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Não tem sido tarefa fácil para a psicanálise adentrar este cenário no qual
parecem existir medicamentos para todos os males, sejam eles do espírito ou do
corpo. A oferta psicanalítica de busca pela liberdade e pela autonomia é, muitas
vezes, rechaçada em nome desse caminho químico visando a esse mesmo obje-
tivo. Sustenta a psicanálise, contudo, que é somente na implicação do sujeito
consigo mesmo, suas dores e prazeres que a assujeitamento cessa. Nessa pers-
pectiva, ressalta Birman (2012), não ser à toa que o discurso da ciência, na atua-
lidade, seja, justamente, o da imagem, em detrimento do recurso da escuta e da
palavra. As neurociências e a psiquiatria contemporânea, cada vez mais, têm se
colocado no lugar de “posição de autoridade científica absoluta sobre os funda-
mentos das paixões e comportamentos humanos” (PEREIRA, 2008, p. 509), pro-
vocando uma maciça alienação dos sujeitos em relação a seus padecimentos.
Os fenômenos psicopatológicos ficam reduzidos à cognição, ao comportamento,
ao orgânico; e o sujeito, que não tem acolhido psiquicamente o seu sofrimento,
recorre às intervenções mais breve possíveis para “fazer sumir” sua dor.
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tem sido cada vez mais desafiador. Ainda que existam espaços privilegiados, E M PA UT A
como alguns programas de pós-graduação consagrados em nível nacional, é
preciso reconhecer o encolhimento da psicanálise no âmbito acadêmico, quer
seja em número de créditos nos currículos dos cursos de graduação, quer seja
na diminuição da presença de pesquisadores de pós-graduação, nas dificulda-
des de recebimento de fomento à pesquisa e, até mesmo, na redução de possi-
bilidades de publicar artigos psicanalíticos nas revistas científicas de alta
indexação.
Nesse contexto, considera-se que, diante dos reais desafios quanto à vi-
gência e vitalidade da presença da Psicanálise na Universidade, parece ter o
psicanalista duas alternativas: permanecer numa posição defensiva, rebatendo
todas críticas com o velho argumento da resistência provocada pela psicanáli-
se, ou imbuir-se de um trabalho criativo que atenda à especificidade e ao rigor
próprios à psicanálise no intuito de demarcar sua legítima inserção – mesmo
que diferenciada – no cenário da Academia. Explorar as potencialidades desse
encontro interinstitucional exige levar a cabo uma postura de Escuta, de valor
à transferência, de sustentação de desejo, que viabiliza encontros de criação e
de produção de conhecimento e não apenas de transmissão de saber.
REFERÊNCIAS
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LACAN, J. A ciência e a verdade. In: LACAN, L. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1998. (obra publicada em 1966). p. 219-244.
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