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Feridas do irrepresentável, os tempos do trauma na UTI: um relato de experiência

Resumo

Traumas, rupturas e intoleráveis situações de dores fazem parte do cenário Unidade de


Tratamento Intensivo (UTI). A atuação do psicólogo hospitalar é imprescindível para o processo de
elaboração da dor e de produção de sentido para experiências traumáticas. O presente estudo tem
como objetivo descrever, por meio de relatos de atendimentos psicológicos de uma estagiária, cenas
da tríade paciente-estagiária-instituição na UTI. É um relato de experiência, de cunho clínico-
qualitativo, que aborda esse setting e, amparado pela teoria metapsicológica da traumatogênese,
conceituada por Ferenczi e Freud, analisa os recortes da trama. Os resultados apontam a
possibilidade de expansão das clínicas psicanalíticas para a trama hospitalar. Apesar dos limites
institucionais, concluiu-se que foi possível estabelecer os requisitos essenciais psicanalíticos nesse
setting e descrever o relato acadêmico pautando-se nas teorias psicanalíticas.
Palavras-chaves: psicologia hospitalar; unidade de tratamentos intensivos; traumas; psicanálise.

Wounds of the irrepresentável, the times of the trauma in the ICU: an experience report

Abstract

Traumas, ruptures and intolerable pain situations are part of the Intensive Care Unit (ICU)
scenario. The hospital psychologist performance is essential for the process of elaborating pain and
producing meaning for traumatic experiences. This study aims to describe, through reports of
psychological assistance from an intern, scenes from the patient-intern-institution triad in the ICU.
It is a clinical-qualitative experience report that approaches this setting, and analyzes the plot
clippings supported by the metapsychological theory of traumatogenesis, conceptualized by
Ferenczi and Freud. The results point to the possibility of expanding psychoanalytic clinics to the
hospital plot. Despite the institutional limits, it was concluded that it was possible to establish the
essential psychoanalytical requirements in this setting and describe the academic report based on
psychoanalytical theories
Keywords: hospital psychology; intensive care unit; traumas; psychoanalysis.

Heridas del irrepresentável, los tiempos del trauma en el ICU: un informe de experiencia

Resumen

Traumas, rupturas y situaciones de dolor intolerable son parte del escenario de la Unidad de
Cuidados Intensivos (UCI). La actuación del psicólogo del hospital es esencial para el proceso de
elaboración del dolor y la producción de significado para las experiencias traumáticas. Este estudio
tiene como objetivo describir, a través de informes de atención psicológica de un aprendiz, escenas
de la tríada paciente-aprendiz-institución en la UCI. Es un relato de experiencia clínico-cualitativa
que aborda este setting y analiza los recortes de la trama apoyado en la teoría metapsicológica de la
traumatogénesis, conceptualizada por Ferenczi y Freud. Los resultados apuntan a la posibilidad de
expandir las clínicas psicoanalíticas a la trama del hospital. A pesar de los límites institucionales, se
llegó a la conclusión de que era posible establecer los requisitos psicoanalíticos esenciales en este
entorno y describir el relato académico basado en las teorías psicoanalíticas.
Llaves de las palabras: psicología del hospital; unidad de tratamientos intensivos; traumas;
psicoanálisis.
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Introdução

Traumas, rupturas e intoleráveis situações de dores fazem parte do cenário da UTI. A


