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TURMA 05L
SÃO PAULO
5°/2022
O filme Estamira, de direção de Marcos Prado, é uma produção nacional de 2004 que
demorou quatro anos para ser concluída e conta a história de Estamira, uma trabalhadora do
Lixão de Jardim Gramacho (Duque de Caxias – RJ) Foi depois que Estamira disse a Marcos
Prado que sua missão era a de revelar a verdade que o diretor decidiu produzir um documentário
sobre a vida desta mulher, a qual, além de trabalhadora do Lixão, tem uma visão de mundo
bastante peculiar e intensa (CLEBER, 2012).
Estamira Gomes de Sousa foi uma senhora que vivia e trabalhava no aterro sanitário de
Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. Nasceu na pobreza e sua infância foi marcada por
ambientes conturbados e diversos eventos traumáticos. Estamira conta que perdeu seu pai muito
cedo e que é filha única. Segundo ela, seu avô materno estuprou sua mãe e também a abusava.
Sua mãe sofria de delírios e perturbações, o que a levou para uma internação em um hospital
psiquiátrico. Depois de alguns anos, Estamira tira sua mãe da instituição. Esse episódio gerou
muito sofrimento para a família e, segundo Carolina, eles ressentiam colocar sua mãe, Estamira,
na mesma situação de sua avó.
Ao longo de sua vida, Estamira vivenciou diversas situações conturbadas. Aos 12 anos,
seu avô a levou para trabalhar em um bordel, onde ela se prostituiu durante algum tempo. Ela
foi casada duas vezes, tendo um filho com cada marido e foi traída por ambos. Estamira teve
uma terceira filha, Maria Rita, a qual por decisão de seu filho mais velho, foi “doada” a uma
família com melhores condições de vida. Quando adulta, Estamira sofreu dois estupros e,
segundo sua família, foi a partir deste momento que os sintomas psicóticos foram
desencadeados.
Estamira se considerava uma mulher religiosa, porém, após o surgimento dos sintomas
psicóticos, passa a ter uma relação com Deus extremamente hostil, culpando-o pelo fato dEle
não ter a salvado do estupro e por todos os outros acontecimentos ruins. Demonstrava sentir
ódio por Ele. Quando citado durante uma conversa, Estamira se mostra irritada e eleva o tom
da voz, dizendo que Deus é sujo, estuprador, assaltante, arrombador de casa e vê o homem e os
animais como melhores que Ele.
Carolina conta que sua mãe passou a apresentar alguns sintomas psicóticos, como
delírio, no dia em que ela chegou em casa, viu um trabalho de macumba em seu quarto e, em
seguida, chutou e espalhou tudo. Os primeiros sintomas foram de delírio persecutórios: achava
que estava sendo perseguida e vigiada pelo FBI e pela polícia; acreditava que as pessoas
estavam filmando ela de dentro do ônibus. Além disso, comportava algumas alucinações: como
escutar vozes (acreditava que fossem dos “astros”); falava que via espíritos brancos pela sua
casa. Estamira apresentava distúrbios de linguagem, alterações de pensamento e uma certeza
delirante, uma vez que dizia “eu sou perturbada, mas sei distinguir a perturbação”. Em função
disso, ela passa por uma médica que a descreve como portadora de quadro psicótico de evolução
crônica, apresentando os seguintes sintomas: delírio, alucinações auditivas, ideias e discursos
de influência mística. Apresenta também discurso megalomaníaco, como se obtivesse todo o
poder e manifesta caráter paranoico.
Uma frase do documentário que marca e demonstra sua angustia absurda é quando usa
a metáfora comparando as ondas do mar com a sua cabeça em “movimento”: “Minha cabeça
bate igual água do mar: tchá, tchá, tchá...Eu tô desgovernada: nervosa, querendo falar sem
poder, agoniada.”
Referências Bibliográficas