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PSICOTERAPIA DE GRUPOS EM CONTEXTO DE

CRISE
Faculdade de Minas

Sumário
NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 3

INTRODUÇÃO................................................................................................. 4

CONTEXTO DE CRISE ................................................................................... 9

PSICOTERAPIA DE GRUPOS ...................................................................... 14

O GRUPO COMO UM CAMPO ..................................................................... 18

CONTATO DA PSICOTERAPIA DE GRUPOS ............................................. 20

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 26

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 28

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

Quando instituída como profissão no Brasil, em 1962, a formação e a atuação


do psicólogo se estruturaram em torno de três principais áreas: a clínica, a escolar e
a indústria. Dentre tais áreas, a que mais teve destaque na formação, na atuação e
no imaginário social da profissão foi a área clínica, trazendo uma concepção clássica
psicoterapêutica que remete a uma atuação individualizada e voltada para as classes
média e alta da população (Ferreira Neto, 2004).

Tal concepção trouxe algumas consequências para a atuação do psicólogo,


pois, reproduzindo a visão individualizada e curativa, os psicólogos normalmente se
remetiam somente aos fenômenos mentais pessoais, desconsiderando os fenômenos
sociais. Essa visão era reforçada pelo regime político de ditadura militar que vivia o
país nessa época, proibindo qualquer tipo de reflexão social. Assim, o modelo
predominante se tornou o psicoterapêutico, que não buscava entender a pessoa na
sua integralidade e muitas vezes desconsiderava as influências que os contextos
sociais, econômicos e políticos exerciam no sujeito (Yamamoto, 2003).

Em 1994, o Conselho Federal de Psicologia realizou uma pesquisa que


investigou a emergência dos novos fazeres e contextos de atuação do profissional.
Como resultado, apontou: a) a necessidade de revisão teórica das concepções em
psicologia, b) a inclusão no social como fator fundamental para investigar a
subjetividade e, finalmente, c) o campo multidisciplinar e transdisciplinar como base
indispensável para a produção do conhecimento e atuação do psicólogo (Conselho
Federal de Psicologia, 1994).

Foi nesse contexto de mudanças que o psicólogo passou a se inserir em novos


espaços de trabalho. No entanto, novos espaços de trabalho demandam novas
possibilidades de atuação. Por isso, visando a refletir acerca dessas novas

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possibilidades, o Conselho Federal de Psicologia criou, em 2006, o Centro de


Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP), com o objetivo de
nortear a atuação do psicólogo nas políticas públicas por meio de pesquisas e criação
de documentos de referência para a atuação profissional (Conselho Federal de
Psicologia, 2009).

Especificamente no PAEFI: criança e adolescente, a atuação do psicólogo tem


como meta promover intervenção psicológica ao estado de crise e estabelecer o
equilíbrio emocional e a ressocialização da vítima. A atuação do psicólogo se atém
aos aspectos subjetivos e relacionais do fenômeno da violência sem deixar de lado
os aspectos sociais e culturais intrínsecos à mesma, desenvolvendo, a partir de ações
de cunho terapêutico, condições para o fortalecimento da autoestima. Além disso,
contempla o restabelecimento do direito à convivência familiar e comunitária em
condições dignas e a identificação e desenvolvimento do potencial para superação e
redução de danos sofridos pelo sujeito, a fim de proporcionar a transformação das
condições subjetivas que geram, mantêm ou facilitam a ocorrência da violência
(Conselho Federal de Psicologia, 2009).

Na concepção de Yamamoto (2003), o psicólogo - sendo o profissional que


compreende o ser humano na elaboração e constituição de sua subjetividade e,
consequentemente, em todas as relações sociais em que este está envolvido,
influenciando e sendo influenciado por elas - tem sua prática nas políticas públicas,
visando, principalmente, à prevenção e promoção do bem-estar social e psíquico do
homem. Tal atuação vai ao encontro da concepção de Clínica Ampliada.

A Clínica Ampliada significa uma ampliação no que se refere ao "objeto de


trabalho" da clínica, considerando não só as doenças, mas também as situações de
vulnerabilidade e risco nas quais o sujeito está inserido. Tal ampliação está,
sobretudo, em considerar que, de concreto, não há problema de saúde ou doença
sem que estejam encarnadas nas pessoas. Nesse sentido é que se propõe a
chamada "clínica do sujeito", cujo foco é contribuir para a ampliação do grau de

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autonomia do usuário em lidar com sua própria rede de dependências (Campos &
Amaral, 2007).