hospitalização, os estigmas, os significantes, as ambivalências e impotências, fundam um trauma de
ordem aniquiladora de representações. A unidade é destinada a pacientes graves e, como tal,
detentora de um imaginário social atrelado ao sentimento de medo, sobretudo da morte, e que
submete o indivíduo à falta de autonomia sobre o corpo, ou seja, à perda do controle de si próprio
(Novaes, Knobel, Pavão, Nogueira & Ferraz, 1999).
Segundo Laplanche e Pontalis (1996), trauma e traumatismo são termos utilizados em
medicina e cirurgia há muito tempo. Trauma vem do grego, designando uma ferida com efração;
traumatismo seria reservado para as consequências, no conjunto do organismo, de uma lesão
resultante de violência externa. Ainda de acordo com os autores: “A psicanálise retomou estes
termos, transpondo para o plano psíquico as três significações que neles estavam implicadas: a de
um choque violento, a de uma efração e a de consequências sobre o conjunto da organização”
(p.163).
De acordo com Moreno e Júnior (2012) na obra freudiana, as relações entre trauma e
memória, desde suas primeiras formulações teóricas acerca da histeria, apontam para as falhas de
funcionamento nos limites do psíquico - entre corpo e psique, entre percepção e representação -
responsáveis pela instauração da memória e pela diferenciação psíquica. Em Esboços para a
“Comunicação Preliminar” (1996/1940-41), Freud contempla suas descobertas e chega a uma
definição de trauma psíquico: toda impressão que o sistema nervoso tem dificuldade em abolir por
meio do pensamento associativo ou da reação motora. Posteriormente, o termo passa a ser associado
às dinâmicas da pulsão de morte e da angústia. Quando não há possibilidade de ligação e
transcrição do acontecimento, seus efeitos apresentam-se de forma negativa como danos narcísicos.
Próximo a Freud, Sándor Ferenczi (1933) traz um novo paradigma na teoria do trauma
ampliando seu modelo ao introduzir perspectivas das relações de objeto. O autor rompe com a
dicotomia interno-externo e compreende que a constituição do psiquismo está atrelada ao domínio
das pulsões que, por sua vez, participam do processo de conhecimento e constrói a realidade.
Apresenta então duas visões sobre o trauma: o conceito como vertente organizadora do psiquismo,
ou seja, como estruturante do sujeito, despontando-o como aspecto positivo; o conceito como
constituinte de patogêneses das neuroses.
Os trabalhos O desenvolvimento do sentido de realidade e seus estágios (2011/1913) e As
fantasias provocadas (2011/1924) discorrem e postulam que algumas experiências traumáticas
iniciais às fantasias infantis seriam fundamentais na desconstrução da ideia de onipotência
incondicional dos recém-nascidos e a introdução dos sentimentos de desprazer, assim como tais
experiências seriam investimentos para a construção de fantasias. Sendo assim, esta primeira visão
sobre trauma incide que, numa segunda cena, nem todo momento traumático seria de ordem
patológica. A partir do trabalho Confusão de língua entre os adultos e a criança (2011/1933),
Ferenczi introduz a segunda visão do trauma onde discorre sobre a repetição de eventos traumáticos
que viabilizava o surgimento de sintomas. Retomando Moreno e Júnior (2012), na releitura da obra
ferencziana, o trauma se constitui como comoção psíquica, momento em que não há possibilidade
de realização de uma nova intrincação pulsional e de decepção frente ao objeto de confiança.
Assim, se em Freud o trauma se daria, sobretudo, por mecanismos de intrusão, em Ferenczi
o paradigma maior do fenômeno traumático é o abandono, na forma da indiferença em relação à
experiência de sofrimento de outro. No primeiro tempo da traumatogênese ferencziana, a criança
sofre uma violência. Isso promove choque e dor, mas ainda não trauma. No segundo tempo, há
sempre um movimento do violado, mais ou menos explícito, em direção a outro em quem confia
para tentar, por meio do testemunho da sua dor, dar sentido ao evento desestabilizador. O trauma se
constituiria, efetivamente, em um terceiro tempo no qual, ao invés de encontrar uma presença
sensível capaz de testemunhar seu sofrimento, o sujeito encontra a indiferença, ou seja, o abandono
traumático que desautoriza seu testemunho. (Kupermann, 2016)
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Kupermann (2016) afirma que, no caso do adoecimento, encontramos os mesmos três


tempos, possibilitando a expansão da teorização ferencziana para o trauma causado pela ferida
narcísica provocada pela iminência da morte. Ainda segundo o autor, o psicólogo no contexto
hospitalar, além de lidar com situações de grande sofrimento psíquico, tem também o estatuto de
testemunhar a dor do paciente, o que contribui ao sujeito em sofrimento a produção de sentido para
experiências que são, na maior parte das vezes, disruptivas e traumáticas.
No presente relato foi abordado a expansão da teorização ferencziana, complementada por
referências psicanalíticas contemporâneas, apresentando como foi possível estabelecer os requisitos
essenciais psicanalíticos no setting em questão e descrever o relato acadêmico pautando-se nestas
teorias. O estudo tem como objetivo descrever, por meio de relatos de atendimentos psicológicos de
uma estagiária, cenas da tríade paciente-estagiária-instituição na UTI. Visa-se, dessa forma, oferecer
dados e subsídios para a ampliação do campo psicanalítico no cenário hospitalar, assim como suscitar os
traumas que esse contexto desencadeia, ressaltando a importância de cuidados singulares.

