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Primal Law

J. D. Tyler

Livro 01 da Série Alpha Pack

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Tradução:
Mônica M., Danielle Sousa

Revisão:

Mônica M., Dulce Cristiane, Mônica Santos

Leitura Final:
Josi T.

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Para minha mãe, Trena Davis.

Você é a prova viva de que há pelo menos um anjo aqui na terra, que foi
colocado aqui para tocar a vida, preenchê-la com alegria e risos, e tornar o
mundo um lugar mais feliz de ser.

Deus sabe o que eu seria sem o seu amor incondicional e apoio. Agradeço a
Ele todos os dias por me abençoar com uma mãe tão maravilhosa quanto você.

Eu te amo.

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AGRADECIMENTOS

Agradecimentos especiais a:

Minha família, especialmente meus filhos e meus pais, por seu apoio inabalável
através de um ano extremamente difícil. Fizemos isso, e todos nós estamos
mais fortes por isso. Eu te amo.

As raposas—Tracy Garrett, Suzanne Ferrell, Addison Fox, Jane Graves, Julie


Benson, Lorraine Heath, Sandy Blair, Alice Burton, and Kay Thomas. Eu não
sei o que eu faria sem vocês, e eu não quero nem descobrir! Tragam o vinho!

Minha agente, Roberta Brown - minha líder de torcida, amiga, e abala. Eu não
posso esperar para ver quais surpresas divertidas o amanhã trará para nós.

Minha editora, Tracy Bernstein, por apoiar e incentivar-me quando a minha vida
pessoal ficou realmente difícil. Você é um diamante que permite que os seus
autores brilhem, e eu sou grata a você. Minha Relações Públicas, Erin
Galloway, por seu entusiasmo contagiante e todo o trabalho duro que você faz.

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A criatura era enorme, com pelagem branca cremosa, as pontas das orelhas
pretas e em torno de seu rosto, ombros e costas era cinza. Seus olhos eram de
um azul-cinzento como aço e pareciam olhar diretamente para sua alma.

Apesar de o sangue manchar seu pêlo no ombro direito, ele era lindo.

E ele rasgou facilmente dois homens adultos, um deles armado.

Ele continuou a avançar sobre ela, e ela se encolheu contra o lado do


passageiro do seu Camry, o coração batendo na garganta. Ela não podia correr
mais do que ele, se tentasse, um fato refletido nos olhos penetrantes. Eles
eram assustadoramente inteligentes, quase desafiando-a a tentar para que ele
pudesse desfrutar da emoção de persegui-la.

"Bom garoto", ela sussurrou, a voz oscilando. Levantando a mão trêmula, ela
tentou um comando. "Fica!"

O animal parou, levantou a cabeça, uma expressão quase confusa em seu


rosto canino.

"Bom garoto. Sente-se!" Ele o fez.

Alguns de seus medos começaram a diminuir e ela se perguntou quão bem


treinado o animal estava. Talvez ele fosse o cão de guarda de alguém que se
perdeu. Ele certamente a protegeu desses bastardos.

"Role!"

Com isso, a forma da criatura começou a oscilar. Um tipo de remodelagem. Ela


piscou rapidamente, pensando que devia haver algo de errado com sua visão.
Mas não, ela simplesmente estava perdendo a cabeça depois de tudo, porque
a pelagem se retraiu, tornando-se pele. Patas tornaram-se mãos e pés com
membros muito humanos ligados. Tufos de orelhas pretas foram embora, o
focinho desapareceu e, de repente, havia um nariz majestoso.

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E agora um homem de cabelo preto estava agachado onde o lobo estava
segundos atrás. Um homem grande e muito pelado que desdobrou o corpo alto
e olhou para ela, um canto de sua boca curvando para cima.

"Eu vou fazer um monte de coisas sob comando", disse arrastando as palavras
preguiçosamente. "Mas eu não rolo para ninguém, querida."