Trazendo essa concepção para a atuação do psicólogo no SUAS, pode-se


afirmar que o desenvolvimento e a garantia dos direitos sociais do sujeito envolvem
diversos fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais, que não podem ser
encarados a partir de concepções padronizadas e descontextualizadas dos
conhecimentos convencionais. E para que isso não ocorra, é fundamental que o
profissional construa suas ações a partir do estudo e conhecimento das realidades
singulares e coletivas em que está inserido e, principalmente, que inclua o sujeito no
processo de construção das análises e ações que fará, uma vez que o mesmo é o
ator principal de todo o processo (Conselho Federal de Psicologia, 2009).

Para isso, a finalidade do trabalho também deve ser ampliada para além da
cura, ou seja, para um estado de prevenção e promoção clínico-social, para que o
sujeito possa desenvolver autonomia, protagonismo, autocuidado e compromisso
consigo mesmo, com os outros e com o ambiente em que vive. Nesse sentido, a
proposta de Clínica Ampliada vai ao encontro do princípio da integralidade, pois visa
a compreender o sujeito na sua totalidade, ou seja, na inter-relação dos seus
aspectos, biológicos, psicológicos e sociais.

No que se refere às ações internas realizadas pelo psicólogo no PAEFI: criança


e adolescente, pode-se destacar os atendimentos individuais na modalidade de
Plantão Psicológico e os atendimentos em grupos às crianças, adolescentes e
responsáveis. Na experiência em Poços de Caldas/MG, a intervenção psicológica que
foi estabelecida desde o início de programa consistiu no atendimento à crise, na
modalidade de Plantão Psicológico, planejado e instituído a partir da parceria com a
Clínica-Escola de Psicologia da PUC-Minas, que, como evidenciam Campos, Pereira
e Goto (2009) e Goto e Mota (2009), tem como intuito acompanhar as novas
exigências das condições de trabalho e profissionais do psicólogo brasileiro. Nessa
parceria, definiu-se o Plantão Psicológico como uma modalidade de intervenção
breve, clínico-social, por não só considerar o caso como clínico e singular, mas

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também por compreendê-lo a partir de uma realidade social-universal. Ainda cabe


salientar que se decidiu pelo Plantão Psicológico porque

não utiliza como critério o grau de resolutividade do problema, ou seja, não


se prioriza como foco do atendimento a queixa em si, considerada como algo
objetivável e despido dos significados que lhe são atribuídos, mas sim a
pessoa, compreendida como um todo que se revela em suas formas
características de expressão, matizes de comportamento, atitudes e
emoções, visando conferir-lhe autonomia (Cury, 1999, p. 119).

Com essa modalidade instituída, a demanda que chega até o serviço é


imediatamente entendida pelo psicólogo como estando em um estado de crise,
principalmente porque a vítima é vista pela sua incapacidade atual de se manter em
um estado social e psíquico equilibrado e estável. Como destaca Slaikeu (2000), a
crise pode ser definida como um estado temporal de conflito e desorganização,
caracterizado pela incapacidade da pessoa em manejar as situações geradoras da
crise, a partir dos métodos habituais de resolução de problemas.

Ao receber a vítima e a família em estado de crise, o psicólogo do serviço no


processo de acolhimento identifica o tipo de crise pelo qual os mesmos estão
passando, para o encaminhamento do melhor atendimento e intervenção. Nesse
sentido, a crise pode ser classificada, como destaca, como uma "crise circunstancial",
quando aparece frente a uma violência acidental e contingente, ou como uma "crise
de desenvolvimento", quando aparece frente à violência que faz parte da dinâmica
familiar da criança, marcada por um histórico de negligências e violências sofridas por
diversos membros da família (Slaikeu, 2000).

Quando a crise é caracterizada como "crise circunstancial", o encaminhamento


e o atendimento social e psicológico podem ser realizados no programa, uma vez que
o objetivo é devolver à pessoa atendida condições psicossociais para sua reinserção
social e familiar. A intervenção é focada na situação subjetiva do problema, na
ampliação das capacidades da pessoa em enfrentar o problema e no bem-estar
emocional. No entanto, quando a crise é caracterizada como "crise de
desenvolvimento", o encaminhamento e a intervenção devem ser mais amplos, ou
seja, é preciso intervenções e tratamentos que vão além do programa. Isso significa

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que o atendimento psicológico que é feito, por exemplo, não pode limitar-se somente
à situação da vítima, porque as causas que levaram ao desencadeamento da
violência estão constituídas na família ou no cuidador. Assim, é fundamental o
atendimento social e psicológico com a família e o cuidador, visando a uma
intervenção psicoeducativa ou mesmo psicoterapêutica.