Método

Trata-se de um relato de experiência analítica no âmbito hospitalar, de cunho clínico-


qualitativo que, segundo Turato (2005), aborda especificamente os settings das vivências em saúde
e busca interpretar os significados – de natureza psicológica e social – de sentimentos, ideias e
comportamentos de pacientes, familiares e profissionais da saúde, além de compreender os
múltiplos fenômenos pertinentes ao campo dos problemas da saúde-doença. O empreendimento,
continua Turato, deve ser sustentado por características demarcadoras que consistem em: uma
postura de acolhimento das angústias e ansiedades inerentes do ser humano; uma aproximação
própria de quem habitualmente já trabalha na ajuda terapêutica; e a escuta e a valorização dos
aspectos psicodinâmicos mobilizados, sobretudo na relação afetiva e direta com os sujeitos sob
estudo.
De acordo com Bonadiman e Silva (2011), o relato de experiência “tem objetivo de dizer
sobre um conhecimento obtido com a vivência e, portanto, repleto de impressões pessoais” (p. 125).
Nesse sentido, o pesquisador psicanalítico, inserido em uma situação de transferência, dá um
testemunho de sua investigação a um outro, a uma alteridade com a qual também irá se
“transferenciar”. (Iribarry, 2003). Tendo isso em vista, o aspecto clínico-qualitativo se insere na
perspectiva da pesquisa em psicanálise.
O presente relato é delineado por recortes descritivos de atendimentos psicológicos
realizados por uma estagiária com uma paciente em estado grave hospitalizada na UTI. As
intervenções psicológicas foram efetuadas em atendimentos de aproximadamente 90 minutos,
realizados duas vezes por semana. Todas as intervenções foram asseguradas por supervisões
semanais e monitoramento da psicóloga-chefe da unidade, sendo também respaldadas pelas devidas
disposições éticas. Os recortes foram selecionados a partir de um diário de campo onde foram
descritos todos os atendimentos, supervisões, informações sobre o caso, intervenções e observações.
Sobre a análise de dados, Guimarães e Bento (2008) ressaltam que a escrita da clínica
psicanalítica acontece a posteriori à clínica. Ao escrever sobre o caso, abre-se caminho para
entrarmos no campo da experiência compartilhada no nível de teorização. No presente estudo, os
relatos a posteriori à experiência foram fragmentados em recortes que contextualizaram a tríade
paciente-estagiária-instituição sob a metapsicologia de uma traumatogênese, conceituada por
Ferenczi e Freud. Ressalta-se que outros referenciais psicanalíticos complementares foram
utilizados no aporte teórico deste estudo.

Resultados e discussão

Considerando a extensão da experiência, os resultados serão discutidos a partir de três


enfoques: O 1º tempo do traumático: o sofrimento inédito do adoecimento; O 2º tempo do
traumático: o testemunho da dor; O 3º tempo do traumático: o silenciamento da dor.
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O 1º tempo do traumático: o sofrimento inédito do adoecimento

