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Relações

Interpessoais e
Dinâmicas de Grupo
Luisa Ribeiro
2016/2017

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Conteúdos programáticos:
1. Apresentação e organização do semestre
2. Estrutura e processos de grupo
Conjuntos humanos
Métodos de estudo do comportamento grupal
Processos de interacção
Previsão de desempenho
3. A dinâmica de grupo:
Âmbito e breve resumo da origem histórica
Aplicações da dinâmica de grupo
Conteúdos programáticos:
4. Fenómenos dinâmicos dos grupos:
Níveis de análise dos fenómenos dinâmicos dos
grupos
Nível dos processos de grupo:
Formação e organização do grupo
Aceitação mútua dentro do grupo
Interacção:
A Janela de Johari
As categorias de Bales
Os processos de Bion
Actuação individual e desempenho em grupo
Produção do grupo em relação à individual
Conteúdos programáticos:
4. Fenómenos dinâmicos dos grupos (cont.):
Construção de uma equipa
Tomada de decisões
Conflitos
Liderança
Coesão e espírito de grupo
A comunicação
Técnica de apresentações
A condução de reuniões
5. Grupos de desenvolvimento pessoal
O grupo de encontro
O psicodrama
6.O fim do grupo.
Grupos Humanos

• A que grupos pertencemos?

• Como sabemos que


“pertencemos” a um grupo?
Grupos Humanos

• Como sabemos que


“pertencemos” a um grupo?

1. Interação?
2. Interdependência?
3. Consciência mútua?
(Deutsch, 1968)
Grupos Humanos
Grupos Humanos
Categoria Social
Grupo Psicológico
Categoria Sociológica
Grupo Mínimo
Grupo Social
Grupo Compacto
Grupos Organizados
Organização Social
(Rabbie & Lodewijkx, 1994)
Grupos Humanos
• Dois ou mais indivíduos com pelo menos um atributo em
Categoria Social
comum, que os distingue de membros de outras categorias

• Auto-perceção da mesma categoria


Grupo Psicológico

• Classificação por características sociológicas semelhantes (idade,


Categoria Sociológica
género, profissão, habilitações, etnia, etc.)

• Indivíduo atua em função da sua categoria, sem interação


Grupo Mínimo

• Consciência de “interdependência de destino” ou “condição


Grupo Social
comum”

• Alguns/ todos membros cooperam para objetivos


Grupo Compacto
interdependentes

• Hierarquia de poder, estatutos e papéis, normas e valores


Grupos Organizados
(explícitos ou implícitos), que regulam interações entre membros

• Sistema social hierárquico de grupos organizados, por vezes em


Organização Social
competição por recursos ou objetivos
Grupos Humanos

• Existem
Grupos Naturais ou
independentemente do
Intactos
interesse de investigação

• Especialmente constituídos
Grupos Artificiais ou
para fins de observação/
Laboratoriais
investigação

• Grupos artificiais com


Quase-grupos limitações à interação
espontânea

(McGrath, 1984)
Grupos Humanos

Grupos naturais ou intactos


(departamentos, grupos de trabalho, comissões de trabalhadores, associações de
estudantes, etc.)

Tempo de existência e
Formalidade de poder Foco
atuação

Grupo de
Grupos Grupos Grupos Grupos Equipa Guarnição
trabalho
formais informais permanentes temporários (membros) (tecnologia)
(projeto)

(McGrath, 1984)
Grupos Humanos

• Para estudar um grupo, devemos


atender a que variáveis?

1. Fatores antecedentes
2. Processos de interação
3. Fatores consequentes
Fatores antecedentes

1. Características dos membros


2. Características do grupo
3. Características contextuais
Fatores antecedentes
1. Características dos membros
Algumas tendências (cuidado com os estereótipos)…
 A participação social aumenta com a idade, tornado-se mais
diferenciada e complexa.

 O líder tende a ser o mais velho, geralmente mais alto e


inteligente.

 Os mais inteligentes tendem a ser mais ativos, populares e


menos conformistas.

 A conformidade aumenta até aos 12 anos, decresce depois.

 Os mais competentes tendem a contribuir mais para o grupo.

 As mulheres são menos assertivas e menos competitivas, fazem


mais contato visual e falam mais.