Como recomenda a cartilha profissional do CREPOP, o atendimento


psicológico deve ir além dos modelos tradicionais, e ainda deve ter caráter
psicossocial, e não psicoterapêutico tradicional, uma vez que a meta de trabalho é
atender às vítimas de violência resultado do processo social (Conselho Federal de
Psicologia, 2009). Contudo, não se pode descartar a necessidade de atendimento
psicoterapêutico focado, principalmente se a violência tem enraizamentos na
dinâmica constitutiva da família. Por se tratar de um programa vinculado ao SUAS, o
psicólogo não pode perder de vista que sua intervenção tem caráter psicossocial, e
não psicoterapêutico. Assim, é importante frisar que outras modalidades de
atendimentos, quando se fizerem necessárias, deverão ser articuladas e
compartilhadas com a rede socioassistencial.

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CONTEXTO DE CRISE

Lillibridge e Klukken (1978 apud Wainrib & Bloch, 1998) referem que desde o
ponto de vista objetivo, a crise pode ser entendida como uma alteração no equilíbrio
do indivíduo, quando a resolução de problemas fracassa e ele se vê incapaz de
contornar os conflitos circundantes. Segundo Caplan (1964 apud Wainrib & Bloch,
1998), a crise se caracteriza por ser uma condição de reação do indivíduo frente a
uma situação que ameace sua integridade.

Seguindo na linha de conceituação de crise, Slaikeu (2000) diferencia as crises


vitais de desenvolvimento, das crises circunstanciais. As primeiras são caracterizadas
por ocorrerem nos momentos de passagem de uma fase de crescimento à outra,
inerentes ao desenvolvimento, no caso de que haja uma interferência na realização

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satisfatória desta passagem. Quanto às crises circunstanciais, as autoras citam


Gilliland e James (1993 apud Wainrib & Bloch, 1998), referindo que estas surgem com
a ocorrência de eventos raros e extraordinários, que um indivíduo não tem como
prever ou controlar. O ponto para diferenciar uma crise circunstancial de outras, é que
esta é imprevista, intensa, comovente e catastrófica.

O motivo que desencadeia uma crise não é definido por uma situação única ou
por um conjunto de circunstâncias, mas sim pela percepção do indivíduo do
acontecimento e de sua capacidade ou incapacidade para conseguir enfrentar aquela
situação. Assim, quando um indivíduo não consegue apoiar-se na rede de contato
social, seus recursos pessoais estão falhos e a situação de crise para ele é
insuportável, sendo possível que ele veja a morte como única saída (Slaikeu, 2000).

De acordo com Werlang (2000), os atos autodestrutivos como o suicídio estão


relacionados com uma impossibilidade do indivíduo de encontrar diferentes
alternativas para seus conflitos, optando finalmente pela morte. Ou seja, a resolução
negativa da crise, que pode ocorrer pela falta de intervenção imediata no indivíduo,
pode levá-lo a desenvolver um comportamento suicida com final trágico.

Crise, segundo o dicionário Antônio Geraldo da Cunha, é: "alteração,


desequilíbrio repentino, estado de dúvida e incerteza, tensão, conflito" (Cunha,1982,
p.228)

Vários autores tem observado um período de crise e instabilidade nas


instituições como família, estado e escola, na sociedade contemporânea. Tais
estudiosos têm voltado seu olhar para as relações entre as mudanças estruturais na
sociedade moderna e as transformações subjetivas. Freud, em 1908, analisando
possíveis causas do aumento de manifestações neuróticas, já alertava para a relação
entre a doença e as exigências provocadas pela vida moderna.

As extraordinárias realizações dos tempos modernos, as descobertas e


invenções em todos os setores e a manutenção do progresso, só foram
possíveis graças a um grande trabalho intelectual e só mediante este poderá
ser mantido. Cresceram as exigências impostas à eficiência do indivíduo.
Simultaneamente em todas as classes aumentam, as necessidades
individuais e a ânsia de prazeres materiais. O incremento das comunicações

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envolve o mundo, alteram completamente as condições do comércio. Tudo


é pressa e agitação. A vida urbana torna-se cada vez mais sofisticada e
intranquila. (tradução nossa) (FREUD, 1973, p.1250)

Rojas e Sternbach (1994), terapeutas familiares, observam como as


transformações da modernidade abalam as relações familiares e consequentemente
a constituição da subjetividade. Para as autoras a incerteza é imperativa nesta época
de AIDS e informática. As famílias vivem esta insegurança e não sabem como orientar
seus filhos.

Sérvulo Figueira (1987) considera que a família atual pretende seguir um


modelo igualitário, que tem por ideal a queda das desigualdades. Os gêneros, apesar
dos sinais genitais que marcam a alteridade, têm como ponto em comum, os mesmos
direitos, enquanto indivíduos e também, os mesmos deveres. Existe uma exaltação
do eu, uma individualidade a ser respeitada.

