consequências psicológicas, pois não atenta
somente nas consequências, mas também as causas, de onde surgiu, e como surgiu.
Como o paciente não consegue identificar o porquê da situação vivenciada o
psicólogo vai investigar junto ao paciente que começa a falar; correndo assim com
tempo de psicoterapia o paciente consegue trazer à tona do inconsciente lembranças
ocorridas no passado, ou até mesmo sonhar mostrando assim onde surgiu e o que
fazer para lidar com aquela situação e viver de uma forma saudável psicologicamente.
2.4. GESTALT-TERAPIA:
A Gestalt-terapia tem origem alemã cujo precursor foi Friedrich Perls. Esta
abordagem ganha força, em meados dos anos de 1940, a partir do movimento
denominado de 3ª força da Psicologia, de cunho humanista, em contraposição à 1ª
Força (Behaviorismo) e 2ª força (Psicanálise) sendo uma psicoterapia fenomenológica
existencial, chegando ao Brasil apenas na década de 1970.
Neste contexto, Friedrich Perls propôs que esta abordagem fosse centrada no
sujeito, de forma a se abarcar sua totalidade, analisando desde suas fantasias,
pensamentos, sensações e tudo o mais que fosse trazido à tona durante o
atendimento terapêutico. Por esta razão, tem-se que esta abordagem parte de 3 (três)
conceitos básicos, quais sejam: a consciência, a responsabilidade e o denominado
aqui e agora.
Isto porque, o objetivo da Gestalt-terapia é possibilitar ao homem um senso de
responsabilidade sobre seus atos e escolhas, bem como desenvolver sua capacidade
de autoconhecimento, devendo o sujeito dar conta da sua própria existência, sendo
autor da sua própria história de forma livre e independente.
Para isso, é trabalho do psicoterapeuta ajudar o paciente a alcançar um nível
de “integração suficiente, que lhe permita levar adiante o seu próprio processo de
desenvolvimento, ter a custódia sobre seus atos e ampliar sua awareness. Sendo uma
abordagem fenomenológica, trabalha com experiências imediatas, o aqui-agora, que
constitui a porta de entrada para a realidade.”1
Há, portanto, a necessidade de uma real troca entre terapeuta e paciente, a
necessidade do estabelecimento de um vínculo de confiança entre as partes para que
ambos possam trabalhar juntos nesta jornada.
Destaca-se que, em contraposição à psicanálise por exemplo, onde o terapeuta
faz observações pontuais, na Gestalt-terapia é dever deste desenvolver a habilidade
do paciente de analisar a realidade de forma consciente, enfatizando a realidade como
é não como aparenta ser.2
Nas palavras de Ginger, “Não se trata de compreender, analisar ou interpretar
os acontecimentos, comportamentos ou sentimentos, mas, sobretudo, de favorecer a
tomada de consciência global da forma como funcionamos e de nossos processos”.
(Ginger, 1995, p.18).
Na Gestalt-terapia, é bastante utilizado pelos terapeutas, diversos recursos que
visam facilitar a visualização das demandas trazidas pelos pacientes e ajudá-los a
desenvolver os sentimentos que lhe impedem de evoluir. Podemos citar como
exemplo a utilização de arte terapia, com oficinas de músicas, aquarelas, encenação
de situações, técnicas de escrita, entre outros.
Deste modo, observa-se que esta abordagem tem como objetivos desenvolver
a responsabilidade do indivíduo para que saia do lugar de vítima das situações que
1
Disponível em: < https://gestalt.com.br/institucional/gestalt-terapia/>. Acesso em: 17.03.2024
2
Disponível em: < https://www.vittude.com/blog/gestalt/>. Acesso em: 17.03.2024
lhe acontecem e reconheçam sua responsabilidade diante das situações
apresentadas, posto que parte do pressuposto que a não escolha, também é uma
escolha realizada por esse sujeito.
Assim, compreender a necessidade de autorregulação e crescimento somente
pode ser adquirida através da capacidade de se tornar consciente sobre si mesmo.
Vejamos abaixo sua aplicabilidade na prática clínica.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Araújo, I. C., & Freire, J. C. (2014). Os valores e a sua importância para a teoria da
clínica da abordagem centrada na pessoa. Revista da Abordagem Gestáltica,
20(1), 12-21.
Beck AT, Rush AJ, Shaw BF, Emery G. Cognitive therapy of depression. New York:
Guilford; 1979.
Clark DA, Beck AT, Alford BA. Scientific Foundations of Cognitive Theory and
Therapy of Depression. New York, Wiley, 1999
Dobson KS, Dozois DJ. Historical and philosophical bases of the cognitive-behavioral
therapies. In: Dobson KS, editor. Handbook of cognitive-behavioral therapies 2nd ed.
New York: Guilford Press; 2001.