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Laurann Dohner – Novas Espécies 14 & 15

Numbers
Histórias 14 e 15 na Nova série de Espécie. É aconselhável ler os livros

em ordem a fim de ter mais prazer com a série.

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Dana está visitando Homeland quando conhece um Nova Espécie que puxa suas fibras
sensíveis. Sendo viúva, ela conhece de primeira-mão a dor que está sofrendo depois de perder seu
companheiro.

Mourn não está tão seguro de que falar com uma mulher humana o ajudará a se curar,
mas ele a deseja. É possível que ela possa chegar a se converter em sua nova razão para viver.

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Capítulo Um

— Não posso acreditar que conseguiu viver aqui. — Sussurrou Dana, com medo de ser
ouvida por descuido no Centro Médico.

Seu irmão Paul sorriu.

— Os Novas Espécies realmente são geniais. Fico feliz de que tenha decidido aceitar esta
excursão para nos visitar durante uns dias. Acho que minha esposa estava um pouco nostálgica.

— Talvez devesse voltar este ano para o Natal. Desta forma Becky conseguirá passar um
tempo com todos nós e será uma lembrança do porquê vocês, garotos, se mudaram para a
Califórnia.

Paul riu entre dentes.

— Mamãe ainda está te deixando louca?

Seu bom humor fugiu.

— Ela me colocou em uma armadilha com seu quiropata, seu farmacêutico e... espere para
ouvir isto... com seu ginecologista. Falando sobre algo embaraçoso. — Rodou os olhos. — Como se
alguma vez quisesse estar casada com um homem que olha partes femininas durante todo o dia.
Me daria medo perguntar como foi seu dia. Realmente não quero ouvir alguma história nojenta
durante o jantar. Imagina? — Aprofundou a voz. — Foi o pior caso de piolhos no púbis da história.
Havia tantos que tive que usar uma rede para prendê-los.

Paul se dobrou em um ataque de risada.

— É horrível.

Forçou um sorriso.

— Nem sequer comecei sobre o erro de saber que ele viu os joelhos de nossa mãe abertos
enquanto ela estava nua. Pode-se dizer ewwwww?

Ele ficou sério.

— Isto não é divertido. Tinha que ir por aí?

— Isso é quase exatamente o que disse à nossa mãe quando me falou que havia feito seus
exames recentemente.

Observou-a cuidadosamente. Conhecia esse olhar.

— Estou bem. Não faça isso. É um enfermeiro, não um leitor de mentes.

— Está saindo escondido com alguém que mamãe não aprovaria?

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— Não.

Ela deu a volta, olhando o interior de uma das salas abertas.

— Isto é muito mais acolhedor que um hospital. Gosto das cores suaves da parede e a
roupa de cama agradável. É muito elegante para uma pequena clínica. Tem um toque caseiro.

— Dana?

Ela deu a volta e virou-se para ele. Caminharam pelo corredor da recepção.

— Já se passou dois anos. Devo seguir adiante com minha vida. É como andar de bicicleta.
Apenas conseguir entrar novamente no ciclo de encontros e dar uma volta. — Fez uma pausa. —
Perdi algum conselho que estava a ponto de dar? Talvez pudesse rebaixar-se o suficiente para me
dizer que Tommy queria que fosse feliz encontrando outra pessoa? Odiaria isto mais que outra
coisa. Isto teria te irritado, que algum tipo houvesse olhado para mim.

— Não ia dizer nada disso. Me preocupo com você. É meu trabalho.

— É o melhor irmão mais velho que já tive, mas estou bem. Passaram-se dois anos. O
tempo cura tudo.

Queria que fosse certo, mas nem sempre era tão fácil quanto falar. Realmente não queria
que Paul se preocupasse.

— Tenho um vibrador, uma almofada corporal e uma manta térmica. Estou bem.

Ele empalideceu.

— Foi ali.

— Vou fazer um trato contigo. Não vou compartilhar coisas excessivas como estas se deixar
de escavar em minha vida pessoal.

Estendeu a mão.

— Apenas se prometer que ligará com frequência.

— Feito.

— Quer ver as salas cirúrgicas? Temos duas.

— Não. Não é totalmente a minha praia0. Deixei a escola de enfermaria por uma razão.
Alguns equipamentos deveriam ser destacados em filmes de terror.

Deixou ir. Seus olhos se estreitaram e ela lamentou suas palavras. Ambos sabiam
realmente porque mudou de carreira. Todo o tempo que passou em hospitais lhe deixou irritada
com eles. Lembrava-a do sofrimento de Tommy. Ela decidiu dizer algo rápido.

— Porque precisam de salas cirúrgicas em uma clínica?

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Ele endureceu seus traços.

— Em caso de emergências. Estamos a quinze minutos de uma unidade de trauma.

Foi sua vez de observá-lo.

— Entendo. Este é um dos temas que não está autorizado a falar, certo? Para proteger os
Novas Espécies?

— Está um bonito dia hoje, não? — Ele sorriu.

— Mensagem recebida. Tenho uma pergunta que precisa responder, no entanto.

— O que?

— Gosta deles? São tão agradáveis e amáveis como parecem na televisão?

— São diferentes, mas de excelentes maneiras. Têm meu respeito e sim, realmente gosto
deles. Não iria querer viver em outro lugar.

— Bom o suficiente. Vou deixar de ser curiosa. Será melhor voltarmos até sua esposa antes
que pense que nos perdemos. Tenho muita vontade de...

Uma buzina de carro a todo volume interrompeu suas palavras. Deu a volta, olhando o jipe
chegar a uma parte da rua, parando junto à calçada. Dois enormes Novas Espécies saltaram da
frente e levantaram um terceiro da parte de trás. Seu irmão se agarrou ao balcão que o separava
das portas dianteiras e saltou por cima dele.

O homem que levavam para dentro sangrava de uma perna, o braço e a testa. Parecia estar
inconsciente, dado que tinha os olhos fechados e estava caído entres os dois Novas Espécies
enquanto corriam para dentro da clínica. Paul se reuniu com eles ali.

— Ao final do corredor, primeira sala! — Gritou seu irmão.

Conectou um botão perto das portas dianteiras e soou um alarme. Paul correu atrás do
paciente lesionado e duas portas ao longo da imensa parede posterior se abriram com um golpe.

Dana viu um humano, apressando-se atrás delas e segundos mais tarde se abriram
novamente. Uma alta mulher Nova Espécie acelerou adiante dela sem olhar. Isto deixou Dana
sozinha. Não tinha certeza sobre o que fazer.

Debateu durante alguns segundos antes de segui-los. O homem ferido parecia mal e havia
apenas três pessoas para atendê-lo, além dos dois homens que o levaram. Ela caminhou pelo
corredor e entrou na sala de exame.

Paul cortou a calça ensanguentada da perna do indivíduo abrindo-as. A mulher Espécie, de


cabelo escuro, lhe colocou uma intravenosa e o humano, supunha que fosse um médico, colocou a
lanterninha nos olhos do paciente depois de abrir as pálpebras.

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— O que aconteceu? — Perguntou o médico.

Os dois Nova Espécies que trouxeram o homem permaneciam contra a parede, mantendo-
se fora do caminho.

— Escolheu outra briga e terminou caindo da sacada. Caiu do segundo andar, mas sobre a
grama. Foi a árvore que amorteceu seu caminho para baixo, ela causou a maior parte dos danos.
— Murmurou um deles.

— Maldição! — Grunhiu a mulher Nova Espécie.

— A perna não parece quebrada. — Murmurou Paul. — Apenas uma laceração profunda.

— Pode ter batido a cabeça em um galho ou dois durante a queda. — Acrescentou outro
Nova Espécie. — Nós o encontramos debaixo da árvore.

Paul virou a cabeça e viu Dana.

— Traga seu traseiro aqui e aplique pressão nisto.

Ela vacilou.

— Onde estão as luvas?

— Segunda gaveta à direita. — Respondeu. — Mas eles não têm nenhuma doença no
sangue e podem combater infecções facilmente.

Depois de colocar as luvas, colocou a mão sobre o corte. Paul rasgou a manga para
examinar o braço. Dana levantou os olhos e encontrou o médico franzindo o cenho para ela.

— É minha irmã. — Informou Paul. — Dana, eu te apresento o Dr. Harris e Midnight. Os


dois junto à parede são Snow e Book.

— Ela não pode ficar aqui. — Protestou o Dr. Harris.

— Ela é boa nisso. Fez um ano de enfermagem. Também tem um curso de cuidados
médicos em domicílio. Não vai desmaiar ao ver um pouco de sangue. O braço não parece
quebrado, mas precisará de alguns pontos.

Midnight girou para a porta.

— Vou trazer a máquina de raios-X portátil para sua cabeça.

O médico examinou o crânio do paciente, sondando, provavelmente comprovando as


fraturas e lacerações.

— Está bem, Midnight. Este filho da puta é muito cabeça dura. Provavelmente tem outra
concussão cerebral, mas vamos fazer uma tomografia computadorizada apenas para ter certeza.
Vamos tratar primeiro os problemas que vemos neste momento.

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Midnight tirou uma bolsa de soro do armário. Ela grunhiu, um som aterrador.

— Com quem lutou desta vez?

— Com Darkness. Bastardo suicida. — Murmurou Snow.

— Não vou perguntar se Darkness está bem, então.

O Dr. Harris suspirou.

— Surpreende que não o tenha trazido.

— Ele ficará bem.

— Genial.

Midnight se afastou depois de colocar a intravenosa e desligou o estridente alarme.

— Isto é justo o que precisamos. Vai ficar irritado. Por favor, diga para não se irritar. Vocês
dois podem ir.

Snow e Book disparam olhares curiosos para Dana. Forçou um sorriso, mas não falaram
com ela diretamente antes de deixar a sala. Dr. Harris mudou de posição com Paul.

— Deixe-me ver seu braço.

— Vou pegar um kit de sutura. — Paul abriu uma gaveta.

Midnight captou o olhar de Dana.

— Você é irmã de Paul?

— Sim.

Tentou não olhá-la fixamente. Esta mulher Nova Espécie era a primeira que via de perto
desde que chegou. Era bonita, com o cabelo longo e escuro.

— Estou visitando-o e Becky neste final de semana. Não quiseram ir até em casa, então eu
vim aqui vê-lo.

— Bem vinda à Homeland. — Ela se aproximou mais. — Deixe-me substituí-la. Este é


Mourn.

Olhou para o paciente e logo para Dana.

— É um encrenqueiro. Vem aqui a cada poucas semanas. Não se alarme.

Dana liberou o corte na panturrilha e retrocedeu, fazendo o que lhe disse. Lançou as luvas
usadas no lixo e se assegurou que o sangue não tocasse sua pele. Deu a volta e se manteve fora do
caminho enquanto trabalhavam no paciente. Mourn precisou de seis pontos no antebraço, mas
sua perna simplesmente precisava ser limpa.

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— Devo amarrá-lo antes que acorde? Já sabe que simplesmente vai se levantar e sair da
mesma forma que fez da última vez. — Paul olhou para o médico.

— Sim. Não gosto de fazê-lo, mas Snow tem um ponto. Ele é suicida.

— Por quê?

Dana lamentou perguntar assim que três pares de olhos giraram para ela.

— Desculpe. — Disse. — Não é assunto meu.

— Sua companheira morreu.

Midnight ajudava Paul a usar grossas restrições acolchoadas para segurar os braços e
pernas do paciente na cama de hospital. Inclusive envolveram algumas sobre o peito e as coxas
para mantê-lo no lugar.

— Ajudou trabalhar nele. Eu também teria curiosidade. Provoca brigas com outros machos,
esperando que um deles o mate. Nós não tiramos nossas vidas da forma como os humanos fazem.
É uma questão de orgulho.

Dana ficou olhando o paciente, realmente lançando um bom olhar para seu corpo. Era
felino. A forma de seus olhos era um claro indicativo. Seu cabelo negro era muito curto. Tinha os
traços masculinos que todos os Novas Espécies possuíam. Sua estrutura óssea era mais densa que
a de um ser humano normal. Era bonito, apesar da fenda em sua testa. Midnight limpou o sangue
e se afastou dele.

Isto puxou uma fibra sensível de Dana, ouvir que ele perder a mulher que amava. Sabia o
que implicava o termo “companheira” graças a algumas coisas que Paul se sentiu livre para contar.
Alguns Novas Espécies estavam casados, mas eles chamavam companheira suas esposas. Não
requeriam uma cerimônia, mas simplesmente podiam compartilhar uma promessa de
compromisso, assinar documentos legais e fazê-lo oficial.

— Temos tudo sob controle, Paul.

Dr. Harris olhou em sua direção.

— Deve levar sua irmã de volta para casa.

Seu irmão vacilou.

— Tem certeza? Eu poderia passar aqui umas quantas horas. Sei que os dois queriam sair
para almoçar em vez de comer no escritório. Poderia ter alguém escoltando minha irmã para casa.

— Nós dois ficamos. — Disse Dana rapidamente.

Paul franziu o cenho, olhou para Mourn e depois para ela. Seus olhos se estreitaram.

— Quer falar com ele quando recupere a consciência, verdade?

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Não tinha sentido negar a acusação de modo que encolheu os ombros.

— Não acho que seja uma boa ideia. — Respondeu Dr. Harris. — Ele não gosta de
estranhos. Sua irmã poderia conversar com outros Espécies se está curiosa sobre eles.

— Vai ser grosseiro. — Disse Midnight.

Paul secou as mãos.

— Midnight disse que Mourn perdeu sua companheira.

Ele vacilou, segurando o olhar de Dana. Percebeu que deixou de falar porque não tinha
certeza se ela queria que qualquer coisa sobre sua vida fosse revelada. Virou-se para Midnight.

— Meu marido morreu de câncer há dois anos. Namoramos desde a adolescência e foi
devastador...

Engoliu o nó que se formou em sua garganta.

— Disse que Mourn é um suicida. Identifico-me com isso.

— Dana...

— Antes me sentia desta forma. — Corrigiu, atrevendo-se a olhar para seu irmão. Odiava
ver sua expressão de dor. — É útil conversar com outras pessoas que compartilharam a mesma
perda. Poderia ser capaz de ajudá-lo.

— Não. — Dr. Harris passou pela cama. — Não acho que seja uma boa ideia.

— Eu concordo. — Disse Paul.

Midnight pareceu olhar diretamente para a alma de Dana durante longos segundos.

— Tem um novo macho em sua vida?

— Não.

— Pode ficar.

— O que? — Dr. Harris agarrou o braço de Midnight. — Acho que é uma má ideia. Já sabe
como Mourn fica. É uma forasteira. O que acontecerá se falar com alguém sobre ele? Já ouviu
demais. Imagina o que a imprensa iria fazer com esta história?

— Não vou repetir nada. — Prometeu Dana. — Frequentei grupos de apoio emocional
depois da morte de Tommy. É como o AA. O que foi dito nesta sala fica nesta sala. Jamais disse a
ninguém onde trabalha Paul, nem sequer lá. A maioria de nossa família e todos nossos amigos
acredita que está no exterior com algum grupo sem fins lucrativos de assistência médica gratuita
aos pobres. Colocaria nossa família em perigo se alguém que odeia a ONE nos apontar como
objetivo para se vingar de Paul por trabalhar aqui. Pode confiar em mim.

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Dr. Harris não parecia feliz. — Mourn é desagradável em seus melhores dias. Ele é
perigoso.

— Estou disposta a correr o risco.

Dana nem sequer precisava pensar nisso.

— Maldição. Odeio quando tem este olhar decidido, irmãzinha. Não vai deixar isto de lado,
verdade?

Dana negou com a cabeça. — Disse que já fez isto antes. Que dano poderia causar por falar
com ele?

Paul olhou sombriamente para o Dr. Harris. — Ela é teimosa como uma merda. Teríamos
que arrastá-la daqui agora. Mourn não atacará minha irmã. — Paul não soava tão seguro, no
entanto. — Está preso e estarei aqui.

— Deixe que a fêmea fale com Mourn. — Midnight segurou a mão do médico. — Não
fomos capazes de fazer muito por ele. Ela é uma fêmea e quer passar tempo com ele. Ambos
compartilham a perda de seus companheiros. Que dano poderia causar? Concordo com Paul. Não
vai brigar com ela.

— Acho que deveríamos informar isto a ONE primeiro.

Dr. Harris tentou chegar ao telefone na mesa, mas Midnight puxou-o para trás.

— Sou uma Espécie e disse que está bem. Não precisamos ter uma reunião para isto.
Vamos almoçar como tínhamos planejado.

Midnight lhe agarrou a mão e puxou-o pela porta.

— Sei o que está fazendo Midnight. É uma má ideia.

Dr. Harris fincou os pés, mas a mulher apenas lhe deu um puxão mais forte, o que o
obrigou a segui-la. Ao sair da sala, Midnight riu e disse. — Ela é linda.

— Maldição. — Murmurou Paul depois que o casal saiu.

— O que? — Dana o olhou procurando uma explicação.

— Ela está esperando que você e Mourn sejam bons amigos. Permita-me chamar um dos
Espécies para levá-la de volta para minha casa. Ficarei até que voltem ao Centro Médico para que
alguém esteja aqui com Mourn quando acordar.

Dana se sentou na única cadeira.

— Vá fazer o que seja que faz. Estou bem aqui.

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— Ouviu? Midnight pensa que é linda o suficiente para que Mourn se interesse por você
como mulher.

— Ouvi. Perdeu sua esposa. Acredite quando digo que não vai acontecer. Obviamente, ele
a amava muito. O último que irá querer é sair com alguém. Receba-o de alguém que sabe.

Paul lançou um olhar para o paciente inconsciente e logo para ela.

— Os Novas Espécies não têm encontros. Não me importaria caso se envolvesse com um,
já que assim teria que viver aqui, mas não precisamente este, irmãzinha. Este está totalmente
fodido.

— Não é por isso que quero falar com ele. Não estou procurando uma pessoa tampouco.
Isto poderia lhe ajudar de alguma forma. É tudo.

Paul se apoiou no gabinete.

— Por isso ainda está sozinha? Nunca se sente sozinha?

— Vou aos encontros que mamãe organiza.

— Nós dois sabemos que estes não contam. Apenas o faz para tirá-la de cima de você e
para que não te assedie.

— Certo. Devo dizer que tentei, mas não houve faísca. Ela não pode me culpar por isto.

— Mas, não se sente sozinha?

Ele insistiu no tema. Decidiu ser sincera.

— Todo o tempo, mas logo penso em Tommy e o que tínhamos. Crescemos juntos. Quem
vai me amar como ele o fez? Ouvi todas as histórias de horror sobre encontros dos meus amigos
solteiros. Não, obrigada. Os homens jogam, enganam. Aqueles que conheci simplesmente não se
encaixavam comigo.

— Há bons homens por aí. Sou uma prova disso. — Ele sorriu. — Não precisei sair com
Becky desde o sétimo ano para ser um bom marido. Nos conhecemos muito mais tarde e sou
quase dez anos mais velho que ela. Adoro o chão que pisa.

— Eu sei. Um dia estarei pronta, mas ainda não.

— Disse isto para nossa mãe?

— Ela acha que estou desperdiçando minha vida por estar sozinha e sabe que quer netos.
Já se deu por vencida com você e Becky.

Paul começou a rir.

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— Soa como mamãe. Ficou muito decepcionada quando me uni ao exército em lugar de
trabalhar com papai. Costumava jogar as filhas de todos para mim depois que me formei no
ensino médio. Foi parte da razão pela qual queria ir embora. Ela sempre quis ter um terceiro filho
e acho que imaginou que um neto seria tão bom quanto.

Dana encolheu os ombros.

— É insistente. Ninguém pode negar isto. Piorou muito depois que papai morreu e ela vive
sozinha. Me pediu para morar com ela ou que ela vivesse comigo. — Fez uma careta. — Iria me
sufocar. Parte disso é culpa minha. Estive realmente mal depois que Tommy morreu, assim que
não lutei contra ela tanto como deveria fazê-lo quando assumiu o controle de alguns aspectos de
minha vida. Simplesmente não tinha forças ou vontade. É muito pior do que era quando éramos
crianças.

— Eu sei. Não podia esperar para sair dali por minha conta. Ela nos ama. Não se pode
negar isto, mas no manipula. Ficaria louco.

— Pelo menos conseguiu se afastar dela. Invejava isto enquanto estava viajando pelo
mundo. Ela tinha um ataque cada vez que mesmo tirava férias. Deveria tê-la ouvido falar quando
disse que tinha a intenção de visitá-lo. É apenas um final de semana, mas começou a chamar
atenção para me fazer sentir culpada sobre o que poderia acontecer com ela se a deixasse sozinha
por alguns dias. — Disse. — Como se fosse uma delicada flor.

— Não foi tão bom assim o alistamento. Por isso que saí e agora trabalho aqui. Sem
mencionar que, uma vez que conheci Becky, não queria que ela ficasse se preocupando comigo ou
em ter que deixá-la por meses quase sempre. Seguro como o inferno que não queria viver perto
da mamãe. Teria nos deixado loucos.

Ela o observou.

— Alguma fez se arrepende de não ser médico?

— Não. Gosto de ser enfermeiro. Menos estressante.

Ela assentiu.

— Entendo isto.

— Há alguém aqui?

A voz masculina chegou de algum lugar do corredor. Paul se afastou do armário.

— Fique quieta e grite se Mourn acordar.

— Certo. — Concordou.

Paul saiu correndo da sala e ela voltou sua atenção para o paciente, ainda na cama. O
tempo passou enquanto olhava seu peito subir e descer. Seu olhar viajou sobre ele, tomando nota

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de que seus braços mudaram de posição e as restrições pareciam tensas. Sentou-se um pouco
mais reta.

— Sou Dana a irmã de Paul. Estamos sozinhos, assim pode deixar de fingir que ainda está
fora de combate.

Seus olhos se abriram de golpe e virou a cabeça no travesseiro. Ela se surpreendeu com a
cor de seus olhos... azul rodeado por pupilas negras, mas a íris era de um amarelo envelhecido,
lembrando-a das folhas de outono em um dia mais brilhante. Eram surpreendentes e surrealistas,
e tinha certeza de que não eram lentes de contato.

Ficou em pé, mas se manteve com as mãos para trás.

— Olá.

— Me solte.

Tinha uma voz profunda, rouca.

— Sabe que não posso fazer isso. Seu médico colocou as restrições por alguma razão. Ouvi
que começou uma briga com alguém.

Ele olhou para o outro lado e puxou bruscamente as restrições. Não se soltaram, mas ela
ouviu um pequeno movimento do velcro. O braço com a manga da camiseta rasgada revelou
grossos e grandes músculos agrupados. Estava em forma, lembrando-a dos fisiculturistas que
frequentemente treinavam na academia. Decidiu distraí-lo, pois parecia forte o bastante para se
soltar se continuasse assim.

— É Mourn, verdade? É seu nome?

Ele grunhiu. Um som inquietante. Tentou mover as pernas de lado pela cama. Uma das
grades gemeu. Ela se adiantou e agarrou o metal para puxar na direção oposta em caso de se
romper.

— Pare.

Ele a olhou e seus lábios carnudos se afastaram para revelar alguns dentes afiados.

— Não recebo ordens de você, humana.

Se olhares matassem...

Empurrou este pensamento de lado, no entanto.

— Não. Você simplesmente escolhe brigar com outros Espécies. Meu nome é Dana. Pode
usá-lo. Sou irmã de Paul, se não me ouviu na primeira vez.

— Me deixe ir e não irei te machucar.

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Ela não tinha medo.

— Parece horrível preso a esta cama, coberto de hematomas e cortes. — Forçou um


sorriso. — Ficaria decepcionado se achasse que não poderia causar mais dano. Você me golpeia,
eu caio e fico ali. Qual seria o ponto?

Com surpresa ele abriu os olhos e ficou imóvel.

— Ajuda quando consegue ser derrotado por alguns hematomas? Esta foi a impressão que
me deu.

Ele não disse nada, limitou-se a olhá-la.

— É uma pergunta válida, mas nunca tentou isto. Não gosto da dor. Tenho muito dela
dentro de mim, assim que não preciso de lesões físicas.

— É psiquiatra? — Ele franziu os lábios com desgosto.

— Não. No entanto temos algo em comum. Ambos experimentamos a perda de alguém a


quem amávamos profundamente.

Virou a cabeça, olhando para a porta.

— Não quero falar com você. Fora.

Ela se moveu para sua linha de visão para olhar naqueles incríveis olhos.

— Quanto tempo se passou desde que perdeu sua companheira?

Lembrou o termo usado pelos Novas Espécies. Ele não respondeu.

— Perdi o meu há dois anos. Sabe o que mais odeio? É quando durmo. Sonho que ele ainda
está comigo, mas logo acordo e tenho que enfrentar a realidade de seu lado vazio na cama.

Seus lábios se apertaram em uma linha. Ela esperou para ver se dizia algo, mas passou uns
minutos enquanto se olhavam.

— Estou visitando Paul e Becky durante uns dias, se mudar de opinião sobre conversar
comigo. Não vou empurrar com mais força, mas ajuda falar com alguém que entende a perda. Não
acreditava no início, quando as pessoas me diziam isto, mas estava errada. Provavelmente tentou
de tudo assim que, o que tem a perder?

Ela deu a volta e deu uns passos para a porta.

— Deveria evitar dormir.

A dor crua em sua voz a tocou. Ficou em frente à ele.

— Tentei isso. Mas finalmente sucumbi ao esgotamento.

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— Eu sei.

Ela vacilou.

— Alguma vez permite que alguém se aproxime de você, além de quando começa uma
briga?

— Não.

Ela aproximou-se da cama. Ele era um homem enorme, um desconhecido, mas o olhar
angustiado em seus olhos era um que conhecia bem. Ambos eram almas gêmeas.

— Vou segurar sua mão.

Abriu os olhos com surpresa.

— Por quê?

— Tente.

Dana se apoiou na grade e aproximou-se dele. Sentia-se muito quente, como se estivesse
com febre. Entrelaçou os dedos nos seus. Ele não puxou ou tentou evitar o contato. Mas, não a
puxou para se apoderar dela, em troca, simplesmente pareceu suportar seu contato.

— O contato físico é uma parte da cura. Nos lembra que estamos vivos. Estamos, sabe.
Vivos. Nossas vidas não terminaram com as deles, ainda que as vezes gostaríamos disso. Precisa
permitir sentir algo mais que dor, Mourn. — Apertou a mão. — Deixe que as pessoas o ajudem.
Apenas tem coisas a ganhar com isso.

Mourn fechou os olhos.

— Saia.

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Capítulo Dois

Dana saiu no pátio traseiro e colocou a mão no bolso de seu robe. Tirou uma caixa e se
acomodou em uma das cadeiras. Seu irmão teria um ataque se a pegasse, mas esperou até que ele
e sua esposa fossem dormir. O sono nunca chegava facilmente para ela.

Abriu a caixa e puxou um dispositivo eletrônico, inalou lentamente o tubo e exalou o


vapor. O sabor de menta de um cigarro de mentol não era exatamente como a coisa real, mas
estava perto o suficiente. Realmente desejava uma garrafa de vodca, mas uma busca rápida pelos
armários da cozinha revelou que não havia álcool na casa. Teria agradecido um gole depois de
passar horas vendo o amoroso casal interagir. Somente doía por tudo o que perdeu.

Uma lembrança de Tommy surgiu, parado em sua cozinha, fazendo espaguete. Era a única
coisa que realmente sabia cozinhar a menos que estivesse envolvida uma parrilha. Ele sorriu e
serviu duas taças de vinho, oferecendo a ela uma: “Por nós, meu amor.”.

Deu outro trago no cigarro eletrônico, aquela lembrança provocando uma dor. Foi o último
aniversário que compartilharam, justo antes que aparecesse o novo tumor. Seu cabelo loiro
cresceu novamente depois de dois ciclos de quimioterapia e tinham certeza que ficaria em
remissão. Dois meses depois, voltou como uma vingança e ele morreu em cinco meses. Afastou a
imagem dele em sua cama de hospital, lutando para tomar seu último fôlego. Doía demais.

O vento se agitou e ela levantou os olhos para os galhos das árvores junto ao muro baixo
que rodeava o pequeno pátio traseiro. A lua estava alta no céu escuro. Colocou o robe um pouco
mais ajustado no colo, cobrindo o ar frio. Seus pés descalços pousaram em outra cadeira.
Levantou o cigarro para puxar outra vez, mas nunca chegou a seus lábios. Uma ampla mão se
envolveu ao redor da sua, congelando-a a poucos centímetros de seus lábios.

Dana olhou para cima, esperando ver seu irmão. Chegou como um choque quando ficou
olhando os olhos azuis iguais aos de um gato. Mourn ainda tinha um curativo na testa, mas trocou
de roupa. Usava uma camiseta negra de manga longa e uma calça cargo também negra
combinando. Seu ritmo cardíaco se reduziu, quando percebeu que foi falar com ela, depois de
tudo.

— Isto é ruim para você.

Sua voz era tão profunda como se lembrava.

— Eu sei. Apenas adquiri o hábito depois que meu marido morreu. Ele teria odiado me ver
fumar já que nunca fumou, mas estava em uma espécie desoladora de dor. É um hábito. Parou,
mas às vezes quando tenho um dia ruim, uso uma destas coisas de vapor em seu lugar.

Franziu o cenho. Ela decidiu mudar de ideia.

— Eles te soltaram ou você escapou?

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Ele lhe arrebatou o cigarro de entre os dedos e o colocou sobre a mesa.

— Deveriam ter usados algemas se esperavam que eu passasse a noite no Centro Médico.

— Quer se sentar?

Olhou ao redor.

— Não.

— Acha que a Segurança virá lhe buscar? Poderíamos entrar. — Ficou em pé. — Meu irmão
e sua esposa já foram dormir. Não nos ouvirão, sempre e quando falarmos em voz baixa.

— Não aqui. — Seu olhar buscou a escuridão além do pátio. — Virá comigo?

Ele era um estranho. No entanto, não foi por isso que vacilou. Perdeu a mulher que amava
e a buscou para sair. Precisava de um amigo, alguém com quem falar e queria estar ali para ele.

— Tenho que trocar de roupa primeiro. Estou de pijama.

Então a observou.

— Não vamos muito longe e ninguém nos verá. Poderiam me procurar aqui já que sabem
que passou tempo comigo.

Dana tomou uma decisão rápida.

— Deixe-me apenas calçar um sapato. Estou descalça.

— Não precisa.

Ficou sem fôlego quando ele se moveu de repente, pegando-a nos braços e levantando-a.
Aproximou-se do muro baixo e simplesmente saltou, subindo os quase dois metros de ladrilhos do
pátio. Envolveu automaticamente seus braços ao redor do pescoço dele quando aterrissou,
sacudindo-a. O último que queria era ser lançada sobre a grama.

Ficava um pouco temerosa em ser carregada por alguém que não conhecia, mas conseguiu
controlar o pânico. Paul disse sempre coisas boas sobre Novas Espécies. Disse dezenas de vezes
que eram muito melhores que as pessoas comuns, que não havia delinquentes entes eles e que
eram honrados. As palavras de seu irmão ecoaram em sua mente enquanto respirava lentamente.
Mourn provavelmente não compreendia que não era apropriado levá-la de casa no meio da noite.

— Aonde vamos?

Virou a cabeça e ficou olhando as tênues luzes do pátio traseiro de Paul à distância. Vivia
justo ao lado de um parque. Não o explorou, assim não sabia o quão grande era.

— Está a salvo comigo. — Sussurrou Mourn. — Apenas a estou levando longe o suficiente
para termos privacidade e sem os oficiais nos encontrando.

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Dana abaixou a voz.

— Bom. Estão procurando você?

Soltou um grunhido. Ela entendeu pelo som frustrado que sim.

O vento soprava mais forte na zona aberta, sem a casa para bloquear parte dele. Seu robe
era de seda e fino como papel. Também era curto, chegando justo a metade da coxa. Uma grande
quantidade de pernas estava exposta, mas não lhe preocupava que Mourn pudesse olhá-las
lascivamente. Perdeu a mulher que amava e estava triste por sua perda. Não era um asqueroso
depravado. Apenas estava de luto.

Parou e girou, levando-a para a forma escura de uma árvore com galhos baixos. Quando
chegaram, se inclinou e a colocou suavemente no galho mais baixo, a poucos metros de distância
da grama. Agachou diante dela para ficarem na mesma altura.

— Irá melhorar? Sinto muita dor.

O tom de sua voz angustiada matou o último de seus temores.

— Sim. Quando a perdeu?

— Ela ficou doente durante muito tempo e demorou a ir. Morreu há meses.

Fez uma pausa, mantendo seu rosto nas sombras para que ela não pudesse ver sua
expressão.

— A dor não alivia e estou irritado.

— Com ela. — Supunha. — Ela te deixou. É normal.

— Não. — Ele grunhiu. — Os humanos a deixaram doente. Testaram medicamentos nela


que destruíram seus órgãos internos. Não pôde se recuperar, inclusive com as drogas curativas.
Apenas a mantiveram viva por mais tempo. Lutou muito para viver ou teria morrido antes. Foi
valente.

Dana adivinhou que tinha algo a ver com as Indústrias Mércile. Leu o suficiente sobre
aquela empresa farmacêutica para saber que fizeram coisas horríveis aos Novas Espécies e os
haviam usado como sujeitos de teste para seus medicamentos experimentais. Para isso lhes
criaram.

— Foram presos os que fizeram isso com ela?

— Foram capturados. — Ele abaixou o tom. — Não serviu de nada. Ainda estou furioso.

— Não te culpo. Isso também é normal.

Ela envolveu os braços ao redor de sua cintura e abraçou-o. A brisa fria parecia soprar
através de seu robe.

19
— De modo que, suponho que sente culpa pelo que ela sofreu. Meu marido se aferrou à
vida, sem importar a dor que sentia. Não queria me deixar. Acho que lutou tanto para manter a
respiração todos os dias apenas porque sabia que ficaria devastada quando morresse. Tinha
câncer e se estendeu para o fígado, os rins e pulmões.

Mourn ficou em silêncio.

— Sinto-me culpada. — Disse. — Teria sido mais fácil se houvesse aceitado a medicação
para a dor perto do final e deixasse de se submeter a qualquer tratamento que queriam
experimentar. Nós dois sabíamos que não iria funcionar, mas nenhum de nós queria fazer frente a
isso. Era muito doloroso. Como se pode ceder quando sabe que está a ponto de perder a pessoa
que mais ama no mundo? Isso é o que os dois pensávamos.

— Ela me para colocar fim ao seu sofrimento muitas vezes, mas não pude fazê-lo. — Ele
disse com voz rouca. — Continuei esperando que melhorasse. Fomos criados para sermos mais
fortes que os humanos e nos curarmos rápido. Ela não era fraca, mas lhe machucaram demais
para que pudesse se recuperar.

— Sinto muito, Mourn. Às vezes, um corpo simplesmente não pode tomar tanto. Todos
somos mortais. Não queria perder a esperança. Esta é uma parte de amar alguém. Apenas tem
que se lembrar do muito que te amava e que inclusive a vontade mais forte para sobreviver nem
sempre pode desafiar a morte. É uma merda que fede, não vou mentir, mas não vai ser a sensação
pontuda que é agora, como se alguém estivesse empurrando uma faca em seu coração e girando-
a. Assim foi como me senti imediatamente depois que Tommy morreu.

— Está com frio.

Agarrou a parte inferior de sua camiseta, passou-a pela cabeça e lhe deu. Não usava nada
por baixo. A luz da lua revelou a parte superior de seu corpo. Tinha um amplo peito e bíceps
massivos. A cicatriz branca no braço parecia exagerada devido seu bronzeado.

— Use isto. Irá servir sobre o que está vestindo.

Ela vacilou.

— Vai sentir frio.

— Estou bem. Pode usar.

Apenas duvidou por um segundo, porque não era tão resistente. O tecido era mais grosso
que o robe e ainda estava quente de seu corpo quando a passou pela cabeça e puxou-a para
baixo. Ele tinha razão, era grande o suficiente para cobrir o pijama e o robe.

— Obrigada. Diga se estiver com frio e devolverei.

— Sinto esta faca. — Admitiu.

20
— Vai ficar melhor. Tem que liberar algo da ira e a culpa. Continuei me segurando a isso
como se fosse um escudo contra o mundo. Precisava. As pessoas nunca me olharam da mesma
forma depois que Tommy morreu. Odiava a piedade e os sussurros. Passei de ser Dana para me
converter nesta pobre alma que perdeu seu marido.

Aceitou isto com um movimento de cabeça.

— Os outros sentem pena de mim.

— Isto faz com que seja pior. Eu sei. Não tenho pena de você. Sobreviveu à morte dela. Isto
te faz forte. Algumas pessoas se rendem. Refugiam-se dentro de suas casas e nunca saem. Em
conjunto, deixam de viver. No entanto, não concordo com sua forma de interagir com outras
pessoas, se está iniciando brigas a socos com tipos que são grandes o suficiente para te
machucarem. Pode ser uma boa ideia repensar seu plano e começar a falar em seu lugar.

Encolheu os ombros.

— A luta ajuda com a ira.

— Veio me ver. Isso é um passo na direção correta. Como disse antes, eu seria a última em
uma luta com alguém, porque não vou devolver o golpe.

— Poderia matá-la.

Ela sorriu, sem o menor medo. Sua profissão a fazia entrar em contado com indivíduos
grandes e fortes.

— Provavelmente. Tentou conversar com outros Espécies que perderam seus


companheiros? Poderia ajudar.

— Eles não falam sobre isso. Poucos tinham companheiras. A maioria deles as perderam
quando estávamos em cativeiro ainda. É muito doloroso para eles, falar sobre o passado.

— Há serviços de apoio emocional disponíveis. Me ajudou quando estava pronta para


afrontar minha mente perdida. Tenho certeza que a ONE poderia trazer alguém para sessões
privadas.

— Não quero falar com um psiquiatra. Eu os odeio.

Seu tom revelou sua ira. A experiência deve ter sido ruim. Entendia.

— Poderia ir a sessões em grupos em algum lugar próximo. Teria um terapeuta à mão, se


fosse necessário, mas sobre tudo são apenas pessoas conversando entre si, compartilhando a dor
e como estão lidando com tudo.

— Humanos. — Disse com voz rouca. — Não.

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— Não sou um pedaço de carne. — Lembrou suavemente. — Fala comigo. Estes grupos de
apoio são para todas as pessoas que perderam seus entes queridos. Sua raça não importa. Todos
são iguais por dentro. Sentimos dor.

— Você é a irmã de Paul. Ele é um Espécie para nós.

Gostava de ser incluída, de uma maneira indireta. Também a comoveu que seu irmão fosse
considerado da família pelas pessoas com as quais decidiu viver.

— Poderia prolongar minha visita se quiser continuar conversando comigo.

Poderia perder seu trabalho, não gostava dele de qualquer forma. Era apenas algo para
tirá-la de casa todos os dias e não afundar-se novamente escondendo-se do mundo. Sua mãe
daria um ataque, mas na realidade não se preocupava com isso.

— Ficarei encantada de permanecer pelo tempo que quiser.

— Poderia fazer isso?

— Sim. Tenho a sorte de ter algumas economias. Meu marido queria se assegurar que
estivesse bem cuidada. Não dependo de um salário para pagar minhas contas.

— Posso ver se a ONE te pagaria para estar aqui.

— Não é necessário.

Observou Mourn. Ele era um homem grande, intimidante, mas tinha um bom coração.

— Mas, obrigada. Estenderei minha visita se vier conversar comigo. — Uma onda de vento
a golpeou e estremeceu. — Talvez da próxima vez dentro e quando não estiver vestida para
dormir.

— Está cansada?

— Não. Não durmo muito bem. Isso traz os sonhos.

— Não gosto de dormir, também.

— O que normalmente faz a noite?

— Corro, faço exercícios. Ajuda a empurrar meu corpo ao limite até ficar esgotado. Não
sonho depois.

Isso explicava porque era tão musculoso.

— Porque entrou em uma briga hoje? Tenho a impressão de que é algo que faz de forma
regular.

— Estou esperando que me matem.

22
Dana mordeu o lábio inferior, tentando pensar na melhor coisa a dizer.

— Serei considerado instável e um perigo para os demais. É possível que a ONE me elimine.

Isso a horrorizou.

— Tenho certeza que não o farão.

— Não há nada pelo que viver.

— Antes me sentia desta forma, mas estava errada. Apenas está imerso em sua dor neste
momento.

— Porque você quer viver?

A pergunta a surpreendeu e lutou para chegar a uma resposta.

— Acho que por minha família. Ficariam devastados se desistisse. E não poderia machucá-
los desta forma.

— Não tenho família.

— Tem os outros Novas Espécies.

— Não sou próximo a qualquer um deles. Apenas tinha minha companheira.

— E seus amigos.

— Não tenho nenhum. Passei meu tempo livre cuidando de minha companheira.

Estava partindo seu coração. Ela tomou uma decisão.

— Bom, tem uma amiga agora. Você é importante para mim. Não se renda Mourn. Me
deixe te ajudar. Sei que provavelmente sente como se não houvesse nada melhor, mas se
arrisque. Apenas tem que se dar uma oportunidade. Não pode permitir que as coisas se
mantenham como estão.

— Você não me conhece.

— Mas gostaria. — Ela se aproximou. — Qual sua cor favorita?

Ficou em silêncio por um momento.

— Adoro o vermelho. É muito brilhante.

— Sim. E sua comida favorita?

— É importante isso?

23
— Estamos nos conhecendo. Adoro o amarelo. Alguma vez viu um girassol? Adoro. Sei que
não são tão bonitas como as rosas e as tulipas, mas me lembram dos dias de verão. São alegres.
Além de gostar de comer sementes de girassol. São bonitos e além de ser uma fonte de alimento.

Levantou-se.

— Deveria levá-la de volta.

Dana estragou tudo de alguma forma. Talvez falar sobre suas coisas favoritas com Novas
Espécies não foi sua melhor ideia. Desceu do galho e ficou em pé. Mourn deu um passo adiante e
se inclinou, pegando-a em seus braços. Levantou-a com facilidade, como se não pesasse muito.
Envolveu seu braço ao redor de seu pescoço e pousou sua outra mão sobre o ombro nu.

— Poderia caminhar.

— Está descalça e não quero que pise em algo afiado.

— Obrigada.

Titubeou antes de relaxar em seus braços e apoiou o rosto contra seu peito. Ele estava
muito quente e cheirava a algo masculino, talvez um gel de banho perfumado.

— Espero não ser muito pesada.

— Não é.

Parou no muro baixo do pátio traseiro de Paul.

— Não deveria fumar. É ruim para você.

Virou a cabeça e seus rostos estavam tão perto que pode distinguir os olhos chamativos.

— Estou lutando contra. Além disso, a fumaça... não é de verdade. Não estou procurando
causar dano a mim mesma.

Seus lábios se moveram, mas não sorriu.

— Quer viver.

— Como deveria você.

Inclinou-se para frente o suficiente para descer e a colocou sobre seus pés. Sentiu falta do
calor de seu corpo quando se separam.

— Sua camiseta...

Começou a tirá-la, decidida a devolvê-la.

— Fique com ela. Voltarei amanhã. Espere. Conversaremos mais.

— Adoraria.

24
— Não conte a ninguém.

Essa declaração a surpreendeu.

— Por quê?

— Irão tentar falar para não fazê-lo ou irão me impedir de me aproximar. Sabem que sou
instável.

Deu um passo para as sombras e virou a cabeça como se buscasse algo.

— Virei quando apagarem as luzes.

Ela o viu desaparecer na noite. Deu a volta, aproximou-se da mesa e se inclinou para
recolher a caixa de cigarro e arrumá-lo. Abriu a porta de correr. O silêncio lhe assegurou que Paul
e Becky não notaram sua ausência. Entrou e fechou a porta atrás de si.

Dana entrou no quarto e passou os dedos pela camiseta de algodão de Mourn depois de
tirá-la. Aproximou-se do armário e a pendurou, escondendo-a entre suas próprias roupas. Queria
manter seu encontro em segredo e ela o respeitaria. Seu irmão daria um ataque se soubesse que
permitiu voluntariamente que um estranho a levasse.

Um sorriso curvou seus lábios. Foi uma aventura muito valente de sua parte e superava o
fato de se sentar no pátio sentindo-se deprimida. Mourn precisava de um amigo e ela apreciava
sentir-se útil.

***

Mourn manteve as costas pressionadas fortemente contra o tronco de uma árvore


enquanto olhava a loira pendurar sua camiseta no armário. Não levantou o telefone para chamar
a Segurança. Temeu que pudesse fazê-lo. Nem acordou Paul ou sua esposa. Em troca tirou o robe
e o jogou sobre a cadeira junto à cama.

Moveu-se para ir embora, mas a visão de seu pijama o surpreendeu. Era uma camiseta
branca que caía quase até a metade da coxa com tiras estreitas nos ombros e uma ampla carinha
redonda na altura do ventre. Os dois olhos negros e um sorriso curvado indicavam felicidade.
Rodeou a cama e deitou-se.

A camisa subiu e ele conteve o ar. A humana usava calcinha branca que mal cobria seu
sexo. Era estreita e ia até o alto de seus quadris, deixando descoberta uma grande quantidade de
pele em cada lado do traseiro. Tinha generosas curvas, com a pele bem clara.

Colocou-se sob os lençóis e empurrou os travesseiros atrás de suas costas. Seu olhar foi
para o quarto e se perguntou se ela sentiu que a observava. Não olhou para a janela, no entanto,
ou entre as cortinas abertas. Abraçou o lençol contra sua cintura e sua cabeça se inclinou para
baixo. Seu cabelo caiu para frente, escondendo seus traços. Usou o polegar para empurrá-lo para

25
trás da orelha. Quando pode ver seu rosto novamente, sua dolorosa expressão deixou seu
estômago estranho.

Ela estava sofrendo também. Era tentador aproximar-se da janela e chamá-la para que
soubesse que não estava sozinha. Manteve-se quieto, no entanto, ficando nas sombras. Ele
convivia com a culpa. Desejava ter conversado com ela mais tempo, mas percebeu seu tremor
apesar de sua camiseta. Os humanos eram frágeis, principalmente as mulheres. Não queria correr
o risco de que ficasse doente.

Um movimento pelo canto do olho lhe chamou a atenção. Virou a cabeça e viu um oficial
da patrulha em pé na calçada, na direção da parte dianteira da casa. Mudou de posição e se foi
antes que a direção do vento mudasse, revelando sua presença. Manteve-se nas sombras até que
estava longe da casa e de volta ao parque.

— O que estava fazendo?

Virou-se com um grunhido saindo de sua garganta enquanto suas mãos se fechavam em
garras.

— Não faz nenhum som. — Acusou Darkness.

— Não faço. Sou bom nisso.

O macho vestia-se todo de negro e parou a uns metros de distância.

— Porque estava observando esta fêmea humana?

Apertou os dentes, negando-se a reconhecer algo.

— Ela não matou sua companheira.

— Eu sei.

— Odeia os humanos, mas esta fêmea é a irmã de Paul.

— Eu sei que sim.

— Então é consciente de que não é o inimigo.

— Não disse que era.

— Vim buscá-lo para conversar, mas em seu lugar te encontro debaixo de uma árvore
observando uma humana através da janela. Teria o enfrentado ali, mas não queria alarmá-la. Esta
é sua primeira visita a Homeland e Paul está muito entusiasmado com isso. Ele não quer que
tenha uma má experiência. Quer que ela lhe visite novamente. Mantenha-se afastado das áreas
humanas. Quer que Paul te ataque se achar que a vida de sua irmã está em perigo? Ele não será
capaz de machucá-lo muito, mas poderia irritar seus amigos o suficiente para que possam tomar
represálias se machucar o macho. Este é seu plano?

26
— Eu não machucaria Dana.

As sobrancelhas de Darkness se ergueram.

— Sabe como se chama?

— Não ataco mulheres.

Era um insulto ser acusado de querer machucá-la.

— Ela é indefesa. Não há honra nisso.

— Tem curiosidade sobre fêmeas humanas? Por isso estava olhando-a?

Ele não disse nada. Darkness mudou de assunto.

— Não me obrigue a me defender de você outra vez.

— Entendo.

— Não vamos negar que me atacou hoje porque pensou que te mataria por me bater,
verdade?

— Perdi minha companheira.

Darkness se aproximou mais.

— Sou consciente. Deixe-me dizer algo sobre mim. Não gostei da situação na qual me
encontrei hoje. Tive que matar antes, mas isso não significa que gosto. Escolha outra pessoa se
quer morrer, Mourn. Isso foi muito fodido. Quer conversar sobre honra? Não iria encontrar
nenhuma colocando fim em sua vida.

Se agitou.

— Não estou indefeso.

— Está quebrado. — Disse Darkness. — Perdeu sua companheira e também perdeu sua
vontade de viver. Acha que é o único que conhece a perda? Pense outra vez. Somos Espécies.
Fomos criados para sofrer e todos topamos com algo como isso. Nós sobrevivemos e
prosperamos. Deixe de sentir lástima por você mesmo e junte toda sua merda.

Mourn grunhiu e desejou atacar o macho por aquelas cortantes palavras.

— Exatamente. Fique irritado. Use isso para lidar com a perda. Não conheci sua
companheira, mas ela parecia valente. Fui testemunha das mortes de dois de meus irmãos e tive
que matar o terceiro com minhas próprias mãos porque sua mente se rompeu. Tinha que evitar
que se convertesse em algo que ele desprezava. Era meu sangue, mas ainda estou aqui. Eles
teriam esperado que vivesse minha vida. Ninguém lhes deu esta oportunidade. Não iria querer

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que sua companheira abraçasse a liberdade, mesmo se você tivesse morrido? Não iria esperar que
continuasse adiante sem você?

— Não fui eu quem morreu.

— Ela lutou duro para viver. Não desonre sua memória jogando fora o resto de sua vida.
Ela te diria isso se pudesse.

— Não fale por ela.

Mourn sentiu como se todo seu sangue se precipitasse por sua cabeça e queria golpear o
macho na boca.

— Alguém deve fazê-lo e você me trouxe a isto quando lançou o primeiro soco. Não sei o
que estava fazendo perto da irmã de Paul, mas vou te enviar para a Zona Selvagem se te pegar a
menos de cem metros dela. Fui claro?

— Não vou machucar Dana.

— Porque estava ali? — Darkness se aproximou mais. — Merda. Não está pensando em se
apropriar dela, verdade?

— Não!

— Ela não poderia opor resistência da maneira que fariam nossas fêmeas. Elas chutariam
seu traseiro se tentasse essa merda. É esse seu novo plano? Sequestrar a irmã de Paul e tomá-la
como companheira, obrigando-nos a matá-lo quando a trouxermos de volta?

Mourn olhou horrorizado.

— Isso é o que pensa que sou capaz de fazer?

— Não sei o que faria. Teria jurado que nunca iria me golpear antes de hoje, no entanto,
fez exatamente isso. Está sob nossa proteção. Mantenha-se o mais longe possível dela.

— Estávamos conversando. Isso é tudo.

— Uma merda. Estava vigiando-a através de uma janela.

— Estava me assegurando que não contasse a ninguém que a visitei.

Darkness franziu o cenho.

— Explique rápido e não minta. Do contrário, eu pessoalmente chutarei seu traseiro e


acordará atrás de uma jaula. Eu o manterei ali até que ela tenha ido embora.

— Eu a conheci hoje no Centro Médico e se ofereceu para conversar comigo. Ambos


perdemos nossos companheiros.

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Irritava lhe ter que compartilhar estes detalhes, mas o que o macho assumiu era
indignante. Não era nada parecido com vingança. Que macho seria se sequestrasse uma mulher
para tomá-la com companheira?

— Procurei Dana esta noite, conversamos e a levei para casa. Não tinha certeza se ela
ligaria para a Segurança ou contaria a seu irmão sobre nossa conversa. Não queria que ninguém
soubesse.

— Porque importa se ela contar a alguém se não fez nada errado?

Mourn vacilou.

— Alguns poderiam não concordar.

Darkness piscou algumas vezes enquanto longos segundos se passavam.

— Ela também perdeu seu companheiro?

— Isso disse.

— Morreu ou simplesmente a abandonou? Os humanos às vezes abandonam suas


companheiras por uma nova.

— Ele está morto.

— Como foi a conversa de vocês? Assustou-a?

— Não. — Ele franziu o cenho. — Acha que gosto de assustar uma mulher?

— Não tenho certeza.

— Não lhe machucaria, nem teria desfrutado de fazê-la sentir medo. É uma mulher amável.

O outro macho o observou de perto.

— Tem planos de conversar com ela novamente?

Ele assentiu com um movimento brusco. — Planeja me impedir?

— Isso depende. Vai fazer algo estúpido que possa irritar seu irmão ou a mim?

— Não.

— Estarei vigiando. — Advertiu Darkness. — Lembre-se disso. Faça dano a um fio de cabelo
e acabará na Zona Selvagem. Não vão permitir que saia dali. Valiant irá garantir isso, mesmo se
tiver que prendê-lo dentro das jaulas dos animais recém-adquiridos que são perigosos. Entendeu?

— Sim.

— Está pensando em observá-la novamente esta noite?

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— Não. Ia correr.

— Bom. Faça isso.

Darkness balançou a mão pelo parque.

Mourn girou e correu para longe, precisando se desfazer da ira. Não iria machucar Dana.
Era um insulto ser acusado disso.

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Capítulo Três

Dana olhou o relógio e fingiu bocejar.

— Uau. Está ficando tarde. Não tem que trabalhar amanhã, Paul?

Ele e Becky estavam deitados juntos no sofá, parecendo muito contentes.

— Não até o meio dia.

— Oh.

— Está cansada?

Odiava mentir, mas assentiu com a cabeça.

— Um pouco.

Becky ficou em pé.

— Bom. Bom, são quase onze horas. — Ela lançou a Paul um sorriso provocante. —
Suponho que é hora de irmos para cama.

Paul se levantou de um salto.

— Soa bom para mim.

Dana resistiu a rodar os olhos. Este casal estava casado por anos, mas atuavam como
recém-casados. Tinha certeza do que significava o olhar de Becky e porque seu irmão
repentinamente parecia tão ansioso para se retirar. Não lhe importava que estivessem planejando
fazer sexo, sempre e quando permanecesse ali toda a noite. Mourn não queria que ninguém
soubesse que estavam conversando e ela respeitava este desejo.

— Eu o verei de manhã.

Dana abraçou a ambos e fugiu para o quarto de hóspedes. A sala de estar separava os dois
quartos de modo que apertou a orelha na porta fechada e esperou. Passou um minuto inteiro
antes que reinasse o silêncio. Apagou a luz, abriu a porta e entrou na sala escura.

Foi até a porta de correr, abriu-a e entrou no pátio traseiro. Dana olhou ao seu redor, com
a esperança de que Mourn houvesse chegado. Não o viu, mas levou um tempo para se adaptar a
escuridão. Um movimento perto da árvore mais próxima da mesa do pátio atraiu sua atenção e
sorriu quando Mourn saiu de entre as sombras. Saudou com a mão e se aproximou.

— Olá.

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Não parecia feliz em vê-la como ela estava. Era um homem bonito apesar das diferenças
faciais que o marcava como felino Nova Espécie. A cor e a forma dos olhos nunca deixariam de
fasciná-la.

— Usa sapatos.

Ela olhou para baixo. Parte dela queria se vestir um pouco melhor, mas poderia ter
levantado suspeitas de seu irmão ou sua esposa. Usava uma calça cômoda de algodão de cor
creme e um folgado suéter negro combinando, com um sapato de sem cordões.

— Sim. Quer ficar aqui ou iremos para o parque novamente?

Girou a cabeça, buscando na área ao redor deles.

— Porque não vamos a um lugar novo?

— Está bem.

Era consciente de que os Novas Espécies nunca saiam de Homeland, assim não podia levá-
la a qualquer lugar longe.

— Não fique com medo.

A advertência não fez nada para prepará-la quando ele se inclinou e a pegou nos braços.
Endireitou-se e saiu pelo muro. Ela envolveu os braços ao redor de seu pescoço, esperando
quando saltou sobre o muro de quase um metro e meio, como antes.

— Porque me carrega?

— Tem as pernas curtas e quero ir mais rápido.

Continuava olhando em todas as direções enquanto acelerava o ritmo. Ele não estava
exatamente correndo, mas estava perto.

— O que está acontecendo?

Dana sabia que algo estava errado.

— Darkness continua patrulhando a área. Está me vigiando.

— O homem com quem lutou? O que te colocou na clínica?

— Sim.

Sentiu-se um pouco temerosa enquanto olhava também ao seu redor. Estava muito escuro
para ver algo e Mourn se movia rápido.

— Vai entrar em outra briga? — Perguntou preocupada.

— Provavelmente.

32
— Desça-me. Posso correr.

Ignorou seu pedido e começou a correr. Era um pouco chocante, mas seus braços
amorteciam, em sua maior parte. Aferrou-se mais a ele até que chegaram a um pequeno edifício.
Parou, virou-se e observou a área.

— Vê algo? — Sussurrou ela.

— Não. Está ventando outra vez e será difícil para ele poder pegar meu cheiro. Essa é outra
razão pela qual a carreguei. Esfreguei meus sapatos na grama para dificultar meu rastreamento.
Você teria deixado um rastro para que seguisse.

— Uau. Os Novas Espécies podem fazer isso?

Arquivou a informação. Os Novas Espécies deveriam ter um sentido altamente avançado


de olfato.

— É felino como eu e não somos bons rastreando e seguindo como os caninos, mas
poderia chamar alguém para ajudá-lo.

Ele mudou o peso, abriu a porta do edifício do tamanho de uma garagem, levou-a para
dentro e a colocou em pé. Fechou por dentro. Era noite escura. Dana ficou muito quieta, temerosa
de chocar com algo ou tropeçar, se tivesse algo no chão.

— Onde estamos? — Manteve a voz baixa.

— É um prédio de armazenamento para nossa equipe esportiva. Vou acender a luz. Feche
os olhos para que não incomode. Pode levar uns segundos para se adaptar.

Ela abaixou a cabeça e fez o que lhe pedia. Ouviu o suave clique de um interruptor e olhou,
piscando algumas vezes. Não era uma luz de teto brilhante, mas iluminava bastante para poder
ver. As estantes estavam ao longo da parede e um banco longo corria pela frente. Sob o assento
de madeira haviam várias caixas cheias de bolsas.

— É privado e mais quente que no exterior. Pode se sentar, se quiser.

O branco de madeira não era o mais cômodo, mas se sentou. Mourn vacilou e logo se uniu
a ela, a poucos centímetros de distância. Não olhava para ela, mas ficou olhando adiante, para os
armários. O silêncio ficou um pouco incomodo até que Dana falou.

— Como foi seu dia?

— Bem. Como foi o seu?

— Conheci os escritórios, o prédio da Segurança e tivemos um jantar no bar.

Ele a olhou e sua boca se curvou para baixo em evidente desgosto.

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— Dançou com Espécies? — Seu nariz se abriu quando tentou sentir um cheiro. — Não
sinto o cheiro de nenhum deles em você.

— Não. Vi muitos deles dançar, no entanto. Uns homens pediram, mas não gosto muito.

— Você não dança ou não gosta dos homens te tocando?

— Não sou sociável e não quero chamar muito a atenção. Sei dançar, mas não gosto de
fazê-lo com estranhos. Paul e Becky dançaram algumas vezes. Apenas fiquei na mesa.

Relaxou, aliviando um pouco as costas que estavam retas.

— Não danço. Ficaria com medo dos demais rirem de mim. Não tínhamos acesso a música
antes da liberdade. É novo.

— E usa companheira? Dançava?

— Minha companheira estava doente quando fomos libertados. Passou todo seu tempo
em nossa casa, presa às máquinas. Ela não queria ficar no Centro Médico, de forma que nos
arrumaram uma casa para atender suas necessidades.

Dana assentiu.

— Entendo. Fizemos isso com Tommy também, perto do final, mas queríamos tentar um
tratamento que tinha uma mínima oportunidade de êxito. Foi admitido no hospital dez dias antes
de sua morte. Pensamos que duraria mais tempo ou já teria insistido que o levassem para casa.

A tristeza apareceu, mas tentou empurrá-la para trás.

— Acho que ele planejou desta forma, assim não teria a lembrança de sua morte em nosso
quarto.

— Mudei para o dormitório dos homens depois que perdi minha companheira. Não podia
suportar as constantes lembranças da casa que compartilhamos.

— É difícil. — Admitiu. — Provavelmente deveria dar este passo também, mas adoro nossa
casa. Há tantas boas lembranças ali que superam as ruins. Tivemos sorte de comprar a casa de
nossos sonhos na primeira vez.

A testa de Mourn se enrugou.

— A maioria das pessoas compra o que eles chamar de lar e logo reformam a casa para
ficar como imaginou. Tommy herdou o dinheiro de sua família e era dono de seu próprio negócio.
Ele vendeu depois que percebeu que seus problemas de saúde eram graves, mas sempre
estivemos bem financeiramente. Não foi um problema.

— Entendo.

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O silêncio se prolongou e Dana percebeu que Mourn não falava muito. Teria que cutucá-lo
com suavidade.

— Quer falar sobre ela?

Ele olhou para o outro lado.

— Não.

Esta vai ser uma conversa muito difícil. Pensou.

— Sobre o que quer falar? Quer fazer perguntas? Pode.

— Qual a única coisa que mais sente falta de seu companheiro?

Era uma pergunta complicada. Refletiu sobre ela.

— Realmente não posso dizer que é apenas uma coisa, mas se tivesse que enumerar
algumas, primeiro seria a risada.

Sorriu ante as lembranças que se filtravam através de seus pensamentos.

— Tommy era muito engraçado. Podia me fazer rir não importava o quê. — Ficou séria. —
Também sinto falta quando vou para a cama. Sentia-me segura e protegida me aconchegando
contra ele antes de dormir.

Mourn se virou para olhá-la diretamente. Ela o olhou nos olhos, impressionada pelas
lágrimas que viu ali. Os tons azuis e outono pareciam se iluminar e isso a deixou sem fôlego.

— Minha companheira me deu um propósito e agora não tenho nenhum.

Dana podia entender isto.

— Qual era seu nome?

Um músculo ao longo da mandíbula saltou e as lágrimas caíram por seu rosto.

— Não posso dizer seu número. Dói.

— Número.

— Ela nunca escolheu um nome. Mercile nos deu números. Neguei-me a escolher um
nome até depois de sua morte, já que ela não o fez.

Foi horrível para Dana. A mulher que Mourn amou estava doente quando finalmente
ganhou a liberdade e, provavelmente, nunca desfrutou de nada disso. Em sua mente se formou a
imagem mental de uma lápide com apenas um número gravado. Era além de trágico.

— Sinto muito.

35
— Não é culpa sua. Nem todos os humanos são iguais. Sei disso. Não teve nenhum papel
em sua morte.

— Ainda sinto muito pelo que ambos suportaram. Chame de uma desculpa geral por todos
os idiotas do mundo. A vida não é justa.

— Não é.

Ele aproximou-se dela, mas não fez contato. Dana segurou sua mão.

— As coisas vão melhorar. Pensei em Tommy sem parar quando morreu. Era uma agonia
constante. Passou o tempo e se aliviou. Alguns dias posso passar sem pensar nele em absoluto.

Permitiu que seu polegar acariciasse o lado dos dedos de Mourn, esperando que isso o
consolasse. Ela se consolava.

— Logo me sinto culpada. — Sorriu. — Deseja estes dias, mas quando vem, imagina, sente-
se uma merda sobre isso. Asseguraram que é parte do processo se cura.

— Tento não pensar nela.

— Isso é normal também.

— Sinto culpa.

Ela assentiu.

— Culpa do sobrevivente. Este é o termo que chamam.

— Não gosto de estar sozinho.

— Não está. Estou aqui e está rodeado de Novas Espécies.

— Sabe a que me refiro. Dormir sozinho. Comer sozinho. O silêncio é absolutamente


horrível.

Dana assentiu.

— Sim. — Aproximou-se mais dele. — Deveria fazer amigos. Ajuda. Perdi muito dos meus
depois da morte de Tommy. Alguns deles me evitavam porque não podiam fazer frente a sua
morte ou talvez simplesmente não soubessem o que dizer. Algumas pessoas me evitavam porque
não podia tolerar a forma como me olhavam. A compaixão é uma merda. — Fez uma pausa. — Ou
algumas pessoas atuavam como se a perda de alguém fosse uma doença contagiosa que pode
contrair. É uma lembrança para eles de que suas próprias vidas podem desmoronar ao seu redor.
Eu era prova disso.

Virou a cabeça e olhou-a detalhadamente.

— Prova?

36
— A prova de que pode passar para eles, que também poderiam perder a pessoa que
amam.

— Alguns Espécies me usam como exemplo de porque não devem ter uma companheira ou
desejar uma. Isto os deixa vulneráveis à dor.

— Exatamente. É uma prova para eles também. — Sorriu. — Fiz novos amigos que não
conheciam Tommy. Eles não comparavam o antes e o depois. Isso ajudou. Era apenas Dana para
eles.

— Todos me conhecem aqui e na Zona Selvagem.

— Ainda assim fez uma nova amiga. — Inclinou-se um pouco e golpeou seu braço com o
ombro. — Eu.

Ele sorriu e foi devastador. Isso transformou seus traços e teve que evitar estremecer um
pouco. Era bonito antes, mas um olhar feliz de Mourn demonstrava que não teria que permanecer
solteiro por muito tempo, se outras mulheres o vissem agora.

— Me alegro por ter me incomodado.

— Eu também.

— Tinha vontade de conversar com você hoje. Me deu um propósito.

— Pensei que Paul e Becky nunca fossem para a cama. Tinha vontade de conversar com
você também.

— Como é sua vida foras dos portões?

— Voltei a trabalhar há nove meses. Trabalho em um escritório que me mantém ocupada.


Me tira de casa cinco dias da semana. Ali foi onde fiz novos amigos. Vou ao cinema com alguns
deles algumas vezes. Isso me dá um propósito e é melhor do que me sentar em casa olhando as
paredes, sentindo pena de mim mesma. A festa de autocompaixão terminou. Fiz esta rotina muito
tempo.

— Festa de autocompaixão?

Seu olhar confuso a divertia.

— É uma forma de dizer. Significa que estava sentindo pena de mim mesma e que não fiz
muito para mudar isso durante um tempo. Apenas queria mergulhar em minha dor. Inclusive me
fartei disso, finalmente.

— Não trabalho em Homeland, como os outros Espécies.

— Talvez devesse.

— Não tenho certeza se confiam em mim. Sabem que sou instável.

37
— Então não seja. Diga que precisa de algo para fazer. Isto vai lhe ajudar a começar a
contar os dias novamente.

— Sei o que quer dizer.

Imaginava que sim.

— É sábado. Ao menos, final do dia.

Ele riu entre dentes.

— Obrigado. Não sabia isso.

— Tenho certeza que a ONE fará o necessário. Paul não pode dizer nada além de coisas
boas sobre eles.

— São boas pessoas.

Ele olhou para o outro lado.

— E o sexo?

Isso confundiu Dana.

— O que tem isso?

Limpou a garganta.

— Algumas das mulheres se ofereceram para compartilhar sexo comigo. Vai ajudar a curar
um pouco da dor se tocar uma das fêmeas Espécies? Disseram que poderia ajudar a superá-la.

— Quer dizer que a melhor maneira de esquecer alguém é ficar debaixo de outra pessoa?

Ele fez um gesto com a atenção voltada para ela e franziu o cenho.

— É algo que ouço com frequência. Significa ter relações sexuais com alguém novamente.
Não sei. Tive alguns encontros desde que Tommy morreu, mas não dormi com nenhum deles.
Teria sido muito estranho e não estava atraída sexualmente por eles. Discutimos isso no grupo de
apoio emocional. Alguns deles juravam que lhe ajudou, enquanto outros disseram que os fez se
sentir vazios por dentro. Suponho que depende da pessoa. O que acha?

— Seria incômodo.

— Concordo.

O silêncio se estendeu entre eles. Finalmente falou.

— Era a única mulher que conhecia.

Ambos tinham algo mais em comum.

38
— Tommy e eu estivemos juntos desde que éramos jovens. Ele foi o único homem com
quem saí. Foi meu primeiro beijo, meu primeiro tudo. Meu último também.

A depressão ameaçou sair. Ela a ignorou.

— Mas sinto esperança. Isso é novo. Acho que estou chegando ao ponto no qual poderia
querer encontrar alguém para sair novamente. Me sinto sozinha. À principio nem sequer
consideraria voltar a me casar. É um progresso. Você chegará ali também. Dê tempo.

Ele parecia interessado no chão, estudando-o.

— Encontrou um homem que te interessasse? Ficará irritado se você passar mais tempo
aqui do que o que planejou?

— Não há ninguém. Um homem no trabalho continua me pedindo para sair, mas não é
meu tipo.

Mourn levantou o olhar e ficou olhando-a.

— O que tem de errado com este macho?

Ela sorriu.

— É uma espécie de jogador no escritório.

Suas sobrancelhas se ergueram e franziu o cenho.

— Morgan dá em cima de muitas mulheres. É dele. Ele é muito sedutor. Não quero isso.
Provavelmente será do tipo que engana. — Fez uma careta. — Esse é meu medo.

— Seu companheiro foi fiel? Ouvi que alguns humanos não são.

— Tommy era especial. Era muito intenso e me amava. Estabeleceu uma alta marca que
temo que ninguém possa alcançar. Também tinha fobia por germes. — Ela começou a rir. — Era
algo que me fazia sentir segura de que não ia dormir com outras mulheres. Eu era a única que o
tocava sem medo. Entende?

— Preocupa-se que nenhum outro macho possa tratá-la bem e ser fiel?

Ela assentiu.

— Não acho que qualquer outra mulher possa querer ser minha companheira. As fêmeas
Espécies são resistentes ao compromisso. Compartilham sexo com outros homens e não permitem
ficarmos com elas para dormir em suas camas. Sinto falta de tê-la ao meu lado.

— Conte-me algo sobre ela.

Resistiu durante um longo tempo.

— Era primata e alta. — Fez uma pausa. — Bufava quando ria. Era lindo.

39
Dana sorriu e lhe acariciou a mão, incentivando-o a dizer mais.

— Não falava muito, mas sempre dizia coisas importantes quando o fazia.

— Inteligente.

Ele assentiu com a cabeça.

— Éramos jovens quando nos colocaram juntos. Estava com medo de mim.

— Você é grande.

Mourn não a olhou enquanto falava.

— Fui o primeiro homem a quem a levaram e ela foi minha primeira mulher. Disseram que
éramos um casal e que iríamos compartilhar uma cela sempre. Tivemos que aprender a viver
juntos. Manteve-se longe de mim, mas tinha curiosidade. Continuei tentando me aproximar dela.
Mas, fazia ruídos estranhos assim me obrigava a retroceder. Não queria assustá-la.

Dana podia acreditar nisso sobre Mourn. Era um bom homem.

— Dei a ela minha esteira para dormir e fiquei sobre ela depois que dormiu. Gostava de
abraçá-la. Acordava pela manhã e se afastava de mim, no início. Levou um tempo para descobrir
que não a machucaria. Começamos a conversar. Longo entrou em calor.

Esta informação surpreendeu Dana.

— Calor?

— Necessidade sexual. Ela cheirava muito bem e a desejava muito. Poderia não ter
compartilhado sexo antes, mas doía. Estava constantemente duro.

Surpresa Dana deixou de lhe esfregar a mão, mas logo começou novamente, animando-o.
Os Espécies tinham parte de DNA animal.

— Suponho que acabaram juntos?

— Ela estava sofrendo e não sabíamos o que estava errado com ela.

— Não sabia que os primatas entravam em calor desta forma.

A ira aprofundou sua voz.

— Mercile provavelmente colocou algo em sua comida. Ela não comia o mesmo que eu.
Queriam que nós procriássemos e não estávamos fazendo-o rápido o suficiente. Depois descobri o
perigoso que teria sido se houvessem me drogado. Os machos ficam mais agressivos e a dor é tão
intensa que sofrem perda da memória. 139 e eu nos entendíamos. Aprendi rapidamente que se
gostasse do meu toque, ela permitiria montá-la com frequência.

Ele ficou em silêncio.

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— O número dela era 139?

Isso fez Dana pensar.

— Qual era seu número?

— 140.

Refletiu sobre isso.

— Um número apenas depois do dela.

— Não sei por que nos deram números próximos. Mercile nunca nos explicou. Podiam ter
planejado nos deixar como companheiros desde o princípio e apenas esperaram até sermos
velhos o suficiente antes de nos colocar na mesma cela.

— Sabe quanto tempo ficaram juntos?

— Não. Não tinha noção de tempo em Mercile. Era infinito. Muito tempo. Logo nos
levaram dali para um lugar pior. Continuaram dando-lhes injeções e a deixaram fraca e doente. Os
humanos continuavam prometendo que fariam o melhor por ela se fizesse tudo o que
ordenassem. Estavam usando-a para me controlar. Conseguiram. Sua vida era tudo o que
importava. A ONE nos libertou, mas não conseguiu melhorar. Eles mentiram.

— A ONE?

— Mercile. — Grunhiu o nome. — Não podiam fazer com que 139 melhorasse. Deram uma
dose alta de medicamento experimental para ovulação, esperando que a deixassem grávida. No
entanto, nossas mulheres não podem se reproduzir.

Sua voz se manteve rouca, sua dor e ira eram claras.

— Isto causou um dano massivo a seus órgãos internos. O dano não pôde ser reparado.
Queriam um bebê Espécie com tanta ansiedade que a mataram na tentativa. Não sabia o que
estavam fazendo com ela até nos libertarem. A Dra. Trisha disse que envenenaram seu sistema e
parte de seus órgãos sofreram muito dano quando chegou à Homeland. As drogas curativas a
mantiveram por um longo tempo, mas não puderam reparar o dano. Ela apenas teve mais tempo.

— Sinto muito.

— Eu também.

Ele respirou fundo e exalou lentamente. Sua voz se suavizou.

— Deveria ter matado 139 quando ela suplicou. Sofreu muito. Fui um mau companheiro.

— Tinha esperanças de que ela melhorasse.

Virou o rosto e as lágrimas brilharam em seus olhos.

41
— Ela disse que, se me preocupava com ela, deveria quebrar seu pescoço ou impedi-la de
respirar. Simplesmente não pude fazê-lo.

Ele saiu do agarre de Dana e olhou as suas mãos que descansavam nas coxas.

— Fui fraco.

— Mourn.

Dana sofria junto com ele.

— Não faça isso. É obvio que a amou muito e não podia machucá-la. Isso não é fraqueza.
Não há nada ruim em não renunciar a esperança de alguém que ama. Isso é tudo do que é
culpado.

Inclinou-se mais perto.

— Como posso viver com isso?

— Um dia de cada vez e permita se curar. Deixe de se aferrar à pena com tanta força. Faça
amigos. Encontre algo para preencher seu tempo. Perceba que a vida continua, mesmo quando
acha que não deve. Está vivo. Estou viva. Estamos aqui. Abrace isto.

Ele piscou para conter as lágrimas e se endireitou.

— Pedir um trabalho e encontrar um propósito?

— Isso é um grande começo.

Ele assentiu com a cabeça, olhando para o outro lado.

— Deveria levá-la de volta.

Dana se aproximou e estendeu a mão. Ele não se afastou.

— Porque não nos sentamos aqui por um momento? Quer ficar sozinho?

— Não.

Ela também não queria. Entrelaçou os dedos com os dele.

— Na próxima vez vamos encontrar um lugar mais cômodo. — Ajustou-se no banco de


madeira. — Ou vou trazer almofadas.

Ele a olhou e arqueou uma sobrancelha.

— Uma almofada?

— Para usar como colchão para este tipo de assento.

Ele sorriu.

42
— Os humanos estão muito acostumados com comodidade.

— Isso não é uma coisa ruim.

***

Mourn se apoiou contra a árvore, olhando Dana entrar na cama. Passaram juntos algumas
horas e ele desfrutou sentado com ela. Inclusive foi agradável falar sobre 139. A humana não o
julgou ou se sentiu horrorizada com suas palavras. Vinham de diferentes vidas. Esperava que
surgissem questões conflituosas.

Um ruído suave o alertou e virou a cabeça, olhando Darkness dar um passo mais perto.

— Não queria assustá-lo. — Admitiu o macho.

— Não vou prejudicar Dana.

— Apenas olhando-a?

— Não tem uma companheira com quem dormir? Não se pergunta onde está?

— Ela sabe onde estou e que estou mantendo meus olhos em você. É fascinante a irmã de
Paul?

— Ela não dorme muito.

Darkness virou a cabeça para seguir o olhar de Mourn.

— Está lendo um livro. Qual o título?

— Não sei. Não quero me aproximar muito.

O macho se apoiou do outro lado da árvore e cruzou os braços.

— Levou-a daqui por um tempo. Onde foi?

— Conversar.

Mourn ficou rígido.

— Mandou a Segurança atrás de nós?

— Não. Vi que a trouxe de volta. Ela parecia ilesa e não senti nenhum medo.

— Não vou machucá-la.

— Ela também perdeu seu companheiro. Falar ajuda?

Mourn se debateu a contestar. Darkness poderia fazer Dana deixar Homeland ou mandá-lo
para Zona Selvagem.

43
— Sim. Ela entende.

— Bom.

Relaxou, a resposta não era uma ameaça. Sua calma se evaporou quando Darkness voltou
a falar.

— Tem planos para assediá-la todas as noites?

— Não estou assediando. Estou velando por ela.

— Não está em perigo.

— Não quero ir para casa ainda.

— Odiava olhar o teto também.

Mourn virou a cabeça em direção ao macho, estudando-o. Darkness segurou seu olhar e
assentiu.

— Estive ali e fiz isso. No entanto, te darei uma advertência.

— Não vou machucar Dana. — Grunhiu baixo, ofendido.

— Eu acredito. Acalme seu traseiro ou ela vai ouvi-lo. Os humanos não têm nossos
sentidos, mas fale mais alto e não será capaz de perdê-lo. Sua televisão está desligada e não
silencia os ruídos de fora. Minha advertência é que a última vez que fiquei fascinado por uma
humana, terminei emparelhado à ela. Não me arrependo porque foi a melhor coisa que pôde me
acontecer, mas foi um choque. Vou te dar um aviso.

— Ninguém poderia se emparelhar à mim. Estou quebrado.

— Costumava dizer isto também. Então Kat chegou em minha vida. Ela me curou quando
não acreditava que fosse possível. Deixe de brigar com outros machos.

Ele fez um gesto com a cabeça para a casa de Paul.

— Ela poderia converter-se em uma razão para que deseje viver.

— Uma humana? — Mourn negou com a cabeça. — Somos muito diferentes.

— Ela perdeu seu companheiro. Tem muito em comum com ela, mais que com qualquer
outra de nossas mulheres.

Darkness avançou um pouco mais perto.

— Considerou compartilhar sexo com ela?

— Não.

— Talvez devesse fazê-lo.

44
Mourn se afastou da árvore e enfrentou o outro homem.

— Porque me diz isso?

— Passou a maior parte de sua vida com uma companheira. Fiz minha investigação sobre a
irmã de Paul. Ela conheceu seu companheiro sendo jovem como você com a sua. Esta acostumada
a dormir com um homem, como você está acostumado a ter uma mulher em seus braços. Ambos
têm um vazio interior. Preencham os espaços juntos. Isso faz sentido.

— É humana.

— Como minha companheira. Funciona. — Darkness sorriu. — As diferenças entre nós


fazem com que seja um desafio, mas do tipo para ser desfrutado.

— Ela disse que estava pensando em encontrar um homem.

Darkness balançou a cabeça.

— Dana não tem nenhuma queixa sobre seu companheiro. Ela o amava. Ele era bom para
ela.

— Então seja melhor. — Darkness abaixou a voz. — Os humanos não têm nossas
vantagens.

— Somos mais fortes e leais. Não pegamos doenças sexuais ou ficamos doentes.

— Isso não é o que quis dizer, mas estes pontos são válidos. Estou falando de sexo.

— Somos maiores e temos mais resistência.

Darkness riu entre dentes.

— Sabe o que é um vibrador? Um brinquedo sexual humano?

Mourn negou com a cabeça.

— Não.

— Não viu filme pornô humano?

— Não. — Ele franziu o cenho. — Não tinha interesse no sexo humano.

— Bom. Já está na frente de muitos de nossos homens que viram este lixo. É uma má
representação do que os humanos fantasiam, em lugar das mulheres. Uma grande quantidade de
mulheres acha ofensivo. Fique sobre ela e pode ronronar. Não se reprima. Amam as vibrações de
nossas línguas. Os homens humanos não podem fazer isso. Lembre-se que tentam fechar suas
coxas de golpe. Não estão acostumadas a essa excessiva sensação. É demais para elas, mas
mantenha suas coxas abertas e continue até que alcance o clímax. Seu macho não podia fazer isso.

— Gostam de ser lambidas?

45
— Lambidas, chupadas e logo montadas. Faça de frente para ela.

Ele fez uma pausa.

— Apenas tem que entrar devagar. São condenadamente apertadas porque a maioria dos
machos humanos não é do nosso tamanho.

O pau de Mourn moveu-se apenas ao pensar. Passou muito tempo desde que
compartilhou sexo. Dana tinha um bonito traseiro. Suas mãos eram suaves. Podia adaptar-se a
suas diferenças.

— Como posso fazer para que concorde em compartilhar sexo comigo?

Darkness se endireitou e deixou cair os braços dos lados.

— Apreciam nossos corpos. Estamos em forma. Kat jura que temos músculos que deixam
as mulheres loucas por nós.

Inclinou-se e agarrou a barra de sua camiseta e puxou-a justo até os mamilos. Ele apertou o
estômago e apontou.

— Isso em especial. Kat gosta de passar suas mãos pelos meus abdominais.

— Simplesmente mostro minha barriga para ela? Isso soa fácil.

— É um pouco mais complicado que isso. Sabe como se aproxima de nossas mulheres para
compartilhar sexo?

— Sendo franco, dizendo o que queremos e mostrando nossa força.

— Esqueça. Não fale que deseja dobrá-la diante de você. Os humanos não costumam
responder bem ao excesso de sinceridade.

Darkness fez uma pausa, obviamente pensando.

— Irá se encontrar com ela amanhã a noite?

— Sim.

— Tenho um plano.

— Qual?

Darkness sorriu.

46
Capítulo Quatro

Dana fechou a porta de correr e saiu para o pátio, olhando ao seu redor procurando
Mourn. Imediatamente avançou pelas sombras até uma árvore. Ela sorriu, caminhando até o muro
que os separava. Alcançou sua cintura e a levantou, colocando-a para baixo do outro lado.

Ele lhe devolveu o sorriso, lembrando-a do bonito que era. Seu estado de ânimo parecia
alegre também.

— O que fez hoje?

— Saí com Becky. Queria que assistisse filmes de garotas com ela.

— Isto soa interessante.

— Eram romances. — Dana encolheu os ombros. — Não é meu tipo favorito de filmes, mas
deixou Becky feliz. Gostei de alguns, as comédias.

Inclinou-se e esperou que a levantasse em seus braços. Ela não protestou nem apontou
que estava calçada e poderia caminhar por conta própria. Quando entrou no parque, perguntou:
— Vamos novamente para o vestiário?

— Não. Pensei que gostaria de voltar à árvore. Coloquei uma almofada.

— Isto foi atencioso.

Parou e se inclinou, colocando-a em um galho baixo. Agachou.

— Poderíamos ir para lá se quiser. Apenas pensei que era uma noite agradável. Percebeu
que a lua está quase cheia? — Apontou para o céu.

— É linda. Adoro como se pode vê-la claramente no céu aqui em Homeland. Vivo em uma
área bem iluminada, assim não consigo ver tantas estrelas.

Ele riu entre dentes.

— Homeland é grande, mas não há muitos lugares para podermos ir. Vivo no dormitório
dos homens. Você na casa de Paul. É difícil encontrar privacidade.

— Isto está bem. Alegro-me de podermos conversar todas as noites.

— Eu também. Me dá algo que espero com interesse.