Há uma proximidade entre papéis, vestimentas, formas de falar, e mesmo, a


distinção entre adultos e crianças torna-se menos delimitada. O autor citado destaca
os efeitos das mudanças sociais na construção da identidade:

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"Em sociedades que se modernizaram rapidamente, a formação, cristalização


e armazenamento de identidades que se sucedem rapidamente dá ao tempo
biográfico uma importância mais crucial do que teria em sociedades que mudam bem
mais lentamente." (FIGUEIRA, 1987, p.23)

Lasch (1984) destaca que a importância dada ao indivíduo, nesta época, acaba
por revelar uma "preocupação com a sobrevivência psíquica". Enfatiza a existência
de uma cultura narcisista e ao contrário do aparente hedonismo, a subjetividade está
cada vez mais próxima de uma personalidade frágil. Refere-se a um "eu ameaçado
com a desintegração e por um sentimento de vazio interior" (LASCH, 1984, p.9). O
autor, pensando na relação entre a construção da subjetividade e a condição da vida
moderna, afirma:

"A vida cotidiana passa a ser um exercício de sobrevivência. Vive-se um dia


de cada vez. [...] Em tais condições a individualidade transforma-se numa
espécie de bem de luxo, fora de lugar em uma era de iminente
austeridade.[...] Sob assédio o eu se contrai num núcleo defensivo, em
guarda diante da diversidade. O equilíbrio emocional exige um mínimo eu,
não o eu soberano do passado." (LASCH, 1984, p.9)

O mesmo autor destaca ainda para o desenvolvimento de uma apatia seletiva


e o descompromisso com o outro, caracterizado por uma extensa gama de situações
de vulnerabilidade, que vão desde as dificuldades com o orçamento doméstico,
manter um casamento, até o medo da morte ou das doenças crônicas. Gerando assim
um estado de permanente de alerta.

Wacquant (2002) também reitera como o estilo de vida da modernidade, está


associado a uma grande miséria e a desmoralização coletiva e individual da ética,
que acarreta a criminalidade violenta e patologias psíquicas, como: alcoolismo,
drogadição, suicídio ou ainda, as doenças psicossomáticas.

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O indivíduo diante da realidade fica exposto ao sofrimento, não só o inerente


ao viver, mas o causado por uma existência penosa, com traço significativo de
declínio do sentimento de pertença a um grupo ou coletividade e sua saúde mental
ameaçada. Segundo Lasch (1984), o cotidiano expõe o sujeito a uma sucessão de
prováveis crises, não, porque as pessoas se veem frente a tensões, mas por ser
remota a esperança de um por vir melhor.

Moffatt descreve assim a concepção de saúde e enfermidade: "a vida é a


história de um diálogo" (MOFFATT,1986, p.234) e a doença entraria em cena, quando
este diálogo é interrompido e o objeto de amor transforma-se em objeto de ódio e
rejeição.

Este mesmo autor (1986) propõe um atendimento psicológico no momento de


crise. Seu objetivo é tanto atender a pessoa que está em sofrimento, como também
que maiores camadas da população possam ser atendidas, preventivamente.

A Organização Mundial da Saúde assim define Saúde Mental: "[..] não é só a


ausência de transtornos mentais. Define-se como um estado de bem-estar, no qual o
indivíduo é consciente de sua própria capacidade, pode enfrentar tensões normais da
vida, pode trabalhar de forma produtiva e frutífera."

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No entanto, a própria O.M.S. alerta para a escassez de atendimentos a


população em geral, principalmente, nos países de baixa renda. A Organização alerta
para a necessidade "de integrar a saúde mental, nos hospitais gerais e criar serviços
comunitários de promoção de saúde mental". (WHO, 2003).

PSICOTERAPIA DE GRUPOS

Reunir-se em grupos é uma característica essencial dos seres humanos que


nascem, crescem e morrem inseridos em grupos sociais. No decorrer de todo o
processo de civilização, os homens organizam-se socialmente nas mais variadas
atividades. Ao longo do ciclo vital, é em grupo que atravessam experiências de alegria
e tristeza, saúde e doença, sucesso e fracasso. As sociedades humanas dependem
do funcionamento eficiente dos grupos para proporcionar o bem-estar psíquico,
espiritual, social e material aos seus membros. Em grupo se desenvolvem as
habilidades interpessoais, o desempenho de papéis designados pela cultura, a
participação nos processos coletivos e as soluções para os problemas.

Isso explica o interesse de inúmeros autores que tentaram elucidar questões


relativas à formação, desenvolvimento e declínio de grupos, suas características e
influência sobre o ajustamento individual e constituição do psiquismo.

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Atualmente, está bem estabelecida a importância dos grupos na determinação


do comportamento individual. Existe uma farta literatura que documenta essa relação,
reconhecendo que os grupos podem ser orientados de forma a obterem de seus
membros as mudanças desejáveis, sendo largamente empregado e com sucesso em
escolas, igrejas e organizações de serviços e militares.