De acordo com o prontuário da paciente: Maraisa (nome fictício), 21 anos de idade, sexo
feminino, solteira, deu entrada na unidade com quadro de rebaixamento do nível de
consciência, intensa dor abdominal e lombar, início de insuficiência respiratória e hipotonia
muscular generalizada. Em consequência da gravidade, foi submetida a intubação orotraqueal e
acesso venoso central, sendo sedada por períodos indeterminados de tempo. Antes de sua admissão
na UTI, passou onze dias internada numa Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde foi
diagnosticada com suspeita de cálculo renal devido aos sintomas que apresentava (dor na região
abdominal e lombar, náuseas e vômito). No décimo primeiro dia de internação sofreu uma queda no
banheiro, foi encontrada inconsciente e transferida para o hospital em questão. Seu caso foi
direcionado para equipe de psicologia no dia seguinte quando já se iniciaram os atendimentos.
No primeiro contato, encontrava-se com um nível de consciência rebaixado, apresentando
sinais de sonolência e respondendo a estímulos verbais e toques leves. Seguindo o protocolo de
acolhimento psicológico da unidade, foram fornecidas informações pontuais: o nome da estagiária,
sua função, o dia da semana e do mês, o local onde a paciente estava internada e algumas
informações sobre como ela havia chegado ali. Foram realizadas perguntas sobre dor e desconfortos
que ela poderia estar sentindo. Todas os questionamentos foram passíveis de respostas “sim ou
não” gestuais com a cabeça. Não houve verbalização. O contato durou aproximadamente 15
minutos. Além das informações do prontuário, a estagiária suspeitou que a paciente estava com
dificuldades ou até a impossibilitada de verbalizar.
Na semana seguinte, o prontuário de Maraisa foi retomado e tomado notas sobre as
atualizações médicas. A paciente estava sob dieta enteral através de gastrotomia, consequente
de disfagia, e apresentava intensa fraqueza muscular. Constava-se que foram mantidas a
administração de analgésicos e sedativos buscando o alivio da dor e redução de estresse.
Durante a supervisão essas informações foram discutidas e conclui-se a necessidade do estrito
acompanhamento das evoluções médicas para que as estratégias de intervenções psicológicas
pudessem ser planejadas. Foi indicado que os próximos contatos seriam breves devido ao grau
de sedação da paciente e orientado o contato com os familiares para o levantamento de mais
informações. Segundo a assistente social, na casa moravam: a mãe (50 anos), Maraisa (21
anos), as irmãs (uma de 19 anos e a outra de 16 anos) e a sobrinha de 3 anos (filha da irmã
mais nova).
Num segundo contato, a paciente não respondeu aos estímulos verbais e, aparentemente,
estava sedada. Durante o horário de visita houve o primeiro contato com a irmã mais velha e
uma amiga da paciente. Ambas já haviam visitado Maraisa nos dias anteriores e, no relato,
preocupadas, disseram “ela está muito pálida e magra, só come pela sonda e não acorda”.
Sobre as visitas, contaram que a família se revezava devido a “problemas com a casa”, mas
afirmaram veemente que não “abandonariam ela”.
No terceiro contato, a paciente novamente não respondeu aos estímulos verbais. Foi
então aguardado o horário de visita. Próximo as onze da manhã, o pai de Maraisa chegou
sozinho. A estagiária se apresentou e questionado se era sua primeira visita, relatou que já
havia a visitado outras vezes. Contou que não entendia o motivo pelo o qual estava “daquele
jeito tão ruim” já que era tão nova. Disse que os médicos não sabiam o que ela tinha, mas que
confiava neles e que estava ali “esperando mais notícias”. Lamentou não poder visita-la com
mais frequência, pois era “servente de obra” e só conseguia comparecer durante seu horário de
almoço. Ao longo da conversa, citou que era “separado” da esposa (mãe de Maraisa), mas que
mantinha contato com as filhas sempre que possível.
A partir dos achados clínicos e exames laboratoriais da paciente, a equipe médica
confirmou o diagnóstico de porfiria aguda intermitente, uma doença genética rara, autossômica
dominante, decorrente de um distúrbio na via hepática da biossíntese da heme, causado pela
redução dos níveis da enzima porfobilinogênio desaminase (PBG-D). Caracterizada por sinais e
sintomas, geralmente intermitentes, que incluem: dor abdominal, náuseas, vômitos, constipação ou
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diarreia, distensão abdominal, taquicardia, sudorese, tremores, febre, neuropatia periférica,