Ela também lhe esperava cada vez mais e ficaria decepcionada se ele não aparecesse. Um
leve clique soou e ela virou a cabeça, procurando a fonte. Os aspersores começaram a funcionar
de repente. Ofegou quando a água muito fria espirrou nela. Mourn ficou em pé e se inclinou,
pegando-a nos braços.

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Isto não evitaria que se molhasse. Também ele deveria estar se molhando. Dana colocou a
cabeça em seu ombro e o abraçou pelo pescoço enquanto a carregava.

— Espere. — Disse.

Teria que levá-la para sua casa para que pudesse trocar de roupa. Parou, liberou um braço
e logo a inclinou em seu agarre. Ela levantou a cabeça ao ouvir o som de uma porta próxima e o
ruído dos aspersores diminuiu. Estava completamente escuro até que se moveu, provavelmente
usando o cotovelo para golpear o interruptor de luz. Olhou ao redor. Estavam no vestiário.

— Tudo bem?

Ela riu.

— Sim. Trocaram o temporizador? Ouço-os do meu quarto, mas geralmente é sempre


antes do amanhecer.

Ele a deixou e deu um passo atrás. Sua calça estava grudada nas pernas.

— Alguém deve ter mudado a configuração do temporizador. Está molhada.

— Como você. — Ela notou sua parte frontal. — Cura-se rápido.

Apenas tinha um leve hematoma ali e o corte desapareceu quase por completo.
Aproximou-se e esticou-se sobre uma estante alta ao longo da parede, onde guardavam o material
esportivo. Ele a olhou.

— Vou fechar meus olhos. Tire a roupa e se envolva nisto.

Dana observou o material sedoso. Tinha uma cabeça de lobo impresso nele. Seu olhar foi
para Mourn.

— É uma bandeira?

— Sim. Há mais. Vou envolver uma ao redor da minha cintura. Quero conversar com você.

— Poderia simplesmente nos levar de volta para a casa de Paul. Poderíamos entrar e usar a
secadora de roupas.

— Seu irmão não irá me dar às boas vindas dentro de sua casa.

— Ele está dormindo.

— Prefiro não me arriscar. Está a salvo aqui. Nunca te machucaria.

O olhar sério em seus olhos a fazia se sentir segura. Mourn não era como os demais
homens. Não apenas estava sofrendo a perda da mulher que amava, ele nunca a faria se sentir
incomoda.

— Vire-se.

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Girou. Agachou e tirou os tênis sem cadarços e simplesmente jogou-os de lado. Tirou a
legging e a camiseta. Seu sutiã e calcinha estavam levemente úmidos. Debateu-se, mas os tirou
também. A bandeira era maior do que suspeitou quando a abriu e a envolveu ao seu redor, no
estilo toga pela cintura.

— Estou decente.

— Minha vez. — Ele a olhou. — Feche os olhos.

Ela virou de costas. Sentia-se estranha estar em um pequeno cômodo quase nua. Não era
algo que faria normalmente, mas confiava em que Mourn não faria nada incorreto. Ele ainda era
um pouco assustadiço com sua amizade e ela precisava ter isto em mente. Talvez não voltasse se a
acompanhasse novamente à casa de Paul para trocar de roupa. Preferia ficar no vestiário com ele
por um tempo que enfrentar sozinha o quarto de hóspedes até o sono chegar.

— Disse para Paul que ficaria mais um tempo com ele.

Era uma tema seguro.

— Disse que estamos conversando?

Mourn deixou cair algo úmido no chão, provavelmente sua camisa ou calça.

— Não. Respeitei seus desejos. Sei que não quer que saiba que estamos passando tempo
juntos. Nossa mãe ligou hoje. Usei isto como uma desculpa para estender minha visita aqui.

— Como uma desculpa?

— Ela sempre está tentando me armar uma armadilha com os homens. Aconteceu
novamente. Preparou-me um encontro para a noite de quarta. Disse a Paul que queria ficar mais
tempo para poder lhe dizer que ainda estava fora da cidade.

— Quem é o macho? — Sua voz ficou profunda levemente.

— Algum filho de uma amiga que nunca conheci. Tem trinta e cinco anos e vive com sua
mãe. Não, obrigada. Não preciso saber nada mais que isto para ter certeza que não iria funcionar.

— É um homem adulto. Pensei que os humanos deixavam suas casas depois de terminar os
estudos.

— Deveria, mas alguns homens gostam de ser mimados por suas mães. Aposto que este é
o caso. Provavelmente está procurando uma mulher que possa fazer o que sua mãe faz, além de
ter sexo com ele. Isto não vai ser comigo.

— Isto é estranho.

— Algumas pessoas são.

49
Dana se virou e teve que fechar a boca. Mourn usava uma bandeira ao redor de sua
cintura, mas a extensão de seu peito musculoso, o estômago e os braços eram uma avalanche
para a qual não estava preparada. Estava escuro o suficiente no parque na noite que lhe
emprestou sua camisa, tanto que ela não conseguiu olhar bem. A luz no interior do vestiário
revelava cada detalhe. Tinha o melhor corpo que jamais viu.

Parecia ainda maior e mais impressionante naquele pequeno espaço. Os únicos defeitos
eram algumas contusões da luta e seu braço enfaixado. A faixa da sua perna se foi e a ferida
parecia como se houvesse passado uma semana ou aproximadamente, em lugar de alguns dias.
Isto a impressionou. Ele sorriu.

— Estamos secos.

Disse algo e custou um segundo para que suas palavras fizessem sentido. Levantou o olhar
para ele.

— Sim, estamos.

Ele se aproximou mais e se sentou no assento acolchoado.

— Está com frio? Os Espécies têm uma temperatura corporal mais alta que os humanos.
Poderia se sentar no meu colo e assim se manter quente.

Ela engoliu saliva, olhando seu corpo novamente.

— Um...

Apenas imaginar isto fez suas bochechas ficarem vermelhas. Ele piorou as coisas quando
abriu os braços, indicando que falava sério.

— Não vou machucá-la, Dana.

A forma como suavizou seu tom e a olhou com estes bonitos olhos realmente a levou a dar
um passo mais perto inconscientemente.

— Um...

Nem sequer sabia como responder. Não era apropriado. Nunca ficou perto de um homem
nu antes, exceto Tommy.

— Tudo bem. — Disse. — Venha aqui.

Queria fazê-lo. Esta era a parte confusa. Inclinou-se um pouco para frente, mantendo
contato visual. Não percebeu uma ameaça, mas não podia ignorar seu tamanho e força. Qualquer
outro homem a teria feito sair correndo.

— Sinto falta de abraçar alguém. Deixe-me colocar os braços ao redor de você.

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Estas palavras roucas sussurradas foram uma tentação a qual não pode resistir. Seu
coração acelerou, mas se aproximou mais, sem saber como sentar-se elegantemente.

Mourn não parecia ter este problema. Simplesmente estendeu a mão e suavemente a
manobrou até colocar seu traseiro em repouso sobre uma de suas coxas e as pernas dobradas na
outra. Sentou-se de lado e ele a abraçou mais perto, com os braços ao redor dela suavemente.

Os dois estavam tensos, mas ele relaxou primeiro. Os músculos duros debaixo de seu
traseiro se suavizaram levemente e a aconchegou contra seu peito. Ela inclinou a cabeça para o
lado até que sua bochecha descansou perto de seu coração. Podia ouvi-lo acelerado como seu.
Isto a fez se sentir melhor. Respirou fundo, soltou e se obrigou a soltar a tensão do corpo.

— Isto é agradável. — Moveu-se um pouco. — É muito pequena.

Ele era muito grande, mas ela não fez nenhum comentário ao respeito.

— Está quente.

Sentia-se febril novamente, uma lembrança da primeira vez que segurou sua mão no
Centro Médico.

— Você cheira bem.

Ela teve que limpar a garganta.

— Obrigada.

— E eu?

Provavelmente era a interação mais estranha que teve com um homem, mas era um Nova
Espécie e eram muito diretos. Dana inalou, fechando os olhos.

— Sim.

Tinha um cheiro masculino, não penetrante, mas agradável. Com certeza era diferente de
Morgan, seu colega de trabalho, que amava sufocar com seu perfume até quase poder saboreá-lo.

— Viu? Está a salvo comigo.

— Confio em você.

Isto era verdade. Tinham muito em comum. Ele lhe contou que sua companheira foi a
única mulher com a qual teve sexo. Não era como se fosse um cara movendo-se por ela.
Provavelmente era tão inepto como seria ela nisto de fazer avanços sexuais.

Ele roçou sua bochecha contra a cabeça dela, uma leve carícia.

— Mais quente?

— Sim.

51
— Bom.

Ela lutou para pensar em algo para dizer. O primeiro que lhe apareceu na cabeça saiu.

— O que fez hoje?

— Pedi um trabalho.

Isto a distraiu da consciência dele como homem... e que a segurava nos braços.

— O que aconteceu? Deram a você um trabalho?

— Negam-se a permitir que trabalhe perto dos humanos, mas me disseram que poderia
patrulhar o interior de Homeland. Peguei um turno.

— Como foi?

— Não foi ruim. Deixei alguns Espécies nervosos, mas conversaram comigo.

— Porque estavam nervosos?

— Esperavam que iniciasse uma briga, mas não o fiz.

— O que faz em patrulha?

Moveu-se em seu colo e ficou um pouco mais cômoda.

— Entrei em cada prédio para ver se todos estavam bem. Fiquei de guarda durante quatro
horas para provar como iria funcionar. Ninguém se queixou, assim Fury disse que poderia
continuar amanhã. Meu turno começa ao meio-dia.

— Isto é bom. — Não tinha certeza de onde colocar as mãos, assim as descansou em seu
colo. — Como se sente?

— Muito bem.

Seus braços se apertaram ao redor dela e se sentou no banco, levando-a com ele, assim a
estreitou mais contra ele.

Não podia estar em desacordo. Ele se sentia muito bem. Quente, suave em todos os
lugares corretos... mas, foi aí quando algo duro se apertou contra a parte de cima de suas coxas.
Levou um segundo para perceber o que era e ficou sem fôlego.

— Não se alarme. É uma resposta física.

Tinha uma ereção. Não havia dúvidas, não com isto apertado contra a parte inferior de
suas pernas, entre o traseiro e os joelhos, onde estava sentada em seu colo. Sua respiração se
acelerou e tentou reduzir a velocidade. O medo não era a causa. Não acreditava que fosse fazer
algo mau com ela.

52
— Dana? Tudo bem?

Ela assentiu em silêncio.

— Olhe para mim.

Ele inclinou a cabeça longe dela. Dana vacilou, mas trabalhou sua coragem. Era um pouco
embaraçoso saber que ambos estavam conscientes de seu estado físico. Levantou o queixo e
olhou fixamente em seus olhos.

— Nunca a machucaria. — Jurou e a sinceridade brilhou naqueles chamativos olhos. — Por


favor, não tenha medo.

— Provavelmente deveria descer do seu colo. Acho que isto foi uma má ideia, verdade? —
Ela ruborizou. — Eu, wow, isto é incomodo. — Nem sequer abriu os braços. Não sabia o que fazer.
— Verdade?

— Gosto de segurá-la. Gosto como se sente em meus braços, como cheira.

Ele não tinha nenhuma dificuldade para encontrar palavras. Dana engoliu com força,
mantendo o contato visual.

— Paul me disse que deveria me desfazer dos perfumes e cosméticos. Deu-me artigos de
banho para que não fizesse os Espécies espirrarem enquanto estiver aqui. É provavelmente o novo
xampu e condicionador que estou usando. Isto não é apropriado.

Esta era uma boa maneira de dizê-lo.

— As leis humanas não se aplicam a mim.

— Não é uma lei. Apenas...

Ela vacilou quando ele se aproximou mais e a cheirou. Um som grave de ronronar saiu de
seu peito e causou pequenas vibrações contra seu braço, onde ela se apoiava.

— Apenas o que?

Esperava uma resposta, mas o único que pode fazer foi olhá-lo nos olhos.

— Deveria me levantar. — Disse finalmente.

Ele ainda assim não abriu os braços.

— Porque? Gosto de você aqui. Sente-se incômoda?

Ele era realmente agradável para se sentar. Era grande, quente e a abraçava suavemente.
Era apenas que a sensação de sua ereção pressionada contra suas coxas por baixo do fino tecido
da bandeira não era algo que poderia ignorar.

53
— Sou um macho. Reajo a você. Isto não quer dizer que vou tirar sua roupa e esperar que
compartilhe sexo comigo.

Sua respiração acelerou e o coração também. A imagem dele fazendo justamente isto a fez
estremecer. Não tinha certeza de como se sentir ao respeito. Seu olhar desceu por seu peito e
logo para os ombros largos. Ele era forte o suficiente para fazer o que quisesse com ela, mas não
sentia medo. Levantou os olhos e observou seu rosto. Eles a atraíam e eram tão únicos e
preciosos. Nunca viu nada igual antes e a novidade não se apagava. Podia olhar para eles durante
uma interminável quantidade de tempo.

— Gostamos de conversar. Diga-me o que está pensando.

— Você parece realmente grande.

Lamentou as palavras que soltou e o calor subiu por seu rosto. Abaixou a cabeça e levantou
uma mão cobrindo os olhos.

— Desculpe. Não quis dizer isto. Foi o primeiro que me veio à cabeça.

Ele riu.

— Sou grande. Certo? Estamos conversando e sendo sinceros. Gosto disso. Porque está
ruborizando? É atraente.

Dana olhou para ela. Ele a olhava como um leve sorriso. Sua diversão era fácil de
identificar.

— Está gostando disso.

— Um pouco. — Encolheu os ombros. — Deixarei que vá embora se é o que realmente


quer que faça, mas gostaria de continuar abraçando-a. Sente-se bem.

Sim. Se pudesse ignorar isto que estava pressionado contra sua coxa.

— Sim. — Admitiu.

— Não saberia como convencê-la a compartilhar sexo comigo. Não é Espécie.

Ele franziu o cenho e olhou para baixo, onde a bandeira estava ao redor de seus seios.

— A última coisa que gostaria de fazer é deixá-la com medo. Os humanos são muito
diferentes.

— Somos? — Queria afastar o tema sobre sexo. Era muito bonito e passou-se um longo
tempo desde que sentiu uma atração sincera por um homem. Ela era muito consciente de Mourn.

— Sim. As fêmeas Espécies são agressivas. Iriam me agarrar e se esfregar contra meu
corpo. Elas não ruborizam ou se afastam como você o faz.

54
— Isto acontece sempre? Já sabe, as mulheres irem atrás de você?

Não gostou da pequena semente de ciúmes que surgiu.

— Às vezes. Elas têm pena de mim.

— Mas não, hmm, aceitou?

— Você é a primeira mulher que me deixa duro. Não compartilhei sexo com ninguém,
exceto minha companheira.

Disse isto antes, mas não sabia o que fazia quando estava longe dela. As coisas poderiam
ter mudado.

— Oh.

— Isto me confunde. — Confessou, abaixando a voz a um sussurro. — Gosto de você.

— Também gosto de você, Mourn.

Ele a olhou fixamente.

— Afeto você?

Inclinou-se um pouco para trás e olhou para baixo, entre seus corpos. Ficou tensa.

— Gosta da minha aparência?

Dana não pôde evitar olhar. Mostrava todos os músculos de seu abdômen. Tinha o
estômago tanquinho que a tentava a estender seu braço e explorar com as mãos. Resistiu.

— Está muito... em forma.

Isto era uma maneira segura de dizer.

— Isto é bom? Parece ameaçador meu tamanho?

Era difícil tirar os olhos de seu abdômen, mas conseguiu olhá-lo no rosto novamente.

— Não, não me assusta se é isto o que quer dizer.

— Bom. Esta é a última coisa que quero. Não respondeu minha pergunta. Eu afeto você?

Dana procurou uma resposta.

— Tudo bem. — Ele fechou os olhos e virou a cabeça. — Não pensei que estivesse atraída
por mim, mas tinha que perguntar. Somos muito diferentes.

Odiou a forma como soou ferido. Aproximou-se e colocou a mão vacilante em seu ombro.

— Mourn?

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— Não sei o que estava pensando. A decepção é para os humanos.

— O que significa isto?

Ela se sentiu um pouco alarmada com esta palavra. Abriu os olhos e virou a cabeça para
olhá-la novamente.

— Coloquei os aspersores para ligar e conseguir que nos molhasse. Tinha a esperança de
que se me visse quase nu, poderia se sentir atraída por mim.

— Porque fez isto?

Isto a atordoou. Não estava irritada, simplesmente surpresa e confusa.

— Você me faz sentir coisas boas. Queria abraçá-la e ver se gostaria de compartilhar sexo
comigo.

Não era a primeira vez que um homem se insinuava para ela, mas tinha que dizer que era a
tática mais diferente que alguém usou.

— Oh.

— Não se sente atraída por mim. Eu entendo.

A dor brilhou em seus olhos.

— Nenhuma mulher jamais irá querer ser minha companheira.

— Companheira?

A palavra a fez vacilar um pouco. Não estava procurando uma aventura de uma noite. Ele
assentiu com a cabeça firmemente.

— Temos muito em comum, Dana. Sinto-me atraído por você. Gosto de conversar com
você.

Ela finalmente se recuperou.

— Estas não são razões para se casar com alguém.

— Fui emparelhado com 139 porque me disseram que deveria quando a deixaram comigo.
Éramos felizes.

Partiu seu coração e ela se inclinou mais perto, odiando a dor que via.

— Ainda está de luto por sua perda. Não se pode substituir uma mulher com outra.

— Isto é o que pensa? Não é parecida com ela. — Franziu o cenho. — É humana e ainda
assim a desejo.

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Não tinha certeza se deveria se sentir insultada. Deixou passar, sem acreditar que estava
destinado a ser desta forma.

— É apenas atração sexual. Estamos conversando e cada vez mais próximos. É normal.

— Não se sente atraída por mim.

Dana se debateu e logo deixou escapar um suspiro.

— Estou.

Seus olhos se estreitaram e seus braços se apertaram ao redor dela.

— Está?

— É um homem muito bonito, Mourn.

— O que você gosta em mim?

— Seus olhos são... — Fez uma pausa.

— Aterradores? Estranhamente inumanos?

— Espetaculares. — Corrigiu ela. — Poderia olhá-los todo o dia.

— E meu tamanho? Acha que vou deixá-la com hematomas ou esmagá-la? Preocupo-me
com isso. Parece delicada. Sei como ser suave.

— Tenho certeza que pode.

— Nunca te obrigarei. Minha companheira esteve doente por muito tempo. Nunca a
toquei desta forma, sem importar o muito que sofresse para compartilhar sexo. Suas necessidades
vinham primeiro.

Ela acreditava nisto.

— Isto o faz considerado.

— Mas não atraente o suficiente para ter interesse em compartilhar sexo comigo?

Ele desceu o olhar para seu peito, o estômago e os bíceps tensos.

— É muito quente.

— Minha temperatura corporal é mais alta que a de um ser humano.

Ela sorriu. Ele era um pouco ingênuo se esta foi a forma como interpretou seu comentário.

— Quero dizer sexy.

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Ela ruborizou um pouco quando disse isto, mas não retrocedeu, já que estava dizendo a
verdade.

— Eu também gosto de você. — Ele sorriu.

— Sim, mas não quero arruinar nossa amizade.

Isto acabou com a alegria em sua expressão.

— Quero mais que isto com você.

— Ainda está de luto. Não sou uma substituta, Mourn.

— Não é nada como ela. Conversa comigo com facilidade.

As perguntas saltaram na mente de Dana. Queria perguntar-lhe em voz alta, mas se


conteve. Era uma declaração estranha de se fazer. Lembrou-se dele dizendo que sua esposa não
conversava muito, mas isto significava que apenas conversavam se fosse necessário? Isto criou
uma imagem sombria do tipo de relação que tiveram.

— Não se parece com ela também. — Ele franziu o cenho novamente. — Era muito alta.
Sua cor era um pouco diferente. Não quero que seja como ela.

Ajudou que dissesse isto.

— Apenas está procurando algo temporário para curar esta dor e não quero sair
machucada quando perceber isto.

— O que está dizendo?

— Mereço estar com alguém que me ame de verdade, que me ofereça um futuro além de
uns poucos dias ou talvez meses. Fazemos isto e com o tempo perceberá que sou apenas a pessoa
que estava ali para ajudá-lo a superar sua dor. Se afastará e não posso perder alguém que deixei
se aproximar tanto de mim. Não uma segunda vez.

— Os Espécies se unem pela vida toda.

Manteve seu agarre sobre ela.

— E a sua morreu.

Foi uma leve lembrança.

Mourn fechou os olhos. Ela tomou como um sinal de que suas palavras estavam
penetrando e estendeu a mão, acariciando seu peito. Sua pele era quente e se sentia bem. De
repente abriu os olhos e segurou seu olhar.

— Palavras erradas. Comprometemo-nos com fêmeas com as quais nos unimos até um de
nós morrermos. Estou disposto a me comprometer contigo.

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Isto a deixou atônita.

— Nem sequer me conhece.

— É amável e doce. Ambos conhecemos a perda. Ninguém vai me entender jamais como
você, e eu te entendo. Não quer que alguém te abrace todas as noites? Alguém com quem
conversar e com quem rir?

— Não precisamos dormir juntos para fazer isso. Poderíamos ser amigos.

— Não quero que sejamos amigos. Quero mais. Mude-se para cá e venha viver comigo.

Paul lhe disse uma vez que os Novos Espécies não tinham encontros. Esta informação de
repente tinha sentido. Mourn simplesmente esperava que ela entrasse em cheio nesta relação.

Era uma loucura. Ninguém fazia isto.

— Comprometo-me a não tocar outra mulher ou desejar compartilhar sexo com alguém
mais. Nunca te deixarei. Será minha e serei seu. Nunca te machucarei e farei tudo o que estiver ao
meu alcance para me assegurar que seja feliz. Vou ansiar ver seu sorriso. Irá me doer te machucar.
É como os Espécies são. Entende? Não posso substituir seu companheiro, mas sou muito melhor
que qualquer humano com o qual poderia se emparelhar novamente. Eles não são tão sinceros
como os Espécies ou tão fieis.

— Não é simples assim.

— Poderia ser.

Ele levantou a mão e passou a ponta de seus dedos suavemente por sua bochecha.

— Nunca compartilhei sexo com uma humana, mas prometo que vou aprender a satisfazê-
la. Estou decidido. Será agradável descobrir nossas diferenças.

O tom brusco a afetou. Sua voz adquiriu um leve grunhido. Passaram-se anos desde que
um homem a tentou com sexo. Mourn conseguiu. Lançou um olhar para seu peito. Era bonito e
todo masculino. Tinha o tipo de corpo que as mulheres adoravam e ela se sentia afetada por ele.

— Eu...

— Disse que tenho que correr riscos. — Lembrou. — Do mesmo modo que deveria fazer
você. Queria ajudar a mudar minha vida, já que apenas existia a solidão e a dor. Acha que quero
que me cure disso, mas acho que podemos fazê-lo um pelo outro. Vejo sua dor também, quando
fala sobre o que perdeu quando seu companheiro morreu. Iria me subestimar se não tivesse
pensado nisso. Poderíamos preencher o vazio e criar tudo novamente. Juntos.

Deixou cair um dedo por seu rosto e abaixou o braço. Deslizou sua enorme mão sob seu
traseiro, segurando-o e apertou o suficiente para deixá-la muito consciente do significado sexual

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de ter um homem tocando-a. Suas fossas nasais se dilataram e um grunhido baixo a surpreendeu.
Seu peito vibrou sob sua mão. Ela olhou ali e logo de volta a seu rosto.

— Uma lembrança. — Indicou. — Sou um Espécie. Mantenho minha palavra. Não quero
simplesmente sexo. Quero que viva comigo e se converta em minha razão de viver. Quero ser seu.

Isto realmente acabou com ela.

— Fala sério.

— Sim.

— Isto é uma loucura.

As palavras saíram antes que pudesse se preocupar por insultá-lo. Ele sorriu em seu lugar.

— Sejamos loucos.

— Acabamos de nos conhecer. Devemos nos conhecer mais primeiro.

— Certo.

Quando ele concordou, Dana relaxou, mas foi um respiro de curta duração.

— Podemos fazer isto como companheiros.

— Mourn, não podemos simplesmente saltar em uma relação. Não funciona assim.

— Pode ser que não funcione para os humanos, mas o faz com os Espécies. Não está mais
em seu mundo. É a irmã de Paul e ele é feliz aqui. Poderia ser também.

— Isto está indo muito rápido.

— Disse que devo mudar minha vida e encontrar uma razão para querer viver. Eu a
encontrei.

Ela ficou sem fala. Tentou freneticamente formar argumentos razoáveis para ressaltar que
aquilo era tão má ideia que beirava a loucura. Massageou seu traseiro. Tinha mãos firmes, mas
suaves. Isto piorou as coisas enquanto olhava-o nos olhos, observando que a paixão os deixava
mais brilhantes e mais vivos.

— Me deixe te tocar. — Grunhiu.

Dana ainda não podia formar palavras. Ele aproximou a mão um pouco mais perto de sua
boceta enquanto continuava tocando seu traseiro. O coração batia com força e se sentiu tentada a
dizer que sim. A vida era muito curta e podia terminar antes que qualquer um esperasse. Sabia
isto de primeira mão, mas o medo de que estivesse usando-a para substituir a mulher que perdeu
era uma possibilidade real. Era uma versão do luto. Se entrassem em uma relação muito rápido,

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nada bom viria da mesma. Sua tentativa de ajudá-lo a se curar poderia prejudicar ambos se ela
não saísse de seu colo e lhe impedisse cometer um erro.

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Capítulo Cinco

Mourn ansiava rasgar a bandeira do corpo de Dana e esticá-la sobre o banco acolchoado.
Pegou uma almofada no pátio traseiro da casa de hóspedes e a levou ao vestiário. Estava
densamente acolchoado e felpudo. Queria esticar-se sobre este colchão e explorar cada pedaço da
pele de Dana, tocá-la. Não via temor em seus olhos, mas havia vacilação.

De verdade acreditava que queria substituir 139?

Não podia entender sua lógica. Não era nada parecida com a companheira que perdeu e
não queria que ela fosse embora. Seria difícil aprender a viver com um ser humano, mas estava
disposto a fazer todo o necessário para que funcionasse. Dana era alguém com quem podia falar e
era a primeira mulher que reavivou seu desejo de viver.

Também sentia uma boa dose de pura luxúria. Seu pau doía como nada que pudesse se
lembrar. Ansiava estar dentro dela, apesar de sua preocupação em lhe causar dano. Teria que
levar as coisas muito devagar e usar cada parte de seu autocontrole. Dana não parecia como se
estivesse ansiosa para fazer sexo com ele e isto significava continuar persuadindo-a para que lhe
permitisse eliminar esta bandeira de seu corpo.

— Mourn. — Sua voz saiu um pouco sem fôlego.

— Me deixe te tocar.

— Está fazendo isto...

Tinha as bochechas rosadas e umedeceu os lábios.

Não estava se movendo para se afastar de sua mão explorando seu traseiro. Tinha uma
generosa quantidade de carne nesta área. Gostava de mantê-lo na palma da mão. Deslizou pelo
banco, mantendo-a em seu colo enquanto o fazia. Girou seu corpo o suficiente para virá-la e
quando se inclinou para frente, foi capaz de sentá-la na almofada. Ela se agarrou a seus braços.
Retirou a mão de seu traseiro e agarrou o tecido entre suas coxas, deslizando-o para cima. Sua
conversa com Darkness sobre o sexo com as humanas se repetia dentro de sua cabeça.

— Quero tirar sua roupa e enterrar meu rosto entre suas coxas. Gostaria de me ter
lambendo sua boceta? Eu ronrono. Sabe o que significa isto?

Ela negou com a cabeça e engoliu saliva.

— Sou melhor que um vibrador. Disseram o que um faz com sua espécie e o bem que se
sente para as fêmeas. Possui um?

Suas bochechas ficaram mais rosadas ainda e entreabriu os lábios. Permaneceu muda,
olhando-o atônita ao mesmo tempo.

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— Possui um, Dana?

Disse seu nome para se assegurar que ela soubesse que era a fêmea em quem pensava. Ela
assentiu. Foi leve, mas viu o movimento.

— Gostaria de fazê-la gozar forte.

Moveu-se um pouco, ajustando-se até que os cotovelos se pousaram sobre a almofada de


cada lado de seu corpo e se aproximou mais, cuidando para segurar seu peso. Temia que sentisse
pânico e talvez se afastasse e caísse no chão.

— Quero mostrar as vantagens de ter um companheiro Espécie. Deixe-me fazer isto.

Ela lhe olhou fixamente, parecendo um pouco atordoada. Darkness lhe disse que não fosse
muito contundente, mas não podia evitar. Dana aceitou tudo sobre ele até agora e não mostrou
nenhuma repugnância quando lhe contou como foi emparelhado com a 139. Os seres humanos
não ficavam juntos desta forma, mas ela não o julgou. Queria ser completamente sincero. As
mentiras eram uma péssima maneira de começar uma relação. Tentou o engano quando a molhou
com os aspersores. Isto o fez se sentir culpado.

— Quero abrir suas pernas e tomá-la em minha boca.

Lambeu os lábios, notando como seu olhar caía para baixo em sua língua.

— Serei suave e levarei as coisas com calma. Se sentirá bem. Eu prometo. Não tenha medo
dos meus dentes. Pensei todo o dia sobre as objeções que poderia ter e isto deve ser uma delas.
Ainda que seja maior que um humano, quando montá-la serei extremamente suave. Não vou
esmagá-la com meu peso ou deixar hematomas com as minhas mãos. Sou muito consciente da
minha força. Quanto ao tamanho do meu pau, seu corpo vai se esticar para me receber e estará
muito molhada depois que a fizer gozar. Trabalharei meu caminho dentro de você com cuidado e
me assegurarei de fazê-la se sentir bem. Posso me controlar. Deixe que te mostre.

Ela levantou o olhar para ele. Dana ficou muda, sem deixar de olhá-lo aturdida. Era
provável que tenha sido muito direto, mas não via nenhum medo. Esta era a parte mais
importante.

— Pode confiar em mim, Dana. O que mais pode te convencer?

— Eu... — Engoliu. — É uma má ideia. Não está pensando direito.

Uma vez que ela começou a falar, foi como se não pudesse evitar que as palavras se
derramassem.

— Você me odiará e chegará a acreditar que me aproveitei de você quando estava


vulnerável. Não poderia suportar que pensasse que eu...

Ele grunhiu com frustração. Lamentou isto quando ela estremeceu e suas unhas se
cravaram em sua pele. Ela deixou de falar. Ainda não via nenhum temor em sua expressão, mas

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sabia que poderia se converter nisso de forma rápida se não controlasse suas reações. Não estava
acostumada aos Espécies e não entendia que não estava em perigo. Isto era algo que aprenderia
passando tempo com ele.

Ele suavizou sua voz para acalmá-la.

— Não me diga o que penso. Direi onde estão meus pensamentos. Eu a desejo, Dana. Você
é a única mulher que despertou meu corpo e interesse. Não porque me lembra 139. Ouça bem e
ouça minhas palavras. Não é nada como ela. É parte da razão pela qual estou intensamente
atraído por você. Nunca conversei com ninguém com a facilidade que converso com você. Não tive
escolha quando me deram 139 como companheira, mas estou escolhendo você. Disse que
deixasse de lado a dor e tentasse viver. Isto é o que estou fazendo neste momento, se permitir.
Diga que sim. Dobre os joelhos e os separe.

Ele se incorporou um pouco e lhe deu espaço para se mover. Ela teve que se equilibrar em
seus braços quando o fez.

— Está confuso sobre o que quer. Sou a primeira pessoa com quem conversou.

Ele franziu o cenho.

— É verdade. Lembra-se quando disse sobre como algumas pessoas do grupo se voltam
para o sexo para tentar lidar com a dor? Acho que é um caso clássico aqui. Não se pode criar um
compromisso em longo prazo com alguém que é praticamente um desconhecido. Mal nos
conhecemos. Não posso ser sua companheira.

Talvez o termo a assustasse e a fizesse sentir receio. Realmente precisava aprender mais
sobre sua espécie. Ela não era nada como um humano mau. Convenceu-se de que seu maior
obstáculo seriam os dentes e seu tamanho. Em seu lugar, parecia que se preocupava com o
compromisso em longo prazo e que ele poderia se arrepender de oferecer passar o resto de sua
vida com ela.

— Vamos um dia de cada vez. Isto foi o que disse. Hoje...

Olhou seu corpo, querendo empurrar o tecido de lado e desnudar sua boceta.

— Iremos nos concentrar no prazer. Sente-se atraída por mim. Começaremos com isto.
Não vou pressioná-la para mais, mas não vou mudar de ideia. Eu a quero como minha
companheira. Mostrarei o muito que significa isto se abrir suas coxas e me deixar lambê-la.

Ela parecia muda novamente, apenas parada ali o olhando fixamente. Envolveu com
cuidado os dedos ao redor de suas coxas.

— Fala de viver e continua animando-me a fazê-lo. — Usou os polegares para acariciar sua
pele. — Permita-me. Também disse que aqueles humanos se sentiram vazios fazendo sexo. Não
vou permitir que isto aconteça com você. Ficarei dentro de você depois e tudo o que sentirá será
eu.

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Seu rosto ruborizou mais e mordeu o lábio inferior.

— Mourn... este não é exatamente o tipo de vazio do qual estava falando.

— Eu sei, mas não pode sentir-se sozinha se estiver dentro de você te segurando. — Fez
uma pausa, olhando-a de perto. — Quanto tempo se passou desde que foi tocada?

Ela vacilou.

— Muito tempo.

Aplicou uma suave pressão no interior de suas coxas. Ela não resistiu quando as separou.
Inclinou a perna e ajustou suas costas. Deslizou pelo banco ao mesmo tempo.

— Gostará disso. Confie em mim.

Não protestou quando ele desceu o olhar, tendo sua boceta diante de seus olhos. Era
fascinante. Não estava completamente sem pelos ali. Uma pequena franja curta lhe cobria. Ele
apoiou a perna dobrada contra a parede e se aproximou, passando o polegar por esta franja.

Dana conteve o ar, mas não tentou juntar de golpe as pernas fechando-as. Aspirou seu
cheiro. Ela estava um pouco excitada e queria saber se era tão doce como cheirava. Abaixou o
rosto, soltou a outra coxa e abriu os lábios vaginais para ter uma melhor visão dela. Era rosa e
pequena. Queria grunhir. Era possível que lhe machucasse acidentalmente quando a montasse.

As fêmeas se esticam.

Ele nunca teve sexo com humanas, mas ouviu alguns machos falando sobre o que
aprenderam, no dormitório dos homens. Sabia que era possível, já que alguns machos tomaram
humanas como companheiras. Teria que averiguar. Precisava prepará-la para o sexo primeiro, no
entanto.

— Relaxe. — Disse, movendo-se mais perto, fixando a atenção em seu clitóris.

A emoção lhe invadiu, vendo que ela não tentou se afastar quando ele colocou a boca
diretamente sobre aquela carne rosada e passou levemente a ponta da língua por ela. Seu peito se
apertou e seguiu seu próprio conselho, relaxando. As vibrações começaram e não conteve o
ronronar. Aprofundou, sabendo que ela poderia desfrutar das sensações.

— Oh Deus! — Sussurrou Dana.

Ela não se afastou quando a lambeu, pressionando a língua contra ela mais firmemente,
mantendo-a ali enquanto esfregava de cima abaixo. Uma perna se moveu e ela apertou as coxas
contra seu rosto. Ele mudou o braço, enganchando sua coxa e fixando-a para cima e de lado.

Ela começou a mover-se contra ele, seus quadris se movendo. Teve que segurar sua outra
perna e pressionar sobre a parte baixa de seu estômago para evitar que se movesse muito longe

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de sua boca. Darkness lhe advertiu isto de que as fêmeas humanas tentavam se afastar do prazer.
Tinha a intenção de dar-lhe muito disso.

O cheiro de sua excitação aumentou enquanto continuava lambendo-a e ronronando


contra seu clitóris. O feixe de nervos endureceu sob sua língua e ele soube que estava perto
quando seus gemidos ficaram mais fortes. Ela curvou seus quadris, quase se soltando de sua boca.
Segurou-a com mais força no lugar, com cuidado para não machucá-la, mas com vontade mantê-la
quieta. Os dedos dela se fundiram de repente em seu cabelo, sobre a cabeça, mas ela não puxou.
Suas unhas arranharam suavemente o couro cabeludo, uma amostra de que se sentia bem.

Ele grunhiu, seu pau estava tão duro que doía. Queria estar dentro dela. Estava muito
molhada pela excitação. Era tentador deslizar sua boca mais abaixo e usar sua língua para ver o
grau de tensão que encontraria e ter um melhor sabor dela, mas resistiu à tentação. Precisava que
ela gozasse primeiro. Então poderia desfrutar desta experiência.

Dana iria morrer. Suas costas se arquearam e arranhou a almofada sobre sua cabeça com
uma mão. Sua outra mão segurava Mourn. Tinha cabelos sedosos e sentiu a tentação de empurrar
as mechas curtas e arrancá-lo de sua boceta. Ele estava vibrando e lambendo-a ao mesmo tempo.
Seu vibrador não podia fazer isto. Nada poderia, exceto Mourn.

Sentia-se um pouco surrealista por ter permitido que fizesse isto com ela, mas conseguiu
convencê-la. Era muito sexy para resistir e tinha que admitir que sentia curiosidade. Agora sabia.
Não mentiu sobre o quão bom se sentiria.

Cada músculo de seu corpo parecia tenso, apesar de ele dizer para que relaxasse, não
podia. Tentou juntar as pernas, mas tinha um bom agarre sobre elas, mantendo-as afastadas para
poder atormentá-la com sua boca. Era quase uma tortura, tanto que nada deveria sentir-se assim
incrível. Quase doía. Ficou com medo de ser incômodo ter alguém a tocando, mas agora nem
sequer pensar era possível. Tudo era uma questão de sensibilidade e dor.

Esqueceu como respirar quando o êxtase explodiu contra ela. Deve ter perdido o fôlego, no
entanto, porque percebeu que estava gemendo o nome de Mourn. O ponto culminante foi quase
brutal e consumiu tudo, enquanto rodava através dela. Todo seu corpo estremeceu. Ela ofegou e
seu corpo ficou mole nos segundos depois de seu orgasmo. Mourn retirou sua boca e ela pode
sentir seu hálito quente sobre o muito sensível clitóris.

Manteve os olhos fechados, sem querer olhá-la, nem sequer estava segura de poder
superar o nervosismo. Ele simplesmente desceu sobre ela. Era um pouco embaraçoso estar assim
exposta diante de alguém, sobre tudo porque a única pessoa que a conheceu intimamente foi
Tommy. Empurrou para trás os pensamentos sobre ele.

Sem culpa.

Não lhe enganou. Estava mais preocupada com o que diria Mourn e se as coisas seriam
incômodas entre eles agora.

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Estremeceu com surpresa quando sua língua se apertou contra a abertura de sua boceta e
penetrou. Tinha uma língua grossa. Ele grunhiu, o som um pouco ameaçador, mas ela não tinha
medo. Retirou-se quase tão rápido como entrou nela. Seu domínio sobre suas coxas e a parte
baixa do estômago diminuiu e ele ajustou suas pernas. Era fácil de fazer, já que se sentia sem
ossos no momento.

O banco onde estava rangeu um pouco e o som finalmente a obrigou a abrir os olhos.
Levantou a cabeça para olhar Mourn. Ele estava concentrado em sua metade inferior, seu queixo
cravado ali enquanto se sentava e deslizava seus quadris mais perto. Soltou suas coxas por
completo e estendeu a mão, agarrando as bordas do banco a cada lado de sua cintura.

— Serei suave.

Sua voz saiu rouca. Quase nem sequer soando humano.

Dana sabia o que pensava fazer. E moveu as pernas, dobrando os joelhos e levantando-os.
Então Mourn a olhou. Seus olhos eram incrivelmente bonitos e lambeu os lábios secos. Fez uma
pausa e logo a surpreendeu deslizando do banco. Moveu-se ao final do mesmo e se ajoelhou.

— Assim vai funcionar. Não quero esmagá-la.

Surpreendeu-a quando se inclinou para frente, colocou as mãos em seu traseiro e se


apoderou dela. Puxou-a da almofada até que sua parte inferior ficasse a borda da mesma. Mourn
soltou seu traseiro e se apoderou de suas panturrilhas, levantando suas pernas até que seus pés
estivessem apoiados dos lados de seu peito, perto de seus ombros. Separou mais as coxas e se
aproximou.

Dana tentou relaxar. Mourn iria fodê-la. Era aterrador e excitante ao mesmo tempo. Pode
ser que fosse um grande erro, mas o desejava. Apoiou um braço por cima de seu ventre, como se
quisesse fixá-la ali e alcançou entre eles com a outra mão. Era tentador levantar a cabeça e olhar
seu pau, que ele deve ter agarrado com a mão. No entanto, não o fez. Olhou-o fixamente nos
olhos.

Mourn roçou a ponta de seu pau contra seu clitóris. Esfregou para baixo, usando a ponta
para deslizar através das dobras úmidas. Ele não entrou direto, em vez disso, esfregou mais forte,
brincando com seu clitóris. Dana agarrou os lados do banco, precisando de algo a que se aferrar.
Seus dedos se fecharam quando ele continuou. Seu clitóris estava ainda um pouco sensível, mas se
sentia incrível. Estava muito molhada e agora ele também, por estar esfregando-se contra ela.

Ele manobrou seu membro mais abaixo e o sentiu na entrada de sua boceta. Ficou imóvel
ali, mas logo pressionou levemente contra ela. Ela abriu as coxas um pouco mais, ajustando os pés
no peito sólido. Nunca fez sexo antes com as penas para cima desta forma, mas nunca esteve com
um Nova Espécie tampouco.

67
A sensação dele entrando nela a fez fechar os olhos novamente. Era grande e grosso. Não
doía, no entanto. A pressão era bem vinda e realmente sentiu-se bem quando entrou mais fundo.
Ele ronronou novamente, um profundo som.

— Estou te machucando?

Ela balançou a cabeça, incapaz de encontrar as palavras.

— É muito apertada. — Ele grunhiu. — Sente-se tão perfeita.

Movia-se lentamente dentro dela. Estava duro como uma pedra. Aumentou o ritmo. Ela
arranhou o banco. Sentiu falta do sexo, sentiu falta de ter um homem dentro dela, dando-lhe
prazer. Um de seus pés deslizou fora de seu peito, mas Mourn agarrou seu tornozelo, segurando-o
no lugar.

— Maldição. — Grunhiu.

Entrou profundamente, enchendo-a por completo e se inclinou para frente, gemendo. Seu
corpo estremeceu. Dana abriu os olhos, observando seu rosto enquanto gozava em seu interior.
Podia senti-lo. Seu sêmen era quente e seu pau pulsava contra as paredes vaginais, quase como o
pulsar de seu coração. Balançou a cabeça novamente. Tinha os olhos fechados, os lábios
entreabertos mostrando os dentes. Seus lindos traços se contorcendo, parecendo sentir dor e ao
mesmo tempo, era sexy.

Sua expressão mudou rapidamente a um cenho franzido quando abriu os olhos. Olharam
um para o outro.

— Desculpe.

— Por quê?

— Foi muito bom. Tentei me conter, mas acabei gozando.

Levantou o pé do peito dele e o desceu, enganchando a perna ao redor da cintura. Seu


calcanhar entrou em contato com traseiro nu e cravou-se ali, aproximando-o mais. Abriu os braços
para ele. Sua desculpa o deixava mais doce.

— Tudo bem. Venha aqui.

Ele soltou o tornozelo e desceu sobre ela. Dana envolveu os braços ao redor de seu
pescoço.

— Tudo bem. Eu gozei primeiro.

Não foi incômodo depois de terem sexo, como temeu. Sobre tudo queria se assegurar que
estava bem. Entendia isto de estar muito excitado e não durar. Foi culpada disso também quando
ele desceu sobre ela.

— Disse que me abraçaria.

68
Ele apoiou os cotovelos nas almofadas dos lados e se deixou descer até o peito tocar os
seios dela. Seu peso sobre ela sentia-se bem. Seus rostos ficaram a poucos centímetros de
distância. Gostava de tê-lo contra ela, ainda dentro. Estavam vinculados. Ela vacilou, mas logo
levantou a mão, acariciando seus cabelos.

— Como se sente?

Mourn duvidou.

— Decepcionado.

Foi uma bofetada verbal e doeu.

— Sabia que lamentaria isto.

— Não. — Ele franziu o cenho. — Não pelo que fizemos, mas porque não pude me conter.
Na próxima vez farei melhor.

Da próxima vez.

Queria vê-la novamente. Dana respirou mais fácil, agradecida por não ter se arrependido
de fazer sexo com ela, como falou. Não se arrependia também, ainda que admitisse ante si mesma
que estava confusa sobre como se sentia sobre isto.

— Passou muito tempo desde que fiz sexo. Estava muito excitado. Farei melhor em uns
minutos.

— Uns minutos?

— Tenho que me recuperar. Minhas bolas doem um pouco, mas irá parar rápido.

— Machucou-se?

— Gozei com tanta força que doeu. Acho que por causa dos espasmos. Minhas bolas estão
doendo um pouco, mas está diminuindo.

— Isto é uma coisa dos Espécies?

— Provavelmente. Não tenho certeza. Terei que perguntar a outros machos. Isto não
acontece quando me masturbo, mas você me excita muito mais do que quando estou cuidando de
minhas próprias necessidades.

Isso a surpreendeu, mas apreciou.

— Faz com frequência?

— Sim. Você não?

Sua franqueza sobre a masturbação lhe ajudou a ser sincera também.

69
— Às vezes. Não quando estou visitando Paul, claro. Não trouxe meu vibrador. Fiquei com
medo da bagagem ser comprovado no aeroporto.

— Não entendi.

— Já sabe. — Fez uma careta. — Um funcionário de lá poderia olhar minha bolsa e


encontrá-lo. Seria horrível que alguém o visse.

— Porque é tão tímida sobre o sexo?

— Não sei. Apenas sou.

— Ensinarei a não ser. Sou melhor que seu vibrador?

— Sim.

— Com que frequência o usa?

Ela vacilou, sem saber como responder a isto ou mesmo se deveria.

— Preciso saber para que possa satisfazer suas necessidades. Desfruto masturbando-me ao
menos três ou quatro vezes ao dia. Deve estar tensa se não trouxe seu vibrador para Homeland.
Fico um pouco mais irritado se não libero minha frustração sexual. Fica assim? Faz a cada poucas
horas ou apenas na cama antes de dormir ou quando acorda?

Ele não iria deixá-lo ir.

— Me ajuda a dormir.

Ele sorriu.

— Isso não foi difícil, verdade? Vou me assegurar de te lamber cada noite. Deveria me
deixar te lamber pela manhã também, assim começaria o dia relaxada.

Estava se convertendo em um hábito que suas palavras a surpreendessem.

— Cada noite?

— Cada noite. Cada manhã.

Seu pau se endureceu dentro dela.

— Estou me recuperando.

— Sim.

Retirou-se um pouco dela e logo se introduziu novamente.

— Desta vez não gozarei até que você goze. Estou mais preparado para o extraordinário
que se sente.

70
Dana gemeu, agarrando-se a seus ombros. Mourn enganchou-se nela. Extraordinário era
uma boa maneira de descrever como se sentia quando se moveu em seu interior. Ele levantou seu
peito erguendo-se fora dela e teve que soltá-lo, mas bloqueou suas pernas ao redor de sua
cintura. Mourn enganchou um braço sob a parte baixa de suas costas, segurando-a no lugar
enquanto a fodia.

Observou como Mourn levantou a mão livre até sua boca e lambeu a ponta do polegar.
Estendeu a mão entre eles e pressionou firmemente contra seu clitóris. Moveu-o.

— Oh Deus!

— É muito religiosa.

Deixou ir isto, fazendo uma nota mental para explicar mais adiante. Puxou seu traseiro
mais perto com seu braço enganchado por baixo dela, segurando-a em seu lugar enquanto a fodia
mais rápido. Fechou os olhos, mordeu o lábio e simplesmente desfrutou da sensação de tê-lo
dentro dela enquanto ele brincava com seu clitóris ao mesmo tempo até que gritou seu nome, o
clímax percorrendo-a.

Mourn não dava trégua a seu clitóris e ela se contorceu, apertando sua cintura com as
coxas. Ele grunhiu e ela sentiu quando gozou. Seus movimentos ficaram quase violentos e
desiguais e logo sentiu um calor estender-se dentro dela.

Queria perguntar por que seu sêmen era quente, uma vez que recuperasse o fôlego e
pudesse formar frases novamente. Retirou o polegar de seu clitóris e caiu sobre ela, imobilizando-
a com seu corpo. Ela envolveu seus braços ao redor de seu pescoço e ele cumpriu sua palavra, não
a afastando, mas mantendo-os juntos.

— Vou aprender cada vez mais sobre como te satisfazer. — Disse com voz áspera.

Abriu os olhos e ficou cativada pela forma como Mourn a olhava, como se fosse alguém
muito especial para ele. Poderia ser uma ilusão. Ela poderia facilmente se apaixonar por ele e de
fato, suspeitava que já estivesse começando.

A compreensão viria depois. E isto iria devastá-la se acaso descobrisse que era apenas uma
muleta emocional. Pode ser que não se arrependesse do sexo, já que era fantástico, mas
perceberia que não queria passar o resto da vida com ela. E ela voltaria para casa com o coração
partido.

— O que está pensando?

Não iria compartilhar suas preocupações.

— Estou desfrutando de estar perto de você.

Esta era a verdade.

— Eu também.

71
Virou a cabeça, olhando ao redor do vestiário.

— Precisamos de uma casa. Não quero que tenha que viver na Residência dos Homens.
Pode ser barulhento às vezes quando os machos jogam. Duvido que Paul queira compartilhar sua
casa com outro macho. Somos territoriais. É seu espaço. — Sorriu quando a olhou novamente. —
Vou solicitar uma casa pela manhã. Irão nos dar uma casa como a de Paul. Podemos dormir aqui
esta noite.

— Não podemos viver juntos.

Isto acabou com o bom humor.

— Podemos. Sei que não está preparada para se emparelhar à mim. Quer tempo. Entendo
que precisa aprender mais sobre mim antes de assinar os papeis de companheiros. A melhor
maneira de convencê-la de que sou seu macho será dividindo um quarto.

Os Novas Espécies não têm encontros.

As palavras de Paul soaram em sua cabeça novamente. A maioria dos homens tinha medo
de se comprometer. Mourn queria ir a toda velocidade em uma relação de viver juntos, saltar
dentro com ambos os pés.

— Vou abraçá-la enquanto estivermos dormindo. Vamos compartilhar refeições. Será


agradável. Pelo menos podemos tentar.

Era difícil dizer não quando ele a olhava com estes magníficos olhos e estava segurando-a,
com seus corpos entrelaçados. Sua voz rouca não facilitava as coisas. Tinha dificuldades para
resistir. Era também como conseguiu abrir suas pernas para ele, em primeiro lugar. Nenhum
homem jamais falou com ela desta forma e esta era uma mudança a qual não poderia resistir.

— Durma comigo e verá como irá gostar.

Retirou-se com cuidado seu corpo e a levantou.

— Este banco é muito estreito. Dormirei nele e pode deitar sobre mim.

Ficou em pé e estendeu a mão para ela. Vacilou e logo a tomou.

— Paul vai se preocupar quando notar que não estou ali.

— Sou madrugador. Eu a levarei para casa para pegar suas coisas antes de acordar.
Diremos que está a salvo comigo.

Imaginou o rosto de seu irmão quando anunciasse que iria morar com um Nova Espécie.
Provavelmente enlouqueceria. Disse para não se envolver com Mourn. Estava segura que não
ficaria contente ou aceitaria sem muitos gritos primeiro.

— Vou ficar contigo esta noite, mas tenho que pensar sobre morar com você. Isto é um
grande passo, Mourn.

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Ele grunhiu suavemente para ela e seus olhos se estreitaram.

— Vou fazê-la feliz.

— Não é isso. É apenas que está indo rápido demais e vivermos juntos é um grande passo.

Não mencionou que fazer sexo também era e ela estava tendo um momento muito difícil
para chegar a um acordo com o que acabaram de fazer.

— Deixe-me pensar nisso.

Sua expressão suavizou.

— Entendo. Obrigado por ficar comigo esta noite, Dana. Tenho muita vontade de te
abraçar e tê-la dormindo em meus braços.

Tomou a mão de Mourn e lhe permitiu puxá-la para que se levantasse. Estendeu-se de
costas no banco e sorriu. Ela tinha que admirar o incrivelmente sexy que era nu. A bandeira já não
estava ao redor de sua cintura.

— Deite-se sobre mim.

Ela vacilou.

— Pode que seja muito pesada.

Ele riu e se sentou justo o suficiente para capturar sua mão, puxando-a para baixo.
Terminou sobre ele, com as pernas levemente separadas, assim que não esmagou seu pau.
Endureceu entre suas coxas. Mourn a acomodou, de modo que usou seu peito como almofada
com a cabeça perto de seu ombro. Puxou a bandeira para baixo para cobrir seu traseiro e logo
envolveu seus braços ao redor da cintura.

— Está a salvo. Está quente o suficiente?

Ele proporcionava uma grande quantidade de calor corporal.

— Sim.

Mourn acariciou sua mandíbula contra a parte superior de sua cabeça.

— Bom. Isto é agradável, verdade?

Ela relaxou e teve que admitir que sim.

— Sim.

Era grande e sólido sob ela. Quente. Seus braços ao redor dela se sentiam bem. Inclusive
gostava de ouvir as batidas do coração sob seu ouvido. Ele começou a acariciar suas costas. Isto se
sentia muito bem e relaxou ainda mais.

73
— Sente-se certo tê-la aqui. — Disse com voz rouca. — Incomoda a luz? Esqueci de apagá-
la.

— Não é forte.

— Tente dormir. Estou com você.

Fechou os olhos, mas o sono não chegou de imediato. Mourn continuou acariciando suas
costas, sua enorme mão massageando suavemente a curva de seu traseiro a cada poucos minutos.
Não tinha nenhum desejo de pedir a Mourn que a levasse para casa. Ali simplesmente teria que
dormir sozinha no quarto de hóspedes. Não era algo que desejava fazer quando ser abraçada por
ele se sentia tão bem.

Finalmente dormiu, apagando-se.

74
Capítulo Seis

— Peço desculpas por dormir muito.

Mourn não parecia lamentar, já que sorria.

— Este foi o melhor descanso que tive em muito tempo.

Dana tinha que admitir o mesmo.

— Eu também.

— Geralmente acordo com pesadelos. Inclusive me preocupa poder girar em sonhos e cair
no chão.

Ela sorriu, lutando para colocar a calça. O tecido ainda estava úmido e grudava em suas
pernas. Conseguiu se vestir e encarou Mourn. Também vestiu sua roupa molhada. Provavelmente
eram um casal de aspecto lamentável com sua roupa um desastre e o cabelo bagunçado. Era
evidente que acabaram de acordar.

— Fico feliz que não fez isto. Não teria sido a melhor forma de acordar.

— Apenas deve levar a bandeira. Suas roupas estão ainda muito úmidas.

— Meu irmão terá um ataque de histeria se fizer isto. Ficarei com as roupas úmidas. Confie
em mim. Ele realmente enlouquecerá se chegar em casa sem elas.

Ele riu.

— Esta noite dormiremos juntos em uma cama de verdade com muito espaço. Terei uma
casa organizada para nós.

Estava quase entrando em pânico quando levantou a cabeça para olhá-lo.

— Não estou pronta para morar com você ainda.

Todo o bom humor desapareceu.

— Não diga isto. — Ele se aproximou e afastou o cabelo do rosto. — Prove durante sete
dias. Eu a deixarei ir se não quiser ficar. Este é um compromisso.

— Isto é colocar muita pressão nos dois.

— Sem pressão. Seja você mesma, Dana. Me preocupo com você. Viveremos juntos. Acho
que vamos ser felizes e espero que você descubra que isto pode funcionar entre nós.

75
Ela mordeu o lábio inferior, pensando. O dano estava feito. Não iria se esquecer de Mourn
facilmente. Eram íntimos. Voltar a sua antiga vida sem tentar ver se poderia funcionar uma relação
entre eles seria deixá-la com arrependimentos. Tinha muito daquilo para durar uma vida toda.

— Tenhamos um encontro.

Ele deu um passo mais perto.

— Quero dormir contigo todas as noites.

— Já estamos avançando muito rápido. Me disseram que os Novas Espécies não tem
encontros, mas os humanos sim. Saltamos diretamente ao sexo.

Olhou ao redor do vestiário.

— Tem uma casa, verdade? Esta noite pode me levar ali e podemos passar tempo juntos.
Não espero que me leve para jantar ou ao cinema. Entendo que na verdade não é possível fazer
isto em Homeland. O bar parece ser o único lugar social para passar um tempo e isto não é
exatamente romântico. Não vi um cinema aqui.

— Não quero levá-la para a Residência dos homens. Me preocupa que seja incômodo.

— Por quê?

— Os homens passam tempo nas áreas comuns no primeiro andar. Poderiam se alarmar te
vendo comigo e tentar me impedir que a leve ao meu apartamento.

A simpatia por ele chegou rápido.

— Devido a que iniciou uma briga com eles?

Ele assentiu com a cabeça.

— Eles irão querer te proteger, acreditando que sou instável.

— Poderíamos ir para uma casa de casais emparelhados.... as casas onde os Espécies vivem
com suas companheiras. É mais reservado e teríamos menos machos para lidar. Darkness poderia
nos ajudar a conseguir uma casa. Ele acha que é bom para mim.

Lembrou-se do nome.

— Não foi com ele que lutou quando nos conhecemos?

— Sim?

— Falou com ele sobre nós?

Ele assentiu com a cabeça.

76
— Não tive escolha. Sabe que nos encontramos durante a noite e queria saber por quê.
Ameaçou me enviar para a Reserva se minhas intenções não fossem boas.

— Porque teria que fazer isto?

— Preocupava-se que pudesse fazer o que Vengeance tentou no passado.

— O que foi?

— Tentou se apoderar das fêmeas humanas e levá-las.

Ela o olhou com a boca aberta.

— Levá-las?

— A companheira de Ven morreu em Mercile. Também é instável. Ele apenas quer uma
mulher para amar e cuidar. Precisa de um propósito em sua vida. Darkness estava preocupado
com o fato de tentar sequestrá-la da casa de seu irmão e levá-la comigo a força. Disse que nunca
faria isto.

— Este tal Vengeance fez isto a alguém?

— Ele tentou apoderar-se de uma mulher algumas vezes, mas os machos impediram. É
muito solitário. Apenas queria ter uma mulher em casa e mantê-la.

— Teve alguma ajuda? Soa como se precisasse.

— Todos tivemos que conversar com psiquiatras, mas não nos compreendem. Eles pensam
como humanos e não como um Espécie.

Deixou que isto se fundisse nela, absorvendo o significado.

— O psiquiatra com quem conversei ficou irritado mais comigo quando lhe contei sobre
como 139 se converteu em minha companheira.

— Porque ficou irritado?

— Kregkor disse que era similar ao estupro quando nos unimos e pediu a Justice para me
manter afastado de 139. Justice rejeitou seu pedido e o proibiu de se aproximar de nós. Tentou,
mas o oficial nas portas se negou a permitir que viesse à nossa casa. Kregkor já não trabalha para a
ONE. O governo dos EUA lhe enviou para trabalhar em Homeland, mas a companheira de Moon
conseguiu que o despedissem. Joy é uma psiquiatra também e disse que era um imbecil. Ela falou
comigo depois que alguém lhe contou o que me disse e as acusações que fez sobre como me
deixar cuidar de minha companheira poderia machucá-la mais. Joy entende os Espécies muito
melhor.

— Kregkor soa como um idiota.

77
— Obrigado por receber bem quando contei como 139 se converteu em minha
companheira. Entendo que não é como os humanos se unem.

Ela diminuiu a distância entre eles e segurou seu rosto.

— É um homem incrível, Mourn. É doce e amável. Sinto muito isto que disse Kregkor.

Ele sorriu.

— Porque sempre pede desculpas por outros humanos?

Ela sorriu.

— Não sei.

— É adorável, mas não é necessário. Não o tomei como algo pessoal. Pensava como um
humano. Nossa história é muito diferente. Não tivemos opções, nenhuma vez.

Teve o impulso de dar-lhe um beijo, mas não estava perto.

— Devemos chegar à casa de Paul antes que realmente se assuste.

— Quero que venha morar comigo.

— Eu sei, mas tenho que pensar sobre isto.

— Posso pedir para Darkness conseguir uma casa para que possamos ir para lá à noite? Eu
me mudarei para a casa e pode me visitar, assim teremos privacidade. — Olhou ao redor do
vestiário e logo para ela novamente. — Quero te levar a um lugar melhor que isto.

Ela assentiu.

— Acha que pode fazer isto?

— Sim. Saio às quatro horas hoje. Posso te buscar às quatro e meia? Conseguirei comida
para nós e poderemos comer juntos. Será como um encontro, mas sem ninguém para intervir.

— Sim.

— O que gosta de comer?

— Comi frango frito quando Paul me levou ao bar. Gostei muito.

— Pedirei isto para você.

Mourn deu um passo ao redor dela e abriu a porta. A brilhante luz a cegou por um
momento, mas lhe seguiu. Mourn girou e não se surpreendeu quando simplesmente a levantou
nos braços. Parecia gostar de carregá-la ou talvez pensasse que caminhar sobre a grama não era
aceitável. Envolveu seus braços ao redor de seu pescoço enquanto fechava a porta.

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— Me deixe falar quando chegarmos na casa. — Sentia-se melhor preparada para lidar com
Paul. — Não tenho nem ideia de como fazer meu irmão entender por que passei a noite contigo,
mas farei meu melhor esforço. Apenas me prometa que não irá derrubar Paul com um golpe.
Nenhuma luta com ele. Não vai reagir bem quando aparecermos ali. Provavelmente já descobriu
que não estou no quarto.

— Não tenho nenhum desejo de lutar mais com machos, especialmente um que importa
muito para você. Apenas vou imobilizá-lo se ele me atacar.

Ela fez uma careta.

— Não quero que vocês briguem.

— É uma mulher completamente adulta. É sua decisão dormir comigo, não a dele.

— Você não entende os irmãos mais velhos.

— É verdade. Não tenho família.

O parque parecia abandonado. Aproximaram-se da parte traseira da casa de Paul. Foi a


primeira indicação do que a esperava dentro. Dois Novas Espécies uniformizados estavam no
pátio, um deles falando por celular.

— Merda. Paul deve ter chamado a Segurança.

— Vai dar tudo certo. — Mourn sussurrou.

O guarda desligou o telefone e deslizou-o no bolso dianteiro. Mourn passou por cima do
muro e levou Dana até eles. Desceu a rapidamente. O guarda lançou um olhar para ele, mas se
dirigiu a Dana quando falou.

— Está machucada?

— Não.

A porta de correr se abriu e saiu um homem Nova Espécie, alto de cabelos negros. A dura
expressão em seu rosto lhe dava um pouco de medo. No entanto, não usava uniforme. Em seu
lugar, usava uma calça jeans e uma camisa negra de botões.

— Darkness.

Mourn se aproximou mais de Dana, colocando seu corpo entre ela e o outro homem.

— São dez e meia. Paul acordou e ficou alarmado ao perceber que sua irmã não estava no
quarto. Fez uma busca em grande escala para Homeland para encontrá-la. Intervi e o mantive
aqui. No entanto, tive que lhe informar que vocês dois estão passando as noites juntos. — Passou
um olhar sobre Dana... um exame rápido. — Jurei que estava bem. Parece estar.

— Dormimos muito tempo. Peço desculpas.

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Mourn chegou as suas costas e segurou sua mão. — Pedi a Dana para morar comigo, mas
ela precisa de tempo antes de se decidir sobre isto. Ainda assim gostaria de solicitar uma casa para
que ela possa me visitar ali. Falará em meu nome e fará com que isto ocorra?

Darkness vacilou, aparentemente pensando.

— O que tem de ruim na Residência dos homens?

— Os outros machos poderiam desejar protegê-la de mim. Não quero problemas.

O tipo de cabelo negro pareceu refletir sobre isto durante longos segundos.

— Poderia arrumar isto.

— Vou pegar meu turno ao meio dia, mas saio do serviço às quatro. Acha que pode ter algo
pronto para então? Não quero ter que levá-la ao vestiário cada vez que nos encontramos.

Darkness assentiu.

— Acho que posso. — Então olhou para Dana. — Sentirá segura em um lugar mais privado
com ele?

Ela apertou a mão de Mourn, agradecida por estar segurando-o. Aquele imenso homem
vestido de negro a assustava.

— Sim. Estamos tentando nos conhecer melhor. — Respondeu ela, sentindo a necessidade
de explicar.

Este tipo de situação lhe lembrou da primeira vez que conheceu o pai de Tommy depois
que começaram a sair. Ficou com medo de que dissesse para ir embora e não se aproximar de seu
filho.

Darkness suspirou.

— Certo. Pode ser que queira falar com seu irmão. Esteve dando voltas por sua sala e não
quis se acalmar até que fosse encontrada. — Olhou para Mourn. — Você fique de fora. Ele quer te
golpear. Eu me nego a permitir que lute com um ser humano, ainda mais este.

— Dei minha palavra de que apenas seguraria Paul se me atacasse.

Darkness grunhiu.

— Deixe-a entrar sozinha. Seu irmão não irá lhe machucar. O melhor é que fale com Paul
sem vê-lo. Vai trabalhar em pouco mais de uma hora. Está com o cheiro de sua fêmea. Precisa de
um banho e isto te dará um pouco de tempo para arrumar suas coisas.

— Deveria falar com Paul e assegurar que Dana está a salvo comigo.

Darkness negou com a cabeça.

80
— É obvio, inclusive para um humano, o que vocês dois fizeram. Confie em mim, ele te
atacará. Fez sexo com sua irmã. Este é um assunto de família e tem que afrontá-lo sem você. Diga
adeus a ela e pode pegá-la depois que terminar seu turno. Entrarei em contato com você para dar-
lhe o novo endereço. Ficarei aqui para me assegurar que tudo fique bem. Não vou permitir que
aconteça nada com ela, mas você só iria piorar a situação.

Dana puxou a mão de Mourn até que ele a olhou.

— Tem razão. Eu cuido de Paul. Deveria tomar um banho antes de ir trabalhar. Ficarei bem.

Franziu o cenho. Precipitou-se para dentro antes que pudesse ir trabalhar. Parecia como se
ele planejasse fazê-lo.

— Vai arrumar suas coisas se planeja se mudar hoje. Deveria comer algo. Disse que sairá do
trabalho às quatro. Estarei pronta quando aparecer para nosso encontro.

— Não quero que enfrente Paul sozinha se ele estiver irritado porque a mantive fora toda a
noite.

— Maldição! — Murmurou Darkness fulminando Mourn com o olhar. — Confie em mim.


Vá para casa, tome um banho e faça o que sua mulher diz. Coma algo e venha buscá-la depois de
seu turno. Quer fazer as coisas mais fáceis para ela? Não lhe faça ver seu irmão atacando-o. Ele o
fará.

Mourn grunhiu baixo.

— Bem. — Soltou a mão de Dana. — Voltarei aqui quando terminar o turno, justo depois
de pegar comida.

— Eu te verei logo.

Girou e se afastou. Dana o viu se afastar, preocupada. Parecia irritado. Darkness limpou a
garganta e ela afastou o olhar de Mourn para enfrentá-lo. Ficou tensa, não gostava de sua
expressão sombria.

— Estou com problemas?

— Por fazer sexo com Mourn? — Ela assentiu. — Tentei convencê-lo do contrário.

Darkness se aproximou mais.

— Ele a forçou ao sexo?

— Não. Não foi nada disso.

— Então porque acha que está com problemas?

81
— Está chorando a perda de sua companheira. Disse que era uma má ideia se envolver tão
cedo com outra pessoa, mas ele não concordou. Posso compreender se acha que me aproveitei
dele, mas juro que machucá-lo é a última coisa que quero.

Ele a surpreendeu começando a rir repentinamente.

— O que é tão gracioso?

— Os humanos são. Ninguém em Homeland pensará que se aproveitou dele. É divertido


cada vez que ouço estas palavras. Nossos homens podem ser muito convincentes, como suspeito
que já descobriu de primeira mão, já que ficou com ele toda a noite e parte da manhã. Vá para
dentro com seu irmão.

Ficou de lado. Dana vacilou.

— Paul está realmente irritado?

— Está preocupado.

Ela assentiu com a cabeça, respirou fundo e exalou. Avançou, passando por dois guardas
sem olhar para eles e entrou na casa. Paul estava na cozinha com Becky. Estavam conversando,
mas pararam no segundo que a viram. Paul adiantou-se.

— Onde diabos esteve?

Paul parou a uns passos de distância, olhando-a da cabeça aos pés.

— Está bem? Este louco filho da puta a machucou?

— Mourn não está louco!

— Assim que estava com ele? Darkness disse que ele está se encontrando com você todas
as noites, depois que íamos dormir.

— Acalme-se Paul. — Insistiu Becky.

— Não se meta nisto. — Cortou.

Dana fez uma careta.

— Não fale com ela assim.

— Eu sou o mau? — Paul levantou os braços. — Acordei e não estava aqui. Logo descubro
que está mentindo e saindo com Mourn. Disse que ficasse o mais longe possível dele. Não está
bem da cabeça.

— Ele perdeu sua companheira e esteve lutando com isto. Estive ali, lembra-se?

— Sim. — Assentiu Paul. — Ficou louca depois que perdeu seu marido. Todos nos
preocupamos e ficamos com medo de estourar sua cabeça.

82
— Paul! — Becky rodeou o balcão e o agarrou pelo braço. — Pare.

Paul fechou os olhos.

— Desculpe.

Ele respirou fundo e abriu os olhos.

— Estava com medo de Mourn te machucar. Vai ao Centro Médico com frequência, depois
de entrar em lutas com outros homens. Não são como homens normais, Dana. — Olhou além
dela. — Diga Darkness. Mourn é um perigo para sua própria espécie e ela não é uma de suas
fêmeas. Minha espécie matou sua companheira. Poderia se vingar em minha irmã.

Dana olhou para trás, percebendo que Darkness estava justo atrás dela. Estava tão perto
que poderia mover a mão e tocá-lo. Ele a olhou e logo franziu o cenho para Paul.

— Ela o deixa estável. Ele a vê como uma razão para viver. Não lhe machucaria, tal como
disse antes Paul. Ele tem muita raiva para dirigir a qualquer pessoa relacionada com Mercile, mas
que Espécie não tem? É consciente de que sua irmã não é como eles. Está interessado nela como
mulher.

— Fodidamente maravilhoso. — Murmurou Paul.

Dana olhou para seu irmão.

— Mourn não vai machucá-la.

— Como sabe? Apenas passou algumas noites falando com ele. Eu o conheço muito mais
do que você e sou o que continua enfaixando suas lesões. Tem vontade morrer.

— Eu o conheço melhor que você.

— Uma merda. Está sendo ingênua, Dana. Não sabe nada sobre os Espécies. Prefiro que se
relacione com alguém da Zona Selvagem que com Mourn. Nem sequer sabe o que isto significa,
mas pelos menos saberia que um deles nunca se voltaria contra você. Chama Zona Selvagem por
uma razão. Alguns deles são quase selvagens, mas Mourn está louco. Perdeu sua companheira e
enlouqueceu. Ataca as pessoas que tentam serem suas amigas. Diabos, atacou o homem em pé
atrás de você. Olhe para Darkness. Apenas um louco filho da puta iria começar uma briga com ele.
É mais assustador que uma merda. — Paul olhou por cima de sua cabeça. — Sem ofensas, amigo.

— Sem problemas. — Murmurou Darkness.

— Está irritado e preocupado. Eu entendo e sinto muito.

Dana queria acalmar a situação.

— Nós dormimos ou teria voltado antes que acordasse. Mourn...

— Dormiu com ele?

83
Paul abaixou a cabeça para olhar sua roupa. Ele empalideceu e logo levantou o olhar.

— Apenas dormiu, verdade?

Ele saiu do agarre de Becky.

— Te fodeu? Diga que não deixou que a tocasse.

— Calma. — Ordenou Darkness em tom forte.

— Permitiu que tivesse sexo contigo?

Paul se esticou até Dana. Darkness o enganchou de repente pela cintura e o puxou contra
seu corpo, retrocedendo uns passos no processo. Ele grunhiu, o som era aterrador e ameaçador.

— Não a toque com raiva.

— Não iria machucá-la. — Paul deixou cair a mão. — É minha irmã mais nova.

Darkness soltou sua cintura e aproximou-se de seu lado, mantendo-a perto.

— Você é quem está atuando como louco Paul. Ela é uma mulher totalmente adulta que
fez sexo com Mourn. Foi consensual. Estão se relacionando e Mourn está se mudando para uma
casa para que tenham um lugar privado e possam passar um tempo juntos. Ela está tentando lhe
dizer isto, mas não permite que fale.

Paul retrocedeu e tropeçou no balcão. Ficou olhando Dana com a boca aberta.

— É verdade?

— Não teria formulado assim, mas sim. Mourn me pediu para morar com ele, mas disse
que não estava preparada para isto. Vamos passar um tempo juntos e ver como será.

— Perdeu a cabeça?

Podia ver quão irritado que estava Paul. Odiava ser a causa disto.

— Não entenderia.

— Tem razão. Não entendo. É a última pessoa com a qual deveria se envolver. Ele é
emocionalmente instável. Sei que sente pena dele, mas isto é levar tudo muito longe.

Acabava de cair uma bomba sobre eles assim estava disposta a perdoar Paul por ser um
imbecil. Mesmo podia entender porque estava irritado, mas precisava retificar sua última
declaração.

— Alto aí. Não sinto pena de Mourn. De fato, me preocupo com ele. De fato não sinto nada
por ninguém desde Tommy.

Fez uma pausa, movendo o olhar para incluir Becky enquanto olhava entre eles.

84
— Mourn me faz sentir. Sei que é irracional e há uns dias provavelmente estaria pensando
o mesmo que você. Não o conhece como eu. Conversa comigo e eu também posso me abrir com
ele. Também não iria me machucar. Confio nele. É doce e realmente maravilhoso, Paul. Não sei
como explicar isto para que entenda, mas quero tentar ter uma relação com Mourn.

O silêncio no lugar era terrível. Dana podia ver a ira em Paul.

— Você não sabe o que se sente ao ver um ser querido morrer ou o tipo de dor que
acompanha. Coloquei um rosto valente e contei as pessoas que o tempo cura tudo. Isto é uma
mentira de merda, Paul. Há um buraco dentro de mim e vivo cada dia apenas com a esperança de
sentir algo mais que a perda e a solidão em que se converteu minha vida. Pela primeira vez, quero
ser tocada por alguém. Dormir sem sonhar com Tommy ou acordar com a compreensão de que
está morto. É como voltar a viver esta perda uma e outra vez, arrancando a crosta e fazendo-a
sangrar novamente. Abri os olhos esta manhã com Mourn me abraçando. Não estava sozinha.
Nem sequer pensei em Tommy até agora. Sabe o maravilhoso que é isto? O genial que foi?

Lágrimas encheram os olhos de Paul.

— Dana, sinto muito. Porque não me disse o que ainda estava acontecendo?

— Sabia que iria desgarrá-lo e não havia nada que pudesse fazer para consertar meus
problemas. Sei que posso ter meu coração partido se as coisas não saírem bem com Mourn, mas
prefiro provar isto a voltar para casa, para a vida que deixei para trás. É uma merda, Paul. Mamãe
tentando estabelecer-me com cada perdedor que pode encontrar deixa tudo pior. Acha que
Mourn está louco? Pelo menos ele não vive no sótão da mãe ou faz exames ginecológicos na nossa
mãe.

— O que?

Olhou para trás ao ver a expressão horrorizada de Darkness.

— É uma longa história, mas acredite em mim, não quer sabê-la. — Enfrentou Paul
novamente. — Não espero que fique contente, nem nada. Quero conhecer Mourn melhor e ver se
podemos ser felizes juntos. Tenho que fazer isto, infernos, quero fazer isto. Estou me arriscando
muito, mas adivinha? Isto é viver, em lugar de apenas existir. Estou com medo e nervosa, isto
poderia ser um desastre, mas também estou excitada para ver aonde irá. Tenho certeza de que
estou me apaixonando por ele.

Becky se aproximou de Dana e a abraçou.

— Nós te apoiamos.

Paul ainda não parecia feliz, mas a ira estava sendo drenada.

— Vou matá-lo se lhe machucar.

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— Muito bem. — Declarou Darkness. — Vou arrumar para que Mourn tenha uma casa e
fazer algumas ligações para explicar a situação. Suponho que tudo está bem aqui agora?

— Sim, obrigada, Darkness.

Paul assentiu com o olhar. Becky soltou Dana e Paul a abraçou depois. Estreitou-a e
suspirou.

— Eu me preocupo. Isso é tudo. Não poderia ter escolhido outro além de Mourn?

— Não. — Aferrou-se a ele. — Nos parecemos muito.

— Porque a roupa úmida? Quero saber?

Dana riu ante a pergunta de Paul.

— Foi uma tentativa de Mourn de me seduzir. Você perguntou.

Ele gemeu, aliciou seu controle sobre ela e deu um passo atrás.

— Estes homens não são normais. Esquecerei que sou seu irmão mais velho, por um
momento, mas sou enfermeiro. Está bem? Sente alguma dor? Foi mordida?

Becky ficou sem fôlego.

— Merda. Me esqueci disso. Ele te mordeu? Isso significa que quer se emparelhar com
você. Marcar seu território.

— Mourn não me mordeu. Não dói nada.

— Não é para marcar território. Acho que é mais para ter o sabor do sangue de sua
companheira.

Dana lhe lançou um olhar assassino.

— Apenas está dizendo isto para me assustar.

Cruzou os braços sobre o peito.

— Não. Isto é algo dos Novas Espécies e é informação confidencial. Não são
completamente humanos. Recebem estes impulsos. Ele pode mordê-la em algum momento. A boa
noticia é que será cuidadoso ao não romper sua pele com os dentes. Simplesmente não lute, se
acontecer. Fique quieta. Prometa.

Assentiu com a cabeça, esperando que fosse uma merda. Viu os dentes de Mourn. Eram
grandes, como tudo nele. Paul de repente ficou tenso.

— Diga que usou preservativo.

Dana negou com a cabeça.

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— Filho da puta! — Gritou Paul.

Pisou através do quarto e deu um soco na parede.

— Vou matá-lo.

— Acalme-se querido.

Becky deixou o lado de Dana e apressou-se até seu marido. Agarrou o punho e o
inspecionou. Sacudiu-se fora do agarre de sua esposa, olhando para Dana.

— Não deixe que te toque sem um preservativo.

— Duvido muito que Mourn me contagie com uma doença sexual. Apenas esteve com sua
companheira. Sei que não tenho nada. Apenas tive sexo com Tommy. Ele não tinha nenhuma
doença sexualmente transmissível.

— Os Espécies não tem DST. São imunes. Apenas tem que usar preservativos de agora para
frente, se insistir em deixar este bastardo de tocar, certo? — Olhou-a furioso. — Tenho que sair
daqui. Não posso conversar.

Marchou até a porta, abriu-a e fechou de golpe atrás de si. Dana fez uma careta.

— Não recebeu muito bem.

Becky se virou para parar na frente dela.

— Ele gosta de sair para caminhar quando está realmente irritado, mas geralmente me
beija antes.

Becky olhou para a porta com tristeza e logo para Dana.

— Apenas quer protegê-la.

Dana suspirou.

— Sabia que não ficaria feliz ao descobrir sobre Mourn, mas não esperava isto.

— Voltará uma vez que esfriar a cabeça e tiver tempo para ajustar a mente sobre isto. Está
bem? Parece irritada também.

— Não vim para Homeland esperando conhecer alguém. Estou tendo um momento duro o
suficiente enfrentando esta repentina relação com Mourn. Não precisava de Paul explodindo
desta forma.

— Queria um pouco de apoio e compreensão emocional. — Disse Becky. — Estou feliz por
você.

Isso ajudou.

87
— Obrigada.

— Paul tem razão sobre os preservativos, no entanto. Aplique a seguinte regra: sem luvas,
sem amor.

— Por quê?

— Paul tem muitos segredos que precisa guardar de mim sobre os Novas Espécies. Nunca o
pressiono porque ele deu sua palavra à ONE de não repetir nada que descubra sobre eles. No
entanto leio e vejo televisão. Há rumores de que sua genética pode ser transferida aos seres
humanos através do sexo. — Sussurrou Becky, de repente sorrindo. — É possível que cresça em
você dentes, se for verdade. Entrevistaram um médico com uma longa lista de credenciais e acha
que isto é possível.

Dana não engoliu. Becky encolheu os ombros.

— Não falei com Paul sobre este programa, porque me disse para evitar este tipo de coisas.
Fica irritado quando escrevem ou fazem demonstrações sobre os Novas Espécies. Algumas delas
são uma merda total. Um destes programas de entrevista conversou com alguns residentes locais
que vivem a poucos quarteirões de Homeland. Eles temem que a ONE os matem enquanto
dormem, assim venderam suas casas depois do que aconteceu na Reserva.

— Por que acham isto?

Becky a empurrou até o sofá e se sentou.

— A Reserva está expandindo-se. Compraram algumas propriedades ao lado de seus


limites. Considerando que a Reserva se encontra em uma pequena cidade do norte e a maioria das
propriedades que compram são geralmente de mais de cinquenta acres. A Zona Selvagem
começou a aceitar animais resgatados. Sabe como algumas pessoas têm animais ilegais como
ursos e leões como mascotes, mas logo ficam muito grandes para cuidá-los? A Reserva os acolhe.
Os zoológicos apenas podem aceitar alguns deles e não há muitos lugares de resgate que podem
manejar este tipo de animais. De qualquer forma, algumas propriedades chegaram ao mercado,
assim a ONE as comprou. Ofereceram-se a comprar as terras que divisam com a Reserva e pagam
muito mais que o preço do mercado. Os idiotas por aqui pensam que a ONE poderia obrigá-los a
vender por qualquer meio necessário, mas isto é estúpido. Não planejam ampliar Homeland e não
machucam ninguém, a menos que não tenham outra opção. Já sabe, como em defesa própria.

— Soam paranoicos.

— E são. A ONE nunca intimida ou força as pessoas a venderem suas casas. Isto é mentira.
— Becky a olhou. — Percebe que poderia ter consequências se alguém descobrir que está saindo
com Mourn, verdade? Isso provavelmente é uma das razões porque Paul está tão irritado.

— Eu sei. Vejo o noticiário e sou consciente das historias de mulheres que foram atacadas
devido à suas associações com a ONE.

88
— Também está o tema de sua mãe. Paul provavelmente está pensando nisto também.
Uma coisa é ela dizer a seus amigos que seu filho trabalha em uma organização sem fins lucrativos
no estrangeiro, mas... o que diria sobre você? Está acostumada a que ele não esteja por perto.
Você é seu bebê. Não vai gostar se você e Mourn ficarem juntos. Significaria você vivendo aqui e
ela não poderia mantê-la por perto.

— Vou cruzar esta ponte quando chegar lá.

Becky fez uma careta.

— Não te invejo.

Dana se horrorizou com este pensamento.

— Eu também não.

— Está bem? — Becky a observou. — Como se sente sobre passar a noite com um homem?
Esta foi a primeira vez, verdade?

— Desde que Tommy morreu, quer dizer? Sim. Pensei que iria ser uma situação incômoda,
mas não foi assim.

Sentiu um leve calor em suas bochechas.

— Desfrutou muito. — Becky sorriu. — Ouvi que os Novas Espécies tem algumas
habilidades no quarto. Tomarei isto como um fato.

— Não quero entrar em detalhes. Acha que não devo ficar aqui? Não quero deixar Paul
incômodo. Mourn me pediu para morar com ele. Acho que não estou completamente pronta para
isto ainda, mas teria gostado de prolongar minha estadia aqui.