No contexto de saúde mental, uma das formas mais difundidas de utilização


do dispositivo grupal é a psicoterapia. Essa modalidade de atendimento psicológico
alcançou nas últimas décadas uma expansão extraordinária.

Em estudo anterior, descrevemos a evolução histórica da psicoterapia de


grupo, enfatizando sua relevância para a saúde mental. Nas últimas décadas tem sido
aplicada a uma ampla gama de pacientes, na abordagem de diversos problemas e
em distintos contextos, ou seja, clínica particular, hospitais gerais e psiquiátricos,
hospitais-dia, ambulatórios e centros de saúde, oficinas protegidas, centros de
convivência e serviços de reabilitação psicossocial.

Na psicoterapia individual, o terapeuta estabelece um vínculo profissional com


o paciente, mediado por formas verbais e não-verbais de intervenção, com o objetivo
de buscar alívio para o sofrimento mental, modificar comportamento desajustado e
encorajar o desenvolvimento e amadurecimento da personalidade. Na psicoterapia

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de grupo esse processo é realizado pela interação entre terapeuta e pacientes, assim
como entre os próprios pacientes. Além das intervenções aplicadas pelo terapeuta, o
grupo e sua matriz interativa são instrumentos empregados para a obtenção da
mudança.

Ao contrário da psicoterapia individual, o terapeuta no grupo está situado lado


a lado e no meio dos pacientes. É, também, membro do grupo. Precisa ter não só a
experiência do analista, mas também a presença de espírito e a coragem de colocar
em jogo toda sua personalidade no momento preciso para preencher o âmbito
terapêutico com calor, empatia e expansão emotiva.

A possibilidade de explorar as implicações interacionais do comportamento do


indivíduo no grupo é a característica distintiva que confere à psicoterapia de grupo
seu potencial terapêutico singular.

A definição de grupo, segundo o dicionário e o senso comum é: “1. Conjunto


de objetos que se veem duma vez ou se abrangem no mesmo lance de olhos. 2.
Reunião de coisas que formam um todo. 3. Reunião de pessoas. 4. Pequena
associação ou reunião de pessoas ligadas para um fim comum” (FERREIRA, 1986a,
p.871).

Outra definição que também conceitua grupo de maneira bem ampla é: “Um
grupo consiste de duas ou mais pessoas que interagem e partilham objetivos comuns,
possuem uma relação estável, são mais ou menos independentes e percebem que
fazem de fato parte de um grupo” (RODRIGUES et al, 1999a, p.371).

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Entretanto, essas duas definições são bem simples e estão longe de conceituar
completamente o que é um grupo. Existem vários tipos de grupos e cada um com
características próprias, tornando-se necessárias definições mais específicas.

A definição de grupo que se está enfocando nesse trabalho é a de grupo


terapêutico, apresentando suas semelhanças com os demais grupos, mas
principalmente focando as suas particularidades e diferentes visões a respeito desse
conceito.

Ribeiro (1994a), descreve que um grupo terapêutico deve transformar-se em


um grupo primário, cuja definição é a seguinte:

“ [...] é um grupo de pessoas caracterizado por uma associação ou


cooperação face a face. Ele é o resultado de uma integração íntima e de
certa fusão de individualidades em todo comum, de tal modo que a meta e a
finalidade do grupo são a vida em comum, objetivos comuns e um sentido de
pertencimento, com um sentimento de simpatia e identidade.”,( p. 33)

Rodrigues et al, (1999b) fala de um grupo psicológico que tem uma atmosfera
própria. Forma-se principalmente pela proximidade física e também pela identidade
de pontos de vista de seus constituintes e, à medida que a interação continua valores,
objetivos, papéis, normas etc. vão se formando progressivamente.

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O GRUPO COMO UM CAMPO

Ribeiro (1994b) apresenta uma outra visão de grupo quando descreve o


mesmo como uma totalidade e como um campo de forças. Este conceito é proposto
pela Teoria de Campo de Kurt Lewin, a qual diversos autores como Ribeiro (1994c),
Tellegen (1984) e Yontef (1998a) utilizam parte de seus conceitos, como base, para
descreverem o processo grupal.

Yontef (1998b), descreve o campo como holístico, e interativo, sendo


determinado pelas forças que nele estão presentes. Um campo é determinado
fenomenologicamente e depende do que está sendo analisado. Ele possui o tamanho
e a dimensão determinados pelo investigador, podendo ser observado no nível das
partículas subatômicas ou ser do tamanho do universo. O campo que será estudado
é relativo aos objetivos que se pretende conhecer.

