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Kurt Lewin

LUISA RIBEIRO
2015

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KURT LEWIN E A TEORIA DE CAMPO
Kurt Lewin (1890-1947) desenvolveu e aplicou os
princípios da Gestalt ao estudo da motivação,
personalidade e da psicologia social, na sua
Psicologia Topológica*.

Criou assim a Teoria de Campo, centrada numa visão


global e dinâmica do comportamento, e não tanto um
sistema de classificação.

* Topologia: estudo da disposição e das propriedades dos


diferentes elementos de um conjunto

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(Álvaro & Garrido, 2007)
TEORIA DE CAMPO
Campo

“a totalidade dos fatos coexistentes que se


concebem como mutuamente interdependentes, e que
facilitam:

a) entender o comportamento como uma função no


conjunto de factos que compõem o campo num dado
momento;

b) começar a sua análise considerando a situação


como totalidade, da qual podem diferenciar-se suas
partes; e

c) representar mediantes construtos psicológicos o


espaço vital onde se desenvolve a conduta.”
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(Álvaro & Garrido, 2007)
TEORIA DE CAMPO
Espaço Vital

“Conjunto de fatores mutuamente dependentes que


fazem parte da experiência psicológica.”

Estão incluídos no espaço vital a posição da pessoa


e o seu ambiente psicológico (o ambiente conforme é
percebido por essa pessoa).

Tudo o que existe mas não é percebido, não se


considera no espaço vital do indivíduo.

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(Álvaro & Garrido, 2007)
TEORIA DE CAMPO

O indivíduo e o seu ambiente formam um campo


psicológico.

Um grupo e o seu ambiente formam o campo social.

O comportamento social resulta das interrelações


entre os grupos, subgrupos, os seus membros, as
barreiras, canais de comunicação/ vias de acesso e
distribuição das forças neste campo.

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(Minicucci, 1982)
TEORIA DE CAMPO

O comportamento é função da interação entre a


pessoa e o ambiente.

Conduta = f(Pessoa, Ambiente)

A pessoa e o ambiente são as duas partes que


constituem o espaço vital.

Logo, o comportamento apresenta influências


ambientais e cognitivas.

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(Álvaro & Garrido, 2007)
TEORIA DE CAMPO

Para Lewin, a adaptação de um indivíduo a uma


situação é o encontrar uma sintonia com a atmosfera
atual.

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(Minicucci, 1982)
TEORIA DE CAMPO

A Teoria de Campo inclui conceitos estruturais e


outros dinâmicos.

• Conceitos estruturais:

Região, subregião, via de acesso, barreira,


posição, estrutura cognitiva

• Conceitos dinâmicos:

Locomoção, força, tensão, valência

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(Álvaro & Garrido, 2007)
TEORIA DE CAMPO

• Conceitos estruturais - região, subregião:

• Tanto a pessoa como o ambiente estão divididos em


regiões.

• As regiões superficiais da pessoa são mais


facilmente influenciadas pelo ambiente. Centrais (personalidade)

Periféricas
ou
superficiais
Pessoa

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(Álvaro & Garrido, 2007)
TEORIA DE CAMPO

• As regiões diversas regiões do campo representam


as áreas percecionadas, consoante a sua
importância.
Dia-a-dia Dia de teste
B B
A A
D
C D C

A- amigos; B – família; C – escola; D - trabalho


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(Minicucci, 1982)
TEORIA DE CAMPO

• Conceitos estruturais:

• Vias de acesso são símbolos para a possibilidade


de passagem entre regiões.

• As barreiras representam obstáculos no acesso.

• A posição refere-se à relação espacial entre


regiões (ex: dentro ou fora do grupo).

• Estrutura cognitiva é a posição relativa das


diferentes partes do campo, tal como são
percebidas pela pessoa.
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(Álvaro & Garrido, 2007)
TEORIA DE CAMPO

• Conceitos dinâmicos:

• Locomoção – movimento entre regiões.

• Valência – atração ou repulsão da cada região do


campo. Determina a locomoção.

• Força – exercida por cada região, dependendo da


sua valência.

• Tensão – criada por mudanças na estrutura do


campo, que a pessoa tenta reduzir (procura o
equilíbrio).
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(Álvaro & Garrido, 2007)
TEORIA DE CAMPO
• A pessoa P vê uma rocha e quer sentar-se nela.

• P também quer observar a rocha (barreira).

Barreira

Meta
locomoção
rocha
comportamento força, valência positiva
P
Posição inicial de P

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Espaço vital da pessoa P (Álvaro & Garrido, 2007)


TEORIA DE CAMPO
• A pessoa P vê um amigo A e quer cumprimentá-la.