— Está tudo bem. Paul se acalmará. Nossa casa é sua pelo tempo que desejar permanecer
em Homeland.

Dana ficou em pé.

— Deveria tomar um banho.

— Está com fome?

— Estou morta de fome.

— Trarei algo.

— Obrigada.

Becky ficou em pé.

— Estou feliz por você, Dana.

89
— Obrigada.

Dana voltou ao quarto de hóspedes.

***

Mourn desejava que Dana houvesse aceitado viver com ele, mas iriam passar mais tempo
juntos. Darkness lhe enviou mensagens de texto, justo depois que entrou em seu turno, dizendo
que conseguiu uma casa para ele. Mourn planejava fazer uma parada na Residência dos homens
depois do trabalho para pegar suas mochilas e depois ir ao bar e buscar Dana. Isto lhe fez sorrir,
pensando em vê-la logo.

Saiu de um dos prédios e parou quando viu Paul apoiado contra seu jipe. O macho não
parecia feliz, mas obviamente o estava esperando. Mourn sufocou um grunhido, mas não pode
evitar a irritação em sua voz.

— Prometi a Dana que não lutaria com você. Não me ataque Paul.

— Não sou um bastardo suicida. Este é você.

— Veio me ameaçar para me manter afastado de Dana?

— Gostaria, se pensasse que iria fazer algum bem. — Paul negou com a cabeça. — Ela
deixou claro que quer conhecê-lo melhor.

Paul chegou atrás dele e Mourn grunhiu, preparando-se para se defender caso o macho
tivesse uma arma. Paul retirou um pacote que escondeu sob a camisa e lhe ofereceu.

— Pegue isto.

Pegou. Mourn olhou o papel.

— O que é?

— Preservativos. Não iria andar procurando-o com a caixa claramente a vista. Coloquei
alguns dentro. Não posso evitar que veja Dana, mas me condenem se vou permitir que a deixe
grávida. Ela não tem ideia do que pode acontecer e sei que não pode dizer por que não é sua
companheira. Não volte a tocar minha irmã novamente sem usar um. Fui claro?

— Não era consciente de que sabia sobre as crianças.

Paul bufou.

— Claro que sim. Trabalho com Trisha. Tentaram esconder de mim no início, mas não sou
idiota. Jamais teria enganado Slade. Soube a quem pertencia o bebê quando ela ficou grávida e
também pude averiguar porque é confidencial. Não vou deixá-lo prender minha irmã porque a
engravidou. Não que ela possa sair daqui com seu bebê. A ONE não permitiria, seria perigoso para
ela e o bebê.

90
Mourn olhou o pacote e logo outra vez para Paul.

— Obrigado.

— Sabe como usá-los?

Mourn negou com a cabeça. Paul amaldiçoou, deu a volta e colocou as mãos sobre o capo
do jipe.

— Isto é uma bagunça. — Deu a volta. — Pergunte a alguém. Nem sequer posso ir por aí. É
minha irmã. Já foi muito difícil trazer isto, sabendo que precisará pelo que planeja fazer com ela.
Se a machucar eu o farei pagar. Entra no Centro Médico com frequência. Lembre-se disso.
Coloque um dedo nela com raiva e me vingarei. Acordará com um gesso no corpo inteiro. Isto é
muito pior que as restrições. Fui claro?

— Nunca machucaria Dana.

— Não parta seu coração também. Tem certeza que é sério com ela? Não é como suas
mulheres, Mourn. Podem ter sexo com um homem e serem amigos. Ela não leva esta merda
muito casualmente. Entendeu?

— Eu a faria minha companheira se ela dissesse que sim.

— Não quero ouvir isto. Ela precisa de alguém que junte sua merda e este não é você. Dana
passou pelo inferno e voltou. O último que precisa é ter que cuidar de outro homem em seu
caminho na vida. Disse que queria ser enfermeira como eu até que Tommy foi diagnosticado com
câncer?

Mourn negou com a cabeça.

— Os hospitais lhe lembram de tudo aquilo que teve que suportar, por isso agora trabalha
em um escritório. Minha mãe me contou que Dana era toda sorrisos diante de Tommy,
assegurando-se que tudo fosse excelente. Nossa mãe a encontrou um dia escondida na garagem
atrás de caixas. Agachou e ela estava lá soluçando. Este é o tipo de pessoa que é. Ela estava em
pedaços por dentro, mas escondeu de seu marido porque sempre colocou as necessidades dos
outros primeiro. Não lhe faça isto, Mourn. Não a faça ser forte para você ou que o ajude com sua
merda. Ela tem muito para suportar.

Isto desgarrou Mourn, ouvindo o sofrimento de Dana.

— Não o farei. Estamos juntos mutuamente.

— Tem certeza?

Paul se aproximou mais, observando seu rosto.

— Ela precisa de alguém para cuidar dela e não ao contrário. Apenas pense nisso. Se não
puder ser este homem, afaste-se o mais longe possível dela.

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Mourn observou Paul caminhar pela calçada, agradecido pelo macho não ter ido lutar com
ele. Olhou o pacote em sua mão e suspirou. Teria que perguntar a alguém como usar estes
preservativos. Subiu no jipe e se dirigiu para o próximo prédio em suas rondas. Viu Jinx
conversando com uma fêmea que estava olhando um e-mail. Aproximou-se deles.

— Posso falar com você?

Jinx franziu o cenho, mas pediu desculpa para a outra Espécie.

— Claro.

Saíram para a rua e se virou. Mourn fechou a porta e segurou seu olhar.

— O que sabe sobre os preservativos?

As sobrancelhas do macho se ergueram.

— O que?

— Preciso que alguém me diga como usá-los. Foi a esta aula ou já usou antes?

Jinx assentiu.

— Sim. Suponho que os rumores que circulam sobre você e a irmã de Paul são verdade?

— Sim. Estamos passando um tempo juntos.

— Vamos ao bar. Christmas guarda algumas bananas para fazer batidas. É uma boa forma
de ensiná-lo a colocar um. Vamos ter que passar pela minha casa primeiro para que possa pegar
alguns preservativos.

— Tenho alguns no jipe.

— Está bem. Então vamos.

92
Capítulo Sete

Dana estava nervosa. Paul não tinha voltado durante todo o dia, assim pensou que a
estivesse evitando. Becky não deixava de olhar para a porta também.

— Seu encontro está atrasado. São quase cinco.

— Mourn ia pegar comida primeiro. Estará aqui.

Becky sorriu.

— Soa muito segura.

— Estou.

Não tinha dúvidas de que Mourn apareceria.

— Que emocionante!

Dana arqueou as sobrancelhas.

— A coisa completa de encontros. — Becky riu. — Eu sinto falta disso. Queria que Paul me
levasse para sair, mas o único lugar que podemos ir é o bar. Isso fica rotineiro depois de um
tempo. Nunca mais saímos de Homeland.

— Isso te incomoda?

— Na verdade não. Costumávamos sair às vezes, mas não vale a pena o incômodo. Sempre
há idiotas andando ao redor das saídas, mesmo nas portas traseiras. Gritam para nós e tentam
tirar fotos. Uma vez fomos seguidos. Paul virou e nos trouxe de volta. Não podia despistá-los e não
sabia o que queriam ou quem eram. Não estava disposto a correr o risco de que estivesse em
perigo.

— Lamento o que aconteceu.

— É parte da vida aqui. Nos disfarçamos com perucas e óculos escuros quando vamos sair,
para o caso de alguém tirar fotos. Os funcionários têm acesso aos veículos registrados da ONE.
Desta forma nossas identidades estão protegidas e nossas famílias a salvo.

— Uau. Não tinha nem ideia.

— Foi muito divertido no início. Me senti como uma super espiã. — Becky riu. —
Trocávamos de roupa e saíamos do disfarce depois de ter certeza que não havia perigo, logo
jantávamos ou que tivéssemos planejado fazer. Depois trocávamos de roupa novamente antes de
voltar. Então começaram a nos seguir, assim já não ficou divertido.

— Soa muito difícil.

93
Becky encolheu os ombros. — Valeu à pena. Realmente não tenho uma família grande e
nem estão por perto, mas Paul se preocupa com você e sua mãe. Ninguém nunca bateu em sua
porta perguntando por Paul ou pela ONE, verdade?

— Não. — O timbre soou e Dana saltou do sofá, emocionada. Ela correu para a porta e a
abriu de golpe. Mourn estava ali com flores na mão e um grande sorriso.

— Olá. Estas são apropriadas?

Ela pegou as rosas. — Obrigada. Sim. São lindas.

Becky estendeu as mãos. — Vou buscar um vaso e as colocar na sala. Divirtam-se.


Deixaremos a porta aberta para vocês. — Ela sorriu para Mourn. — Ela não tem um horário para
chegar em casa, é toda sua até que esteja pronto para devolvê-la. Não faça o que eu não faria. É
uma lista curta. — Piscou para Dana. — Porque acha que seu irmão se casou comigo?

Dana começou a rir e lhe entregou as flores. Logo saiu com Mourn e fechou a porta atrás
de si.

— Como foi seu dia?

— Bem. E o seu?

Ele a levou a um jipe estacionado junto a calçada.

— Bem. Paul explodiu como um fusível, mas se acostumará. Becky e eu passamos o dia
vendo televisão e conversando.

Ele a ajudou a entrar no carro e deu a volta no jipe para se sentar no assento do motorista.
Ela virou a cabeça, olhando as mochilas na parte de trás e uma caixa entre elas para evitar que se
movesse. O cheiro de comida chegou ao seu nariz de modo que adivinhou o que havia dentro. Ela
olhou novamente para Mourn.

— Aonde vamos?

— Para minha nova casa. Não a vi ainda. Podemos fazê-lo juntos.

— Soa divertido.

— Assegurei-me que Darkness não me colocasse novamente onde vivia.

Ela assentiu.

— Entendo.

— Queria para nós um lugar sem lembranças. Disse que é um modelo diferente. Não tenho
certeza do que significa.

Comprovou o tráfego e se afastou da calçada.

94
— Provavelmente o mesmo arquiteto projetou as casas, mas têm diferentes plantas. Não
será como a casa que teve uma vez.

Ele assentiu com a cabeça, prestando atenção nas ruas.

— Não fique nervosa.

— Não estou. Você está?

Lançou um olhar para ela.

— Um pouco.

— Por quê?

— Quero convencê-la a morar comigo. Temo fazer ou dizer algo que possa afugentá-la.

Era muito doce e apreciava sua franqueza.

— Relaxe. Sou apenas eu. Sem pressão, lembra-se?

Ele sorriu.

— Realmente quero que durma comigo esta noite. Pense sobre ficar.

Ela também sorriu e observou como deixavam as casas e iam por outro caminho e
finalmente chegavam à outra porta. O guarda na guarita saiu ao seu encontro. Mourn desacelerou
até chegar perto do magnífico Espécie.

— Olá Mourn. — Olhou para Dana. — Olá, irmã do Paul. Ambos são esperados. Pode pegar
a primeira à esquerda e é a segunda casa à direita. Está pintada de cinza claro. Já está abastecida.
Bem vindo novamente Mourn.

Deu a volta e apertou um botão dentro da guarita, abrindo a porta. Mourn agradeceu e
conduziu até uma colina. Dana não pôde deixar de apreciar aquelas casas um pouco maiores.

— É muito limpo e agradável. As casas aqui são maiores que a de Paul.

— Nos orgulhamos de nossas casas e suas aparências.

Mourn girou e estacionou em um caminho de entrada.

Estas são as casas dos Espécies. Paul vive nas casas humanas. Há mais casas ali. Homeland
foi construído originalmente para ser uma base militar. Ainda estava sendo construída quando
fomos libertados, assim foram capazes de desenhar algumas delas para satisfazer nossas
necessidades. Ouvi que estas foram construídas para os oficiais do alto comando militar. Paul vive
em uma área destinada à família das tropas. As Residências se criaram para incluir vários
apartamentos destinados à privacidade, em lugar de grandes quartos para abrigar muitos de nós.

— Não sabia. Não posso acreditar que o governo entregou este lugar a ONE.

95
— Tinham suas razões.

Levantou-se e rodeou o jipe e ajudou-a a sair.

— Pode me dizer por quê? Tenho curiosidade.

Ele segurou seu olhar.

— É confidencial, mas não sigiloso. Eu te direi. Sei que não compartilhará nossos segredos.
Eles financiaram Mercile sem ter conhecimento de nossa existência. Teria sido ruim se isto fosse
divulgado. Sua espécie poderia se irritar ao saber que o dinheiro de seus impostos contribuiu para
nos criar e prender. O Presidente se desculpou e nos deu Homeland.

Ela estremeceu interiormente. Esta informação teria causado um banho de sangue na


imprensa.

— Foi um suborno.

Encolheu os ombros.

— Estamos agradecidos. Temos um lar e não precisamos viver no mundo humano.


Disseram que foi um horror quando os primeiros Espécies foram libertados. Teriam nos colocado
em grande perigo se houvéssemos estado separados. Os seres humanos levaram os sobreviventes
originais para lugares afastados para protegê-los e os dividiram. Foi dado assessoramento e
conhecimento do mundo fora de Mercile. Justice nos representou e negociou com o Presidente
para conseguirmos Homeland. Vamos entrar e ver nossa casa. Voltarei para pegar as mochilas e a
comida em um minuto.

Percebeu que usou a palavra nossa, mas não fez nenhum comentário a respeito.

— Está bem simplesmente deixar as coisas aqui?

Olhou ao redor, sem ver ninguém nas calçadas ou nas ruas.

— Deixou a chave no contato.

— Os Espécies não roubam uns aos outros. Não cometemos nenhum delito.

Mourn pegou sua mão e se dirigiu para a porta principal. Abriu-a e lhe permitiu entrar
primeiro.

Dana apreciou os móveis novos. Eram de bom gosto em cores neutras, marrom suave,
creme e leves tons de vermelho. A sala de estar era grande, com teto abobadado. Uma sala de
jantar estava escondida no lado esquerdo e pôde ver a cozinha pelo amplo portal.

— Gosta?

— Sim.

96
Ele pareceu relaxar finalmente.

— Bem. Vamos ver o resto dela.

Gostou que ele ainda segurasse sua mão ao entrar na cozinha. Fez uma pausa. Ela também
o fez, assimilando tudo.

— Agradável.

— Tem comida na dispensa, geladeira e congelador. Os banheiros estão abastecidos com


tudo o que precisamos e as camas possuem lençóis limpos.

— Fizeram isto?

Ele assentiu com a cabeça.

— Cada casa vem mobiliada e pronta para se viver. Não podemos sair para fazer compras
da forma como você faz. Nós mandamos uma mensagem de texto à Mantimentos com uma lista
de coisas que precisamos e eles podem entregá-la no dia seguinte ou podemos ir lá buscar.

— Não compra comida?

Balançou a cabeça.

— Não temos nenhum supermercado. Temos Mantimentos. Conseguem entregar


diariamente desde o lado de fora.

— É bom que eles tenham estabelecidos casas para as pessoas morarem.

— É mais eficiente. Gostamos.

— Quem não? — Sorriu.

Andaram pelo corredor e revisaram os dois quartos. Ele a levou ao quarto principal e
parou, segurando seu olhar.

— Este será nosso quarto, se der seu consentimento para morar comigo.

— Sem pressão, lembra-se?

— É agradável o suficiente? Tive muito tempo para pensar hoje. Disse que seu macho
comprou a casa de seus sonhos. Teríamos que viver em Homeland se vier morar comigo.

O olhar triste em seu rosto a fez lamentar ter dito isto.

— É muito bonita e poderia morar aqui se levarmos nossa relação a sério.

— Quero ser capaz de cuidar de você, como o fez seu companheiro.

Ele a tocava, por estar muito preocupado com ela.

97
— Vou te contar um segredo.

— Por favor, faça.

— Nós realmente não desfrutamos muito daquela casa. O pai de Tommy teve um ataque
do coração e morreu justo depois que nos formamos no ensino médio. Tommy planejava ir para a
universidade. Ambos o faríamos. Em seu lugar, cuidou da empresa e teve que aprender tudo
muito rápido. Precisou da minha ajuda e é por isso que sou boa com trabalhos administrativos.
Tivemos um casamento rápido e compramos a casa, mas não ficamos muito ali nos primeiros
anos. Quando chegou ao ponto em que podia lidar com tudo por sua conta, comecei a escola de
enfermagem. Tivemos uma vida muito ocupada até que Tommy foi diagnosticado com câncer. Ele
vendeu o negócio antes da cirurgia e a quimioterapia começar pela segunda vez. Teve um
momento bem duro com isto. Era um câncer agressivo, assim os tratamentos também eram. Foi
muito duro. — Admitiu.

Mourn soltou a mão e colocou o braço ao redor dela, levando-a até a cama. Sentaram-se.

— Sinto muito.

— Apenas estou dizendo isto porque nem todas minhas lembranças são boas. Nossos
sonhos morreram com Tommy.

Mourn a surpreendeu quando a levantou de repente e a colocou em seu colo. Apenas


duvidou um momento antes de envolver os braços ao redor de seu pescoço. Olharam um para o
outro.

— Não pego resfriados. Temos um sistema imunológico muito bom. Os Espécies não tem
nenhum doença hereditária. Mercile foi capaz de eliminá-las quando criaram nosso DNA... nós.
Nenhum Espécie nunca teve câncer. — Mourn lamentou dizer isto quando viu as lágrimas em seus
olhos. — Desculpe. Não quis causar-lhe dor. Não quero que se preocupe nunca com isto. Não vou
ficar doente como seu companheiro ficou.

— Fico feliz que diga isto. Não quero voltar a passar por algo tão horrível novamente.

Ele a abraçou com mais força.

— Não o fará. — Ele queria distraí-la. — Sou mais forte que um humano. Grunho e
ronrono. Posso rugir se estiver com muita raiva ou irritado. — Considerou suas diferenças. —
Provavelmente notou meus dentes e as pontas dos dedos e as unhas. — Mostrou sua mão. —
Meus pés são iguais.

Ela abaixou os braços e examinou suas mãos.

— Não percebi. Apenas pensei que tivesse calos quando estava me tocando.

Passou a suave ponta do dedo por uma das pontas do dele. Gostava que o explorasse. —
Sou mais rápido e posso saltar, diferente de um humano.

98
— Saltar?

— Os felinos saltam muito bem. Poderia saltar até o teto se precisar.

Parecia um pouco confusa com isto.

— Isto é muito legal. Não precisará de uma escada para limpar o teto e os lustres.

Alegrou-se de que aceitasse com humor.

— Há algo que preciso contar. Não quero mentiras entre nós Dana. Nenhum segredo. Você
não é minha companheira, mas quero que seja. É informação sigilosa, mas confio que guardará o
segredo. Posso engravidá-la.

Seus lábios se separaram e sua surpresa era clara. Ela não disse nada.

— Justice afirmou que sua espécie não reagiria bem se soubesse que temos filhos. Acho
que tem razão. Os Espécies não podem procriar juntos, mas alguns companheiros emparelhados
com fêmeas humanas tiveram bebês.

Ela pareceu se recuperar.

— Agora tem sentido.

— O que?

— Paul exigiu que usasse preservativos se tivéssemos sexo. Ficou muito irritado depois que
descobriu que não usou nenhum na noite anterior. Porque Paul simplesmente não me disse isto?

— Ele é fiel à ONE e prometeu que não o faria. Nem sequer posso dizer isto até nos
emparelharmos, mas quero que saiba que poderíamos ter uma família juntos. É possível. Me
preocupa que você me rejeite por achar que não podemos ter filhos. — Fez uma pausa. — Está
irritada? Deveria ter mencionado isto ontem a noite, mas não passou por minha mente.

Ela soltou a mão dele e se abaixou, colocando a mão em seu estômago. Observou seu
rosto, perguntando o que estava pensando. Não teve que esperar muito.

— Não estou tomando nada. — Ela levantou o olhar, olhando-o fixamente. — Isso
significa...

— Eu sei. Sinto que esteja irritada. Não era minha intenção te colocar em risco. Não pensei
nisto até hoje, quando seu irmão me acusou de tentar deixá-la grávida de propósito. Isto não é
verdade.

— Paul fez o quê?

— Ele me procurou hoje. Pensei que quisesse começar uma briga, mas me trouxe
preservativos.

99
Ela franziu o cenho.

— Desculpe por isto.

— Não. Fico feliz que o tenha feito. Não pensei sobre ser capaz de te deixar grávida. Estava
mais preocupado com o fato de ter medo de mim ou de que fizesse algo incorreto, já que é
humana. Perguntei a um macho hoje como usá-los e levou-me ao bar para ensinar.

Seus olhos se abriram. — O que?

— Conseguiu uma banana, das que ficam atrás do balcão e a usou para me ensinar a
colocá-los.

Ela o surpreendeu rindo. — Gostaria de ter visto. Como foi?

— Bem. Acho que posso fazê-lo, apesar de não ter treinado. Entendi o conceito. Porque
pareceu surpresa quando disse que Jinx me levou ao bar?

— Pensei que pudesse ter ido ali para se encontrar com uma mulher e ter sexo com ela.

Ele grunhiu.

— Você é a única mulher quero. Porque pensou isto?

— Os rapazes vão a bares para pegar mulheres e ter sexo com elas.

— Não sou um rapaz. O bar é para refeições, dançar e socializar. Nunca vou fazer sexo com
outra fêmea, Dana. Os Espécies não enganam.

— Tenho certeza que alguns o fazem.

Balançou a cabeça.

— Ninguém o faz. Nunca viu companheiros juntos, verdade?

— Não.

— Entenderia se o visse. Um vínculo de companheiros é muito forte. Fala-se que ficamos


viciados no cheiro de nossas fêmeas e com nenhuma outra funcionará. Nenhuma outra fêmea me
tentou quando tinha uma companheira, apesar de ela não ser capaz de fazer sexo comigo.

— Não sou do tipo que engana também.

— Sabia disso.

Soltou seu estômago.

— Poderia estar grávida.

— Acho que não está. Já senti o cheiro de outras fêmeas quando estavam ovulando e não o
senti em você. Isso te perturba?

100
— Na verdade não. Isso apenas cai na categoria das coisas que nunca pensei que alguém
me dissesse.

Ele riu. — Vamos tomar precauções a partir de agora se desejar. Tenho os preservativos
que Paul me deu. Ficaria encantado se tivesse o meu bebê, mas sei que ainda não está preparada
para isto. — Ficou tenso. — A comida. Não comemos.

Ele a levantou de seu colo e a colocou em pé. — Vou buscar nosso jantar. Vamos comer.

Pegou-a pela mão e se dirigiu para a sala de estar. Ali a soltou.

— Volto logo.

— Encontrarei os pratos e talhares.

— Obrigado.

Saiu da casa e foi para o jipe. Sua mente estava em Dana enquanto se inclinava para frente,
colocou no ombro uma das mochilas que estava mais perto e a passou por suas costas. Levantou a
caixa e girou, voltando para a casa. Deixou cair a mochila dentro e usou o pé para fechar a porta.
Poderia pegar a outra mochila mais tarde.

Uniu-se a Dana na cozinha. Colocou os pratos no balcão e encontrou os talheres. Colocou a


caixa no chão e tirou os recipientes fechados com o jantar. Observou Dana ir até a geladeira e abri-
la.

— Uau. Realmente encheram isto. O que quer tomar? Parece que tem de tudo. Há leite,
sucos, chá gelado e água.

— Gosto de soda.

Ela tirou duas latas e aproximou-se dele. Observou seu rosto para ver se estava irritado
com a possibilidade de estar grávida. Não o culparia se estivesse. Não parecia, no entanto. Ela lhe
sorriu e sentou-se em um dos bancos. Ele lhe passou o frango frito e rodeou o balcão para sentar-
se ao seu lado com seu próprio recipiente. Ficaram em silêncio enquanto colocavam a comida nos
pratos.

Houve um incômodo silêncio enquanto comiam. Nunca viu alguém usar faca e garfo para
cortar o frango. Ele o teria comido com a mão. Isto lhe fez considerar suas diferenças. Mourn tinha
muitas coisas que queria perguntar a Dana e discutir com ela, mas esperou até que terminou de
comer. Não terminou tudo, mas não era uma humana muito grande.

— O que é este olhar estranho?

Ela o tirou de seus pensamentos. Ele riu.

— A forma como come é divertida.

— Por quê?

101
Balançou a cabeça.

— É linda.

Agachou a cabeça, mas sorriu. Mourn desejava estender a mão e tocá-la. Conteve-se, sem
querer fazer nada que ela pudesse rejeitar. Terminou o jantar e ficou em pé, levando os pratos
para a pia. Dana se aproximou por trás, enquanto os lavava.

— Precisa de ajuda?

— Tenho muita experiência com isto. Porque não se senta no sofá? Estarei ali em uns
minutos.

Afastou-se e ele terminou de limpar. Encontrou-a no sofá e sentou-se perto.

— Poderíamos ver um filme. Há alguns na estante que foram deixados pelo último casal
que morou aqui. — Percebeu antes.

Dana lhe surpreendeu virando-se para ele. Ela tomou sua mão e o olhou com um olhar de
preocupação.

— Meu irmão te incomodou? Ele estava fora de si.

— Não. Fiquei contente de não ter que detê-lo fisicamente.

— Não deveria ter feito isto. Desculpe.

— Está pedindo desculpas novamente pelo que outra pessoa fez.

Inclinou-se e a tocou levemente acariciando seu braço.

— Sei que vem com família, Dana. Considerei isto antes de tentar ser mais que seu amigo.

Ela vacilou.

— Fiquei com medo de que a ONE pudesse ficar irritada comigo porque passamos a noite
juntos. Darkness ficou na defensiva quanto a isto.

— Porque iriam se irritar? — Estranhou Mourn.

— Já sabe, por como me aproveitei de você fazendo sexo.

Ele riu.

— Assim foi exatamente como Darkness reagiu.

— Está pensando como um humano. Não poderia me obrigar a fazer algo que não queria.
Estão mais preocupados com o que eu poderia fazer com você.

— Você não é como aquele homem, Vengeance, sobre o qual me falou.

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— Não, não sou. Sinto-me muito feliz por estar aqui comigo.

— Eu também. Gosto de nosso tempo juntos.

Observou seus traços.

— Gostaria de ter sua confiança em nossa relação em longo prazo.

— Terá.

Ela rompeu o contato visual e recostou-se no sofá, fora de seu alcance.

— Isto não foi muito justo.

Seus ombros se fundiram.

— Sei que é muito pedir que renuncie ao seu mundo pelo meu, mas faria todo o possível
para fosse feliz, Dana.

— Entendo porque teríamos que viver aqui. Não estou falando sobre isto.

Ela se virou para olhá-lo, mas manteve de costas.

— Faz com que tenha vontade de fazer coisas loucas quando me olha desta forma e sua
voz fica rouca.

— Não entendo.

— Quero dizer que sim. Estou tentando permanecer racional e não cometer um erro.

— Não estamos cometendo um erro.

— Sabe a que me refiro.

Ele se aproximou mais até que seu quadril se apertou contra sua perna.

— Não vou mudar de ideia sobre nós, Dana. Não vou me arrepender de pedir que seja
minha. Quero que seja minha companheira. Não te abandonarei. Sou eu quem deve temer que vá
embora.

Sua expressão suavizou.

— Não quero machucá-lo de nenhuma forma, Mourn.

— Então, concorde em ser minha companheira, mude-se para Homeland e fique comigo.

— Eu... — Ela pareceu titubear nas palavras.

— Precisa de garantias de que vamos ficar bem juntos. Tenho a intenção de convencê-la.

Ficou em pé e estendeu a mão.

103
— Venha comigo.

— Aonde vamos?

Ele a ajudou a ficar de pé.

— Ao nosso quarto.

Suas sobrancelhas se arquearam, mas não se afastou. Ele sorriu.

— Vou demonstrar o bom que podemos ser juntos, Dana. Pensei todo o dia sobre as coisas
que desejo fazer uma vez que a tiver nua. Farei muito melhor do que na noite anterior.

— Agora, na verdade, não está jogando limpo.

— Sou Espécie. Vou atrás do que quero e isto é você.

104
Capítulo Oito

Dana esperou no quarto enquanto Mourn saia correndo para pegar os preservativos.
Desejava-lhe, mas sua relação era tão nova que lhe preocupava que o sexo fosse incômodo entre
eles. A primeira vez pode ter sido uma causalidade. Voltou rapidamente, com um olhar ansioso no
rosto.

Não podia deixar de rir. Fechou aporta e parou para jogar os pacotes sobre uma grande
cama. Inclinou-se e tirou as botas de trabalho. Dana estava perto da cama, observando-o.

— Com pressa?

Endireitou-se.

— Vou reduzir a velocidade.

— Agora estou nervosa. — Admitiu.

— Não há nenhuma razão para estar. — Ele caminhou até ela e suavemente a agarrou
pelos braços. — Serei suave.

Ele acariciou sua pele com os polegares.

— Não gostou quando coloquei minha boca entre suas coxas?

A lembrança cruzou sua mente e ela assentiu.

— Sim.

— Tire a roupa. Sem pressão. Apenas me deixe tocá-la, Dana. Vou parar se não gostar.
Nunca iria te obrigar a fazer algo que não quer.

— Acho que estou com medo de que tudo o que tenhamos seja sexo.

Ele inclinou a cabeça.

— Não entendi.

— Já sabe, como se nossa relação fosse baseada somente em sexo.

— Conversamos e gostamos de passar tempo juntos. Espero poder convencê-la, com o


sexo, para que seja minha companheira. Estou decidido a saber tudo sobre você. Quer voltar para
a sala de estar? Não temos que fazer sexo. Podemos conversar ou ver um filme.

Sentiu-se desgarrada.

— Eu te desejo. Apenas estou tentando atrasar o tirar de roupas. Está muito claro aqui.

Franziu o cenho.

105
— A luz a incomoda?

— Fico melhor em uma luz tênue.

— Isto é uma coisa humana?

Ela riu.

— Suponho que sim.

— Gosto de você nua. É bonita, Dana.

Simplesmente decidiu ser sincera.

— Suas mulheres são do tipo musculosas e eu não sou. Vi algumas delas no bar quando
Paul e Becky me levaram ali. Parecem modelos fitness.

Sua expressão suavizou.

— Sinto-me atraído por você. Não por elas.

Suas palavras ajudaram muito. Soltou-a e retrocedeu.

— Quer voltar para a sala?

Ela negou com a cabeça. Desejava-o. Ele começou a tirar o uniforme.

— Vou tirar minha roupa primeiro. Talvez isto te faça mais cômoda.

Era muito doce. Não pôde afastar o olhar enquanto ele tirava a camisa e logo passava pela
cabeça a camiseta interior que usava. A faixa em seu braço já não estava e os pontos também não.
Simplesmente deixaram uma marca vermelha. Sua capacidade para se curar rapidamente ainda a
impressionava.

Ela moveu seu olhar e admirou a vista de seus largos ombros e seu peito e todos os
músculos revelados em seu estômago. Abriu o cinto, puxando-o lentamente. Jogou-o no chão e
abriu a parte da frente da calça. Ele manteve o olhar fixo nela o tempo todo.

— Estou excitado. — Advertiu.

Realmente antes não conseguiu olhar bem para ele, na noite anterior evitou olhá-lo
quando estavam no vestiário. Abaixou a calça. O contorno de sua rígida ereção estendia o tecido
apertado de sua boxer preta. Chutou longe a calça e colocou os polegares na boxer, descendo-a
lentamente.

Era absolutamente impressionante e surpreendente. Seu olhar parou em sua ereção.


Engoliu saliva. Mourn era grande por todas as partes. Seu olhar se levantou quando chutou a
cueca longe e ficou quieto. Ele a olhava com estes extraordinários olhos, mas logo se virou e

106
aproximou-se da cama. Agradeceu a vista de seu bem formado traseiro musculoso. Sentou-se na
cama e se encostou para descansar a parte superior do corpo sobre os cotovelos dobrados.

— Quer me acompanhar?

As mãos dela tremeram um pouco quando começou a se desnudar.

— Sim.

Ele sorriu.

— Iremos devagar. Não quero assustá-la.

Deixou o sutiã e a calcinha e subiu na cama ao seu lado. Ele ficou quieto, simplesmente
olhando-a. Acomodou-se ao seu lado, mantendo um pouco de espaço entre eles. Dana levantou a
mão, mas parou sobre seu peito.

— Me toque, por favor. — Disse com voz rouca.

Era sexy quando a voz dele se aprofundava desta forma e via a paixão em seus olhos.
Quando olhou seu colo, a evidência de seu desejo por ela era inconfundível. Seu pau estava
realmente muito duro. Abaixou a mão e a estendeu sobre seu peito. Ele inclinou a cabeça para
trás até que se deitou e colocou as mãos sob a cabeça.

— Isto se sente muito bom. — Animou-a. — Sou menos ameaçador desta forma, deitado?

Aumentou sua audácia, mudou de posição, sentou-se com as pernas cruzadas junto a ele,
colocou ambas as mãos sobre ele e explorou seu peito e a parte baixa do estômago. Seu pau se
moveu quando os dedos dela se deslizaram mais perto. Um grunhido retumbou dele e lhe olhou.
Ficou paralisada, porque quase parecia irritado com seus dentes a mostra e seus lábios
entreabertos.

— O que está errado?

— Nada. Apenas quero tocá-la também, Dana. Posso?

— Sim.

Mourn se moveu rápido, se incorporou e se virou. Reduziu seus movimentos depois,


chegando até ela. Ajudou-a a se deitar. Levantou-se da cama e deslizou as mãos sob a parte
posterior das coxas dela e puxou-a até a beirada, então se deixou cair de joelhos, abrindo-lhe as
pernas de forma que ficasse entre elas. Inclinou-se para frente, meio sobre ela e estudou seu
sutiã. Ele grunhiu.

— O quê?

— Como tira isto?

107
Dana começou a rir. Resultava que não era mulherengo. Levantou ambas as mãos e
encontrou o fecho frontal, fazendo-o saltar aberto. Estendeu as copas, tirando-as de seus seios e
se contorceu um pouco para tirá-lo e jogá-lo de lado.

Sua diversão morreu rapidamente quando Mourn se lançou adiante e sua boca quente se
encontrou com seu mamilo. Ela ofegou com o chupão forte e repentino. Não doeu. Ao instante
enviou sensações diretamente ao seu clitóris, como se estivessem unidos pelos nervos. Agarrou-se
a seus ombros, apertando-os apenas para ter algo a que se agarrar e se segurar.

Ele beliscou seu mamilo duro como uma pérola, com os dentes, mas não rompeu sua pele.

Isto era levar as coisas devagar?

No entanto, não se importou. O braço dele deslizou debaixo de suas costas e puxou seus
quadris mais perto dele. Isto colocou seu pau duro como uma pedra contra sua calcinha. Apertou
contra sua boceta, esfregando o clitóris através do fino tecido que os separava. Ela gemeu e
levantou as pernas, enganchando-as ao redor do quadril dele. Soltou seu seio e foi para o outro.

— Oh Deus! — Gemeu ela.

Ele deixou de chupar o mamilo e levantou a cabeça. Ela o olhou fixamente nos olhos.

— É muito religiosa. Quer se casar? Isto faria com que o sexo seja cômodo para você?

Ela riu.

— Não sou. Muito religiosa, quero dizer.

— Continua dizendo isto quando a estou tocando.

— Estou gostando. É apenas algo que digo.

— Queria que usasse meu nome.

— Tentarei me lembrar disso, mas faz com que seja impossível pensar quando está me
tocando.

Ele sorriu, deixando ao descoberto seus dentes.

— Entendo.

Levantou-se um pouco e colocou alguns centímetros entre seus corpos.

— Importa-se se eu tirar sua calcinha?

Ela negou com a cabeça e diminuiu o aperto de suas pernas, onde o mantinha preso.
Esperava que ele retrocedesse e a ajudasse a se contorcer para tirar a calcinha, mas ele a
surpreendeu quando chegou dos lados e simplesmente a rasgou. Jogando longe o tecido.

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Deitou-a de costas e a agarrou pelos tornozelos, separando-os e empurrando seus joelhos.
Abaixou mais sobre seu corpo e afundou o rosto entre suas coxas. Dana inclinou a cabeça para
trás e os lábios se abriram enquanto sua boca tocava seu clitóris.

Ela fechou os olhos. Não havia nenhuma descrição da forma como lambia e chupava este
feixe de nervos. Não era suave ou lento. Começou a ronronar e grunhir, acrescentando vibrações
muito fortes a mistura. Dana agarrou o lençol. Os gemidos saíram dela. Sentia-se incrível e era
muito intenso. Tentou juntar os joelhos, fechando-os, mas Mourn a segurou para baixo e aberta.
Foi implacável até que um clímax brutal a atravessou. Dana gritou seu nome.

Ele retrocedeu e soltou suas pernas. Ela ofegou, abrindo os olhos. Mourn estendeu a mão,
pegou um pacote sobre a cama e rasgou-o com os dentes. Virou a cabeça, cuspiu o papel e logo
esvaziou o conteúdo sobre a cama junto a ela. Quase riu pelo número de tiras de preservativos
que caíram. Poderia tê-lo feito se não tivesse visto a expressão em seu rosto. Isto a alarmou e
lutou para se sentar.

— O que está errado?

— Eu te desejo. — Grunhiu.

Pegou uma tira, arrancou um preservativo e logo tentou abri-lo. As mãos tremiam e o
deixou cair, amaldiçoando. Colocou a mão no monte e pegou outro.

— Deixe-me fazê-lo.

Respirava com dificuldade, mas percebeu que não estava irritado. Estava simplesmente
muito excitado. Seu corpo se sentia fraco e saciado depois de ter voado sua mente, mas um olhar
a seu pau lhe assegurou que ele ainda a desejava muito. A pele estava um pouco avermelhada e
pulsava como as batidas de um coração. Pensou que fosse uma coisa dos Espécies. Ela usou os
dentes para rasgar o envoltório e deslizou até a beirada da cama.

Tocou o escorregadio preservativo lubrificado e o observou.

— Nunca coloquei um antes. Conte como.

— Eu o farei. — Parecia ter recuperado o controle. — Apenas tenho que me lembrar de


que lado pressionar contra a ponta para que rode sobre ela.

Pegou-o e o examinou, abaixou-se e o colocou. Fez uma careta.

— O que foi?

— Não gosto da sensação disto.

— Sinto muito.

— Tudo bem. Não quer ficar grávida.

Lembrou-se das coisas que lhe contou.

109
— Disse que pode sentir o cheiro de uma mulher quando ovula?

Ele assentiu com a cabeça.

— Geralmente. Não sempre, mas é raro que não.

Ela observou seu pau duro. Parecia incômodo ter que usar algo tão apertado.

— Tire-o.

Suas sobrancelhas se levantaram.

— Cheiro como se estivesse ovulando?

Suas fossas nasais se dilataram.

— Não.

— Tire-o.

— Não vou colocá-la em risco.

— Não quero que se sinta incômodo.

— Vou lidar com isto, para tê-la. Tentaremos isto.

Ela deitou-se na cama.

— Está bem.

Aproximou-se e manobrou seus quadris entre as coxas dela. Ela as abriu mais e ele agarrou
seu eixo, esfregando a ponta coberta de látex contra sua boceta. Ela estava muito molhada
quando tentou seu clitóris e deslizou mais abaixo até a abertura vaginal. Mourn pressionou. Dana
tentou relaxar quando entrou nela, mas ele era muito grande e grosso. Um suave gemido saiu dele
e desceu sobre ela, apoiou os braços perto de seus lados e capturou sua boca, beijando-a.

Mourn tentou frear o desejo de tomar Dana duro e rápido. Estava tão excitado que era
difícil encontrar moderação. Ela o deixou mais duro quando suas unhas arranharam das costas até
seu traseiro e agarrou-se a ele para apertá-lo em suas mãos. Nem sequer o preservativo poderia
silenciar o prazer de estar dentro de sua apertada boceta quente e úmida. Seus músculos se
apertaram ao redor de seu pau.

Ela rompeu o beijo, girando a cabeça.

— Mourn. — Gemeu ela. — Sim! Mais rápido.

Abaixou-se e agarrou o quadril dele, usando o braço para fixar sua coxa contra ele
enquanto se conduzia dentro dela com mais rapidez e um pouco mais de força. Ela arqueou as
costas sob ele e adorou a visão de seus duros mamilos e seios arredondados. Ele grunhiu, já sem
se conter enquanto entrava e saia dela.

110
Dana se sentia muito bem. Apertou os dentes quando começou a gozar. Uma névoa branca
de êxtase atravessou seu corpo e a deixou incapaz de pensar. Gritou seu nome em voz alta e sua
boceta ordenhou seu pau quando encontrou sua própria liberação.

Caiu sobre ela, mas rapidamente se lembrou de que ela era menor que ele. Temia que seu
peso dificultasse sua respiração, assim levantou-se um pouco, soltou seu quadril e apoiou os
braços na cama. Ambos ofegantes.

Não podia afastar o olhar de seu rosto. Era bonita ainda na agonia da paixão e muito mais
pelo que compartilharam. Doeu quando ela sorriu e abriu os olhos para ele.

Ela é minha. Porque não pode ver isto? Devemos ficar juntos.

Limpou a garganta, com muitas palavras que queriam sair, mas vacilou, tentando pensar na
coisa menos alarmante para dizer. Não estava pronta para se emparelhar ou ouvir como ele nunca
queria viver nem um dia sem ela. Não queria assustá-la para que se afastasse.

— Fique comigo esta noite.

Ela riu.

— Realmente não está jogando limpo, Mourn. Como posso dizer que não depois disso?

Sentiu alívio. Seria muito melhor se houvesse aceitado ser sua companheira, mas iria lidar
com um dia de cada vez. Era sua até o dia seguinte. Então teria que pensar em outra maneira de
conseguir que ficasse com ele.

— Bom.

Ela passou as mãos por seu corpo, explorando. Desfrutou da suavidade contra sua carne
mais que qualquer coisa que experimentou. Isto o tranquilizou e lhe deu a sensação de paz. Nem
sequer parecia importar-lhe que ficasse sobre ela, seu pau perfeitamente cravado em seu corpo
para mantê-los intimamente vinculados. Felizmente poderia permanecer assim para sempre. Não
havia nenhum outro lugar que quisesse estar, nada mais que quisesse fazer. Dana lhe dava um
propósito e o fazia feliz.

Isto o fez pensar em 139. Tentou ignorar estes pensamentos, mas o perseguiam. Ela nunca
sorria depois do sexo. Nunca estava contente ou permitia que a abraçasse da forma como Dana o
fazia. Neste ponto, 139 lhe empurrava para longe. Nunca passou as mãos por seu corpo como se
gostasse de tocá-lo.

O sorriso de Dana vacilou e ela deixou de acariciá-lo.

— O que está errado?

Ele rompeu o contato visual e se inclinou para baixo, enterrando o rosto em seu pescoço.
Aspirou, amando seu cheiro.

111
— Você é muito importante para mim, Dana.

Voltou a acariciá-lo. Inclusive virou a cabeça, pressionando seu rosto contra o dele. Moveu
as pernas, envolvendo-as mais apertado ao redor de seus quadris, como se o abraçasse com elas
para mantê-lo perto.

— É importante para mim também. O que o deixou triste?

Moveu os braços mais perto dos lados e a imobilizou sob ele com mais firmeza. Apenas
queria abraçá-la.

— Não quero contar.

Contorceu-se sob ele e colocou espaço entre seus rostos. Ela segurou-o e girou a cabeça.
Permitiu isto, encontrando seu olhar.

— Pode falar comigo sobre qualquer coisa, Mourn. Lembra?

Ele assentiu com a cabeça.

— Preciso tirar este preservativo. Jinx disse que é importante jogá-lo no lixo depois do
sexo. Deixe-me ir e logo volto.

Ela lhe soltou e ele tirou o pau de seu corpo. Pensar em 139 lhe amoleceu. Entrou no
banheiro para tirar o preservativo e lavou as mãos.

Encontrou Dana sentada na cama quando voltou. Sentou-se junto a ela. Ambos ainda
estavam nus. Não podia olhá-la, no entanto, observou suas próprias mãos.

— O que foi?

Ela se aproximou mais e o surpreendeu curvando os joelhos ao redor de sua cintura,


inclinando-se e colocando o rosto diante do seu. Levantou o olhar.

— Não quero que substitua 139. Quero com você o que nunca tive com ela.

Esperava que não ficasse irritada com suas palavras. Dana parecia confusa. Precipitou-se
antes que pudesse falar.

— Havia coisas que não eram corretas entre 139 e eu. Lamento pensar nisto agora. Espero
que não se irrite. Percebi que o que compartilhamos é melhor do que o que eu tinha com ela.

Dana se afastou, os ombros para baixo. Ele a deixou desgostosa. Iria embora e voltaria para
sua casa. Possivelmente se negaria a vê-lo. Isto lhe rompeu por dentro. Surpreendeu-se quando se
sentou sobre ele com as pernas de cada lado. Endireitou-se e envolveu seus braços ao redor dela
enquanto se sentava sobre suas coxas. Suas mãos pousaram em seus ombros e se inclinou mais
perto.

— Não estou irritada.

112
— Eu a magoei por ter falado de 139?

— Não. Tommy e 139 eram importantes para nós. Apenas estou tentando entender o que
quer dizer. Pode me falar dela, Mourn. Era sua companheira. Ainda está de luto. Eu também.
Vamos pensar neles e prefiro que sejamos abertos ao respeito. Não quer isto?

Ele assentiu com a cabeça, segurando-a um pouco mais forte.

— Diga o que está pensando. Vamos começar por aí.

— Tentei ser um bom companheiro para ela, mas falhei. Não gostava que a abraçasse.
Adoro que você goste.

Dana levantou uma mão e roçou os dedos pelos cabelos.

— Gosto que me abrace. Não acho que falhou, Mourn. Talvez não fosse de abraços.
Algumas pessoas não são. Isso não quer dizer que há algo errado com você.

— Pediu a Destiny que a abraçasse perto do final.

Dana pareceu confusa novamente.

— Quem é este?

— É um enfermeiro primata. Ajudou-me a cuidar dela e vinha todos os dias para ver como
estava. Ela conversava com ele mais do que comigo e lhe pediu que a abraçasse enquanto morria.
Doeu profundamente, mas era o que ela queria, assim permiti que a pegasse no colo e a segurasse
contra o peito enquanto dava seu último suspiro.

Dana empalideceu, parecendo emocionada e horrorizada.

— Mourn, sinto muito.

— Destiny disse que não deveria tomá-lo como algo pessoal. Estava cheia de remédios para
a dor e não pensava com clareza. Disse que pode ter sido instintivo para ela querer ser abraçada
por outro primata enquanto morria.

— Tenho certeza que tinha razão.

Mourn não mentiria para Dana.

— Estava sendo amável. Havia outros primatas ali. Algumas das fêmeas apareceram para
ficar com ela. Não as pediu que a abraçasse. Foi Destiny quem o fez. Halpint me tocou, segurando
minha mão. Ela teme os homens, mas deve ter visto como doía ter minha companheira morrendo
nos braços de outro.

— Quem é Halpint?

113
— É uma das fêmeas Presente. Foi liberta com 139. Minha companheira foi a única fêmea
primata resgatada que não era um Presente.

— O que é um Presente?

— Espécies que foram criados como animais domésticos, menores e com DNA de humanas
pequenas. Foram desenhadas para serem pequenas e mais fracas. Eram dadas aos humanos que
investiram uma grande quantidade de dinheiro nas Indústrias Mercile. Eram dadas de presente.
Alguns pensavam nelas como mascotes, outros sabiam que não eram fortes o suficiente para se
defenderem... caso fossem atacadas sexualmente. Eles as mantinham em suas casas.

Ela parecia horrorizada novamente. Ele assentiu com a cabeça.

— Halpint teme todos os machos. Foi maltratada pelo humano que a possuía. Ainda assim
segurou minha mão. Foi reconfortante.

— Alegro-me de que ela estivesse ali para você.

Tomou uma respiração profunda e exalou.

— Sejamos totalmente honestos, Dana. Minha companheira não me olhou ou tocou como
você. Sei que teme que eu queira que tome seu lugar em minha vida, mas quero mais do que
tinha. Sinto-me verdadeiramente feliz quando estou com você. Pela primeira vez em minha vida.

Ela acariciou seu cabelo e aproximou-se mais.

— Oh baby. Sinto muito.

Lágrimas brilharam em seus olhos.

— Sei que nunca poderá me dizer o mesmo, já que o vínculo que tinha com seu
companheiro era muito estreito, mas espero que algum dia me olhe e não queira que seja ele
quem a abrace em meu lugar.

— Está partindo meu coração. — Sussurrou. — Pare. Nunca diga isto novamente. Não é
verdade. Nunca desejei que ele estivesse aqui em seu lugar. Nenhuma vez. É Mourn. É doce e
amável. Você é o homem mais sexy que conheci. Não há comparação. Você me faz feliz e me faz
sentir viva. Isto é obra sua. Entendeu?

Suas palavras ajudaram, mas estavam sendo sinceros.

— Era um bom companheiro e não sentiu falta de nada com ele.

Ela negou com a cabeça.

— Não diria isto. Quero dizer, ele era bom para mim, mas tivemos problemas também,
Mourn. Todo mundo tem em uma relação.

— Está dizendo isto para me fazer sentir melhor?

114
— Não. Não o faço.

Ela soltou seu cabelo e colocou a mão em seus ombros, segurando seu olhar.

— Quer ouvir alguns de meus problemas no casamento?

— Teve algum?

— Todo mundo tem. — Fez uma pausa. — Tommy sempre tinha que fazer as coisas a sua
maneira. Não era agressivo ou algo parecido, mas acho que não teria usado o humor e muitos
elogios para me fazer aceitar o que queria, como você. Insistiu que ficasse ao seu lado na empresa
que dirigia, apesar de saber que não queria trabalhar ali. Tive que colocar minha carreira de lado.
Isto me incomodava às vezes, porque sempre era eu quem cedia ao que ele queria. Também
gostava de impressionar as pessoas e era muito sociável. Não me importava o que pensava todo
mundo e não gosto de sair. Às vezes tínhamos discussões sobre isto. Simplesmente sorria, dizia o
muito que me amava e que o faria feliz se tentasse um pouco mais me encaixar ao seu estilo de
vida. Às vezes isto doía. Porque não se importava com a minha felicidade? Sentia-me francamente
desgraçada em alguns dias, mas tinha que sorrir e aguentar porque era importante para ele.
Imaginava que se algo fosse importante para ele, deveria ser para mim. No entanto, isto nunca foi
em ambos os sentidos. Era consciente disso, mas queria que nosso casamento funcionasse.

— Alguma vez abusou de você, Dana?

— Não. Tommy não era assim. Nunca teria me batido, nem nada no estilo. Era apenas um
pouco egoísta sobre algumas coisas. Na verdade fazia piadas ao respeito e podia ser muito
encantador para conseguir que eu deixasse de lado minha irritação. Às vezes também me irritava
isso. Todos seus amigos esnobes lhe abandonaram logo que perceberam que não iria vencer o
câncer pela segunda vez. Senti-me mal por ele, Mourn. Afinal, percebeu finalmente o que era
realmente importante. Isto nos deixou tempo juntos. Ele se esforçou para me compensar.

Ele lhe acariciou as costas, com vontade consolá-la.

— Pelo menos era humano. Eu não sou. Isso te incomoda? Terá que renunciar ao seu
mundo para ficar comigo. Estou pedindo demais e sendo egoísta, verdade?

— Não. — Ela balançou a cabeça e sorriu. — Isto não é ser egoísta. É uma necessidade e
está além de seu controle, Mourn. Não pode se mudar para minha casa, precisamente. Sem
mencionar que gostei muito do que acabamos de fazer. Sendo um Espécie faz um oral alucinante
e... disse que tem o melhor corpo que já vi? É lindo em todos os sentidos da palavra.

Ele riu, aliviando seu estado de ânimo.

— Gosta do ronronar?

— Gosto.

— Adoro seu gosto.

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Ele abaixou o olhar para suas coxas, que estavam abertas sobre seu colo e alcançou sua
boceta com o dedo. Olhou para cima, olhando seu rosto.

— Agradeço que goste de meu toque.

Mordeu o lábio inferior e seus olhos se estreitaram. Um suave gemido saiu dela e de
repente a virou sobre as costas. Abriu as coxas e deslizou por seu corpo. Ela gostava de sua boca e
ele planejava demonstrar que ser sua companheira teria vantagens.

— Poderia fazer isto durante horas.

Ele usou a língua para brincar com seu clitóris.

— Mourn. — Ela ofegou.

Era sua mulher. O ronronar aumentou e agarrou suas coxas para mantê-las abertas quando
começou a mover os quadris contra sua boca. Ele a teria esta noite e planejava fazê-la memorável.

116
Capítulo Nove

Dana entrou na casa de Paul, com a esperança de que já tivesse saído para o trabalho. Não
teve tanta sorte. Estava sentado ante o balcão da cozinha em um banco com um computador
aberto diante dele e uma xícara de café na mão. Virou a cabeça para olhá-la e logo olhou o relógio
na parede. Sua boca se apertou em uma linha sombria enquanto olhava para ela.

— Provavelmente deveria ter ligado a noite para dizer que passaria a noite na casa de
Mourn, mas sabia onde estava, assim que não deveria se preocupar. — Ela fechou a porta. —
Onde está Becky?

— Na Residência das Mulheres. Está vendo filmes esta manhã. Teria levado você para
conhecer todas, mas alguém não voltou para casa ontem à noite.

Dana entrou na cozinha e serviu uma xícara de café. Tomou seu tempo para colocar creme
antes de enfrentá-lo.

— Mourn disse que teve uma conversa com ele. Realmente Paul? Sou adulta.

— Não te quero perto dele.

— Ao menos não é como esta puta da base que levou ao meu casamento e com a qual saiu
durante seis meses. Quantos de seus companheiros dormiram com ela antes que o pescasse? Ela
estava procurando um soldado para se casar. Qualquer soldado. Não te advertiram sobre este tipo
de mulher ao se alistar?

— Não iria me casar com ela. Deixei isto claro. Não tem nada a ver.

— Sim, tem. Não chutei seu traseiro por sair com ela ou a ameacei sobre o que faria se te
machucasse. Você era adulto e conhecia sua história. Eu lhe dei crédito suficiente por ser muito
inteligente para cair da armadilha de mel. Mourn realmente se preocupa comigo.

Paul amaldiçoou.

— Sabia que contaria que o ameacei.

Isto a irritou.

— Na verdade, não o fez. Apenas usei isto como exemplo do que queria fazer com esta
mulher, mas resisti. Você o ameaçou? Paul?

Fulminou-lhe com o olhar. Encolheu os ombros.

— Estou tentando protegê-la.

Tomou um gole de café para não rodear o balcão e dar-lhe um soco. Era tentador. Deixou a
xícara sobre o balcão e respirou fundo para se acalmar algumas vezes.

117
— Não preciso de você para isto. Agradeço, mas mantenha-se fora.

— Estou preocupado com você.

— Entendo. Por isso não te bati. Não posso acreditar que o ameaçou.

— Tive que falar com ele sobre algo importante. Você não entende.

— Quer dizer sobre o uso de preservativos, para que não fique grávida?

Deixou cair a mandíbula.

— Ele me contou a verdade. Não vou repeti-la e apenas toco no assunto porque estamos
sozinhos em casa. Mourn é um bom homem, Paul. Sei no que estou entrando com ele. Direi
novamente. Sinto algo por ele e quero ver se nossa relação pode funcionar. Me dê um pouco de
espaço. Tenho merda o suficiente com nossa mãe. Não preciso de você tentando dirigir minha
vida também.

Paul pareceu se recuperar.

— Não posso acreditar que te contou sobre os bebês. É material sigiloso.

— Ele confia em mim. Gostaria que você também o fizesse.

— Não podia contar. Fiz um juramento, Dana.

— Não estou falando de uma informação sigilosa da ONE. Gostaria que confiasse em meu
juízo. Estou me apaixonando por Mourn. Sei mais sobre o seu passado que você. Não tinha a
ninguém com quem conversar e se abrir. Agora o faz. Ele era autodestrutivo, mas já não. Entendo
exatamente o que está passando e advinha? Somos bons um para o outro.

— Merece alguém que te ame em primeiro lugar. Teve uma companheira. — Paul levantou
a mão e esfregou a nuca. — Não são como as pessoas casadas. Não sei como fazê-la entender,
mas me aterra que seja infeliz em longo prazo. — Deixou cair a mão de lado. — Não quero que
parta seu coração porque espera que calce os sapatos de uma mulher morta.

Ela suspirou, toda ira indo embora.

— Tinha os mesmo temores, mas sabe o quê?

Paul esperou, olhando-a.

— Nós dois percebemos que nossos casamentos não eram tão perfeitos, de acordo? Me
contou de seus problemas com sua companheira e eu contei sobre os meus com Tommy. Nenhum
de nós quer repetir isto. Queremos algo melhor do que o que tínhamos.

Franziu o cenho.

— O que? Mas eles estavam emparelhados. Nunca vi um casal emparelhado infeliz.

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— Viu Mourn e 139?

— Não muito. Foram movidos para as casas dos companheiros depois que foram
libertados. Queríamos que 139 pudesse ficar mais cômoda em uma ambiente familiar, em vez de
ter que viver no Centro Médico. Destiny era o enfermeiro que cuidava dela já que não se sentia
cômoda comigo, porque sou humano.

— Eles não eram tão felizes. — Confessou. — Não vou dar detalhes, mas posso afirmar,
assim retroceda.

— Que problemas teve com Tommy?

Tomou um gole de café.

— Não foi tudo um mar de rosas, certo? Tivemos momentos difíceis.

— Nunca disse nada. Sempre parecia muito feliz.

— Me liga para se queixar de algo que Becky fez para irritá-lo ou ferir seus sentimentos?

— Não.

— Exatamente. Não estou procurando substituir Tommy. Mourn e eu somos totalmente


diferentes juntos do que éramos com Tommy e 139. Esta é uma das coisas que nos atrai. —
Deixou a xícara e aproximou-se de seu irmão. — Deixe de ser um idiota e afaste-se da rotina de
irmão de mais velho, de acordo? Gostaria que desse a Mourn uma oportunidade. Nada mais de
ameaçá-lo ou tentar nos separar.

— Apenas queria que houvesse escolhido outro.

— Supere.

Paul assentiu.

— Estou preocupado.

— Não fique. Mourn não irá me machucar. Ele é muito doce, Paul Gostaria que pudesse vê-
lo como eu o vejo. Me faz feliz. Me faz sentir viva.

— Suponho que vai continuar vendo-o, sem importar o que eu diga?

— Sim. Quer que fique com ele em vez de aqui? Não quero deixá-lo irritado, se te sente
incômodo comigo encontrando Mourn.

— Gostaria que não morasse com ele. Pode ficar todo o tempo que quiser.

— Obrigada.

Ela levantou a mão e acariciou o lado de seu rosto. Ele estremeceu quando ela o fez muito
forte, a segunda vez.

119
— Ouch. Para que foi isso?

— Não o ameace novamente.

Esfregou a bochecha.

— É má.

— Poderia ser pior. Estava pensando em ir por estes pelos da nuca.

Dana deu a volta e voltou ao seu café. Levantou a xícara para tomar um gole, mas as
seguintes palavras de Paul a congelaram em seu lugar.

— Mamãe ligou esta manhã. Não vai gostar do que vou dizer.

Ela levantou o olhar.

— O que queria?

Limpou a garganta.

— Informou que planeja voar para cá.

Dana ficou olhando-o com a boca aberta.

— Eu sei. Nunca me visitou aqui antes. Tenho a impressão de que está irritada porque não
voltou para casa quando ela esperava.

— Não sou uma criança.

Pensou em como iria reagir sua mãe frente a uma relação com um Nova Espécie.

— Merda. Diga que a convenceu a não vir.

— Tentei.

— Disse que apenas está permitido um visitante em Homeland por vez? Planejamos esta
mentira juntos para que não viesse comigo, lembra-se?

— Disse isto.

Ela deixou escapar um suspiro de alívio.

— Obrigada.

— Então, ela disse que ficaria em um hotel na cidade a poucos quarteirões de distância.

— Não!

120
— Inclusive apontei que não havia hotéis de luxo nesta área e é um motel ruim. Ainda
insistiu em vir. Deve ficar realmente preocupada que decida se mudar para a Califórnia para ficar
perto de nós. Pode imaginar nossa mãe ficando em um hotel de má conduta?

Dana negou com a cabeça.

— Vou ligar para ela.

Deixou de golpe a xícara, derramando café no balcão e pegou o telefone na cozinha de


Paul. Tocou quatro vezes antes de cair na secretária eletrônica. Esperou o sinal.

— Mamãe? Sou Dana. Atenda.

Esperou, mas a máquina finalmente a interrompeu, desligando a chamada. Dana


amaldiçoou, olhando para Paul.

— Ou não está em casa ou está ignorando a ligação.

— Ou já subiu em um avião para cá.

— Merda! — Dana desligou o telefone e começou a andar. — Disse que precisava de


espaço. Estava me deixando louca.

— Isso provavelmente não ajudou a aliviar seus temores. Depende de você perto dela.

Dana deixou de caminhar para frente e para trás.

— Já entendi porque saiu de casa depois do ensino médio. Sabe o que fez na semana
passada? Ela reorganizou os móveis da minha sala de estar, porque não gostava da forma como
estava.

Paul riu. Dana lhe deu um tapa.

— Não é engraçado. Tive que mudar tudo de volta e lhe disse para não fazer novamente.
Ela mostrou-se ferida e se queixou disso com suas amigas, que me ligaram para dizer que estava
chateada. E eu? Quem entra na casa de alguém e faz isto?

— Nossa mãe.

— Pode dizer a ONE que lhe proíbam a entrada? Vão seguir com nossa história de dizer que
apenas pode ter um convidado de cada vez?

Fez uma careta.

— Dana...

— Paul! Já sabe que vai armar um inferno quando descobrir sobre Mourn.

A suspeita se levantou.

121
— Contou a ela que eu estava com ele? Pediu que viesse?

— Não.

Ela lhe olhou, mas não viu nada de culpa. Era um mal mentiroso.

— Acredito.

— É uma coisa de merda me acusar disto.

— Sinto muito.

— Sabe como trata Becky. Acha que quero submeter minha esposa a nossa mãe? Ela tenta
fazer com que Becky e eu nos sintamos culpados por não ter filhos. Becky finalmente lhe disse que
não quer ouvir isto mais. Mamãe lhe virou as costas. Foi na última vez que fomos visitá-la. Foi
lamentável.

Dana não se surpreendeu.

— Pobre Becky.

— Sim. Adoraria manter mamãe fora de Homeland, mas como explicar nossa mãe para os
Novas Espécies? Eles acham que as mães são doces e amáveis. Não sabem que algumas delas são
controladoras e irritantes.

— Ela vai descobrir sobre Mourn e ficar louca. Vai fazer ou dizer o que for necessário para
conseguir que deixe de me ver, para que volte a casa com ela.

— Não quero envolver a ONE em nossos assuntos familiares. Quais são as possibilidades de
que apareça em nossas portas e peça para nos ver?

Dana o olhou com o cenho franzido. Os ombros de Paul caíram.

— Merda. Ela faria exatamente isto.

— Tenho que advertir Mourn.

— Tenho que advertir Becky.

— Mudarei totalmente com Mourn, se mamãe vier ficar com você.

— Tem um quarto sobrando?

— Não a empurrará para ele.

— Quis dizer para mim e Becky. Mamãe pode ficar aqui por sua conta. Não quero submeter
minha esposa a nossa mãe em uma briga verbal. Já sabe que ela vai gritar quando descobrir que
está saindo com um Nova Espécie.

Ele riu. Ela o cortou.

122
— Não iria rir demais se fosse você, irmãozinho mais velho. Ela vai se voltar para você e
para sua esposa sobre ter os netos que estão lhe negando quando acabar comigo.

Sua diversão morreu.

— Merda.

— Exatamente. Será melhor que fale com alguém nos portões e peça que continuem com
isto de que tem um limite de apenas um visitante.

***

Dana deu alguns golpes em sua coxa sentada junto a Mourn no balcão da cozinha. Comiam
pizza para o jantar. Simplesmente decidiu soltar.

— Tenho que ir embora depois de jantarmos.

Seu queixo moveu-se, as grandes caixas de pizza que estavam abrindo foram esquecidas.

— Dê-me mais tempo antes de decidir que não me verá mais. Estamos bem juntos, Dana.
Sei que gostou de ontem à noite e esta manhã.

— Sim. Não é isso. Quero continuar passando tempo com você. É que minha mãe está
vindo para a Califórnia. Vai se registrar em um motel que não fica longe daqui, cerca das sete
horas, esta noite e quer que meu irmão e eu, nos reunamos com ela ali. Tenho que ir.

— Sua mãe? Porque ficará em um motel humano? Ligue nos portões e peçam que esperem
por ela. Também podemos arrumar uma casa humana para ela se não quiser ficar com Paul.

Ela se encolheu por dentro.

— Hum, isso não é uma boa ideia. Dissemos para ela que é contra as regras ter a visita de
mais de um membro da família ao mesmo tempo.

— Isso não é verdade.

— Eu sei. Sinto-me um pouco culpada por isso, mas é complicado.

— Ela odeia os Espécies?

— Não.

— Qual o problema?

Dana suspirou, tentando pensar em uma forma de explicar sobre sua mãe.

— Apenas serei franca, de acordo?

Ele assentiu com a cabeça.

123
— Ela vai ficar muito infeliz quando descobrir que estou saindo com você. Não porque seja
um Espécie. Mas porque significa que terei que viver aqui, se ficarmos sérios. Gosta que fique
perto dela. Também colocou em sua mente que ela vai poder selecionar pessoalmente meu
próximo marido. Nem sequer tente dar sentido a isto. É como ela é. Pode ser muito desagradável
e será. Não quero te submeter a ela. Acredite em mim. Estou fazendo um favor.

— Ela terá que me aceitar se nos emparelharmos. É sua família e será bem vinda a ficar em
Homeland conosco. Poderíamos arrumar o outro quarto se precisar viver contigo.

— Não. Não diga isto nuca mais. Nunca poderia viver com minha mãe e você também não.
Um de nós a mataria em uma semana.

Parecia confuso.

— Olhe, tive que fugir com Tommy para nos casarmos. Sabe por quê? — Apressou-se a
continuar antes que pudesse dizer algo. — Ela atuou em nossas costas para convidar cerca de cem
convidados, mudou o cardápio de nossa recepção e pior foi quando descobri que ligou também
para a loja de noivas. Fingiu ser eu durante todo o processo e lhes disse que já não queria o
vestido que tinha escolhido porque ela não gostou. Ordenou um diferente, um vestido que ela
escolheu. Suponho que pensou que no momento que descobrisse seria muito tarde para fazer
algo a respeito, mas para minha sorte, liguei para revisar todas estas coisas. Fiquei muito irritada.
Tommy e eu cancelamos toda a coisa e voamos para Las Vegas com alguns amigos. Paul se reuniu
conosco ali, para que pudesse me levar ao altar. Está é minha mãe, Mourn. É astuta, maliciosa e
controladora. Vai fazer ou dizer qualquer coisa para que reconsidere ficar comigo.

— Eu faria isto, Dana.

— Vou ao motel esta noite com Paul e tentar lidar com ela. Está irritada porque fiquei aqui
mais tempo. Tenho certeza que vai tentar colocar a culpa em mim, mas não vou aceitar nada
disso.

— Culpa?

— É uma profissional fazendo isto. Se queixará sobre o dinheiro que perdeu por voar até
aqui e como teve que dar uma olhada em mim, porque acha que devo estar passando por uma
crise ou algo assim. É apenas uma estratégia para tentar conseguir que vá para casa mais rápido.
Não vou ceder ante ela.

— Gostaria de conhecer sua mãe.

— Ainda não. Diremos depois dos fatos, se nossa relação ficar mais séria. Acredite em mim.
Aprendi a não lhe dar oportunidade de sujar as coisas para mim, desde a primeira vez. Tentará
colocar-se entre nós, Mourn.

Ele grunhiu suavemente.

— Exatamente.

124
— Vamos comer. — Grunhiu as palavras.

Ela o viu abrir as caixas e colocar pedaços de pizza em seus pratos. Aproximou-se e
envolveu sua mão em seu antebraço. Ele a olhou.

— Por favor, não se irrite. Sinto muito por isto. Sei que havíamos planejado passar a noite
juntos. Importa se passar por aqui quando voltar? Pode ser tarde. Gostaria de dormir contigo
outra vez. Gostei muito de te abraçar e acordar com você.

Algo de sua frustração pareceu sumir.

— Também gostei. Esperarei por você.

Dana se inclinou e roçou seus lábios por sua boca. Mourn se virou, puxando-a para seus
braços, a pizza esquecida. Levantou-a no colo e aprofundou o beijo. Ela finalmente se afastou para
sentar-se novamente.

— Para não esquecer, não podemos nunca deixar minha mãe ficar conosco. Fomos muito
ruidosos ontem à noite. Ela nos ouvirá.

Ele sorriu.

— Somos muito bons juntos no sexo.

— Sim, somos.

Ele agarrou a dela mão e puxou-a até que seus lábios beijaram a palma. Abriu a boca e
traçou levemente com a língua. Dana afastou-se, rindo.

— Isso faz cócegas.

— Sei onde não o faz. — Seu olhar caiu em seu colo. — Esqueça o jantar. Quero saboreá-la.

Seu corpo respondeu ao instante. Na noite anterior, mostrou-lhe exatamente o que podia
fazer com sua boca mais de uma vez. Ele era insaciável, não que ela se queixasse. Ficava molhada
apenas pensando em suas mãos sobre ela e a lembrança dele em seu interior.

— Não me tente.

— Desejo.

Inclinou-se para beijá-la. Colocou as mãos sobre seu peito para impedi-lo. Isto lhe fez
gemer, porque podia sentir os músculos sob suas palmas. Queria ajudar-lhe a tirar a camisa para
que pudesse tocar por completo, sem nada entre eles.

— Não posso. Quero saber sobre seu dia e temos que comer. Mantenha este pensamento
até que volte mais tarde. Paul disse que me pegaria em uma hora. Acho que teremos que nos
disfarçar e pegar um dos SUV emprestados para deixar Homeland. Ele disse que teremos que sair
cedo para andar ao redor e não sermos seguidos ao motel.

125
Mourn grunhiu.

— Eu sei. Sinto-me igual. Dormi um pouco depois que Paul se foi. — Sorriu. — Não pude
dormir muito na outra noite. Está cansado?

— Não.

— Como foi o trabalho?

— Tive que patrulhar alguns muros hoje. Mantiveram-me longe das zonas habitadas pelos
humanos, onde se reúnem os manifestantes, mas estou aprendendo os protocolos de segurança
para manter nossos muros a salvo de violações.

— Não sei como é possível isto. Estes muros são enormes.

— Asseguraram-me que o tentam. Alguns apareceram com ganchos unidos a cordas para
lançar na parte superior da parede com a esperança de escalar. Há duas semanas um macho
humano chegou com uma grande escada e tentou apontá-la contra a parede. Foi preso por
arrombamento. Uma fêmea humana foi presa ontem com um martelo. Sua intenção era romper
uma parte do muro para criar um buraco grande o suficiente para passar por ele.

— Porque fariam isto?

Deixou que suas mãos deslizassem fora de seu peito. Endireitou-se em seu banco e pegou
um pedaço de pizza.

— Alguns homens não gostam de nós. A fêmea era uma caçadora de companheiros.

— O que é isso?

— É como chamamos as muitas fêmeas humanas que aparecem em Homeland esperando


que um Espécie as tome como companheiras.

— Fazem isto?

— Sim. — Ele mordeu um pedaço. — Costumam gritar para os oficiais no muro, pedindo
que as leve para dentro. Algumas mostram seus corpos nus com a esperança de tentar um
homem.

Dana fixou sua atenção no prato. Suas palavras se reproduziram em sua cabeça. Podia
encontrar facilmente uma mulher para ficar com ele, se estivesse fora dos muros tentando entrar.
Ela não perdeu outra coisa que disse também. As mulheres se mostravam ante os homens e,
provavelmente, fazendo todo o tipo de proposta indecentes.

— Vai ficar trabalhando nos muros de agora para frente?

— Não tenho certeza. Estão me mostrando todos os trabalhos para ver qual eu gosto mais.

Comeu sua pizza, perdida em seus pensamentos. Mourn golpeou seu braço e ela o olhou.

126
— O que está errado?

— Não sabia nada sobre as caçadoras de companheiros.

— Nós as ignoramos. Você também deveria.

— Algum de seus homens já trouxe para dentro de Homeland uma delas e tomou como
companheira?

Ele negou com a cabeça.

— A maioria é mentalmente instável ou são criminosas.

— Criminosas?

Ele assentiu com a cabeça.

— Seus policiais não podem prendê-las dentro dos nossos muros. Não tem jurisdição, por
isso não podem ser processadas pelo que poderiam ter feito no mundo exterior. Nenhum macho
quer ser usado desta forma. Nós queremos mulheres que se sintam atraídas por nós e desejem
formar laços de verdadeira emoção.

— O que acontece com este rapaz, Vengeance? É consciente destas caçadoras de


companheiros?

— Está preso na Reserva. Nenhuma caçadora de companheiros vai ali. Não há lugares para
que durmam enquanto ficam em nossos muros. O xerife dali as faz ir embora e aplica uma multa
se as encontra dormindo em seus carros. A cidade não gosta de manter forasteiros e não tem
nenhum motel.

— Isto é um detalhe da sua parte.

— Não querem que nossos manifestantes cheguem a sua cidade para criar problemas. É
mutuamente bom para eles e para nós. Porque está tão curiosa sobre as caçadoras de
companheiros?

— Poderia ter escolhido uma delas para dar-lhe um propósito.

Deixou de comer e se inclinou, olhando profundamente em seus olhos.

— Não são você. Eu quero você, apesar de que seja humana. — Ele sorriu. — Você me
atrai. Ninguém mais o faz.

Sentiu-se um pouco tola neste ponto, inclusive por ter estes pensamentos.

— Desculpe.

Ele levantou a mão e lhe acariciou o rosto.

— É uma coisa humana, verdade?

127
— Suponho que sim. É um homem muito atraente Mourn.

— Você é muito atraente, Dana.

Sorriram um para o outro.

— Coma ou te levarei para nossa cama. Paul chegará e nos encontrará nus. Sei que não
quer que isto aconteça, assim estou tentando resistir aos meus impulsos. Não está ajudando.
Estou contendo meus pensamentos sobre sexo até que volte esta noite. Gostaria de conhecer sua
mãe. Tem certeza que é pelas razões que disse e não porque lhe desagradam os Espécies? Irá me
odiar por não ser humano?

— Irá te odiar apenas por onde vive. Homeland está muito longe dela.

— Isso é uma coisa humana também?

— Não. Isso é apenas uma coisa da minha mãe. É muito possessiva comigo e não pode
suportar a ideia de que eu viva mais de uns poucos quarteirões dela. É como se vivesse para me
incomodar, alguns dias.

— Posso entender que queira te manter perto. Eu também quero. Já não posso imaginar
minha vida sem você nela.

Dana deixou cair a pizza e deslizou do banco.

— Levante-se.

Ele arqueou as sobrancelhas, mas ficou em pé. Ela agarrou sua camisa com ambas as mãos
e retrocedeu. Ele a seguiu ao redor do balcão com uma expressão curiosa. Dana gostou que
simplesmente o fizesse sem perguntar.

Parou com o armário em suas costas e lhe soltou. Puxou sua saia e enganchou os polegares
dos lado da calcinha, empurrando-as para baixo.

Seu olhar flutuou ao chão por um segundo, mas logo ficou olhando em seus olhos.

— Me cheire.

Inclinou-se e cheirou.

— Cheira bem e um pouco excitada.

— Estou ovulando?

— Não percebo.

— Bom o suficiente. Já ouviu falar de uma rapidinha?

Balançou a cabeça. Ela alcançou a parte da frente de sua calça.

128
— Eu te desejo. Aqui. Agora mesmo. O armário é aproximadamente da altura adequada
para você.

Ele grunhiu, mas não protestou quando ela abriu sua calça freneticamente, empurrando-a
para abaixo por suas coxas. Adorava o tecido suave da cueca boxer negra que usava. Empurrou-a
para baixo e ficou feliz ao ver que ele estava a bordo quando viu que estava excitado. Ela liberou
seu pau e se esticou para agarrar seus ombros.

— Coloque-me no armário.

Ele a agarrou pela cintura e fez o que pedia. Ela enganchou suas pernas ao redor de seus
quadris e o soltou, com uma mão empurrando sua saia. Abriu as coxas e olhou para baixo.

— Tinha razão. Isso funcionará. Fico feliz que seja tão alto.

Levantou o queixo e Mourn capturou sua boca, beijando-a. Ela o puxou para si, a paixão
entre eles quente e feroz. As mãos de Mourn deslizaram para os lados de seus quadris para
segurar seu traseiro, puxando-a mais perto para esfregar seu pau contra sua boceta.

Ela gemeu. Ele se afastou, terminando o beijo. Ambos estavam excitados e respirando com
dificuldade.

— Tenho que conseguir um preservativo.

— Gosto muito mais de senti-lo sem isto. Disse que cheiro bem. Vou falar com Paul sobre
conseguir algo, mais tarde. Apenas tem que me tomar. — Moveu sua boceta contra ele. — Agora.

Ele gemeu e a beijou novamente. Soltou seu traseiro para chegar entre seus corpos. Ela
pensou que fosse para guiar seu pau dentro dela, mas em seu lugar a moveu para brincar com ela
com seus dedos. Ela gemeu mais forte, aferrando-se a ele com mais força. Odiava a sensação de
sua camisa e desejou tê-la tirado primeiro, mas não estava disposta a parar tempo suficiente para
tirá-la.

Mourn parou de tocar seu clitóris com o dedo e pressionou a ponta de seu pau contra ela,
entrando em sua boceta com apenas um golpe. Teve que afastar a boca dele, quando o prazer a
golpeou. De outro modo temia morder sua língua.

Surpreendeu-a quando ajustou seu controle sobre ela e fechou um braço atrás de suas
costas enquanto a levantava um pouco do armário, seu outro braço enganchando debaixo de seu
traseiro. Ele lhes deu a volta, dando alguns passos para colocá-la contra a geladeira. Enterrou o
rosto em seu pescoço, grunhindo enquanto começava a se mover, fodendo-a forte e profundo.

Dana enganchou suas pernas mais alto, sem importar que sua saia se amontoasse entre
eles. Mourn ajustou seu agarre sobre ela novamente, agora suas costas estava contra algo sólido.
Segurou-a pelos quadris enquanto continuava sacudindo seu mundo.

129
Dana gemeu, adorando o forte que era e o bem que se sentia dentro dela. Era grande,
muito duro e cada golpe de seus quadris entre suas coxas se esfregava contra seu clitóris.

A geladeira rangia e golpeava um pouco a parede, mas não se importou. Também parecia
que ele não se importava. Dana gemeu ainda mais forte quando os dentes de Mourn tocaram sua
pele na base do pescoço. Passou a língua onde a mordeu. Não sentiu nenhum temor, já que este
pequena mordida não a machucou. Apenas aumentou sua excitação.

Dana gritou seu nome quando chegou ao clímax e Mourn grunhiu contra sua garganta.
Adorava a sensação dele gozando. Sentiu falta do calor de seu sêmen, enquanto se espalhava em
seu interior. O preservativo também teria silenciado a sensação da pulsação do seu pau enquanto
esvaziava sua semente.

Ele a abraçou enquanto se recuperavam, ambos ofegando. Ela afrouxou seu agarre ao
redor de seus ombros e sorriu.

— Isto é uma rapidinha.

— Gostei. Agora vou levá-la para a cama e fazê-lo mais lento.

Ela riu.

— Não temos tempo. Mantenha este pensamento.

— Gosto mais de manter você.

Mourn lhe deu um beijo justo abaixo da orelha. Odiava separar-se dele, mas Paul
apareceria logo. Preferia que não encontrasse a ela e Mourn na cozinha desta forma.

— Mais tarde.

Ele levantou a cabeça para olhá-la. Seus olhos a deixaram sem fôlego. Sempre foram muito
bonitos, mas especialmente depois do sexo.

— Agora.

Ela sorriu quando seu membro se contraiu dentro dela. Ainda estava duro. Ninguém podia
dizer que os Novas Espécies eram amantes preguiçosos. Recuperava-se do sexo muito rápido e
sempre estava pronto para outra rodada.

— Toma comprimidos azuis por acaso?

— O que é isso?

— Não importa. — Ela acariciou seu rosto, seu cabelo. — Tenho que me limpar e colocar
minha calcinha novamente antes de Paul aparecer para me buscar. Não diga a ele que não usamos
preservativo. Vai ficar louco.

— Porque não quis usar um?

130
— Realmente não gosto de usá-los. Sente-se melhor.

— É assim para mim também. Não acreditei que sentiria a diferença.

— Eu o faço. Posso perguntar algo estranho?

— Qualquer coisa.

— Você... eh, está quente quando goza. Porque isso?

— Quer dizer que meu sêmen é realmente quente?

— Sim.

Encolheu os ombros.

— É uma coisa felina. Darkness é felino e teria me advertido se meu sêmen pudesse lhe
machucar. Não o fará. Ele faz sexo com sua companheira sem preservativo. Ouvi que estão
tentando ter um bebê.

— Gosto da sensação completa de você.

— Existe a possibilidade de que eu não sinta a mudança do seu cheiro quando começar a
ovular.

— Estou disposta a correr o risco. Você está?

— É minha, Dana. Simplesmente não percebeu ainda, mas vou convencê-la para ser minha
companheira. Gostaria de ter um bebê com você. Ficaria feliz se minha semente crescesse dentro
de você.

— Ainda não estou pronta para isto, assim que pode me cheirar sempre antes de fazer
sexo. Confio em que me conte se sente o cheiro, certo?

Ele assentiu com a palavra.

— Dou minha palavra.

— Isso é tudo o que preciso ouvir. Agora me deixe descer. Estou com fome.

Ele riu.

— Prefiro comer você.

— Definitivamente mantenha este pensamento até tarde. Adoro sua boca em mim.

Ele ainda vacilou e sua expressão ficou sombria.

— Gostaria de conhecer sua mãe.

Ela apertou a mão sobre sua boca.

131
— Nunca fale dela enquanto estivermos nesta posição. Por favor? Se tivesse um pau
simplesmente ficaria mole.

Ele riu e a diversão brilhou em seus olhos. Ela soltou sua boca.

— Não é você. É ela. Não será agradável contigo uma vez que te ver como uma ameaça. E o
fará. Vai arruinar seus planos para mim, que é me casar com alguém que ela aprove e que nunca
peça que me afaste dela.

— Acho que poderia fazê-la mudar de ideia e ficar feliz por nós se disser o que sinto por
você e explicar o que são companheiros. É meu tudo, Dana. Isso nunca vai mudar.

Seu coração se derreteu, porque era inegável a sinceridade em seus olhos.

— Queria que pudesse fazê-la aceitar que estamos juntos, mas não o fará. É importante
para mim. Quero fortalecer nossa relação antes que tenha a oportunidade de assustá-lo.

— Não me assusto, Dana.

— Nunca conheceu minha mãe. Quero fugir dela quando está sendo mesquinha. —
Retrocedeu. — Temos que nos limpar e terminar de comer antes que Paul chegue.

Inclinou-se e pegou sua calcinha no chão.

— Volto logo. Vou usar seu banheiro.

— Nosso banheiro.

Não estava se apaixonando por ele. Já estava apaixonada.

Fugiu pelo corredor.

132
Capítulo Dez

Dana olhou um pouco com a boca aberta todas as pessoas fora das portas traseiras quando
Paul os levou através deles. As câmeras fotográficas brilharam com seus flashes, cegando-a.
Muitas pessoas estavam nas calçadas enquanto Paul manobrava lentamente o SUV até a rua. Uns
quantos idiotas se lançaram na frente para tirar fotos. Paul teve que pisar no freio e apertar a
buzina para conseguir que se movessem.