O autor menciona que até esse conhecer do investigador é relativo, uma vez
que o investigador vai observar através do seu olhar que está pautado nas suas
experiências, nas suas expectativas, na sua história, nas suas necessidades, entre
outros fatores. “Conhecer também é um relacionamento entre percebedor e
percebido” (YONTEF, 1998c, p. 186).

Assim, cada investigador vai observar nuances diferentes de um mesmo


objeto, focando o que mais lhe chama atenção, de acordo com as suas motivações
pessoais. Um ponto de vista de um investigador não invalida o do outro investigador,
apenas representa que o mesmo objeto está sendo olhado por espectros diferentes.
Esse é um ponto importante no trabalho de grupo, é preciso lembrar que o terapeuta
é um observador e por mais neutro que ele tente ser, o campo por ele investigado e
suas características, dependem diretamente do seu olhar pessoal.

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Yontef (1998d), a partir do olhar da teoria de campo, descreve um campo como


uma teia sistemática de relacionamentos, que está inserido em uma teia de
relacionamentos ainda maior. Um grupo terapêutico está inserido em um campo, com
suas dimensões determinadas por um observador. Entretanto, esse grupo terapêutico
pertence a sociedade que é um campo maior do que ele. Essa teia de
relacionamentos é organizada e integrada. Há uma distinção entre o que pertence e
o que está de fora.

Há uma organização dinâmica já que a organização está em constantes


transformações, ora se desintegrando, ora buscando melhores formas.

O autor fala, também, de uma interligação entre os componentes do campo, já


que tudo que acontece dentro de um campo é influenciado por ele da mesma forma
que todo o campo sofre influência de tudo que acontece nele. É uma ação mútua
onde as forças estão, constantemente, influenciando e sendo influenciadas fazendo
com que o campo esteja sempre sofrendo transformações e modificando-se.

Garcia-Roza (1972a) relata que Lewin divide essa mesma noção de


interligação entre os membros e que tanto o meio quanto os demais participantes
influenciam no comportamento dos membros do grupo.

“A característica essencial de um grupo não é, como na classe, a


semelhança entre seus membros, mas a interdependência dinâmica entre
eles. Dizer que a essência de um grupo é a interdependência dinâmica entre
seus membros, significa que ele é concebido como um todo dinâmico, e que
qualquer mudança ocorrida em uma de suas subpartes modifica o estado de
todas as outras subpartes” (p.62).

Para Yontef (1998e) o campo e todos os seus membros possuem uma ligação
tal que a existência de cada um deles é inerente a existência do outro, um não existe
sem o outro. O indivíduo é definido em um determinado instante dentro do campo. “O
indivíduo é definido, num dado momento, apenas pelo campo do qual faz parte, e o
campo só pode ser definido pela experiência, ou do ponto de vista de alguém.” (p.190)

Para o autor, tudo que acontece dentro de um campo está sendo influenciado
por ele como um todo. A mudança de um paciente em terapia de grupo não poderia

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ser diferente e para ele é resultado de uma soma de fatores que estão presentes no
campo terapêutico, como a interação entre os membros do grupo, incluindo os
terapeutas, a relação dos terapeutas entre si, entre outros.

CONTATO DA PSICOTERAPIA DE GRUPOS

No início de um grupo terapêutico, geralmente, os membros não se conhecem,


o ambiente é novo e todos se reúnem com o objetivo de cuidar de suas questões.
Entretanto, esse é um objetivo um tanto quanto delicado e falar de coisas íntimas e
pessoais em um grupo, que mal se conhece pode ser difícil. “A exposição é perigosa,
quer seja aos elementos, ao desdém, ou às exigências dos outros” (POLSTER, 2001i,
p.134).

Por isso, compete ao terapeuta deixar bem clara a importância de manter


confidencial tudo que é exposto no grupo, que os membros não devem comentar nada
a respeito com pessoas de fora do grupo, com a finalidade de preservar a identidade
dos demais participantes e suas histórias.

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Segundo Yalom (2006a), a necessidade de pertencer é característica do ser


humano e quando um grupo inicia-se o que está em jogo é o compartilhamento afetivo
do mundo interior de cada um e a aceitação dos outros membros do grupo.

“O fato de ser aceito pelos outros desafia a crença do paciente de que ele é
basicamente repugnante, inaceitável e detestável. [...] O grupo aceitará um
indivíduo desde que ele siga as regras de procedimento do grupo,
independentemente de experiências de vida, transgressões ou fracassos
sociais passados” (p. 63).

Ribeiro (1994g) concorda com a ideia de que o grupo acolhe quem quer que
seja, independentemente de suas vivências.