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Prólogo

Jaxon Law agachou atrás de uma caçamba de lixo na parte de trás do antigo
prédio de tijolos, desejando que estivesse usando luvas para proteger suas
mãos. E não apenas por causa do lixo fedorento transbordando de cima da
lixeira na calçada em torno dele.

Luvas o teriam protegido da mancha do passado, no sentido mais literal. Se ele


pudesse, as estaria usando, mas ele não podia. Elas eram muito quentes,
faziam suas mãos suarem.

Muito ruim, porque havia tempo e lugar para utilizar seu dom RetroCog* e não
era aqui nem agora. Ninguém da equipe Alpha Pack, incluindo ele mesmo,
podia permitir-se uma única distração esta noite. Alguma coisa não estava
certa.

Uma estranha opressão pesava o ar, o céu num misterioso verde-azulado à


meia-noite. Um aviso de perversidade. Do mal.

"Nós não temos que estar aqui", ele murmurou, os olhos fixos no prédio.

Ao lado dele, Zander Cole deu um bufo tranquilo na escuridão. "Diga isso a
Terry. Ele acha que nós somos uns fodidos super heróis indestrutíveis ou, ao
menos, está convencido de que ele é.”

Seu melhor amigo fez uma pausa e Jaxon olhou para aqueles estranhos olhos
ônix reluzentes. “Tens algum pressentimento?"

*RetroCog : habilidade que os membros da equipe Alpha Pack possuem.

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"Eu sou apenas um curandeiro, homem, lembra? A única merda que eu estou
sentindo é o senso comum tipo, vamos dar o fora daqui, porra."

Zan era muito mais do que "apenas um curandeiro", mas agora não era o
momento de discutir a questão. Cada instinto que Jax possuía, tanto humano
quanto lobo, estava gritando para ele dar a volta e correr. Rápido e avançando,
não parando até que tivesse colocado este lugar esquecido por Deus - e a
realidade do que ele se tornou - bem distante dele. Ele não conseguiria, é
claro.

Assim como seus irmãos Pack, ele simplesmente não foi feito para mais nada
além de ficar e lutar. Proteger os desavisados seres humanos dos horrores que
eles nem sonhavam que existiam. Mesmo que custasse a sua própria morte, se
necessário.

Mas toda sua vida ele tinha protegido aqueles que não podiam defender-se,
portanto a perspectiva de morrer não o incomodava muito e não foi o que o
incentivou a fugir agora. Era inevitável o fato de que ele se graduou batalhando
contra monstros humanos até enfrentar os reais, e o time raramente soube que
tipo de besta salivante espreitava atrás da porta número três. Havia a
antecipação terrível, em seguida o afundamento de suas vísceras quando eles
encontraram outra criatura que eles não tinham a mínima ideia de como
derrotar.

Mais ou menos como jogar roleta russa com uma pistola carregada.

Balas, facas e bombas eram bastante diretas, um soldado sabia o que esperar,
e quem as estavam empunhando.

Presas, garras e comedores de carne peçonhentos? Não muito. Este tipo de


arma, com certeza ficou fora do manual.

Mas nos últimos cinco anos eles aprenderam, e rápido. Matar ou morrer.

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Ryon Hunter, telepata e canalizador da equipe, empurrou a ordem dentro de
suas cabeças: "Terry disse, vão".

Eles convergiram para o prédio por todos os lados - Jax, Zan, Ryon, Terry, Aric,
Micah, Jonas, Ari e Phoenix, ou Nix, como eles o apelidaram.

Logo eles saberiam se sua fonte era confiável. Se assim fosse, uma família de
humanos estava sendo mantida em cativeiro por um grupo de vampiros,
utilizados como alimento e no trabalho escravo. Provavelmente estavam
aterrorizados e fora de seu juízo, a esperança de que a ajuda chegaria a
tempo, se esgotando.