— Abaixe o queixo e mantenha o boné de beisebol para baixo. — Disse Paul.

Ela seguiu suas instruções, até mesmo levantou uma mão para bloquear um lado de seu
rosto.

— Isto é uma loucura. De certo modo me lembra do que passam as celebridades.

— Bem vinda a Homeland. — Bufou Paul. — Isto é o que terá que afrontar se viver aqui e
quiser sair ou voltar.

— Não é assim nas portas dianteiras.

— Chegou pela manhã bem cedo, como pedi. Está é a razão. A maioria destes idiotas está
dormindo neste momento.

— Porque a ONE deixa tanta gente aqui?

— A rua é propriedade pública e não pertence à ONE. A polícia vem as vezes para pedir que
saiam, porque incomoda, mas sempre voltam. Cada vez que a ONE está nos jornais por algo, este
circo estaciona seus traseiros fora de qualquer entrada ou saída de Homeland.

— Posso entender porque você e Becky não saíram de Homeland à noite nunca mais.

— Ela mencionou isto? Estava irritada?

— Ela te ama, estúpido. Não se queixou ao respeito. Era mais uma advertência sobre o que
teria que enfrentar se Mourn e eu nos emparelharmos.

Dirigiu a poucos quarteirões e girou sobre uma rampa de entrada na estrada.

— Vamos nos afastar uns poucos quilômetros e logo dar a volta para ir ao motel.

Continuou olhando pelos retrovisores.

— Há alguém nos seguindo?

— Ainda não tenho certeza. Podem ser muito espertos. Alguns usam vários carros e se
comunicam por telefone, assim um fica para trás e outro assume a perseguição.

— Isto é uma loucura.

133
— Nos ocupamos de loucos o tempo todo.

Refletiu sobre isto. Paul pegou uma saída a poucos quilômetros, levou-os a uma área
residencial e logo retrocedeu. Dana também olhava nos retrovisores. Não viu nenhum farol atrás
deles.

— Está limpo?

— Isso parece. Acho que vou pegar as ruas laterais para ter certeza.

— Simplesmente não quer ir ao motel, assim está enrolando.

Ele riu.

— Provavelmente. Sabe que mamãe vai chorar lágrimas falsas quando lhe disser que não
está pronta para voltar para casa.

— Eu sei.

— Vai ceder?

— Não.

— Nunca foi muito boa em se defender dela. Por isso é a única que mora tão perto.

— Melhorei nisto e estou motivada. Ignorou por completo o que disse quando mencionei
Mourn e eu como companheiros. Não pense que não percebi.

— Está considerando isto? — A tensão soou em sua voz.

— Sim. É na única coisa que penso. Queria que lhe desse uma oportunidade. É assombroso.

— Você o ama, verdade?

Ela não duvidou.

— Sim. Vi o medo em seus olhos quando estávamos nos despedindo, como se tivesse
medo de que não voltasse. Quero voltar e acho que não ficarei mais em sua casa. Quero morar
com ele.

— Você o conhece apenas há alguns dias.

— Quanto tempo passou com Becky antes de saber que era a única?

Ele não respondeu. Virou a cabeça para olhar sua expressão sombria.

— Responda-me e seja sincero.

— Soube depois de nosso primeiro encontro, quando acordei com ela nos braços.

— Dormiu com você no primeiro encontro? Estou impressionada. — Brincou Dana.

134
— Nós nos demos bem. O que posso dizer? Acordei e meu primeiro impulso não foi sair
correndo, como com todos os demais encontros de apenas uma noite que tive. Queria ficar e fazer
o café da amanhã. Diabos, queria ir para a casa e arrumar minhas coisas para passar todas as
noites com ela.

— Isto deve ter sido algo de sexo-fora-desse-mundo. Não quero detalhes.

Ele riu.

— Na verdade, não foi o melhor, mas passamos muito bem. Ela me fez rir e acabei me
apaixonando com força. Nem sequer estava pronto para me acalmar, mas ela mudou tudo para
mim.

— Sinto o mesmo por Mourn. Mas o sexo sim é fora-desse-mundo.

— Não preciso saber isso.

— Apenas estou dizendo.

Olhou nos retrovisores novamente, ainda sem ver faróis.

— Acho que estamos bem.

— Certo. Eu me preocupo com você, Dana. Você e Tommy eram verdadeiras mariposas
sociais. Não poderá ir a festas ou ao teatro com Mourn.

— Isso tudo era coisa de Tommy. Nunca gostei dessa porcaria.

— De verdade?

— Sim. Brigávamos muito sobre isso.

— Não sabia isto.

— Havia muito que não sabia. Nunca me senti assim antes. Nunca. Nem sequer com
Tommy. Esta manhã foi difícil deixar a casa de Mourn. Pensei em ligar para você e simplesmente
pedir que levasse minhas coisas para lá. Queria ficar.

— Porque não o fez?

Ela decidiu ser sincera.

— Sabia que iria discutir comigo outra vez e tentar me convencer. Mourn não está
acostumado ao drama familiar. Acho que me dá medo de ele decidir que não valho o esforço.

— Não lhe importará este merda se te ama. Diabos, Becky suporta mamãe porque me ama.

— Mamãe está do outro lado do país e você só morou perto dela uns meses. Trabalha em
Homeland, assim ele não pode evitá-lo se você decidir ser um imbecil. Você lhe incomodaria
enquanto ele estivesse trabalhando.

135
— Eu disse que o fiz porque estou preocupado com você.

— Supere, e em seu lugar comece a concentrar no que me fará feliz. Goste ou não, isto é
Mourn.

— Vou tentar lhe dar um pouco de crédito, de acordo?

— Fará isto?

Ele assentiu com a cabeça.

— Sim.

— Obrigada. — Ela viu o letreiro do motel adiante. — É ali?

— Sim. Fique perto de mim. Não estava brincando sobre este lugar ser um antro.
Mantenha o boné e os óculos. Não fale com ninguém. Tenho a sensação de que muitos dos
manifestantes ficam aqui. É barato e perto de Homeland. Registrei mamãe com um nome falso e
lhe fiz prometer que não falaria com estranhos.

— Não reconhecerão o SUV como pertencente à Homeland?

— Não. Este não é um carro do grupo de trabalho. É menor, que rara vez usam e não tem
nenhuma marca da ONE. Leva-se tempo para controlar as placas e de fizeram isto, está registrado
sob o nome de uma empresa falsa. Se a merda golpear no ventilador, fique atrás de mim. Estou
armado.

Sua boca se abriu. Estacionou longe dos outros carros, desligou o motor e soltou o cinto de
segurança. Ele suspirou.

— Este é o procedimento. Tenho treinamento militar e faço práticas de tiro cada poucas
semanas. Prefiro estar prevenido que lamentar.

— Não é ilegal?

— Não. A ONE me enumera como membro do grupo de trabalho e tenho uma insígnia em
minha carteira para mostrar, se tiver que matar alguém. É melhor que uma permissão para portar
uma arma escondida. Meu traseiro está coberto.

— Alguma vez teve que atirar em alguém?

— Servi o exercito em algumas missões. Claro que sim. Vamos.

Ele saiu do assento do motorista. Dana saiu e fechou a porta. Paul ativou o alarme e
aproximou-se do seu lado, enganchando um braço nela. Ela manteve a cabeça baixa. Uns
hospedes estavam em vários grupos pelo estacionamento. Paul a puxou para si e pegou a escada
até o segundo andar. Estava vazio por ali. Parou de frente a uma porta e levantou a mão.

— Está pronta para isto?

136
— Sim.

Bateu na porta e houve um movimento pelo vão no chão. A luz desapareceu.

— Vá embora ou chamo o 911!

Paul suspirou.

— Somos nós mamãe.

Em questão de segundos a porta se abriu. Sua mãe olhou para os dois. Paul a empurrou
suavemente fora do caminho, puxou Dana para dentro e fechou a porta. Soltou o braço e tirou os
óculos de sol, sorrindo.

— Olá, mamãe. — Abraçou-a.

— Achei que ambos eram traficantes. Porque estão vestidos assim? — Ela os olhou.

Dana tirou o boné, permitindo que seu cabelo escondido caísse livre e tirou os óculos.

— Queríamos nos encaixar entre seus vizinhos. — Brincou.

Seu olhar percorreu o quarto.

— Uau. Olá, set de estilo pornô-de-baixa-categoria.

— É horrível. — Sua mãe apontou o espelho no teto. — Estou com medo de que caia sobre
mim enquanto durmo.

— Avisei que o lugar era ruim. Deveria ter ficado em um bom hotel a uns quilômetros mais
longe. Eu disse isto também. Quer ser transferida?

Paul esperou uma resposta. Sua mãe o ignorou, fixando sua atenção em Dana.

— Isto é o que faço por você. Vê está merda? Provavelmente serei assaltada, violentada e
assassinada pela manhã. Em minha lápide estará escrito que tudo é culpa sua.

— Mamãe. — Repreendeu Paul. — Isto não é engraçado.

Sua mãe levantou a mão para silenciá-lo.

— Não pode fugir de seus problemas Dana. Isto é apenas outra forma de se esconder para
viver. Acha que seu pobre irmão e sua esposa a querem em sua casa? Não querem.

— Mamãe! — Paul levantou a voz. — Isto não é...

— Não se meta nisto!

Sua mãe deu um passo mais perto de Dana.

137
— Trouxe Dirk Hass comigo. Ele irá passar por aqui em quinze minutos e conversar com
você. Também comprei passagens para irmos no primeiro voo para casa pela manhã.

O temperamento de Dana finalmente explodiu.

— Trouxe seu ginecologista com você? Para conversar comigo? O que acontece com a
senhora?

— Dirk gosta de você. Realmente precisa lhe dar uma oportunidade. Ele ganha muito
dinheiro, tem seu próprio consultório e tirou um tempo no trabalho para voar até aqui porque lhe
disse que estava passando por dificuldades. Que outro homem o faria? Isto demonstra o carinhoso
e preocupado que ele está com você.

— Você o manipulou, em outras palavras.

Dana ficou tentada a ir embora.

— Não fale comigo assim. — Disse sua mãe entre dentes. — Como se atreve?

Dana deu um passo atrás.

— O que? É a verdade. Provavelmente disse ao Dr. Hass que estou interessada nele quando
sabe que não estou. Ele te viu nua da cintura para baixo. Não acha que isto é meio fodido? Eu
acho. Falando de uma família disfuncional. E deixe de me arrumar encontros com homens. Já
disse. Terminei com isto.

— Não diga palavrões. Não foi como te criei.

Dana abriu a boca, mas Paul se moveu rápido, colocando-se entre elas.

— Mamãe, tem que se acalmar.

— Sua irmã é uma grosseira.

— Disse a frigideira à caçarola. — Dana ficou de lado para poder olhar sua mãe. — Vim
visitar Paul. Disse que precisava de um pouco de espaço. Me deixa louca. Obrigada por cuidar de
mim depois da morte de Tommy, mas agora estou tentando seguir adiante com minha vida.
Porque não pode me deixar?

— Disse que ficaria fora três dias. Tive que vir aqui buscá-la.

— Não sou nenhuma adolescente fujona fora de controle.

Dana apertou os dentes.

— Está atuando como tal.

— Merda. — Murmurou Paul. — Brigam assim o tempo todo?

— Não. — Respondeu sua mãe.

138
— Sim. — Disse Dana ao mesmo tempo.

Paul tirou o boné e coçou a cabeça.

— Esta vai ser uma noite longa.

— Não. Não será. — Dana colocou as mãos nos quadris. — Não vou voltar para casa ainda,
mamãe. Não irei até estar pronta. Pode levar seu ginecologista contigo... — Balançou a cabeça. —
Nem sequer sei o que dizer exceto que me sinto mal por tê-lo convencido. Não vou nem
mencionar que ele é vinte anos mais velho que eu. Deveria sair com ele, se é tão bom partido. Vá
para casa.

Alguém bateu na porta e Dana apertou os dentes enquanto sua mãe ia até ela e abria para
que Dirk Hass entrasse. Segurava flores e sorriu quando viu Dana.

— Olá.

Ofereceu-as a ela. Dana se sentiu culpada. Sabia que sua mãe deveria ter mentido para
conseguir que voasse através do país. Ela aceitou as flores.

— Obrigada.

Paul a salvou apresentando-se e afastando a atenção de Dana. Ela empurrou as flores para
sua mãe e retrocedeu. Sua mãe sorriu obviamente satisfeita com a bagunça que criou. Dana
queria estrangulá-la. Dirk se virou para Dana.

— Como se sente?

— Estou bem.

Não era culpa sua ter sido empurrado a este desastre, mas alguém precisava ser sincero
com ele.

— Sinto muito sobre isto, mas a verdade é que não estou interessada em sair com você.

— Dana!

Ignorou sua mãe.

— Estou me encontrando com alguém. Minha mãe não sabia. Não lhe contei. Vou
reembolsá-lo pelo dinheiro que gastou vindo até aqui.

Dirk parecia desconcertado.

— Está mentindo. — Sua mãe se adiantou e agarrou seu braço. — Disse que estava com
problemas. Inventou um namorado imaginário.

Dana estava a ponto de gritar.

139
— Não estou inventando. Simplesmente não quis contar porque vive nesta área e sabia
que iria enlouquecer quando dissesse que estou me mudando para cá. Isto é sério.

— Está mentindo.

O rosto de sua mãe ficou vermelho e irritado.

— Na verdade não mente.

Paul disparou a Dana um olhar sério enquanto tirava seus óculos.

— Trabalha em Segurança. Ela o conheceu quando chegou e estão passando quase o


tempo todo juntos quando ele não está no trabalho.

— Não vai sair com um guarda de segurança. — Sua mãe negou com a cabeça. — Não
permitirei. Dirk é médico.

Dana levantou as mãos.

— Terminei. Não vou brigar com você. Vou me mudar para cá e isto é algo que
simplesmente terá que aceitar. — Olhou para Dirk Hass. — Deveria sair com minha mãe. É quase
de sua idade e ela pensa que seria um marido maravilhoso para alguém.

Ela empurrou os óculos de sol novamente e colocou o boné.

— Paul eu o esperarei fora. Estou farta disso, terminei.

Dana saiu para a porta e a abriu.

— Dana. — Chamou Paul. — Não ande por aí sozinha.

Deu a volta.

— Prefiro enfrentar traficantes de drogas e prostitutas do que ficar aqui.

Ela saiu furiosa, batendo a porta. Quase tropeçou com um corpo grande e retrocedeu,
levantando queixo. O homem usava uma blusa negra com capuz combinando com sua calça negra.
Era um homem grande e a tênue iluminação escondia seu rosto.

— Desculpe.

Tentou passar ao seu redor.

— Dana.

Ele a agarrou pelos braços. Ficou paralisada.

— Mourn?

Inclinou a cabeça levemente de modo que pudesse distinguir seus traços rapidamente.

140
— Iria bater na porta, mas ouvi o que estava acontecendo dentro. Soube que não era um
bom momento para se fazer conhecida minha presença.

— O que está fazendo aqui?

— Queria conhecer sua mãe. Perguntei a alguns membros da equipe especial se poderiam
me trazer aqui. Troquei de roupa para que ninguém me reconhecesse.

Ela começou a puxá-lo.

— Vamos.

— Ainda quero conhecê-la.

— Disse que nos ouviu brigando. Acredite em mim. Apenas vamos para casa.

Ele deixou que o levasse para a escada. Descobriu seu pessoal de segurança
imediatamente. Dois homens vestidos com uniformes negros estilo militar, estavam de pé de
frente a um grande SUV negro. Não tinha nenhum adesivo da ONE para identificar quem eram,
mas os notou. Mourn pegou sua mão e ficou ao seu lado enquanto desciam a escada.

Alguns dos hospedes do motel fizeram seu caminho rapidamente para seus quartos,
provavelmente confundindo os dois guardas com policiais. Dana planejava caminhar diretamente
ao SUV no qual Mourn chegou e pedir aos dois homens que voltassem para Homeland, mas de
repente Mourn puxou-a para baixo da escada e contra o prédio.

— Está irritada.

— Minha mãe faz isto. Trouxe o Dr. Hass com ela. Pode acreditar? É muito manipuladora.

— Ouvi quando lhe disse que planeja se mudar para cá. Isso signific...?

— Dana!

A voz de Paul veio de cima.

— Aqui embaixo. — Disse em voz alta. — Estou bem. Mourn está comigo.

— Merda.

Paul apareceu correndo pela escada e os viu. Ele pareceu aliviado.

— Não vá sem mim. O que está fazendo aqui Mourn?

Girou a cabeça ao ver os dois guardas.

— Oh. Trouxe a equipe especial. Bom.

— Ele quer conhecer mamãe.

141
Dana se aproximou de Mourn. Estava irritada, mas ajudou que ele estivesse ali. Apoiou-se
nele e passou um braço ao redor dela.

— Isso não é uma boa ideia. Pergunte a minha esposa. — Paul colocou os óculos de sol. —
Deveríamos ir embora.

Alguém desceu a escada e Dana levantou a cabeça do peito sólido de Mourn para olhar.
Sua mãe apareceu à vista. Dana apertou os dentes. Parecia que Mourn conseguiria seu desejo,
depois de tudo.

— Não deixe que veja seu rosto. — Sussurrou Paul. — Apenas se mantenha afastado.

Arrancou os óculos de sol e passou para Mourn.

— Coloque-os. Trabalha para Segurança em Homeland.

Mourn ignorou os óculos e girou mais longe, obrigando Dana a se mover com ele. Ela lhe
agarrou com força enquanto sua mãe os via nas sombras, seus saltos fazendo clique no pavimento
quando se aproximou da escada.

— Não terminei de falar contigo, senhorita. Como se atreve a fugir de mim? Trouxe Dirk de
tão longe porque é um bom homem. Ele está disposto a perdoar este disparate e se ofereceu para
ir à terapia de casal contigo. Todos somos conscientes de que está tendo problemas para
enfrentar a morte de Tommy.

Sua mãe parou junto a Paul e franziu o cenho para Mourn.

— Tire suas mãos da minha filha.

Dana suspirou.

— Mamãe, eu te apresento Mourn. Este é meu namorado imaginário, como se referiu a


ele. Como pode ver, é muito real. E alto.

— Olá, mãe de Paul e Dana. — Disse Mourn.

— Seu nome é Daisy. — Informou Dana.

— É um prazer conhecê-la, Daisy.

Mourn soltou Dana e lhe estendeu a mão. Sua mãe a ignorou.

— Parece um vagabundo sem lar. Vejo através de você, senhor. Minha filha tem um pouco
de dinheiro e se está procurando um pouco de comida gratuita, pense outra vez. Ela está saindo
com um médico. Vá buscar alguma outra idiota para melhorar sua vida.

— Oh Deus meu!

Dana queria estrangular sua mãe.

142
— Chega.

Agarrou a mão estendida de Mourn e se aferrou a ela, para o caso dele ter o mesmo
impulso.

— Mamãe. — Disse Paul. — Não o faça.

— Não se meta nisto. — Respondeu sua mãe. — Era para você cuidar de sua irmã, mas
deixa que este guarda de segurança se aproxime dela.

Dana desejava que um buraco se abrisse sob ela, enquanto se apertava mais contra Mourn
para o caso dele querer matar sua mãe por insultá-lo. Não lhe culparia.

— Chega. — Apertou os dentes. — Agora mesmo. Não se atreva a insultar Mourn. Não
sabe nada dele. Está tentando ser controladora novamente e afugentá-lo. Não funcionará. Eu lhe
adverti sobre como seria.

— Bem. É minha filha. Apenas quero o melhor para você e este guarda de segurança não é.
— Apontou Mourn. — Que demônios acha que pode oferecer para minha filha com seu trabalho
de salário mínimo? Nada!

— Mamãe! — Gemeu Paul. — Pare. Todos que trabalham para a ONE o fazem por muito
dinheiro.

Mourn obrigou Dana a soltar sua mão e soltou sua cintura.

— É muito desagradável.

Sua voz estava rouca, quase um grunhido.

— Ouça. — Bufou sua mãe. — Soa como um Neandertal idiota.

— Chega. — Quase suplicou Dana. — Vamos.

— Não com ele. Vou gritar para Dirk. Ele vai se desfazer deste gentalha.

Sua mãe deixou de apontar e empurrou ambas as mãos dos lados. Paul gemeu.

— A equipe especial está vindo até aqui.

— Vão embora. — Ordenou Mourn.

Dana observou os dois guardas girarem e voltar para o carro, ocupando a mesma posição
de antes.

— Não fale comigo desta forma. — Disse sua mãe, sem saber que ele não falou com ela, já
que estava de costas para o estacionamento. — Ouviu isto Dana? É uma falta de respeito com sua
mãe. É um perdedor.

— Isto é tudo. — Grunhiu Mourn.

143
Empurrou suavemente a Dana e aproximou-se de sua mãe. Parou quando Dana lhe agarrou
pela cintura, segurando-o.

— Não o faça. Não vale a pena e é minha mãe. — Declarou. — Entendo. Acredite. Eu o
faço. Também quero bater nela, às vezes.

— Este capanga encoberto vai me bater? Eu o desafio, jovem. Farei com que seu traseiro
seja jogado na prisão, onde tenho certeza que pertence.

Mourn grunhiu novamente e levantou a cabeça o suficiente para revelar a sua mãe parte
de seu rosto. Ela ofegou, afastando-se. Paul a pegou antes que tropeçasse e segurou-a para evitar
que fugisse. Dana estremeceu ao ver o medo de sua mãe.

— Sou um Espécie. — Disse Mourn. — Estou profundamente apaixonado por sua filha. Não
vou me desculpar por estar com ela nem com você ou qualquer outra pessoa, fêmea. Não me
importa se deu a luz a Dana. Ela agora é minha.

A boca de sua mãe se abriu e Paul apertou de repente a mão sobre ela, mantendo-a
coberta.

— Não grite. Não vai lhe machucar.

Dana soltou Mourn e deu um passo ao seu lado.

— Não pode contar a ninguém mamãe. Irá colocá-lo em perigo. Deixe de ser desagradável.

O que Mourn disse se registrou e virou a cabeça.

— Você está apaixonado por mim?

— Sim. — Seu tom suavizou. — Como poderia não estar? Você me faz feliz.

— Estou apaixonada por você também.

Daisy puxou a mão de Paul de sua boca.

— Chega. Os dois. Isto não está acontecendo. Eu me nego a permitir.

— Cale-se mamãe. — Dana sorriu para Mourn. — Fiquei com medo de ser muito cedo para
dizer como me sentia.

— Não é. — Mourn levantou a mão e tirou seus óculos. — Estávamos destinados a nos
encontrar.

— Não. Não estavam. — Cortou Daisy.

Dana afastou o olhar de Mourn e fulminou sua mãe com o olhar.

— Deixe disso. Está arruinando nosso momento. — Olhou novamente para Mourn e sorriu.
— Você me faz feliz também. Não quero voltar à vida que tinha. Quero ficar com você.

144
— Vamos ser companheiros. — Inclinou-se.

Dana se levantou nas pontas dos pés e apoiou as mãos sobre seu peito para lhe dar um
beijo. No entanto, alguém a agarrou pelo braço e puxou-a para trás. Amaldiçoou e se afastou de
sua mãe.

— Que diabos esta se passando contigo?

— Está cometendo um grande erro. — Disse sua mãe entre dentes. — Há um rico médico
em meu quarto. Que pode este Nova Espécie lhe dar que Dirk não pode?

Mourn grunhiu.

— Que tal isto?

Agarrou a blusa e a rasgou, deixando ao descoberto seu peito e seus abdominais.

— Ele não é atrativo sexualmente para ela. Eu sim. Amo Dana. Faria qualquer coisa por ela.
Ela é razão pela qual vivo.

Dana riu, admirando abertamente sua pele exposta.

— É tão sexy. — Disse.

Logo moveu o olhar. Os olhos de sua mãe estavam muito abertos, como sua boca.

— Mais perguntas, mamãe?

Sua mãe ficou olhando o peito exposto de Mourn. Isto divertiu Dana quando percebeu que
derrotou a mulher mais velha, deixando-a sem fala.

— Tem o mesmo efeito em mim.

Dana estendeu a mão e a deslizou por seu estômago.

— E ele ronrona. Este é seu genro. Iremos nos casar.

Sua mãe, finalmente despertou, olhando surpresa para Dana. Ainda sem falar.

— Isto não tem preço.

Dana tirou a mão de Mourn e estendeu a ele.

— Leve-me para casa, Mourn. Paul, se importa de ficar com mamãe até que ela se
recupere?

— Não tem problema. Explicarei as coisas quando tirar o médico do quarto, para que
tenhamos privacidade. — Seu irmão limpou a garganta. — Poderia viver sem saber que ronrona.
— Dirigiu-se a Mourn. — Bem vindo à família. É muito louca, mas é toda sua agora também.

Mourn soltou a blusa com capuz e pegou a mão de Dana.

145
— Dana vale o esforço. — Ele levantou o lábio superior e revelou os dentes para sua mãe.
— Vamos aprender a nos dar bem.

Não parecia contente com isto, mas Dana estava simplesmente aliviada por ele não estar
correndo para longe dela depois de receber uma dose de sua futura sogra. Ela puxou-o e ele a
seguiu de volta aos seguranças. Um deles abriu a porta de trás do SUV para eles enquanto o outro
entrava pelo lado do motorista.

Mourn deixou Dana entrar primeiro e logo a seguiu. Puxou-a para seu colo quando o
motorista ligou o motor e o segundo escolta colocou o cinto de segurança.

Dana se abraçou a Mourn e empurrou o capuz para baixo, para ver melhor seu rosto. As
janelas estavam cobertas, assim era seguro fazê-lo. Parecia irritado.

— Sinto muito.

— Deixe de pedir desculpas por outros humanos.

— Avisei que seria grosseira e pouco racional.

— Sim, mas ela é sua mãe. Vamos ter que encontrar uma forma de nos dar bem.

— Ou poderíamos dizer aos guardas nos portões dianteiros que sua visita está proibida
para sempre.

Por fim sorriu e sua ira se derreteu.

— Ela é sua mãe.

— É uma dor no traseiro.

Ele riu.

— Quis dizer o que disse. Eu te amo, Dana. Quero que seja minha companheira.

— Adoraria.

— Já não tem medo de se emparelhar?

Ela negou com a cabeça.

— Não. Apenas quero ir para casa contigo.

— Vai morar comigo?

— Sim.

— Não vou deixá-la ir nunca. — Ele a abraçou com mais força. — É minha.

— Promete?

146
— Sim.

Ela se inclinou e roçou os lábios sobre os dele. Ele grunhiu suavemente e lhe devolveu o
beijo. Um dos homens no assento da frente limpou a garganta.

Dana se esqueceu deles ou mesmo que estavam em um carro em movimento. Afastou-se


de má vontade.

— Desculpe. — Murmurou o guarda no assento do passageiro. — Não estamos tão longe


de Homeland e tecnicamente ela é ainda uma convidado até que assine os papeis, assim terá que
ser verificada. Dois caninos estão nos portões pelo qual estamos passando. Talvez deseje esperar
antes de celebrar que concordou em se emparelhar contigo até que chegue a casa, Mourn.

Ele grunhiu.

— O que significa isto?

Dana arqueou as sobrancelhas, curiosa.

— Sentirão o cheiro de sua excitação e provavelmente irão brincar. Não quero te expor a
isto.

— Oh.

Mourn encolheu os ombros.

— Seriam piadas de bom coração, mas ruboriza com facilidade. Não quero que esteja
incômoda porque saberão que estava tocando-a.

— Obrigada.

Mourn puxou Dana contra seu peito e sorriu. Ela iria assinar os papeis. Estava agradecido
por ter insistido em deixar Homeland para conhecer sua mãe. A experiência não foi tão bem como
esperava, mas o resultado final era tudo o que importava.

Valeu a pena discutir com Slade e conseguir que ele lhe enviasse com os membros da
equipe de trabalho para acompanhá-lo até o motel.

Teve que dizer ao macho o quanto Dana significava para ele e como queria que fosse sua
companheira. Era importante que impressionasse sua mãe, assim teria um obstáculo a menos
para superar antes de assegurar o acordo. Fazer frente à família de um humano era importante e
Slade compreendeu. Advertiu Mourn para não começar nenhuma briga e ele teve que dar sua
palavra.

O arrependimento surgiu quando avaliou suas ações. Provavelmente não deveria ter
mostrado o peito para a mãe dela, mas Darkness foi quem lhe deu a ideia. Ele disse que as fêmeas
humanas ficavam impressionadas com os músculos.

147
Estava desesperado para mostrar a Daisy porque seria melhor companheiro para Dana que
qualquer médico com muito dinheiro.

— Esqueça tudo o que minha mãe disse. — Sussurrou Dana, apoiando a cabeça em seu
ombro.

— Ela não gosta de mim.

— Não me importa. Vai recapitular ou irá perder se não o fizer, Mourn. É uma pessoa
maravilhosa.

— Talvez possa estudar para ser médico.

Ela levantou a cabeça para segurar seu olhar.

— Isso não é o que quer ser, verdade?

— Não, mas gostaria de ser um, se isto ajudar sua mãe a aceitar que somos companheiros.

— É muito doce, mas deixe de pensar assim. Sabe o que quero?

— Diga.

— Não deixe que minha mãe o afete. Me apaixonei por você como é. Não planejo viver
como ela quer que faça. Você também não deveria. Ambos seremos felizes assim. Vamos construir
um futuro juntos. Ela pode lidar com isso ou não fazer parte dele. E ponto.

Ele assentiu com a cabeça.

— Entendo.

— Bom.

— Estaremos em casa logo. Lembro tudo o que se supõe que devemos fazer.

Ela riu.

— Manteve este pensamento, hein?

— Como se pudesse esquecer.

Ele levantou a mão e lhe acariciou o rosto.

— Juro que serei um bom companheiro.

— Juro que serei também.

— Estamos motivados para sermos felizes juntos.

Ela assentiu. — Sim. Estamos.

148
Capítulo Onze

Não estavam apenas dois guardas no portão lateral quando entraram. Um terceiro canino
Nova Espécie se reuniu ao seu SUV, quando passaram pela primeira porta. Usava jeans e uma
camiseta em lugar de uniforme. Mourn saiu, Dana deslizou no assento. Ele a ajudou a descer.

— Olá, sou Slade. — Sorriu para Dana, mas logo se concentrou em Mourn. — Suponho que
não houve problemas?

— Não quebro minha palavra.

— Foi tudo muito bem. — Disse o motorista do SUV. — Não tivemos nenhum problema.
Ninguém percebeu quem éramos e ficamos atentos aos telefones com câmeras. Foi tudo sem
incidentes.

— Bom. Obrigado por levar Mourn para fora.

Slade assentou a cada homem.

— Sem problemas senhor.

Ambos os membros da força de trabalho se afastaram para um prédio, simplesmente


deixando o SUV ali. Dana observou Slade, perguntando-se quem era. Pareceu percebê-la olhando.

— Como foi com sua mãe ao conhecer Mourn e saber que está com um Nova Espécie?

Ela fez uma careta.

— Minha mãe é um pouco difícil. Poderia ter sido muito melhor, mas isto é tudo sobre ela.

— Não é porque sou Espécie. — Acrescentou Mourn. — Queria que Dana se emparelhasse
com um médico rico.

Slade colocou as mãos no quadril.

— Onde está Paul?

— Está com nossa mãe, explicando como não pode dizer a ninguém que estou com Mourn
e provavelmente está tentando acalmá-la. Ela gosta de fazer as coisas à sua maneira.

A boca de Slade se torceu em uma linha sombria.

— Acha que irá a imprensa para se queixar que está aqui com a esperança de colocar
pressão sobre nós para forçá-la a sair? Não poderíamos fazer isto, mas gostaria de advertir nossa
equipe de relações públicas, se for possível.

— Não. Ela é consciente de que teria que sair de sua casa e passar à clandestinidade se
alguém alguma vez vincular nossa família aos Novas Espécies. Não quer deixar seus amigos e

149
começar sua vida novamente. Queixava sempre comigo sobre como Paul poderia estragar sua vida
quando aceitou o trabalho aqui. Está irritada, mas vai fazer do seu jeito, sem lidar com a imprensa.
Meu pobre irmão deve estar recebendo uma reprimenda neste momento, já que é o único ante
quem pode se queixar.

Slade assentiu e olhou para trás de Dana. Balançou a cabeça.

— Não precisa ser verificada. É a irmã de Paul e está com Mourn.

Dana olhou para trás, percebendo que um dos guardas da porta esperava pacientemente
por ela para fazer precisamente isto. Ele assentiu com a cabeça e voltou ao seu posto. Olhou
novamente para Slade, que olhava para ambos.

— Dana aceitou ser minha companheira. Precisamos dos documentos. — Informou Mourn.

A boca de Slade se curvou para cima.

— Felicitações.

Estreitaram as mãos e Slade lhe deu um rápido abraço. Virou-se para Dana e se limitou a
sorrir.

— É agradável tê-la em nossa família Novas Espécies.

— Obrigada. — Sentiu-se aliviada.

Slade olhou para Mourn.

— Vou avisar o escritório para redigir os documentos. Quer esta noite ou pela manhã? Os
que o fazem já estão em casa, mas posso fazer uma ligação.

— Pela manhã estará bem.

Dana não queria fazer ninguém trabalhar.

— Vou demonstrar que estou estável agora. — Mourn vacilou. — Acha que alguém pode
protestar por ter uma companheira?

— Não. — Slade negou com a cabeça. — Estamos felizes pelos dois. Pegue meu jipe e leve
sua companheira para casa. Tenho que ficar nesta área por um tempo. Estamos esperando
problemas.

— Posso ajudar?

— Não, obrigado, Mourn. Trata-se mais de um inconveniente que um problema grave. Um


dos manifestantes agressivos jogou ovos em alguns dos nossos homens que patrulhavam os
muros, assim usamos cachões de água. — Slade sorriu para Dana. — Não lhe machuca, mas dói
um pouco e usamos água fria. Isto o faz fugir, mas sempre voltam depois do anoitecer. Na última
vez picharam algumas portas. Eu me ofereci para ficar aqui por um tempo, como o homem dos

150
canhões de água. — Ele riu. — Admito que me divirto lançando-os antes que possam causar um
dano.

Ela riu.

— Posso entender totalmente isto.

— Apenas cumpro com meu dever esfriando-os. — Slade sorriu. — Na semana passada
acertei um justo depois que abriu a lata de tinta, pensando em caminhar até as portas. Ele caiu de
traseiro no chão assim que a água o atingiu e lançou a tinta vermelha em seu colo. Fiz uma cópia
da gravação da câmera de vigilância para mostrar em uma reunião. Todos passaram um bom
momento.

Dana riu dissimuladamente.

— Deveria criar uma página na web e mostrar a estes imbecis pela internet. Provavelmente
seria muito popular. Sei que adoraria ver.

— Vou comentar na próxima reunião.

Slade piscou um olho.

— Tenha uma boa noite e novamente, felicidades.

Mourn levou Dana até o jipe e alguém abriu a segunda série de portas para que pudessem
entrar. Dana relaxou e desfrutou do ar quente da tarde soprando sobre ela enquanto abria
caminho para casa. O guarda do portão de entrada das casas dos Novas Espécies os abriu e fez
sinais para passarem quando os viu.

Mourn estacionou e Dana o seguiu até a porta principal. Ele apenas fez girar a maçaneta e
a abriu. Surpreendia-lhe que não trancassem qualquer coisa. As luzes continuavam acesas e seus
pratos do jantar permaneciam no balcão como se houvesse saído rápido atrás de Paul.
Provavelmente o fez, já que chegou ao motel justo atrás dela.

— Vou limpar isto.

Mourn cruzou a sala.

— Deixe. Limpamos pela manhã.

Deu a volta, com uma sobrancelha levantada. Ela agarrou a barra de sua camisa, passou-a
pela cabeça e jogou no chão.

— Temos coisas mais divertidas para fazer.

Ele grunhiu em resposta, o desejo se mostrando em seus olhos.

— Adoro sua forma de pensar.

151
— Estou excitada desde que rasgou sua camiseta e enfrentou minha mãe. Isso foi quente.

Deu uns passos longos para chegar a ela e passou um braço ao redor de sua cintura,
levantando-a. Ela envolveu os braços ao redor de seu pescoço, dobrou as pernas, as separou e
abraçou seus quadris. Apressou-se através da casa para o quarto principal e usou o cotovelo para
acender a luz. Ele não a deixou cair até que chegaram à cama.

— Me faz doer para estar dentro de você.

Ela sorriu enquanto encostava-se à cama e inclinava para tirar os sapatos e lançá-los. Não
duvidou em tirar toda a roupa desta vez, agora mais cômoda em ficar nua ante ele. A forma como
Mourn a olhava a fazia se sentir sexy e desejada.

— Sempre te levarei em meu coração.

Sua voz ficou rouca e um pouco brusca.

Tirou sua roupa e seu coração se acelerou quando ele lhe mostrou o muito que lhe afetava.
A beleza do corpo de Mourn tirava seu fôlego... toda esta pele bronzeada e músculos esculpidos.
Ela deslizou mais longe na cama e encostou-se novamente, abrindo os braços.

— Venha aqui.

Mourn não perdeu o tempo. Deitou-se ao seu lado e apoiou a parte superior do corpo
sobre ela para poder acariciar seu cabelo e contemplar seus olhos. Tinhas os cílios mais longos que
já viu e realçavam a beleza das impressionantes cores de sua íris. Seu corpo, pressionado contra o
dela, se sentia muito quente e sólido.

— Obrigada. — Disse.

— Por quê?

Ela sorriu.

— Por ser tão insistente para que fossemos mais que amigos. Perguntava-me como iria
passar através de cada dia e enfrentar outro. Agora estou muito excitada pelo que vai acontecer
depois. É tudo por você.

— Sinto-me da mesma forma, Dana. Você me dá muito mais que um propósito. Está é a
primeira vez desde que ganhei a liberdade que posso abraçá-la com alegria. Você é a razão disto.

Ela passou os dedos por seu rosto, até sua boca, roçando levemente o polegar por seu
lábio inferior.

— Como tenho tanta sorte?

— Alguém me falou sobre o karma. Estávamos programados para que acontecessem coisas
boas depois de tudo o que sofremos.

152
Ela começou a rir.

— É verdade.

Lançou um olhar para seus seios e grunhiu.

— Quero fazer muitas coisas boas por você.

Ela soltou seu cabelo e estendeu suas mãos sobre seu peito.

— Poderia pensar em umas quantas coisas boas que gostaria de fazer com você também.
Fique de costas.

Ele arqueou as sobrancelhas, mas o fez. Parecia estar um pouco desconcertado por seu
pedido. Sentou-se e mordeu o lábio inferior, abertamente agradecida por seu corpo.

— O que é este olhar?

— Quero fazer sexo.

— E?

— Não podemos se me mantiver deitado. Estou muito excitado para simplesmente ficar
quieto para que possa me olhar.

— Não penso apenas olhar.

Ela abriu a palma da mão sobre seu estômago, acariciando-o lentamente e arrastando os
dedos mais abaixo. Seu pau ficou mais tenso ainda quando envolveu os dedos ao redor dele,
brincando com seu eixo. Ela se inclinou e abriu a boca sobre a ponta, lambendo-o.

Mourn grunhiu e Dana girou a cabeça. Parecia surpreso.

— Vai me saborear?

— Este era o plano. Isto está bem?

De repente moveu-se, sentando-se e agarrando-a. Rodou, segurando-a sob ele.

— Logo. Eu te desejo muito.

Dana não pôde se queixar quando Mourn deslizou por seu corpo, arrastando beijos úmidos
ao longo de sua garganta. Ela abriu as coxas para dar-lhe espaço para adaptar seus quadris ali.
Envolveu-os com as pernas para mantê-lo no lugar, quando chegou a seus seios, chupando
levemente cada um deles.

— Eu te desejo agora.

153
Abaixou-se e deslizou a mão entre eles, segurando sua boceta. Mourn grunhiu. Sabia que
estava molhada e pronta. Mudou seu peso um pouco e Dana gemeu quando trocou sua mão por
seu pau. Entrou nela rápido e forte.

— Sim!

Levantou-se e roçou sua boca sobre a dela, seus olhares cruzados. Suas mãos se
envolveram ao redor de seus ombros enquanto se movia, empurrando dentro e fora dela. Dana
adorava olhá-lo fixamente nos olhos. Isto fazia com que o fazer amor com ele fosse inclusive mais
íntimo, com seus corpos movendo-se juntos e o prazer de tê-lo dentro dela.

— É tão bonita. — Disse com voz rouca.

— Como você.

Moveu-se contra ela, esfregando seu clitóris enquanto incrementava o ritmo. Dana gemeu,
arqueando sua pélvis para se mover com ele. O êxtase aumentou e ela inclinou a cabeça para trás,
gritando seu nome.

Mourn grunhiu, enterrando o rosto contra seu pescoço, enquanto gozava. Dana sentiu o
calor de sua liberação em seu interior. Ela se aferrou a ele, enquanto ambos tentavam recuperar o
fôlego, seus corpos juntos.

— Eu te amo Dana.

— Eu também te amo.

Mourn abaixou a cabeça, a língua e os lábios tentando-a, passando por sua garganta em
leves beijos. Sua pele era tão suave que ele gemeu. Sabia que nunca se cansaria de tocá-la e
demonstrar que ambos pertenciam um ao outro. Aspirou seu cheiro, compreendendo como os
machos acreditavam que se convertiam em viciados por suas companheiras. Ela cheirava melhor
que um dia de verão para ele. Inclusive melhor que a comida e que tudo o mais agradável que
jamais experimentou.

Esperou a morte depois de perder 139, mas agora o único que queria fazer era passar cada
dia e cada noite com Dana. Tinha mais que um propósito. Estava feliz e desfrutando da liberdade
pela primeira vez. Dana mudou tudo para ele e iria lhe demonstrar o muito que significava para
ele todos os dias. Adorava-a: Sempre a levaria em seu coração.

Poderiam tentar ter filhos algum dia se Dana quisesse. Apenas a ideia de ter um filho com
Dana, provavelmente vários, lhe fez sorrir. Mercile não podia roubar-lhe sua descendência e a de
Dana. Sua família com ela estaria a salvo atrás dos muros da ONE. Ele ronronou contente. Dana
riu.

— Isto faz cócegas.

— Desculpe. — Ele levantou a cabeça e sorriu. — Faço quando estou feliz.

154
— Como eu e gosto quando ronrona. Não me queixo.

Acariciou seu cabelo, brincando com as mechas.

— Gosto de tudo com você.

— Não diria tudo. Conheceu minha mãe. Ela normalmente afugenta os homens.

— Ela é apenas uma mulher. A ONE tem muitos humanos que sentem aversão. Tenho
orgulho de ser um Espécie e ser seu companheiro. Acho que sua mãe aprenderá a gostar de mim
uma vez que ver o muito que significa para mim.

— Não preciso da aprovação dela e você também não. Uma vez me disse que as regras
humanas não se aplicam aos Novas Espécies. Faz as coisas da sua maneira. Quero ser mais como
você, Mourn. Não quero analisar tudo. Estou seguindo meu coração.

— É uma Espécie. É minha companheira.

Ela sorriu.

— É meu companheiro. — Repetiu. — Gosto da forma como soa.

— Podemos ter um casamento humano.

Dana vacilou, parecendo refletir sobre isto.

— Sabe o quê? Não precisamos disto. Você mesmo disse. Sou Espécie. Fiz o casamento
com Tommy, mas quero algo novo e melhor com você.

Ele entendia.

— Nunca assinei os papeis de companheiros com 139. Faremos isto juntos pela primeira
vez.

— De verdade? Porque não?

— É uma forma legal para demonstrar a seu mundo que estamos emparelhados para a vida
toda. 139 não era humana. Você é.

— Entendo. Gosto disto.

— Quer um anel? Sei que os homens compram para suas companheiras humanas.

Ela negou com a cabeça.

— Sabe o que eu gostaria em seu lugar?

— Diga. Vou conseguir para você.

Ela sorriu.

155
— Poderia ser algo louco e bobo.

— Não importa. Encontrarei uma forma de conseguir qualquer coisa que quiser ou precise.

— Estava pensando sobre bebês.

— Sim, eu também.

Seu ritmo cardíaco acelerou.

— Gostaria que não usasse preservativos. Sem pressão, mas será se acontecer, verdade?

— Sim.

Ele a amava. Ela estava lhe oferecendo tudo o que nunca se atreveu a sonhar.

— Tem certeza Mourn?

— Quero tudo com você.

— Há algumas coisas que sempre quis fazer, mas nunca fiz. Tenho certeza que tem algumas
fantasias também. Poderíamos escrever listas e compará-las.

— Tem sexo envolvido?

Ela ruborizou, mas assentiu com a cabeça.

— Quero tomar um banho com você. Nunca fiz sexo no chuveiro.

— Podemos fazê-lo. Não tomava banho com Tommy?

— Não. Disse que tinha fobia de germes. Tomava banho comigo, mas odiava as banheiras e
piscinas. Dizia que era como fazer uma imersão em uma banheira de vírus. Alguma vez fez sexo
assim?

— Não, mas gostaria.

— Há algo que sempre quis provar, mas não o fez?

Ele considerou.

— Gostaria que me ensinasse a dançar.

Suas sobrancelhas se arquearam, mas ela parecia contente.

— De verdade?

— Sim. Vi outros Espécies fazendo isto e parece divertido. Quero ser capaz disso, para levá-
la em encontros.

— É um romântico.

156
— Você me inspira.

— Adoraria ensinar tudo o que sei. Apenas tem que pedir. A qualquer momento. Qualquer
coisa.

— Não quero que o fato de que eu seja Espécie e você humana, se interponha entre nós
jamais.

— Não o fará. Conversaremos.

— Sim, o faremos. Agora temos absoluta sinceridade. Não quero que isto mude.

— O bom conosco é que estamos empenhados em fazer com que funcione.

— Sim. — Fez uma pausa, com algo em sua mente. — Dana, gostaria que mudasse meu
nome?

Suas sobrancelhas se arquearam e ela pareceu surpresa.

— O que?

— Escolhi o nome Mourn, depois de perder minha companheira. Doeu sua perda. Poderia
mudar meu nome para algo que nos reflita se quiser.

Ela acariciou seu cabelo.

— Porque acha que gostaria disso?

— Me preocupo que meu nome te cause dor ou seja uma lembrança constante de que já
fui emparelhado antes.

— Não é assim. É Mourn. Não quero que mude. Eu era Dana quando estava casada com
Tommy. Tenho que mudar meu nome para algo novo?

Sorriu. Sorriu amplamente com a resposta.

— Não. Você é Dana.

— Você é Mourn. Não associo isto com seu passado. A única razão pela qual deveria mudar
de nome é se o odiar. É assim?

— Estou acostumado a ele agora.

— Gosto do seu nome. Eu te amo, Mourn.

— Eu te amo, Dana.

Lentamente tirou seu pau semi duro dela e os virou para que ela ficasse sobre seu corpo.
Ela se acomodou sobre ele, acariciando seu peito e os braços.

— Dana?

157
— Sim?

— Obrigado por conversar comigo e segurar minha mão naquele dia.

— Somos almas gêmeas. Como não iria fazê-lo?

— Não sei o que isto significa.

Ela sorriu.

— Somos muito parecidos.

Ele riu.

— Sim, somos.

158
Capitulo Doze

Três meses mais tarde.

— Dana? Abra a porta do banheiro.

Mourn agarrou a maçaneta trancada e grunhiu.

— Vá embora. — Murmurou. — Vou vomitar.

— Sei que teme a visita de sua mãe, mas ela não ficará conosco. Nos sentimos mal por
Paul, lembra?

— Não é isso. — Gemeu.

Mourn rompeu a maçaneta quando a torceu brutalmente, abrindo a porta. Correu adiante
no momento que viu Dana sentada no chão. Ele se deixou cair de joelhos junto a ela, envolvendo
um braço ao seu redor.

— Eu te tenho.

— Isto é muito embaraçoso. Por isto tranquei a porta. Deve permanecer de fora.

— É minha companheira. — Segurou-a perto. — Não escondemos nada um do outro.

— Não precisa ver meu almoço sair. Porque o chamam de náuseas matutinas? É meio-dia.

Ele deu um beijo na parte superior de sua cabeça.

— Está carregando meu filho. Queria poder sofrer em seu lugar.

— Trisha me disse que deverá passar logo, por causa do assunto da aceleração da gestação
já que carrego um bebê Nova Espécie. As náuseas da gravidez podem ser rápidas e fortes, mas
esperamos que não dure mais de uma semana ou duas.

— Espero que seja um fato. Me preocupo muito com você.

— Não o faça. É normal. Estou saudável. Sabe isto, já que tem Trisha me acompanhando
cada dia.

— Não posso deixar que nada te aconteça.

Ela agarrou a mão dele e levantou a cabeça, olhando fixamente em seus olhos.

— Vou ficar bem. Temos sorte. Quero dizer, fiquei grávida no primeiro mês. Alguns casais
tentam há anos.

159
Ele sorriu.

— Minha semente sabe que seu lugar está dentro de você.

— Fez a promessa de que não me deixaria sentir vazia depois do sexo. — Dana respirou
fundo. — A náusea está passando. Isto ajuda, tê-lo acariciando minhas costas desta forma.

— Bom. — Ele continuou fazendo-o, permanecendo do seu lado. — Vou tirar umas
semanas de descanso para estar contigo.

— Não precisa fazer isto.

— Quero fazê-lo. Já perguntei e estão passando minhas tarefas a outro macho até que se
sinta melhor.

— Você é ótimo.

— Tento ser.

— É.

Ele esfregou suas costas durante uns bons cinco minutos.

— Como se sente?

— Melhor.

Ele afastou a mão de suas costas, levantou-a em seus braços e a levou para o quarto.
Deixou-a sobre a cama, tirou os sapatos e começou a tirar sua roupa.

— Temos que nos encontrar com minha mãe.

— Iremos, depois que dormir um pouco. Parece cansada.

— Estou.

— Vou abraçá-la enquanto dorme.

— Ficará irritada se não aparecermos para o jantar em sua primeira noite aqui.

— Já está irritada porque mudou para cá e se emparelhou comigo.

Encolheu os ombros.

— Vamos alegrá-la com a notícia de nosso filho.

— Espero que tenha razão.

— Ela queria um neto. Os Espécies jovens são lindos. Terá seu coração.

160
Dana aconchegou-se a seu lado e sorriu enquanto Mourn tirava a roupa e se colocava atrás
dela, seus corpos juntos.

— Sei que você tem o meu.

Ele riu.

— Os felinos são irresistíveis. Nós ronronamos.

— Não precisa me dizer isto. Eu sei.

Mourn deslizou sua mão adiante para segurar ternamente seu ventre.

— Fizemos um bebê com nosso amor. Não sente admiração por isto? Eu sinto todos os
dias.

Ela assentiu.

— Fomos abençoados.

Ele a abraçou um pouco mais forte.

— Sim, fomos e isto é apenas o começo de nossas vidas juntos. Apenas vai continuar
melhorando.

***

161
927

Candi perdeu o macho que amava, mas nunca o esqueceu. Os Novas Espécies são sua única
esperança para poder buscar vingança pela morte de 927.

Uma fêmea humana que afirma ter sido criada em Mercile exigiu entrar em Homeland.
Hero se apressa até o Centro Médico e se encontra cara-a-cara com seu passado. Um olhar em
Candi e a vida que construiu desde que obteve a liberdade começa a desmoronar ao seu redor.

162
Prólogo

Há vinte e três anos.

Christopher tinha um dos técnicos abrindo a porta e levou a menina inconsciente para
dentro do lugar. Olhou para baixo, com a culpa deixando seus passos vacilantes. Viu demais. Tinha
duas opções, ou matá-la também ou colocá-la em lugar no qual nunca poderia dizer à polícia o que
ele fez. Seu plano poderia colocá-la em perigo, mas teria a oportunidade de sobreviver se a
colocasse como parte de suas experiências. Nenhum de seus supervisores se queixaria ou
descartaria sua decisão. Dariam as boas vindas ao ter uma menina humana à sua disposição.

O macho canino estava de costas em um canto. Cheirou o ar parecendo inseguro e seus


grandes olhos escuros se estreitaram. Christopher lhe devolveu o olhar.

— Seu nome é Candace.

Ajudou dizer seu nome formal, não o que ele a chamava desde seu nascimento.

— Ela é sua nova companheira de quarto. Machuque-a e eu mesmo o matarei. Fui claro?

O canino grunhiu quando Christopher abaixou a menina até a esteira de dormir e a deixou
ali. Retrocedeu rapidamente. Os caninos eram fortes e rápidos, apesar da pouca idade. Jamais
daria as costas ao pequeno bastardo. Muitos dos empregados já haviam aprendido a serem
cautelosos. Não tinha acontecido nenhuma morte ainda, mas os sujeitos de prova estavam
crescendo cada vez mais perigosos, à medida que se desenvolviam. Sentia-se um pouco mais
seguro sabendo que Tad dispararia a 927 com um dardo tranquilizante se este fosse sobre sua
garganta.

— Estou falando sério. — Advertiu Christopher. — Ela morre, você morre. Entendeu?

O canino grunhiu novamente. Christopher tinha certeza de que o canino entendia muito
mais do pretendia, apesar de sua negativa em falar. Na realidade, apostaria a que o animalzinho
falaria com sua filha depois que passassem tempo o suficiente juntos. Mercile daria as boas vindas
à oportunidade de supervisionar sua interação e eles iriam aprender exatamente como
inteligentes eram estes pequenos bastardos. Candace seria a chave para esta investigação. Era
próxima a idade do canino.

Ele saiu da sala e a porta se fechou com firmeza. Não a levou para a cela, já que ele lhe deu
a vida. Sua Candi poderia ter morrido com a cadela que a pariu. Sua dor e sua raiva eram iguais.
Apenas a lembrança de voltar para casa para encontrar a mulher com quem se casou na cama com
o vizinho, quase o enviou novamente a um ataque de raiva.

— Tudo bem, Dr. Chazel?

163
— Sim.

Christopher não estava disposto a admitir ante Tad que acabou de matar sua
supostamente amorosa esposa e o homem que considerava um amigo. Sua casa já deve ter ficado
reduzida a escombros e cinzas. Iniciou o fogo ele mesmo. Foi fácil extrair as balas de sua arma e
levar algumas velas ao quarto. Tomou uma bebida no ar, derramou-a por toda a cama e logo
ascendeu uma das velas. O som que ouviu enquanto as chamas se propagavam se sentiu
apropriado. Seu casamento terminou sendo igual, destrutivo e rápido.

Quase saiu do quarto, mas um movimento lhe chamou a atenção. Candi estava ali, contra a
parede, atrás da porta. Os tiros da arma devem tê-la acordado. Não tinha que estar em casa. Era
um das razões pelas quais deixou o trabalho mais cedo. Ela foi convidada a uma festa de pijamas.
Queria surpreender sua esposa com uma noite romântica, mas ela começou sem ele... com outro
homem.

Candi tremia em seu pequeno pijama rosa, os olhos muito abertos e mostrando sinais de
choque. Não tinha certeza do muito que viu, mas obviamente, demais. As balas que extraiu com
uma faca da carne estavam em seu bolso. Moveu-se rápido, a propagação do fogo ia em um ritmo
alarmante. Ficou rígida em seus braços quando a levantou e caminhou pelo corredor. Então
choramingou. Abaixou o olhar e soube sem lugar a dúvidas que ela compreendeu que acabava de
matar sua mãe.

— De onde tirou esta menina?

Tad golpeou o monitor junto à porta depois que ambos saíram pelo corredor.

— É uma pequena coisinha linda.

A tela em branco e preto voltou à vida e tirou Christopher de suas lembranças de uma hora
antes. Olhou a câmera de segurança. O canino se movia com cautela para sua filha. Sua coluna
vertebral se curvou. Mataria o pequeno bastardo se rasgasse a garganta de Candi, mas
simplesmente cheirou-a e logo estendeu a mão, tocando seu rosto com um dedo. O seguinte que
explorou foi cabelo cor de mel, cheirou-o e começou a brincar com as mechas.

— O quê?

Não prestou atenção ao que disse Tad.

— A menina. De onde a tirou?

— Meta-se em seus assuntos. Mantenha-a vigiada. Pode aturdir o pequeno bastardo e


puxe as correntes para cima se a atacar. Quero ver se vai aceitá-la como um dos seus. É
importante para nossa pesquisa. Assegure-se que ela receba atenção médica se precisar.

— Deu ao filhote uma mascote? — O guarda começou a rir. — Isto é engraçado.

164
Christopher não sentia graça. Tinha coisas a fazer. A polícia entraria em contato com ele
logo. Juraria que jamais deixou o trabalho. A empresa o respaldaria depois que falasse com seu
supervisor. As Indústrias Mercile precisava se assegurar de que produziriam uma prova falsa para
dar-lhe um álibi. Evelyn poderia salivar, mas uma vez que percebesse o tipo de investigação que
poderiam fazer com Candi...

Candace.

Corrigiu-se mentalmente. Tinha que se distanciar dela.

Afastou-se e saiu pelo corredor. Não iria para a prisão. Sua própria filha iria colocá-lo ali se
alguma vez contasse à polícia o que fez. De nenhuma maneira planejava cair porque sua esposa foi
uma puta. Era lamentável, mas precisava salvar seu próprio traseiro. Evelyn iria concordar.
Contratou-o ela mesma e acreditava em suas pesquisas. Ele estaria protegido.

165
Capítulo Um

Quatro dias atrás.

Candi se sentou tranquilamente na cadeira, seus dedos se fecharam ao redor dos braços da
mesma. Nunca era bom quando Penny queria ter uma conversa.

Alguém notou que fingi tomar os remédios novamente?

Dominou a técnica de ficar imóvel e se emoção. A paciência foi aprendida desde a última
vez que tentou escapar.

A porta se abriu e a mulher que entrou se sentou ante a mesa do escritório vazio. Não
havia canetas, lembranças e inclusive clipes de papel na superfície. A sala era despossuída de tudo
o que um paciente pudesse roubar. A luz do sol se refletia nas grades através das janelas limpas do
escritório, mas Candi ignorou isto. Não chamaria sua atenção se estivesse tão drogada como eles
acreditavam.

— Olhe para mim.

Candi levantou o olhar e olhou para o que a maioria considerava como amáveis olhos
âmbar, marcados por óculos de senhora. Ela a conhecia melhor. Penny não tinha coração e tinha a
moralidade de um ladrão. Elas duas tinham uma longa história. Acreditou uma que vez que a
verdade poderia libertá-la. Em seu lugar, conseguiu ser medicada mais fortemente e a prenderam
em confinamento solitário.

— Tenho uma notícia triste. Seu pai faleceu a uns dias de uma embolia pulmonar. Acabo de
ser informada.

Christopher está morto.

Candi sonhou em ouvir esta notícia durante muito tempo. Não trouxe uma sensação de
alívio, tal como uma vez acreditou. Isto foi quando ela ainda era ingênua, pensando que sua prisão
terminaria uma vez que o fizesse. Sabia melhor agora, sendo mais velha e mais inteligente. Nunca
iriam deixá-la sair, nem sequer depois que ouviu estas histórias na televisão. Penny as viu
também. Nada mudou.

Um movimento na porta se registrou na borda da visão de Candi, mas ela não virou a
cabeça para olhar. Apenas podia distinguir duas grandes formas. Os enfermeiros acabavam de
chegar. Merda. Manteve suas emoções escondidas, consciente de que a diretora a observava.

Penny girou a cabeça.

— Dê-nos uns minutos.

166
A porta se fechou e Candi verificou que a duas figuras foram embora... seus passos suaves
no corredor. Ela permaneceu imóvel, apenas piscando algumas vezes.

— Ouviu Candace? Seu pai morreu.

Ela assentiu lentamente depois de calcular quanto tempo lhe deram as pílulas. Vinte
minutos se passaram, no máximo. Estaria fora de si mesma, mas não de tudo.

— Como se sente?

— Dormente. — Deliberadamente arrastou as palavras.

— Sei a verdade. — Admitiu a outra mulher, mantendo sua voz baixa. — Trabalhei um
pouco para as Indústrias Mercile. O dinheiro era muito bom para resistir. Aconselhei alguns dos
empregados que tinham temas relacionados com o importante trabalho que faziam.

Isto irritou Candi. Ela suspeitou que algo estava cheirando mal quando viu Justice North no
noticiário, mas ninguém a libertou. A princípio acreditou que Penny pudesse estar com medo de
admitir que ajudou a manter Candi em segredo, mas o tempo demonstrou que não tinha bolas
para fazer o correto. Agora sabia que nunca haveria uma possibilidade de que isto acontecesse.
Seu agarre se apertou no plástico acolchoado da cadeira, mas relaxou antes que a doutora
percebesse. Trabalhou muito para se entregar agora, em um ataque de ira.

— Christopher e eu éramos próximos. — Penny levantou a mão e ajustou os óculos. —


Amantes. Isto terminou há uns anos quando teve que abandonar o país, depois que invadiram as
instalações. Mas ninguém pode me colocar no meio daquela bagunça. Me pagou bem para mantê-
la aqui. Me senti culpada por isso algumas vezes. Sabe que velei por você, não? Garanti que
nenhum dos enfermeiros ou funcionários se metesse contigo.

Candi bocejou e piscou algumas vezes.

— É uma garota bonita. — Continuou a diretora. — Nunca foi golpeada ou abusada


sexualmente. Isto acontece nestes lugares, mas não com você. Eu apenas coloquei pessoas em
quem confiava e deixei malditamente claro que seu pai era um homem poderoso e rico, que os
veria no inferno se alguém colocasse um dedo sobre você.

Penny parou por uns segundos.

— Isto não é verdade. Quero dizer, tinha dinheiro, mas perdeu um pouco uma vez que sua
mãe morreu no incêndio. Converteu-se em um paranoico sobre ser preso. A coisa é que agora está
morto e não será capaz de pagar mais por seus cuidados.

E aí vem... Pensou Candi. A sentença de morte.

Tinha que lhe dar algo de crédito por dizer finalmente a verdade, no mínimo, ainda que
suas razões fossem egoístas. Era uma vertigem de culpa em uma tentativa lastimosa para se sentir
melhor.

167
— Não posso deixar que saia daqui. Poderia contar o que fiz. Nunca documentei as coisas
que me disse nas sessões de terapia sobre sua infância e isto iria parecer suspeito. Nunca permiti
que alguém mais trabalhasse contigo e pudesse olhar detalhadamente seu histórico médico, se
alguém realmente acreditasse em sua história. Eu iria para a cadeia.

Isto seria muito bom, já que me manteve em uma.

— Não posso permitir pagar a fatura de seus cuidados. Isto me deixa em uma posição ruim.
Entende?

Sim. É uma cadela de sangue frio, disposta a fazer qualquer coisa para salvar seu
lamentável traseiro.

Candi bocejou novamente e levantou a mão para esfregar seus olhos. Os sintomas do
esgotamento eram mais fáceis de falsificar. Estava se cansando de ouvir esta merda.

— Vamos fazer uma pequena viagem. Visitaremos o bosque. — Penny fez uma pausa. —
Disse ao pessoal que seu pai quer transferi-la. Devido a umas poucas ordens judiciais, estamos
legalmente obrigados a entregar um corpo ao legista ou simplesmente terminaria as coisas aqui.
Não posso correr o risco disto, dado que seria considerada responsável se tiver uma super
dosagem ou um acidente. Fariam uma investigação e então teria que explicar demais. Disse ao
pessoal que seu pai está se aposentando e a quer mais perto.

Penny se levantou e rodeou a mesa, parando atrás da cadeira de Candi.

A força de vontade, não se moveu quando a mulher colocou uma mão em seu ombro e se
inclinou, colocando um beijo na parte de cima de sua cabeça. Penny não se atreveria a matá-la
neste momento, mas o faria logo. Os planos que Candi guardava cuidadosamente para escapar do
prédio e os jardins foram destroçados. Teria que pensar em outra coisa e rápido.

— Apenas durma. Vai acordar em um lugar muito melhor. Sinto muito, querida. Feche seus
olhos.

Candi espumava por dentro, mas deixou que seus olhos se fechassem, fazendo seu corpo
ficar mole. Seu queixo desceu e se concentrou em desacelerar seu coração. Tinha muita prática
nisto. O tempo fazia tic tac. Provavelmente foram apenas uns minutos, mas pareceu uma
eternidade antes que Penny se afastasse e abrisse a porta.

— Jorge? Marco? Entrem aqui. Ela está fora. Podem, por favor, levá-la ao meu carro?

Candi sabia que foi Marco quem deslizou seus braços por baixo dela, levantando-a da
cadeira. Usava uma boa colônia que era sua única lembrança de como poderia cheirar um dia de
verão. Não era como se realmente pudesse lembrar-se tanto. Era um dos poucos que não odiava.
Ele nunca a tocou ou disse coisas ruins.

— Seu carro? — Soava um pouco suspeito. — Porque não uma ambulância? Assim é como
habitualmente os transferimos.

168
— Disse sobre seu pai. Quanto menos documentos, melhor. Ele, pessoalmente, me pediu
que a levasse ao hospital particular e a ingressasse ali. É o mínimo que posso fazer.

— Quer que um de nós vá com você? Quero dizer, o quão longe é este lugar? Deve dormir
durante ao menos cinco horas, mas há uma pequena possibilidade que possa acordar.

Jorge soava perto.

— Ela é uma boneca, agora. — Argumentou Marco. — Não vai dar à diretora qualquer
problema. Diabos passou-se uns dez meses desde que teve um episódio.

— Assim é como quer chamar isto? — Jorge bufou. — Agarrou uma enfermeira e ameaçou
quebrar seu pescoço se alguém não lhe desse um telefone. Queria ligar para ONE porque ela acha
que é um deles e com certeza estava atuando como um animal.

— O hospital de atenção particular de seu pai se encontra a menos de uma hora de carro.
— A voz de Penny vinha de trás de um deles. — Ficará bem.

Sim, não quer nenhuma testemunha quando me matar. Mantenha a mentira, Penny.

— Não sei. — Argumentou Jorge. — Ela é um assunto difícil. Minha primeira semana aqui,
tentou me dizer que estava sendo mantida prisioneira e que por favor chamasse a polícia. — Ele
riu. — Como se isto fosse algo novo. A maioria dos pacientes afirma isto, mas ela estava dizendo
como uma maldita louca.

— Nós não usamos esta palavra. — Disse Penny.

— Certo. — Jorge avançou abrindo as portas, provavelmente para eles. — Apenas se


assegure de avisar aos pobres desgraçados que vão cuidar dela agora. É uma lutadora quando as
drogas desaparecem. Quebrou o nariz de Sal e dois dedos de Emily. Quer que a sede um pouco
mais, para termos certeza, Dra. Pess?

Isto aterrorizou Candi. Uma picada da agulha e não teria nenhuma oportunidade. Sentiu
vontade abrir os olhos e lutar, mas se conteve. Não havia como pudesse atravessar as portas
fechadas e estavam dentro do prédio. Jorge e Marco eram muito fortes. Eles a derrubariam rápido
e a submeteriam.

— Não. — Penny soava irritada. — Ficará bem.

Ao perceber que na verdade poderia sobreviver, o medo de Candi sumiu. Manteve os


músculos relaxados, inclusive quando Marco golpeou seu braço contra uma das paredes.
Provavelmente ficaria um hematoma, mas este era o menor de seus problemas. Ainda tinha que
averiguar o que fazer uma vez que estivesse sozinha com Penny, se algo não saísse mal antes
deste momento.

O fresco ar frio acariciou a pele de Candi. Sentia-se gloriosa. Estava do lado de fora. A
tentação de abrir os olhos fez com que doesse. Passou o que parecia uma eternidade desde que

169
viu o céu sem vidro sujo e as grades estragando a vista. Perdeu a noção do tempo, o único indício
de sua passagem era a decoração que o pessoal colocava nas férias, mas havia algumas grandes
lacunas de quando a mantiveram fortemente sedada e já nem sabia que ano era.

Um leve repicar soou e Marco manobrou seu corpo, colocando-a em algo suave, mas firme
em uma posição sentada. Deslizou seus braços livres e arrumou suas mãos no colo. Algo se cruzou
sob seus seios e pernas.

Um cinto de segurança.

Por último, agarrou seu queixo e a parte posterior da cabeça, guiando-a de modo que
descansasse sobre algo sólido.

— Aí tem. Eu não viraria muito rápido. Vai cair.

Marco a soltou.

— Ficará bem.

Penny se manteve perto.

— Obrigada. Eu cuido dela daqui.

— Tem certeza que não quer um de nós como acompanhante?

Maldito Jorge. Idiota paranoico.

Ele a frustrou muitas vezes em suas tentativas de escapar.

— Tenho certeza. — O tom de Penny adquiriu um toque de irritação. — Ela não vai me
causar nenhum problema e o pessoal do hospital vai se encontrar comigo com uma cadeira de
rodas.

Algo fez clique do lado dela... a porta do carro se fechou. Outra mais se abriu e o carro se
moveu um pouco quando Penny se instalou no lugar diante dela e um pouco a esquerda. Candi
aprendeu a usar sua audição tanto como sua visão, se não melhor, para manter o controle sobre
tudo ao seu redor. A segunda porta se fechou e um motor foi colocado em marcha. Vibrou
levemente sob seu traseiro e ao longo de suas costas. O veículo foi para frente, música suave
vinha das quatro direções. Estavam se movendo.

Candi permaneceu imóvel, sabendo que precisavam passar pela guarita de segurança.
Muros de três metros rodeavam a propriedade. Era quase impossível escalar. Encontrou-os uma
vez, justo depois que foi levado ao seu novo inferno. Também tinham cercas de arames e pontas
na parte superior. Ela tinha as cicatrizes em uma palma para demonstrar isto, adquiridas de
quando subiu a uma árvore para chegar mais alto. O carro parou e a música diminuiu. Um gemido
suave veio depois e ar fresco entrou pelo lado esquerdo.

— Olá Diretora Pess. O que acontece?

170
— Estou transferindo uma paciente.

— Por você mesma?

O guarda pareceu surpreso.

— É um de nossos convidados especiais. Seu pai é um político. Conseguiu até o momento


manter longe da imprensa que sua filha precisa de ajuda e quer que continue assim. Está sedada.

— Claro. Tenha um bom dia.

Houve um leve gemido novamente e então o ar fresco se foi. Uns segundos mais tarde, o
carro se adiantou e tomou velocidade. Candi abriu os olhos levemente para olhar o assento
traseiro do carro. Estava presa no cinto de segurança na parte traseira direita do lado do
passageiro. A primeira vez que o carro fez uma curva, deixou que girasse sua cabeça, o que lhe
permitiu ver mais. Viajavam ao longo de uma estrada rural. Uns poucos carros passavam.

Estava fora das portas, não mais atrás de grades e vidro. O coração estava acelerado e a
adrenalina subiu, mas continuou quieta.

Paciência. Ainda não é hora.

Penny deveria levá-la a um lugar remoto para matá-la.

Rapaz, esta cadela encontrará uma surpresa.

Um sorriso ameaçou com curvar seus lábios, mas resistiu à tentação.

Estou perto.

Candi permitiu sua mente derivar para mantê-la ocupada durante a espera. Uma
lembrança antiga surgiu primeiro. Isto mantinha sua sanidade quando simplesmente queria ceder
e morrer...

Seus olhos eram castanhos escuros, quase negros. Assustavam a todos, menos a ela. Um
brilho de humor brilhou neles e ele moveu os longos cílios negros. Era uma tentativa de parecer
inocente, mas ela nunca engoliu. Conhecia-o muito bem.

— Não o faça. — Advertiu.

— O quê?

Ele se aproximou mais até que suas respirações se misturaram.

— Sabe o quê.

Tinha certeza que sabia. Virou a cabeça, olhando a câmera no canto e logo novamente
para ele.

171
— Eles estão olhando.

— Eles sempre olham. — Ele sorriu.

Tinha os melhores lábios. Ela os olhou fixamente, com vontade de passar seu dedo pelo
lábio inferior. Era um pouco mais plano que o lábio superior. Parecia suave e tentador.

— Agora quem está sendo mau? — Sua voz ficou rouca.

Ela o olhou nos olhos.

— Vai fazer com que vá para meu quarto se me tocar.

— Quero.

Ela nunca mentiu para ele.

— Penso em você o tempo todo.

Fechou os olhos, uma expressão de dor em seu rosto. Seus traços juvenis amadureceram
nos últimos anos. Ele adquiria uma expressão dura quando estava irritado ou incomodado, mas no
momento parecia vulnerável diante dela.

— Eu os ouvi conversando.

Os olhos dele se abriram de golpe.

— Sobre o quê?

Era um pouco embaraçoso, mas nunca guardava segredos dele.

— Evelyn quer nos colocar junto e vamos compartilhar um quarto novamente. Ela não
concorda com Christopher mantendo-nos separados. Estavam brigando sobre isto.

— Brigavam? — Ele respirou fundo.

O calor cobriu suas bochechas.

— Ela quer que, hmm, você sabe.

O olhar dele vagou por seu corpo. A respiração acelerou um pouco, mas Candi notou. Podia
imaginar por que. Ele a olhou.

— Vai dizer que sim, se perguntarem?

— Sim.

Ele estendeu a mão, rompendo as regras de Christopher. Sua mão quente lhe roçou os
joelhos. Foi apenas um segundo, no entanto, como se estivesse se ajustando por como estava
sentado. Esperava que o guarda observando-os pela câmera não tivesse visto ou estaria sobre eles
por cometer uma infração tão pequena.

172
— Sabem o que sentimos um pelo outro.

— Por isso te afastaram. — O temperamento dele explodiu.

— Eu sei. Christopher me mostrou um vídeo de duas pessoas fazendo sexo.

— Isso te assusta? Eu nunca a machucaria.

— Eu sei. E não, não senti medo. Este era seu plano, no entanto. Simplesmente isto me fez
entender porque de repente notei coisas sobre você.

— Como o quê?

Lançou um olhar para seu peito e braços e logo a boca novamente.

— Você sabe.

Ele sorriu satisfeito.

— Você me deseja também.

Doía seu peito.

— Mais que tudo. Não gosto que apenas deixem nos ver uma ou outra vez na semana. —
Ela olhou ao redor do quarto que costumavam compartilhar. — Sinto falta do nosso espaço. —
Olhou-o nos olhos. — Sinto falta de quando me abraçava enquanto dormíamos. — Lágrimas
encheram seus olhos. — Sinto falta de tudo em você.

— Fale com Evelyn. Diga que sim.

— Não é simples assim. Christopher disse não. Entraram em uma discussão no corredor,
mas era alto o suficiente para que eu ouvisse. Disse que sou muito jovem e temos que esperar uns
anos antes que ele concorde em permitir este experimento. — Sentiu ressentimento. — Como se o
que somos um para o outro não fosse nada.

O nariz dele se abriu, um sinal seguro de que estava ficando irritado. Ela negou com a
cabeça, implorando em silêncio para se manter sob controle. Poderiam tirá-la do quarto se ele
falasse em voz alta ou fizesse algo agressivo. As correntes em seus pulsos e tornozelos podiam ser
usadas dando um puxão na parede e ele não poderia impedir.

— Sei que é frustrante. — Admitiu. — Mas pelo menos ele não disse não por completo.
Apenas disse que sou muito jovem. Isto significa que vamos ficar juntos em algum momento. Seja
bom. Por favor? Não faça com que te machuquem. Não posso suportar. Me mata quando vejo
hematomas em você.

— Vou fazer o que quiserem, se isto significar que podemos ficar juntos.

— Obrigada.

173
Ela empurrou sua mão no colo, com vontade tocá-lo, em seu lugar. Sentia falta de passar os
dedos por seu sedoso cabelo.

— Não deixe que te irritem. Vamos ficar juntos novamente logo e não vamos nos separar.

Inclinou-se um pouco, aproximando-se.

— Comporte-se bem. Faça o que for necessário. Preciso de você comigo.

O carro freou e saiu da estrada. O movimento tirou Candi de suas lembranças, levando-a
de volta ao presente. As rodas pareciam estar sobre algo desigual e cheio de buracos. Ela se
assomou, deixando cair a cabeça quando uma sacudida mais severa causou que todo seu corpo
fosse para o lado.

Viu uma grande quantidade de árvores e galhos. O carro diminuiu a marcha e o motor
morreu. O mesmo fez a música. Penny abriu a porta do motorista e a fechou de golpe. Já não era
possível para Candi seguir seu som. Ficou de olhos fechados todo o caminho, com a mão perto da
trava do cinto de segurança. Virou o pulso um pouco até o polegar encontrar o fecho. Ela esperou
imóvel e disposta.

A porta a seu lado se abriu e parou de fingir dormir. Penny estava dobrada, sua atenção em
pegar algo em sua bolsa. Era uma faca longa e afiada. Candi apertou o botão e soltou o cinto de
segurança com um suave clique. A outra mulher dever ter ouvido, porque sua cabeça se levantou,
os olhos se abrindo mais.

Candi moveu-se e agarrou o cabo da faca. Penny gritou e tentou apunhalá-la, mas Candi
tinha o instinto de sobrevivência primitivo e a adrenalina ao seu lado. Ela chutou, lançando a outra
mulher no chão. Ela caiu fora do carro, aterrissando contra o peito da mulher. Lutaram, mas a
mulher mais velha perdeu.

O tempo parou enquanto outra lembrança surgia. Foi a última vez que o viu...

Ele grunhiu, lutando contra as correntes. A raiva se apoderou dele. Levantou os lábios,
deixando à mostra seus dentes.

— Vou matá-la. — Gritou.

Destroçava-a de dentro para fora, ouvir as ameaças e saber que eram dirigidas a ela. Não
entendia. Continuou longe dele, sabendo que provavelmente o faria a menos que ela conseguisse
fazê-lo ouvir. Parecia saber o que fez tão logo entrou no quarto. Ficou louco.

— Por favor, me ouça.

174
Ela tinha dois minutos para explicar e tentou fazê-lo, seu coração partido. Inclinou a cabeça
para trás, gritando sua fúria forte o suficiente para ferir seus ouvidos. Os músculos dele ficaram
tensos enquanto lutava e conseguiu romper uma das correntes no braço dela. Um dos técnicos a
agarrou pela cintura e levantou-a. Ela lutou.

— Não. Desça-me.

Eles não estavam ouvindo tampouco. O homem que amava soltou um braço e agarrou a
outra corrente que ainda o prendia como refém à parede.

— Vou matá-la. — Gritou novamente.

— Eu fiz por você! — Gritou, lutando violentamente contra o guarda.

Golpeou realmente forte em seu queixo para fazer-lhe tropeçar. Ela inclinou a cabeça para
trás, sentindo a dor da explosão quando fez contato com seu queixo. Ela a deixou cair. Correu
adiante, direto ao homem que estava perdendo a cabeça.

— Por favor. — Suplicou chorando. — Eu...

Outro guarda a agarrou pela cintura e a parou. A segunda corrente se rompeu e o homem
que amava girou, tentando agarrá-la. A frouxa corrente ainda unida ao seu pulso saiu voando
quando sua mão tentou chegar a ela para agarrá-la. Jamais o viu se aproximar, mas sentiu o golpe
do metal contra sua cabeça. Tudo ficou negro. Acordou para ver o rosto de Penny Pess. Sua antiga
vida se foi e seu novo inferno começou...

Candi afundou a faca no peito da mulher. Penny não gritou, mas sua boca se abriu como se
quisesse fazê-lo. Candi tirou a faca, agarrou o cabo com ambas as mãos e a apunhalou novamente,
colocando toda sua fúria nos golpes. Afundou até que a faca ficou presa.

— Queime no inferno!

Ficou olhando Penny, observando a vida abandoná-la. Não havia culpa ou sentimento de
pesar. Sentou-se ali por um curto tempo. Quando por fim levantou os olhos havia grama e árvore
ao seu redor. Um leve ruído vinha de algum lugar atrás dela. A fonte era uma estrada e os carros
passavam por ali. Ficou em pé e olhou o céu azul.

Vou vingá-lo. Jurou

175
Capítulo Dois

Nos dias de hoje.

Candi ignorou o pânico que se levantou quando se aproximou dos muros de três metros.
Guardas armados estavam ao longo da parte superior. Não havia cerca de arame, mas isto não
aliviava o temor de que estava a ponto de entrar de boa vontade em outra prisão. Ignorou os dois
idiotas na calçada que tentaram falar com ela. Não valia seu tempo. Dirigiu-se adiante até que as
barreiras com grandes e ameaçadoras armas se dirigiram a ela e uma voz profunda gritou.

— Alto!

Ela parou e tomou cuidado para não fazer movimentos bruscos. Levantou os braços, com
as palmas abertas para que pudesse ver que não estava armada. Sua mão direita tinha um
pequeno corte da luta com a faca, mas já havia formado casca. Seu olhar foi para as figuras
vestidas de negro e tentou determinar quem estava no comando e a quem pertencia a voz. Era
impossível dizer já que usavam capacete e um vidro escuro cobria seus rostos.

Esperou, a medida que mais guardas se apressavam para a porta, acrescentando mais
armas apontadas em sua direção. Já havia suportado a parte mais difícil. Fez uma parada em cinco
estados para chegar em Homeland, na ONE, sem ser assassinada ou presa. Foi uma sorte que as
pessoas soubessem exatamente onde era, já que teve que perguntar. Seu tempo assistindo
qualquer tipo de notícias foi limitado, no melhor dos casos. Fechou os olhos, concentrando-se.

— Senhorita, tem que dar a volta e sair. Não tem permissão para se aproximar dos portões.
Siga adiante.

Abriu os olhos e virou a cabeça a esquerda, para a pessoa que falava. Era mais fácil para ela
localizar ouvindo.

— Soa como um humano. Aprendi algumas coisas ontem com um caminhoneiro. Disse que
a ONE dispõe de uma equipe de trabalho que é humano. Quero falar com um Nova Espécie.
Consiga-me um.

— Como diabos sabe como soa um?

— Porque não soa como um deles. Traga-me um Nova Espécie. — Ela se manteve imóvel,
fechando os olhos.

Paciência.

— Quem é? Declare seu assunto.

Ela inclinou a cabeça, concentrou-se novamente na nova voz.

176
— Diga algo mais.

Um muito baixo grunhido soou da mesma pessoa e ela sorriu. Era suficiente, inclusive se
ele não tivesse dito uma palavra. Fixou seu olhar no guarda do meio, de pé atrás da porta.

— Falarei com você. Soa como canino, mas isto pode ser enganoso já que é provável que
esteja irritado comigo.

— Que demônios?

O homem na parte de cima disse.

— Senhora, dê a volta. Está soando como uma louca.

— Não seria a primeira vez que alguém me acusa disto.

Ela deu um passo mais, mas parou, sem olhar para longe do que grunhiu baixo.

— Por muito que me doa dizer isto, porque realmente mal posso suportar ficar presa atrás
de outras portas, precisam me deixar entrar.

— Vamos chamar a polícia e vão prendê-la de imediato se não for embora. Já terminei de
brincar com você, senhorita.

Foi o guarda no alto da parede novamente.

— Cale-se humano. Estou falando com ele.

Manteve o olhar fixo no macho atrás da porta.

— Humano? Que demônios você acha que é?

O guarda da parede estava começando a irritá-la. Levantou o lábio superior e grunhiu baixo
para o que estava atrás da porta.

— Disseram que foram libertados. Os humanos ainda dizem o que fazer? São tão ruins
como os técnicos? Parece como um idiota. Pode se calar.

— Sou um idiota? Olha senhora... — O guarda na parede se inclinou um pouco, falando


mais alto. — ... terei que enviar seu traseiro longe o mais rápido que poderia dizer que está fodida.
Agora vá embora.

Respirou fundo e exalou. Era obvio que o homem atrás da porta não iria falar com ela
novamente, assim teria que lidar com o imbecil irritado sobre o muro. Virou a cabeça para olhá-lo.

— Acha que pode me assustar? — Balançou a cabeça e logo olhou atrás das portas. — Há
quatro dias fugi de meu cativeiro e matei uma mulher que trabalhava para Mercile. Lembra-se
deles não? Estou cansada, faminta e não gosto do que vi deste mundo até agora. Não pertenço
aqui, mas também não pertenço ali, inclusive com seus muros.