“O grupo aceita e respeita a dor, a confusão, o medo do outro. Ainda quando


o grupo pareça ser desrespeitoso da intimidade e do movimento próprio do
outro, ainda aqui não quer destruir, mas criar atmosfera de clareza, onde
adjetivos não sejam necessários para adoçar o ambiente” (p. 169).

Polster (2001j) fala desse acolhimento, que o grupo pode oferecer em um


momento de descobrimento de novas formas de agir.

“Uma pessoa tímida pressionada pelos outros a mover-se e abraçar alguém


pode sem dúvida estar entrando numa nova disposição para experienciar a
intimidade. Ao mesmo tempo, entretanto, ele pode apenas estar jogando um
novo jogo, parcialmente sem jeito, parcialmente tímido, parcialmente
intimidado, sentindo-se ridículo e suspendendo por certo tempo sua
integridade pessoal. Alguma disposição para aceitar os momentos
inautênticos e desajeitados é indispensável para o crescimento. Algumas
vezes este é um dos maiores presentes que os outros membros do grupo
podem oferecer a alguém que está dando os passos iniciais na direção que
deseja seguir” (p. 137).

Yalom (2006b) relata três estágios que o grupo terapêutico passa, mas o
próprio autor destaca, que a estruturação desses estágios é um esquema útil dos
desenvolvimentos dos grupos, apesar de não ser uma regra para todos os grupos,
uma vez que, trata-se de relacionamentos interpessoais, com variáveis imprevisíveis.

O estágio inicial é de orientação, participação hesitante, busca por significado


e dependência. Neste estágio, os participantes mostram-se preocupados em fazer
parte do grupo, em serem aceitos e de envolverem-se com os demais membros do
grupo.

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O segundo estágio é o de conflito, dominação, rebeldia, no qual os membros


do grupo encontram-se preocupados com o status, com o controle e o poder que
exercem ou não dentro do grupo.

O terceiro estágio é o de desenvolvimento da coesão, que diz respeito aos


membros do grupo buscarem transformar o grupo em uma unidade coesa.

Para o autor, a medida em que o grupo acontece, há uma significativa mudança


na comunicação entre os membros, que passam a falar de suas experiências mais
pessoais, afetivas e menos intelectuais. Tendem a ficar mais no “aqui-agora”,
oferecendo feedbacks mais construtivos, sendo o grupo mais autodirigido e sendo
menor a participação do terapeuta.

Entretanto, Harris (1998) discorda da idéia de que os grupos desenvolvam-se


em uma sequência determinada. O autor acredita na mudança dentro dos grupos,
porém, que está ocorre de maneira imprevisível e que não há uma maneira certa ou

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errada delas ocorrerem. Cada um muda da sua maneira e, para ele, um gestalt-
terapeuta não deve se preocupar com as etapas de desenvolvimento do grupo e sim,
acompanhar as mudanças, conforme elas forem ocorrendo e da forma que elas se
apresentarem.

Segundo Harris (2002a), os membros chegam à terapia como eles são, com
sua forma de colocar-se no mundo e a sua maneira de experimentar. Essas
características foram sendo aprendidas desde a infância e durante toda a vida e a
pessoa passa a utilizá-las nas suas adaptações. Entretanto, essas adaptações, em
um dado momento, foram novidade, foram formas criativas que a pessoa encontrou
em uma determinada situação para se adaptar. Contudo, na medida em que a pessoa
utiliza a mesma forma de agir várias e várias vezes, ao invés de buscar novas formas,
ela vai cristalizando esse comportamento.

O autor apresenta um exemplo de um músico, que em um determinado


momento, compôs uma música nova e começou a tocá-la várias vezes. Ao invés de
buscar criar uma nova composição, o músico restringe-se a tocar uma única música,
que depois de ser tocada repetidamente, não é mais original e sim cópia da cópia.

O mesmo continua dizendo, que alguma insatisfação em suas vidas, é que fez
os clientes procurarem terapia, e talvez, eles estejam cansados de tocar a mesma
música. Entretanto, pela música ser tão familiar, eles podem não perceber que eles
são responsáveis na sua criação. Assim, o que acontece é que muitas pessoas
acabam não conseguindo enxergar as suas dificuldades como suas e acabam
atribuindo essa responsabilidade aos outros.

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De acordo com Harris (2002b), quando uma pessoa entra em um grupo, ela
entra como um indivíduo que escolhe, ativamente, em qual meio entra, e depois tenta
transformá-lo no que ela realmente deseja. A forma de realizar esta ação tem a ver
com o que está em foco e que é trazido para “awareness” de cada um. A terapia de
grupo tem como objetivo explorar a forma que cada um se coloca no mundo,
tornando-os mais conscientes de suas sensações e comportamentos momento a
momento. Com isso, a pessoa assume a responsabilidade de escolher o que ela quer
ser e como quer reagir no grupo (e no mundo) o que tende a gerar mudança de
comportamento.