distúrbios hidroeletrolíticos e psiquiátricos, entre outros (Lopes, Valle, Taguti, Betônico &
Medeiros 2008). A paciente, já em estado grave, apresentava severo acometimento do sistema
nervoso central e seus sintomas coincidiam com os citados pelos autores Lopes et al. (2008), entre
eles a neuropatia periférica que incluía fraqueza e dores musculares em membros superiores e
inferiores e a neuropatia motora dos nervos cranianos ocasionando disfagia e paralisia facial.
O diagnóstico e os contatos iniciais foram imprescindíveis para que a equipe de
psicologia construísse um panorama sobre a rede de apoio da paciente, ou seja, quais eram as
figuras mais próximas de Maraisa para o enfrentamento da doença. A partir das evoluções
médicas, onde constava o tratamento farmacológico e a redução da administração de sedativos,
a equipe concordou que os próximos atendimentos abordariam o “despertar da paciente”. Seria
abordado com Maraisa a descrição do adoecimento, suas consequências físicas e o processo de
hospitalização.
Para começar, de fato, os atendimentos psicológicos, houve antes contato com a equipe
de enfermagem para informações sobre o nível de consciência da paciente e suas
interconsultas. Nesse dia, havia sido realizada a extubação (retirada do tubo orotraqueal) e
gradativamente estavam diminuindo a administração de sedativos. Também foi informado que
no dia seguinte, no mesmo período, a paciente seria examinada pelo fonoaudiólogo e não seria
possível o atendimento psicológico.
A paralisia facial foi a cerne do primeiro atendimento. A paciente, em lágrimas, tentava
– sem sucesso – verbalizar. Os olhos arregalados e os movimentos da boca demonstravam o
pavor e desespero em descrever o que ela estava sentindo. Aparentava estar assustada, em
níveis de ansiedade e medo alarmantes, transbordando o sofrimento psíquico da situação
vivenciada. Na busca por acalma-la foram propostas formas de comunicação, como as
expressões gestuais dos olhos para “sim” e “não” em uma sequência de perguntas sobre seus
desconfortos. Seus gestos denunciavam aflição frente a fraqueza muscular generalizada, as
dores nos membros inferiores e superiores e a angústia psicológica, como se tivesse despertado
num evento traumático.
Freud (1996/1916-1917) descreve o evento traumático como: “uma experiência, que em
curto período de tempo, aporta à mente um acréscimo de estímulo excessivamente poderoso para
ser manejado ou elaborado de maneira normal, e isto só pode resultar em perturbações permanentes
da forma em que essa energia opera”. (p. 25). Nessa concepção, trauma é uma sobrecarga de
excitações não reconhecidas e que liquidam as possibilidades de representações no aparelho
psíquico, inscrevendo-se pela via dos sintomas. Após semanas em níveis de consciência
extremamente rebaixados, a paciente ao “despertar” da sedação, recebeu o choque inicial de
seu adoecimento: uma descarga sobrecarregada de dores físicas e psíquicas. Tendo em vista
essa cena, a família foi orientada sobre a paralisia facial da paciente e que, em consequência,
fizessem perguntas passíveis de “sim” ou “não”. Foram também alertados sobre sua fragilidade
emocional, e que assim, evitassem assuntos que causassem mal-estar ou demandassem esforço.
Na supervisão, as cenas com a paciente, familiares e equipe de enfermagem foram
detalhadas. Ressaltou-se preocupação sobre a angústia da paciente e o intenso sentimento de
impotência, principalmente em relação a comunicação, pois não foi possível compreender os
conteúdos manifestos durante o primeiro atendimento. Foi inferido que a paciente estava
enfrentando um estado de choque decursivo do trauma em “acordar imobilizada, sem voz e
com dores constantes em todos os seus membros”.
Segundo Kupermann (2016), apoiando-se na teoria do trauma de Sándor Ferenczi, no
primeiro tempo do adoecimento traumático temos um sujeito em sofrimento inédito, e geralmente
inesperado, para o qual não dispõe de repertório simbólico capaz de ajudá-lo a promover sentido
para essa experiência de vulnerabilidade – o campo da psicossomática é pródigo ao mostrar como o
corpo se oferece como destino para o padecimento sem nome. É o tempo nomeado como tempo do
indizível. A conjuntura da paciente, naquele momento, era extraordinária e não havia aportes
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simbólicos ou de significantes para descrevê-la. O choque manifestava através dos gestos, e


também dos sintomas.