177
O mais absoluto silêncio reinou. Tinha sua atenção. Limpou a garganta.

— Vou colocar a mão lentamente atrás de mim e puxar uma faca. Vou jogá-la para você.
Seu nariz lhe dirá que digo a verdade.

Não dispararam quando ela fez exatamente isto, jogando a faca uns passos dos portões e
na direção do homem atrás deles. A lâmina de metal caiu sobre o pavimento. Ela esperou,
olhando-o. Fez um gesto com a mão e abriu os portões uns poucos centímetros.

— Fique quieta. — Exigiu em um tom áspero.

Ela não moveu um músculo. Saiu e se inclinou. Ouviu-o cheirar e sua cabeça com capacete
se aproximou. Um grunhido profundo saiu dele.

— Não é um canino. É felino. Desculpe.

— Pode dizer isto pelo som que faço?

Ele pegou a faca e parou, mas não retrocedeu.

— Não posso. Podem soar iguais, mas aproximou-se da lâmina. Um canino não precisaria
fazê-lo. O sentido de olfato deles é melhor que o seu.

— Quem diabos é você?

— Candace Chazel, formalmente: experimento H, sujeito 1. Alguns dos técnicos idiotas


abreviaram para HOL, mas usavam o termo “Buraco” à medida que crescia, porque sabiam qual
era meu propósito. Agradeceria se não me chamasse assim. Era um insulto e traz muitas
lembranças ruins.

O macho passou a faca para outro guarda e logo sua arma. Ele se aproximou e lágrimas
encheram seus olhos. Piscou-as, vendo-o aproximar-se, não havia como passar despercebido a
forma como um felino se movia, e por fim algo familiar e bem-vindo. Parou perto. Desejou poder
ver seu rosto, mas o capacete de vidro negro era muito escuro, muito turvo.

— Explique.

— Isto vai levar um tempo, mas também fui criada em Mercile.

Cheirou-a.

— Não sou como você, mas fui criada ali. Um dos médicos decidiu que gostaria de saber o
que aconteceria se colocassem uma garota humana de cinco anos em uma das celas com um
macho canino.

Ela o olhou.

— Estive ali até que fiz dezesseis anos. — Afastou as lembranças dolorosas. — Depois disso
me levaram a um lugar humano onde me mantiveram drogada e sob chave. Sabe o que é um

178
manicômio, para loucos humanos? O médico que me converteu em um experimento pagou-os
para me manter ali, assim não poderia falar com ninguém sobre Mercile ou o que faziam sob a
terra. A mulher encarregada deste inferno também trabalhou para Mercile. Este é o sangue que
acaba de cheirar. O médico encarregado dentro da Mercile morreu também. Dois abaixo e muito
mais para seguirem. Quero sua ajuda para encontrar o resto dos técnicos e médicos. Precisam
pagar pelo que fizeram.

Ele não disse nada. Isto a fez se irritar.

— Poderia ter me rendido e simplesmente morrer. Eu me neguei. Sabe por quê? Passei
cada momento planejando minha vingança. Mataram o macho que amava. Ele era meu tudo. Está
morto e vão pagar por isto. — Ela grunhiu furiosa. — Não vou descansar até que cada um deles
esteja morto também. Não estou pedindo sua ajuda. Estou exigindo. Você lhes deve o mesmo.
Nós estamos aqui, mas ele não.

O enorme felino se esticou e tirou o capacete. Seu longo cabelo a lembrou o macho que
perdeu, mas seus olhos azuis felinos eram drasticamente diferentes daqueles de cor castanha que
a atormentavam.

Franziu o cenho, aparentemente pouco convencido.

— Quer que descreva nossa cela? Uma pia, um vaso sanitário e uma almofada no chão.
Sem mantas. Tínhamos uma mangueira para tomar banho. Cada quarto que vi era igual. Tinham
um armário de medicamentos no canto mais afastado, além da linha da zona-de-morte. Tinham
um sistema de aparelhos mecânicos de correntes nas paredes. Soa familiar? Havia injeções
constantes e brincavam jogos estúpidos enquanto provavam seus medicamentos. Estava farta da
carne nos pratos que levavam e jogavam na parede enquanto te seguravam. — Abaixou a voz. —
Fizeram alguns experimentos de cria, com a esperança de criar mais de vocês através de partos
naturais, já que não podiam usar mães de aluguel. Eu estava ali para isto.

Ele empalideceu um pouco.

— Nos colocaram um contra ou outro. Já sabe o fodido que podiam ser. Fizeram-me decidir
entre algo que machucaria meu macho ou vê-lo assassinado diante de mim como castigo. Teria
feito e suportado qualquer coisa para salvá-lo. Eu o fiz. — Aproximou-se mais e segurou a manga
de seu uniforme. — Não entendi o jogo naquele momento e usaram minha decisão para romper
sua mente. Morreu gritando e enfurecido. — As lágrimas deslizaram por seu rosto. — Ele pensou
que eu o traí. Esta é a última lembrança que tenho do macho que amava. Eles o mataram, mas
sobrevivi para ver este dia. Ajude-me a encontrar até o último bastardo que estava ali e fazê-los
pagar.

— Jinx? — Era o guarda irritado no muro. — Que demônios está dizendo? Está bem?
Afaste-se dela.

O macho se moveu lentamente e sua enorme mão enluvada cobriu a dela. Ele não a
obrigou a deixá-lo ir, mas simplesmente a segurou.

179
— Como gosta de ser chamada?

A opressão no peito diminuiu.

— Candi.

— Venha comigo Candi. Acredito em você. Está a salvo.

Soltou sua camisa, mas ele continuou segurando-a, entrelaçou seus dedos juntos e virou-se
lentamente. Ela manteve o ritmo com ele enquanto a acompanhava atrás dos portões. Todo o
medo e a preocupação a deixaram. Pela primeira vez se sentia segura.

— Está bem. — Olhou ao redor para os machos. — Que alguém chame por rádio e diga ao
Centro Médico que estamos a caminho. Ligue para Justice e diga que temos uma situação. Ele
precisa se encontrar comigo ali. Breeze também.

Ela balançou a cabeça até parar, ao instante temerosa. Ele parou e virou a cabeça.

— Não estou louca. Não me drogue novamente. — Soltou sua mão da dele, virou-se para
trás. — Não mais drogas. Não mais celas e silêncio.

— Tranquila. — Ele apenas deixou cair o capacete no chão. — Apenas quero que um
médico a examine. Trabalham para nós. — Olhou para seu corpo. — Não tem bom aspecto.
Fazemos isto com todos os Espécies que entram. Ninguém vai drogá-la ou machucá-la.

Candi se sentia perdida.

— Estou dizendo a verdade. Não me envie de volta ali. Não pertenço ali. Tenho que
encontrar os que mataram meu macho e fazê-los pagar.

— Faremos isto.

Ele deslizou adiante. Ela retrocedeu. O leve som de passos lhe alertou e se girou, grunhindo
ao guarda vestido de negro que se colou furtivamente atrás dela. Reagiu quando tentou agarrar
seu braço. Seus reflexos eram lentos, mas levantou o antebraço golpeando sua mão. Buscou
freneticamente um lugar para fugir.

— Retroceda! — Grunhiu Jinx. — Afaste-se dela.

O homem levantou os braços, saltando para trás.

— Estava tentando ajudar.

— Não o faça. Candi? — Jinx tentou recuperar sua atenção.

Ela se virou de lado para poder vigiar os dois.

— Tudo bem. — Jinx abaixou a voz à um tom tranquilizador. — Dou minha palavra.
Acredito em você. Aprendeu isto com ele? O grunhido? É boa nisso.

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Ela assentiu.

— Disse que era canino, verdade?

Ela assentiu novamente.

— Torrent? — Ele levantou a voz. — Tire o capacete e se aproxime. Devagar.

Ela notou um movimento à borda de sua visão e viu como um dos guardas tirava o
capacete. Era canino, seu cabelo negro e sedoso preso em um rabo. Aproximou-se com cautela,
seu olhar azul fixo nela.

— O que está acontecendo? Não posso ouvir o que estão dizendo. Estava muito longe e
esqueci de ligar o microfone no capacete novamente.

Lembrava-lhe 927, com este cabelo. As lágrimas encheram seus olhos enquanto lhe olhava.
Parou, suas escuras sobrancelhas arqueadas.

— Ninguém vai lhe machucar, pequena fêmea.

— Fêmea. — Não pôde deixar de rir. — Na verdade sinto falta de ser chamada assim. Que
idiota, não? Os humanos não usam estes termos, normalmente, a menos que estejam
descrevendo o sexo de uma pessoa. É um prazer conhecê-lo, macho.

A consternação em seu rosto era quase cômica também. Olhou para Jinx, ao parecer
confuso.

— O que está acontecendo?

— Qual o protocolo quando encontramos algum dos nossos de Mercile?

Torrent ofegou, olhando-a fixamente.

— Responda. — Exigiu Jinx. — Onde é o primeiro lugar que levamos os nossos?

— Ao Centro Médico.

— Por quê?

Torrent olhou para Jinx e logo para ela.

— Para comprovar sua saúde e ver se precisa de atenção médica.

Jinx deu outro passo.

— Disse a verdade, Candi. Não estou mentindo. Vamos ali. Por favor, não tema. Nunca
iríamos machucar um dos nossos e isto é o que é. Entendeu?

Ela assentiu. Aproximou mais e estendeu a mão.

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— Vai ficar bem. Ninguém vai lhe machucar ou enganá-la. Sem armadilhas. Isto é para os
humanos. Nós não fazemos isto.

— Bom.

Era difícil confiar em alguém, mas olhando aqueles olhos felinos, estava disposta a tentar.
Jinx retirou a mão, tirou as luvas e as deixou cair no chão. Ele aproximou-se dela novamente e
suavemente entrelaçou os dedos com os seus. Sua pele se sentia quente ao tato. Um sorriso
tímido curvou seus lábios.

— Tranquila fêmea. Está tudo bem.

— Não é preciso me tratar como um bebê.

— Talvez queira fazê-lo. Passou por muito, mas vai ficar bem. Prometo.

***

Hero optou por pegar a escada no lugar do elevador até o vestíbulo. Ele estava muito
impaciente para esperar pela máquina lenta. Tinha um carro fora do turno e planejava se divertir.
Haveria danças envolvidas e ouviu que estavam servindo costelas no bar. Chegou ao primeiro
andar e parou, olhando o grupo de machos reunidos nos sofás. Alguns pareciam francamente
irritados. Ele mudou de direção.

— O que está acontecendo?

Destiny foi o primeiro a falar. O macho primata ainda usava o uniforme de seu trabalho.
Era evidente que acabou de sair dali, ao julgar pelo cheiro do Centro Médico vindo dele.

— Trouxeram uma fêmea. Estava contando a todos sobre ela. Estamos aturdidos.

— Um das fêmeas se machucou? É ruim?

A notícia alarmou Hero. Destiny se apoiou contra o encosto do sofá, parcialmente na


beirada.

— Acho que vou começar do início. Uma fêmea humana se apresentou nos portões. Jinx e
Torrent a levaram faz uma hora. Está com o peso baixo, a humana mais pálida que vi em minha
vida, mas pelo que ouvi de sua historia, é compreensível. Os humanos a mantinham presa em um
manicômio. Isto é um hospital para os humanos com doenças mentais.

— Diga a parte importante. — Insistiu Snow.

Destiny assentiu.

— Ela é humana, mas foi criada na Mercile como nós. Não queria acreditar, mas deveria
ouvi-la grunhir quando tiramos seu sangue. Soa igual à nossas fêmeas quando sentem dor. Estive
ouvindo sua conversa com Justice e Breeze enquanto a Dra. Trisha a examinava. Esta fêmea

182
humana lhes deu detalhes preciosos sobre sua vida em Mercile. Um médico a levou ali quando
não era mais que uma criança e a criou dentro de cela com um de nossos machos. Um canino.

Hero não ouviu nada mais enquanto o sangue rugia em seus ouvidos, borrando todo o
som. Reagindo antes que pudesse pensar, grunhiu, explodindo contra a porta antes de perceber
que saía do prédio. Avançou com a força de seu peso e então estava fora, correndo para o Centro
Médico.

Não pode ser.

Ignorou a dor surda em seu lado quando empurrou seu corpo mais além dos limites, sem
sequer se incomodar em comprovar se havia tráfego quando se lançou na rua. Alguém lhe gritou,
mas o ignorou. O prédio que albergava o Centro Médico entrou em sua visão e saltou a cerca.
Apenas desacelerou dado que as portas duplas automáticas não podiam se abrir tão rápido como
ele se movia.

Paul, o enfermeiro, ficou em pé do outro lado do balcão da recepção.

— O que houve? Há uma emergência?

Aspirou no segundo que entrou, ignorando o macho. Cheiros familiares se aproximaram


dele, mas não aquele que procurava.

— Hero? Tudo bem? O que houve? — Paul se adiantou. — Está alguém ferido? É você?

— Onde está a fêmea?

— A Dra. Trisha? Ela conversando com Justice e Breeze em seu escritório.

Hero entrou direto, caminhando rápido pelo corredor até as salas de exame. Paul o
chamou, mas ele não se incomodou em responder. Dobrou a esquina e viu Jinx e Torrent
apoiando-se contra a parede do outro lado de uma porta fechada. Ambos viraram a cabeça para
olhá-lo.

— Onde está a humana?

Jinx se afastou da parede.

— Tomando banho. Suponho que já ouviu? Ainda estamos processando a comoção de tudo
isto, mas ela é um verdadeiro assunto. Temos certeza.

Cheirou novamente. Pôde pegar um aroma feminino desconhecido, mas não o que
procurava. Uma dor pulsante apertou seu peito.

— Tudo bem? — Jinx o observou. — Está muito vermelho e ofegando. — Devo chamar a
Dra. Trisha?

— Não.

183
— Tudo bem. Bom, esta área está fora de limites. Não queremos que ninguém assuste a
fêmea. Passou por muito. Breeze vai levá-la à Residência das mulheres assim que terminar o
banho e se vestir. Eles a tratam como se fosse uma Presente.

Era uma indireta de cortesia para ir embora. Deu a volta, uma sensação de perda fazendo a
dor em seu peito piorar. Poderia pensar que estava tendo um ataque de coração se fosse humano.
Provavelmente o estresse de correr tanto e depois ter suas esperanças frustradas.

— Feito. — Gritou uma voz feminina. — Estou pronta para ir.

A porta se abriu. Virou a cabeça e contemplou a figura magra feminina no umbral. Era uma
coisa pequena, muito magra e seu cabelo longo chegava até a cintura e umedecia a roupa que lhe
deram. Seu olhar se levantou. Ela olhou diretamente para Jinx, mas o perfil de seu rosto foi o
suficiente. Mudou, mas não o suficiente para enganá-lo. Ele a reconheceria em qualquer lugar,
especialmente porque visitava seus pesadelos com frequência. Um grunhido escapou de sua
garganta e isto a sacudiu. Virou-se para ela enquanto olhava diretamente em seus olhos.

Não havia dúvida daqueles olhos castanhos que se abriram ante os olhos dele... aquela luz
dourada com pequenos toques disseminados de verde ao redor da íris. Olhos que reconheceria
em qualquer parte. Sempre o fizeram sonhar com os parques sobre os quais contou, todas estas
árvores com folhas que mudavam as cores em diferentes estações no ano. Viu a esperança de um
futuro que nunca foi destinado a ter, cada vez que olhou para eles. Logo esta última vez, o terror
puro que ele causou.

Ela deu um passo adiante tropeçando, golpeando o lado de seu ombro contra o marco da
porta. Abriu a boca, mas as palavras não saíram. Parecia tão surpresa e atônita como ele se sentia.
Aproximou-se dela, inalando seu cheiro. Era estranho. Ele estendeu a mão e tocou o lado de sua
cabeça. Não foi amável quando passou seus dedos pelas mechas úmidas, procurando.

Uma cicatriz marcava seu couro cabeludo justo sobre a orelha. Ele se inclinou para trás
como se houvesse se queimado. Esteve a ponto de pisar na bota de Jinx.

— 927?

As lágrimas encheram os olhos dela, fazendo-os brilhar.

— Disseram que estava morto.

Ela estendeu a mão para ele, mas ele evitou seu contato tropeçando para trás. Ela ficou
paralisada.

— Você morreu. — Conseguiu se soltar.

Um rugido ecoou na cabeça de Hero e sua visão ficou borrada. Não estava no Centro
Médico, mas de volta dentro de sua cela em Mercile...

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A corrente passou do lado de sua cabeça e se dirigiu para baixo, o sangue caiu no chão de
cimento da cela. Era muito vermelho, úmido e quente quando se lançou para baixo, chegando a
ela. As correntes ainda prendiam seus tornozelos. A longitude mal deixou que chegasse a ela, mas
conseguiu apertar o seu braço.

Ela estava muito quieta. Os técnicos gritavam enquanto corriam fora da cela. Eles não
importavam. Apenas ela importava. Não queria machucá-la.

Não. Corrigiu mentalmente. Quis matá-la.

Mas ver sua queda e todo este sangue, o horrorizou. Ele fez isso com ela.

— Candi. — Disse com voz rouca, arrastando-a mais perto.

Seu corpo estava flácido enquanto jazia no sangue que molhava o chão.

— Não! Abra os olhos.

Puxou-a o suficiente perto para colocar seu rosto junto ao dela. Não abriu os olhos, mas seu
peito subia e descia. Estava respirando. Estendeu o braço, sua mão tremia enquanto apertava
suavemente a palma contra a ferida que a corrente causou. Tinha que parar a hemorragia. Aplicou
pressão e olhou para a porta aberta de sua cela.

— Ajudem!

Onde foram os guardas? Nunca deixaram a porta aberta antes, mas o fizeram neste
momento. Houve gritos no corredor e soou um alarme. Abaixou o rosto, sua visão cega pelas
lágrimas.

— Abra os olhos. — Suplicou.

Umas pesadas botas retumbaram no corredor. A ajuda chegaria. Eles a levariam a um


médico e a consertariam. Segurou sua cabeça até o primeiro dardo penetrar em suas costas. Ele
não lutou, quando poderia tê-lo feito. Não soltou nenhum som, nem se moveu. Tão somente queria
que entrassem em sua cela e ajudassem. Outros três dardos perfuraram sua pele... tranquilizantes.

— Ajudem-na! — Sua voz estava ofegante, presa pelo pânico.

As drogas o atingiram rápido e não pôde se mover mais, à medida que o paralisavam. Seu
rosto golpeou o chão frio, mas sua cabeça estava junto à dela. Ele a sentia ali. Mais botas
golpearam pelo corredor e o alarme parou.

— O que fez?

Era o Dr. C.

— Oh Deus meu! Tragam uma maca aqui, agora mesmo!

185
Já não podia ouvir sua respiração, sobre todos os ruídos na cela. Ela foi levada. A porta da
cela se fechou de golpe e o único que pôde fazer foi ficar ali, sentindo o aroma fresco de seu
sangue, lutando para permanecer consciente.

Acordou acorrentado à parede. Substituíram as correntes quebradas. Uma mancha


permanecia no chão dentro de sua cela e sua mão estava com sangue seco. O Dr. C entrou em sua
cela minutos mais tarde.

— Ela está bem?

Estava com medo, doente de preocupação. Nem sequer lhe importava o que fizessem com
ele. Apenas queria que lhe dissessem que Candi vivia.

— Você a matou.

O Dr. C lhe olhou com muito ódio. Segurava algo atrás de suas costas.

— Ela morreu. Esmagou seu crânio, seu animal.

Seu braço se arqueou quando ele balançou a corrente quebrada. Golpeou seu estômago.
Fechou os olhos e nem sequer o sentiu enquanto os golpes continuavam chegando. Sua pele se
ferindo em vários lugares, seu sangue derramando-se. Alguns ossos se quebraram. Não importava.
Nem sequer tentou se mover, em uma tentativa de evitar a corrente, enquanto lhe golpeava uma e
outra vez. Matou Candi. Estava morta. Ele desejava a morte também...

— É você. — Sussurrou a voz da fêmea morta.

O rugido sumiu, sua visão se limpou e retrocedeu até o presente para se concentrar em
Candi. Ela era real e estava viva. Outra lembrança subiu à superfície. O cheiro que tinha neste dia e
a razão pela qual lutou contras as correntes.

Tinha que se afastar dela. Chorou sua perda há muito tempo. Morreu neste dia e foi pela
corrente acertando sua cabeça ou não. Ela também o matou por dentro.

— Hero?

Jinx deu uns passos para ele, mas parou. Hero olhava a fêmea, com a boca aberta. Depois
deu a volta e fugiu.

Hero quase derrubou Paul outra vez, em sua pressa para abandonar o Centro Médico.
Tinha que sair do prédio, longe dela. Correu sem nenhum destino em mente, simplesmente
continuou seu caminho até que suas pernas cederam. Aterrissou na grama. O parque o rodeava.

Uma fêmea Espécie se aproximou e se agachou junto a ele.

— Hero? O que houve?

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— Me deixe sozinho.

Não queria falar com Sunshine. Uma mão suave lhe acariciou o cabelo.

— Hero?

Ele apertou os olhos fechando-os enquanto se deitava na grama, ofegando. Teria se


levantado, mas abusou de seu corpo ao fugir da vida. Ao menos, era como se sentia. Tinha uma
nova vida agora. A fêmea no Centro Médico destruiria o macho no qual se converteu. Não podia
permitir. Ela deveria estar morta e enterrada. Ele a deixou no passado e deveria ter ficado ali.

Sunshine cheirou e deitou-se para pressionar o seu lado. Passou um braço ao redor de suas
costas. Eram amigos. Inclusive faziam sexo às vezes.

— Estou aqui. Qualquer coisa que está errado, não está sozinho.

Ela continuou acariciando o cabelo dele, mantendo-se contra seu lado. Se qualquer outro
Espécie estivesse perto, permaneceriam longe. Finalmente recobrou o fôlego, mas se negou a
olhá-la. Não tinha certeza de quanto tempo ficou ali, mas não se passou muito. Tinha que se
levantar.

— Obrigado.

Ele se afastou, separando-os. Olhou ao seu redor, mas não viu ninguém. Sunshine se
incorporou, a preocupação era evidente quando ele a olhou.

— Pode falar comigo sobre qualquer coisa.

— Não sobre isto. — Ficou em pé. — Obrigado.

Dirigiu-se para residência dos homens. Precisava deixar Homeland e ir para a reserva. Ele
não podia ficar no mesmo lugar que Candi.

187
Capítulo Três

— Está vivo.

Candi ainda estava tremendo por vê-lo.

— É este a quem queria vingar?

Ela quase caiu, mas o macho canino, Torrent se lançou adiante e a agarrou pela cintura,
puxando-a para seus braços. Levou-a de volta para a sala de exames que acabou de deixar e a
colocou na cama. Ele deslizou seus braços por baixo dela.

— Jinx, traga a Dra. Trisha. Ela está mais branca que os lençóis.

— Merda. — Murmurou Jinx e correu pelo corredor.

Torrent segurou sua mão.

— Olhe para mim.

Ela o fez.

— Hero é o macho que pensou que estivesse morto?

— Está vivo.

Percebeu que disse isto antes. Era incrível. Christopher Chazel a visitou uma vez depois de
enviá-la para Penny. Sentou-se em uma cadeira junto à cama onde a mantinham presa, com
máquinas conectadas a ela enquanto se curava da lesão na cabeça. Disse com voz fria que ele
pessoalmente acabou com 927. Não a surpreendeu. Ela sabia que podia matar. Viu-o fazer antes.

Mas mentiu. 927 estava vivo e os machos caninos e felinos o chamaram de Hero. Deixou
que isto fundisse a ela e depois, moveu a mão de Torrent. Tentou se incorporar. Precisava
encontrar 927.

Porque me abandonou? Porque se afastou assim?

Isto a desgarrou.

— Não! — Torrent a empurrou sobre a cama. — Fique deitada.

— Tenho que ir atrás dele. Tenho que encontrá-lo.

— Ele saiu como a alma que corre do inferno. Não acho que queira vê-la.

— Preciso vê-lo.

Empurrou as mãos do macho e pensou em chutá-lo com força na coxa. Ele grunhiu e
retrocedeu. Ela saiu correndo do outro lado da cama e agarrou o que pode. Era uma jarra.

188
— Afaste-se.

Ele a olhou com a boca aberta.

— Ou o que? Vai me acertar com um recipiente de plástico?

— Tenho que encontrá-lo!

Uma sensação de desespero a golpeou. A simpatia cruzou suas feições.

— Entendo. Ambos pareciam profundamente surpresos. Provavelmente apenas precisa


juntar suas emoções.

— Preciso encontrá-lo agora!

Negou-se a retroceder. 927 estava vivo e tinha que chegar a ele. Colocou a jarra
novamente na mesa e escondeu suas emoções.

— Não me sinto muito bem. Pode buscar uma toalha molhada?

Apoiou-se na cama e levou uma mão ao rosto.

— Acho que vou desmaiar.

Girou, caminhando para o banheiro para fazer o que lhe pediu.

— Deite-se.

Moveu-se uma vez que esteve fora do caminho. A porta continuava aberta e saiu por ela.
Ninguém tentou impedi-la até que chegou ao escritório e um longo balcão. A Dra. Trisha, Jinx e a
canino fêmea saíram do escritório do outro lado da sala. Todos pareciam surpresos e confusos. As
pesadas botas golpeando o chão soaram da direção que acabava de fugir. Torrent apareceu,
depois de perceber seu engano.

Ela girou e explodiu contra a porta dupla de cristal. Começaram a se abrir e tentou
novamente, girando o corpo para deslizar entre as porta que estavam se separando. Saiu
correndo, procurando freneticamente por 927. Cheirou, mas seu sentido de olfato não era o
suficiente bom para ajudá-la. Era um grande defeito que 927 nunca foi capaz de solucionar.
Tentou, mas seus sentidos não eram iguais.

Um macho felino passando pela calçada se virou. Pareceu surpreso quando a viu. Girou a
cabeça, olhando para o outro lado. Árvores... muitas delas.

Ali é para onde irei.

Ouviu Torrent atrás dela.

— Tranquila, Candi. Vamos encontrá-lo. Não me faça agarrá-la. Temo machucá-la. Volte.

189
— Não a toque. — Grunhiu a fêmea canino. — Candi, vai ficar tudo bem. Hero ou 927
como o conhecia, provavelmente apenas se assustou um pouco. Vou buscar pessoalmente seu
traseiro e trazê-lo aqui se quiser vê-lo. Simplesmente volte para dentro.

Não havia carros. Ela correu para a rua. Quando seus pés descalços golpearam o pavimento
não lhe importou a leve dor. Queria chegar às árvores. Sempre quis vê-las. As horas que passou
descrevendo-as quando eram crianças podiam significar algo para ele. Eles a perseguiram e era
mais que consciente de que poderiam pegá-la facilmente. Todos os Espécies eram mais rápidos
que os humanos, mas lhe deixaram correr, mantendo-se perto.

Entrou em um parque com um grande lago. Havia muitas árvores e colinas para ver. Parou,
ofegante. Ninguém a agarrou, mas os ouviu vir e parar atrás dela. Deu a volta. A doutora não
estava com eles, mas ignorou Jinx e Torrent, implorando para a fêmea canino.

— Cheire-o. Rastreio-o para mim. Por favor? — Implorou. — Ele está aqui. Eu sei.

Lembrou-se do nome da mulher.

— Por favor, Breeze.

A fêmea vacilou, mas assentiu com a cabeça.

— Bom. Na verdade não preciso seguir seu cheiro.

Colocou a mão no bolso e pegou um celular. Tocou a tela e segurou em seu ouvido. Longos
segundos se passaram.

— É Breeze. Localize Hero para mim agora. Faça um rastreamento de seu celular. — Fez
uma pausa. — Prioridade. Faça.

— Breeze. — Sussurrou Jinx. — Isto pode não ser uma boa ideia. Você não viu seu rosto.

— Vejo o dela. — Breeze se aproximou mais, mantendo contato visual com Candi. — Todos
carregam celulares e podemos rastrear todo mundo no caso de uma emergência. Eu diria que este
é um caso. Demora alguns minutos. Vamos encontrá-lo para você, certo?

— Obrigada.

— Cuido das minhas fêmeas e você é uma das minhas agora.

— Maldição Breeze. — Torrent abaixou a voz o suficiente para que Candi não ouvisse. —
Ele saiu correndo dali. Vi a ira e o medo. Devemos conversar antes de a levarmos perto dele.

— Cale-se. — Disse Breeze. — Eu rasgaria este maldito lugar em pedaços se fosse ela. —
Olhou-o. — Passaria por você se me impedisse de ir atrás do macho com o qual cresci na mesma
cela e descobrisse que estava vivo depois de saber de sua morte. Estava ali enquanto falava dele.
Ela passou pelo inferno e estava simplesmente esperando encontrar aqueles que o levaram dela.
Matou por ele. Quer ser o próximo?

190
Torrent franziu o cenho.

— Como se eu permitiria que me machucasse. É uma coisa pequena.

— As mulheres são inferiores, verdade? — Grunhiu Breeze. — Se não tem medo dela,
tenha de mim. Ela pode estar abaixo do peso e esquálida, mas eu não. Quer brigar?

— Isto é irracional. — Disse Jinx com voz dura. — Hero provavelmente precisa de tempo
para processar tudo isto e a fêmea precisa ser alimentada e monitorada. Já ouviu a Dra. Trisha. O
médico que a manteve não se assegurou que comesse bem e os anos de drogas a deixaram em um
estado de fraqueza.

Breeze estendeu seu dedo médio.

— Diga isto a esta mão. Vou encontrar Hero para minha fêmea. Ele pode dar-lhe de comer
e ajudá-la a recuperar suas forças. Ela comeria por ele mais que por um de nós. Ela o conhece. Não
me importa o que está mal com ele, vai se comportar como um macho.

— Breeze, esta não é uma situação tão bem definida. Está atuando como se ela fosse sua
companh...

— Onde está? — Disse Breeze dando as costas para Jinx para falar no telefone. Fez uma
pausa, ouvindo. — Está bem? Sim? Agora mesmo? Diga que não, diabos. Entendeu? Estou usando
minha posição. Este é um enorme não, de nenhuma maneira. Obrigada.

Ela desligou e enfrentou Candi. Estava segurando o fôlego.

— Encontrou-o?

— Está indo para a residência dos homens para fazer as malas. Acaba de ligar para a
Segurança e disse que quer voltar para a Reserva. Vamos. Tem medo de ver muitos machos?

— Enfrentarei a qualquer um deles por 927.

Breeze guardou o celular.

— Sei que o faria. Ele gosta de ser chamado de Hero agora. Diga em sua mente uma e
outra vez. Odiamos os números. Certo? Lembra-nos do tempo em Mercile e sabe o quanto era
divertido ali. — Breeze caminhou para ela. — Vamos. Iremos procurá-lo juntas.

Candi ficou tocada vendo a fêmea ser agradável.

— Obrigada.

— Estou me colocando em seu lugar. — Breeze olhou para baixo e amaldiçoou. — Seus pés
estão sangrando. Precisa de sapatos. Uma lembrança mental. Onde diabos estão os que usava?

— Não serviam. Roubei de Penny.

191
— A médica que matou?

— Sabia que iria precisar deles. Peguei a calça e encontrei sua jaqueta no carro. Precisava
sair da roupa que usava. Fiquei com medo dos humanos chamarem a polícia se ainda parecesse
um paciente. Não sabia dirigir, assim que abandonei o carro ali. Levei sua bolsa. Lembrei do
dinheiro. Tinha um pouco.

— Pobrezinha. Dever ter sido temeroso ficar ali sozinha, mas chegou até nós. Vamos
encontrar seu homem e fazê-lo conversar com você, certo? Precisa que um dos machos a leve no
colo? Fariam isto.

— Não está doendo.

— Não, apostaria isto. Não sentiria nenhuma dor se fosse você. Levante-os, no entanto,
permita me assegurar que não estão tão ruins. Do contrário irei me preocupar.

Era um pequeno pedido. Breeze estava preocupada com sua saúde. Candi fez o que lhe
pediu, apontando um pequeno corte no calcanhar e outro no dedo do pé.

— Pouca coisa. Não tenho as pontas dos dedos protegidas em meus pés como os seus.

— Vamos limpá-los e cuidar deles na casa de Hero. Todos mantêm estojos de primeiros
socorros nos banheiros de nossas casas. Vamos. Se começar a doer, diga. Um dos homens ficará
mais do que feliz em carregá-la.

Candi olhou para Torrent e Jinx. Ambos pareciam irritados no melhor dos casos, sem
duvida não estavam contentes. Breeze girou, agitando o braço.

— Por aqui.

Candi não se importava se os machos estivessem irritados. Breeze iria levá-la até 927.
Hero. Precisava aprender seu nome. Seu instinto era confiar na fêmea canino. Caminharam pela
calçada. Outros a olhavam fixamente, mas ela sabia que tinham o direito. Provavelmente não viam
muitos humanos. Apenas se encontrou com os guardas nos portões e os dois no Centro Médico...
a mulher médica e o enfermeiro.

— Vivem muito humanos aqui?

Breeze negou com a cabeça.

— Apenas os humanos emparelhados e alguns dos mais confiáveis que trabalham conosco.
Conheceu Paul. Vive aqui com sua esposa. Ela também é humana. Trisha está emparelhada a um
de nossos homens.

— Gostei deles.

192
— São bons seres humanos e nada como os técnicos e os médicos da Mercile. Infernos,
Trisha usaria um bisturi para cortá-los e Paul poderia ajudá-la a mantê-los para baixo. Não têm
amor por aqueles que prejudicam os Espécies.

— Porque o nome de Novas Espécies?

Breeze encolheu os ombros.

— Que outra coisa supõe-se que seriamos chamados?

— O que é. Canino.

— Temos caninos, felinos e primatas aqui. Queríamos que fosse justo. Éramos novos já que
o mundo não sabia nada de nós. Novas Espécies parecia adequado e apropriado. Fizemos uma
votação.

— Algum de vocês, finalmente, chegou ao topo e voltou para salvar os demais?


Costumávamos sonhar que isto aconteceria.

Breeze parou e Candi parou também, olhando para a mulher.

— Não sabe?

— Eles não permitiam meu acesso ao mundo. Prenderam-me dentro de um quarto e fiquei
drogada na maior parte do tempo.

— Iniciou-se um rumor de que existíamos e as autoridades humanas enviaram uma de suas


fêmeas, chamada Ellie, para trabalhar para Mercile. Ela recolheu provas suficientes para
convencê-los de que éramos reais. Vieram e nos resgataram. Nenhum de nós alguma vez saiu à
superfície até que os bons seres humanos nos libertaram. — Breeze voltou a caminhar. — Como
soube que fomos libertados e vivíamos em Homeland?

— Um membro do pessoal da limpeza tinha uma pequena televisão portátil. Ela a levava
em algumas ocasiões quando estava limpando o chão do meu quarto. Vi Justice North algumas
vezes e mencionou que Homeland era onde seu povo vivia em liberdade. Sabia que precisava
chegar aqui, mas não sabia onde estava, Achei que os humanos soubessem. Ninguém pareceu
preocupado quando perguntei onde estava Homeland e como chegar aqui. Um caminhoneiro me
contou um pouco, mas não quis fazer muitas perguntas, depois que ele me olhou de uma forma
que me fez soar o alarme. Fiz uma parada, já que tinha medo de ir a polícia para pedir ajuda.
Matei um humano para escapar e eles também são humanos.

Candi ficou ao lado de Breeze até que chegaram a um prédio alto. Breeze parou.

— Está é a residência dos homens. Esta pronta para vê-lo? Não sei como vai reagir, mas
não vai fugir novamente. — Sua voz ficou mais profunda. — Aposte nisto. — Virou a cabeça. —
Fiquem perto, rapazes.

— Isto será ruim. — Disse Jinx com voz rouca. — Posso sentir.

193
— Deveria ter visto seu rosto. Enfureceu-se por uma razão. — Acrescentou Torrent. —
Acho que deveríamos ir e falar com ele primeiro.

Candi sabia por que 927 reagiu desta forma. Não disse nada com medo de eles mudarem
de opinião e quisessem mantê-la longe.

Hero. Hero. Hero.

Continuou repetindo este nome dentro de sua cabeça.

— Por favor. — Sussurrou. — Me leve até Hero.

Sentia-se estranha dizendo este novo nome em voz alta.

Havia ao menos meia dúzia de machos ao redor, sentados em sofás em uma grande de
forma de U. Uma televisão revelava humanos com estranhos uniformes se exercitando em um
campo com linhas pintadas nele. Os homens deixaram de falar, levantaram-se olharam quando
Jinx usou um cartão magnético para abrir as portas dianteiras. Breeze levantou a mão, saudando-
os uma vez que entraram.

— Ignore-os. Sentem-se finjam que não estamos aqui. Alguém viu Hero?

Um macho primata apontou a escada com a cabeça.

— Chegou aproximadamente há um minuto, parecendo como se quisesse arrancar a


cabeça de alguém. Não falou, apenas subiu a escada.

— Onde fica seu apartamento? — Breeze olhou ao redor. — Alguém sabe?

— Eu sei. — Admitiu Jinx. — Vamos.

O elevador se movia a passo de tartaruga para levá-los ao terceiro andar. Abriu e Jinx
tomou a dianteira. Parou ante uma porta a metade do caminho pelo corredor. Virou-se, franzindo
o cenho ante Breeze.

— Me deixe ir primeiro para provar seu estado de ânimo.

Breeze avançou e colocou ambas as mãos sobre o peito de Jinx, dando-lhe um empurrão
leve para movê-lo fora do caminho. Ela levantou a mão e bateu na porta.

— Hero? É Breeze. Abra ou vou derrubar a porta.

— Vá embora.

O familiar grunhido chegou de dentro.

— Não estou brincando. Sei que costuma fazer isto, mas não neste momento. — gritou
Breeze. — Quer que machuque meu pé? Não estou usando minhas botas de trabalho. Poderia
quebrar o dedo do pé. Abra.

194
927 grunhiu enquanto abria a porta, mostrando os dentes.

— Estou fazendo as malas e tenho que pegar um helicóptero que está saindo em vinte
minutos para Reserva. Não tenho tempo para conversar.

Ele tentou fechar a porta, mas Breeze se moveu mais rápido, colocando as mãos na porta
que se fechava, empurrando-a. Surpreendeu 927 que retrocedeu. Candi se lançou adiante no
apartamento, com o olhar fixo nele.

Ele empalideceu quando a viu e apertou os lábios em uma linha. A cor sumiu deles, como
se aquela quantidade de pressão empurrasse o sangue longe. Um músculo em sua mandíbula
pulsou. Estava furioso. Olhou-a nos olhos e entendeu como os técnicos e os médicos uma vez
temeram os arrepiantes olhares que lançava.

Lambeu os lábios e seu corpo estremeceu. Estava realmente vivo. Notou outras coisas nele.
Elevava-se sobre ela, estava muito mais alto do que quando o viu pela última vez. Seu corpo jovem
amadureceu, acrescentando uma grande quantidade de músculos e volume ao seu corpo. Era
maior do que qualquer um deles estimou sempre e parecia tão letal como ela sabia que poderia
ser. Percebeu que suas mãos estavam fechadas dos lados. Viu isto antes. Estava lutando contra o
impulso de atacar. Ela era o alvo desta raiva.

— Podemos ficar sozinhos?

Não virou a cabeça, não estava disposta a afastar o olhar de... Hero.

— Não. — Declarou Breeze com firmeza. — Mas nos ignore. Vamos ficar tão silenciosos
como ratos.

Isto a frustrou, mas não tinha tempo para discutir. O macho que conhecia não era bom em
conter seu temperamento por muito tempo. Podia ter apenas alguns segundos para acalmá-lo.
Deu um passo mais perto, mas ele levantou os lábios e grunhiu, mostrando os dentes. Era uma
advertência.

— Hero! — Grunhiu Breeze.

— Não se meta nisto, não importa o que aconteça. Por favor. — Sussurrou Candi. — Isto é
entre ele e eu.

Ficou quieta, tentando não se aproximar dele novamente.

— Sempre foi apenas entre nós. — Dirigiu isto a ele. — Eu o fiz para salvá-lo. Iriam matá-lo
se me negasse.

Os músculos de seus braços ficaram ainda mais tensos, indicando que lutava contra a
tentação de atacar. Poderia ter passado anos, mas ela o conhecia. Aprendeu a se controlar mais.
Doeu quando viu que sua raiva não diminuiu. Na verdade, parecia furioso. No entanto, tinha que
tentar.

195
— Era aceitar ou ser forçada a vê-lo morrer. Sabe que faria qualquer coisa para protegê-lo.
Qualquer coisa.

As lágrimas a cegaram.

— Acha que queria que isto acontecesse? Você era tudo o que queria.

Ela piscou, limpando sua visão. As lágrimas deslizavam novamente, mas não a limpou.

— Eu o fiz para mantê-lo com vida para que pudéssemos ficar juntos novamente.

— Deveria ter deixado que me matassem.

Foram furiosas palavras, grunhidas para ela. Entendeu. Pensou que pudesse se sentir de
outra forma.

— Sobrevivemos. É o que fazemos. — Fez uma pausa. — Sobrevivi para ficar com você.
Acha que queria isto? Eu queria morrer primeiro, mas isto me teria deixado sozinha. Se tivesse
morrido, teria me deixado sozinha. Fiz o que era preciso para que pudéssemos nos ver.

Ele não disse nada, mas esta raiva ardia em seu olhar, o marrom desapareceu, mas na
verdade pareciam negros como ela imaginava que ficou seu coração. Isto partiu o seu em pedaços.
A dor que atravessou seu peito era quase tão ruim como o dia em que disseram que estava morto.
Ela o perdeu, por completo. Nunca iria perdoá-la.

Virou-se para Breeze. A fêmea parecia preocupada, confusa.

— Por favor, me faria um favor? Posso confiar em você?

— Claro.

— Parece estar encarregada das mulheres e disse que sou uma de vocês. Não deixe que o
castiguem por isto. Eu mereço.

— Do que está falando?

Virou-se para 927. Não lhe importava que nome tivesse. O macho diante dela era o que
conheceu, apenas um pouco mais velho. Deu um passo mais perto.

— Bata em mim, 927. Tantas vezes quanto for necessário. Tenha sua vingança. Ficará em
paz causando-me dor da forma como eu o fiz com a decisão que uma vez tomei.

— Merda. — Grunhiu Torrent. — Não se atreva Hero.

Breeze deu um passo mais dentro da sala para ficar ao lado de Candi. Agarrou seu braço.

— Pare. O que está acontecendo aqui?

Candi saiu de seu agarre e manteve o olhar fixo em 927. Seus olhos se estreitaram e a
olhava. Ele não se moveu, mas todo seu corpo vibrava enquanto grunhia. Estava a ponto de

196
explodir, seu controle quase desapareceu. Apenas precisava deste último empurrão e estava
disposta a dá-lo.

— Sobrevivi todos estes anos acreditando que o fiz por aqueles que o levaram para longe
de mim. — Ela engoliu. — Agora percebo que foi o que fiz o que te afastou de mim, independente
das razões. Queria a vingança por você, mas pode tê-la por sua conta. Entendo. Faça, meu filhote.

Hero abriu a boca e grunhiu. A raiva assassina contorceu seus traços. Era como antes, a
última vez que o viu, menos as correntes para segurá-lo. Ela não ficou tensa, apenas o observou,
esperando que a atacasse. O medo nunca chegou. 927 sempre foi sua motivação para continuar
lutando para sobreviver, mas estava disposta a permitir golpeá-la se isto lhe fizesse se sentir como
se estivesse em paz.

Candi estava oferecendo, não, provocando-lhe para fazer com que lhe machucasse. Hero
quase perdeu a sanidade. Deixou a raiva e a dor explodir em som. Manteve seus pés firmemente
plantados no tapete, obrigou-se a permanecer longe dela. Não queria derramar seu sangue.

Nunca mais.

Percebeu que fechou os olhos. Abriu-os. Breeze, Jinx e Torrent ficaram do lado de Candi.
Permaneciam perto, prontos para defendê-la no caso de que a atacasse. Estava grato por sua
interferência.

Torrent inclinou a cabeça, soltou uma maldição e se moveu rapidamente pela porta aberta.
O macho saiu, mas ficou perto o suficiente para voltar rápido.

— Não há nada para ver aqui. — Gritou o macho. — Diga a todos. Simplesmente saiam do
andar. Está tudo bem. Breeze, Jinx e eu temos isto controlado. Ninguém chame a Segurança. É
apenas um pequeno... desentendimento.

Hero observou Candi. Permanecia na mesma posição, esperando que batesse nela. Não
mostrava nenhum medo, nenhuma dúvida. Um brilho de lágrimas ainda brilhava em seus bonitos
olhos. Suas palavras foram ouvidas. O adulto nele entendia, mas o jovem se enfurecia com a dor.
Levou tempo formar as palavras em sua mente e obrigá-las a sair de sua boca.

— Macho canino ou felino? Foi apenas um?

Respirou fundo e vislumbrou este olhar fugaz e triste que rapidamente borrou seu rosto.

— Felino. — Seus músculos da garganta se esforçaram para engolir. — Uma vez. — Fez
uma pausa. — Para demonstrar a Christopher que era seguro. Jurava que eu era muito frágil para
sobreviver sendo uma reprodutora.

— Oh merda! — Sussurrou Breeze.

Seu coração se sentia como se estivesse sendo espremido ao redor.

— Sofreu?

197
As lágrimas rodaram por seu rosto, mas se manteve quieta.

— Mais do que nunca saberá. — Sua voz se rompeu. — Mas nada além dos parâmetros
esperados, fisicamente. Isto foi o que disse Evelyn, de qualquer forma.

— E sobre você ser muito jovem?

Era difícil respirar e sentia como se ele estivesse sufocando-se. A opressão em seu peito
piorou. No entanto, precisava de respostas.

— Suponho que me consideraram velha o bastante. Evelyn conseguiu a permissão da Junta


para me usar em um experimento de reprodução, mas Christopher disse que o mataria primeiro.
Estava encarregado de você. Jurou que me faria vê-lo morrer. Não era nenhum segredo que o
único que desejava era voltar ao nosso espaço, para ficar com você. Evelyn veio por mim com seu
plano para permitir que outro macho me montasse. Ela afirmou que Christopher não poderia
machucá-lo se eles tivessem sob o cuidado dela. Lutei a princípio. Ela teve que enviar os técnicos
para me segurarem e me disse que iria salvar sua vida. Insistiu em que Christopher me colocaria
contigo uma vez que se provasse que não seria machucada pela experiência. Tive que fazer uma
escolha e jogar o jogo dela. Evelyn disse que, de qualquer forma, alguém me montaria. Podia fazer
com que te matassem ou deixasse de lutar e ser levado ao felino. Não podia me arriscar com sua
vida. Nunca você.

Isto doeu profundamente. Tentou pensar, ser racional. E se tivessem levado uma mulher e
lhe dissessem que machucariam Candi se não o fizesse? E se eles tivessem ameaçado a vida dela?
Teria montado outra? Seria possível sequer? Ela não era do sexo masculino, no entanto. Poderia
ser montada tanto se quisesse ou não. Disse que sofreu. Isto rasgou suas entranhas por imaginar
um macho tocando-a.

— Ele te machucou? — Ele tinha que saber.

— Evelyn me deu uma dose de drogas primeiro.

Candi ergueu a cabeça, seus braços envolvendo-se protetoramente ao redor de sua cintura
em um abraço.

— Não me derrubou, mas silenciou minhas emoções. Estava chorando e ela estava tendo
problemas para conseguir que o macho cooperasse. Ele andava e grunhia, disposto a assumir a dor
em lugar de me obrigar. Sabia que eu também era uma prisioneira, já que estavam tirando meu
sangue e era consciente de que estava presa contigo. Tratou-me como se fosse uma de suas
fêmeas.

— Deveria ter apanhado em lugar de tocá-la.

Ele apertou os punhos com tanta força que os ossos pareciam se mostrar através de sua
pele quando olhou para baixo.

198
— A droga que me deram entrou em vigor e me senti estranha e enjoada. Bateram nele
porque se negou. Eu apenas queria que terminasse, mas ambos sabíamos que isto não aconteceria
até que conseguissem o que queriam. Pedi ao macho que deixasse de lutar. Precisávamos
sobreviver. Odeia-me por isso? Não queria que me tocasse, mas também não queria que
apanhasse até a morte. Os técnicos eram brutais e podiam ir longe demais, apesar de suas ordens.
É uma maneira horrível de morrer.

Ele grunhiu e se afastou, aproximando-se da janela. Não adiantou nada não olhá-la mais.
Podia senti-la na sala, novamente dentro de seu espaço.

— Foi amável e não me lembro de muito. Ele não queria me machucar. Me senti muito mal
por ele, tanto como por mim.

Um soluço escapou de seus lábios, sua dor evidente.

— Ninguém me obrigou. Apenas queria que todos sobrevivêssemos. Fechei os olhos e


pensei em você até que me levaram novamente à minha cela. Tomei banho para eliminar o cheiro
e seu tato. Esfreguei minha pele até que ficou vermelha, mas não era como se nos dessem
sabonete com frequência. Queria encontrar você. Fiz o que pediram. Evelyn disse que poderíamos
ficar juntos.

Outro soluço saiu dela e havia muita dor em sua voz.

— Então você o cheirou em mim. Perdeu a cabeça e explodiu.

Hero se girou.

— Você era minha!

Ela assentiu.

— Sim.

Deu um passo mais perto. Breeze tentou segurá-la agarrando seu braço, mas ela puxou-o.

— Não se meta nisto. Por favor. Isto é entre ele e eu.

Olhou para Breeze. Viu a tristeza em seu rosto e a compreensão da tragédia de seu
passado. Ela segurou seu olhar, como se julgasse seu humor. Queria garantias de que não iria
atacar. Ele sabia, sentia.

— Nunca o faria. — Jurou.

Breeze retrocedeu.

— Torrent? Jinx? Corredor, agora. Estaremos justo do lado da porta entreaberta, mas o
suficiente perto para vir aqui, se necessário.

Jinx se moveu.

199
— Tenho que fazer uma ligação.

Iria compartilhar sua história e a de Candi. Era o procedimento. Hero sabia. A ONE cuidava
dos seus. Torrent se arrepiou.

— Acho que um de nós deveria ficar mais perto.

Breeze grunhiu.

— Eles não precisam de nós aqui neste momento. Vamos para a porta.

Torrent lhe olhou fixamente, com aspecto sombrio.

— Não vou machucá-la. — Jurou Hero.

Já tinha feito isto uma vez. A imagem dela em uma poça de sangue permanecia em seus
pesadelos. Torrent duvidou um segundo mais, mas logo se foi com Breeze e Jinx. Não fecharam
totalmente a porta. Finalmente se permitiu olhar para Candi. Ela o observava com uma dor
profunda. Podia ver o reflexo.

— Eu entendo.

Eram palavras difíceis para dizer, mas o adulto venceu o macho jovem com o coração
partido que uma vez foi.

— Poderia ter feito o mesmo para salvá-la, se me houvessem obrigado a decidir.

— Pode me perdoar?

Ele respondeu com sinceridade.

— Não sei. Continua sendo uma ferida aberta. Lamento que tenha sofrido.

Ela se aproximou e limpou as lágrimas.

— Posso te abraçar?

— Não.

Não podia permitir que ela se aproximasse.

Ela reagiu como se tivesse sido golpeada, inclusive piscou. Odiava ter este efeito nela, mas
não acreditava poder suportar seu contato. Havia muitas lembranças dolorosas conectadas a isto.
Ainda estava digerindo que ela não estava morta e o pleno conhecimento do que aconteceu neste
dia que entrou em sua cela com o cheiro de um homem. Escondeu totalmente seu próprio cheiro,
forte o suficiente para saber que foi montada. Pertenceu a outro em lugar de a ele. Ao menos, isto
foi o que acreditou que estava ali para dizer.

— Preciso de tempo.

200
— Tempo? — Sua expressão mudou para raiva. — Quanto tempo se passou desde que nos
vimos? Sabe? Não havia nenhum sentido de tempo onde estava, mas sei que se passaram anos.
Vejo em seu rosto e no meu. Envelhecemos muito.

Ela respirou fraca.

— Nos roubaram nosso futuro juntos. Odeio o tempo. Passa muito lentamente. Cada
segundo parece um minuto. Cada minuto, uma semana. Cada semana, um mês. Cada ano, uma
eternidade. Aqui estou. Estamos vivos. Está na minha frente. Não faça isto.

— Fazer o que?

— Estamos vivos. — Repetiu. — Nada nos impede de ficarmos juntos. Isto é tudo o que
sempre quisemos. — Aproximou-se mais. — Estou aqui.

— Tudo mudou. — Sussurrou, quase desejando que não fosse certo.

Ela cambaleou um pouco. Ficou tenso, com vontade de ir para ela, mas se conteve quando
estabilizou o equilíbrio. Um som agonizante veio dela, a dor refletida em seu rosto, seus olhos.

— Compartilha seu espaço com uma fêmea?

Ela pensava que ele estava em uma relação.

— Não.

— Montou outras fêmeas?

Debateu-se em contestar, porque não podia lhe machucar. Conhecia este tipo de dor e
vivia com a lembrança da traição. Foi um inferno sentir o ardor do ciúme e este tipo de raiva,
saber que outro tocou o que lhe pertencia.

Seu silêncio pareceu dizer o que as palavras não podiam. Ela se afastou e abraçou a cintura,
inclinando-se um pouco como se causasse dor física. Encontrava-se no meio da sala antes de
poder dominar a necessidade de consolá-la. Retrocedeu, suas mãos apertadas em punhos.

— Pensei que estivesse morta. O Dr. C me disse que a matei.

— Claro. — Sua voz saiu tão baixa que não ouviu.

A culpa e o arrependimento se misturaram, sabendo o sofrimento que ela deveria estar


sentindo, mas não poderia lidar com isto se não falassem sobre o passado.

— A corrente...

Estremeceu ante a lembrança de todo aquele sangue depois que ela caiu.

— Apenas queria chegar até você. Não era minha intenção bater em sua cabeça.

201
Ela estendeu a mão, tocou a antiga cicatriz e logo rapidamente abaixou o braço para
abraçar sua cintura novamente.

— Sei que não queria fazer isto. Queria minha garganta.

Ele estremeceu.

— Sim. — Ele não negaria. — Acordo quase sempre com suor frio, perguntando o que teria
feito se tivesse chegado a você. Apenas sei o que fiz quando caiu e vi o sangue.

— Ajudou a que melhorasse?

Ele grunhiu. Ela girou, olhando-o.

— Isso é o que pensa? Que a vi sangrar com satisfação?

— Era seu direito.

Foi um reconhecimento fácil.

— Levaram o único que me importava e minha mente não podia suportar.

— Queria me matar. Entendi. Ainda o faço.

— Me joguei no chão para chegar a você mesmo que as correntes nas pernas não
permitissem outra coisa e te puxei para perto, pedindo aos técnicos que buscassem ajuda. Nunca
fiquei tão assustado em minha vida. Coloquei pressão sobre a ferida, tentando impedir a
hemorragia. Morreria para trocar de lugar com você. Rezei a este Deus sobre o qual tanto me
falou para que fosse capaz de curá-la, assim ficaria bem. A visão do sangue no chão acabou com
minha raiva. Fiquei com medo e repugnância pelo que fiz. Nem um dia se passou onde encontrei
paz e perdão por acreditar que a matei.

— Até agora. Estou viva.

— Fico feliz.

— Nunca machucaria uma mulher.

Fechou os olhos e apertou os dentes.

— Matei mulheres.

Ouviu-a inalar bruscamente. Era sua carga de culpa para suportar pelo resto da vida. Candi
estar viva era apenas uma a menos, mas havia outras.

— Não acredito.

Encontrou seu bonito olhar.

202
— Alguns dos técnicos me levaram de Mercile a outro lugar. Foi um tempo muito sombrio
na minha vida. Trouxeram uma mulher humana para experimento de reprodução. O médico
encarregado conhecia nosso passado e pensou que aceitaria uma, já que fui criado com você.
Estavam machucando-a. Podia ouvir seus gritos de onde me mantinham. Eles lhe injetaram drogas
que a deixariam mais fértil e logo a levaram para mim. Estava histérica, machucando a si mesma,
tentando se afastar de mim, esmagando seu corpo contra as grades. Me senti o monstro que
diziam que era.

Fez uma pausa.

— Não o fiz porque odiasse os humanos ou esta mulher. Quebrei seu pescoço.

Apoiou-se, esperando ver sua expressão de nojo. Isso poderia libertá-la dele, no entanto, o
conhecimento da verdade. Já não iria querer ficar perto dele.

— Não queria que sofresse.

Ofereceu simpatia em seu lugar.

— Como sabe isso?

Surpreendeu-o. Inclusive outros Espécies foram cautelosos, fazendo-lhe perguntas quando


descobriram o que aconteceu depois de ter sido resgatado com Tammy. Compreenderam e lhe
disseram que perdoasse a si mesmo, mas Candi deveria ter ficado horrorizada. Ela foi tratada
melhor que um Espécie, mas menos que uma humana em Mercile.

— Eu te conheço. Nunca tiraria uma vida sem razão.

Sua confiança nele, sua fé, o humilhou.

— Eles a teriam matado de qualquer forma. Ouvi falar. Dois dos homens planejavam
violentá-la quando seu uso estivesse completo. Não acreditavam que as drogas pudessem
funcionar e fazer possível procriarmos com êxito. Um deles estava doente da cabeça, fazendo
alarde sobre a dor e a humilhação que pensava causar nela. Não queria agregar dor, fazendo com
que me suportasse primeiro. Também tinha medo que os medicamentos funcionassem. Nenhuma
criança deveria ser criada e ter que enfrentar o que tinham em mente. Foi indolor e rápido. —
Lutou contra as náuseas. — Então me trouxeram outra. Fiz o mesmo com ela. A terceira era
diferente. Cheirava à Espécie e a deixei viver porque me pediu. Conversamos e pediu que
esperasse, pois seriamos libertados. Seu companheiro chegou, procurando-a.

— Montou uma fêmea que pertencia a outro homem?

Isso pareceu escandalizá-la mais que ouvi-lo admitir as vidas que tirou. Balançou a cabeça.

— Não. Fomos capazes de sobreviver até que o companheiro de Tammy nos encontrou.

O silêncio entre eles ficou incômodo. Queria saber o que aconteceu com ela depois que foi
afastada dele, mas não tinha certeza se poderia lidar com as respostas se fossem muito horríveis.

203
Tudo o que sabia era que foi mantida em um manicômio. Eram lugares onde mantinham
humanos com dementes.

— Quer que eu vá embora?

Estava confuso e perdido.

— Não sei o que quero.

204
Capítulo Quatro

Candi sabia que deveria ir embora. Não era bem vinda, mas não podia encontrar o desejo
de ir. O homem que amava estava em pé a poucos passos de distância e o único que queria era se
lançar em seus braços. Era tudo com o que fantasiou, se pudesse voltar no tempo antes de sua
suposta morte. Isto a manteve forte quando se sentia fraca, valente quando estava com medo e
inteira quando sabia que por dentro sua sanidade parecia estar fraturada em milhões de pedaços.
Conseguir vingança por sua derrota foi sua motivação para viver e continuar lutando.

— Eu matei.

Ele não pareceu acreditar nela. Sua expressão era quase uma careta, quase um cenho
franzido.

— Foi assim que fugi. Era a médica que me manteve presa. Estava me tirando do
manicômio e levando para os bosques para me matar depois que Christopher morreu. Não podia
pagá-los mais para me manter prisioneira, assim precisava se desfazer de mim. Eu a esfaqueei no
peito. Pode ser que você tenha matado para impedir sofrimento, mas eu o fiz por vingança.

— Matou?

Fez uma pausa, dando-lhe tempo para absorver a informação.

— Também sabia que as possibilidades de ser capturada antes que pudesse encontrar
Homeland eram mais altas se ela vivesse. Teria enfermeiros me caçando. Não vou mentir, no
entanto. Me senti bem a matando. Eu a odiava. Era tudo sobre raiva. Poderia tê-la prendido no
porta-malas do carro ou atacá-la depois da primeira vez que a feri, mas merecia morrer. Não sinto
culpa.

Ainda não parecia convencido, mas não disse nada mais, apenas a observou, seu olhar
vagando para cima e para baixo em seu corpo. Olhou para baixo, tentando ver o que via. Perdeu
muito peso.

— Me mantiveram fortemente medicada na maioria do tempo. Dormi durante muito


tempo, acordando e dormindo. É difícil comer quando nem sequer pode caminhar. Costumavam
me dar injeções, mas logo mudaram para comprimidos porque minhas veias já não aceitavam
agulhas. Tentei esconder a pílulas no primeiro momento, sem saber que isto me deixaria doente.

— Está doente?

Ele não parecia feliz com a notícia.

— Meu corpo estava viciado nas drogas que forçaram em mim. Não entendia porque
suava, vomitava e tremia. Parecia fatal. Esta foi a forma como notaram que não as estava
tomando. Abstinência, disseram. Aprendi a tomar um comprimido e logo esconder o seguinte até

205
que pude esconder o mal estar. Tentei escapar algumas vezes depois que minha mente clareou
um pouco, mas sempre era pega. Não consegui ir além dos muros. Me davam novamente as
injeções e precisava perder mais tempo até voltarem a mudá-las novamente pelos comprimidos.
Então tinha que começar tudo novamente para conseguir me livrar.

— Viu a Dra. Trisha?

— Sim. — Ela sorriu. — Não considera que haja danos em meus órgãos internos. Fizeram
exames. Tenho certeza que estou bem, mas ela quer esperar pelos resultados. Está preocupada
porque não sabe quais medicamentos que me deram e está tentando determinar o que fizeram
comigo já que os usei por muito tempo.

Deu um passo mais perto.

— Te alimentaram no Centro Médico?

— Sim.

— Ainda está com fome? — Ele olhou sua cozinha. — Tenho comida aqui. Poderia fazer
algo. Aprendi a cozinhar.

Isto era notável.

— Aprendeu?

Ele assentiu com a cabeça, parecendo refletir sobre algo.

— Ficou presa todo este tempo?

— Sim. Era um quarto aproximadamente uma quarta parte deste tamanho. Apenas uma
cama e uma pequena janela com grades. O vidro nem sequer se abria. — Ela olhou seu sofá. —
Posso me sentar?

— Claro.

Isto foi bom porque estava emocionalmente e fisicamente esgotada, mas não podia admitir
isto para ele. Não queria lembrá-lo o quão fraca era comparada a ele neste momento. Já era muito
ruim ser humana. Sentou-se e o olhou. O melhoramento genético, sempre respeitou a força.

— Havia um pequeno banheiro com uma ducha, uma pia e um vaso sanitário. Não me
deixavam sair do quarto, a menos que a médica que me mantinha ali quisesse me ver em seu
escritório. Acho que Penny temia que eu falasse com as pessoas se me permitisse ter acesso aos
outros pacientes e funcionários. Qualquer pessoa que começava a fazer perguntas sobre mim era
transferido a outro lugar.

— Ficava sozinha?

Parte da tensão se aliviou em seu corpo.

206
— Apenas via pessoas quando entravam para levar comida ou me dar drogas. Havia a
fêmea da limpeza. Esfregava o chão uma vez por semana e trocava a roupa de cama a cada dois
dias. Disseram que não conversasse comigo, no entanto a enviavam depois de me drogarem.
Aparentava estar dormindo ou ela trocava a roupa de cama enquanto tomava banho. Um dos
enfermeiros vigiava a porta do banheiro para assegurar que não pudesse conversar com ela
enquanto isto.

— Olhavam enquanto tomava banho?

Ela assentiu.

— Sim. Desejava poder deslizar pelo ralo para escapar, mas eles atuavam como se isto
fosse realmente possível.

O músculo da mandíbula pulsou.

— Guardas masculinos.

— Sim.

Ele grunhiu.

— Abusaram de você?

Sabia o que realmente queria saber.

— Não fui montada a força.

— Permitiu que...? — Ele fechou os lábios.

— Se voluntariamente permiti que alguém me montasse? Não. Apenas estive com...

Foi sua vez de ficar em silêncio, lutando para encontrar as palavras adequadas. A situação
não foi forçada já que ela concordou em fazer sexo com o felino, mas também não queria fazê-lo.

— Apenas esta única vez em Mercile.

Sentou em uma poltrona longe dela.

— Isso é bom.

— Sim.

Sabia o que queria dizer. Seu inferno não implicou em abuso sexual. Apenas o silêncio, o
sono e a luta contra o vício. Olhou-o com nostalgia, onde estava sentado. Queria ir ali, sentar-se
no seu colo e segurá-lo perto. Algumas de suas melhores lembranças era estar em seus braços.
Não iria dar-lhe as boas vindas.

Hero percebeu a forma como ela o olhava.

207
— Não devemos falar sobre isto se a deixa triste.

— Quem me substituiu?

O corpo dele se sacudiu em posição vertical e seus olhos se estreitaram.

— O que?

— Quem é sua fêmea agora? É amável? Ela te faz rir?

— Não é assim.

— Como é?

Ele afastou o olhar dela, olhando tudo ao redor. Não respondeu. Doía seu coração. Não
negou que ele montou uma fêmea e ela sabia que o fazia desde antes, dado seu silêncio então.
Isto confirmava tudo novamente. Finalmente encontrou seu olhar.

— Deve deixar que Breeze a leve para a residência das mulheres. É provável que esteja
com sono.

— Dormi o suficiente. Tento me manter acordada o máximo possível. Não quero perder
nada.

Imaginou que poderia entendê-la. Ficou em pé.

— Tenho que fazer as malas. Vou para a Reserva.

Não sabia para onde se dirigia, mas era para longe dela.

— Por favor, não o faça.

Queria implorar que ficasse com ela. Apenas precisava olhá-lo para assegurar a si mesma
que era real e não um produto de sua imaginação.

— Tenho que ir. — Ele deu um passo atrás. — Não esperava isto e estou tendo um
momento difícil pensando.

A voz dele se elevou.

— Breeze?

A porta se abriu e a mulher entrou.

— Sim?

— Por favor, a leve para a residência das mulheres e se assegure que coma e durma.

Breeze a olhou e logo se aproximou dele. Ela invadiu seu espaço pessoal, colocando uma
mão sobre seu ombro e puxou-o para baixo o suficiente para colocar seu rosto perto do dele. As
palavras que sussurrou ao seu ouvido eram muito baixas para ouvi-las, mas tudo o que Candi

208
notou foi que ele permitiu que a fêmea o tocasse. Isto a rasgou. Não era ciúme, mas dor pela
rejeição ao permitir que ela o fizesse.

O que foi que Breeze disse o enfureceu. Ele girou o corpo, pressionando mais perto a
fêmea e lhe sussurrou ao ouvido. Ela captou o que disse.

— Você não pode me manter aqui.

Estavam quase abraçados enquanto Breeze sussurrava algo em troca. O tom estava ali, mas
as palavras se perderam. Ele grunhiu em resposta. Breeze sussurrou novamente. Ele se afastou e
saiu para o outro cômodo. A porta se fechou de golpe. Breeze suspirou e se aproximou.

— Teimoso, macho estúpido. — Sentou-se na mesa de café. — Ele está com medo e
tentando fugir. Esta ducha vai esfriar seu temperamento, de qualquer forma.

— Ele não vai me perdoar.

— Por quê? — Breeze estendeu a mão e lhe acariciou a perna. — Eu entendi tudo. Teve
que deixar um felino te montar para salvar a vida de Hero quando estava em Mercile. Ele ficou
louco quando percebeu que outro macho reclamou o que era dele e de alguma forma a
machucou. — Olhou sua cabeça.

— Ele não tinha intenção de fazê-lo. A corrente se rompeu da parede, já que havia vários
metros dela unidos ao seu braço e saltou rapidamente, golpeando o lado em minha cabeça
enquanto lutava para se soltar. Simplesmente dividiu a pele e me causou uma concussão. Eu me
curei bem, apenas ficou uma cicatriz. Meu cabelo cobre tudo.

— É um bom macho. Sente-se muito culpado com tudo.

Ela acreditava.

— Eu sei.

— Ele te assusta?

Ela negou com a cabeça.

— Apenas tenho medo de que nunca me perdoe. Ele continua sendo tudo para mim.

— Posso ver isto. Apenas disse que seria melhor se ficasse aqui em Homeland para cuidar
de você. Ele é o macho que se criou com você. Está muito frágil neste momento, Candi. Os anos de
medicamentos que te obrigaram a tomar e a falta de comida regular te deixou com peso baixo e
fraca.

Não podia negar estes fatos. Seu corpo não estava em melhor forma, mas sua mente
estava sólida.

— Sou forte por dentro. Comerei muito, justo como disse a Dra. Trisha.

209
O telefone de Breeze tocou e ela o pegou, atendendo.

— Espere.

Apertou contra o ouvido.

— O quê?

Silêncio.

— Tire seu traseiro disto. Tenho tudo sob controle. Minha fêmea, minha decisão.

Ela desligou e sorriu.

— Todos estão preocupados.

— Eu nunca faria nada para prejudicar 927. — Fez uma pausa. — Hero.

— Está muito ocupado causando dano a si mesmo neste momento por ser um idiota.

Breeze lançou um olhar irritado para a porta fechada e logo sorriu para Candi.

— A maioria dos machos teria te levantado e abraçado, se recebesse uma fêmea que
pensavam ter perdido. Provavelmente neste momento eu estaria tentando acabar com as
imagens mentais de coisas que não quero ver, porque teria arrancado a roupa para reivindicá-la,
sem me importar com quem estivesse no lugar.

Ela queria que ele tivesse reagido desta forma.

— Nunca fiz sexo com ele. — Disse Breeze, surpreendendo-a com esta declaração. —
Apenas para que saiba. Pensei nisso quando ele e eu nos conhecemos, justo depois que foi
libertado, mas simplesmente não aconteceu. Fico feliz por isto agora. Seria estranho entre nós.

Candi não tinha certeza de como responder. Os traços de Breeze suavizaram.

— Desculpe. Estive ao redor de muito machos humanos. Parece uma, mas esqueço que as
aparências enganam. É mais Espécie que outra coisa, verdade?

— Sou mais como você do que humana. Isto significa que sou Espécie?

— Sim. Sabe o que eu diria à outra fêmea Espécie?

— O que?

— Lute pelo que quer. Ele é seu macho, não? Um teimoso, estúpido, mas seu. Sente-se
culpada pelo felino em Mercile. Fizemos o que tínhamos que fazer, para sobreviver. É um fato da
vida e ainda estamos aqui porque somos fortes. Deixe de sentir como se devesse submissão e
servilismo. Ele deveria beijar seu traseiro e agradecê-la por ter lhe salvado a vida. Não esqueça isto
e lembre-o. — Fez uma pausa. — Os homens têm sua força física como vantagem, mas nós temos
a inteligência para nos igualar a eles de outras maneiras.

210
Candi apreciou o conselho.

— Não posso fazer com que me ouça se não quer ficar perto de mim.

— Não irá para a Reserva.

— Como isto?

— Não importa, não irá. Cortei suas asas. Nenhum piloto vai levá-lo até lá. — Sorriu. —
Hero não vai sair de Homeland.

— Ele quer que me leve para longe.

— Não vai levá-la lutando e gritando para a residência das mulheres. Os machos teriam seu
traseiro chutado se tentasse. Quer ir?

— Não. Quero ficar perto dele.

Breeze sorriu.

— Dê-lhe o inferno. — Abaixou o olhar para o corpo de Candi. — Precisa ganhar peso o
suficiente, mas não o vejo chutando-a de sua cama. Entende?

— Não.

Breeze fez uma careta.

— Fez sexo apenas uma vez. Esqueci isto. Não quis ouvir escondido, mas a audição canina é
boa. Certo, tire sua roupa. Ele é um macho com fortes sentimentos por você. A natureza cuidará
do resto.

— Nem sequer me deixa tocá-lo.

Ela não se opunha à ideia. Na verdade queria que a montasse.

— Fique nua e ele fará a coisa de tocar.

— Provavelmente sairá novamente.

— Talvez.

— Ele tem uma fêmea.

Rasgou-a dizer estas palavras.

— Não, não tem. — Breeze se inclinou e segurou sua mão. — Fez parte de um experimento
de reprodução uma vez, então deve saber que as fêmeas Espécies foram montadas, passando-as
de macho a macho com a esperança de que pudéssemos ficar grávidas. Às vezes, primeiro
drogavam o macho. Deixava-os violentos e incapazes de pensar. Preocupava-nos sobreviver sendo
montadas quando estavam assim e algumas ficaram gravemente feridas.

211
— Sinto muito.

Breeze apertou sua mão e soltou.

— Não foi culpa deles. Foram as drogas que tomaram. Não lembram suas ações quando
estavam nesta condição e isto é uma boa coisa para todos nós. Algumas de nossas fêmeas evitam
aqueles com quem fizeram sexo mediante as drogas. Uma fêmea não falará para o macho que ele
lhe machucou, porque poderia rasgá-lo, da forma como seu Hero está se sentindo porque te
machucou com aquelas correntes, simplesmente eles ficariam piores. Eles não batiam em nós.
Não queremos que sofram. Algumas fêmeas fazem sexo com um destes homens de seu passado
para criar boas lembranças. Tivemos boas e más experiências com eles e isto faz com que seja
difícil encontrar confiança absoluta em um macho Espécie. No entanto, estamos tentando.
Fazemos mediante o sexo com diferentes machos e não passamos muito tempo com um deles.
Até agora, no entanto, evitamos o emparelhamento com nossos machos. Saberia, se uma de
minhas fêmeas tivesse algo sério com um macho Espécie. Seria impossível esconder.

— Ele poderia ter sentimentos por uma fêmea.

— Não há nenhuma fêmea que encontra com frequência. Não há um vínculo. — Breeze se
levantou. — Está saindo do chuveiro. Ouvi desligá-lo. Pode ser capaz de nos ouvir agora. — Piscou
um olho. — Deixarei um oficial no corredor, já que alguns Espécies estão preocupados com sua
segurança e assegurei que não é uma espiã. — Começou a rir. — Mas bem vinda à ONE. Somos
uns intrometidos bem intencionados. — Abaixou a voz. — Dê-lhe o inferno e não se renda. Vá lá
dentro antes que se vista. Acaba de abrir seu armário.

Breeze se foi. Candi ficou em pé e caminhou hesitante até a porta fechada.

Poderia ser tão simples?

Isto desejava, ainda que não tivesse muitas esperanças. Precisou de coragem para abrir a
porta, mas o fez, dando um passo dentro do quarto.

A visão de Hero nu a deixou com a boca seca. Tinha muitos músculos e realmente mais do
que em sua juventude. Seu peito era mais amplo, como seus ombros e estava mais bronzeado. O
sol lhe deu um tom dourado que ficava muito bem. A toalha ao redor de sua cintura estava mais
para baixo, revelando músculos desde o peito até acima da toalha.

— O que está fazendo?

Girou, deixando cair a calça jeans no tapete.

Fale. Ordenou-se, mas as palavras não se formavam.

Era lindo. Isso fazia coisas diferentes em seu corpo e entendeu. Ela queria tocá-lo, explorá-
lo. Doía pela necessidade.

— Candi? — Sua voz saiu rouca e dura. — Fora.

212
Ela deu um passo mais dentro do quarto e fechou a porta, prendendo-os dentro. Poderia
fugir. Teria que tirá-la do caminho para sair do quarto. Isto significaria ter que tocá-la. Era algo que
não queria fazer. Ela se apoiou contra a fria madeira.

O olhar dela foi para seu rosto. Estava furioso. Ela aceitou isto. Breeze tinha alguns pontos
muito válidos e sua própria ira surgiu. A raiva era uma emoção que descobriu que trabalhava a seu
favor às vezes. Sobreviveu ao inferno, apenas pela oportunidade ir atrás dos responsáveis pela
morte de 927. Estava vivo e estavam no mesmo lugar. Ele deveria querer abraçá-la tanto como ela
queria estar em seus braços.

— Meu filhote já não é um filhote.

Ele grunhiu.

— Não me chame assim.

— Certo. É Hero, um macho adulto. — Ela olhou seu peito, seus braços. — Tão forte e
resistente. — Encontrou seu olhar. — Pelo menos parece desta forma, mas é um covarde.

Sua boca se abriu, mas se recuperou grunhindo.

— O que está fazendo Candi? Quer que te ataque?

— Não. Quero que deixe de fugir como se fosse um jogo de perseguição. Brincamos assim
quando crianças. Não é divertido neste momento.

— Não estou brincando. Tem que ir para a residência das mulheres.

— Não pertenço ali. Pertenço aqui.

— Você já não me conhece. Não sou o mesmo.

— Me deixe te conhecer novamente.

— O passado está atrás de nós.

— Agora mente? É um traço dos humanos.

— Não é uma mentira.

Ele parecia insultado.

— Somos nosso passado. É o que nos convertemos. — Golpeou seu peito. — Sobrevivi para
ficar com você e logo sobrevivi depois deste horrível dia para poder fazer com os responsáveis
pagassem pela sua morte. Estava em cada um dos meus pensamentos. Me esqueceu? O que
éramos? Todos os anos que compartilhamos? Negue e te chamarei de mentiroso.

Ele grunhiu do fundo da garganta.

213
— Diga que nunca pensa sobre o futuro que poderíamos ter tido se este dia não tivesse
acontecido. Tente imaginar como seria bom me beijar e me reclamar. Eu penso nisso sempre.

Observou abertamente cada parte de seu corpo que podia ver.

— Quero tocá-lo.

— Foda-se.

Ele se afastou, dando-lhe as costas.

— Esta é uma forma crua de dizer, mas isto também.

Ele grunhiu, girando novamente para ela.

— Não posso fazer isto. Foi muito duro perdê-la a primeira vez. Custou anos juntar minha
vida e encontrar a paz pelo que aconteceu depois de sua morte.

— Não estou morta.

Parte da ira dele sumiu.

— Fico feliz por isso.

— Estou mais do que feliz por estar aqui comigo. É um milagre e um presente. Está
tentando jogar isto fora. Como pode? Tudo o que sempre sonhamos era ter permissão para
ficarmos juntos sem que ninguém nos impedisse.

Olhou ao redor e logo para ele.

— Ninguém está aqui. Apenas nós. Esta é nossa oportunidade.

— Não sou o mesmo. Aconteceram muitas coisas. Você também não é a mesma.

Ela ficou em silêncio, captando a dor em suas últimas palavras.

— Se não tivesse permitido que aquele felino me montasse, ainda estaria do outro lado do
quarto ou estaria me abraçando? Seja sincero.

Ele olhou para o outro lado.

— Não sei.

Isto machucou seu coração, ouvir o tom de sua voz quebrada quando soltou as palavras.
Ela lhe feriu tão profundamente que poderia ser impossível perdoá-la. A dor a tocou com tanta
força que agradeceu estar se apoiando na porta.

— Fale comigo. Por favor? Diga o que está pensando ou sentindo.

214
Ela já lhe disse por que e como sofreu. Agora ele tinha que dizer a ela. Caminhou pelo
pequeno espaço entre a cama e o armário, mantendo-se afastado dela. Finalmente parou e
levantou a cabeça.

— Você era minha. Sabia que isto iria me matar por dentro, assim que... porque
simplesmente não me deixou morrer?

Ela lhe entendeu.

— Isto teria me despedaçado, se houvessem levado uma mulher para você e se a tivesse
montado, mas depois pensei nisso durante um tempo, sabe o que percebi finalmente?

— O que?

— Você me ajudaria a curar esta dor uma vez que estivéssemos juntos. Teríamos um ao
outro para nos consolar. Sabia que era eu quem você queria, não outra pessoa. Pensei que
soubesse o mesmo sobre mim. — Lutou contra as lágrimas. — Sabia que você me abraçaria e me
faria esquecer tudo, exceto você. Isto foi o que sempre fizemos um pelo outro. Nosso amor era
muito forte para que o rompessem, não importaria o muito que tentassem.

As lágrimas brilharam nos olhos dela, mas rapidamente piscou para afastá-las.

— Éramos jovens.

— Em anos talvez, mas crescemos rápido ali. Não nos tratavam como crianças.

Ele respirou fundo e instável.

— Não sei como superar isto.

Uma lembrança brilhou de quando eram crianças. Ele suportou uma surra quando a
levaram para um exame médico. Pensou que iriam lhe machucar e lutou para protegê-la dos
técnicos. Ela voltou a sua cela e foi a primeira vez que foi acorrentado à parede. Nem sequer a
olhou, apenas grunhiu.

Ameaçou-a com seus dentes quando ela tentou abraçá-lo, grunhindo para que ela ficasse
do outro lado da zona-de-morte no chão, onde os humanos permaneciam. Inclusive depois que o
soltaram, negou-se a aproximar-se dela. Dormiu no chão, em lugar de compartilhar o colchonete.
Não queria conversar com ela. Chorou e suplicou, mas nada funcionou. Logo, em seu desespero,
pensou em um plano. Um plano que poderia funcionar tão bem como neste momento.

Hero apenas necessitava espaço. Não podia pensar com Candi invadindo sua casa. Negava-
se a sair, assim ele precisava de ar livre. O único problema era a porta fechada. Negava-se a tocá-
la. Seria demais e não podia lidar com a situação. Não, junto neste momento.

— Porque não vai para o banheiro e se veste? — Seu olhar desceu por seu corpo. — É
muito cruel que fique aí, parado na minha frente, quando não posso tocá-lo.

215
Notou a forma como o olhava e lutava contra sua resposta natural. Apenas pensar em sexo
lhe lembrou de que ela mesma se entregou a outro macho. Estava enraizado em sua mente,
queimando ali em anos de dor que suportou por isto. Ele suportaria mil golpes em lugar de tê-la
entrando em sua cela com o cheiro de outro homem nela. Saber que alguém mais a beijou e
desnudou, matou seu desejo sexual. Grunhiu, sua ira aumentando rapidamente. Podia lidar
melhor com a ira do que com a dor.

Inclinou-se e pegou a calça. Inclusive teve o sentido de lembrar em puxar uma camisa do
armário. Entrou no banheiro e fechou a porta, precisando de uma barricada contra ela. Esqueceu a
cueca, mas não importava. Vestiu-se, suas ações rígidas e lentas. Ficou ali quando terminou, não
estava disposto a enfrentá-la neste momento. Parou para lavar o rosto e escovar os dentes.
Inclusive pegou um pente para passar no cabelo molhado.

Abriu a porta, respirando fundo. Tinha que fazê-la entender que precisava de tempo para
pensar. Permitiu que aquele macho a montasse, pensando que estava salvando sua vida. Apenas
tinha que trabalhar esta informação em sua mente mais tempo, para que a dor pudesse diminuir
um pouco. Era simplesmente muito recente. Saiu e olhou para a porta, onde imaginou que estaria.
Ela estava ali ainda e um autêntico choque explodiu nele.

Sua roupa emprestada do Centro Médico estava em um monte em seus pés. Suas pernas
estavam nuas todo o caminho até a metade das coxas, onde uma de suas camisas de manga curta
agora cobria seu corpo. Tinha os braços acima da cabeça, esticados no alto. Mal percebeu isto, já
que sua camiseta abria-se dos lados, revelando um quantidade de pele dos quadris para cima.
Notou então porque seus braços estavam no alto. Ela usou dois de seus cintos para prender seus
pulsos e os extremos estavam presos na parte superior da porta fechada.

— O que...?

Ele nem seque podia compreender porque ela faria isto.

— Não tem correntes aqui, mas estou presa igualmente. É grosso o suficiente, tanto que
realmente tive que pressionar para conseguir fechar a porta. Está realmente prendendo.

Dobrou os joelhos um pouco, ficando meio pendurada quando seus pés deixaram o chão.

— Não vou a nenhuma parte a menos que me solte.

— Por que faz isto?

Isto o agitava. Efetivamente, prendeu a si mesma.

— Funcionou antes.

— Do que está falando?