(Shaw, 1981)
Fatores antecedentes

2. Características do grupo
 Dimensão
 Homogeneidade
 Estruturas de grupo
• Comunicação
• Coesão
• Poder, influência e atração
Características do grupo
 Dimensão

Quanto maior é o grupo, maior a


tendência de uma minoria para dominar, e
para o aparecimento de um líder.

A eficiência cresce com o tamanho do


grupo, mas apenas até um certo ponto,
acompanhando um maior número de
interações. Decresce depois.
Características do grupo
 Homogeneidade

A homogeneidade facilita a resolução de


problemas mecânicos, a heterogeneidade
os problemas criativos.

Grupos com maior homogeneidade em


termos de motivação e personalidde
geram melhor desepenho e satisfação.

A diversidade deve estar adequada ao


tipo de tarefa.
Características do grupo

 Estruturas de grupo-comunicação

Centralizada

Em rede/
homogénea
Características do grupo

 Estruturas de grupo-comunicação

Mais vulnerável à saturação


(carga de tarefa e papel)

Eficientes para resolver problemas


simples – a solução
Centralizada
apenas necessita de
recolha de informação
Características do grupo

 Estruturas de grupo-comunicação

Menos vulnerável à saturação

Eficientes para resolver


Problemas complexos

Em rede/
homogénea
Características do grupo

 Estruturas de grupo-coesão

Coesão é o efeito das forças que atuam nos


membros do grupo para que nele
permaneçam (Festinger, 1950).

Os grupos mais coesos apresentam maior


interação, maior satisfação e cooperação, e
exercem maior pressão para a
conformidade (maioria).
Características do grupo

 Estruturas de grupo-coesão

Conformidade
Convergência de pensamentos, sentimentos
ou comportamento de um indivíduo com
uma norma social.
(Smith & Mackie, 2000)
Características do grupo

 Estruturas de grupo-coesão

A pressão para a conformidade, aliada a uma


liderança autoritária e à urgência de decisão,
tende a levar ao “pensamento grupal”, levando a
decisões superficiais e precipitadas.
Características do grupo

 Estruturas de grupo-coesão

Pensamento grupal
Tomada de decisão em grupo que é prejudicada
pelo desejo de alcançar o consenso,
independentemente de como este é formado.
(Smith & Mackie, 2000)
Características do grupo

 Estruturas de grupo-poder

Cedo na vida do grupo, os líderes tendem a


emergir – dirigem-se ao grupo como um todo,
recebem e dão mais informação.

Líderes formais – definidos pela hierarquia


Líderes informais – aceite pelo grupo, pela
competência técnica ou pessoal
Fatores antecedentes

3. Características contextuais
 Tarefas
 Tarefas de escolha: intelectuais ou
decisórias
 Tarefas de execução física
 Tarefas de produção: ideias e planos
 Tarefas de negociação
Fatores antecedentes

 Tarefas de escolha
 Intelectuais
 Existe uma solução correta e demonstrável.
 Grupos geralmente mais lentos que o
indivíduo, mas com melhor desempenho.
 O desempenho do grupo tende a aumentar
com a dimensão do grupo.
 Decisórias
 Sem solução demonstrável – o problema
revela-se em chegar a um consenso.
 A dificuldade do consenso gera geralmente
regras de maioria ou 2/3.
Fatores antecedentes
 Tarefas de execução física
 O desempenho do grupo geralmente
depende do desempenho do elemento
menos competente.

 Apesar de o esforço dos elementos do grupo


ser maior do que o esforço individual (ex:
puxar uma corda), o resultado não é a
multiplicação do número de indivíduos pela
força de cada um.

 Esta relação é inversa - efeito de Ringelmann.


Fatores antecedentes
 Tarefas de produção
 Ideias
 O grupo produz mais ideias e de melhor
qualidade.
 Planos
 O planeamento deveria ser a fase inicial de
qualquer tipo de trabalho de grupo.
 Os grupos raramente se preocupam com o
planeamento prévio do trabalho de grupo
(Hackman & Morris, 1975)
 Muitas variáveis influenciam este trabalho.
Salientam-se o esforço dos membros, os seus
conhecimentos e competência para a tarefa,
as estratégias de desempenho (como deve a
tarefa ser realizada).
Fatores antecedentes

 Tarefas de negociação
 Geralmente incluem situações de conflito
cognitivo (diferentes avaliações) ou de
conflito de interesse (jogos de poder para
obter o melhor resultado para uma das
partes), combinados em proporções
variadas.
Processos de interação