O 2º tempo do traumático: o testemunho da dor

A partir do choque, inicia-se o segundo tempo do traumático, Kupermann (2016) afiram que
o sujeito adoecido busca testemunhar seu sofrimento na presença sensível de um outro confiável. É
o tempo do testemunho. Atendando-se a isto, a posição da equipe de psicologia seria de amparo e
acolhimento, ou seja, de abrigar e reconhecer a dor da paciente com um olhar consciente sobre as
rupturas tanto do plano físico quanto do social e psicológico. Fisicamente a “falta da voz” impedia
que Maraisa expressasse sua perturbação. Seus laços sociais haviam sido temporariamente
interrompidos e psicologicamente, inundada de angústias que não conseguia compartilhar.
É a partir dessa percepção sensível que surgem margens para o adoecido tentar narrar o
inenarrável: “O paciente deve sentir que o analista compartilha com ele da dor e que também faz de
boa vontade sacrifícios para apaziguá-la” (Ferenczi, 1990/1932, p. 161). Assim funda-se o efeito
terapêutico baseado no reconhecimento e no compartilhar. E este efeito abre um espaço para que as
narrativas literais possam ser acolhidas sem expectativa de coerência ou sistematicidade, abrindo
um espaço no qual circula e aos poucos ganha forma algo que, a princípio, seria incomunicável, por
ser irrepresentável. (Gondar & Antonello, 2016)
Diante da necessidade de uma forma de comunicação alternativa, em parceria com o
fonoaudiólogo responsável pelo caso, foi desenvolvida a Prancheta de Comunicação. Ferramenta
composta pela inscrição do alfabeto numa folha plastificada, uma lousa e um marcador de quadro
branco. O (a) profissional apresentava a folha impressa com o alfabeto e pedia para que a paciente
piscasse ou acessenasse com a cabeça quando seus dedos passassem pela letra escolhida, repetindo
o processo até que uma palavra, e suscetivamente, frases fossem formadas no quadro branco ao
lado.
Apesar de poucas frases, os atendimentos seguintes foram inundados pelo sentimento de
medo. Questionada sobre o que mais lhe angustiava, relatou: “Sinto muita dor, tenho medo de
morrer durante a noite”; “A cada dia pioro mais”; “Sinto dores nas pernas e braços, tenho medo
disso não passar nunca mais”; “Não tenho forças pra lutar”. Exaltava-se a angústia de morte e
aniquilamento consoantes com o contexto ameaçador. Magalhães e Carvalho (2015) afirmam que
nos casos de trauma físico o terror advém das fantasias de morte e do sentimento de impotência
diante da ameaça de aniquilamento.
Em cinco semanas a paciente sofreu grave de perda de peso e tônus musculares,
intensificando a imobilização. Seu estado rapidamente se agravou e foi primordial a elaboração de
uma rede de apoio multiprofissional com requisitos específicos. Por iniciativa da equipe de
psicologia, iniciou-se um novo movimento: orientação de práticas e estratégias de cuidados
emocionais para todos os profissionais atuantes no caso, tendo como requisito principal a
compreensão do manejo da Prancheta de Comunicação. Assim como, a conscientização sobre o
evento traumático ao qual a paciente estava submersa.
Buscando proporcionar segurança e diminuir a sensação de desamparo e medo, o enfoque
dos atendimentos seguintes foi detalhar procedimentos médicos e o funcionamento de aparelhos.
Em meio aos diálogos, foi relatado: “Não estou melhorando, tenho medo de morrer”; “Estou do
mesmo jeito”; “Eles passam o dia me picando”; “Não aguento mais”; “Quero ir embora; “Não
entendem nada”; “Continuo sentindo dor”; “Não quero ficar calma”; “Odeio isso”. A paciente
demonstrou recorrentes expressões de descontentamentos, como suas “viradas de olhos” ao não ser
compreendida e recusas de procedimentos médicos. Em contrapartida, a equipe de enfermagem e
médica expressou incômodos com frases como: “Ela não ajuda as vezes”; “Precisa colaborar”.
O movimento de orientações, apesar de caminhar no sentido de aproximação, culminou
numa resistência da equipe multiprofissional. Frases como: “Aqui tudo funciona muito rápido”;
“Ela já está medicada para dor”, sinalizavam o desconforto provocado pela presença da equipe de
psicologia, engajada em garantir vestígios da autonomia da paciente. A visita da subjetividade era
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barrada por domínios discursivos médicos e hierárquicos. A divergência entre equipes


desestabilizou a concepção de apoio almejada e desfalcou o amparo da instituição à paciente.
Numa dinâmica consolidada em regras e reduções de danos a paciente foi despida muito
além de sua personilidade e autonomia, mas também de suas vontades, de desprazes ou
descontetamentos. Sobre isso, Santos (2008) observa que para a manutenção do emudecimento que
a organização hospitalar exige dos seus pacientes, por fixá-los em uma posição de silêncio absoluto
enquanto ainda podem falar, evita-se, o mal-estar que a escuta pode produzir. Ou seja, o hospital
visa a banir dos seus domínios toda e qualquer manifestação de subjetividade. Não se trata aqui
julgar atuações profissionais, mas enfatizar que a atuação da psicologia numa unidade de
tratamentos intensivos repercurtiu nesses paradigmas, representando o que Freud, pontuado por
Almeida & Silva (2015), vislumbrava: no futuro, a psicanálise adentraria as instituições, levando
seus benefícios a um maior número de pessoa
Em contrapartida, houve profissionais que correlacionaram estratégias multidisciplinares e
acataram às orientações. A equipe de serviço social demonstrou comprometimento e flexibilidade
para o trabalho em conjunto. Através dessa parceria, foi possível efetuar um atendimento lúdico
com a paciente. Foram selecionadas músicas solicitadas pela própria e salvos seus videoclipes num
aparelho celular conectado a uma caixa de som. A partir do play, em instantes, a unidade foi tomada
por um profundo estado de mobilização e os profissionais ali presentes foram inundados por
lágrimas de uma emoção compartilhada.
No atendimento seguinte, a paciente pediu que fosse feita a leitura de alguns salmos
marcados por post-its numa bíblia. Dois salmos específicos chamaram atenção, o 23:4 “Ainda que eu
andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me
consolam” e o 46:1 “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem-presente na angústia”.
Questionada sobre seus significados, respondeu emocionada: “Foi a única coisa que me restou”;
“Me faz bem quando alguém lê eles”. Relatos como este denunciavam seu desamparo.
As limitações, que o adoecimento e o molde institucional hospitalar estabeleciam, abalou
emocionalmente a equipe. O prognóstico hostil da paciente já era esperado. Buscou-se atuar no
cuidado, que foi a contrapartida na situação potencialmente traumática deste adoecimento. Houve o
atrevimento de denominar a equipe de psicologia como equipe de “sustentação da dor”. Tarefa
árdua e perpassada por sentimento de impotência, que colocou “em xeque” a posição de testemunho
do sofrimento.