— Eu me prendo à parede. Lembra-se? Pensei em prender-me na cama desta vez, mas


imaginei que me deixaria ali. Não pode sair deste quarto, a menos que me toque.

216
— Oh infernos. — Grunhiu, deu uns passos para frente, mas logo parou.

Ela sorriu.

— Tinha o mesmo olhar assombrado, mas consternado quando acordou no chão e me


encontrou presa da mesma forma que você.

— Tive que chamar os técnicos para soltá-la. — Lembrou. — Deveria tê-la deixado ali.
Ninguém quer ficar acorrentado a uma parede.

— Deixou de ficar irritado comigo.

Uma descarga de diversão disparou através dele, arruinando seu mau humor. Esqueceu
que tinha uma forma de entrar em problemas que o fazia rir.

— E se te deixar aí?

— Estamos no terceiro andar. Não é que possa simplesmente escalar por uma janela. A
porta é sua única saída.

— Poderia saltar a outra sacada até chegar ao chão. — Provocou.

Endireitou seus joelhos e colocou os pés descalços no tapete.

— Poderia, mas não o fará.

— O que te faz ter tanta certeza?

Seu sorriso sumiu enquanto lambia os lábios.

— Não o fará. Poderia se irritar, pensando em como finalmente meus braços vão começar
a doer.

Ele fechou os olhos.

— Candi...

— Olhe para mim. — Sussurrou. — Tomaram seu orgulho neste dia e te envergonharam
diante de mim. Pensou que te veria como um animal que ele afirmava que era. Mostrei que somos
iguais e não havia razão para se sentir assim. Você não pensou que fosse inferior, vendo-me
acorrentada à parede.

Abriu os olhos e o estado de ânimo sombrio voltou. Apenas não tinha certeza do que dizer.
Ela falou antes que ele pudesse.

— Tomei algo de você, pela escolha que fiz. Realmente o fiz para salvar sua vida. Sei que
dói. Faria qualquer coisa para tomá-lo de volta de pudesse. — Fez uma pausa. — Estou a sua
mercê. Deixe-me aqui ou me toque. Pode escolher agora.

— Sua mente não funciona corretamente.

217
— Esta é a forma mais educada que alguém usou comigo para dizer que estou louca.
Concordo com isto. Passei muito tempo em um manicômio quando estava em meu juízo são.
Posso tomar decisões ruins agora.

Ela poderia deixar um macho louco. Avançou. Tinha que soltá-la. Manteve-se afastado,
evitando tocá-la diretamente enquanto agarrava o cinto. Ele puxou, mas o couro estava realmente
preso. Franziu o cenho, puxando mais forte.

— Isto não vai funcionar.

Olhou para baixo. Ela estava muito perto. Podia cheirar o xampu que usou e soube que
escovou os dentes com algo com menta e debaixo disso, seu cheiro feminino o chamava. Sempre
o fez.

— Por que não?

A travessura fez os bonitos olhos brilharem.

— Posso ter usado os dois cintos mais grossos e mais fortes, o que lhes impede de deslizar
pela porta. Na verdade, vai ter que me mover e logo abrir a porta para deslizá-los por cima.
Porque tem tantos cintos? Um não é suficiente?

— Eu te deixei sozinha por cinco minutos.

— Tenho uma mente rápida.

Lembrou isto dela também. Ela sempre foi de mente rápida quando brincavam. Ele era o
tinha a força e a altura para colocar em marcha. Foi nesta época quando usaram fios soltos da
roupa para trançar uma fina corda. Amarraram um pedaço de carne nela e logo a levantou nos
braços para pendurá-la sobre a porta. O Dr. C entrou para sua revisão diária e ela mencionou
casualmente que uma aranha estava sobre sua cabeça. O médico olhou para cima e gritou como
uma fêmea. Logo notou o que era e fulminou a ambos com o olhar. Foi divertido. Ela sabia que o
Dr. C temia as criaturas de oito patas.

Havia muitas boas lembranças. O calor se estendeu através dele enquanto continuava
olhando-a, flashes de seu tempo juntos regressando. Alguns medicamentos que Mercile testou em
seu sistema lhe causou danos, assim deitava a cabeça em seu colo enquanto ela cantava em voz
baixa e brincava com seu cabelo. Contava histórias que o distraíam do seu sofrimento.

Observou seus traços. Ela era sua Candi. Podia ver algumas mudanças. Umas poucas linhas
estavam ao redor dos olhos e da boca. Sua atenção desceu e seu pau ficou rígido. Seu peito
encheu. Os montes de aspecto suave de seus seios estavam claramente definidos através do
tecido fino de sua camisa.

— Vai ter que me tocar.

218
Sua voz saiu rouca e ele grunhiu. Queria senti-la. Abriu a mão sem pensar, quase tocando a
pele que se revelava nas costelas. Estava muito pálida e parecia muito suave. Ela arqueou as
costas, como se para animá-lo. Isto lhe inquietava. Levantou o olhar.

— Quer meu toque?

— Mais que nada.

— Estou irritado.

— Eu sei.

— Poderia machucá-la.

Relaxou, mantendo seu olhar nele.

— Prefiro sentir sua ira a nada em absoluto.

Ele curvou suas mãos em punhos, colocou os nós dos dedos junto a seu peito contra a
porta e fechou os olhos. Seria fácil mover-se um pouco mais perto até pressionar levemente
contra seu corpo. Ela empurrou seu rosto adiante para descansar a testa contra seu peito. Ele
ficou ali, sentindo seu quente hálito através do tecido da camisa. Sentia-se pequena, mas isto não
era nada novo. Sua Candi sempre foi pequena e feroz. Isto também a fazia real. Estava viva.

— Lembra-se do que fez quando acordou depois da primeira vez que te levaram para
minha cela?

— Chorei. — Murmurou. — Sabia que minha mãe morreu e Christopher a afastou de mim.
Ele me abandonou em um quarto frio e sabia que nunca me deixaria sair. Nem sequer pensei que
o veria novamente.

Abaixou o queixo, descansando a parte superior da cabeça. Ela encaixava ali, como sempre
o fez.

— Feriu meus ouvidos com todo aquele choro. — Aproximou-se mais. — Você levantou os
olhos e me viu no canto. — Ele sorriu ante a lembrança. — Achei que iria gritar ou fazer sons mais
fortes, mas nada aconteceu. Apenas se arrastou do colchonete e foi diretamente para mim. Pensei
que poderia me atacar e fiquei tenso, preparado para derrubá-la afastando-a já que me
advertiram que não poderia machucá-la. Em troca, lançou os braços para mim. Abraçou-me perto
e apertado.

Ela virou um pouco o rosto, pressionando a bochecha contra seu peito, acariciando-o.

— Permitiu. Inclusive me levou de volta para meu colchonete e ficou ali comigo. Tinha frio
e você estava quente.

— Precisava de mim.

— Sempre precisei e sempre o farei.

219
Parou empurrando os punhos contra a porta e abriu as mãos. Hesitando, as colocou na
cintura dela. Sua pele onde estava descoberta sentia-se fresca ao tato.

— Você era minha única fraqueza. — Admitiu.

— Nunca quis ser. Você sempre foi minha maior fortaleza.

Ele apertou o agarre sobre ela justo por cima dos quadris e retrocedeu um pouco para que
seus corpos não ficassem pressionados. Abriu os olhos, olhando-a.

— Vou levantá-la para soltar a pressão dos cintos. Deslize fora deles. Não faça isto
novamente. Alguma vez escuta? Ninguém quer ficar preso a uma parede.

— Eu o farei uma e outra vez até que deixe de evitar me tocar.

— O que farei com você?

Ela o fazia sentir muitas coisas. Frustração, irritação, dor, mas também coisas boas.
Diversão, calor e a necessidade de estar perto dela e mantê-la ali.

— Qualquer coisa que quiser.

Ela piscou para conter as lágrimas.

— Sempre fui sua e nada pode mudar isto.

Levantou-a e sua ira aumentou. Ele grunhiu. Ela não se moveu com o repentino arrebato.
Continuava olhando-o como se não tivesse nada que temer.

— Deveria pesar mais.

Isto lhe enfurecia. Sentia-se muito frágil. Levantou-a mais alto e ajudou o agarre,
envolvendo um braço completamente ao redor de sua cintura para mantê-la no lugar. Soltou sua
outra mão para arrancar o cinto e afrouxar a pressão. As marcas vermelhas nos pulsos, onde o
couro tocou, provavelmente deixaria hematomas.

— Fêmea tola. — Grunhiu.

Conseguiu soltá-la e retrocedeu, levando-a para sua cama.

— Machucou a si mesma.

Ela soltou os pulsos de seu agarre antes que pudesse colocá-la no colchão. Isto lhe
sobressaltou quando as pernas dela se aproximaram e se envolveram ao redor da cintura dele
enquanto ela colocava os braços ao redor de seu pescoço. Aferrou-se a ele com força.

Abaixou o rosto, enterrando-o em sua garganta. Ele a cheirou. O cheiro não era
exatamente o mesmo, mas familiar o suficiente para que não pudesse negar que era sua Candi. Ele

220
ficou ali a abraçando e permitindo que ela o abraçasse. Lembrou-se da primeira vez que afirmou
que ela era sua...

A porta da cela se abriu e um dos técnicos empurrou Candi para dentro. Quando quase
tropeçou e caiu, 927 ficou em pé e grunhiu para o macho humano. As lágrimas cobriam o rosto de
Candi e pôde sentir o cheiro ácido de sua dor. Também sentiu o cheiro de sangue. O dela.

Ele grunhiu mais forte e fulminou com o olhar cheio de raiva o técnico. O macho bufou,
puxando a arma para evitar que o atacasse.

— Não a machuquei. O Dr. C tem a culpa se quer matar alguém. — Fechou a porta.

927 foi até Candi e a agarrou pela cintura. Ele a levantou do chão e a levou para seu
colchonete. Sentou-se, colocando-a em seu colo. Cheirou-a para encontrar a fonte de sua dor. Não
passou muito tempo. Agarrou a camisa que usava e empurrou o tecido por seu braço. Uma venda
estava justo debaixo de seu pulso e a gaze branca estava molhada de sangue.

— O que o Dr. C fez com você?

Ela levantou o olhar cheio de lágrimas.

— Tirou sangue porque acha que poderia não ser sua filha. Vai comparar o que dele para
ver se realmente sou. Ele disse coisas horríveis sobre minha mãe.

Viu os hematomas que estavam se formando em seu pulso e braço.

— Lutou?

— Foi muito ruim, a agulha dói. — Bufou. — Ele disse que posso ser uma bastarda. Isso
significaria que não tenho pais, já que matou minha mãe.

Ela era tão pequena e inofensiva. Enfurecia lhe que o Dr. C fosse tão cruel com ela, por
outra parte, a prendeu em uma cela com ele.

— Não importa se é seu sangue ou não. Eu também não tenho pais. Chamam-me bastardo.

Levantou a mão e suavemente secou suas lágrimas.

— E isto não me faz chorar.

— Você nunca chora.

Ela virou o rosto em seu peito e envolveu os braços ao redor de sua cintura, abraçando-o
com mais força.

— E se for uma bastarda? Não pertenço a ninguém.

Ele apoiou o queixo sobre sua cabeça e a abraçou com mais força contra o corpo.

221
— Pertence a mim. Ele nos colocou juntos. Eu choraria se a levassem longe e nunca a
trouxessem de volta. Isto me machucaria.

Ela deixou de chorar e inclinou a cabeça para trás, olhando-o fixamente.

— De verdade?

Ele assentiu com a cabeça.

— Sim. Sem mais lágrimas, Candi. Me preocupo com você.

— Ele me disse a data. É meu aniversário hoje.

As lágrimas brotaram de seus olhos novamente e caíram por suas bochechas.

— Minha mãe convidava todos meus amigos para minha festa. Acha que estão me
procurando?

— Não sei.

Limpou o rosto novamente, odiando vê-la com tanta dor. O conceito de ter amigos ou uma
festa era estranho para ele, mas para ela importava.

— Não está sozinha. Estou aqui.

— Não temos bolo e mamãe prometeu que compraria a boneca que queria.

Não sabia o que eram estas coisas.

— Eles nos alimentarão logo e pode comer tudo.

— Não posso comer tanto. Fico doente. E não quero que você sinta fome mais tarde.

— Eu deixaria, se você quisesse.

Ele afastou o cabelo do rosto dela, estudando seus traços. Ela cresceu com ele, desde que a
levaram para sua cela. Ele se importava com ela e sentiria se a levassem.

— Vamos nos divertir. — Teve uma ideia. — É seu aniversário. Cante. Gosta de fazer isto.
Vou tentar aprender as palavras e cantar com você. Isso te fará feliz.

Seu sorriso lhe aqueceu por dentro.

— Faria isto por mim?

Ela girou a cabeça para olhar a câmera e logo para ele novamente.

— Estão nos olhando. Não quer que vejam isto.

— Não me importa se souberem que quero que seja feliz.

222
— Você não é um bastardo 927. Pertence a mim.

Ele sorriu.

— É verdade, Candi. Pertencemos um ao outro. Isso faz com que seja perfeito. Não deixe
que te machuquem ou te façam chorar novamente.

— Não o farei.

223
Capítulo Cinco

Candi se aferrou a Hero e não pensava soltá-lo. Seus pulsos começaram a arder, mas valeu
por estar pressionada contra seu macho, seu braço ao redor dela. A sensação do hálito quente
tocando seu pescoço lhe fazia cócegas, mas não tinha nenhuma queixa. Buscou cegamente seu
cabelo, precisando passar os dedos pelas mechas sedosas. Estava molhado, mas não se importou.
Ele gemeu quando o fez, dando-lhe melhor acesso quando inclinou a cabeça para ela.

O tempo podia não se mover rápido o suficiente em sua experiência, mas de repente
desejou que pudesse simplesmente parar. Queria desfrutar deste momento para sempre. 927
estava vivo e eles estavam juntos. Parecia muito bom para ser verdade. Entrou em pânico. E se
ainda estivesse no manicômio experimentando algum delírio induzido pelos medicamentos? Já
havia ocorrido antes.

Cravou as unhas em sua camisa e segurou forte seu cabelo. Ele grunhiu uma advertência e
ela diminuiu seu agarre. 927 levantou a cabeça, franzindo o cenho com desagrado, seu olhar
sombrio também revelando perplexidade.

— Estou me assegurando que é real. — Admitiu. — A vida é muito cruel. Quase espero
acordar e me encontrar presa dentro do quarto.

O outro braço dele de repente pressionou contra seu traseiro, segurando-a alto.

— O que te fizeram?

— Não importa. Nada importa, exceto isto, estar contigo. Por favor, apenas me deixe te
abraçar. Por favor?

Teria implorado se isto fosse o que precisava para acalmar seu orgulho. O orgulho não
importava quando se tratava dele.

Ele girou a cabeça, olhou para trás e logo se sentou na cama. Moveu-a um pouco de modo
que ficou firmemente em seu colo. Ela ajustou as pernas, mantendo-as ao redor de sua cintura e
afundou o rosto em seu pescoço. Ela aspirou, desfrutando simplesmente de estar perto dele. Era
sólido, grande, quente e vivo.

Um dos braços dele se afrouxou ao redor de seu traseiro e ela ficou tensa, preocupada de
que quisesse se soltar. Não o fez. Em seu lugar, estendeu a mão e acariciou seu cabelo que caía
nas costas. Relaxou. Ele lhe acariciou a cabeça com a bochecha.

— Sente-se tão delicada. Temo machucá-la.

— Vou ganhar peso. — Prometeu. — Sei que tenho muito ossos, mas sou forte.

— O que disse a Dra. Trisha?

224
Estava preocupado com sua saúde. Significava que se importava.

— Ela não encontrou nada alarmante, mas estou com o peso baixo. Disse que devo comer
muito, pegar um pouco de sol e contar-lhe se tiver algum problema.

— Disse que ela fez exames.

— Tudo está bem até agora.

— Quando terão os resultados dos exames?

— Em alguns dias.

Seu silêncio se estendeu, mas não se importou. Ele a abraçou e lhe acariciou o cabelo, os
dedos brincando com as mechas. Sentia-se celestial. Estava faminta por seu tato. Com o tempo
começou a explorar outras partes dela, passando as mãos pelos lados e logo o quadril, envolvendo
a mão ali, como se para comprovar os ossos.

— Estou bem. — Assegurou.

— Deveria se alimentar.

— Acabo de comer. Vou ficar doente se forçar alimentos no estômago enquanto me ajusto
às refeições regulares. Não estou acostumada a isto.

Ele grunhiu, sua irritação evidente. Soltou seu quadril e envolveu os dedos na parte
superior de cada braço, explorando o ombro deste lado. Realmente gostou quando ele abaixou a
mão e deslizou entre a camisa e sua pele, passando a mão por cima de sua coluna vertebral.
Arqueou-se contra ele, pressionando os seios mais apertados contra seu peito. Ficou imóvel e
conteve a respiração.

— Cuidado. — Disse com voz rouca.

— O que fiz de errado?

— Nada. Não empurre contra mim assim.

Ela levantou a cabeça e ele puxou-a para trás. Olharam um ao outro.

— Por que não?

Olhou para baixo entre eles, para seus seios e grunhiu suavemente.

— Ficou maior em apenas um lugar.

— Meus seios cresceram.

Não sentia vergonha. Era 927. Esteve ali na primeira vez que menstruou. Disse que sabia
antes mesmo que ela...

225
927 cheirou-a e a virou sobre suas costas no colchonete. Candi pensou que tivesse perdido a
cabeça quando repentinamente a dobrou adiante. Ele a agarrou pelas pernas separou-as e
empurrou seu rosto contra sua área privada. Cheirou e logo se afastou. Parecia confuso, mas ficou
em pé e voltou a olhar para a câmera.

— Ela está ferida. Envie alguém. Há sangue.

Evelyn a levou para fora da cela e lhe explicou sobre o ciclo feminino. Deu-lhe absorventes e
a enviou novamente com 927. Repetiu para ele tudo o que disseram. 927 ajudou a averiguar como
deveriam usar já que tinham um cinto ao redor da cintura.

Christopher entrou mais tarde esta noite. Estava furioso e exigiu que a levassem para outra
cela. A ordem traumatizou Candi. Lutou contra ele. Apenas queria dormir com 927. Doía sua
barriga e 927 a distraía acariciando seu cabelo.

Cada mês depois disso, teve que sair da cela enquanto sangrava. Christopher não permitia
que 927 estivesse perto dela durante este tempo. Odiava ficar sozinha na cela ao lado da dele, mas
aprendeu a tocar as paredes, para tranquilizá-lo que estava bem.

Com o tempo 927 começou a reagir estranho ao seu ciclo. Dizia que ela estava a ponto de
começar e se mantinha afastado dela.

— Venha aqui. Tenho frio. Me abrace. — Implorou.

Ele negou com a cabeça, torceu o corpo em um canto e grunhiu.

— O que há de errado?

— Precisam levá-la para longe agora.

— Shsh. Não quero ir.

— É necessário.

— Por quê?

Parecia furioso e se virou.

— É por isto.

Olhou a parte dianteira de sua calça, surpresa. Às vezes endurecia esta área pela manhã,
era notável, mas geralmente desaparecia depois que ele ia ao banheiro. Era tarde já e não tinha
acabado de acordar.

— Acontece quando começa a sangrar. Você muda de cheiro e eu reajo. Dói.

226
Evelyn teve outra conversa com ela. Ela repetiu a 927. Isto mudou tudo. Não permitiram
Candi voltar para a cela que compartilhava com 927, exceto o que chamava de horas de visita.
Chorou cubos por ter que dormir sem ele. Ele ficou furioso. Christopher não queria se arriscar a que
927 e ela fizessem sexo. Disse que eram muito jovens e ele não permitiria. Os técnicos deveriam
observá-los e rara vez era permitido se tocarem.

Três anos se passaram assim, até este fatídico dia quando Evelyn se aproximou dela com o
experimento de reprodução. Seu corpo mudou durante este tempo. Seus seios cresceram e tinha
pelo corporal. Ela contou a 927, mas não foi capaz de mostrá-lo já que os técnicos a teriam levado
daí se tentasse tirar sua roupa...

Candi tirou sua mente das lembranças e olhou nos olhos de 927. Estavam sozinhos,
finalmente e ninguém podia impedi-los de fazer o que quisessem.

Ele ainda estava olhando seus seios. Abaixou os braços, deixando que se fosse e se
apoderou da parte superior da camisa, afastando-a de seu corpo. Empurrou-a para baixo,
deixando ao descoberto os seios para ele. Inclinou-se um pouco para trás em seu colo para poder
lhe dar uma vista melhor. Ela inclusive arqueou as costas e empurrou os ombros para trás.

Os olhos dele se abriram e um grunhido retumbou. Olhou para cima.

— O que está fazendo?

— Estava olhando fixamente. Agora, a camisa não está escondendo-os. Pode tocá-los. São
suaves.

Ele apertou os dentes e fechou os olhos, girando a cabeça de lado.

— Cubra-os.

Ela sentiu algo sob seu traseiro, onde descansava em seu colo.

— Está duro.

— Cubra-os. — Grunhiu.

Ela subiu o tecido sobre os seios e segurou seus ombros.

— Não era minha intenção irritá-lo.

Aspirou pelo nariz, suas fossas nasais dilatadas.

— Tirei os pelos no Centro Médico. Mostraria igualmente, mas a Dra. Trisha disse que seria
um asseio eliminar os pelos das pernas, dos braços e de minha área privada. Não tirei tudo, no
entanto. Mostrou-me uma foto de como a maioria das humanas mantém a área. Mantive um
pouco de pelo no montículo. Não me cortei com a navalha.

227
Ele abriu os olhos e virou a cabeça, segurando seu olhar. Ainda parecia irritado, mas não
muito. Não podia identificar a emoção.

— Porque ela fez isto?

— Ela não o fez. Olhou-me de forma estranha quando tirou minha roupa para me examinar
e perguntei por quê. Foi então quando falou sobre a higiene feminina e a limpeza. Não sabia.
Ninguém disse nada em Mercile ou no manicômio. Não teriam me dado uma navalha, de qualquer
forma. A Dra. Trisha quer que eu me encaixe. As fêmeas Espécies não têm pelo no corpo. Mostrou
uma foto e me ensinou a fazê-lo. Já brincou com creme de barbear? Vem em uma lata e é uma
espuma branca. É suave e cremosa. Cheira bem também. Tive que espalhar por toda a pele onde
queria passar a navalha. Você não precisa se barbear, verdade?

Balançou a cabeça, negando.

— Como chegou na parte de trás de suas pernas?

— Inclinei-me.

Inclinou-se e passou os dedos por suas coxas. Inclinou-se dela lado observando-a.

— Perdeu alguns pontos. O pelo é suave.

— Sim?

— Levante-se.

Ela vacilou. Ele se endireitou.

— Quero ver.

— Temo que se sair de seu colo não vai deixar me aproximar novamente.

Um músculo saltou justo por cima da linha da mandíbula quando ele apertou os dentes,
mas logo sua boca relaxou.

— Vou deixar que me abrace. Levante-se. Quero ver.

Ela saiu de seu colo com pesar, parou de frente para ele e logo deu a volta. Ele levantou a
camisa que usava e passou sua outra palma na parte de trás das coxas. Surpreendeu-a quando
deslizou fora da cama de joelhos e se inclinou um pouco para observá-la.

— São apenas uns pontos.

Virou a cabeça, olhando-o. Parou de acariciar sua pele e soltou a camiseta. Levantou a
cabeça, segurando seu olhar.

— Vire-se para mim.

228
Ela o olhou. O olhar dele desceu por seu estômago e se sentou nos calcanhares. Ele
segurou suas coxas com ambas às mãos. Ela viu os nós dos dedos ficarem brancos como se
estivesse apertando suas pernas com força. Limpou a garganta.

— Quero ver o que deixou de pelos. Mostre-me.

Ela empurrou a camisa e lentamente puxou para cima. Tirou toda a roupa para vestir a
camisa, de modo que não teve que fazer nada além de levantá-la até o abdômen. Observou seu
rosto, curiosa com o que veria. Era tentador simplesmente tirar a camisa, mas a visão de seus
seios iria enfurecê-lo. Esta não era sua intenção.

A respiração de 927 aumentou enquanto a olhava. Cada músculo nele parecia ficar tenso
desde seu rosto até os ombros e flexionou os braços como se seu domínio sobre suas pernas
houvesse aumentando. Fechou os olhos.

— Precisa abaixar a camisa e afastar-se de mim. — Apertou os dentes.

Soltou a camisa e retrocedeu uns passos.

— Por quê?

— Vá para o banheiro. Dê-me uns minutos.

— Não. Vai sair.

Seus olhos se abriam de golpe e viu a ira brilhando neles.

— Faça ou eu a lançarei na minha cama e irei fodê-la.

Ela abaixou os olhos para seu colo. O contorno de seu pau estava claro. A calça não
escondia a evidência de sua excitação. Desejava-a. Ele estava tentando fazê-la fugir com medo,
mas teve o efeito contrário. A esperança surgiu. Ele queria montá-la.

Candi agarrou sua camisa e a levantou, tirando-a e jogando no tapete.

— Faça.

Seus olhos se abriram e ele grunhiu. O olhar fixo em seu corpo nu, no entanto. Deu um
passo mais perto.

— Me tome. Sou sua. Sempre fui.

Dor crua brilhou em seus olhos quando afastou o olhar de sua cintura e a olhou.

— Vou machucá-la.

Ela entendeu as palavras.

— Darei as boas vindas a isto.

229
Deu outro passo mais e se ajoelhou na frente dele. Ela se aproximou mais, colocando suas
mãos sobre seu peito. Os músculos sob suas palmas eram duros e firmes.

— Toque-me. — Disse. — Por favor.

Hero tremia.

— Eu te desejo. — Sussurrou. — Preciso de você.

Moveu-se rápido, mas ela nem sequer piscou quando suas mãos repentinamente a
agarraram pela cintura. Ele a levantou de sua posição ajoelhada. Ela ofegou quando ele a colocou
de costas no suave colchão. Pulou uma vez e ficou imóvel, um pouco surpresa.

Uma porta se fechou e ela empurrou-se sobre o cotovelo. Ele se foi. Olhando ao redor
revelou que realmente a deixou sozinha no quarto. As lágrimas encheram seus olhos um segundo
mais tarde, quando outra porta se fechou. Não somente deixou o quarto, ele deixou seu
apartamento. Virou-se de lado, levantou os joelhos e ficou em uma bola apertada.

***

Hero esqueceu o oficial em sua porta no corredor. Rodeou o macho.

— Vou passear.

Pegou a escada até o térreo e se lançou para a porta traseira da residência dos homens.
Esteve a ponto de chocar com uma fêmea e teve que girar para evitar o contato, golpeando seu
ombro contra a parede. Kit franziu o cenho.

— Onde está a emergência, Hero?

— Não há nenhuma.

Afastou-se da parede e tentou passar ao seu redor.

— Não tão rápido.

Ela agarrou seu braço, empurrou-o contra a parede e se apertou contra ele, esmagando-o
ali. Franziu o cenho, mas não a empurrou.

— Me deixe ir, saia.

Ela diminuiu seu agarre e soltou a mão.

— M e deixou plantada. Vinha te buscar.

Esqueceu que iria se encontrar com ela no bar.

— Surgiu algo.

Ela grunhiu quando o cheirou e olhou-o de forma sagaz.

230
— Vejo sua ereção. Quem é fêmea que cheiro em você? — Inclinou-se e cheirou
novamente. — Não é familiar.

— Não quero falar sobre isto. Peço desculpas, mas preciso ficar sozinho.

— Me chamou para jantar. Esperava que fizéssemos sexo depois de dançar. E me deve
uma explicação.

— Não sou seu companheiro.

Ela se afastou.

— Está de mau humor.

Lamentou as palavras duras.

— Não estou tendo um bom dia.

— O que aconteceu?

— Não quero falar.

— Quer lutar? — Inclinou a cabeça. — Diga o que está errado ou o faremos. Parece
irritado. Sei que eu estou. Gostaria de te dar um soco na cara por me fazer sentar em uma mesa
esperando por você quando não apareceu. Agora cheiro alguma fêmea desconhecida sobre você e
está duro como uma pedra. Pensei que teríamos um encontro, como os humanos e não fazer com
outras pessoas.

Agarrou seu peito e o empurrou contra a parede, com a camisa rasgando um pouco em
suas mãos.

— Concordei com isto, já que o sexo entre nós é bom e não é do tipo que exige muito do
meu tempo. Ambos desfrutamos de nosso espaço.

Ele a empurrou suavemente.

— Deixe de me tocar. Preciso de espaço agora. Faça sexo com quem quiser. Não posso
mais tentar sair com você.

Ela se inclinou, cheirando-o.

— Quem é ela?

Odiava ver a ira nos olhos de Kit. Era uma boa amiga. Inclusive ficaram mais próximos
recentemente, fazendo sexo algumas vezes. Não lhe importou que não quisesse que um homem
passasse tempo com ela depois. Não queria ficar. Apenas segurou duas fêmeas nos braços
enquanto dormia. Uma delas era Candi e a outra sua amiga Tammy. Ela tinha um companheiro e
ele a abraçou para mantê-la a salvo dos captores.

231
Teve o impulso de ligar para Tammy, mas deixou o telefone na mesinha do quarto.
Manteve sua amizade e poderia ser capaz de falar com ela sobre o que estava acontecendo.
Passaram juntos por uma dura prova.

— Estou falando sério.

Kit o tirou de seus pensamentos.

— Vou golpeá-lo se não me explicar porque me deixou plantada e com quem esteve.

— Adiante.

Ele inclinou a cabeça contra a parede.

— Macho teimoso.

Kit silvou. Logo mostrou os dentes.

— Deveria mordê-lo.

— Se isto te deixa menos irritada, faça. Sinto muito.

Sua expressão suavizou.

— Fale comigo. O que está acontecendo? Parece mal e está quase implorando para
machucá-lo.

Balançou a cabeça.

— Está sendo autodestrutivo. Conheço esta sensação.

— Não tem ideia de como estou.

— Sei que aceitou o nome Espécie por algum sentido de castigo auto imposto.

Lamentou ter-lhe contado isto.

— Não é um macho ruim Hero. Todos sabem por que matou aquelas humanas em
cativeiro. Isto não me transtorna da maneira como faz com algumas de nossas fêmeas. A maior
parte de nossa espécie matou humanos e não foi com a intenção de misericórdia. Foi para infringir
sofrimento e se vingar. É esta sua maneira de ter certeza de que não fique apegada a você,
deixando-me plantada e com o cheiro de outra sobre você? Não estou procurando um
companheiro. Apenas quero fazer sexo com apenas um macho por um tempo. Eu o escolhi porque
não é pegajoso e tem dor em seu coração. Somos iguais desta forma.

— Não tem nada a ver com você. — Respondeu com sinceridade. — Ou conosco.

Ela estreitou os olhos.

— Sabe por que escolhi meu nome?

232
— Não.

— Um dos psiquiatras gostava de construir pequenos modelos de carros de brinquedos.


Dizia que eram chamados kits. Há uma foto do que se supõe que deveria parecer depois de juntar
todas as partes, mas dentro da caixa, quando se abre pela primeira vez, é uma bagunça de peças,
algo confuso. — Vacilou. — Assim era como sentia. Era muitas peças desordenadas contidas
dentro deste corpo. Pareço inteira, mas por dentro não estou.

Levantou a mão para segurar seu ombro em um gesto de consolo. Ela o afastou.

— Não tenha pena de mim. Não a quero.

Deixou cair as mãos.

— Não o faço. É uma das fêmeas mais forte que conheço, Kit.

— É uma imagem que mostro ao exterior. Dentro sou um desastre. — Segurou seu olhar.
— Acabo de dizer algo que nunca disse a ninguém. Ambos sofremos dor profunda desde nosso
passado. Pode me machucar agora, se quiser contar aos outros o que acabo de dizer. Não quero
que me vejam como fraca. Se revele para mim. Me diga porque deixa que te chamem Hero e
porque está doendo.

Ele se sentiu obrigado a responder.

— A única pessoa para qual queria ser um herói e salvá-la foi a fêmea que acreditei ter
matado. Estava furioso naquele momento e com uma dor tão profunda que queria machucá-la. Sei
que o fiz. — Ele segurou seu olhar, sem se afastar. — Hoje ela entrou em Homeland. É seu cheiro
que sente. Mercile mentiu. Ela sobreviveu e escapou de onde a mantiveram presa.

Kit suspirou.

— Tem sentimentos por ela. Ela trabalhava para Mercile? Não vou julgá-la.

— É humana, mas foi levada para lá quando criança por seu pai. Ele assassinou a mãe dela
e ela foi testemunha. Queria se assegurar que não pudesse falar com outros humanos. Sabia que
Mercile não o castigaria pelo que fez. Criou-se comigo dentro de nossa cela, como se fosse um de
nós. Tratei-a como minha companheira, mas seu pai a levou para longe de mim e apenas permitia
que passássemos tempo juntos monitorados quando chegamos a idade que começou nossa
atração sexual.

Doía dizer aquelas palavras, mas o fez.

— Permitiu que outro macho a montasse antes que fosse capaz de reclamá-la como minha.
Por isto a ataquei.

— Porque faria isto? Ela não te queria como companheiro?

233
— Pensei isto. Por isso perdi a cabeça. Descobri hoje que a fizeram aceitar o felino ou seu
pai me mataria se a reclamasse primeiro. Fez para me salvar.

— Porque está aqui e não com ela?

— Eu a odiei por aceitar este macho. Eu mesmo me odiei por pensar que a matei. Morri
por dentro neste dia. Agora descubro que ela sobreviveu, porque aconteceu e não sei o que fazer.
Sinto raiva por tudo. Tudo isto me fez o que sou e finalmente tive um pouco de paz. Agora se foi.
Quero que volte a insensibilidade.

— Entendo. As coisas mudaram, no entanto. — Inclinou a cabeça. — Não há lugar para


onde fugir disso. Não há esconderijo para as coisas que sente.

Seu corpo ficou mais rígido, mas Kit pareceu ignorar sua reação ou tomá-lo como
advertência.

— Esta mulher te importava e ainda o faz ou não te romperia tanto. Está quebrado, Hero.
Ela poderia ser capaz de encaixar as peças para deixá-lo inteiro. — Deu um passo mais perto da
porta de trás. — O macho que eu amava está morto. Não há nenhuma esperança de vê-lo entrar
em Homeland para me buscar. Observei acontecer e vi seu corpo destroçado. Vá com ela, Hero.
Onde está?

— No meu apartamento. Deixei-a na minha cama.

Kit se agachou, pegou o cartão em seu bolso e passou na porta. Marcou o código e abriu-a.

— Vá com ela, Hero. Faça com que seu nome tenha significado, em lugar de ser uma forma
de torturar a si mesmo com a ironia dele.

— Porque está dizendo isto?

Seus traços suavizaram.

— Quero que seja feliz. Isto poderá me dar esperança de que um dia não serei assim.
Somos muito parecidos. Tire seu traseiro de macho daqui e volte ao seu apartamento. Enfrente
esta fêmea e o passado. Tente criar um futuro. Disse que ela é humana. Poderia deixar Homeland
para viver fora, mas ambos sabemos que não estará a salvo ali. Estão loucos e alguns poderiam tê-
la na mira pela associação conosco. Salve-a agora.

Ainda hesitou.

— Temo machucá-la. Sou um desastre.

— Ela também deve ser se se criou em Mercile. — Aprofundou o tom. — É um canino, não
um gato. Comporte-se como um macho. Acho que esta é a expressão. Não é um covarde. Como
ela não é. Pertencem juntos. Vá.

Ele se empurrou fora da parede e se aproximou mais de Kit.

234
— Apenas preciso correr.

— Estive em sua casa. É três andares para cima. Use a escada. Isto deve aliviar o impulso.
Não me faça levar seu traseiro ali. Não jantei e perdi o almoço. É um macho grande e pesa mais do
que eu. Iria me irritar usar esta quantidade de energia para subir as escadas com você nos braços.

Entrou e se virou.

— Eu...

— De nada. Sei que não se sente agradecido neste momento, mas pode fazê-lo mais tarde.
— Sorriu. — Deixe de esperar. As fêmeas odeiam que as façam esperar.

Ela fechou a porta em seu nariz. Deu a volta, olhando o corredor que conduzia à escada.

— Porra.

235
Capítulo Seis

Candi lavou o rosto no lavabo do banheiro de 927 e colocou as roupas para lavar, as quais
descartou no chão depois que tentou seduzi-lo para que a montasse. Saiu do quarto e ficou
olhando a porta do corredor. Era tentador sair para buscá-lo, mas não queria ser encontrado. Já
havia demonstrado.

Ela se moveu ao redor do apartamento, tocando suas coisas. Não tinha muitos objetos
pessoais, mas havia uma foto dele com um casal em uma estante. O macho era um enorme felino
com traços duros que segurava uma fêmea humana perto de seu corpo de uma forma possessiva.
927 estava parado a pouco centímetros de distância deles e todos sorriam. Havia uma grande
quantidade de árvores ao redor.

A porta à suas costas se abriu e deu a volta, esperando Breeze ou um dos machos que a
escoltaram ao apartamento de 927. Surpreendeu-se quando 927 entrou e a fechou, com ele
dentro. Apoiou-se na madeira, a olhava com uma expressão sombria. Abaixou o olhar para seu
corpo, vendo alguns rasgos em sua camisa. Era possível que tivesse entrado em uma briga, mas
parecia muito bem, apenas um pouco irritado.

— Estes são Tammy e Valiant. — Murmurou. — Estão emparelhados.

Percebeu que ainda tinha a foto nas mãos e olhou para baixo antes de devolvê-la.

— Imaginei que ela pertencesse a ele.

— Tinha acabado de ser libertada quando esta foto foi tirada. Insistiram em tirar uma
comigo já que salvei sua vida. Deram-me uma cópia.

— É a que mencionou? A que não matou?

— Sim.

Desejava estar mais perto dele, mas ficou quieta para o caso de ele decidir abandoná-la
novamente.

— Obrigada por voltar.

— É minha casa.

Olhou para sua camisa.

— O que aconteceu?

Olhou para baixo, tocando um dos buracos. Ele suspirou e levantou o queixo, olhando-a
nos olhos.

— Não importa.

236
— Importa para mim. Breeze o fez voltar?

— Não foi Breeze. Teria mais buracos em minha roupa se alguém houvesse tentado me
obriga a voltar quando não queria. Teria lutado. Ela apenas fez isto para me fazer ficar quieto e
que pudesse ouvi-la.

— Ela?

— Uma amiga.

— Fez sexo com ela?

Ele afastou-se da porta e entrou na cozinha.

— Está com fome?

Ela estremeceu e a dor cravou-se em seu olhar. Ele não negou. Mudou de assunto. Então
ela tinha razão.

— Não.

— Deve tentar comer. — Abriu a geladeira, olhando dentro. — Posso fazer um sanduíche.

— Ela é importante para você? Tem um vínculo com ela?

Fechou a geladeira e a olhou.

— Não pergunte. Não quer saber.

— Sim, quero.

— Bem. Sim, Kit e eu fizemos sexo. Estive em sua casa algumas vezes. Estive com algumas
fêmeas quando ainda estava em Mercile. Usaram-me nos experimentos de reprodução depois de
dizerem que a matei. Christopher quase me bateu até a morte como castigo e me converti em um
dos machos de Evelyn. Ela levou até mim algumas fêmeas Espécies e as montei. Neguei-me a ver
alguém mais morrer, até que me moveram e trouxeram aquelas humanas que capturaram. Eu as
matei como contei antes. Então Tammy foi levada à minha jaula e seu companheiro a localizou.
Libertaram-me no processo. Houve outras em Homeland e na Reserva depois que fui solto.

Candi precisava se sentar. Foi até uma cadeira e se deixou cair nela. O ciúme e a dor a
golpearam ao saber que tantas fêmeas o tocaram, mas também ouviu tudo o que disse. Ele não
quis ver ninguém mais morrer. Nunca esqueceria o macho felino e a surra que recebeu antes que
ela houvesse concordado em deixá-lo montá-la. Negou-se a tomá-la a força. Entendia.

— É a resposta que queria? — 927 grunhiu. — Não vou mentir.

Ela viu a raiva em seus olhos enquanto olhava dentro deles através da sala.

— Não quero que o faça.

237
— Não. Quer que a veja sofrer. Vejo sua dor.

Ele apertou os punhos de lado, avançou uns passos e logo parou. Seu nariz dilatou.

— Posso cheirá-la.

— Não quero que sofra. Por que acha isto?

Girou afastando-se, andando pela pequena cozinha. Finalmente golpeou o armário, a


madeira se quebrando e logo caindo no chão. Parte dela soltou-se, golpeou o balcão e logo caiu no
chão. Ele grunhiu. Candi se levantou e correu adiante. Sua mão sangrava.

— Está ferido.

Ele girou sua cabeça, grunhindo.

— Retroceda.

Ficou paralisada.

Ele abriu a torneira e empurrou sua pele machucada na água corrente. Ela retrocedeu um
pouco, mas logo deu um passo para o lado, colocando seu corpo entre ele e a porta de entrada,
para o caso de ele tentar sair novamente. Não descartava se lançar sobre ele para mantê-lo ali. Era
óbvio que não queria que lhe tocasse, assim duvidava que estivesse disposto a colocar as mãos
nela para tirá-la do caminho.

Fechou a torneira e usou um pano de cozinha para envolver sua mão.

— Não tenho planos de sair. Não precisa ficar em pé aí.

Ela não negou que era exatamente por isto que escolheu este lugar.

— Breeze disse que tem uma maleta de primeiros socorros em seu banheiro. Quer que o
pegue?

Balançou a cabeça.

— Por que iria lhe contar isto?

— Viu meus pés.

Franziu o cenho e olhou seus pés.

— O que?

— Cortei quando corri atrás de você.

Ele grunhiu.

— Não sinto o cheiro de sangue. Deixe-me ver.

238
— Estão bem.

Saiu da cozinha. Ela se manteve em forma quando a agarrou pela cintura e simplesmente a
levantou. Aproximou-se do sofá e a deixou cair nele, pegou um de seus tornozelos e puxou seu pé
para olhá-lo.

— Maldição. Já não está sangrando, mas precisa ser limpo. Não é Espécie. Facilmente pode
ter uma infecção.

Soltou seu pé, pegou o outro, colocando-o em sua mão sã e o levantou.

— Tem dois cortes. Fique quieta. Não se mova.

Ele a soltou, mas logo a olhou com expressão séria. Ela seguiu sua linha de visão e
percebeu que a camisa que usava subiu um pouco quando a deixou cair no sofá e levantou pelas
pernas. Parte de sua boceta estava exposta. Sua boca se apertou em uma linha sombria quando
ela levantou os olhos para ver sua reação. Ele ficou quieto, sua atenção se concentrou ali.

— Não quero que sofra, meu filhote. Nunca. Por que diz isto?

Isso conseguiu uma reação dele. Afastou-se e foi pisando forte até o quarto. Candi se
incorporou um pouco e puxou a camisa para baixo. Voltou rapidamente com uma caixa branca
escrito “Primeiros Socorros” e um símbolo vermelho estampado na parte de cima. Deixou-se cair
de joelhos, empurrou a mesa de café de lado e deixou a caixa na parte de cima da mesma. Abriu-a,
tirou umas quantas coisas e logo agarrou um dos tornozelos, levantando o pé.

— Isto pode queimar. Prepare-se.

Ela assentiu com a cabeça, olhando-o usar os dentes para arrancar um canto do pacote que
pressionou contra sua boca. Usou a compressa úmida para esfregar sobre o corte. Não foi
agradável e ele não foi suave. Apertou os dentes, mas não soltou nenhum som. Realmente se
assegurou de limpar a ferida, antes que parasse e colocasse uma faixa. Ele ficou em pé no chão ao
lado de sua coxa e foi depois ao outro pé. Levantou-o para ele.

Olhou para baixo entre suas coxas e congelou. Ela sabia o que ele via, com suas coxas
entreabertas e uma perna levantada. Estava exposta novamente, mostrando sua boceta.
Contemplou a opção de se agachar para manter a camisa no lugar sobre ela, mas decidiu não fazê-
lo.

Ele afastou o olhar, limpou o segundo corte e colocou uma faixa sobre ele. Desenrolou o
pano de cozinha de sua mão, torceu o corpo para o lado e atendeu sua lesão. Ela ficou onde
estava, gostando de estar a poucos centímetros de distância.

— Vamos fingir que não me acusou de querer machucá-lo? — Ela manteve seu tom suave.

— Sim.

— Acha isto?

239
Isto lhe machucaria se ele acreditasse.

Hero fechou a caixa e colocou tudo o que usou sobre a mesa. Negava-se a olhá-la.

— Não quero desgostá-lo ou irritá-lo. Estou tentando conhecer o macho em que se


converteu. Isto é tudo. Temo que já não me queira e que agora outra fêmea é mais importante
para você do que eu.

Sentou-se sobre os calcanhares e a olhou. Estava claro que ele escondia suas emoções
dela.

— Não quero falar sobre isso.

— Contamos tudo um ao outro.

— Fizemos isto antes. Não mais. As coisas mudaram.

Isso doeu.

— Quer que eu vá embora?

— Não sei. Está viva. Não sei como reagir ou o que pensar. Estou tentando manter a calma,
mas me sinto muito instável.

Pelo menos estava conversando com ela.

— Não poderia ter lutado tão duro para sobreviver se soubesse que iria trazer tanta dor,
meu filhote.

Ele se inclinou.

— Não diga isto. E não me chame de seu filhote.

A ira estava de volta em sua volta. Ela abaixou o olhar para seu peito. A visão de sua pele
bronzeada e nua através dos buracos da camisa era uma boa coisa para se concentrar, em seu
lugar.

— Irei embora, se apenas te trago sofrimento.

Levantou as pernas, virou-se e tentou deslizar para baixo do sofá evitando tocá-lo. Ele
estendeu a mão e colocou a palma aberta sobre seu estômago. Ela deixou de se mover. Ele não
disse nada enquanto uns longos segundos se passaram. Gostava do calor de sua mão ali,
esquentando a pele, apesar do fino tecido da camisa.

— Nenhuma mulher jamais poderá ocupar seu lugar.

Atreveu-se a olhá-lo e ele parecia triste. Ela sentia o mesmo.

— Sabe o que mais dói?

240
— O que? — Ele afastou a mão.

— Não que tenha montado outras fêmeas. Acreditou que havia escolhido outro homem
sobre você e que estava morta. Trata-se de compreender que não me quer mais. Não sou nada
agora, exceto as más lembranças que provocam estes sentimentos horríveis. Isto me rasga por
dentro, Hero.

O nome sempre soaria estranho, mas disse por ele.

— Direi para Breeze que o deixe ir para sua casa na Reserva e que ficarei fora da vista. Eu
te amo com tudo o que sou, mas não serei egoísta. Quero que tenha paz. Esqueça que estou viva.
Não vou existir para você nunca mais.

Saiu do sofá e caminhou para a porta. Pediria ao guarda do lado de fora que a levasse até
Breeze. Girou a maçaneta e abriu a porta, mas de repente uma mão enfaixada explodiu contra a
madeira e a maçaneta ficou fora de seu alcance. A porta se fechou de golpe. Deu a volta, olhando
para Hero. Seus olhos estavam atemorizantes e seus lábios entreabertos, mostrando os dentes.

— Eu te desejo. Este é o problema. — Grunhiu as palavras. — Perco o controle quando se


trata de você. Me faz sentir muitas coisas, Candi. Sempre o fará. Uma vez quis matá-la sobre o
outro macho. Você era minha! Sabe por que fugi de você no quarto? — Não lhe deu tempo de
perguntar. — Fiquei com medo de machucá-la. Está fraca e doente. Não posso montá-la. Fico
furioso porque desejo isto.

Desejava-a. Ela estendeu a mão e agarrou seus ombros.

— Não vai me machucar. Não estou doente.

— Fodida mentira.

— Apenas tenho que ganhar peso. A Dra. Trisha...

— Bem. Está fraca. Sente-se facilmente rompível em meus braços. O cativeiro faz isto.
Precisa de tempo para ficar forte antes que a leve para minha cama. E se te machucar? Já tenho
culpa o suficiente. Não suporto mais.

— Que culpa?

Afastou-se, olhando pela sala. Passou os dedos pelo cabelo. Começou a andar, disparando
olhares furiosos para ela.

— Que culpa? Sei que não queria me machucar com as correntes. Não acho que teria
quebrado meu pescoço se houvesse chegado a mim. Não quero acreditar nisso. Teria parado
antes de tomar minha vida se ficasse livre e tivesse me alcançado.

Ele deixou de caminhar.

— Nunca saberemos.

241
— Deixe ir. Eu o faço. Nunca te culpei por sua raiva ou dor. Nunca.

— Como se sente, sabendo que estava livre, enquanto você ainda estava presa em
cativeiro? Contamos com uma equipe de trabalho que procura fêmeas desaparecidas. Ninguém
procurou por você. Nunca falei sobre você a eles, Candi. Não mencionei nada à ONE sobre a
menina humana que foi criada comigo dentro daquela cela, porque não queria que soubessem
que causei sua morte.

Algo disso começou a fazer sentido para ela.

— Pensava que estava morta e que não havia razão para mencionar. Levaram-me para
longe de Mercile. Como poderia saber?

— Eu te decepcionei. É o que sempre faço. Você permitiu outro montá-la para me salvar e
eu te machuco em troca. Estava presa, mas nunca tentei resgatá-la. Chegou aqui por sua conta,
depois de ter que matar para conseguir sua liberdade. Queria que te abraçasse quando nos vimos,
mas escapei. Agora se oferece para ficar longe de mim, para que eu me sinta culpado por todas as
vezes que falhei em ser o macho que merece.

Seu coração se rompeu.

— Eu errei. Isto me dói mais. Nunca me decepcionou. Deixe de pensar assim. — Foi atrás
dele. — Sempre foi o macho pelo qual vivo. Você é razão pela qual estou aqui. Você é meu mundo
inteiro 927.

Ela levantou o braço quando parou de frente a ele e deslizou sua mão pela nuca dele,
agarrou um punhado de cabelo e puxou. Hero fez uma careta, mas lhe permitiu abaixar o rosto
para ela. Segurou a parte da frente de sua camisa com a outra mão.

— Ouça-me, meu filhote. — Fez uma pausa. — 927. Hero. Como diabos me permitir te
chamar. Agora está irritado. Não volte a dizer que não me merece. Quer ver o quão fraca que sou?
Diga outra vez. Vou te dar uma surra e derrubá-lo. Você me ensinou a lutar. Não esqueci isto,
mesmo se você o fez.

Suas sobrancelhas se ergueram.

— A única maneira que pode me romper é se continuar machucando a si mesmo. Não


permitirei. Não se atreva. Eu te amo.

Ela diminuiu seu agarre no cabelo dele e envolveu os dedos ao redor de seu pescoço em
seu lugar, atraindo-o para mais perto.

— Eu te amo.

As lágrimas nadavam em seus olhos e envolveu seus braços ao redor dela.

— Você estava ali para me abraçar depois que minha mãe morreu. Você era o que me
mantinha quente e me consolava cada noite. Me deu uma razão para viver nesta cela. Me fez rir e

242
sentir coisas maravilhosas. A única razão pela qual estou viva hoje é porque foi minha razão para
lutar e continuar tentando escapar. Não se atreva a menosprezar nada disso.

— Candi eu...

Não parecia saber o que dizer, mas ela sim.

— Esqueça que eu disse que iria embora. Me nego a te deixara ir. Eu te encontrei e você é
meu. Lutarei com qualquer fêmea que tentar tocá-lo. Perseguirei você se fugir. Te encontrarei
novamente.

Ele a levantou do chão e ela envolveu as pernas ao redor da cintura dele. Deu a volta com
ela em seus braços e foi para o quarto.

— Sem mais fugas, Candi.

Ela se aferrou a ele.

— Certo.

— Não vou montá-la até que esteja mais forte. Me ajude a fazer isto se mantendo coberta.

Poderia viver com isto.

— Mas, planeja fazê-lo?

Ele grunhiu.

— Sim. Quando estiver forte e nós estivermos seguros que goza de boa saúde, depois que
a Dra. Trisha obtenha todos os resultados de seus exames. Não posso viver sabendo que te
machuquei de alguma forma.

— Posso ficar aqui com você? Dormir com você?

— Sim.

Parou junto à cama e a desceu suavemente.

— Mas tem que me ajudar a conseguir que melhore. Isso significa descansar e dormir. Vou
cuidar de você.

Ela não queria deixá-lo ir, mas deu um passo atrás e se endireitou na cama, obrigando-se a
ficar.

— Quer tomar as coisas com calma. Concordo com isso, sempre e quando estiver comigo.

— Não vou abandoná-la. Vou ligar para minha amiga Tammy. Ela é humana como você e
sempre se queixa do difícil que é manter o peso depois de ter seu filhote. Ela saberá como fazer
com que ganhe peso.

243
— Filhote?

Agachou.

— Esta é outra razão pela qual não vou montá-la neste momento. Poderia deixá-la grávida.

Ela se surpreendeu.

— Mercile encontrou uma forma de fazê-lo?

O horror veio depois.

Fizeram mais Espécies para atormentar? Para torturar com medicamentos?

— Oh não!

— Calma. — Disse com voz rouca, esticando a mão para acariciar seu cabelo.

Ele pareceu entender sua reação e os pensamentos que a acompanhavam.

— Mercile não conseguiu. Foi depois que fomos libertados. Os Espécies não podem
procriar, mas algumas fêmeas emparelhadas humanas tiveram bebês com machos Espécies. É
possível. — Olhou seu corpo. — Está tão fraca que temo que uma gravidez neste momento possa
te causar mais dano. Não vou correr o risco.

Emparelhados.

Ela o ouviu dizer isto.

— Vai me reclamar como sua companheira?

A boca dele se comprimiu em uma linha apertada.

— Isso está bem comigo. Eu quero.

Os lábios dele se moveram para cima um pouco antes de abrir a boca.

— É minha, Candi.

Eram as palavras mais doces que o ouviu dizer desde que descobriu que ele ainda vivia.

— Você é meu também.

— Vou fazer esta ligação. Descanse. Não pode ganhar peso se usar toda sua energia.
Voltarei logo e a manterei quente até que tenha fome.

Ela sorriu. Hero se levantou, tirando a mão dela de seu cabelo. Pegou seu celular na
mesinha ao lado e se foi. Manteve a porta do quarto entreaberta. Ela se deitou como uma bola.
Mal podia esperar que voltasse, para senti-lo ao redor dela, da forma como costumavam fazer, há
tantos anos em sua cela.

244
Sentiu sua falta. Uma parte dela ainda temia dormir, com medo de acordar dentro de seu
quarto no manicômio. Alguns dos medicamentos forçados em seu corpo lhe causaram sonhos e
alucinações muito realistas. Apertou o nariz contra o travesseiro de 927 e encontrou seu cheiro.
Isto a ajudou a relaxar.

***

Tammy recebeu muito bem a notícia de seu segredo, inclusive compreendeu sua reação
quando descobriu que Candi ainda estava viva, simpatizando com a culpa que acompanhou tudo.

— A parte mais importante é que você tem uma segunda oportunidade. — Afirmou. —
Qualquer erro que tenha cometido no passado não importa. O que importa são as coisas que fará
desde este momento adiante. Você a tem de volta, Hero. Esta Candi é a fêmea que sempre amou
e com quem desejou ter um futuro. Agarre-a, meu amigo. Esta é sua oportunidade de ser feliz.

— Sou imperfeito. — Admitiu.

— Não somos todos? — Bufou Tammy. — Ninguém é perfeito. É Espécie. Eu poderia estar
predisposta devido ao muito que amo Valiant, mas vocês são companheiros incríveis. Conhecerá
suas necessidades e fará todo o possível para assegurar que seja feliz. Essa é a melhor coisa que
pode fazer por ela, Hero. Sobreviveu ao inferno, assim que agora tem a oportunidade de mostrar
a ela todas as coisas maravilhosas da vida.

— Estou preocupado com ela. Está muito frágil.

— O chocolate é a resposta. Olho e ganho três quilos. Veja se gosta de hambúrguer com
bacon e queijo também, e batatas fritas. Acrescente algum molho e vai ter gordura ao redor de
seus ossos a qualquer momento. Entre na internet e encontre estes alimentos que dizem que não
devem comer fazendo dieta e a alimente com eles.

— Posso fazer isso.

— Sei que pode. Consiga que se envolva com algumas das companheiras humanas. Elas te
ajudarão a saber o que dar a ela para alimentá-la e como cozinhar.

— Estava pensando em levá-la para a Reserva. Confio em você para me ajudar a cuidar
dela.

Tammy vacilou.

— Acho que seria melhor se a mantiver em Homeland agora. Depois de dizer como estes
bastardos a mantiveram com drogas durante tantos anos têm que ficar perto do Centro Médico.
Trisha é uma médica incrível e está aí agora. Além disso, há alguns excelentes hospitais próximos
de Homeland, no caso de precisar de um especialista. Trisha pode conseguir uma consulta para ela
e isso será mais fácil se puderem examiná-la. Isso quer dizer que terá que levá-la a eles. Voar de
um lado a outro seria difícil, se tiver alguns problemas de saúde. Quero que sua Candi tenha a
melhor atenção médica e sei que você quer isso também.

245
— Quero, mas me preocupa não ser capaz de cuidar dela da forma que precisa.

— Fará tudo bem. O velho Dr. Harris não tem um bom trato com os pacientes e ele está de
serviço aqui. Preciso dizer algo mais para convencê-lo?

— Não. Teria que bater nele, se a incomodar.

Tammy começou a rir.

— É um bom médico, mas sim, precisa trabalhar as coisas que saem de sua boca. Deixa
escapar o que vem a sua mente. Acho que também se sentiria mais segura ao ter tantos Espécies
vivendo na residência, depois do que passou. Expô-la aos residentes da Zona Selvagem poderia ser
algo para fazer em um momento adiante. Já sabe como alguns são antissociais. Levou um tempo
para me aceitarem porque sou humana. Podem vê-la dessa forma em lugar de como uma Espécie.

— Ela é uma de nós. Como você é.

— Eu sei. Alguns dos Selvagens realmente odeiam os humanos, no entanto. Receberam


coisas piores que muitos outros Espécies. Valiant me conta histórias sobre como foi o tratamento
enquanto esteve em Mercile o que também me dá vontade de matar as pessoas. Eles o
mantiveram em uma jaula de leão e o pessoal podia olhá-lo como uma atração de circo. Fortaleça-
a antes de trazê-la para a Reserva. Irá querer que seu cheiro esteja todo sobre ela. Isto lhes ajuda
a nos aceitar, se cheirarmos como nossos companheiros.

Desligou com Tammy e se sentiu melhor sobre tudo isso. Era o que bons amigos podiam
fazer. Ela o viu em seu pior momento, quando foi sequestrada e presa com ele. Sua fé de que
poderia ser um bom companheiro para Candi ajudou com algumas de suas inseguranças.

Hero voltou ao quarto. A visão de Candi dormindo em sua cama o fazia se sentir bem.
Agachou e tirou os sapatos. Sonhou com abraçá-la novamente. Foi um inferno quando a levaram
longe dele. Ela era uma parte dele como uma de suas extremidades. Tirou a camisa rasgada e a
calça, mas vestiu uma cueca boxer.

Conseguiu se deitar sem acordá-la enquanto ficava contra suas costas e envolvia o braço ao
redor de sua cintura. Sua respiração constante e lenta lhe assegurou que não estava tendo
pesadelos. Quando crianças, várias vezes pesadelos a atormentaram. Presenciou a morte de sua
mãe pelas mãos de seu próprio pai. Ela amava aquela mulher que lhe deu a luz, sempre
compartilhando histórias de amor e risadas.

Amava Candi. Sua vida foi solitária até que ela chegou a sua cela. Não acreditou até então
que pudesse aprender a confiar em alguém completamente humano. Ela não era nada como os
técnicos. Inclusive saber que o Dr. C era seu pai não lhe dissuadiu de formar um vínculo profundo
com ela. Agora estava ali, viva e no lugar a que pertencia.

Abaixou o queixo para descansá-lo contra a cabeça de Candi, o pequeno corpo moldado
contra sua parte frontal. Já não desejava fugir de seus sentimentos ou dela mesmo e se
asseguraria que tudo funcionasse entre eles. Este era um novo começo.

246
Ela não foi libertada quando ele foi, mas diferente dele, ela não teria que navegar nessa
nova vida por conta própria. Os amigos eram fantásticos e ele os apreciava, mas uma companheira
era alguém com quem passar o resto de sua vida compartilhando cada momento. Não havia
dúvida de que Candi era sua. Ela sempre foi sua.

Seu corpo respondeu ao tê-la tão perto, mas ele ignorou seu pau duro. Temia que pudesse
machucá-la ou deixá-la grávida. Realmente estava frágil. Fez uma nota mental para falar com
alguém sobre o que fazer com os humanos que a mantiveram presa. Tinham que pagar.

247
Capítulo Sete

Candi observou 927 com cuidado. Mudou toda sua atitude com ela e ainda que o
apreciasse se perguntou por que ficou tão cômodo em aceitá-la em sua vida. Terminou o café da
manhã que ele levou.

— Bom?

— Gostei muito. Meu estômago dói um pouco. Isto foi muita comida.

— Tammy sugeriu. É uma das suas coisas favoritas para comer. Disse que hambúrguer de
bacon com queijo e batatas fritas são bons para ganhar peso. Pedi a um dos machos que o fizesse
para você. Ele se ofereceu a me ensinar, se gostar do hambúrguer, assim também poderei fazê-lo.

— Isso foi amável de sua parte.

— Alguns de nossos machos realmente gostam de aprender coisas, mas sobre tudo
cozinhar. Gostamos da comida.

— Estava realmente boa. Havia outros sabores.

— Com o que te alimentaram depois que deixou Mercile?

— Sobre tudo com farinha de aveia, ovos e muita sopa. Não era muito bom. Mal comia
carne, já que apenas me permitiam usar colher de plástico.

— Não me estranha que esteja tão magra.

Ela sorriu.

— De fato, senti falta das tiras de carne de Mercile.

— Vou lhe fazer um filé. Sou bom nisso. — Ficou em pé.

— Não agora. Estou cheira.

Ele sorriu.

— Desculpe. Estou ansioso para conseguir deixá-la bem. As fêmeas da residência das
mulheres estão assando algumas coisas para você. Vão lhe dar uma torta, alguns bolos e biscoitos
hoje.

— Isto é realmente amável de sua parte.

— Todos estão preocupados com você, Candi. Querem ajudá-la a ganhar peso. Fui até lá
enquanto tomava banho e contei que Tammy disse que precisava de muito chocolate.

248
Isto tocou Candi, saber que tantas pessoas queriam ajudá-la. Também lhe fez perguntar se
algumas destas mulheres foram as que fizeram sexo com ele. Não perguntou, não queria arruinar
a manhã por causa do ciúme. Era algo com o que teria que lidar. 927 estava realmente tentando
integrá-la à sua vida e isto era no que precisava se concentrar, não no que aconteceu no tempo
que estiveram separados.

— Gostaria de conhecer Homeland hoje? Todos estão entusiasmos para conhecê-la.

Ela hesitou.

— Muito cedo?

A preocupação se mostrou em seus olhos.

— Apenas quero passar tempo com você. — Admitiu.

— Entendo. Lembro de quando fui libertado. Foi incrível ver todos estes Espécies, mas um
pouco assustador. Passei muito tempo no quarto que me deram apenas tocando coisas e
tentando averiguar tudo. — De repente sorriu. — A televisão! É uma coisa maravilhosa. Quer ver
um filme comigo? Tenho alguns dos meus favoritos em DVD. São discos redondos que armazenam
e pode reproduzir uma e outra vez, tanto como quiser.

— Está bem.

— Sabe o que é bom para ver com filmes? Pipoca. Não tenho, mas conheço alguns machos
que também gostam destas coisas. Irei bater em suas portas e ver se têm algumas. Já volto.

— Pipocas?

— Irá gostar e tem muita manteiga. Provavelmente será útil para aumentar seu peso.
Voltarei logo.

Moveu-se rápido, abriu a porta e se foi. Ela balançou a cabeça, divertida. 927 parecia
decidido a dar-lhe de comer até que seu estômago explodisse. Ficou em pé e levou o prato para a
pia. Fez uma pausa, olhando para a lava-louça. Não sabia como usar. Deu uma volta pelo
apartamento pela manhã e apontou quais eram as coisas. Decidiu lavar o prato com a mão, algo
que confiava que poderia fazer. Alguém chamou a porta assim que deu a volta e abriu.

Breeze sorriu.

— Como foi? Ouvi que passou a noite com Hero.

— Sim. Deixou-me dormir com ele.

— Bom. Vou tirar o oficial, dado que já não é necessário.

— Entre.

249
— Estou a caminho do trabalho, assim que apenas tenho um minuto. — Breeze abaixou a
voz. — Funcionou? Eu o cheiro em você, mas tomou banho. Ele te montou?

— Não, mas me abraçou enquanto dormia. Tem medo de me machucar.

Breeze abaixou o olhar para ela.

— Compreensível.

— Ele vai esperar até que pese mais.

— Entende que isto pode tomar um pouco de tempo?

— Acho que não. Deveria ter visto o enorme café da manhã que me deu para comer e
agora foi buscar algum tipo de guloseima. Pipocas. Poderia me machucar com muita comida, em
lugar de fazer sexo comigo.

Breeze riu.

— Um belo esforço.

— O que significa isso?

— Desculpe. Parece tão humana que esqueci. Isto significa que está tentando e dando o
máximo possível.

— Tem seus amigos cozinhando para mim.

— Ah. Isso é tão doce.

— Eu sei. Apenas queria que não se preocupasse tanto comigo. Sou forte.

— Disse a ele?

— Sim, mas não me ouve. Ele me disse que poderia ter um bebê e tem medo, em minha
condição, poderia ser muito ruim.

Breeze entrou e fechou a porta. Abaixou a voz.

— Não está aqui, verdade?

Candi negou com a cabeça.

— Ele foi buscar pipocas.

— Certo. — Breeze abaixou a voz. — Eu te ouvi ontem. Tem quase nula experiência com os
homens e o sexo, já que apenas te montou um, quando era jovem e estava drogada. Tem medo de
tocar Hero?

— Não.

250
Breeze sorriu.

— Bom. Nossos homens tem um desejo sexual forte. Isto significa que eles têm ereções
constantemente. Todos eles mantêm uma loção em suas mesinhas de noite e a usam. Poderia
fazer isto por ele e ele poderia usar esta loção em você se realmente não quiser montá-la.

— Loção?

Breeze gemeu.

— Provavelmente é a única mulher Espécie que não sabe nada sobre masturbação. Alguma
vez viu um macho completamente nu?

Candi negou com a cabeça.

— 927 nunca tirou a calça em Mercile diante de mim. Ele inclusive me fazia fechar os olhos
e se afastava quando precisava usar o banheiro. Christopher ordenou que escondesse isto de mim.
Nunca empurrei porque não queria que fosse castigado. Ficava duro às vezes e podia ver o
contorno de como se parece por baixo.

— E o felino?

— Fechei os olhos. Ele me tomou por trás, assim não poderia ter olhado mesmo se
quisesse. E não queria.

— Ele te preparou? Desceu sobre você e colocou a boca?

— Não. Não queria que me tocasse de qualquer forma que não fosse imprescindível.
Apenas queria que acabasse de uma vez e lhe pedi que o fizesse rápido.

Breeze grunhiu e a irritação enrugou seu rosto.

— Deve tê-la machucado.

— Tento esquecer o que aconteceu dentro daquela cela.

— Não a culpo. Hero não irá machucá-la.

— Não importaria. Ele é meu macho.

Breeze se esticou para ela.

— Vou abraçá-la. Lide com isso.

Candi não se importou quando a fêmea colocou os braços ao redor dela e apertou.

— Obrigada.

Breeze a soltou e abaixou a cabeça, olhando fixamente em seus olhos.

251
— Tudo bem, os machos gostam de colocar a boca em seu sexo, ali embaixo. É incrível.
Gostará. Não se surpreenda quando Hero quiser fazer isto. Não há nada para temer. Nossos
homens realmente gostam se coloca loção em suas mãos e esfrega acima e abaixo onde ficam
duros. Conte com um desastre quando gozar. Isso é normal. Posso entender porque está com
receio de fazer sexo contigo, mas podem fazer coisas sem medo a ficar grávida. Teria que gozar
dentro de você para isto. Foi claro o suficiente?

— Sim.

— Encontre sua loção e consiga que tire a roupa. Isso deveria motivá-lo a querer tocá-la de
volta. Vai passar pelo menos um mês ou dois antes que esteja na forma segura para montá-la. Não
quero que se meta em brigas com outros machos pela frustração sexual e dormir contigo cada
noite vai fazer com que se quebre em algum momento. Assim, não quero que tenha que sofrer
com seu mau humor. Nossos machos ficam irritados quando estão sexualmente frustrados. Ambos
ficarão felizes.

A porta se abriu e Hero entrou.

— Breeze.

— Estava verificando sua fêmea. — Sorriu. — Meu turno está começando. Tenho que ir. —
Saiu.

Hero fechou a porta com chave. Mostrou duas bolsas planas envolta em papel
transparente.

— Tenho pipoca. Vou colocar no micro-ondas. Por quanto tempo Breeze esteve aqui?

— Não muito.

— O que disse? — Entrou na cozinha.

— Disse que poderia passar meses antes que ganhe mais peso.

Girou, horrorizado.

— Meses? Não. Vou alimentá-la bem.

Deu a volta, abriu uma espécie de caixa de metal que estava no armário e abriu os pacotes.

— A carne será de ajuda. Cada refeição terá alguma.

Ela não disse nada. Ele estava na fase da negação sobre que precisaria de tempo. Era seu
primeiro dia em sua nova vida juntos. Não queria discutir com ele. Tudo o que Breeze disse se
repetiu em sua mente. Seria muito mais fácil para ela mudar o plano de esperar para montá-la que
permitir que passasse tanto tempo.

— Estou decidindo que filme te mostrar primeiro.

252
— Eu me lembro, mas foi antes de me levarem contigo à Mercile.

— Tem algum favorito?

Ela negou com a cabeça.

— Não posso me lembrar muito. Eram desenhos animados.

Ele sorriu.

— Tenho alguns filmes que são desenhos. Isso ajuda. Há um sobre uma família de super-
heróis. Acho que irá gostar. — Sorriu.

— Tudo bem. Vou ao seu banheiro. Volto logo.

— Nosso banheiro. — Corrigiu ele.

Voltou ao micro-ondas e colocou um dos pacotes dentro.

— Isso levará uns minutos. Buscarei o filme.

Gostou que tivesse animado.

— Irei me apressar.

Saiu correndo da cozinha e entrou no banheiro. Inclusive parou para escovar o cabelo e os
dentes. Não precisou muito tempo para procurar nas gavetas e encontrar o frasco de loção.
Voltou para a sala de estar. Hero não olhou para ela, muito ocupado colocando algo em uma bacia
grande. Empurrou a loção atrás de uma das almofadas na lateral do sofá e se sentou.

Havia ligado a televisão e um menu colorido se mostrou na tela. Dois sucos foram
colocados na mesa de café com guardanapos. Dirigiu-se a ela com dois potes e um amplo sorriso
no rosto.

— Isto será divertido.

Deu-lhe prazer ver sua alegria.

— Estou alegre.

Ele sentou-se a pouca distância, colocou os potes sobre a mesa e pegou o controle remoto.
Ela observou sua roupa.

— Pode fazer algo por mim?

Ficou imóvel e virou a cabeça.

— O quê?

— Quero me aconchegar sobre você. Sua calça é áspera. Pode colocar o aquele short?

253
As sobrancelhas dele se levantaram.

— O que usou para dormir comigo.

Franziu o cenho.

— Chama-se boxer e isto não é uma boa ideia.

— É sim. Quero que estejamos cômodos. — Lançou um olhar para seu peito. — Sem
camisa também. Quero poder tocá-lo.

— É melhor se ficar totalmente vestido. Prefiro também que você use mais roupa, mas
parece que gosta de usar somente minhas camisetas.

— Por favor?

Ele grunhiu.

— Certo.

— Não se irrite.

— Não estou. Gosto da tortura. — Grunhiu.

Ficou em pé rapidamente e foi ao quarto.

Candi sorriu. Seu macho ficava lindo quando irritado. Pode ser que não o admitisse, mas
ela sabia por que estava. Esperava frustração sexual. Olhou a almofada ao lado. Não a teria, se ela
tivesse algo a dizer a respeito. Apenas precisava que relaxasse antes de tentar deixá-lo
completamente nu.

Usava uma boxer preta quando voltou. Candi engoliu saliva. Preferia vê-lo mais que
qualquer pessoa. Seu macho era bonito e adorava ver muito dele. Voltou a se sentar e agarrou o
controle remoto da mesa. Seu corpo parecia tenso e o mesmo estava sua expressão, mas começou
o filme. Deixou cair o controle remoto, agarrou um dos potes e o colocou em seu colo.

— Obrigada.

Avançou mais e se apoiou no seu lado. Permaneceu rígido, mas não se queixou quando ela
aconchegou mais perto. Na verdade levantou o braço e o envolveu ao redor de suas costas para
abraçá-la. Aproveitou sua outra mão para comer as pipocas.

Cheirava bem, mas não estava disposta a comer mais. Seu olhar se fixou na enorme tela e
teve que admitir sentir um pouco de emoção ante a perspectiva de ver o filme. Simplesmente não
tinha intenção de vê-lo todo. Era apenas uma questão de tempo antes de Hero abaixar a guarda.
Então o golpearia.

Hero amava o som da risada de Candi. Lançou um olhar para seu rosto e viu pura alegria
enquanto olhava o filme. Inclinou-se um pouco para frente, empurrou o pote de pipoca vazio

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sobre a mesa e girou o corpo um pouco para ela. Sentia-se bem tê-la ao seu lado. Ela não tirou a
atenção da tela, mas se inclinou contra ele, apoiando a bochecha em seu peito. A mão dela
acariciou sua pele. Seus suaves dedos estavam brincando um inferno com ele, enquanto acariciava
seu mamilo. Seu pau doía. Estava duro desde que começou a passar a mão sobre ele, mas
conseguiu manter o pau preso entre as coxas. Não queria que ela soubesse o quanto o afetava.

O chuveiro lhe fazia sinais. Atenderia suas necessidades uma vez que fechasse a porta
entre eles. Seu olhar desceu para as pernas dobradas dela. A camiseta estava muito alta, deixando
descobertas as coxas. Desejava tocá-la, mas manteve a mão em seu quadril. Foi um inferno tentar
dormir com ela, mas pensou que os dias seriam melhores quando estivessem fora da cama. Estava
errado. Desejava tanto Candi que era tudo em que podia pensar.

Olhou para o filme, mas não pôde se concentrar nele. Isto era novo. Viu-o dezenas de vezes
e sempre desfrutou da história. No entanto não tinha Candi junto dele. Ela riu novamente e
passou a mão desde seu peito até o estômago. Apertou os dentes quando seus dedos acariciaram
a pele um pouco mais perto da cintura da boxer. Seu pau palpitou quando a imaginou deslizando
esta mão mais para baixo.

Manteve a mão ali, esfregando e explorando. Ficou tenso, incapaz de suportar mais. Seu
pau estava ficando muito duro para mantê-lo contido.

— Preciso de um banho.

Ela levantou a cabeça e o observou. Tentou esconder suas emoções.

— O quê? Agora?

— Agora.

Ela o cheirou.

— Cheira bem. Porque precisa tomar um banho? Estamos vendo um filme.

— Candi... — Fez uma pausa decidindo ser sincero. — Tenho que colocar um pouco de
espaço entre nós. Termine de ver o filme. Eu já o vi muitas vezes. Volto em dez minutos.

Ela não se afastou dele, mas abaixou o queixo.

— Oh.

Ele se encolheu quando seguiu seu olhar. A boxer era um pouco larga e quase chegava aos
joelhos, mas o contorno de seu pau inchado era evidente, apesar de ele tentar mantê-lo entre as
coxas.

— Dez minutos. Voltarei.

Tirou a mão de seu quadril. Sentou-se e quando ela se afastou dele, ficou em pé rápido e
pronto para fugir. Candi pegou a cintura de sua boxer.

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— Espere.

Girou a cabeça para olhar para trás para ela, como o cenho franzido, ainda sem virar o
corpo.

— Me deixe ir.

Candi se esticou no sofá e afundou os dedos atrás da almofada. Pegou a loção e sorriu.

— Sente-se.

Estava muito assombrado para fazer outra coisa a não ser olhar entre o frasco e o sorriso
em seu rosto.

— Sente-se.

Ela puxou sua boxer. Deslizou por seu quadril e pernas. Caiu ao redor de seus tornozelos.

Ainda resistiu. Ela nunca lhe viu sem algo cobrindo seu pau. Esse não seria o caso, se desse
a volta. Sua mão acariciou seu traseiro e ele grunhiu.

— Sabe o que está fazendo, Candi?

— Não, mas acho que posso descobrir com a sua ajuda. Gire para mim ou se sente.

— Não quero te assustar.

Ela sorriu.

— É meu. Me deixe ver tudo de você.

Levantou um pé e logo o outro, chutando a cueca. Um macho inteligente deveria correr


para o banheiro, como pretendia, mas estava muito excitado para pensar com clareza. Candi
queria usar a loção nele. Virou-se ficando tenso, observando o rosto dela para julgar sua reação.
Teria que fugir se percebesse seu medo.

Seus olhos se abriram e seus lábios também. Não disse nada enquanto estudava seu pau.
Ele também abaixou o olhar. Não estava preso entre as coxas ou escondido agora. A mão dela se
levantou e roçou suavemente os dedos na parte de cima de seu eixo. Seus joelhos enfraqueceram
com este hesitante toque, mas se segurou. Ela não parecia assustada.

— Você está muito duro e é muito grande.

— Sim.

Não podia negar isto.

— Sente-se. — Repetiu puxando sua mão.

— Como gosta de ser tocado?

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Sentou-se, o sofá de couro ainda estava quente de seu corpo. Estava excitado e assustado
ao mesmo tempo. Abriu as coxas e inclinou-se para trás, empurrando o quadril para frente para
dar acesso à ela.

— O que você gosta?

Candi esperava uma resposta.

— Qualquer coisa. — Grunhiu.

Levantou os olhos para seu rosto e ela sorriu.

— Parece irritado.

— Dolorido. Excitado. Não irritado.

Ela deixou cair o frasco de loção sobre a mesa e esfregou as mãos. Teve um momento
difícil para respirar enquanto olhava. Ela o reduziu à capacidade de dizer apenas algumas palavras.
Ficou tenso quando segurou seu pau e gemeu quando envolveu ambas as mãos ao redor de seu
eixo. Explorou, esfregando as palmas e os dedos ao redor da sensível carne. Grunhiu quando ela
acariciou a ponta.

— Me faz sentir dor também. — Sussurrou ela. — Gosto de tocá-lo. Estou sendo suave o
suficiente?

Ele assentiu com a cabeça. Não podia falar. As mãos dela eram incríveis. Queria gozar
apenas por saber que era ela e ver as mãos de sua Candi dando-lhe prazer. Apertou os dentes até
que sua mandíbula doeu. Ela brincou com ele, acariciando acima e abaixo em seu eixo, esfregando
círculos sobre a ponta de seu pau, agarrando-lhe um pouco mais firme para apertá-lo.

— O que você mais gosta? Me diga.

Teve que afastar o olhar de suas mãos para olhá-la nos olhos.

— Acima e abaixo. Um pouco mais de força. Vou gozar rápido. Estou quase lá.

Não iria mentir para sua Candi.

Ele gemeu quando ela colocou uma mão sobre a outra em seu eixo e se apoderou de seu
pau com mais força. Deslizou-as até a base e logo acima até que passou o polegar pela ponta e
logo para baixo novamente. Ele inclinou a cabeça para trás e esticou os braços ao longo do
encosto do sofá, agarrando-o para não agarrar ela em seu lugar.

— É tão perfeito. — Sussurrou ela. — Tão bonito. Devo esfregar lento ou rápido?

Não lhe preocupava. Não lhe importava. Candi estava dando-lhe prazer. Abriu a boca,
respirando com dificuldade. Seu traseiro deixou um pouco o sofá. Bloqueou seu corpo para não
começar a se mover. Imaginou que seria assim quando estivesse dentro dela e isto foi tudo. Gozou
com força, incapaz de advertir-lhe antes de fazê-lo. Foi apenas um êxtase cego e seu sêmen

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explodiu para fora. Continuou tocando-o, quase o matando, a agarrou às cegas pelos pulsos e
tirou suas mãos de seu pau.

Lutou para recuperar o controle, mas demorou um minuto. Abriu os olhos e percebeu que
ainda tinha seus pulsos capturados nas mãos. Ele segurou seu olhar, lhe preocupava que ela
estivesse irritada. Em seu lugar, ela sorriu, como se perder o controle e gozar sobre as coxas,
estômago, nas mãos dela e uma parte de sua camiseta estivesse bem.

— Desculpe.

— Por quê?

Olhou seu corpo. Não se surpreendeu ao ver seu sêmen por todas as partes. Ele o sentiu
bater em sua pele. Levantou o olhar para seus olhos.

— Estava realmente muito excitado.

— Não entendo porque está pedindo desculpas.

— Deveria ter dito algo antes que acontecesse e cobrir a ponto do meu pau com a mão
para que não fosse por todas as partes. Também incho um pouco, se notou o nó que se formou
perto da base do meu eixo depois de gozar. É normal para um canino.

Torceu as mãos e ele soltou seus pulsos. Ela se agachou, surpreendendo-lhe e passando os
dedos por seu sêmen, estendendo-o por seu estômago.

— Esta é uma parte de você. — Olhou para cima. — Jamais peça desculpas por isto.

Ele colocou uma mão sobre a dela, prendendo-a em seu estômago. Sentou-se, segurando
seu olhar.

— Não está inquieta pelo que aconteceu?

— Não. Quero fazê-lo uma e outra vez. Gosto de tocá-lo e ver seu corpo reagir ao meu
contato. Seus músculos se contraem e se movem de uma maneira que me deixa dolorida. Gosto
de ver esta expressão em seu rosto. É quase como dor, mas não é. É sexy, meu filhote.

Ele lhe soltou a mão e girou para ela.

— Está dolorida?

Ela assentiu.

— Sim.

— Me mostre onde.

— Não gosta quando tiro a camiseta, mas me faz sentir assim por todas as partes.

— Tire.

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Não se incomodou em tentar suavizar o tom. Candi lhe ouviu grunhir muitas vezes. Doía e
sentiu o cheiro da excitação dela. Não podia montá-la, mas queria fazê-la se sentir bem. Seu pau
endureceu novamente apenas de pensar em como seria fazê-la gozar.

— Me mostre.

Moveu-se ansiosamente fora da camiseta. Moveu-se para tirá-la, mas ele a segurou
quando a soltou e usou para limpar suas mãos, logo seu ventre, as coxas e o pau. Neste momento
a deixou cair e deslizou do sofá. Os instintos predadores despertaram dentro dele enquanto a via
inclinar-se para trás da mesma forma que ele estava antes e abriu as pernas de frente para ele.
Queria saltar sobre ela, comê-la, de todas as formas.

Hero ficou de joelhos e agarrou o quadril dela, colocando-a onde queria. Arrastou-a para
ele e ela obedeceu. Deslizou-a para baixo, até que seu traseiro ficou na beirada do sofá. Isto
colocou sua boceta perto de seu pau. Ela colocou os dedos dos pés contra a mesinha de centro, as
panturrilhas de ambos os lados do quadril dele. Ele a soltou e agarrou uma das almofadas.
Deslizou a mão por baixo das costas e a levantou, empurrando a almofada para baixo dela. Isto
arqueou suas costas e ela se abriu diante dele como um bonito e sexy banquete.