• A pessoa A está acompanhada da pessoa B.

• A pessoa P não quer cumprimentar B.

Barreira

Meta
locomoção

força, valência negativa força, valência positiva


B
P
Posição inicial de P A

Espaço vital da pessoa P (Álvaro & Garrido, 2007)


KURT LEWIN E A TEORIA DE CAMPO

• “Qualquer comportamento, ou qualquer outra


mudança num campo psicológico depende somente do
campo psicológico nesse momento”

(Kurt Lewin, 1951, p-55)

• O passado e o futuro psicológico fazem parte do


campo psicológico em dado momento, mas tendo em
conta a representação que a pessoa tem deles,
nesse mesmo momento.

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(Álvaro & Garrido, 2007)
KURT LEWIN E O ESTUDO EXPERIMENTAL DOS GRUPOS

• Baseado nos princípios da Gestalt, Lewin assumia


a importância dos grupos para entender o
comportamento individual, e considerava-os como
a unidade básica para análise.

• O seu estudo de problemas sociais como o


preconceito, a produtividade, a mudança de
hábitos alimentares e a violência centrava-se nas
relações entre os indivíduos nos seus grupos
sociais.

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(Álvaro & Garrido, 2007)
KURT LEWIN E O ESTUDO EXPERIMENTAL DOS GRUPOS

• Lewin defendia que é geralmente mais fácil mudar


os indivíduos organizados em grupos do que cada
um, de forma individualizada.

• Mudar o padrão do grupo ajuda à mudança


individual.

• Por exemplo, grupos de discussão e apoio sobre


hábitos alimentares obteve maior mudança, e com
maior durabilidade, do que intervenções de
formação individual.

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(Álvaro & Garrido, 2007)
KURT LEWIN E O ESTUDO EXPERIMENTAL DOS GRUPOS

• Mudança planeada em três fases:

Fase 1 Fase 2 Fase 3


Descongelar Mudança Congelar
(novo
padrão)

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(Álvaro & Garrido, 2007)
KURT LEWIN E O ESTUDO EXPERIMENTAL DOS GRUPOS

• Lewin define grupo não consoante as


características comuns ou proximidade dos seus
membros, mas sim considerando a interdependência
entre eles.

• Esta conceção dos grupos destaca a importância


dos processos que ocorrem nos grupos, mais do que
a sua estrutura ou composição.

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(Álvaro & Garrido, 2007)
KURT LEWIN E O ESTUDO EXPERIMENTAL DOS GRUPOS

Atração Rejeição

Resistência à
Pressão social
mudança

Coerção Interdependência

Coesão
Grupo Equilíbrio e
quase-equilíbrio

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(Minicucci, 1982)
DINÂMICA DE GRUPOS

Lewin defende que:

• A mudança e a resistência à mudança são um aspeto


essencial da vida dos grupos.

• A compreensão do indivíduo passa sempre por


situá-lo no seu campo, na sua vivência
psicológica tal como é para ele (não para o
psicólogo).

• O campo psicológico inclui as pessoas, fins/


metas, ações, normas, desejos, defesas, etc.

• O comportamento visa devolver o equilíbrio a um


sistema em tensão.
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(Maisonneuve, 1967)
DINÂMICA DE GRUPOS

• Kurt Lewin criou o conceito de dinâmica de


grupos (group dynamics), que destaca dois
processos:

• interdependência do destino: o grupo forma-se


pela perceção de que o destino de um dos membros
depende do destino do grupo como um todo.

• interdependência de tarefas: o grupo forma-se e


une-se pela perceção de que existe uma
dependência mútua para realizar uma tarefa, ou
para atingir um propósito.

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(Álvaro & Garrido, 2007)
DINÂMICA DE GRUPOS

• Lewin efetuou importantes estudos sobre os


processos intragrupais e os estilos de liderança.

• Reconhecendo que a liderança autocrática se


impõe, defende que os sistemas democráticos são
superiores (moral e materialmente), mas que são
mais difíceis de manter, pelo que devem ser
aprendidos.

• Os seus resultados indicam que os grupos com


líderes democráticos desempenham melhor a tarefa,
são mais cooperantes e menos agressivos.

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(Álvaro & Garrido, 2007)
REFERÊNCIAS
Álvaro, J. L., & Garrido, A. (2007). Psicologia
Social: Perspetivas psicológicas e sociológicas.
São Paulo, Brasil: Atlas. P. 110

Maisonneuve, J. (s.d./ 1967). A dinâmica dos


grupos. Lisboa, Portugal: Livros do Brasil.

Minicucci, A. (1982). Dinâmica de grupo. São Paulo,


Brasil: Atlas.

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