O 3º tempo do traumático: o silenciamento da dor

Nos atendimentos seguintes, surgiram relatos de episódios de insônia. A paciente passava


grande parte da noite em alerta por “medo passar mal durante a noite e falecer sozinha”. O medo se
estendia para as questões familiares: “Quem vai cuidar da minha sobrinha? Não me despedi dela”.
O pavor de não se despedir ou deixar alguma pendência circundavam suas frases: “Pede para meu
pai vir, eu amo ele, fala isso”. A família, ainda que vulnerável socioeconomicamente, se empenhou
em manter as visitas. Apesar de reconhecerem o quadro gravíssimo de Maraisa, não compreendiam
suas consequências.
Retomando Kupermann (2016) o terceiro tempo traumático é aquele que ocorre quando este
outro não está disponível para escutar ou testemunhar o sofrimento do adoecido, porque é remetido,
ele mesmo (o outro), a um estado de impotência tão angustiante que transforma o indizível da dor
em inaudível. De fato, o silêncio do outro frente ao sofrimento do doente é traumatizante por
inviabilizar o compartilhamento afetivo capaz de promover sentido às experiências vividas pelo
sujeito em estado de sofrimento.
Ao completar sete semanas de tratamentos intensivos, a equipe médica concluiu que não
havia procedimentos médicos e farmacológicos (além dos já administrados) a serem inclusos.
Sugeriu-se cuidados paliativos. A partir dessa notícia, foram nítidas as expressões de decepção e
angústia causadas pela impotência. Afinal, como lidar com a morte quando essa já se avista no
horizonte? Eis o trauma, o choque, a descarga do irreconhecível – daquilo que ninguém conhecia no
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corpo – o chegar da morte. As esquipes foram tomadas pelo enternecimento, corroborando com o
que Moreno e Júnior (2012) afirmam: frente ao desamparo psíquico, o psiquismo se inunda em
comoção, interrompendo assim o processo de introjeção.
No atendimento em que os próximos passos do tratamento foram apresentados, a paciente
num ato de compaixão, relatou que notou no tom de voz e nas expressões dos profissionais “a
tristeza por não terem conseguido lhe fazer ficar melhor”, disse: “Os médicos já não se reúnem com
animo em volta de mim”. Frases como: “Não tem mais o que fazer”; “Eu estou pronta pra ir”; “Não
quero viver assim”; “Ninguém tem culpa”; “Eu sei que quero ir”; revelavam o cansaço da paciente
frente à luta diária contra os sintomas e traumas incisivos do seu adoecimento.
Nesse mesmo dia, a equipe se reuniu com os familiares e explicaram o funcionamento dos
cuidados paliativos, denotando que naquele estágio do adoecimento, os objetivos eram: minimizar
qualquer tipo de sofrimento, proporcionar o alívio da dor e garantir a potencialização das
habilidades funcionais remanescentes, buscando dignidade, para que ela pudesse, no seu tempo, se
preparar para o fim da vida. O diálogo foi respaldado na definição da Organização Mundial de
Saúde – OMS, revista em 2002, em que o cuidado Paliativo é uma abordagem que promove a
qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a
continuidade da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce,
avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual.
Durante a reunião, familiares e amigos da paciente, através de frases como: “Ela é forte, com
certeza vai se recuperar”; “Ela é nova, vai sair dessa sim”; “Entregamos para Deus, ele sabe o que
fazer”; “Temos fé que ela vai conseguir”, demonstraram a recusa dos fatos e os vestígios de
esperança. Essas recusas, junto ao contexto descrito, retrataram o que Kuppermann (2016),
reescrevendo postulados de Ferenczi, afirma: o trauma se constituiria, efetivamente, em um terceiro
tempo no qual, ao invés de encontrar uma presença sensível capaz de testemunhar seu sofrimento, o
sujeito encontra a indiferença.
A paciente, já bastante debilitada, fazia seus últimos relatos. Em um deles, a paciente disse
que percebia “os olhares tristes” e que gostaria de tranquilizar a todos, pois considerava que esteve
entre “amigos que tentaram ajudar”. A agradeceu com as seguintes palavras: “Obrigada por tudo”.
Expandindo esse recorte para a clínica ferencziana, encontramos a seguinte afirmação de Ferenczi
(2011/1993): é fato que os pacientes percebem as vontades, as tendências, os humores, as simpatias
e antipatias do analista, mesmo quando ele próprio está inconsciente deles. E, dessa forma, ao invés
de contradizê-lo, os pacientes se identificam com ele. Era fato que as dores da paciente foram
compartilhadas e também vivenciadas pela equipe, e foi através dessa relação de trocas que o
vínculo de testemunho foi estabelecido.
Concomitante ao tempo de hospitalização da paciente, também estacionava o ciclo de
estágio da psicologia. Na oitava semana de hospitalização iniciou-se a transição do caso de Maraisa
para a psicóloga-chefe do setor, que acompanhou o caso desde o início. Em tom de despedida, foi
dada a notícia da transição e seus motivos. A paciente, visivelmente emocionada, relatou: “Você me
ajudou muito”; “Vou sentir falta”; “Pode vim me ver”; “Fica tranquila”. Na última semana de
atendimentos, a paciente se encontrava sedada, respondendo apenas a estímulos verbais repetidos,
abrindo e fechando os olhos. De acordo com informações do prontuário, houve agravos em seu
quadro clínico e foi necessário a administração de analgésicos e sedativos.
O recorte, dos últimos atendimentos, remete ao que Kluber-Ross (1969) relata sobre uma de
suas pacientes moribundas: foi preciso permanecer fechada em copas, protegida dos afetos
perturbadores decorrentes da constatação da terminalidade, como os olhos que se fecham,
defensivamente, ao se voltarem diretamente para a luz do sol. A última supervisão, após a transição
do caso, foi norteada pelo termo incompletude. A equipe de psicologia refletiu, dialogou e concluiu
que, apesar de todas as tecnologias e equipes estarem preparadas para salvar vidas, o que
transbordou (numa linguagem psicanalítica) durante os atendimentos psicológicos e supervisões, foi
o incomodo da insuficiência, simbolizado pela finitude dos métodos e também da vida. Após 4
semanas, depois de encerrado o estágio, a equipe recebeu a notícia que Maraisa havia sofrido uma
parada cardiorrespiratória que a levou ao falecimento.
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Considerações finais