Ainda não via medo nela. Candi segurou o olhar com expectativa. Então isto o tocou. Ela
aceitaria qualquer coisa que desejasse porque confiava nele. Suas mãos tremiam quando as abriu
e as colocou levemente nas coxas dela. Ela não estremeceu e nem se afastou. Empurrou para
cima, deslizando sobre sua pele e até seu estômago. Fez uma pausa.

— São muito ásperas as pontas dos meus dedos? As suas são muito suaves.

— Adoro suas mãos. Sente-se bem. Quase faz cócegas, mas não pare.

Seus mamilos endureceram quando ele deslizou suas mãos para cima e os acariciou. Eram
perfeitos, muito suaves e adorou brincar com eles. A respiração de Candi acelerou e também o
cheiro de sua excitação. Ele teve que empurrar seu traseiro para trás um pouco quando abaixou o
olhar para sua boceta exposta e percebeu que seu pau estava quase entrando em contato com
ela. Estava duro como uma pedra novamente, como se não tivesse acabado de gozar.

— Isto se sente muito bem.

Ela arqueou as costas e empurrou os seios contra as mãos dele. Ele apertou suavemente,
beliscando os tensos mamilos entre o indicador e o polegar. Candi gemeu e suas pernas se
separaram mais. Seus dedos deslizaram fora da mesinha e ela enganchou a parte posterior de suas
coxas com seus calcanhares.

Não queria entrar nela. Não podia se arriscar a machucá-la muito bruscamente com sua
excitação ou se arriscar a que ficasse grávida. Ela parecia muito frágil e isto lhe enfureceu, que os
seres humanos a tivessem enfraquecido. Mercile matou muitos Espécies, ainda que nenhum de
fome. Soltou seus seios e deslizou para baixo suas mãos. Seus músculos abdominais se apertaram
sob suas palmas e olhou seu rosto. Ela observava, seu rosto ruborizado.

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Tinha que ir pouco a pouco para resistir à tentação de fazer o que queria. Podia
surpreendê-la se a agarrasse pelo traseiro, se sentasse sobre seus calcanhares e colocasse a boca
contra sua boceta. Acariciou o interior de suas coxas em seu lugar, cada vez mais perto de sexo.
Ele continuou procurando algum indício de que estivesse assustando-a. Pararia se percebesse isto,
mas não viu nada para desanimá-lo.

Hero ficou mais audaz e passou o polegar sobre sua boceta. Sua respiração acelerou, mas
ela não protestou de forma alguma. Estava contente por seu nariz não estar errado, quando
passou o polegar sobre a prova de sua excitação e espalhou a umidade por seu clitóris. Parou um
instante quando seu corpo ficou tenso, mas ela não tentou se afastar. Colocou a prova como
suportava seu contato com um círculo na pequena protuberância com a parte suave da ponta de
seu polegar, a que estava justo acima da capa mais grossa de pele dura.

Candi respirou forte e suas mãos apertaram o sofá, conseguindo um bom agarre sobre ele.
Limpou a garganta, assim foi capaz de falar mesmo com o nó ali formado. Ela gostava quando ele
falava, assim o fez.

— Gostará disso, Candi. Quase se sente como dor, mas não tenha medo. Apenas tente
relaxar e me deixar fazer isto. Será maravilhoso.

Ela assentiu. Começou a acariciar seu clitóris novamente, dando voltas com a ponta do
dedo. Seus olhos se fecharam e mordeu o lábio. Um suave gemido saiu dela e o cheiro de sua
excitação ficou mais forte. Girou a mão um pouco de modo que seu polegar descansasse contra as
dobras de sua boceta. Ficou ainda mais úmida enquanto brincava com ela.

O sangue correu para seu pau já duro, mas ele ignorou seu mal estar. Isto era sobre Candi,
não sobre seu desejo de entrar nela. Ele deslizou o polegar pelo clitóris e o passou pelo mel de sua
excitação. Adorava o quão molhada ela estava. Cobriu seu polegar e voltou ao clitóris, acariciando
de cima abaixo em vez de círculos. Candi gemeu mais forte e os dedos agarraram o sofá.

— Está doendo. — Gemeu ela.

As panturrilhas dela apertaram contra seus quadris enquanto tentava fechar as pernas.
Sentou-se sobre o traseiro e se inclinou para frente para que seu peito mantivesse as pernas dela
abertas. Também usou seus braços para fixá-la.

— Não é dor. É um forte prazer. Confie em mim. — Disse.

Ela arqueou as costas e moveu seus quadris, apertando a boceta contra sua mão. Ele a
acariciou mais rápido e aplicou mais pressão. Não queria prolongá-lo para ela. Não esta primeira
vez. Seus mamilos duros e seu corpo rígido. Sabia que estava perto. Ele torceu o pulso para cima o
suficiente para colocar um dedo entre seu sexo e o polegar. Apertou a ponta do dedo contra a
abertura de sua boceta e introduziu em seu interior.

Porra.

260
Tentou não grunhir esta palavra, mas explodiu em sua mente. Ela estava muito molhada e
apertada. Sua boceta seria o paraíso para seu pau. Suas bolas se sentiam como se agulhas e
alfinetes estivessem entrando nelas enquanto empurrava este dedo em seu interior mais fundo,
até que encontrou o lugar que queria. Ele moveu o polegar e seu dedo em um ritmo que poderia
levá-la ao clímax enquanto seus músculos vaginais o seguravam forte.

Hero a observou enquanto balançava a cabeça, seu corpo se contorcia no sofá e seus lábios
se abriam. Gritou em voz alta, enquanto gozava em sua mão. Ela era linda e era sua. Negou-se a
tirar o dedo ou mover o polegar por seu clitóris. Simplesmente ficou quieto, sentindo suas paredes
vaginais contraírem com os espasmos. Seu corpo ficou frouxo enquanto ofegava.

Sofria fisicamente, já que nunca se sentiu tão excitado em sua vida, mas manteve seus
impulsos sob controle. Foi uma das coisas mais difíceis que já fez, porque queria retirar o dedo e
afundar seu pau em Candi.

261
Capítulo Oito

Candi tentou muitas vezes imaginar como se sentiria se 927 a tocasse ali. Sempre sabia
como fazê-la sentir-se bem lhe acariciando o cabelo ou passando as unhas por suas costas
levemente. Isto não era nada comparado com o que acabava de lhe fazer. Seu corpo sentia-se
lânguido, mas incrível. Abriu os olhos e sorriu enquanto levantava a cabeça para olhá-lo.

Sua expressão lhe lembrou de quando ele queria matar alguém. Seus dentes se cravavam
em seu lábio inferior e seus traços estavam tensos. Respirou com força, como o fazia quando se
enfurecia. O olhar em seus olhos quase lhe dava medo, mas não porque ela sentisse medo dele.
Era um que viu apenas uma vez antes. Uma dor transparente.

— O que há de errado?

Sentou-se, fazendo com que afastasse a mão dela. Sentiu falta de seu dedo dentro dela,
tocando-a intimamente. Manteve o olhar fixo no seu e se aferrou a seus ombros. Não falou.

— O que há de errado?

Ela acariciou os músculos rígidos.

— Fiz algo errado.

Fechou os olhos e negou com a cabeça.

Inclinou-se mais perto e algo se encostou a ela. Olhou para baixo por seu corpo para
encontrar a fonte. Seu pau estava mais duro que antes e isto parecia doloroso. Estava bem
vermelho. Moveu-se enquanto a olhava, como se estremecesse com espasmos uma e outra vez. A
ponta estava molhada, como se estivesse pingando um pouco.

— Oh.

Ela olhou seu rosto, mas ele manteve os olhos fechados, apenas silenciosamente de
joelhos na frente dela.

Procurou freneticamente a loção, mas não a viu. Agachou e fechou os dedos ao redor de
seu eixo, mas rapidamente percebeu que havia uma grande diferença entre ter a loção em sua
mão e não ter nada. Soltou um ruído rouco e ela parou.

Outra rápida busca visual não revelou onde estava a loção. Abaixou o olhar para onde suas
pernas estavam abertas. Todo seu sexo se sentia quente e molhado. Moveu os quadris mais perto
dele e agarrou seu pau novamente. Ela enterrou os dedos dos pés contra o tapete e moveu-se
para deslizar no sofá. Isto a colocou justo onde precisava estar, já que assim esfregava a ponta
grossa de seu pau contra sua boceta.

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Ele grunhiu e abriu os olhos. Suas mãos agarraram seus braços e Candi ofegou quando foi
empurrada para trás. 927 caiu com ela, inclinando-se sobre seu corpo quando caiu contra a
almofada atrás dela. Ela ainda tinha um firme controle sobre seu pau.

— Não.

— Está sentindo dor.

— Me dê um minuto. Eu irei me controlar.

Moveu-se em seus braços, apoiando um pouco de seu peso sobre os cotovelos, mas não
soltou seus ombros, mantendo-a imobilizada.

— Não vai me machucar. Quero saber como se sentirá tê-lo dentro de mim.

Ele a olhou com esta terrível dor no olhar.

— Isto não está ajudando.

— Está esmagando meu braço.

Ele arqueou as costas para colocar espaço entre seus estômagos. Foi o suficiente para que
se movesse um pouco. Candi estava cansada de que seu filhote fosse tão super protetor. Ele a
desejava e ela o desejava. Levantou as pernas e as enganchou ao redor de seus quadris, cravando
os calcanhares contra a parte superior das coxas para evitar que ele se afastasse dela. Ela segurou
seu pau mais apertado na base do eixo e moveu seus quadris. Entre seu controle sobre ele e seu
movimento, fez com que se esfregassem juntos de modo que a ponta de seu pau deslizasse ao
longo de sua boceta.

Ele grunhiu para ela, inclusive abrindo a boca como se planejasse mordê-la. Ela não sentiu
medo.

— Adiante. Faça, meu filhote. Não seria a primeira vez que me morde.

Balançou os quadris e observou seu rosto. Seus olhos se fecharam enquanto usava sua
boceta para esfregar contra ele em lugar de usar a loção. Sentia-se muito bem para ela e pensou
que fosse o mesmo. Ele grunhiu baixo e girou a cabeça.

— Pare. — Disse com voz rouca. — Vai me romper.

Sabia que ele não estava falando daquela grossa e dura parte de seu corpo que ela
continuava segurando. Mas de que iria romper sua determinação de não montá-la. Era algo com o
qual poderia viver. Ela o desejava e ele a desejava. Às vezes os machos eram irracionais e super
protetores. Sabia que não iria lhe machucar, mesmo se ele não soubesse.

Rodou seus quadris e contorceu até que o teve justo onde a desejava. Seu corpo, inclinado
sobre ela, estava tão rígido como uma estátua. Ele não se moveu, mas isto não significava que não

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pudesse. Ela alinhou seus corpos até que a ponta de seu pau pressionou contra o ponto onde seu
dedo estava. Ela usou as pernas, para puxá-lo mais perto, já que a deixou sem outra opção.

Sentia-se enorme e muito grosso. Seu corpo resistiu, mas estava decidida. Um pouco de
contorção e balanço dos quadris o colocou em seu interior. Seu filhote grunhiu e seu corpo ficou
mais rígido, como se não fosse suficiente atuar como uma estátua. Estava tão duro como uma.
Inclinou seus joelhos e levantou as pernas mais um pouco em sua cintura. Isto funcionou. Mais de
seu pau entrou nela. Soltou seu eixo, tirou o braço de entre ambos e o envolveu ao redor de sua
cintura. Passou as unhas por cima de sua coluna vertebral.

— Candi!

Soava como se houvesse entrando em pânico e estivesse irritado ao mesmo tempo e seu
agarre em seus braços deixando hematomas. Ela ignorou a leve dor e olhou seu pescoço, tão perto
de sua boca. Lambeu os lábios e levantou a cabeça o suficiente para chegar até ele. Mordeu
levemente e seu corpo estremeceu. Passou a ponta da língua sobre a marca que deixou e um
pouco mais abaixo na curva do ombro. Mordeu mais forte ali, sabendo que não iria romper sua
pele, mas o faria reagir. Conhecia seu filhote.

Hero soltou seu ombro e se inclinou, agarrando seu traseiro com sua enorme palma. Ela
gemeu ruidosamente quando desceu pesado sobre ela. Conduziu seus quadris para frente e ela
desfrutou da sensação enquanto a enchia. Estava profundamente dentro dela, seu pau tão duro e
grosso, que parecia como se, na verdade, fossem apenas uma pessoa.

Afrouxou seu agarre em seu ombro e deslizou seu braço entre ela e a almofada, agarrando-
a novamente, mas na parte posterior. Saiu um pouco e empurrou adiante. Ela gemeu mais forte.
Parou, simplesmente segurando-a com força.

— Sim. — Incentivou. — Não pare.

Cravou as unhas em suas costas e envolveu sua outra mão ao redor de sua nuca.

— Me reclame.

Ele virou a cabeça e afundou o rosto em seu cabelo, sua bochecha contra a dela. A mão
dele em seu traseiro encontrou um melhor agarre, a parte superior de seu braço pressionando
contra o exterior de sua coxa fixando-a contra o lado. Ele moveu os quadris, dentro dela a um
ritmo constante, mas sem pressa. Candi fechou os olhos e se aferrou a ele, fazendo-lhe ouvir o
bom que era através de seus gemidos e suaves gritos.

Ser montada por seu macho lhe deu um êxtase que aumentou a velocidade de seu pau
dentro dela, esfregando contra seu clitóris, aumentando as sensações que ameaçavam se
apoderar dela.

— Não pare. — Ofegou.

Conhecia seu filhote. Tinha medo de machucá-la.

264
— É tão bom.

Ele grunhiu e ela soube que deixou de se segurar. Fodeu-a com mais força, o sofá fazendo
rangidos como se fosse quebrar. Não lhe importava se o fizesse. Aferrou-se a seu macho até que o
prazer doeu e explodiu, destruindo-a. Gritou seu nome enquanto seu corpo o acolhia.

Mal era consciente dele empurrando sua mão dura contra seu traseiro, mas detestou
perdê-lo enquanto saia todo o caminho. Manteve-se a segurando, no entanto, presa sob ele no
sofá. Acabava de retirar seu pau. Ao mesmo tempo, soltou um som que nunca ouviu antes sair
dele. Era quase um grunhido lastimoso.

O domínio sobre seu ombro diminuiu até que já não era um agarre mortal e a mão em seu
traseiro a acariciou levemente. Levou um tempo para ambos se recuperarem e ele levantou a
cabeça quando o fez. Candi abriu os olhos e olhou os dele. Esperava que estivesse irritado.
Gostava de grunhir e falar quando ela fazia algo que o enfurecia.

— Você é muuuuuito má.

Parecia divertido. Ela sorriu, lembrando o passado.

— Sou.

— Sabe o que tenho que fazer quando é má.

— Não!

Ele tirou o braço de baixo dela, mas manteve o agarre em seu traseiro. Endireitou-se um
pouco, cravou os dedos em suas costelas e lhe fez cócegas. Candi gritou, rindo enquanto tentava
fugir dele. Seu ânimo ficou sério e parou.

— Eu te machuquei? Está sentindo dor? — Inclinou-se para trás, olhando para baixo. — É
muito pequena aí abaixo.

— Você que é grande demais.

Desejava tranquilizá-lo.

— Não me machucou, meu filhote. Sabia que não o faria. Gostei muito que me montasse.
Quero fazê-lo todo o tempo.

Seu macho deslizou a mão entre ambos e tocou sua boceta, mas não brincou com ela. Ele
esfregou um lado, como se procurando algo. Relaxou.

— O que está fazendo?

— Não cheiro sangue, mas queria me assegurar.

— Olhe para mim.

265
— O que?

Ele segurou seu olhar.

— Deixe de se preocupar tanto por mim. Não sou frágil.

Girou seu corpo e buscou algo no chão. Usou sua camiseta de lado para limpá-lo. Deixou-a
cair e estendeu as mãos.

— Venha comigo.

Ela agarrou suas mãos e ele a ajudou a levantar-se. Manteve o agarre de uma mão e a
levou para o quarto, atravessando e indo para o banheiro. Ela pensou que tinha a intenção de
tomar o banho que mencionou, mas parou na frente do espelho e a voltou para enfrentá-lo, assim
ficou atrás dela.

— Vê o que eu vejo? — Disse com voz rouca.

Realmente olhou para os dois. Ele era mais amplo e mais alto que ela. Sua pele clara
parecia pálida em comparação ao bronzeado dourado. Não era culpa sua já que não lhe permitiam
sair ao sol no manicômio. Seu corpo estava muito magro, causado por todos os medicamentos que
a obrigaram a tomar e as poucas refeições que lhe deram. Tinha que admitir que parecia muito
frágil e pequena se comparada a ele. Seu corpo parecia uma versão encolhida dos dezesseis anos
de idade, como quando estava em Mercile.

Hero soltou sua mão e envolveu seus braços ao redor dela, inclinando-se um pouco para
colocar o rosto mais perto. Seus olhares se encontraram no espelho.

— Vou me preocupar até que esteja mais forte e saudável. Me preocuparei inclusive então,
porque é muito importante para mim. Sua força interior e sua vontade são incríveis. É apenas que
neste momento estão contidas em um corpo frágil. Pode ver isso?

As lágrimas encheram seus olhos.

— Sim.

Ele deu as costas ao espelho.

— Não chore Candi. Esta não era minha intenção. Ficará sã e forte, mas deve ser tolerante
com meus medos. Pode fazer isto?

Ela assentiu. Secou as lágrimas.

— Obrigado. Vou tratá-la como um bebê. Lide com isto.

Ela sorriu. Aprendeu esta frase com ela, quando estava crescendo juntos. Dizia com
frequência quando se queixava de algo muito humano que ela fazia.

266
— Bem, mas isto de não fazer sexo é estúpido. Me nego a esperar para isto até que você
considere que esteja com bom peso.

— Quero não concordar com você, mas você é muito má. — Sorriu. — Não posso resistir a
você, mas apenas vamos fazer sexo com cuidado e não demais.

— Quanto é demais?

Hesitou.

— Não sei. Vamos ter que descobrir.

Ela lhe fez a pergunta que estava incomodando-a desde que se olhou no espelho e colocou
a si mesma neste estado mental.

— Eu te desagrado?

— Não. — Grunhiu. — Por que sequer pensa nisso?

— Não pareço bem.

— É minha Candi. — De repente sorriu. — Poderia ser feia e eu ainda a amaria. É minha.

Ela começou a rir.

— Não acha que sou feia, mesmo com meus traços divertidos?

— Disse isto quando éramos pequenos e ainda acho.

Ela levantou os braços e se inclinou adiante para poder envolvê-los ao redor do pescoço
dele.

— Eu te amo.

Ele a prendeu entre os braços e a levantou do chão.

— Eu também te amo. Tem meu coração e sempre terá.

Ela envolveu suas pernas ao redor de sua cintura.

— Senti sua falta.

— Está é a primeira vez que me senti completamente vivo e não ferido por dentro, desde
que te perdi.

— Eu também.

Ajudou-a ficar em pé e lançou os braços em seu pescoço.

267
— Não vou te perder novamente. Isto quer dizer que precisa me ajudar a te deixar mais
forte, sem dificultar. Tome um banho agora, vamos ver um filme para que possa comer as pipocas
e dormir um pouco depois. — Fez uma pausa. — Precisa dormir um pouco agora?

— Não. Não estou com sono.

Afastou-se e abriu o chuveiro, ajustando a temperatura para ela. Retrocedeu.

— Vá. Vou limpar o sofá.

— Tome banho comigo e te ajudarei quando sairmos.

— Não. Isto nos levará a problemas. Irá me tocar e eu a tocarei.

Ela sorriu.

— Eu gosto disto.

Ele negou com a cabeça.

— Filme, pipoca e dormir. Irá comer muito quando acordarmos e então será quando
iremos considerar fazer sexo. Não antes.

— E se eu escorregar e cair?

Seu sorriso aumentou.

— Poderia me machucar se não estiver ali comigo.

Um profundo grunhido saiu dele.

— Está sendo má. Eu te conheço Candi. Não me manipule.

— Tinha que tentar.

Um lento sorriso se abriu em seus lábios.

— É muito esperta, mas não irá fazer sexo comigo antes de dormir um pouco e comer
novamente.

— Certo. Posso me comprometer a isto.

— Nós dois o faremos.

— Eu o teria ensaboado por todas as partes. — Brincou, entrando debaixo do chuveiro. —


Quero aprender como tocá-lo de todas as formas que te façam sentir bem. Isto é difícil de fazer se
não me deixa.

Ele não respondeu e ela olhou para trás. Não estava no banheiro com ela. Tinha fugido.
Começou a rir. Poderia funcionar, mas não quis ir muito longe e que ele se afastasse. Era seu

268
macho. Um super protetor com quem seria difícil lidar até que tivesse mais peso, mas ele não era
o único teimoso.

Hero esfregou o sofá, agradecido por ser de couro. Foi um inferno deixar Candi, mas seu
medo de deixá-la grávida o motivou a encontrar força de vontade e determinação para fazê-lo.
Isto deixou um desastre, no entanto.

Precisava conseguir preservativos, não estava disposto a testar ainda mais sua capacidade
de se afastar dela durante o sexo. O chuveiro estava desligado quando entrou no quarto para
vestir uma calça. Puxou por suas pernas e parou na porta do banheiro, ainda que evitasse olhá-la
se enxugando.

— Tenho que deixar nossa casa por uns minutos. Encontre uma de minhas camisetas para
vestir e logo voltarei.

— Precisa de mais pipocas?

— Não.

Não demoraria. Correu até a porta, abriu-a e saiu pelo corredor. Não muitos Espécies que
moravam neste andar com ele estavam em Homeland. Estavam na Reserva. Percebeu que
ninguém que estivesse em casa poderia ter preservativos. Apenas os Espécies que queria fazer
sexo com humanas os tinham. Passou pelo elevador e desceu um andar. Ele bateu na porta de
Searcher. O macho abriu rapidamente.

— Olá Hero.

Ele o observou com um rápido olhar e logo inalou. O macho sorriu.

— Felicidades.

O macho não podia não sentir o aroma vindo dele.

— Tem preservativo?

— Em alguma parte.

O macho deu um passo atrás.

— Entre.

— Obrigado.

— Apenas tenho que me lembrar de onde os guardei.

— Não sabe?

Searcher negou com a cabeça.

— Não os usei. Gosto de estar preparado.

269
Ele estalou os dedos.

— Banheiro. Está justo ao lado da maleta de primeiros socorros. Usei a associação de


palavras para lembrar onde coloquei. Volto logo.

Hero franziu o cenho, repetindo o que o macho disse. Decidiu não perguntar por que o
macho achava que deveria ter preservativos junto com a maleta de primeiros socorros. Searcher
voltou e tinha uma caixa grande, fechada.

— Aqui.

— Obrigado.

— Como está sua fêmea? Todos estão preocupados com ela.

— Tudo bem.

Um sorriso curvou os lábios do macho para cima.

— Imaginei, já que está fazendo sexo com ela. Estou feliz por você. Há algo que possamos
fazer?

Hero levantou a caixa.

— Isto é tudo por agora.

Afastou-se e deixou a casa de seu amigo. Correu escadas acima, mas a visão de dois
machos e Breeze de pé no corredor o fez desacelerar. Breeze voltou-se para ele com um olhar
sombrio.

— Temos problemas.

— Candi! — Tentou empurrar além de Breeze.

A fêmea colocou as palmas em seu peito e o empurrou para trás.

— Ligamos para você, mas não atendeu. Estava a ponto de bater na porta, até que ouvi
que chegava. Ela está bem. Temos que conversar.

— O que houve?

Breeze deixou cair as mãos e olhou a caixa que segurava. Ela sorriu, olhando para ele.

— Fico feliz que esteja trabalhando nisto de fazer sexo.

— Breeze. — Ele franziu o cenho. — Qual o problema?

Sua expressão ficou séria.

— Entrevistamos Candi quando chegou pela primeira vez, mas conseguimos apenas
informação básica porque não parecia estar bem. Sua saúde era prioridade e planejávamos fazer

270
uma entrevista mais completa uma vez que Trisha a liberasse e fosse considerada em forma o
suficiente para responder nossas perguntas. Logo descobriu que estava vivo e sabíamos que era
importante para vocês dois ficar juntos.

— Quer entrevistá-la agora? — Negou com a cabeça. — Dê-lhe tempo.

— Já o fizemos. — Fury falou por trás dele. — Este é o problema.

Hero girou, estudando o sombrio macho.

— O que está fazendo aqui? Pensei que não estivesse trabalhando esta semana.

— A foto de sua fêmea está aparecendo em cada emissora de notícias. Encontraram o


corpo da médica que ela matou e a investigação do homicídio levou novamente ao hospital, onde
esteve presa. A polícia está procurando ativamente Candi. Temos que lidar com isto agora ou vai
ficar mal depois quando admitirmos que está aqui.

— Eles a mantinham prisioneira.

A indignação brilhou com veemência por Hero.

— Matou para salvar sua própria vida.

— Somos conscientes disto, mas nos comunicamos com as autoridades humanas porque
não temos suficientes detalhes.

Breeze deslizou entre Hero e a parede para ficar ao lado de Fury.

— Não podemos evitar por mais tempo, Hero. Por isso estamos aqui. Gostaria que
tivéssemos mais alguns dias, mas temos que lidar com tudo neste momento antes que algum
humano seja confundido com Candi. Tem uma caça completa montada porque acreditam que é
uma mulher instável e perigosa que já matou uma vez.

— Isto é uma puta mentira. — Grunhiu Hero.

Fury assentiu.

— Sabemos isto, mas as autoridades humanas não sabem. Apenas têm a informação que
lhes foi dada, que procedia de onde ela estava presa. Temos que esclarecer isto rápido antes que
alguém inocente se machuque.

— Não vou permitir humanos perto de minha Candi.

Hero não lhes deixaria transtornar sua companheira.

— Não será permitido entrevistá-la diretamente. A ONE vai lidar com isto, mas precisamos
mais detalhes de sua Candi. Nos ajudará a dar-lhes todos os fatos corretos. — Fury suavizou o
tom. — Vamos protegê-la. Ela é uma das nossas. Apenas precisamos detalhes específicos que a

271
polícia lhe perguntará. Isso é tudo. Não vamos sair de nosso propósito de não incomodá-la. É a
última coisa que queremos.

— Vamos fazer isto o mais fácil possível. — Assentiu Breeze.

— Os documentos de companheiros estão sendo elaborados neste momento e com data


retroativa de quando passou por nossos portões. — Fury fez uma pausa. — Assine-os e consiga
que ela assine. Precisamos desta documentação, no caso de que isto se complique. Isto cobrirá
nossos traseiros. Breeze interrogará sua fêmea e eu tenho que me sentar contigo. Precisamos
detalhes sobre quando a retiveram em Mercile, no caso dos humanos desejarem saber por que
estamos aceitando-a como uns de nós e que ela era sua muito antes que estivesse a salvo em
Homeland. Não queremos que isto se converta em um pesadelo publicitário com nossos inimigos
acusando-nos de proteger uma assassina atrás de nossas portas.

— Não vou deixar que a levem.

Fury estendeu o braço e agarrou seu ombro com uma mão.

— Nunca permitiríamos que isto acontecesse. As autoridades humanas não têm direito a
assaltar nossas portas para tentar levá-la. Encontrariam nossas forças se o fizessem. Gostaríamos
de evitar isto. Apenas estão esperando por nós para encher os espaços em branco.

Hero assentiu.

— Me deixe falar com ela. Me dê alguns minutos.

Todos saíram de seu caminho e Hero entrou em sua casa. Localizou Candi em seu quarto.
Usava uma de suas camisetas e sorriu.

— Demorou muito.

Colocou os preservativos na mesinha de noite, pegou sua mão e a colocou em seu colo.

— Vários Espécies estão esperando no corredor. Precisam fazer perguntas. Não está com
problemas, nem em perigo. É apenas que os humanos encontraram o corpo da mulher que matou.

Odiava o medo que via em sua expressão.

— Não. Não tenha medo. Não há razão para tê-lo. Breeze apenas tem que fazer algumas
perguntas. A ONE está nos respaldando, Candi. Eles não vão permitir que ninguém a afaste de
mim. Os humanos não têm direito a virem aqui. A polícia humana poderia querer interrogá-la, mas
lhes disse que não. Não vai ter que falar com ninguém, exceto com Espécies.

Ela respirou fundo algumas vezes.

— Não lamento ter matado Penny. Ela planejava me matar.

— Eu sei. Gostaria que deixasse esta parte de fora, a respeito de se sentir bem por fazê-lo.

272
Um sorriso se desenhou em seus lábios.

— Certo.

— Entendo. Está bem? Posso ficar ao seu lado enquanto Breeze fala com você.

— Me sinto a salvo com Breeze.

— Tenho que contar à ONE sobre nossa história. Sente-se cômoda com isto?

— Não me importa. Você se sente? Disse que nunca lhes contou nada sobre mim. Não
conte nada se isto pode te colocar em algum problema.

— Não o fará.

— Vamos acabar com isto.

Ela deslizou de seu colo. Ele segurou sua mão e olhou por suas pernas nuas.

— Vamos encontrar roupas para você primeiro.

— É apenas Breeze.

— Há machos no corredor. Não quero que nenhum deles veja muito de você.

Ela sorriu.

— Sou sua.

— É minha.

Enquanto se vestia, pensou em sua infância. Ela sempre foi forte por dentro, mas havia
algumas coisas das quais não podia se proteger...

Quando regressaram Candi à sua cela sua expressão era solene enquanto se sentava junto
a ele.

— ME ensine a lutar para que possa ser como você.

927 franziu o cenho.

— Não. É muito pequena.

— Estou crescendo.

Ficou em pé e lhe deu um puxão para levantá-la sobre seus pés. A parte superior de sua
cabeça somente chegava até seus ombros.

— Pareço ser o único crescendo. Está conseguindo ficar menor.

273
Ela começou a rir.

— Não estou!

Ela fechou as mãos em punhos e lhe lançou um soco, acertando-o no estômago.

— Isso dói?

Ele negou com a cabeça.

Seu bom humor desapareceu.

— Tenho dez anos de idade agora, não sou um bebê. Tenho que aprender a me proteger.
Os técnicos não se aproximam de você, a menos que te droguem primeiro. Comigo, apenas me
agarram e me arrastam pelo corredor, porque sabem que não posso causar muito dano.

— Quer que te droguem?

Algumas vezes não tinha sentido para ele.

— Bom, não. Mas tenho que aprender a lutar.

Levantou o lábio superior para mostrar-lhe os afiados dentes.

— Eles têm medo disto.

Ele estendeu a mão e agarrou seu queixo, forçando sua boca a se abrir.

— Você não os tem. Não poderia romper sua pele com estas coisas suaves.

Ela soltou-se de seu agarre e lhe lançou outro soco. Este lhe acertou suas costelas e deu um
passo atrás.

— Não faço isto.

— Doeu não? — Sorriu ela. — Vai me ensinar?

Ele negou com a cabeça.

— Isto somente poderia fazer com que te droguem e dói mais quando se luta.

Ficou mais solene novamente.

— Tinham uma mulher no lugar onde me levaram para os exames.

Inclinou a cabeça com curiosidade.

— Uma humana?

Ela negou com a cabeça.

274
— Eles bateram nela 927. Ela era aproximadamente de seu tamanho e estava muito ferida.
Os técnicos lhe fizeram isto.

As lágrimas encheram seus olhos.

— Pior do que vi em minha vida quando te machucaram, inclusive quando luta antes que te
levem para os exames. Provavelmente ela não sabia como lutar quando a atacaram. Não quero
que isso aconteça comigo.

A fúria o encheu.

— Grite chamando o Dr. C se começarem a bater em você.

— Não acho que irá me proteger.

— Você é sua filha. Os exames disseram. Ele não te matou, assim deve querer que viva. Não
sobreviveria a uma surra, Candi. Ele sabe disso.

— Supõe-se que não tenho que dizer a ninguém que sou sua filha. Disse que apenas poucas
pessoas sabem. Evelyn e alguns dos que vigiam nossa cela.

— Conte se forem te bater. Poderia fazer com que parassem.

— Não acredito.

Ele se aproximou e agarrou sua mão. Ele curvou sua própria mão em uma posição com
garras.

— Lute com isto. Use suas unhas. Não tem a força suficiente para ferir com seu punho. —
Levou sua mão até seu rosto. — Vá para os olhos. — Desceu sua mão. — A garganta depois.

Soltou sua mão, inclinou-se para frente, agarrou a perna dela por trás do joelho e dobrou,
levando-o até entre suas pernas.

— Faça isto o mais forte que puder contra os machos. Irá derrubá-los.

Ela assentiu.

— Eu te ensinarei.

Queria que fosse capaz de defender a si mesma se tivesse que fazê-lo. Isto lhe dava medo,
pensando em todas as vezes que era tirada de sua cela (para submetê-la à exames ou se queriam
lhe fazer perguntas) quando o Dr. C ordenava que se fizesse.

— Obrigada.

— Não vai ser fácil. — Advertiu, regressando ao colchonete onde dormiam. — Venha aqui.
Não quero que caia no chão. Está segura sobre isto?

Ela o seguiu e curvou suas mãos em garras.

275
— Preciso saber.

Era valente para ser tão pequena e fraca. Respeitava sua força interior, mas assim era sua
Candi. Sempre lhe assombrava. Agachou um pouco e lhe deu um tapa com uma mão, assegurando
de não fazer contato.

— Bloqueie. Uso o dorso de suas mãos e seus pulsos para golpear minhas mãos e evitar que
eu a toque.

Ela levantou o braço e o fez. Bateu novamente e ela conseguiu golpear sua mão, evitando
seu alcance. Ele sorriu. Era linda quando franzia o nariz para se concentrar. Ele se moveu mais
rápido e, de fato, neste momento a agarrou, segurando sua camisa. Puxou, derrubando-a a seus
pés e deixando-a cair sobre suas costas. Aterrissou com força e ao instante se arrependeu quando
ela ofegou. Agachou, preocupado de que pudesse tê-la machucado.

— Está bem?

Ela sorriu.

— Ficarei. Não me trate como um bebê.

Ele queria fazer isto. Nunca queria que ela precisasse usar nada do que lhe ensinou.
Endireitou-se e a ajudou a se levantar.

— Venha para mim.

Ela o fez e de novo ele a derrubou no chão, no colchonete. Caiu, mas rodou, virando-se para
se levantar. Admirou-a por isto. Lançou-se contra ele quem teve que se contorcer para evitar que
batesse em seu rosto. Tropeçou com sua perna e ele a agarrou pela cintura para evitar que caísse
no chão. Contorceu-se em seus braços e agarrou sua mandíbula.

— Zás! Poderia ter se machucado, se eu o tivesse feito mais forte.

Ele riu e abriu a boca, lambendo os dedos dela junto aos seus lábios. Ela tirou as mãos.

— Eu poderia arrancar seus dedos.

— Os técnicos não têm os dentes afiados.

— Bom ponto.

Agarrou-a com seu outro braço e a ajudou a ficar em pé.

— Tem certeza que quer aprender? Isto não será fácil e pode ser que consiga hematomas
quando trabalharmos mais duro para ensiná-la a se defender. Não quero voltar a machucá-la,
Candi.

Ela assentiu.

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— Eu sei, mas tenho que aprender. Sou mais dura do que pensa, 927. Nem sempre está
comigo quando me tiram da cela.

Tinha este olhar determinado que conhecia tão bem.

— Não me trate como um bebê.

— Você é meu bebê. — Brincou. — Meu pequeno bebê.

Ela girou até ele e lhe acertou em baixo no abdômen. Ele grunhiu e o esfregou. Isto a fez rir.

— Vê? Estou melhorando.

Ele assentiu com a cabeça.

— Vamos fazer isto, se insiste.

— Insisto.

Ela colocou suas mãos em garras e retrocedeu. Agachou um pouco e ela imitou sua
postura. Lançou golpes e ela os bloqueou. Ficou mais agressiva uma vez que sentiu que seus
reflexos estavam melhorando. Tocou-a algumas vezes, mas ela nem se incomodou, ainda quando
sabia que lhe doía um pouco. Simplesmente continuava indo por ele.

Era mais dura do que acreditou. Finalmente, a bloqueou e se contorceu no ar para que ela
pudesse aterrissar sobre ele quando alcançaram o colchonete. Ela estava sem fôlego. Ele riu entre
dentes mantendo-a perto.

— É suficiente por hoje.

Ela virou a cabeça e lhe beijou a bochecha.

— Estou te cansando. Admita.

Ele começou a rir.

— Você é a única que está ofegando.

Ela alcançou atrás e cravou os dedos de lado, movendo-o. Riu mais forte e rodou,
segurando-a debaixo dele. Ele lhe fez cócegas em resposta. Finalmente parou quando acreditou
que teve o suficiente. Olhou seu rosto e soube sem lugar a dúvidas que poderia significar sua
destruição por dentro se algo acontecesse com sua Candi. Queria protegê-la a todo o momento,
mas Mercile o fazia impossível. Acabava de fazer todo o possível para se assegurar que ficasse
forte e pudesse lutar quando não estivesse com ela.

277
Capítulo Nove

Candi observou Breeze sair e sentiu um grande peso sair de seus ombros. Contou tudo à
fêmea. A porta se abriu uns minutos mais tarde e entrou Hero. Parecia furioso.

— Por que está com uma câmera de vídeo?

— Pediu para filmar algumas de minhas respostas e concordei. Vão reproduzir para os
humanos.

— Não gosto disso.

Ficou em pé e se aproximou dele.

— Está sendo super protetor.

— Os humanos poderiam usar sua imagem de forma errada.

— Há uma perseguição ativa em curso por mim neste momento e algumas fotos tiradas no
hospital estão sendo mostradas nos jornais. Minha imagem já está aí fora. Prefiro que tenham a
verdade, em lugar de pensar que matei Penny porque estou louca e sou perigosa.

Seu olhar viajou por ela e bufou.

— Os humanos são idiotas se te virem como uma ameaça.

Ela sorriu.

— Eles não são como você.

Ele agarrou sua mão e puxou-a até a cozinha.

— Vou te alimentar.

— Bem.

Passaram-se umas poucas horas desde que viram um ao outro e tinha um pouco de fome.

— Estou bem, no entanto.

Parou e a levantou sobre o balcão, olhando-a nos olhos.

— Não gosto que tenha que passar por isto.

— Estou agradecida. Sabe quantos anos quis que alguém, qualquer um, me ouvisse? Agora
a ONE contará minha história. Todo o mundo saberá que o Dr. C matou minha mãe e que Penny
me manteve presa para que não pudesse expor a Mercile depois que me tiraram dali. A polícia vai
deixar de acreditar que sou uma assassina fria.

278
Inclinou-se adiante, apoiando a testa contra a dela.

— Teve que concordar com Breeze filmando-a?

— Não queria esperar a que eles escrevessem as coisas e assinasse. Breeze disse que os
humanos são melindrosos sobre trâmites e declarações. O vídeo simplesmente pode demonstrar e
provar que são minhas palavras. Dá o mesmo. Além disso, Breeze disse que os humanos poderiam
ver como estou e perceber que fui abusada.

Ele grunhiu.

— Não te pediu que tirasse a roupa, não é?

— Não? Como foi para você?

Levantou a mão e passou os dedos pelo cabelo, acariciando-o.

— Foi difícil falar do passado?

— Sim. Fomos à sala de conferências e apareceram mais machos para anotar o que eu
disse. Apenas compartilharão o que considerarem que os humanos precisam para protegê-la. A
equipe jurídica também estava lá. Estiveram ocupados desde que chegou, com a informação que
tinham.

— O que significa isto?

Ele fez uma pausa.

— Apenas diga.

— Localizaram o arquivo do assassinato de sua mãe. Estava sem resolver. Consideram que
a polícia ficará feliz em fechá-lo, uma vez que descobrirem que foi testemunha do Dr. C matando-a
e ao outro homem. Também descobriram um reporte de desaparecimento seu. O Dr. C teve que
apresentá-lo, uma vez que a polícia lhe notificou sobre o incêndio em sua casa e suas mortes. Seu
corpo não foi localizado. Disseram que era um procedimento padrão para um homem apresentar
uma denúncia e lhe faria parecer inocente por sequestrá-la.

Deixou que isso fizesse sentido.

— Também estabelece que estava na casa quando ocorreu um duplo homicídio quando era
criança e desapareceu neste momento. O álibi do Dr. C era as Indústrias Mercile. Disseram que
estava trabalhando esta noite, mas agora todo mundo sabe que mentiu. Um dos humanos que
trabalha em nossa equipe jurídica parecia muito contente com isto. Ele sente que pode provar que
foi levada ali.

— Bom.

— Ninguém vai levá-la longe de mim. — Endireitou-se. — Assinou os documentos de


companheiros? Tive que assiná-los primeiro.

279
— Sim.

Ele sorriu.

— Bom. Já era minha companheira, mas agora os humanos também sabem.

Afastou-se e abriu a geladeira.

— Vou fazer um sanduíche.

Alguém bateu na porta e Hero fechou a geladeira. Ele grunhiu enquanto a olhava.

— Não se desanime.

Virou a cabeça e o observou enquanto abria a porta de golpe. Duas fêmeas estavam ali.
Abriu mais a porta e entraram, carregando grandes sacolas.

— Trouxemos bolos, biscoitos e um frango frito. Ouvimos o que estava acontecendo e


pensamos que estaria faminta pelo jantar. — A fêmea alta sorriu para Candi. — Sou Bluebird e
está e Sunshine. Bem vinda à Homeland.

Hero pegou a comida dela e a colocou na mesa do café.

— Obrigado.

— De nada.

A fêmea que tinha mechas azuis no cabelo negro caminhou para Candi.

— Pobrezinha. Iremos fazê-la engordar mais rápido. — Moveu-se para Hero. — Deveria se
mudar para a residência das mulheres. Conseguimos a permissão das fêmeas Presentes.
Consideram que é mais razoável ter um casal emparelhado sob nosso teto. Será mais fácil para
alimentarmos sua fêmea se ela estiver ali e poderemos lhes fazer companhia enquanto estiver
trabalhando. Acreditam que ela deva estar aterrorizada, rodeada de tantos machos.

Candi quase riu ante sua expressão de assombro. Deslizou do balcão e se aproximou das
fêmeas.

— Obrigada. É muito agradável conhecê-las. Não tenho medo de ficar aqui.

A fêmea com mechas no cabelo arqueou uma sobrancelha.

— O cheiro não te incomoda?

— Qual cheiro?

A felina sorriu.

— Sou Sunshine. Não tem nosso nariz. Esqueci. Este prédio cheira a uma grande
quantidade de machos. Não é algo ruim, mas você é a única mulher que vive aqui. Verificamos e

280
Hero não pediu uma casa para casais emparelhados. — Lançou lhe um olhar curioso. — Porque
não o fez?

— Hmm. Não pensei nisso. Deveria.

— Não. Estamos bem aqui. — Candi se apoiou do seu lado. — Esta é nossa casa. Gosto de
estar rodeada de machos. Sinto-me a salvo.

Bluebird sorriu.

— Também estaria a salvo na residência das mulheres. Hero trabalha em turnos e vai ter
que deixá-la sozinha enquanto estiver de guarda. Não gostaria de sair conosco quando estiver
fora? Podemos ensiná-la como cozinhar e usar tudo o que há dentro de casa. — Abaixou a voz. —
Fazer uso daquela coisa, o aspirador. É esta máquina terrível que limpa o chão e chupa tudo. É
ruidoso e precisa vigiá-lo de perto. Aquilo tenta chupar as coisas que você não quer e então tem
que lutar com ele para conseguir suas camisetas de volta.

Sunshine riu.

— Disse que recolhesse sua roupa antes de passar o aspirador.

Sunshine rodou seus olhos e sorriu para Candi.

— Todos tiveram um momento difícil quando fomos libertados, mas nós te ajudaremos a
se ajustar. Somos sua família.

Candi se emocionou.

— Obrigada.

Bluebird olhou para Hero.

— Considere a possibilidade de se mudar para residência das mulheres. Provavelmente é


melhor se não pedir uma casa. A maioria dos machos que mudam para casas individuais o faz com
humanas. Sua Candi não sabe cozinhar ou usar os eletrodomésticos. Precisa de ajuda para
aprender, sem querer ofender, mas os homens se queixam muito quando ensinam... e aprendem.
Teria mais diversão sendo ensinada por fêmeas.

— Eu pensarei. Obrigado.

Sunshine vacilou e olhou para Hero.

— Fico feliz que esteja melhor. Estava preocupada, mas agora entendo porque estava tão
irritado. Seja feliz.

Ambas fêmeas se foram e Hero fechou a porta com chave. Ele parecia um pouco triste
quando a olhou.

— Quer se mudar para ficar com as mulheres?

281
— Você não quer se mudar para a residência das mulheres, verdade?

— Sim, se você quiser.

— Gosto da sua casa.

— Nossa casa.

— Posso visitar as fêmeas quando for trabalhar.

O alívio em seu rosto era quase cômico, mas conseguiu não rir. Isto ajudou a tomar a
decisão.

— Não quero me mudar.

Ele sorriu abertamente.

— Me deixe te alimentar.

Correu para a cozinha para pegar pratos. Candi ajudou sentando-se no sofá e abrindo os
vasilhames. Levaram bolo, biscoito e muito frango frito. Também havia outras porções. Hero
sentou-se junto a ela e sorriu.

— Nunca vimos o final do filme. Encontrarei onde paramos e colocarei novamente.

— Sim.

— Apenas se assegure de comer muito.

— Eu o farei.

Desejava que parasse de vê-la como alguém muito magra e frágil.

***

Candi acordou e sorriu. Estava sobre o peito de Hero. A tela azul da televisão
proporcionava luz o suficiente para que pudesse observar os traços dele enquanto dormia. Sua
expressão pacífica combinava com seu estado de ânimo. Tinha os braços levemente ao redor de
sua cintura para evitar que caísse.

Terminaram o filme e o jantar, depois guardaram o resto da comida. Assistiram a um


segundo filme e estavam a meio caminho através de um terceiro quando deve ter dormido. Ele se
deitou e a puxou para cima dele para segurá-la nesta posição.

As lágrimas encheram seus olhos e não tentou impedi-las. Seu filhote estava com ela, vivo
e bem. Parecia muito bom para ser verdade, já não temia acordar dentro de seu quarto no
manicômio. Não era um sonho induzido pelos medicamentos. Ele estava realmente com ela e
tinham um futuro juntos.

282
Ela apoiou a cabeça contra seu peito e se limitou a ouvir seu coração. Perdeu muito tempo,
mas todos os dias seriam preciosos a partir deste momento. Parte dela queria acordá-lo e levá-lo
para o quarto. Mas estava muito agradável ali. Apenas ficou deitada e desfrutou daquela
proximidade.

Um leve ruído chegou do corredor. O corpo sob o dela ficou tenso e Hero colocou os
braços com força ao redor dela enquanto tentava se levantar. Ela levantou a cabeça.

— Calma.

— Ouvi algo.

Uma porta se fechou no corredor.

— É apenas um dos seus vizinhos.

Olhou ao redor, mas pareceu aceitar a explicação.

— Segurança está trocando turnos agora.

— Sempre fica nervoso com cada som?

Ele a olhou nos olhos.

— Não.

— Continuo pensando em como os humanos poderiam querer afastá-la de mim.

— Breeze jurou que não podem entrar em Homeland para me levarem e a ONE nunca em
entregará. Não sou uma criminosa. Sou uma sobrevivente e realmente não sou uma deles. Os
humanos vão entender tudo isto uma vez que souberem o que fizeram comigo e porque matei
Penny.

— Simplesmente não confio neles para serem razoáveis.

— Breeze não está preocupada. Os machos com quem conversou estavam?

Sentou-se, movendo-a para seu colo.

— Não. Asseguraram que isto se resolverá rapidamente.

— Viu? — Sorriu. — Sou toda sua e ninguém vai nos distanciar um do outro nunca mais.
Está preso comigo.

Deslizou um braço sob seus joelhos, seu outro braço ao redor de suas costas. Levantou-se.

— Minha mente sabe isto, mas ainda me sinto incomodado.

— Entendo.

283
Entendia. Eles estando juntos novamente parecia quase bom demais para ser verdade.
Levou-a ao quarto e ascendeu a luz, levando-a para a cama.

— Volto logo.

Ela o viu entrar no banheiro e fechar a porta. Isto lhe deu tempo suficiente para tirar a
roupa que usava. Estava deitada na cama quando ele voltou. Ela lhe sorriu quando ele grunhiu
suavemente.

— O que está fazendo?

— Não vamos dormir novamente?

— Está nua.

— Não quero ter nada entre nós. Tire a roupa.

— É uma má ideia.

— Já comi e dormi. — Sorriu. — Pegue a caixa.

Esperava-se algum argumento, uma espécie de resistência, mas ele a surpreendeu. Pegou a
caixa da mesinha de noite ao lado da cama. Tirou a roupa e ela mordeu o lábio, desfrutando de
cada pedaço de seu corpo enquanto se revelava.

— Gostaria que pudéssemos ficar nus. Adoro olhá-la.

— Podemos, dentro de nossa casa.

Ele colocou o joelho sobre a cama, inclinou-se e apoiou os braços perto dela.

— Deite-se sobre suas costas e coloque os pés para mim.

Ela seguiu suas ordens. Ele sorriu e adorava vê-la sorrir.

— Coloque os calcanhares de cada lado de meus ombros.

Não tinha certeza do porquê queria que fizesse isto, mas não hesitou. Isto significava que
suas pernas estavam quase diretamente para cima já que ele estava muito perto dela.
Surpreendeu-a quando abriu os braços e abaixou a parte superior de seu corpo. Seus calcanhares
terminaram em suas costas em lugar de descansar contra seus ombros. Agarrou suas coxas e
abriu-as. Ela o olhou fixamente, não se preocupando que quisesse olhar seu sexo. Ela também
adorava olhá-lo.

— Sabe o que vou fazer?

— Olhar. Tudo bem.

Molhou os lábios.

284
— Lembra o que fiz com minha mão? Vou fazer com minha boca. Irá se sentir muito bem.
Me deixe ouvir se desfrutar, Candi. É um pouco diferente com os Espécies assim quero me
assegurar de estar fazendo o correto para você.

Parecia um pouco surpreendente, mas estava disposta a permitir que seu filhote fizesse
qualquer coisa com ela.

— Tem certeza sobre isto?

Ele riu.

— Sim.

Abriu-a mais, agarrando suas coxas com mais força.

— Quero te provar.

Ela assentiu.

— Qualquer coisa.

— Agradeço que confie em mim.

— Sei que posso.

— Pronta?

— Sim.

Ela tentou relaxar quando ele inclinou a cabeça mais baixa e seu hálito quente a tocou
intimamente. Quando a língua dele a tocou, estremeceu, mas apenas pela surpresa. Ele hesitou e
a lambeu novamente, sua língua era quente e úmida. Usando apenas a ponta para colocar um
pouco de pressão, concentrando-se em uma parte.

Cortou a respiração. Sentia-se estranha, mas era bom. Usou os lábios e ela agarrou o
lençol. Isto se sentia muito bem. Era um doce prazer. Ficou um pouco mais agressivo e Candi
gemeu.

— Oh!

Hero grunhiu e teve que segurar as coxas de Candi contra a cama quando ela tentou
afastar os quadris de sua boca. Seus gemidos lhe animaram e lhe assegurava que gostava do sexo
oral. Gostou do sabor dela e como se endurecia o pequeno feixe de nervos com o qual brincava.
Seu pau ficou duro. Ele poderia se viciar no gosto dela.

Queria usar os dedos para fodê-la enquanto lambia seu clitóris, mas ela continuava
tentando se afastar. Estava perto de gozar. Abriu os olhos, olhando-a. A visão dela agarrando seus
próprios seios, apertando-os, o fez grunhir. Isto a enviou ao limite e ela chegou com força ao
clímax.

285
Afastou a boca enquanto ela ofegava, seu corpo relaxando. Foi difícil abrir um dos pacotes
e pegar o preservativo. Odiava aquelas coisas, mas a segurança dela vinha primeiro. Abriu um
pequeno buraco com a unha em sua pressa em ajustá-lo na ponta de sue pênis. Jogou-o de lado e
pegou outro.

Reduza a velocidade. Exigiu mentalmente.

O confinamento do preservativo se sentia pouco natural, mas não podia se arriscar a que
Candi ficasse grávida. Levantou-se e arrastou seu corpo, assegurando-se que evitasse seu peso. Ela
sorriu, parecendo sexy e saciada.

— Você é linda.

— Como você.

Ela se levantou, envolvendo os braços ao redor de seu pescoço.

Olhou para baixo, quase sentindo culpa por querer estar dentro dela. Simplesmente
deveria ir ao banheiro e cuidar de suas próprias necessidades. Candi pareceu ler sua mente, no
entanto, quando ele a olhou novamente. Ela levantou as pernas e as envolveu ao redor de sua
cintura. Apertou-as, tentando puxar sua metade inferior contra ela.

— Não precisamos fazê-lo. Isto foi para satisfazê-la.

Mordeu o lábio e ajustou suas pernas, cravando os calcanhares em seu traseiro.

— Eu o quero dentro de mim. Gosto quando somos um.

Esta era uma maneira perfeita de expô-lo. Ele se abaixou e ajustou os quadris até seu pau
roçar entre as pernas dela. Encontrou o lugar correto e empurrou, entrando nela suavemente.
Teve que fechar os olhos, a sensação era muito intensa para fazer outra coisa que desfrutar do
bom que era montar sua fêmea.

Candi passou as unhas sobre sua pele, ao longo das costas, o que lhe fez grunhir. Afundou-
se mais nela, amando a forma como seu corpo o segurava e se ajustava. Seus lábios roçaram sua
garganta e gemeu.

— Meu filhote. Eu te amo tanto.

Obrigou-se a abrir os olhos para olhá-la. Não lhe importava que ela o chamasse assim. Uma
vez foi uma fonte de dor, mas agora, uma vez mais, era o termo carinhoso que sempre foi.

— Minha humana carinha-divertida.

Ela riu.

— Adora meu nariz pequeno e que não posso ferir com meus dentes planos.

Ele devolveu o sorriso.

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— É verdade.

Moveu os braços desde seus ombros para abraçá-lo ao redor da cintura. As unhas dela
arranharam suas costas, todo o caminho até a curva do traseiro. Ele grunhiu, conduzindo seu pau
nela mais fundo. Candi gemeu em resposta. Moveu-se lentamente, suavemente tomando seu
tempo.

Beijou-a na garganta, arqueou as costas e mordeu levemente seu ombro. Usou os lábios,
sua língua e os dentes para lhe dar prazer. Ela finalmente segurou seu rosto, puxando-o. Ele a
beijou nos lábios, aprofundando o beijo quando se abriu para ele.

Ele lhe ensinou a beijar. Aprendia rápido e ele não pôde se conter mais. Golpeou dentro e
fora dela, segurando-a no lugar. Queria continuar sendo suave, mas ela lhe animou com gemidos
altos e palavras ofegantes. Sua boceta se apertou com força ao redor de seu eixo em movimento e
ele rompeu o beijo para apertar os dentes, lutando para não gozar até que ela o fizesse.
Pressionou seu baixo ventre contra o sexo dela, assegurando-se de esfregar contra seu clitóris.

— Sim! — Gritou ela, seu corpo estremecendo.

Hero cedeu ao desejo e teve ânimo o suficiente para rodar de lado enquanto se soltava de
se controle. Manteve Candi próxima a ele, seu corpo tremendo e sacudindo-se enquanto seu
sêmen se derramava no preservativo. Ela acariciou seu peito com o rosto e sorriu.

— Adoro o sexo.

— Eu também. Estou te machucando? Estou preso dentro de você por causa no inchaço na
base do meu eixo. Já te falei sobre isto.

— Sente-se bem, não há dor. O sexo é tão bom porque somos nós dois, não?

Ele acariciou suas costas.

— Sim.

Ela ficou em silêncio em seus braços e inclinou-se o suficiente para olhá-lo. Manteve o
queixo para baixo, assim deslizou a mão e o levantou. Havia um olhar em seus olhos que não
gostava.

— O que foi?

— Nada.

Ela afastou o olhar.

— Não faça isto. Não mentimos um para o outro. Eu te machuquei?

— Não. Não é isto. Apenas estava pensando em algo, mas não quero que fique irritado.
Acho que poderia.

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— Pode falar comigo sobre qualquer coisa.

— Não sobre isto.

Ele suavemente rodou sobre suas costas quando o inchaço diminuiu e se levantou.

— Tenho que tirar isto. Volto logo.

Odiava sair de seu corpo, mas assistiu às aulas sobre preservativos. Mostraram aos machos
como colocar um e que era necessário tirá-los e jogar no lixo antes que seu pau suavizasse ou
poderia deslizar, anulando o propósito de usar um, em primeiro lugar.

Jogou-o no lixo do banheiro e lavou rapidamente as mãos antes de voltar para Candi.
Deitou-se junto a ela, de lado e a olhou nos olhos.

— Algo está em sua mente. Fale comigo. Não devemos ter segredos.

Ela mordeu o lábio.

— Candi. — Grunhiu. — Fale. Algo te incomoda. Divida comigo e vamos afrontá-lo.

— Estava pensando no bom que é o sexo entre nós. Me perguntava se era assim entre você
e as outras fêmeas. — Fez uma pausa, observando seus olhos. — Não foi sexo a única vez que o fiz
com aquele felino. Está irritado por estar pensando nisto?

— Não.

— Se segura muito, sendo protetor. Não tenho a experiência que outras fêmeas têm.
Entende o que estou dizendo?

— Não.

— Apenas tenho uma má experiência para comparar o que fazemos juntos. Você deve ter
muitas lembranças boas. Não tenho experiência com sexo como as fêmeas que deve ter
conhecido. Gostei do beijo, mas foi meu primeiro beijo. Fiz certo? Queria que soubesse mais?

Isto lhe causou frustração. Não ia dirigida a ela. Deveria se acalmar antes de voltar a olhá-
la. Lamentou que suas emoções houvessem saído à superfície tão logo viu as lágrimas em seus
olhos. De alguma forma a feriu.

— Compartilhamos amor e isto faz com que tudo seja especial entre nós. Gosto de ser o
primeiro em mostrar a você como beijar e como se sente minha língua contra você. É como
deveria ter sido.

— Não está dizendo isto apenas para me fazer sentir melhor?

— Sinto mais por você do que por qualquer uma, nem nunca o farei. Esta é a verdade
Candi. Não há comparação e não penso em ninguém, exceto em você, quando nos tocamos. Você

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me satisfaz. Nunca duvide disso. Gostaria que esquecesse este felino. Estou tentando muito fazer
o mesmo.

— Posso fazer isto.

— Não precisa se preocupar com outras fêmeas ou se me satisfaz. — Acariciou seu rosto.
— Gostaria de poder mudar o passado, mas já está feito. Você é meu tudo, Candi. Isto é tudo o
que precisa saber e se lembrar.

— É uma loucura ter ciúmes, verdade?

— Eu entendo. Quero matar aquele felino. Estou ajustando-me a isto ou do contrário teria
pedido que olhasse fotos de todos os machos felinos que foram libertados de Mercile para ver se
ele está vivo.

— Pensou em fazer isto?

Ele assentiu com a cabeça.

— Ele não tinha outra opção, também você não teve. Meu lado racional sabe. Salvou
minha vida. Nunca quero saber se ele está vivo e sobrevivendo. Ficaria muito tentando a matá-lo
de qualquer forma, apenas por causa do ciúme.

— Você é tudo o que sempre quis.

— Assim é como me sinto também, Candi.

— Deixarei de me preocupar então.

— Bom. É minha companheira, é minha fêmea e é meu tudo.

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Capítulo Dez

Hero se apoiou no balcão, com os braços cruzados sobre o peito e sorrindo abertamente.
Candi parecia feliz enquanto as três fêmeas lhe ensinavam a cozinhar uma bisteca em uma
frigideira de ferro. Sunshine, Bluebird e Midnight chegaram à residência dos homens e assumiram
o controle da cozinha. Ficou fora do caminho, mas manteve-se por perto.

— A frigideira está muito quente. — Advertiu Bluebird. — Use uma luva para tocar o cabo.

Sunshine assentiu.

— Queimei-me ao menos umas dez vezes porque me esquecia disso.

— E curei suas lesões cada vez. — Riu Midnight.

Um movimento pelo canto dos olhos o fez virar a cabeça. Torrent lhe sorriu e se apoiou no
balcão junto a ele.

— Sua fêmea parece muito mais saudável. Tem mais cor em sua pele.

— Sim.

— As fêmeas estão ansiosas para ajudá-la. Começaram uma campanha para que nós os
convencêssemos a se mudarem para a residência das mulheres para terem mais fácil acesso à sua
Candi. Juraram assumir o controle de nossa residência, se não o fizer.

Esta notícia o fez franzir o cenho. Torrent riu suavemente, mantendo a voz baixa.

— Não se preocupe. Gostamos dela invadindo nosso espaço. Ninguém vai pedir que se
mude. Deveria ter visto todos os machos que se ofereceram voluntários para limpar esta manhã,
uma vez que correu a voz de que planejavam usar nossa cozinha hoje. Havia vinte de nós aqui
embaixo.

— Você também?

— Quem não quer impressionar nossas fêmeas? Também somos competitivos. Queríamos
que nossa casa parecesse mais limpa que a delas. Sempre brincam sobre todos os hormônios
masculinos que cheiram quando vêm aqui.

— Sinto muito pelos problemas que estão tendo que passar.

— Não o faça. Foi divertido. As fêmeas também planejam ensinar aos seus como usar
aparatos de limpeza em casa. Espera-se uma pequena multidão para isto. Os rumores dizem que
uma delas tem medo dos aspiradores. Apostamos sobre as tarefas domésticas, se é verdade ou
não e quem tem este medo.

Hero começou a rir.

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— Entendi. Que tarefa você realizará?

— É minha vez de limpar o banheiro do andar principal na manhã de quarta. Apostei com
Jinx que elas esconderiam seus medos, se existem, de sua fêmea. Ele pensa que não serão capazes
de fazê-lo. Terá que limpar o banheiro se não estiver errado e eu cuidarei das ervas daninhas ao
redor do prédio na sexta.

— E se ele tiver razão?

— Tenho que limpar o banheiro novamente na próxima semana, quando for sua vez e ele
terá que tirar o pó da biblioteca para mim.

— Devo esfregar o chão da cozinha amanhã.

— É uma boa coisa que somente tenhamos uma tarefa inferior na semana.

— Há muito machos. Provavelmente as fêmeas têm mais tarefas.

— Isto talvez porque querem que se mude com sua fêmea para a residência das mulheres.
— Torrent sorriu. — Posso adivinhar quem terminará movendo todos os móveis e aspirando por
baixo. — Apontou para Hero. — Você.

— Não estou pensando em me mudar para a residência das mulheres. Candi quer ficar
aqui.

— Está cômoda vivendo com todos os machos ao seu redor?

— Sim.

— Bom.

Hero tinha algo em mente e dividiu com seu amigo.

— Todos estão aceitando-a?

Torrent segurou seu olhar.

— Por ser humana? Isto é o que quer dizer?

— Sim.

— Pensam nela como uma Espécie. Criou-se em Mercile. Eles a respeitam, Hero. Sua
história foi contada à todos.

Torrent virou a cabeça, olhando para Candi.

— É como uma Presente no tamanho, mas tem o valor de uma de nossas fêmeas fortes.
Escapou de seu cativeiro sozinha e matou para ganhar sua liberdade. Logo caminhou até o portão
principal sem medo e exigiu acesso. É uma fêmea incrível.

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— Sim. Apenas fiquei com medo de ter alguns problemas com ela vivendo na residência.
Alguns de nossos machos não confiam em humanos. Devo voltar ao trabalho amanhã e tenho
receio em deixá-la sozinha. Tenho a intenção de levá-la para as fêmeas.

— Deixe de se preocupar. Poderia correr ao redor da residência sem você ao seu lado e
não encontrar nenhum problema. Os machos adorariam.

Hero grunhiu baixo.

— Por quê?

— Relaxe. Eles sabem que é sua companheira. Todos sentem curiosidade sobre ela e Jinx
tem uma boca grande. Disse o valente que é e gostariam de conversar com ela. Isso é tudo.
Ninguém está acostumado a ter uma fêmea pequena, que se parece à uma Presente passando
perto deles sem ser tímida e temerosa. Sentem-se protetores com ela e desejam ajudá-la a que se
acostume a sua liberdade.

Relaxou.

— Entendi.

— Falando nisso, alguns machos queria se aproximar de você com uma lista que fizeram.

— Que tipo de lista?

— Querem fazer turnos para ajudá-lo a alimentá-la. Todos sabem que não se dá muito bem
na cozinha pelo que viram nas aulas quando estávamos aprendendo e admitiu isto fazendo com
que um deles cozinhasse para os dois. Um grupo deles deseja se oferecer para fazer suas refeições
por um tempo. As fêmeas se ofereceram também. Sei que ontem à noite elas levaram seu jantar.
— Torrent balançou a cabeça. — É um bastardo com sorte. Ninguém quer me oferecer comida.
Aceite a ajuda.

— Farei por Candi.

— Alguns deles se ofereceram para ensiná-lo a fazer coisas que ela goste.

— Certo.

— Bem. Anime-os nisto. Esta fêmea precisa engordar. Tenho vontade de bater em quem
esteve a ponto de matá-la de fome onde ficou presa.

— Eu sei. Sinto o mesmo.

Torrent abaixou a voz.

— Como está lidando com o fato de tê-la em sua vida de volta agora?

— Estou grato. Surpreendeu-me quando compreendi que sobreviveu. Não sabia como
processar.

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— Não o culpo. Tem sorte, Hero. Você a tem de volta.

Observou Torrent.

— Perdeu alguém em Mercile?

O macho se negou a olhá-lo nos olhos, movendo seu corpo no mesmo lugar.

— Apeguei-me a uma de nossas fêmeas que foi levada a mim algumas vezes para
experimentos de reprodução.

— Uma das que sobreviveu?

Balançou a cabeça.

— Não.

— Sinto muito.

Torrent encolheu os ombros.

— Nem todos saíram. Provavelmente teria rejeitado nos emparelharmos. Era uma primata
e tinha medo de mim. Estive trabalhando para ganhar sua confiança, mas logo fomos libertados.
Procurei por ela, mas... — Negou com a cabeça. — Inclusive revisei os outros lugares onde nos
levaram enquanto os seres humanos estavam tentando averiguar o que fazer conosco e dando-
nos assessoramento. Ela não sobreviveu. Permitiram que olhasse alguns corpos que recuperaram
e estava entre eles.

Hero se sentiu mal pelo macho.

— Sinto muito por sua perda.

— Não estávamos emparelhados, como você e sua fêmea. Simplesmente sentia algo por
ela. Doeu sua perda, mas assim é a vida. Aprecie sua Candi.

— Eu o faço.

Torrent o olhou e sorriu.

— Vou passar uma semana na Reserva. Espero com interesse isto. Gosto de trabalhar com
os residentes da Zona Selvagem e os animais resgatados.

— Pensei em levar Candi ali, mas Tammy disse que seria melhor mantê-la aqui por um
tempo.

— Estará mais segura aqui em Homeland. Fizemos um conferência telefônica ontem sobre
os problemas que estamos enfrentando na Reserva à medida que ampliamos nossos muros. A
segurança não é tão forte como deveria. Estamos deixando os muros originais até que os mais

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novos possam ser construídos, mas tivemos humanos infiltrando-se em algumas áreas que
compramos. Um grupo deles esteve acossando nossos vizinhos humanos.

— Por quê?

— Para tentar obrigá-los a vender suas propriedades a eles em vez de a nós. Deixamos os
proprietários em paz se não querem vender. Não podemos dizer o mesmo deste grupo. O xerife e
políticos locais estão ajudando, mas estamos muito espalhados.

— Não podem enviar um grupo da força tarefa para lá?

— Já estão sobrecarregados aqui com os portões e as rondas pelos muros, já que muitos de
nossos machos são necessários na Reserva. Ficarei grato quando todos os muros estiverem
levantados e estivermos seguros novamente. Vou conseguir que mais dos residentes da Zona
Selvagem participe na proteção em nossas fronteiras. Serei o encarregado deles.

— Estão cansados de receber ordens de Valiant? Ele não é um macho amável.

Torrent riu.

— Não, não é. Um residente da Zona Selvagem já se mudou a um hotel para evitá-lo.


Estavam se enfrentando.

— Leo? Ele é um macho tranquilo.

— Não. O outro macho leão. Lash se interessou por Tammy e seu filhote.

Isto alarmou Hero. Tammy era sua amiga, como era Valiant. Ele também protegia seu
filhote. Noble era seu afilhado. Tammy disse que significa que se algo acontecesse a ela e seu
companheiro, esperava que ele criasse seu filho como próprio. Ele aceitou esta responsabilidade
com grande honra.

— Interesse instintivo?

— Não, segundo Lash. Ele não quer o filhote e nem reclamar a fêmea de Valiant como sua.
Isto não é uma coisa honrada para o leão. Não era mais que curiosidade sobre eles, mas Valiant
não estava suportando nada disso. Lutaram algumas vezes e isto deixou Valiant territorial. Ele não
permite que Tammy ou seu filhote saiam de sua vista. A mudança de Lash lhe ajudou a se acalmar
um pouco, mas me pediu que cuidasse dos residentes da Zona Selvagem por um tempo.

— Precisa de ajuda?

— Sua prioridade está justo ali. — Torrent olhou para Candi. — Ficaremos bem.

— Me avise se precisar. Passei um pouco de tempo com os residentes da Zona Selvagem.


Valiant não me vê como uma ameaça, sem importar como agitado possa estar.

— Eu o farei, mas acho que posso lidar.

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Hero se concentrou em sua companheira. Ela ria de algo que uma das fêmeas dizia. Sorriu,
gostando de vê-la se divertir. Torrent se afastou e saiu da cozinha.

Candi lançou um olhar para Hero. Ele permanecia perto, assegurando que estivesse feliz e
segura. Midnight cortava a carne e Sunshine fritava a massa para os tacos. Bluebird cortava cebola
em rodelas.

— Não gosto disso. — Bufou a fêmea. — Faz sair lágrimas em seus olhos, mas tem gosto
bom.

Candi se inclinou e cheirou algumas vezes. Inclinou-se para trás quando queimou seu nariz.

— É horrível. — Riu Bluebird. — Seus olhos choram agora.

Ela levantou a mão e limpou a umidade. Percebeu seu companheiro atrás dela
imediatamente. Suas mãos se curvaram ao redor de seus quadris.

— Está incomodada?

— Estou bem.

— É a cebola, Hero. — Riu Bluebird. — Não estamos fazendo-a chorar. Pegue uma faca e
corte os abacates em cubos. Assim poderá ajudar já que está pendurado ao nosso redor.

— Não quero interferir.

Soltou Candi e retrocedeu. Midnight bufou.

— Justo como um macho. É provável que não possa identificar o que é um abacate.

Candi a olhou.

— Eu também não sei. É uma coisa como uma bola vermelha?

— Isto é um tomate. — Hero apontou uma coisa oval verde. — Acho que é isto.

— Estou impressionada.

Sunshine apagou o fogo sob o azeite.

— Tem a oportunidade de comer conosco por este acerto. Pegue os pratos. Sabe onde
estão, não é?

— Claro.

Hero girou, se dirigiu ao armário e o abriu.

— Estão aqui.

— Aí é onde guardamos os nossos também.

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Midnight colocou um prato de carne em rodelas no balcão da cozinha.

— Ambas as cozinhas principais das residências parecem ser iguais.

— O que eu posso fazer?

Candi olhou para as fêmeas.

— Está aprendendo. Não se queimou fritando os filés.

Midnight disparou um sorriso zombeteiro para Sunshine.

— Assim está bem à frente de algumas e nós.

— Esqueci. — Disse Sunshine. — Nem todas as frigideiras têm cabos quentes. As de cor
azul em meu apartamento não queimam minha mão.

— Não são frigideiras de ferro e nossas frigideiras têm cabos protegidos. — Midnight
pegou os pratos de Hero. — Sentem-se. Vou colocar o restante na mesa.

Sentou-se e Candi junto a ele. As fêmeas entregaram um prato a cada um, com dois tacos
que estavam cheios de verduras e carne. Ela o cheirou, não muito segura destes pedaços de
cebola que podia ver na parte superior.

— Prove. — Incentivou Hero.

Ele se aproximou mais e lhe mostrou como segurar um para provar.

— Mmmmm.

Ela sorriu e lhe imitou, mordendo. Fechou os olhos, desfrutando. Engoliu saliva e olhou
fixamente seu macho.

— Está bom.

Olhou para as fêmeas, todas elas observando.

— Acho que posso fazer tacos. Gostei.

As fêmeas pegaram seus próprios pratos de tacos e se sentaram no outro lado do balcão.
Midnight se revolveu ao redor do banco e grunhiu. Era um som aterrador. Surpreendeu Candi e
deixou cair seu taco em um prato. Hero se inclinou mais perto, colocando o braço ao seu redor.

Um macho felino retrocedeu, levantando as mãos, seu olhar preso em Midnight.

— O quê?

— Toque nossa comida e chutarei sei traseiro.

O felino levantou o lábio superior, fazendo um beicinho.

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— Cheira muito bem. Vamos Midnight. Apenas um?

— Não.

— Porque ele pode comer?

O macho fulminou Hero com um olhar.

— Ele é seu companheiro e ela nos ajudou a cozinhar. Deveria ter vindo aqui ajudar se
queria comer, em lugar de ficar na sala nos observando.

Midnight se virou, curvando-se sobre a comida.

— Tente pegar um e vou te morder.

O felino se aproximou mais, mas não fez um movimento para a comida. Em seu lugar, se
inclinou e sussurrou perto de seu ouvido.

— Gostaria que me mordesse.

Ela grunhiu novamente e virou a cabeça.

— Afaste-se. Não estou brincando. — Suspirou e olhou para Candi. — Tudo em que
pensam é em comida e sexo.

Sunshine levantou um taco de seu prato e o entregou ao macho.

— Aqui.

O macho se afastou de Midnight e sorriu, aproximando-se de Sunshine.

— Obrigado.

Sunshine encolheu os ombros.

— Não posso suportar ver alguém pedindo comida. Fico com pena.

Pegou o taco e fez cara feia novamente.

— Agora vou me sentir culpado se comer.

— Superará. — Riu Sunshine. — Pegue antes que mude de ideia.

Rapidamente o comeu.

— Agora estou te devendo. — Ronronou suavemente. — Quer ir ao meu apartamento para


que possa mostrar meu agradecimento? Ainda estou com fome.

Sunshine assentiu.

— Dê-me alguns minutos para terminar aqui.

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Segurou outro taco para o macho.

— Para que tenha força. Vai precisar. Estou cheia de energia hoje e você pode me ajudar a
acabar com ela.

Ele o pegou com entusiasmo. Bluebird rodou os olhos e golpeou o braço de Midnight com
o ombro.

— Vejo porque escolheu um humano.

Midnight se manteve em silêncio, comendo. Sunshine terminou sua comida e se levantou.

— Eu verei todos mais tarde. — Abandonou seu prato sujo na pia. — Adeus Candi.

Candi observou-a e ao macho se afastarem juntos e olhou para Hero, arqueando as


sobrancelhas.

— Vai compartilhar sexo. — Sussurrou ele.

— Oh. São um casal?

— Não. — Midnight deixou sua comida. — Nossas fêmeas fazem sexo com os machos. É
uma coisa casual. Entende?

Não entendia e balançou a cabeça.

— A maioria de nós não quer ficar com apenas um macho. Gostamos de nossa liberdade.
— Bluebird encolheu os ombros. — É difícil escolher apenas um, assim porque se incomodar?
Além disso, ficam muito territoriais. — Apontou o queixo para Hero. — Ele está quase grudado do
seu lado. Vê? Isto me incomodaria. Incomoda você?

— Não.

— Ela o ama. — Anunciou Midnight. — Provavelmente é um conforto para ela que ele se
preocupe tanto que queira estar com ela tanto como possível. — Terminou de comer. — Preciso
ir. Tenho que trabalhar. Foi bom passar tempo contigo, Candi. — Olhou para Bluebird. — Quer que
te ajude com os pratos antes de ir?

— Não. Posso fazê-lo. É meu dia livre.

Midnight saiu e eles terminaram o almoço. Hero se levantou.

— Vou lavar os pratos. É o mínimo que posso fazer.

— Obrigada. — Bluebird sorriu. — Vamos levá-los para jantar esta noite às seis. Até logo.

— São muito amáveis comigo.

Candi realmente apreciava isto.

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— Pode me ensinar como usar a lava-louças?

— Depois. Parece um pouco cansada. Porque não vai para casa e a encontrarei ali em
alguns minutos? Pode encontrar o caminho?

— Sim, mas quero ajudar.

— Descanse.

Estendeu a mão e passou os dedos por sua bochecha.

— Comida, dormir e então sexo. Lembra-se?

Ela começou a rir.

— Ah. Agora entendo.

— Vá dormir. Estarei ali logo. Isso não tomará muito tempo.

Ela o deixou e pegou o elevador para seu andar. A porta estava fechada com chave. Entrou
e estava a meio caminho do quarto quando alguém bateu. Deu a volta e abriu a porta. A comoção
golpeou-a ao ver o macho que estava ali.

— Olá Candi.

Ela não podia falar.

— Esperei até que estivesse sozinha para me aproximar. Soube que estava em Homeland e
vim da Reserva, esperando que fosse a mulher da qual falavam.

Seus olhos de gato, azuis muito escuros a olhavam detalhadamente com compaixão.

— Não pode ficar aqui. — Conseguiu murmurar finalmente. — 927 te matará. Ele sabe o
que aconteceu entre nós.

— Evelyn me disse que ele te atacou pelo que fizemos. Sinto muito. Ouvi que a matou.

— Era uma mentira. O Dr. C me levou e me manteve presa em outro lugar. Precisa ir.
Alegro-me que tenha sobrevivido, mas não posso vê-lo. Isto o incomodaria.

O macho piscou para conter as lágrimas.

— Queria me desculpar. Tentei não machucá-la. Lutei e teria deixado que me matassem
antes de tocá-la se não tivesse me pedido que o fizesse. Me arrependi desde então. Deveria ter
dito não.

— Pare. — Aproximou-se, olhou pelo corredor e logo para seu rosto. — Fizemos o que era
preciso para sobreviver. Aquele técnico teria te matado. Acha que não me lembro de seu sangue
caindo? Eu me lembro. Está feito. Não se desculpe e deixe-o ir. Perdoe a si mesmo. Não sinto
nenhuma dor ou raiva por você. Nenhum dos dois teve outra opção. Tentou não me machucar.

299
Agradeço por isto. Agora deve ir e esquecer o passado. Por favor? Simplesmente o machucaria.
Acreditou que escolhi você sobre ele.

— Posso dizer a verdade.

— Não! Hero vai matá-lo.

— Não lhe culparia.

— Por favor? Não quero que morra ou que tenha que viver com outra morte. Apenas
precisa ir e nunca falar sobre isto. Não pense nisso novamente. Esqueça. Eu o fiz.

Ele hesitou.

— Qualquer coisa que precisar, algo que possa fazer, entre em contato comigo. Escolhi o
nome Dreamer.

— Eu o farei. Por favor, deixe que isto vá embora, Dreamer. Por mim e por você mesmo. É
passado. Vá em paz.

Ele assentiu com a cabeça.

— Fico feliz que esteja viva.

— Fico feliz que tenha sobrevivido, também.

Ela retrocedeu e fechou a porta, com seu coração acelerado. O medo e o pavor a
consumiam. O que aconteceria se Hero corresse atrás deste felino que estava deixando o andar? O
que aconteceria se Dreamer decidisse confessar que ele era o macho que a montou tantos anos
antes? Se isto abrisse velhas feridas novamente, poderia deixá-lo irritado e alterado a ponto de
decidir não ser mais seu companheiro? Se Hero o matasse poderia ser preso?

Andou pela sala sem saber o que fazer. Debatia-se entre dizer a Hero a verdade ou ficar em
silêncio. Uns minutos depois, a porta se abriu e Hero entrou, com um sorriso no rosto.

— Pareceu gostar de sua primeira aula de cozinha.

— Sim.

Acalmou-se e tentou diminuir seu ritmo cardíaco.

— Deve dormir um pouco.

— Vai dormir comigo?

Ele assentiu com a cabeça.

— Claro. No entanto, vai dormir.

Aproximou-se dela.

300
— Nada mais.

Ela o amava com todo coração. O último que queria era vê-lo ferido ou irritado. As palavras
para dizer quem a visitou se negaram a sair.

— Eu sei. Gostaria de ser abraçada por você.

Sua expressão ficou séria.

— Está bem?

— Sim. Apenas quero ficar perto de você.

Ele a pegou nos braços, levantou-a e a levou para o quarto.

— Não vou a nenhuma parte.

Ele a colocou na cama e inclinou-se, tirando os sapatos e depois os dela. Deitou-se ao seu
lado e abriu os braços.

— Venha aqui.

Aconchegou-se contra ele e apoiou o rosto em seu peito.

— Sente-se perfeito neste momento.

Beijou sua cabeça.

— Sim. Durma, Candi. Descanse um pouco.

Fechou os olhos e concentrou-se nele, em lugar da injustiça de seu passado. Nunca


deveriam ter sidos separados. Ela culpava ao Dr. C e Evelyn por ter sido afastada de seu macho.

— Hero?

Estava começando a dizer mais fácil seu nome.

— Sim?

Acariciou suas costas, os dedos brincando com seu cabelo.

— Sabe o que aconteceu com Evelyn? Foi capturada?

Seu corpo ficou tenso.

— Desculpe. Esqueça que perguntei.

— Não. Está bem. Levaram-me daquela instalação antes que fosse invadida. Uma vez que
fui libertado de onde me mantiveram cativo, perguntei por ela e o Dr. C. Não foram capazes de
encontrá-los, mas a identifiquei por fotos que mostraram dos funcionários da Mercile. Morreu
depois que tudo sobre nós saiu a público. Ela sabia que as autoridades iriam atrás dela e tinha

301
família que sabia que trabalhava ali. A maioria dos humanos se horrorizou ao saber sobre nós e o
que foi feito. Ela optou por tirar sua vida em lugar de aceitar as consequências.

Candi se sentiu mal. Odiava Evelyn, mas ainda assim uma pequena parte dela se
entristeceu. Esta médica fez parte de sua infância, mesmo com suas más intenções na maioria das
vezes.

— Fico feliz que não esteja livre, mas isso me dói um pouco. — Admitiu, um pouco confusa.

— Nos acompanharam quando fomos libertados. Talvez devesse ter isto também. Ajudou
falar com o psiquiatra. Alguns dos técnicos e os médicos eram tão malvados que o fato de saber
que eles morreram de alguma forma ou que estão presos, é reconfortante. Alguns não foram tão
ruins e isto nos faz sentir conflitos. Erraram pelo que fizeram conosco, mas era tudo o que
conhecíamos, durante muito tempo.

Ela assentiu.

— Queria que pagassem pelo fizeram conosco.

— A psiquiatra que falou conosco nos comparava com crianças que foram criados por pais
gravemente abusivos. Eu realmente não concordo com isto já que nunca nos trataram como se
fossemos humanos, mas me assegurou que é normal não sentir alívio absoluto sobre o
descobrimento de que eles encontraram finais infelizes. Isto demonstra que temos compaixão,
algo que nunca tiveram conosco. Evelyn fez suas próprias escolhas, Candi. Ela poderia ter nos
salvado, chamando a polícia humana para dizer o que estava acontecendo, mas não o fez. Ajudou
a nos manter prisioneiros e nos considerou sujeito de testes. Sei que foi amável com você algumas
vezes, mas houve muitas vezes que não foi. Tinha que saber que o Dr. C matou sua mãe, mas lhe
protegeu. Permitiu que a levasse para aquele lugar e a tratasse como se também fosse um objeto
de testes. Lembre-se disso. Ajuda aliviar os sentimentos ruins que podemos sentir sobre seus
destinos.

— Obrigada. Estive completamente cheia de raiva durante todos estes anos e o único em
que pensava era vingança. Agora apenas quero se feliz contigo.

— Eu também quero isto. Estamos juntos novamente e isto é o que importa. Não poderiam
ter nos mantido separado para sempre.