• São as trocas que ocorrem entre


os membros do grupo com vista
ao desempenho da tarefa
(Jesuíno, 2006)
Processos de interação
• Com estudos laboratoriais, Bales (1950, 1953;
Bales & Slater, 1955; Bales & Strodtback,
1951; Borgatta & Bales, 1953) identificaram
dois tipos principais de interação social num
grupo:

1. As interações instrumentais (relativas à


tarefa)
2. As interações expressivas ou
socioemocionais (relativas às relações entre
membros do grupo)
Processos de interação
• A partir daqui, Bales construiu um sistema de
categorias para análise de interações num
grupo, dividindo as áreas expressiva e
instrumental em duas sub-áreas.

• Temos assim:
1. Área expressiva positiva
2. Área instrumental ativa
3. Área instrumental passiva
4. Área expressiva negativa
Categorias de Bales
Áreas Categorias
Expressiva 1-mostra solidariedade
Positiva 2-reduz as tensões
3-concorda
Instrumental 4-dá sugestão
Ativa 5-dá opinião
6-dá orientação
Instrumental 7-pede orientação
Passiva 8-pede opinião
9-pede sugestão
Expressiva 10-discorda
Negativa 11-aumenta a tensão
12-mostra antagonismo
Exercício

1. Em grupos de 3 + 2
observadores
2. Discutir a frase “Mais vale quem
quer do que quem pode”
3. Os 2 observadores escolhem um
elemento para observarem e
preencher a folha de categorias.
Categorias de Bales
1. Permitem entender os aspetos formais dos
elementos do grupo face ao tema.

2. O membro mais ativo inicia entre 40 a 45%


das interações; o segundo mais ativo 17%,
etc.

3. À medida que o grupo aumenta, aumenta


a % do membro mais interveniente, e
esbatem-se as diferenças entre os restantes
elementos.
Categorias de Bales
O grupo deve resolver três problemas (1 reunião):
1. Orientação: escolha e classificação da
informação relativa à tarefa.
2. Avaliação: da informação recolhida.
3. Controlo: da decisão a tomar.

+
Interações

+
Início reunião Meio reunião Fim reunião
Desenvolvimento do grupo
Quando consideramos o progresso do grupo ao
longo de várias reuniões, verificamos que:
1. A atividade instrumental tende a diminuir
2. A atividade socio-emocional tende a
aumentar
3. As concordâncias decrescem ligeiramente
4. Aumentam substancialmente as interações
de alívio de tensão e solidariedade,
especialmente no fim.
5. As reações negativas aumentam na
segunda reunião.
Desenvolvimento do grupo
Tuckman (1965) identifica quatro fases no
desenvolvimento dos grupos:

1. Formação (forming)

2. Confrontação (storming)

3. Estabelecimento de normas (norming)

4. Execução (performing)

Posteriormente acrescenta 5. Adiamento/ fim do


grupo (adjourning)
Desenvolvimento do grupo
1. Formação (forming)

• O grupo está centrado nas condutas


interpessoais aceitáveis;

• tentam identificar a tarefa, como a executar,


qual a informação necessária e como a obter.
Desenvolvimento do grupo
2. Confrontação (storming)

• Tendência para aumentar a hostilidade entre


os membros do grupo e entre eles e o seu
líder; divisão do grupo;

• Aumento de reações emocionais e de


resistência à tarefa.
Desenvolvimento do grupo
3. Estabelecimento de normas (norming)

• O grupo torna-se uma entidade; surgem


normas e harmonia;

• O grupo trabalha sobre a informação de


forma produtiva.
Desenvolvimento do grupo
4. Execução (performing)

• O grupo é um instrumento para a resolução


do problema; surgem soluções;

• A estrutura do grupo e a atividade estão em


sintonia.
Desenvolvimento do grupo
Gersick (1988, 1989) propõe um modelo
diferente, baseado tanto na observação de
grupos e fenómenos naturais como laboratoriais:

• O grupo é um sistema que, tal como os


sistemas naturais, evoluem através de fases
de inércia (equilíbrio), que são interrompidas
por períodos de revolução (“mudança
quântica”);
Desenvolvimento do grupo
• O grupo evolui num processo de equilíbrio
intermitente (punctuated equilibrium);

• 1º fase:
• De início a metade do tempo total
programado (de 7 dias a 6 meses), com
orientação global definida na primeira reunião.
• 2º fase:
• Transição, nova orientação.
Fatores consequentes (influência social)
• As consequências dos processos de
interação são múltiplas e complexas.