Retomando os mecanismos neuróticos, apresentados anteriormente, cada um


chega no grupo com a sua forma de funcionar e de estar no mundo, introjetando,
projetando, confluindo, retrofletindo ou defletindo. Na terapia, o objetivo é fazer com
que o cliente perceba esse seu funcionamento e que ele possa encontrar uma melhor
forma de interagir.

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“Na terapia temos, então, que restabelecer a capacidade do neurótico de


discriminar. [...] Temos que ajudá-lo a encontrar o próprio limite entre ele e o resto do
mundo” (PERLS, 1988f, p. 56).

Na terapia, o cliente percebe que é responsável por suas escolhas, desde as


menores até as de maior proporção. Segundo Yalom (2006c) os membros do grupo
começam a se dar conta de que são responsáveis, também, pela coesão do grupo e
que possuem uma participação ativa na manutenção do mesmo. Isso faz com que
eles percebam, que não são meros co-participantes nos relacionamentos que
estabelecem, e sim participantes principais, sendo o resultado de cada
relacionamento diretamente ligado ao seu investimento, ou não, no mesmo. Muitos
dos membros, que chegam para a terapia de grupo, apresentam um histórico grupal
pobre, sendo que eles, dificilmente, sentem-se valorizados em grupos aos quais
pertencem e para eles só o fato de poderem ter uma experiência de grupo bem-
sucedida, pode ser curativa.

“O grupo é a vida aqui e agora, na multiplicidade de laços que cria, na


complexidade de problemas de que trata, vive e experimenta. É uma proposta de
como a vida ocorre e se oferece à nossa compreensão” (RIBEIRO, 1994h, p. 168).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um grupo é formado por diferentes pessoas que passam por diferentes


processos de aprendizagem, diferentes histórias de vidas, contextos familiares e por
isso deve ser observado como um todo, envolvendo todos os processos de
transformação. Baró critica esse individualismo e a historicismo trabalhado por Lewin
não se pode considerar um grupo dessa forma, tem muito mais envolvido nisso. Todo
ser humano é um ser de relação, ele se desenvolve, se descobre a partir da relação
com o outro e o grupo deve ser visto em um contexto geral de relações estabelecidas
pelos seus membros, relações de poder dominação, submissão, cooperação,
harmonia.

Nas últimas décadas, os serviços de intervenção em crise, emergência


psicológica/psiquiátrica expandiram-se grandemente no mundo, especialmente, nos
países desenvolvidos. No Brasil, há poucos relatos destes serviços. Cada vez mais,
frente a situações de emergência e catástrofes, os profissionais da psicologia e outros
técnicos da área da saúde, como conhecedores da conduta humana, devem se
qualificar para atuações breves e efetivas, com o objetivo de prevenir a curto e em
longo prazo as consequências psicossociais negativas. Emergências e desastres
marcam de forma trágica as pessoas e a comunidade, não só no plano
material/econômico, mas também no emocional/psicológico.

Com esse estudo ficou claro que a psicoterapia de grupo interfere de forma
positiva na construção do sujeito com transtorno mental através de métodos
fundamentados em práticas integrativas e complementares que se sobressaem a
clínica médica e a medicalização do tratamento. A reforma psiquiátrica vem aos
poucos sendo substituída por um modelo de atenção muito mais dinâmico e eficiente,
que além de tratar o indivíduo, o prepara para a reinserção social e determina a família
e a comunidade como principais atores de influência para que esse processo
aconteça.

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Além disso, os objetivos desses espaços vão além do tratamento meramente


formal, buscando construir a subjetividade do paciente através da sua autonomia
enquanto ator principal de mudança e a corresponsabilidade pela sua saúde e modo
de vida. Permite o enfrentamento do problema do ponto de vista interno e trabalha as
modificações a partir desse ponto.

Também ficou nítida como a psicoterapia permite as trocas de experiências, e


a construção em conjunto de soluções e enfrentamentos para os problemas referidos.
Esses espaços impõem aos pacientes a construção coletiva de ajuda mútua. Facilita
a construção de novas amizades e permite aos usuários um espaço sem
prejulgamentos e estigmas, onde se sentem valorizados pelos demais e responsáveis
pelas mudanças de hábitos e percepções.

A psicoterapia influencia de forma positiva o sujeito e o meio no qual está


inserido, pois sua prática excede a estrutura física, aproximando-se da comunidade
para que haja a reinserção do indivíduo no meio social, voltando a fazer parte do
contexto até então negligenciado para esses doentes mentais. Na fala dos autores
também fica evidenciado a relevância da existência das redes de atenção e cuidado,
no tratamento e reconstituição do sujeito.

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