— Eu te amo.

— Eu também te amo.

Envolveu seus braços ao redor dela.

— Agora tente descansar. Temos que conseguir colocá-la mais forte e mais saudável. Este é
nosso futuro.

Mordeu o lábio, ainda incapaz de fechar sua mente.

302
— Posso perguntar algo mais?

— Qualquer coisa.

— Quer tentar ter um bebê comigo?

Ficou tenso, mas relaxou rapidamente.

— Discutiremos isto em poucos meses.

— Não estou dizendo agora. Apenas quero saber se quer, em algum momento.

— Nunca faria nada que te colocasse em risco. É a coisa mais importante para mim.

— Vou ficar melhor e mais forte. Gostaria de tentar ter um bebê com você.

Ela abriu os olhos e levantou o queixo para olhar para ele.

— Tinha medo quando me explicaram sobre os experimentos de reprodução. Temia que,


se permitissem que ficássemos juntos, teríamos um filho e eles o tiraram de nós. Fiquei com medo
porque sabia que os atacaria para nos manter juntos e então perderia os dois. — Fez uma pausa.
— Não podem nos machucar nunca mais. Vai pensar nisso?

Lágrimas encheram seus olhos.

— Somente se a Dra. Trisha estiver segura que não correrá perigo. Não posso perdê-la
novamente. Não o farei.

— Apenas se a Dra. Trisha pensar que for seguro. — Assentiu ela.

— Então concordarei.

Ela sorriu.

— Imagina ter um bebê?

— É algo que me assusta.

— Por quê?

— Não sabemos nada sobre como cuidar de um e, que tipo de pais seremos quando não
tivemos nenhum?

— Tive uma mãe por um tempo. Lembro-me dela beijando meus machucados e cantando
para mim. Lia contos antes de dormir. Vai ser um pai maravilhoso, porque irá adorar nosso bebê e
irá garantir nossa segurança. Sei o bom que é para mim. Aprenderemos e seremos os melhores
pais porque estamos motivados.

Ele sorriu.

— Vamos tentar, se pudermos, um dia.

303
— Bom.

Ela abaixou o queixo, fechando os olhos.

— Vou tentar sonhar com isto.

— Vai ser macho e se parecerá comigo. Nossa genética alterada é forte e continua em
nossos filhos. Todos os bebês nascidos são mini réplicas de seus pais.

O calor se estendeu através dela.

— Era um filhotinho tão lindo.

Ele riu.

— Era uma pequena humana tão graciosa com seu pequeno nariz empinado. Queria que
tivéssemos uma mini réplica sua.

— Geneticamente melhorado é melhor. Nosso bebê será forte e grande como você. É
muito bonito.

Beijou-a na cabeça.

— Então, ambos tentaremos sonhar com um.

304
Capítulo Onze

Temeu odiar a residência das mulheres quando Hero tivesse que trabalhar. Deu-lhe um
beijo de despedida e a fez jurar que ligaria se quisesse ir embora. Hero lhe disse que poderia ter
alguém para cobrir seu turno, mas ela não queria interferir em seus deveres.

Candi colocou a mão sobre a boca, tentando sufocar a risada. As mulheres ao redor
também tentavam esconder sua diversão. Algumas riram abertamente, umas poucas estavam
dobradas rindo e duas Presentes estavam tentando evitar que Bluebird visse sua reação.

— Maldição!

Bluebird desligou a ruidosa máquina e caiu de joelhos, puxando o aspirador e o canto do


tapete que foi sugado pela máquina.

— Isto me odeia! Pedi que alguém mais te mostrasse a forma rápida de limpar o chão de
madeira.

Sunshine negou com a cabeça, sem deixar de sorrir.

— Disse que era uma má ideia ser preguiçosa por não querer varrer. Você quem insistiu,
assim tem que demonstrar.

Halfpint deu a volta, seus traços marcados.

— Deixa que te ajude.

Ela caiu de joelhos junto à Espécie maior e afastou as mãos.

— Tenho os dedos pequenos. — Soltou o tapete. — Viu? Tem que fazer a roda girar desta
forma.

— Estas máquinas são perigosas.

Bluebird se sentou e olhou seus dedos dos pés. Ela suspirou.

— Pelo menos não perdi nenhum. Esse era meu medo.

— Vamos. — Brincou Rusty. — Não há facas nesta coisa. Ficaria mais preocupada com o
triturador de lixo. Este é um aparato perigoso. Poderia perder uma mão.

— Por isso nos afastamos e não colocamos as mãos perto dele quando está ligado. — Disse
Halfpint. — Os humanos inventam coisas loucas.

Kat, a companheira humana de Darkness suspirou.

— Disse para que servem os trituradores de lixo. Pode jogar alimentos sem comer dos
pratos nele e isto evita algumas coisas. É uma invenção inteligente.

305
— Como se não comecemos toda nossa comida. — Bufou Midnight. — Nenhum Espécie
permitiria que a comida fosse jogada fora. — Olhou para Candi. — É Espécie. Coma toda sua
comida e não terá que usar as facas da morte de seu lixo.

— Vamos! — Riu Kat. — Facas da morte?

— Dentes de metal de destruição de dedos, então. É melhor assim? — Midnight riu. —


Assistimos a estes filmes de terror humanos. — Acabamos de ver um onde um homem colocou o
punho de outro dentro deste buraco e o obrigou a falar. Tirou-o muito ensanguentado. Diria
qualquer coisa para evitar isto.

— Estou com Midnight. — Murmurou Rusty. — Dentes de metal destruidor de dedos.


Todas deveriam começar a chamá-lo assim.

— Estes filmes não ajudam. — Soltou Bluebird. — Levantem as mãos para cima as que
sentem medo das cortinas do chuveiro, depois do filme de terror que vimos na semana passada.

Quatorze das dezesseis mulheres presentes levantaram as mãos.

— As portas de vidro do chuveiro impediriam algum macho louco de nos apunhalar.


Empurraria o vidro para fora, chutaria seu traseiro e usaria sua arma contra ele.

Kat negou com a cabeça, mas sorriu.

— É um filme clássico. O ponto de vê-lo é para entretenimento. — Olhou para Candi. —


Você e eu somos as únicas que gostam de cortinas em chuveiros.

— Não sei o que são ou porque ter uma. — Admitiu Candi. — Por isso não levantei a mão.

— Não são coisas sólidas, como as portas dos chuveiros em nossos apartamentos. São de
vidro de segurança, assim seria difícil quebrá-las, mesmo com uma faca. O que havia onde estava
presa? — Perguntou Halfpint enquanto se levantava do chão.

— Era aberto onde tomava banho antes disso estava em Mercile. Não lembro muito de
quando morava com minha mãe. — Candi olhou ao redor. — O que é cortina de chuveiro?

— É uma cobertura de plástico que atua como um protetor para evitar que água chegue ao
chão e oferece privacidade.

Kat caminhou para a cozinha.

— Acho que tivemos suficiente aprendizagem por hoje. Vamos tomar um descanso.
Garotas, não estão ensinando a Candi coisas boas.

— Sim, estamos.

Bluebird desconectou o aspirador e logo o chutou.

— Estas coisas são perigosas. Lembre-se disso. Peça ao seu companheiro que o use.

306
— Simplesmente ofereça sexo e fará o que você quiser. — Sorriu Sunshine. — Para mim
funciona. Tive um macho reorganizando todos os móveis dentro do meu apartamento na semana
passada. Disse que me excitava vê-lo levantar coisas.

Kat gemeu do outro lado.

— Ouvi isto. Estou falhando como modelo a seguir.

— Não permitimos que nossos machos nos coloquem algemas, — respondeu Rusty. —
Deveríamos começar? Talvez você e seu companheiro possam mostrar como se faz. Poderia nos
dar uma aula.

Kat voltou da cozinha com prato de biscoitos.

— Muito divertido. Sinto ter contado isto para vocês. Nunca vou fazer isto novamente.

Sunshine piscou um olho para Candi e abaixou a voz.

— Gostamos de brincar com ela. Seu macho é muito dominante no quarto e ela o permite.
Se quiser mudar as coisas dentro de sua casa simplesmente deve dizer a Hero que fica molhada
vendo seus músculos ficarem tensos e não terá que mover as coisas pesadas. A maioria destas
casas se configura de modo que a cama é contra a parede. Significa que há apenas um lado pelo
qual subir ou terá que se arrastar até o final da mesma. É muito melhor movê-la para o centro
para que possa ter três lados para descer.

Rusty assentiu.

— É verdade. Algumas de nós estamos muito fartas de ter as mesmas coisas em nossas
casas. Coloquei minha cama no que era a sala de estar e converti meu quarto em uma biblioteca
com estantes de livros. O sofá e a mesa encaixaram ali onde ficava a cama.

— Porque não usa simplesmente a biblioteca aqui embaixo? Tem muitos livros.

Halfpint a olhou com curiosidade. Rusty vacilou.

— Comprei muitos livros eróticos. Alguns deles são muito excitantes. Não quero que todas
vocês saibam quando estou lendo e que algumas... — Lançou um olhar para Bluebird. — ...
brinquem comigo quando o faça. Agora tenho privacidade e posso tomar banho depois. — Dirigiu
sua atenção a Candi. — Cabe esperar que sinta vergonha às vezes, porque todos saberão coisas se
não tomar um banho. Fariam piadas picantes.

— Não posso cheirar isto. — Halfpint sorriu. — É bom não ter um nariz super sensível. Não
quero saber quando faz sexo com um macho ou quando está excitada. Apenas queria que algumas
de vocês fossem mais silenciosas quando estivessem com um macho ou pelo menos fizessem com
a cama longe da parede para não bater nelas. — Apontou Sunshine. — É a pior infratora.

Sunshine começou a rir.

307
— Gosto de um bom sexo. O que posso fazer? Melhor falar menos se a cama esta se
movendo.

— Você me lembrou, dizendo isto. Mas, não é simplesmente grosseiro que os machos
façam coisas para você apenas porque está dormindo com eles?

Kat parecia irritada.

— Fantástico. Não diga a ninguém que está frase saiu de mim, certo? Apenas me faça este
favor. Eu gostaria de manter meu trabalho.

— Seu trabalho?

Candi tinha curiosidade.

— Eu ajudo fora, no entanto, posso ensinar algumas coisas. Parece que também estou
sendo má influencia para as mulheres na residência.

Kat empurrou o prato para ela.

— Aqui. Coma tudo isto. Não fui eu quem fez ou estariam queimados. Isto deve ajudar em
alguns quilos. Darkness sempre pergunta como foi meu dia quando chego em casa e quero dizer
que ao menos consegui fazê-la devorar alguns biscoitos com duplo recheio de chocolate. Do
contrário vou ter que confessar que consegui com que todas tenham medo de algumas coisas em
suas casas. — Olhou ao redor. — Estes filmes de terror eram apenas para entretenimento e ajudar
a entender porque alguns bastardos cometem delitos.

— Seu trabalho está seguro. — Bluebird se apoiou contra Kat. — Gostamos de você. Gosto
especialmente quando fica irritada. Aprendi vários tipos de palavras.

— Foda. — Murmurou.

— Filho da puta. — Cantarolou Sunshine.

— Bastardo. — Disse Rusty.

— Adoro este jogo. — Sorriu Halfpint. — Que idiotas!

Bluebird franziu o cenho.

— Puto, imbecil ou cabeçudo. Nunca sei como associar estas coisas.

— Filho da puta. — Riu Sunshine. — Neste sentido “puto” me faz pensar em filho da puta.

— Chega. — Declarou Kat. — Vamos. Vou subir e chamarei Missy. Isto fará com que se
sinta melhor. Sei que muitas de vocês estão lendo seus livros. Ela as ensinará coisas piores.

— Não, não vai incomodá-la. Está trabalhando em seu próximo livro. — Rusty cruzou os
braços sobre o peito. — Quero lê-lo e ela prometeu me deixar ver qualquer coisa que escreva.

308
Uma das fêmeas felinas cruzou a sala e parou perto de Rusty.

— Somos as leitoras beta de Missy. Iremos amarrá-la e chamar seu companheiro para vir
buscá-la se tentar interromper o que está fazendo. Vai vê-la toda amarrada e irá querer fazer sexo
com você. Irá colocá-la sobre seus ombros e irá direto para sua casa. Missy pensa que pode
terminar o livro em algum momento hoje, assim nem tente.

Candi ficou atônita. Estavam ameaçando amarrar Kat, mas a fêmea não parecia alarmada.
Simplesmente rodou os olhos e balançou a cabeça.

— Excelente. Missy tem um grupo de guardiãs para escrever sobre sexo, mas e eu? O que
consigo? Piadas sobre gostar de um homem dominante. Todas vocês fedem. — Empurrou os
biscoitos novamente para Candi. — Faça-me um favor. Coma todos e cada um deles. Por favor.

Candi aceitou o prato.

— Há muitos.

— Eu te darei um pouco de leite.

Kat deu a volta e foi para a cozinha. Rusty riu.

— Ela sim que fede. — Anunciou e apontou para o meio de suas pernas. — Admitiu fazer
isto com seu companheiro.

As fêmeas ao redor de Candi explodiram em gargalhadas. Não entendia como era tão
gracioso, mas ela se divertiam.

— Ouvi isso!

Kat golpeou algo na cozinha.

— Nunca voltarei a responder as perguntas de vocês novamente sobre sexo.

***

Hero entrou na Segurança e encontrou Justice, Slade e Fury esperando-o. Seguiu-os até
uma sala de conferências e todos se sentaram. Não tinha certeza do porquê foi chamado de seu
posto, mas não viu nenhuma expressão alarmante no rosto dos machos.

— O que acontece?

Hero olhou cada um deles. Justice falou primeiro.

— Alguns membros do FBI querem falar com Candi.

— Têm perguntas para ela. — Disse Slade. — É sua decisão se concorda em falar com eles.

— Não podem nos obrigar a dar acesso a sua mulher. — Fury fez uma pausa. — Deve falar
com ela sobre o assunto. Eles implicaram que não queriam incomodá-la de forma alguma.

309
— Não. — Hero negou com a cabeça. — Não quero nenhum humano ao redor de Candi.
Porque o FBI está envolvido? Pensei que a polícia humana estivesse perseguindo minha
companheira.

— A companheira de Darkness trabalhou para o FBI. — Respondeu Justice. — Ela me


informou que tem melhores recursos para lidar com algo como isto e efetivamente, sua Candi foi
sequestrada sendo uma criança, presa em Mercile e logo foi movida para o outro lado do estado
quando foi levada a um hospital psiquiátrico. Ela teme que os funcionários locais da lei na
jurisdição onde morreu Penny Pees pudessem passar por alto detalhes que poderiam evitar que
sua fêmea possa ser acusada de assassinato. Concordei com Kat e lhe pedi que se envolvessem.
Eles estão a cargo da investigação.

— Candi apenas matou para poder sobreviver e chegar a Homeland. Me nego a permitir
que alguém incomode minha companheira. Já sofreu bastante.

Fury assentiu.

— Isso foi o que pensei que diria, Hero. Ainda tínhamos que perguntar.

Ficou em pé.

— Voltarei ao trabalho.

Slade ficou em pé.

— Vá para casa com sua companheira. Temos alguém para cobrir seu posto durante o
resto do dia. Diga o que está acontecendo. Precisa discutir isto com Candi e ao menos perguntar
se quer conversar com eles. Confie em mim. As fêmeas se irritam, do contrário.

Justice concordou.

— Sim, o fazem. Jessie dá um fodido soco direto em meu estômago quando tomo decisões
por ela. Isso é o que ganho por me emparelhar com alguém da equipe de Tim. Ela é furtiva e
espera até baixar a guarda. Um segundo estou em pé e no seguinte dobrado sobre mim mesmo e
ela começa a gritar sobre como espera que doa, tal como a fiz sentir ferindo seus sentimentos.

Fury começou a rir.

— Ellie simplesmente grita e me joga coisas.

— Trisha ameaçou colocar pastilhas para dormir em minha comida e jura que um dia
acordarei com meu pau colado no estômago.

Todos ficaram assombrados com a declaração do macho. Ele apenas encolheu os ombros.

— Ela disse que seria do tipo de cola que derrete com água quente, para que não cause
dano permanente, mas é uma ameaça efetiva. Não quero descobrir se é verdade.

— Tem uma companheira malvada. — Disse Hero.

310
Encolheu os ombros.

— É médica. Há coisas muito piores com as quais poderia me ameaçar. Minha Trisha tem
seu temperamento, mas ela releva as coisas rapidamente. Na verdade, nunca o fez.

— Apenas diga a sua companheira o que está acontecendo e pergunte se quer conversar
com os humanos. — Fury suspirou. — As fêmeas gostam de tomar decisões e está recém
emparelhado. Tem muito a aprender. Tenho certeza que ela concordará com você. Os humanos
nunca fizeram outra coisa a não ser machucá-la.

Hero assentiu e deixou Segurança. Decidiu caminhar, pensando enquanto se dirigia para a
residência das mulheres para pegar Candi. Chegou à porta e bateu. Umas fêmeas o deixou entrar e
o levou até a sala onde o grupo estava conversando com Candi. Riam e pareciam estar passando
um bom momento. A conversa parou quando hesitou justo na porta aberta. Ela o viu e foi até ele.
Parecia contente em vê-lo e não detectou nenhum tipo de estresse.

— Olá. Tudo bem? Não te esperava por algumas horas mais.

Ele assentiu com a cabeça.

— Como foi seu dia?

— Excelente. Aprendi muito.

— Estamos contando a ela sobre a ONE. — Afirmou Kat. — A história e o que conseguiu.
Estávamos chegando a parte sobre como a Reserva está se ampliando.

— E todos o animais selvagens resgatados que aceitamos de todo o país. — Acrescentou


Bluebird. — Dá aos residentes da Zona Selvagem um propósito, poder ajudar estas pobres
criaturas a se adaptarem à liberdade. Têm muito em comum com os animais, dado que foram
enjaulados e abusados pelos humanos.

— Obrigado.

Hero fez contato visual com todas as fêmeas sentadas na mesa.

— Agradeço terem cuidado de minha Candi.

— Nos dá algo para fazer. — Kat se levantou. — É do turno da manhã, verdade?

Hero assentiu.

— Meio-dia.

— Nos vemos então. — Kat sorriu para Candi. — Iremos lhe ensinar sobre o mundo fora
das portas da ONE.

311
Hero pegou a mão de Candi e caminhou para fora. Pegou um dos carrinhos estacionados
para uso geral e a levou para a residência dos homens. Não falaram até entrarem em casa. Ela se
virou para ele, observando-o com o cenho franzido.

— O que há de errado?

— Fale primeiro sobre seu dia.

— Eu me diverti. Agora, o que há de errado?

— Me chamaram na Segurança. O FBI pediu para falar com você. Disse aos machos que
não te interessa.

— Porque querem falar comigo? Estão planejando me prender por matar Penny?

— Não sei o que querem e isto não importa. Não podem fazer nada contra você. É Espécie
e não têm jurisdição sobre os terrenos da ONE. Podem pedir coisas, mas isto não significa que
tenhamos que nos submeter.

Mordeu os lábios e se afastou, caminhando até a janela. Cruzou os braços. Apertou os


dentes, arrependendo-se de informá-la sobre o acontecido. Não deveria ter ouvido os machos. Já
suportou muito. Ele caminhou até ela e envolveu os braços ao redor de sua cintura.

— Não há razão para se preocupar. Está a salvo aqui. Os humanos não podem machucá-la
nunca mais.

Apoiou-se nele, permitindo que a segurasse. Ele seguiu seu olhar pela janela. Não havia
nada realmente para manter seu interesse. Ela respirou fundo algumas vezes e finalmente falou.

— Quero falar com eles.

Ficou rígido.

— O quê?

Virou a cabeça para olhar para ele. Seus olhares se encontraram.

— Tentei dizer a todos os funcionários do manicômio a verdade, mas me ignoraram. Eles


não quiseram ouvir minhas palavras ou acreditar. Finalmente, alguém está pronto para ouvir.
Quero falar com estes humanos.

— Não.

Ela moveu e enfrentou-o por completo, agarrando seus antebraços.

— Sim. Preciso fazer isto.

— Vão alterá-la e provavelmente fazer ameaças.

312
— Entendo, mas estão dispostos a me ouvir, Hero. Fiquei presa longe para manter-me em
silêncio sobre o que fizeram com minha mãe. Ela merece justiça também. O Dr. C a matou. Sei que
não pode pagar pelo que fez agora que está morto, mas a verdade deve ser contada. Tinha gente
que se preocupava com ela. Lembro de alguns de seus amigos e falei com eles por telefone.
Merecem saber quem a levou para longe deles. Quero que todos saibam que tipo de monstro era
na verdade. Também quero que saibam o que Penny Pess me fez. Os humanos não podem pensar
que era uma boa pessoa.

— Contou tudo para Breeze e lhe permitiu gravá-lo em vídeo para dar aos humanos. Isso é
mais que suficiente.

Candi esfregou as palmas contra sua pele.

— Preciso fazer isto. É importante para mim, poder olhar um humano nos olhos e contar
minha historia. Talvez o pessoal que trabalha no manicômio descubra a verdade e provavelmente
ouçam um paciente no futuro se estiverem presos porque alguém está pagando para mantê-los ali
para esconder seus crimes. Posso não ser a única pessoa internada em um hospital para esconder
segredos.

— Não é seu trabalho educar os humanos.

— A quem corresponde então? Isto foi feito a nós dois. Pensou no poderia ter acontecido
se apenas um deles houvesse me escutado e acreditado quando me levaram ali? Teria sido solta
muito antes. Não teríamos perdido tantos anos.

Sentia-se dividido e odiava o som de angústia de sua voz e o olhar de tormento em seu
rosto.

— Não vou permitir que a irritem e os humanos farão isto. Não confio neles.

— Alguns humanos libertaram os Espécies e ajudaram criar a ONE. Ouvi que foi um começo
difícil, mas muitos deles se preocuparam o suficiente para fazer isto possível. Queriam fazer o
correto pelos Espécies.

— Nem todos os humanos são bons.

— Ouvi falar sobre isto também. Há manifestantes nos portões que pensam que não
somos humanos o bastante para merecer os mesmo direitos que eles têm e isto os ofende.
Aprendi sobre algumas igrejas que acreditam que os Espécies são uma afronta a seu Deus, dado
que outros seres humanos criaram os Espécies. Estas são as mesmas pessoas que acreditam que é
incorreto que os casais tentem ter filhos com intervenções médicas se tiverem dificuldades para
engravidar ou mesmo usar anticoncepcionais para limitar o número de filhos que têm. Aprendi
muito hoje. Ouvi falar daqueles que consideram que somos um perigo para a humanidade, porque
têm medo de que possamos nos reproduzir com os humanos e com o tempo, estender-nos além
dos muros da ONE. Por isso mantemos em segredo nossos bebês. Alguns humanos temem a
mudança e a mistura de raça. Aprendi...

313
— Chega. — Disse com voz dura. — Já sabe então o ruim que pode ser.

— Também conheci Trisha e Kat. Há uma grande quantidade de humanos como elas,
também. Não odeiam ou temem os Espécies. São boas fêmeas. Falaram sobre as outras
companheiras e alguns dos humanos que trabalham na ONE. São ótimas pessoas, Hero. Também
descobri que há aqueles que apoiam a ONE. Enviam cartas de amor para nós e compram coisas em
nossa web que foi projetado para vender tudo o que puderem usar de apoio aos Novas Espécies,
como camisetas e fotos autografas por Fury e Justice. Eles estão fora das portas em oposição
contra os manifestantes, simplesmente para exasperá-los.

Ele suspirou.

— Aprecio cada um deles, mas quem me preocupa são os que ainda nos odeiam.

— Kat trabalhou para o FBI. Seu chefe ordenou que viesse a Homeland em uma tentativa
de liberar um delinquente que estava preso aqui. Ela se negou e em troca contou a Darkness a
verdade. Isto quase custou sua vida e a de sua amiga, Missy; por fazer o correto. Talvez o FBI envie
aqui alguém como Kat. Podem simpatizar com os Espécies e querem fazer o correto. Estou
disposta a lhes dar uma oportunidade. Isto significa que tenho que falar com o agente que
enviarem.

Fechou os olhos. Era lógico. Não podia contestar nada do que disse. Havia humanos bons,
mas Candi era sua companheira. Ficaria louco se estivesse errada e saísse algo errado. Ele iria
querer matar qualquer pessoa que a fizesse chorar ou gritasse com ela.

— Meu filhote. Olhe para mim.

Ele o fez.

— Quero fazer isto. É importante para mim. Alguém está disposto a me ouvir e sempre quis
isto por muito tempo.

— Não posso estar ali. — Disse com voz rouca.

Ela deixou de acariciar seus braços.

— Por quê?

— Ficarei louco se não forem amáveis.

Ela ficou em silêncio durante um longo tempo, olhando-o fixamente.

— Entendo que queira fazer isto e porque, mas poderia machucar alguém se te
incomodarem.

— Eu entendo.

— Vai se negar a falar com eles se não estiver ali?

314
Ela sorriu.

— Isso é o que espera?

— Sim.

— É lindo.

Franziu o cenho.

— Isso significa que ainda fará?

— Preciso.

Ele a respeitava e respeitava sua decisão, mesmo se não concordasse com ela. Sua fêmea
sempre foi valente.

— Vou ficar perto, mas não posso ficar dentro da sala. Fale com eles aqui, em nenhum
outro lugar. Atacarei se tentarem levá-la para longe de mim. Tenha cuidado.

— Não quero deixar a segurança da ONE nunca. Aqui é onde pertenço, com você.

Ela deslizou suas mãos para cima até seus ombros.

— Como foi seu dia?

— Bom, até que tivemos esta conversa.

Ela tentou esconder a diversão, mas fracassou.

— Sei o que te fará se sentir melhor.

— O quê?

Ela o soltou e retrocedeu, oferecendo-lhe a mão.

— Venha aqui. Hoje aprendi algo que acho que irá gostar.

Ele lhe permitiu levá-lo ao sofá e soltou a mão. Tentou se endireitar, mas ela negou com a
cabeça.

— Fique como está.

Candi subiu no sofá, sobre os joelhos e se apoderou de seu cinto. Moveu-se para colocar-se
diante dela, quando o puxou. Olhou para baixo, vendo como ela abria o cinto.

— O que está fazendo? Quer que troque de roupa?

— Não. Apenas quero me desfazer disso.

315
Ela usou seu corpo para se apoiar quando se inclinou para frente e colocou o cinto e sua
arma sobre a mesa. Começou a abrir a calça. Perguntou-se o que estava fazendo. Parecia que
planejava tirar sua roupa.

Abriu a boca para falar, apontar que tinha que tirar as botas primeiro, mas ela puxou sua
calça até os joelhos antes das palavras chegarem. Seus dedos se fecharam na cintura de sua cueca
boxer, descendo-a lentamente até seu pau ficar livre.

— Candi?

Ela o olhou e umedeceu os lábios.

— Fizeram uma brincadeira hoje que não entendi.

Agarrou sua jaqueta, usou-a para se endireitar no sofá, para ficar em pé e suavemente lhe
empurrou.

— Sente.

Estava confuso quanto ao porquê abaixou sua roupa até os joelhos, mas ela não lhe deixou
muita opção quando o empurrou com mais força. Perdeu o equilíbrio com a calça ao redor dos
joelhos e caiu sobre o sofá, sobre o traseiro nu.

Ela se ajoelhou e olhou fixamente seu pau. Seu corpo respondeu a ela, quando estendeu as
mãos sobre suas coxas, roçando mais perto de seu sexo. Limpou a garganta e engoliu saliva.

— A loção está no quarto.

— Kat faz isso com seu companheiro. Pedi que me explicasse porque as mulheres
brincavam com ela. — Segurou seu olhar. — É minha vez de colocar a boca em você. Posso tentar?

Esqueceu como dizer as palavras.

— Está bem? Sua boca está aberta e está me olhando de forma estranha.

Limpou a garganta.

— Nunca me fizeram isto.

Ela sorriu.

— Nunca?

Balançou a cabeça. Seu pau endureceu ainda mais, quase doloroso só de pensar em Candi
fazendo sexo oral nele. As fêmeas Espécies não faziam isto ou pelo menos nunca fizeram com ele.

— Poderia ser ruim nisto, mas gostaria de tentar. Kat deu instruções detalhadas. Posso?

Conseguiu assentir com a cabeça e cravou as unhas no sofá para agarras as almofadas. Seu
ritmo cardíaco se acelerou enquanto ela lambia os lábios novamente, a visão da língua rosada

316
excitando-o ainda mais. Seu olhar desceu e se inclinou para frente, envolvendo uma mão ao redor
de seu eixo.

Ele observou com grande atenção enquanto ela abria a boca e timidamente passava a
língua pela cabeça de seu pau. Bloqueou seu corpo no lugar, para evitar estremecer ante a
sensação. Depois, ficou mais audaz, tomando-o dentro de sua boca.

Era quente e úmida. Também fechou os lábios ao redor. Teve que fechar os olhos quando o
prazer começou, enquanto ela se movia, tomando um pouco mais do seu eixo e arrastava a boca
para cima. Um grunhido escapou dele.

Tinha medo que parasse, mas não o fez, aparentemente sem se preocupar com o som que
fez. Ela ficou ainda mais audaz e tomou mais dele. Sua boca era o céu e o inferno. Seus dedos dos
pés se curvaram dentro da bota.

— Porra. — Disse com voz rouca.

Candi se retirou dele e seus olhos se abriram de golpe. Olhou-o com curiosidade.

— Estou fazendo errado?

Balançou a cabeça.

— Não.

Ela sorriu.

— Bem?

Ele assentiu com a cabeça.

— Muito bem.

— Kat disse que esperasse que grunhisse e rugisse. Não disse nada de amaldiçoar. Apenas
estava comprovando. Não devo engolir. Os machos gozam realmente forte e isso pode me afogar.
Avise antes de soltar sua semente e farei o que ela faz.

— O que é isso?

— Apenas agarre meu ombro e lhe mostrarei.

Abaixou o olhar e abriu a boca, levando-o para dentro. O prazer correu por ele enquanto
Candi o atormentava da melhor forma possível. Tentou simplesmente desfrutar, mas observá-la se
converteu em demais. Não podia tomar muito dele, mas usava sua mão para acariciar seu eixo
enquanto sua boca trabalhava alguns centímetros de seu pau. Suas bolas se apertaram e se sentia
a ponto de explodir. Agarrou seu ombro, com cuidado de não machucar.

Ela afastou a boca de seu pau, mas ficou por cima. Sua língua ao redor da ponta. Seu olhar
se levantou e olhou fixamente em seus olhos. Sua mão deslizou para cima até seus próprios lábios,

317
acariciando o eixo em sintonia com suas lambidas. Começou a gozar forte. Candi retrocedeu com a
boca, mas usou a palma da outra mão para cobrir a parte superior de seu pau enquanto
continuava acariciando-o.

Inclinou a cabeça para trás e grunhiu seu nome. Candi o soltou. Conteve o fôlego e abriu os
olhos, olhando-a fixamente. Havia tirado a camisa e a usou para limpar suas mãos. Viu como tirava
o restante da roupa.

— Minha vez.

Ela sorriu, indo para o quarto.

— Vou pegar os preservativos.

Inclinou-se adiante, soltando as botas.

— Me dê um minuto.

— Depressa. Eu te desejo muito. Senti sua falta hoje.

— Está tentando me distrair de nosso desacordo anterior.

— Como estou indo?

— Excelente.

Candi riu e se virou correndo até o quarto.

— Venha ver como me deixou molhada.

Tirou as botas e se levantou. Chutou a calça e a cueca, arrancando o colete. Simplesmente


o jogou no chão enquanto caminhava atrás de sua companheira. Já estava na cama quando
entrou. Os preservativos estavam de lado. Ela abriu as pernas e levantou os joelhos, deixando ao
descoberto seu sexo. A visão lhe fez esquecer tudo sobre a camisa.

Caiu de joelhos e moveu-se, agarrando seus quadris e moveu seu traseiro até a beirada da
cama. Soltou-a e envolveu as mãos em suas coxas, empurrando-as mais abertas e fixando-as no
lugar. Adorava a forma como cheirava quando estava excitada. Abaixou o rosto, colocando a boca
diretamente sobre seu clitóris.

— Meu filhote. — Gemeu.

Ele grunhiu em resposta. Era seu e ela era dele. Desejava-a tanto que doía. Seu pau, duro e
rígido novamente, ansiava estar dentro dela. Não perdeu tempo brincando. Sabia que não deveria
ser tão duro, mas seus gemidos lhe impulsionaram mais. Seus dedos se afundaram em seu cabelo
e se curvaram ao redor de sua cabeça, segurando-o no lugar. Parou, tentando se conter.

Candi contorceu seus quadris, quase se afastando de sua boca. Ele grunhiu e a imobilizou
com mais força, sem deixá-la ir. Gritou seu nome enquanto estremecia sob ele, chegando ao

318
clímax com força. Ele ofegou quando se levantou, soltando-a. Agarrou um preservativo e usou os
dentes para rasgar o pacote.

Suas mãos tremiam um pouco enquanto o enrolava. Candi ofegou, mas de repente se
afastou. Ficou imóvel, preocupado de poder tê-la machucado, até que ela se arrastou para o
centro da cama ficando sobre as mãos e joelhos. Lançou cabelo de lado e sorriu por cima do
ombro.

— Me tome justo assim.

Ele a seguiu sobre a cama.

— Eu a tomarei de frente, assim posso ser mais suave.

— Monta em mim. Aprendi todo tipo de coisas hoje, das fêmeas. Assim é para ser incrível.

Parecia que Candi planejava matá-lo, mas era um inferno de caminho a seguir. Colocou-se
sobre ela e a penetrou suavemente por trás. Ele gemeu. Estava quente, úmida e apertada, seu
corpo sempre tão acolhedor. Seu gemido de resposta enquanto se afundava nela ajudou a lhe
assegurar que estava bem naquela posição.

Abaixou o corpo sobre suas costas e apoiou os braços dos lados de seus ombros para
mantê-la presa debaixo dele. A princípio moveu os quadris lentamente, permitindo que tivesse
tempo para se adaptar a ele. Candi virou a cabeça e a apoiou contra seu braço.

— Sente-se muito bem. Eu te amo.

Amava-a e amava tudo sobre eles juntos.

— Você é meu tudo, Candi.

— Deixe de se conter. Me dê uma experiência canina.

Ele riu e deixou de se mover.

— O quê?

— É como chamam as fêmeas. Faça esta coisa que fazem os caninos. Me abrace forte e vá
bem rápido.

Abaixou a cabeça e mordiscou seu ombro. Segurou-a com mais força debaixo dele.

— Diga para parar se te machucar. Fico preocupado.

— Prometo.

Ajustou as pernas fora das dela para segurar suas coxas juntas e colocou suas panturrilhas
justo sob seus pés para evitar que fosse capaz de se mover muito. Seus dentes arranharam
levemente sua pele, soltando beijos ao longo do ombro.

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Fechou os olhos, concentrando-se em sua companheira. Sentia-se incrível fodê-la
lentamente. Encontrou a posição que ela mais gostava, ao julgar por sua resposta. Apenas
precisou uns momentos para ter certeza de ter aprendido a satisfazê-la. Fez uma pausa.

— Pronta?

— Sim.

Hero golpeou contra ela. Rápido, duro, implacável. Candi gritou e ele ficou paralisado.

— Estou te machucando?

— É intenso, mas não doloroso.

— Assim é como deve ser.

— Faça outra vez.

Fodeu-a com força, profundo e rápido. Seus músculos vaginais se espremeram ao redor
dele e seus gemidos roucos ficaram mais fortes. Uma de suas mãos lhe arranhou, apoiada na cama
ao lado dela, mas ignorou a leve pontada de dor. Não estava tentando se afastar dele.

Apertou os dentes, desejando desesperadamente gozar. Quanto mais se ajustavam seus


músculos vaginais ao redor dele, mais difícil era para ele segurar sua semente.

Candi gritou seu nome e pôde sentir seu clímax. Inclinou a cabeça para trás e permitiu
soltar sua própria liberação. O uivo que saiu de seus lábios entreabertos foi inesperado, mas não
se importou que os demais ouvissem. Ela se sentia muito bem e não pôde silenciar sua reação.

320
Capítulo Doze

Candi estava esticada, amando tudo sobre acordar enquanto estava sobre o corpo quente
de Hero, nu. Tirou a camisa em algum momento, dado que já não a usava. Levantou a cabeça para
olhar seu rosto. Seu macho abriu os olhos e seu pau pulsou contra sua coxa, que se curvava sobre
a dele.

— Como se sente?

— Adorei a experiência canina.

Ele riu.

— Sente alguma dor? Fui um pouco duro.

— Não tenho nenhuma queixa.

Adorava tocá-lo, passando as mãos sobre o peito e estômago.

— Deixe de fazer isto ou faremos sexo novamente. Não jantou ainda.

— As fêmeas me alimentaram tanto hoje que ainda estou cheia. Ainda não está muito
escuro. Podemos esperar um pouquinho para isto, a não ser que esteja com fome. Nem sequer
me lembro de ter dormido. Estávamos apenas deitados.

— Desmaiou sobre mim, depois que nos virei de lado.

Ela sorriu.

— Isso te preocupa?

— Não. Coloquei uma nota na porta para que deixassem o jantar na cozinha e disse que
estaríamos dormindo. Então entrei na cama com você.

— Esqueci que as fêmeas estavam planejando trazer comida.

— Fizeram isto há uns vinte minutos.

Virou a cabeça, notando pela primeira vez que a porta do quarto estava fechada.

— Não as ouvi.

— Estava dormindo. Tentaram entrar em silêncio.

— Está com fome?

— Morrendo de fome.

Ela se afastou dele e começou a sair da cama.

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— Pegarei a comida.

Balançou sobre ela e segurou seu tornozelo.

— Fique aqui. Eu trarei.

Ela riu, rodando para se sentar.

— Realmente não estou com fome.

— Vou me apressar e comer. Há algo que gostaria de fazer com você esta noite.

— Me dar uma experiência canina novamente?

Ele riu.

— Talvez depois. Não. Vamos sair.

— Para onde?

— É uma surpresa.

— Que tipo de surpresa?

Levantou-se da cama e foi para o banheiro, saindo uns segundos depois com uma toalha ao
redor da cintura.

— Uma boa. Confie em mim.

— Eu o faço.

— Vou pegar uma bebida.

Observou-o sair e se levantou para ir ao banheiro. Estava sentado na cama quando voltou.
Estava com um prato de comida e usava a parte superior da cama como mesa. A toalha ainda
estava ao redor de sua cintura. Desejou que a houvesse tirado. Subiu novamente na cama.
Estendeu um pedaço para ela.

— Prove isto.

— O que é?

Inclinou-se adiante, abrindo a boca.

— Ravióli de frango com molho Alfredo.

Mordeu e assentiu. Era bom, mas não sentiu a tentação de comer mais. As fêmeas lhe
deram comida no almoço e comeu muitos biscoitos. Algumas das fêmeas ajudaram a terminar o
prato quando Kat não estava olhando. Não conseguia comer tantos.

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Adorava ver seu macho comer. Terminou um prato inteiro e dividiram um suco, sem tocar
o que levou para ela.

— Qual a surpresa?

Deixou o prato na mesinha de noite e se levantou, estendendo a mão.

— Vamos nos vestir. As fêmeas deixaram a roupa para você na sala de estar. Não terá que
usar minha roupa.

— Disseram que o fariam. Eu me esqueci.

Deixou-o ajudá-la a se levantar e o seguiu até o banheiro. Ele abriu o chuveiro.

— Fizemos compras on-line hoje. É só entrar em um site e escolher coisas, depois enviam à
Homeland. Desta maneira não temos que sair para fazer compras entre os humanos.

— Sou consciente. Me preocupa que tenha que pagar pela roupa, mas Kat disse que iria
para a conta da ONE e que não me preocupasse com isto. O dinheiro me confunde.

— A ONE demandou as Indústrias Mercile e seus empregados quando foram capturados.


Agora também fazemos dinheiro vendendo para os seres humanos. Já não temos que depender
do governo para nos financiar. Não se preocupe com dinheiro. Eles nos dão roupas e alimentos.
Todos trabalham juntos para gerir Homeland e a Reserva sem problemas.

— É aterrador o mundo exterior.

Entrou no chuveiro e puxou-a, fechando a porta de vidro.

— Detesto pensar em todas as coisas ruins que poderiam ter acontecido aí fora.

— Não tinham nem ideia de que não era um deles. Olhou nos olhos daqueles com os quais
lidei. Me afastei dos que me intranquilizaram e me recusei a aceitar caronas se olhassem para meu
corpo mais do que meu rosto. Também falei com garçonetes, mulheres que trabalhavam nas
paradas de caminhões. Elas me ajudaram a encontrar homens de confiança. Disseram que eram
clientes habituais e tinham famílias.

Ele a girou sob a água e relaxou enquanto colocava suas mãos ensaboadas sobre o corpo
dela, massageando enquanto a lavava.

— Gosto disso.

— Adoro tocá-la.

— Eu o lavarei quando terminar.

Ele riu.

323
— Não, não o fará. Ou nunca vamos sair daqui e está quase anoitecendo. Eu já disse. Tenho
uma surpresa para você.

Lavou seu cabelo e por fim deu a volta quando terminou. Ela abaixou o queixo para olhá-lo.

— Está duro.

— Sempre ficarei duro quando te tocar e está nua diante de mim. Ignore. Eu o faço.

— Não posso.

Riu novamente e estendeu a mão, abrindo a porta do chuveiro.

— Fora. Seque seu corpo e se vista. As roupas estão na mesa de café. Encontre algo
cômodo. Talvez fino, calça e uma camisa de manga curta. Faz calor fora hoje.

Ela protestou, mas a manobrou suavemente fora do chuveiro. Fechou a porta entre eles e
lhe deu as costas para terminar de tomar banho.

Candi fez cara feia, mas pegou uma toalha do armário na parede e seguiu suas instruções.
Deixou-o e localizou a roupa que as fêmeas levaram. Algumas Presente olharam em suas coisas
para doar algo. Escolheu uma calça de cor cinza claro e uma camisa de cor azul escuro para usar.
Também deixaram uns quantos pares de sapatos para que experimentasse. Um par negro sem
cadarços resultou adequado. Levou as outras roupas para o quarto e as colocou na parte de cima
da cômoda.

Hero saiu do banheiro e deixou de esfregar o cabelo com uma toalha. Ele sorriu.

— Parece perfeita.

Seu olhar viajou por seu corpo.

— Você também.

— Deixe de me olhar assim. Vamos sair.

— Não temos que fazê-lo.

— Sim, temos. Pensei em algo hoje e preparei tudo. Agora me espere no outro quarto.

— É um mandão.

— Sempre fui.

— Eu sei.

Saiu do quarto e lhe esperou. Ele saiu vestindo uma calça desgastada, uma camiseta cinza e
sapatos parecidos aos seus. Estendeu a mão.

— Vamos.

324
Estava entusiasmada. Caminharam de mãos dadas para fora de seu apartamento e
pegaram o elevador para descer. Saudou os homens que passavam tempo na sala de estar e sorriu
para eles. Levou-a para fora. O sol estava baixo no céu. Passou pelos carrinhos e simplesmente
caminhou pela calçada.

Hero a levou para dentro de um dos prédios. Uma grande quantidade de Espécies estava
dentro e a música estava tocando. Ela sorriu.

— O que é este lugar?

— O bar. — Teve que levantar a voz. — Aqui é onde comemos, dançamos e socializamos.

— Vai dançar?

Ele sorriu.

— Talvez, mas primeiro vamos comer bolo de aniversário. Liguei hoje e me assegurei que
fizessem bolo de cenoura para você. É por todos os aniversários que perdeu.

Ela jogou os braços em seu pescoço e lágrimas quentes a cegaram. Não importava, porque
ninguém podia ver seu rosto pressionado contra sua camiseta.

Lembrou-se!

Ele a abraçou com força, inclinou a cabeça para baixo e colocou os lábios contra o ouvido
dela.

— Não é exatamente a festa que perdeu antes que fosse sequestrada, mas é o melhor que
pude fazer Candi.

Tentou se acalmar, mas era difícil fazê-lo. Seu sexto aniversário estava se aproximando
antes daquela horrível noite na qual sua mãe morreu e seu mundo mudou para sempre. Ela lhe
contou tudo sobre como esperava com impaciência para brincar com seus amigos e teria bolo de
cenoura. Era seu favorito. Nunca celebraram aniversários em Mercile ou no manicômio.

— Eu te amo.

Beijou sua cabeça.

— Eu também te amo. Vamos. Tem amigos aqui e há inclusive alguns presentes.

Finalmente se levantou e olhou para ele.

— As fêmeas sabiam?

— Eu as envolvi.

— Não disseram nada.

— Era uma surpresa.

325
Ele manteve o braço ao redor dela e os girou, levando-a até uma enorme mesa na parte de
trás. Ao menos dez fêmeas e seis machos esperavam. Inclusive decoraram a mesa para ela e havia
balões coloridos. Emocionou-se ao ver Jinx e Torrent ali. Kat e o macho que devia ser seu
companheiro também estavam ali. Preciosos presentes embrulhados estavam junto a um enorme
bolo. Hero puxou sua cadeira e sentou-se olhando todos os rostos felizes ao redor da mesa.

— Obrigada.

— Foi tudo ideia de Hero. — Disse Sunshine apontando para ele. — Ele conspirou com
Darkness, que ligou para Kat e logo ela sussurrou para nós enquanto estava ocupada. Feliz
aniversário Candi. Mais pessoas queriam vir, mas estão de guarda esta noite.

— Na verdade não é meu aniversario. Ao menos acho que não seja.

— Não importa.

Hero se sentou ao seu lado e se aproximou mais, até que se tocaram.

— Estamos celebrando que está em casa e nos emparelhamos.

— Isto é maravilhoso.

Ela levantou a mão e limpou as lágrimas. Olhou ao seu redor e viu alguns olhares
alarmados.

— Estou feliz. Justo antes que minha mãe morresse, planejamos minha festa de
aniversário. Contei a Hero tudo a respeito quando éramos jovens. Às vezes, quando queria comer
cenouras em Mercile, tentava descrever a ele como era meu bolo favorito com elas. — Segurou
seu olhar. — É tão maravilhoso por fazer isto por mim.

— Tivemos muito tempo para fazê-lo. Esta é uma das boas lembranças que
compartilhamos.

Afastou o olhar dela para franzir o cenho ante o bolo branco.

— Ainda não acho que um bolo de cenouras será bom.

Ela começou a rir.

— Nunca acreditou, mas o bolo é doce.

— Vai ranger?

Ele franziu o nariz.

— Vamos descobrir!

326
Sunshine ficou em pé e começou a cortar o bolo, colocando pedaços em pratos de papel
coloridos. O primeiro pedaço entregou para Candi. Dois machos chegaram à mesa, carregando
bandejas cheias de leite e distribuíram. Candi sorriu para eles.

— Obrigada. Querem se unir a nós?

— Estamos trabalhando, mas obrigado por perguntar. — Um dos machos lhe piscou um
olho. — Feliz aniversário, companheira de Hero.

Ela esperou até que todos tivessem seus bolos e cortou um pedaço com o garfo. Parecia
delicioso e cheirava inclusive melhor. Isto trouxe algumas lembranças de sua infância e um flash
do rosto sorridente de sua mãe encheu sua mente.

— Candi?

Concentrou-se em Hero e lhe ofereceu um pedaço.

— Prove.

Abaixou a cabeça, mas parou.

— Apenas espero que seu sabor seja como você se lembra. A parte mais importante é que
goste.

Abriu a boca e aceitou o pequeno pedaço. Mastigou e sorriu.

— Mmmmm.

Cortou outro pedaço e o colocou na própria boca. Tinha um sabor tão delicioso como se
lembrava. Olharam um para o outro, esquecendo as pessoas que os rodeavam.

***

Darkness se reclinou em sua cadeira e colocou um braço sobre o encosto da cadeira de Kat.
Ele a olhou e ela se aproximou mais.

— O que foi?

— Ligou para seus contatos no FBI?

— Ainda tenho uns amigos ali. Entregaram o caso para Mona Garza. É dura, mas boa.
Nunca trabalhei diretamente com ela, mas tem uma reputação de “bola destruidora”. É difícil ser
uma mulher em um campo profissional de homens.

— Isto não traz nada de bom.

— Não. Estas são boas noticias.

— Uma “bola destruidora” é bom?

327
— Pode apostar seu traseiro. Ela não é boa em beijar traseiros. Não lhe importará fazer
ondas, sem importar quão profundo tenha que cavar em busca de informação. Também descobri
que tem dois cachorros.

— E?

— Ama os animais.

Franziu o cenho, estreitando os olhos nela.

— Era para ser uma piada?

— Significa que, se algum destes bons garotos não gostar dos Espécies, ela vai ficar muito
ofendida se disserem algo como meu chefe me disse. Pensava que as mulheres também poderiam
se abaixar e ser tomadas por seus cachorros se estavam disposta a foder com um Espécie. Imagine
como caiu bem para mim. Ela vai querer foder seu dia tanto como eu fiz com Mason. Isso significa
que não vai deixar uma rocha sem mover para buscar evidências que apoiem o que Candi disse.

Ele sorriu.

— É uma amante de felinos agora.

— Tem razão.

Ele ficou sério.

— Alguma notícia sobre como vai a investigação?

Ela negou com a cabeça, olhando para Candi e Hero comendo bolo e brincando com os
demais. Seu coração estava com o casal. Suportaram um inferno e mereciam a pura felicidade.

— Garza não é conservadora e não compartilhou nada que afetasse os rumores. Sei que
esta colocando alguns horários pesados e irritando as pessoas enviando agentes a lugares onde
não queriam que fossem. Tenho certeza que o manicômio recebeu alguns agentes.

— Sarcasmo?

— Sua segurança é geralmente frágil e os médicos são idiotas na maioria dos casos. Fica
sentando de frente a sua mesa, enquanto estão te avaliando como se fosse um de seus pacientes.
Odeiam estar errados. Tive que entrevistar um uma vez e me acusou de querer ser um homem.
Por que será?

— Não, não sei. Não há nada masculino em você. Ele era um idiota.

— Era um “ela” e concordo. É porque comecei a jogar duro com ela. A cadela gritou
comigo.

— Soa muito orgulhosa.

328
— Ela estava dizendo que meu assassino estava louco, mas ele estava fingindo. Eu sabia e
ela deveria saber também. Rompeu-se como um ovo. Ele era uma garoto rico de bom aspecto que
paquerava com ela e ela se apaixonou por aquele idiota. Eu descrevi exatamente o que fez com as
outras mulheres que estafou com seu encanto mentiroso de merda e lhe mostrei fotos de suas
vítimas. Disse que, se enganou uma modelo de lingerie, quais eram as possibilidades de ir sério
com ela? Tenho confiança, mas vamos! Aquela modelo era tão quente que fazia qualquer um
gozar. Apostaria que ela pensou a mesma coisa. Rompeu-se.

— Adoro o dura que é e adoro seu corpo. Tem curvas.

— Palavras doces. Garza vem amanhã pela manhã às dez para atualizar a ONE. Sei que
pediu para falar com Candi. Vai concordar?

Encolheu os ombros.

— Hero iria lhe perguntar, mas não disse nada para a Segurança ainda. Não estava
interessado na ideia.

Kat olhou o casal.

— Agora não é o momento para tocar no assunto.

— Perguntarei, se conseguir encontrá-lo sozinho, em algum momento.

— Cancelarei minha aula e estarei ali. Vou fritar Garza como um salmão para me assegurar
que tudo saia satisfatório.

Ele riu.

— Não sabe cozinhar.

— Você não é muito melhor na cozinha. Por isso comemos aqui.

— Não foi uma queixa.

Ele se aproximou e deslizou a mão entre suas coxas.

— Estou mais interessado em suas outras habilidades.

Ela agarrou sua mão.

— Provocador. Espere um pouco até depois que Candi abra seus presentes e vamos para
casa.

— Sente falta do seu trabalho, Kat?

Ela negou com a cabeça.

329
— Não. Havia muitos políticos mentirosos de merda. O distintivo era legal. — Sorriu. —
Fazia as pessoas suarem quando o mostrava. Os policiais realmente assustam as pessoas. O FBI os
aterroriza.

Começou a rir.

— Eu te darei um distintivo.

— Tudo bem. Tenho você. É muito melhor me dando emoção.

***

Hero observou Candi abrir outro presente. A alegria em seu rosto lhe assegurou que fez o
correto ao ter seus amigos presenteando-a com esta festa surpresa. Conseguiram algumas coisas
pela internet para ela. Ganhou roupas da ONE, uma bolsa bonita para carregar suas coisas e alguns
adoráveis animais de pelúcia usando camisetas da ONE que todas as crianças gostavam.

Pegou seu presente no bolso, agradecido por um dos homens da força tarefa ter ido a uma
loja fora de Homeland para ele. Shane lhe enviou mensagens de texto com dezenas de fotos até
que encontrou o perfeito. Trisha lhe ajudou a dizer o tamanho adequado, quando examinou Candi
nesta manhã antes de ele a ter deixado na residência das mulheres para começar seu turno.

— Candi?

Ela se virou para ele.

— Sim?

Estava nervoso, já que nunca acreditou que iria fazer algo como isto. Ele se levantou de sua
cadeira e se colocou de joelhos. Entregou-lhe o presente e girou sua cadeira quando ela o pegou.
Ela olhou o presente e depois para ele.

— Por que está aí?

— Abra.

A música parou e o bar ficou muito silencioso. Ele esperava isto, mas ela não. Olhando ao
redor, ruborizou um pouco.

— Todo mundo está nos olhando.

— Eu sei. São curiosos. Abra.

Suas mãos tremeram enquanto rasgava o papel. A caixa negra quase caiu em seu colo, mas
ele a pegou de suas mãos e a abriu, mostrando o conteúdo. Ofereceu a ela.

— As mulheres usam um anel de compromisso e os homens pedem às mulheres que se


casem com eles. É Espécie, mas não quero que renuncie a sua herança de sangue. Deve ter o

330
melhor de ambos os mundos, Candi. É minha companheira, mas também gostaria que se
convertesse em minha esposa. Quer se casar comigo?

Lágrimas rodaram por seu rosto, mas sorriu, assentindo com a cabeça. Hesitou,
esquecendo em qual mão colocava o anel.

— Sua mão esquerda. — Sussurrou Kat, alto o bastante para sua audição pegar, mas não a
de Candi. — O dedo junto ao mindinho.

Acomodou o anel no pequeno dedo de Candi. Passou ajustado sobre o nó do dedo, mas
encaixou facilmente em seu dedo. Ele lhe segurou o olhar.

— Iremos nos casar na próxima semana. Fiz os arranjos.

Desceu da cadeira e montou com as pernas abertas em seu colo. Sentou-se novamente,
segurando-a enquanto ela tocava seu rosto.

— Eu te amo muitíssimo. Obrigada por isto.

— Obrigado por sobreviver e voltar para mim.

Lutou com suas próprias lágrimas.

— Nunca vou te deixar ir.

— Nunca poderia se desfazer de mim.

Ele riu e não se importou com todos olhando-o enquanto beijava sua companheira.
Aclamações e aplausos soaram por todo o lugar. Afastou-se e sorriu.

— Sua próxima festa vai ser difícil, se tenho a intenção de fazê-la melhor que esta.

Ela se inclinou e colocou os lábios em seu ouvido.

— Poderia tentar ter um bebê comigo.

Ele a abraçou forte, segurando-a. Assentiu com a cabeça.

— Quando for seguro.

Ajudou-a descer de seu colo e se levantou. Seus amigos se reuniram ao redor deles, dando
abraços e felicitando-os. Candi mostrou seu anel para as fêmeas e se afastou dele para falar com
outros Espécies que ainda não conhecia. Darkness parou ao lado dele.

— Bom trabalho.

Jinx parou do outro lado.

— Era um fato que ela diria sim. Esta fêmea te ama.

Hero assentiu.

331
— Ela é minha. Isto foi apenas para que saiba que a aceito. Toda ela. Sempre se sente
inferior por causa de seu sangue humano. Tentou muito duro ser mais forte, como se fosse
Espécie.

— Não gosto de falar sobre isto neste momento, mas estará na reunião com o FBI amanhã?
— Darkness fez uma pausa. — Kat vai estar lá.

— Quer falar com os humanos e contar sua história.

Odiava admitir. Colocaria Candi na sala com os agentes do FBI.

— Não posso estar ali, mas estarei por perto. Poderia perder a paciência se a irritarem.

Darkness assentiu.

— Kat não permitirá que a maltratem verbalmente. Minha companheira tem


temperamento e uma boca muito suja. Me preocupo mais com o agentes do FBI saindo chorando.

— Irei querer seu sangue se atuar como se Candi estiver mentindo. — Admitiu Hero. — Ela
realmente espera que acreditem nela. É apenas que não quero que fique decepcionada. Viu muito
disso em sua vida.

— É uma fêmea forte. — Jinx sorriu. — Eu sei. Apenas quer protegê-la.

Darkness assentiu.

— Eu entendo Hero. As companheiras são tudo, mas tem que deixar que elas tomem suas
próprias decisões e simplesmente estar ali quando precisarem de você.

332
Capítulo Treze

Candi endireitou os ombros e trocou olhares com Breeze. A alta mulher não parecia feliz.
Suas seguintes palavras o demonstraram.

— Tem certeza que quer fazer isto? Alguns destes humanos com trabalho de autoridade
são puros idiotas. Estive antes em algumas reuniões entre eles e a ONE. Tratam-nos como se
fossemos crianças. Podem ser grosseiros, vaidosos e atuar como se mentíssemos.

— Direi o mesmo que disse a Hero. Preciso fazer isto. Quero fazer isto. Passei anos
desejando que alguém me ouvisse. Me leve para lá.

— Hero parecia irritado quando disse que iria com você. Porque não permitiu que ele
viesse?

— Viu como está estressado? — Candi fez uma careta. — Tenho medo que ataque alguém.
Não sou tão frágil como acredita.

— É protetor com você. Todos somos. Queremos que se recupere do que suportou.

— Então me deixe na sala de conferências.

Breeze assentiu.

— Certo Candi.

Ela abriu a porta, mas logo grunhiu quando outra mulher Espécie parou em pé na sala,
apoiada contra a parede.

— O que está fazendo aqui Kit?

A felina se afastou da parede e colocou as mãos nos quadris. Seu olhar pousou em Candi e
suas sobrancelhas se levantaram.

— É delicada.

— Este não é o momento e nem o lugar para ser grosseira. — Breeze moveu o polegar. —
Fora. Os humanos devem chegar a poucos minutos. Estão sendo levados pela Segurança para falar
com a companheira de Hero.

— Por isto estou aqui.

Breeze franziu o cenho.

— Hero é meu amigo e não queria que ninguém incomodasse sua companheira. Sou de
longe mais má que o macho designado para ajudar a controlar a situação. Disse que se perdesse e
tomei seu lugar. Sou sua escolta. Vamos revezar juntas com os machos humanos.

333
Breeze abriu a boca e logo fechou. Ela riu finalmente.

— Trabalhe suas frases feitas. Está não é a correta. Faz soar como se fossemos fazer sexo
com eles ao mesmo tempo e logo trocar de parceiros.

Kit levantou o lábio superior em desgosto.

— Sim. Exatamente.

Breeze puxou uma cadeira e indicou a Candi que se sentasse.

— Lembre-se que provavelmente farão ameaças, mas não podem te fazer nada. São
apenas sem sentido e para intimidar. Isto para no momento que se levante e saia. Pode fazê-lo a
qualquer momento. — Apontou Kit. — Vou deixar que fique, mas comporte-se ao menos uma vez.
Não agrave a situação. Deixe-me tomar a iniciativa.

Kit inclinou a cabeça.

— Obrigada.

Candi se sentou e as fêmeas Espécies ficaram em pé de cada lado dela, justo atrás da
cadeira. Sentia-se segura. A porta do outro lado da sala se abriu e entrou um casal. O macho usava
um terno. A fêmea um terno com saia e camisa de botões. O macho Espécie que os escoltava
apontou as cadeiras de frente a Candi. Os humanos se sentaram, olhando-a fixamente.

Candi não sentia medo. Tentou avaliar qual dos dois era o líder. A fêmea humana falou
primeiro. Abriu um grosso expediente e tirou uma foto, jogando-a sobre a mesa. Candi a olhou e
levantou o olhar sem tocá-la.

— Sou a agente Mona Garza. Conhece esta mulher?

— Esta é Penny Pess.

Candi não teve que olhá-la novamente.

— Matou-a?

Candi assentiu.

— Ela planejava me matar primeiro. Disse que meu pai morreu e que não podia mais lhe
pagar para manter-me presa. Disse aos assistentes que estava me movendo a outro hospital, mas
era mentira. Tirou-me da estrada com o carro, acreditando que ainda estava drogada no assento
traseiro. Abriu a porta de trás para me tirar do carro e colocar fim a minha vida e eu tirei a faca de
sua mão. Lutamos e eu ganhei.

A mulher pegou a foto e fechou a pasta.

— Fomos informados pela ONE o que aconteceu, quando nos convidaram para uma
reunião com eles. Olhei o arquivo que tinha a polícia sobre a investigação de assassinato, uma vez

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que o corpo foi descoberto. Dois enfermeiros e o guarda do portão declararam que a médica
planejava levá-la a outro hospital. Deu a entender que estariam esperando para recebê-la como
paciente.

Fez uma pausa.

— O que a polícia não pôde fazer foi comprovar isto. Tive nossos agentes fazendo-o.
Estabeleceram contato com todos os hospitais dentro de um raio de trezentos quilômetros. Sabe o
que descobriram? — Não esperou uma resposta. — Não te esperavam em nenhum deles.

— Isso porque a médica planejou matar nossa fêmea. — Grunhiu Kit.

Ambos agentes moveram-se em seus assentos, observando Kit. Breeze limpou a garganta.

A agente Garza olhou para Candi.

— Porque não foi à polícia depois que aconteceu?

— É humana. Tive que matar um dos seus. Disse a verdade durante anos enquanto estava
presa, mas ninguém acreditou em mim. Não estava disposta a correr este risco. Os humanos se
negaram a me ajudar em todo momento. Sabia que precisava chegar a Homeland.

— Entendo. Falamos com profundidade com o pessoal onde a retiveram, pegamos suas
pastas médicas e inclusive os dados financeiros por seu cuidado.

Garza fez uma pausa, seu olhar observando Candi.

— Queria dizer pessoalmente que lamento por tudo o que deve ter sofrido.

Candi não esperava isto.

— Apenas vou colocá-lo aí. Tivemos quatro consultores revisando tudo e isto cheirava a
raios. Seus direitos como paciente foram violados diariamente. Alguns dos medicamentos que
estavam lhe dando iam diretamente contra o diagnóstico médico que a Dra. Pess deixou
enumerado. Apenas alguém abusivo faria isto com você. Rastreamos os dados financeiros de cada
país a uma conta que pertencia a um homem que morreu há mais de vinte anos. Foi criada
semanas depois que o primeiro depósito das Indústrias Mercile foi invadido. Também
encontramos o caso de homicídio de quando era criança. Foi testemunha do assassinato de sua
mãe e do vizinho do lado?

Candi assentiu.

— Umas explosões fortes me acordaram. Não posso dizer quantas, mas foram muitas. O
corredor estava escuro e não queria ir até mamãe. Tinha medo dos ruídos fortes. Minha mãe e o
senhor Cooper, da casa ao lado, estavam nus e sangrando sobre a cama. Havia uma arma ao lado
deles. Sabia o que era, porque meu pai tinha uma. Me mostraram para que nunca a tocasse.
Guardava em seu escritório no andar de baixo. Ouvi passos que se aproximavam e me escondi
atrás da porta do quarto. Meu pai entrou com uma faca e começou a apunhalá-los. Estava tirando

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algo fora de seu corpo e colocando no bolso de sua jaqueta. Levou garrafas do bar do andar de
baixo. Abriu-as e jogou sobre a cama e começou um incêndio. Assustou-me o suficiente para fazer
com que me movesse. Queria correr, mas congelei quando se virou e me olhou. Ele me levou para
Mercile e me deixou ali. Me mudaram dali para o hospital quando tinha dezesseis anos.

— Por quê?

Candi lançou um olhar para Breeze pedindo ajuda. Não queria explicar o que aconteceu
neste dia com o felino, nem a reação violenta de Hero.

— Porque em Mercile eram idiotas. — Grunhiu Kit. — Eles não nos informavam porque
abusavam de nós, nem nos deixavam dizer algo sobre o assunto. Enviavam-nos a outros lugares
várias vezes. Que tipo de pergunta é esta?

A agente Garza levantou o olhar para Kit.

— Tenho curiosidade porque não entendo o motivo de Christopher Chazel em mantê-la


com vida. Teve que transferi-la dali e pagou para ela ser atendida em outro lugar. Duvido que teve
que fazer isto em Mercile. Vê aonde vou com isto?

A porta de trás deles se abriu e Kat entrou. Ela usava uma calça preta, uma camisa de
botões dentro da calça e tinha um distintivo no cinto. Aproximou-se das cadeiras do lado da mesa
e se sentou.

— Sou Katrina Perkins, ex-FBI.

Garza franziu o cenho.

— Lembro tê-la visto ao redor. Sem quem é.

Kat soltou seu distintivo e colocou-o na mesa. Deu uns golpes com o dedo.

— Sou parte do grupo de trabalho da ONE agora. Estive monitorando do outro lado da sala
para ter uma ideia do que está tramando.

A agente Garza olhou a câmera e logo outra vez para Kat.

— Não estou tramando nada, Perkins.

— Está pescando. Como diabos poderia Candi saber quais eram os motivos do filho da
puta? Ele não era o pai do ano e não tinha conversas com ela de coração para coração. Talvez
traçou uma linha no limite da maldade para sua própria carne e sangue. Poderia ter sentido culpa
sobre a merda que fez quando a levou para Mercile e a deixou ali todos aqueles anos. Deveria
perguntar a ele seus motivos, mas está morto. Isso é como perguntar à vítima porque o era,
porque o assassino a escolheu. Continue.

A agente Garza apertou os lábios, mas voltou o olhar para Candi.

— Penny Pess te contou que Christopher Chazel morreu, correto?

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— Eu vi os vídeos que lhe deram. — Kat inclinou-se para frente. — Você sabe a resposta
para isto. Ela já deu detalhes do que lhe disse a Dra. Pess em seu escritório antes de tentar matá-
la. Devo tirar uma copia do vídeo para você e reproduzir a fita para que possa vê-lo e ouvir palavra
por palavra?

A agente Garza fulminou Kat com o olhar.

— Sabe que é o procedimento.

— Veio aqui com simpatia e palavras amáveis, mas está buscando algo para cavar nela. Não
aprecio isto. Acha que não conheço os passos do baile?

Kat riu ironicamente.

— Vamos cortar a merda, Garza. Provavelmente está recebendo pressões de algum chefe
que não esteve em campo desde que Clinton estava no comando. Não são bons com mudanças e
nem estão cômodos com a ONE. Os policiais colocaram a foto dela em todos os jornais e
colocaram ali que era uma assassina que escapou do manicômio. Eles a declararam culpada
porque eram muito preguiçosos para investigar realmente os fatos além da superfície. Isso
significa que o público entrou em pânico. Ela foi vista em quantos? Quatro estados?

— Três.

Kat encolheu os ombros.

— Três. Logo se filtrou que ela estava aqui e alguns idiotas gritões começaram a piar sobre
como a ONE está aceitando dentro cruéis assassinos. Tenho um computador com acesso à
internet. Estive vigiando. Eles estão revolvendo a merda. Seu chefe está tendo o traseiro
mastigado, o que significa que esta chegando por baixo da linha dez vezes para aterrissar justo em
seu escritório. Disse algo errado até agora?

— Não.

Kat apontou para Candi.

— Ela é uma vítima. Ponto. Tinha cinco anos quando percebeu que seu pai era um pedaço
de merda que matou sua mãe. Disse que viu o arquivo de homicídio. Quem garantiu seu álibi no
momento dos assassinatos?

— Seu supervisor nas Indústrias Mercile.

— Aí está sua conexão a como e porquê a mantiveram ali. É inteligente, Garza. Fez sua
investigação sobre as Indústrias Mercile tão logo ficou responsável pelo caso. Ambas sabemos que
tinham zero de moral devido à fodida pesquisa que faziam. Quer que me nivele contigo? Queriam
ver se uma criança Espécie mataria um ser humano. Conseguiram sua resposta. Os Espécies não
matam crianças. Cresceu nesse inferno até que não precisaram usá-la mais. Chazel lhe enviou a
um novo inferno e provavelmente pagou para mantê-la com vida porque... quem diabos sabe

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isso? Consiga um especialista em perfis e estude-o para descobrir. Candi matou Pess para poder
continuar respirando. Você sabe. Eu sei. Infernos, seu chefe saberia também se deixasse de
brincar de político tempo o suficiente para dar uma merda pelo que realmente se passou, em
lugar de tentar ganhar pontos com quem quer que seja que esteja tentando impressionar.

Kat respirou fundo e exalou.

— Estive onde você está. Por isso agora trabalho para a ONE. Fiz uma escolha para fazer o
correto sobre as pressões que recebi do meu chefe. Além disso, não vou negar que aqui os
benefícios são muito melhores. Candi não é perigosa. É uma sobrevivente. Siga os fatos e faça o
correto. Não ficará popular, mas te ajudará a dormir melhor à noite.

— Estamos rastreando as finanças do hospital. Vai levar tempo, mas a conta vinculada aos
pagamentos do hospital, onde mantiveram Candi, ajudará a averiguar onde poderia estar vivendo
Christopher Chazel. Garantiremos que a informação seja correta e se ele realmente morreu.

Garza olhou fixamente para Candi.

— Se não estiver, vamos remover céu e inferno para conseguir trazê-lo de volta aqui para
ser julgado pelo que fez com você, pelas vítimas de Mercile e pelo duplo homicídio que cometeu.

Ela escreveu algo em sua pasta e ficou olhando para Candi.

— Testemunharia contra ele em um tribunal de justiça?

Candi assentiu.

— Gostaria de saber se Penny mentiu sobre sua morte. Quero que pague pelo que fez.

Garza olhou para Kat.

— Estou tentando fazer o correto, Perkins. Acredite ou não, não estava dançando com ela.
Sinto-me fatal. Tudo o que investiguei confirmava o que ela disse. — Olhou para seu companheiro.
— Kether e eu concordamos com isto. Apenas estou tentando colocar todos os pingos nos is. Do
contrário, meu chefe levantará o inferno e questionaria.

— É conhecido por transferir agentes se não apresentam relatórios que gosta. —


Murmurou o homem.

Kat estremeceu.

— É Jorginson? Pensei que se aposentou.

O agente masculino bufou.

— Mudou de ideia. Novamente.

— Merda. É um verdadeiro idiota.

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Kat inclinou-se para trás e relaxou em sua cadeira.

— Vamos jogar no mesmo campo. O que acha? O que posso fazer para ajudar a fazer este
trabalho?

Garza sorriu.

— Ouvi que era uma cadela, Perkins. Não é tão ruim.

Kether olhou para a câmera.

— Pode eliminar qualquer coisa nisso e fazê-lo desaparecer?

Kat assentiu e levantou a mão, fazendo um movimento de corte.

— Deixaram de gravar. Apenas a ONE está olhando ou tem acesso. O que quer nos dizer
extra oficialmente?

Garza fechou o arquivo e se levantou.

— Solicite cópias de todas as evidências que recolheram. Justice North pode conseguir que
se faça. Não há como ninguém ver o que adquirimos e ainda pensar que as acusações devem ser
apresentadas pela morte de Pess ou duvidar do porquê a ONE está dizendo que ela é um deles.

Olhou para Candi.

— Lamento o que sofreu. Gostaria de poder prender alguns empregados deste hospital por
sua estupidez. Por desgraça não é um crime ser imbecil. — Olhou para Kat. — Se eu fosse vocês os
demandaria por toda esta merda. A ONE tem advogados. Use-os para conseguir um pouco de
vingança por ela. Eles lhe devem.

Os agentes se foram e Candi olhou para Kat.

— Foi bem, não?

Ela sorriu.

— Foi tudo bem.

Kit grunhiu.

— Não foi tão acidentado.

Breeze bufou.

— Estava esperando uma luta com socos?

— Talvez. — Kit girou. — Já vou. É meu dia livre.

Candi se levantou e olhou ambas as fêmeas.

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— Obrigada.

— Vá buscar seu macho.

Breeze ficou para trás e pegou o distintivo.

— De onde tirou isto, Kat?

— Trey Roberts estava passeando pela Segurança. Disse que queria pedi-la emprestada e
por que. — Sorriu. — Ele não duvidou.

— Vou devolvê-la.

Breeze a guardou em seu bolso.

— Bom trabalho.

— Não gosto da postura dos mentirosos de merda. Tinha a esperança que Garza sentisse o
mesmo.

Kat passou diante de Candi e estendeu a mão, apertando seu braço.

— Foi genial. Vou falar com Justice North sobre soltar alguns fios para acessar a tudo o que
o FBI tem.

Candi saiu da sala de conferências e se dirigiu para onde viu Hero pela última vez.
Descobriu-o andando diante das portas duplas que conduziam para dentro do prédio, não muito
longe de onde estava estacionado um carro. Parou quando a viu. Ela sorriu e ele fechou os olhos.

Candi estava bem. Hero tentou deixar de lado sua ansiedade. Suas mãos suaves pegaram
as dele e ele a olhou.

— Eles a ouviram?

— Sim e acreditaram.

— Como se sente?

Pareceu hesitar um pouco.

— Bem.

— Não a incomodaram em absoluto?

— Não. Em sua maior parte foram agradáveis. Kat e a agente fêmea que liderava trocaram
umas palavras, mas resolveram. Ela disse que está tudo bem.

— Não poderiam ter feito nada contra você.

— Eu sei.

340
— A Dra. Trisha me ligou. O último resultado de seus exames chegou. — Sorriu. — Está
bem. Quer que vá falar com ela sobre sua nutrição, no entanto. Disse que não posso alimentá-la
com coisas pouco saudáveis para que ganhe peso.

— Tem tempo antes de seu turno? Do contrário, poderia pedir alguém para me levar.

— Troquei de turno. Não queria deixá-la sozinha se a entrevista fosse mal.

— Isso foi amável de sua parte.

— É minha companheira. Você é minha prioridade. Sempre virá primeiro.

— Neste caso, podemos ir ver a Dra. Trisha depois? Gostaria que me levasse para casa.

— Está irritada. — A ira aumentou. — Quem te incomodou? O que disseram?

Aproximou-se nas pontas de pés e se apoiou nele.

— Quero a experiência canina. Deveríamos celebrar.

Envolveu seus braços ao redor dela e seu temperamento sumiu tão rápido como apareceu,
mudando para diversão.

— Você é muito má.

— Sou. Deixarei que me faça cócegas, se estivermos nus.

Ele a deixou sair e estreitou sua mão.

— Vamos.

Sua risada lhe fazia feliz.

341
Epílogo

Dois meses mais tarde.

Hero entrou em seu apartamento e acendeu o interruptor de luz. Não aconteceu nada.
Uma risadinha soou do outro lado da sala. Ele grunhiu baixo e fechou a porta atrás de si.

— O que está fazendo Candi?

— Esperando que voltasse para casa. Lembra-se de brincar de esconde-esconde?

Agarrou a alça de seu colete, soltando-a.

— Claro.

— Como é sua visão com esta luz? Não está tão escuro como costumava em nossa cela.

Ele a divisou perto da porta do quarto. Não era mais que uma sombra escura no quarto.
Tirou o colete e o deixou cair. Seu cinto e sua arma foram o seguinte.

— Quer brincar?

— Sempre quero brincar com você. Temos mais espaço aqui do que costumávamos ter em
Mercile. Pode me ver? Tentei cobrir todas as janelas, mas ainda está mais claro aqui do que
pretendia.

— O que ganho se te pegar?

Inclinando-se, tirou as botas.

— O que quer?

— Você, nua.

— Isso não é justo.

Endireitou-se.

— Porque não?

— Já estou sem roupa.

Grunhiu suavemente. Inalou e captou o cheiro da excitação dela. Isto agitou a sua própria.

— O que estava fazendo durante minha ausência, minha Candi?

— Pensando em você, meu filhote.

342
Ela deu um passo diante da porta aberta do quarto.

— Venha me pegar.

Ela correu para dentro do quarto. Seguiu-a, com cuidado de não bater o joelho na mesinha
do café. Entrou no quarto e olhou ao redor. Cobriu a janela do quarto menor com maior eficiência,
deixando-o sem luz suficiente para ver, tal como fez na sala de estar. Cheirou o ar, perseguindo-a
com seu cheiro. Estava perto da cama.

— Não é justo. — Sussurrou ela.

— Quem disse que teria que ser? Você está nua.

Lançou-se rapidamente, riu e a levantou nos braços.

— Não pode usar seus sentidos contra mim quando não tenho os mesmos. Lembra?

— Costumava usar roupas. As coisas mudam. Nunca antes quis tanto te pegar.

Sentou-se na cama com ela no colo. Suas mãos percorreram seu corpo e segurou seu
traseiro. Apertou suavemente.

— Adoro como se sente.

— Sim, gosta das minhas curvas.

Sua outra mão acariciava seu estômago suave e quente.

— Gosto.

Ela se virou para ele e lançou os braços em seu pescoço.

— Posso tirar os preservativos? Trisha disse que estou bem. Tenho alguns quilos mais do
que ela queria que ganhasse.

— Quer tentar ter um bebê agora?

— Sim.

Ela roçou a boca sobre o queixo dela, mordiscando para cima através da linha da
mandíbula e sussurrou ao seu ouvido.

— Estamos recuperando o tempo perdido.

— Pode ser que não aconteça de imediato.

— Eu sei. Ouvi o que disse Trisha. Não quer que fiquemos decepcionados se não ficar
grávida na primeira tentativa.

— Vou acender a luz. Quero te ver.

343
Foi ela quem se inclinou para a mesinha de noite e acendeu a lâmpada. Piscou para ajustar
sua visão e sorriu. Observou Candi. Agora projetava um brilho saudável e já não parecia frágil,
como na primeira vez que chegou a ele. Estava ainda mais bonita.

— Tira meu fôlego.

— Sempre diz isso quando estou nua.

— Digo isto também quando está vestida.

— Não tem este tom rouco, no entanto.

Ele a olhou nos olhos.

— Isso é porque quero lambê-la por todas as partes agora mesmo e estar em você quando
começar a gemer meu nome.

Ela sorriu e procurou a barra da camiseta dele puxando para tirá-la de dentro da calça.

— Vamos tirá-lo disso.

Inclinou-se para trás para ajudá-la e ela empurrou a camiseta para cima. Levantou os
braços, conseguiu tirá-la e a lançou sobre o tapete. Caiu de costas sobre a cama e observou Candi
sentada sobre suas coxas, seus dedos ágeis abrindo a calça. Adorava olhá-la, observá-la. Ela
levantou os olhos e parou, inclinando um pouco a cabeça.

— O que?

— Estou feliz.

— Então ficará mais se deixar de ficar aí deitada e me ajudar a tirar este calça.

Estendeu a mão e envolveu-as ao redor de seus quadris.

— Preciso te contar algo.

— O que é?

— Um vez disse que era minha fraqueza. Estava errado. É minha força.

Ela se inclinou sobre ele, apoiando as mãos sobre a parte de cima de seu peito.

— Não é preciso me dizer isto.

— Sim, é. Tinha medo neste momento. Confundi o que sentia por você com fraqueza.
Significa tudo para mim. Depois que te perdi, simplesmente existia, mas não estava realmente vivo
até que me encontrou novamente. Obrigado.

— Vai me fazer chorar. — As lágrimas encheram seus olhos. — Mas são lágrimas de
felicidade.

344
— Quero que saiba o que sinto por você.

— Sei disso, cada vez que me olha e me toca.

Rodou sobre si mesmo, prendendo-a sob ele. Deslizou por seu corpo, beijando seus lábios,
sua garganta e provocando seus seios com a boca. Ela gemeu e abriu as pernas. Ele levantou os
quadris para que tirasse sua calça e a empurrou para baixo quando chegou a seu estômago. Os
dedos foram para seu cabelo, empurrando-a mais para baixo. Ele riu.

— Alguém está impaciente. Pensei que quisesse brincar.

— Adoro fazer sexo.

— Teria que trabalhar mais duro, se não fosse assim.

Chutou sua calça e cueca boxer longe, finalmente livre de toda sua roupa. Chegou até sua
boceta e se apoderou de suas coxas para mantê-las abertas. Tinha o costume de tentar fechá-las,
justo antes de alcançar o clímax. Ele grunhiu quando sentiu seu cheiro de necessidade, seu pau
estava duro como uma rocha e doendo por estar dentro de sua mulher.

Brincou com seu clitóris. Ela adorava sua língua, mas também desfrutava quando usava os
dentes inferiores para passar sobre ela. Seus gemidos encheram o quarto e ele soltou uma de suas
coxas, alcançando de forma automática os preservativos na mesinha de noite que sempre
mantinha cheia. Os dedos roçaram neles, mas então se lembrou que já não planejava usá-los.

A ideia de não ter nada entre eles e ser capaz de gozar dentro dela, o deixou um pouco
louco. Levantou-se e agarrou seus quadris, virando-a.

— Vá para a metade da cama. — Grunhiu.

Ela não questionou, colocando-se sobre suas mãos e joelhos para ele. Ele a seguiu e
colocou as pernas por fora das dela, usando as panturrilhas para apontar seus pés. Estava excitada
e sabia que estava perto de gozar. Como ele estava.

Iria compensá-la mais tarde, tomando seu tempo e fazendo amor com ela. Ambos
poderiam passar horas tocando-se e beijando.

Inclinou-se e agarrou seu quadril com uma mão, usando a outra para guiar a ponta de seu
pau até sua abertura. Ele pressionou contra ela, esfregando-se contra seu sexo, provocando-a
antes de entrar. Estava úmida e preparada para ele. Ambos gemeram enquanto empurrava para
frente, tomando-a.

Soltou o eixo e desceu sobre suas costas, usou um braço para segurar a parte de cima do
corpo e com o outro alcançou seu estômago, deslizando a mão mais abaixo até que seus dedos
roçaram seu clitóris.

— Meu filhote. — Gemeu Candi.

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— Minha Candi. — Grunhiu em resposta.

Moveu-se, tomando-a rápido e duro enquanto pressionava contra seu clitóris, esfregando a
sensível joia com cada golpe de seus quadris. Seus gritos e gemidos roucos lhe diziam o muito que
gostava ser reclamada por ele. Adorava estar dentro dela. Não havia nada que jamais poderia se
sentir tão correto como se sentia para ele.

O suor cobriu seus corpos enquanto a paixão lhe queimava até que ela alcançou o clímax,
com seu número nos lábios. Não lhe importava que às vezes caísse em antigos hábitos e se
esquecesse de usar seu nome. Podia chamá-lo de qualquer coisa que quisesse, já que ele era dela
e ela era sua.

Entrou uma última vez, seus músculos vaginais ordenhando-o enquanto sua semente
entrava em erupção e a enchia. Uivou e os colocou de lado para não esmagar o corpo pequeno
com seu peso. Aconchegou-se com força, enquanto ele descia das alturas de fazer amor com sua
companheira.

Levantou a cabeça e colocou o rosto junto ao dela. Tirou os dedos afastando-os de seu
clitóris super sensível e colocou sua mão no estômago.

— Eu poderia não deixá-la grávida na primeira tentativa, mas realmente acho que vou
gostar de continuar tentando.

Candi riu e suas mãos agarraram os braços que a rodeavam.

— Eu também.

— Não vou sentir falta dos preservativos. É muito melhor sem eles.

— Concordo. Sente-se ainda melhor. Não pensei que fosse possível.

Fechou os olhos, simplesmente segurando-a enquanto ambos recuperavam o fôlego.

— Qualquer coisa é possível, minha Candi.

— Sim, é verdade, meu filhote.

***

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