• É difícil isolar variáveis independentes (antes


do processo) e dependentes (depois do
processo).

• Antes da interação no grupo, os seus


membros já detêm expetativas sobre o
mesmo (influência social).
Fatores consequentes (influência social)

1. Normas
“As normas do grupo são as expetativas
que os membros têm sobre o que deve e
não deve ser permitido a um
determinado membro e em
circunstâncias específicas.”
(Jesuíno, 2006, p. 325)
Fatores consequentes (influência social)

1. Normas
“As normas são aprendidas e
constituem um dos mais
importantes mecanismos de
controlo social do comportamento
dos indivíduos.”
(Jesuíno, 2006, p. 325)
Fatores consequentes (influência social)

1. Normas
“As normas não são apenas regras
sobre o comportamento no grupo
mas também expetativas sobre os
tipos de comportamento.”
(Jesuíno, 2006, p. 325)
Fatores consequentes (influência social)
1. Normas
“O significado de um ato não é o ato
em si mas o significado que o grupo
lhe atribui.

E esse significado pode mudar


consoante o sujeito da ação e e
consoante as circunstâncias em que
tem lugar.”
(Jesuíno, 2006, p. 325)
Fatores consequentes (influência social)

1. Normas
Expetativas de papel - expetativas
referentes ao comportamento de um
determinado membro do grupo.

Cultura do grupo – normas e ideias


compartilhadas.
(Jesuíno, 2006, p. 325)
Fatores consequentes (influência social)
1. Normas
• Podem ser formais (explícitas) ou informais
(tornando-se percetíveis apenas quando
desrespeitadas).

• Fomentam eficiência e evitam o recurso ao poder


pessoal.

• Formam-se progressivamente e tendem a


institucionalizar-se. São causa e efeito da
influência social.

• Se não forem compatíveis com o sujeito, estes


tendem a tentar mudar as normas, manterem-se
marginais ou abandonar o grupo.
(Jesuíno, 2006, p. 325)
Fatores consequentes (influência social)
2. Mudança das Normas
• Kurt Lewin (1948-1953) foi pioneiro
no estudo sobre os processos de
mudança nos grupos.

• Tipificou três fases:


1. Descongelamento (defreeze)
2. Mudança (change)
3. Recongelamento (freeze)
(Jesuíno, 2006, p. 325)
Mudança das Normas
1. Descongelamento (defreeze)
Identificar ou criar necessidade de
mudança

2. Mudança (change)
Introduzir a mudança desejada

3. Recongelamento (freeze)
Consolidar mudança

(Jesuíno, 2006, p. 325)


Mudança das Normas
Lewin participou numa intervenção durante a 2ª
GG para levar os norte-americanos a consumir
vísceras, dada a escassez de carne de primeira.

• Alguns participantes ouviram palestras com


informação relevante;
• Outros participaram em discussões de grupo,
trocando informações e comparando-se.

• A mudança foi maior e mais perene nos


grupos de discussão.

(Jesuíno, 2006, p. 325)


Mudança das Normas
Outro estudo comparou dois grupos que
desejavam perder peso – um obteve instruções
sobre alimentação e exercício, outro era um
grupo de auto-ajuda.

O grupo de auto-ajuda tornou-se mais otimista e


motivado para perder peso. Reduziram em
média mais de 4kg. O outro grupo perdeu em
média menos de 0,5kg.

(Smith & Mackie, 2000)


Mudança das Normas
Segundo Hackman e Morris (1975), as normas
do grupo influenciam diretamente as suas
estratégias, o que tem impacto no desempenho.

Fatores antecedentes
Normas Tarefa Composição
Variáveis Estratégias
síntese Esforço
Competência

Resultam dos processos


de interação
(Jesuíno, 2006, p. 325)
Mudança das Normas
As normas influenciam diretamente as estratégias, com impacto no
desempenho.

Fatores antecedentes
Normas Tarefa Composição
Variáveis Estratégias
síntese Esforço
Competência
• A aplicação do esforço depende do desenho da tarefa.

• As competências do grupo dependem da sua composição.

• As estratégias dependem das normas do grupo – o líder pode ter de


atuar sobre as normas (implícitas) quando estas são inadequadas e
comprometem o desempenho.

(Jesuíno, 2006, p. 325)

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