Este caso foi selecionado como rol de recortes para a construção do presente relato devido a
sua singularidade. O cenário é constituído por traumas ocasionados por um grave adoecimento
culminante na morte de uma jovem. Nas cenas transitam profissionais e estagiárias de psicologia
que se encontram e desencontram quanto a preceitos teórico-práticos. No presente estudo, foram
descritos desafios de um estágio em psicologia hospitalar e o vislumbre teórico-prático freudiano e
ferencziano sobre o conceito trauma. A experiência e suas reflexões concluem e mostram que é
possível a expansão das clínicas psicanalíticas a outras tramas, nesse caso, a trama hospitalar.
Destaca-se: em decorrência do adoecimento, nenhuma palavra foi efetivamente verbalizada
pela paciente, sendo assim, o relato autentica possibilidades de comunicação alternativas quando há
o reconhecimento de singularidades. Para que o paciente se sinta amparado é preciso articulações e
comunicação entre as equipes. Cada núcleo profissional apresenta potencialidades práticas e
teóricas sobre as mais diversas consequências de adoecimentos. Caminhando junto a essa
consciência, a equipe de psicologia atua preparada para lidar com as formas de resistências
hierárquicas e limitantes que a estrutura institucional hospitalar apresenta.
A experiência foi permeada por trocas entre a equipe, que culminaram em sentimentos,
sensações e emoções compartilhadas durante as supervisões de estágio. Tendo isso em vista,
ressalta-se a importância das leituras orientadas, do treinamento e do espaço de confiança
assegurado pelas supervisoras. Foi através de palavras e de observações que o funcionamento
psíquico individual e coletivo, sob as pressões traumáticas, puderam ser vislumbrados.
Apesar de todos os estigmas contextuais, as dificuldades de comunicação e a escolha de
métodos psicanalíticos para além das paredes do consultório, foi possível interpretar e transcrever
alguns sintomas e processos da traumatogênese. Espera-se que relatos como este continue
encorajando o desbravamento de novos contextos junto a teorias e práticas psicanalíticas.

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