Deslizando pela parede, Jax enrolou uma toalha em torno do punho para
abafar o barulho da janela quebrando. Ele limpou as bordas recortadas; em
seguida, ele e Zan entraram através dela, deixando seus olhos se
acostumarem com a escuridão. Eles não precisavam de lanternas - sua metade
animal enxergava perfeitamente no escuro. Eles escutaram, mas não havia
som nenhum.

A sala de armazenamento na qual eles estavam era suja e repleta de caixas e


outras porcarias. De acordo com o cheiro rançoso, ninguém tinha usado este
lugar por muito tempo. O sentimento ruim entre seus ombros aumentou.

"Isto não está certo", ele sussurrou para Zan. "Eu não acho que haja alguém
aqui".

"Vamos continuar procurando".

Ele queria correr. Mas se houvesse qualquer chance de salvar vidas inocentes,
eles tinham que verificar cada polegada. Poucos minutos depois, a equipe se
reuniu em uma grande área aberta do edifício. Nenhum deles encontrou
qualquer traço de alguém, vivo ou de outra maneira. E no negócio deles, "de
outra maneira" não significava necessariamente morto, mas talvez pior do que
morto.

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"Não há uma única fodida alma aqui", Terry estalou. Seu chefe estava furioso.
"Que maldito desperdício de tempo".

"Nós temos que sair", Jax disse, olhando ao redor. "Eu tenho um mau
pressentimento".

O chefe bufou. "Certo, como teve..."

Uma rachadura soou e Terry fez um som suave, umidade escura brotando em
seu peito. Seus olhos se arregalaram de surpresa, então ele caiu no chão sujo.

"Abaixem!" Jax gritou.

Ele e seus amigos correram para procurar um abrigo, mas havia muito pouco
para ser encontrado.

Jax se arrastou em direção a uma pilha de paletas de madeira, mas uma dor
lancinante nas costas o levou a se dobrar. A queimação se expandiu
abrangendo seu torso, seus membros. O calor fritou seus músculos e depois
pareceu anestesiar seu corpo inteiro. Prata. Oh, Deus.

"Prata! Eles estão usando..." Ele tentou gritar o aviso, mas quando rolou de
costas, as palavras morreram em sua garganta.

Houve movimento nas vigas do edifício. Dezenas de formas escuras


levantaram vôo. As coisas mergulharam para baixo, e ele viu enormes
criaturas.

Pele com textura de couro preto, mandíbulas escancaradas cheias de dentes


afiados. Nem demônios, nem vampiros. Nem Ghouls. Nada do que ele alguma
vez havia visto nos últimos cinco anos, desde que tinha caído de cabeça em
Psycholand.

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Ele tentou se mover para trás, se transformar na sua forma lobo, mas não
podia fazer nada além de olhar quando as criaturas convergiram para cima de
seus companheiros. Seus melhores amigos e irmãos. Dentes rasgando a
carne, os gritos dos moribundos arrancando seu coração.

Um baque sacudiu o chão e uma das bestas galopou para ele, os olhos
amarelos brilhando com malícia, a saliva escorrendo de sua boca em um fluxo
viscoso para o chão.

O pulso de Jax bateu em sua garganta e o terror o congelou até os ossos. Em


seguida, a besta agarrou sua perna direita com a boca enorme e o empurrou
para baixo, esmagando ossos e músculos. O grito de Jax juntou-se aos de
seus irmãos enquanto a coisa o sacudia como um cão com um osso. Ele tinha
que fazer alguma coisa.

Nada.

Ele se concentrou em sua mão direita. Apenas isso. O suor escorria por seu
rosto enquanto suas unhas transformavam-se em garras. Impulsionando para a
frente, ele cortou a garganta do animal. Ele caiu para trás, segurando sua
garganta numa tentativa inútil de parar o fluxo de sangue. Depois caiu morto,
entre espasmos.

À sua volta, seus camaradas estavam lutando uma batalha perdida. Algumas
das bestas estavam mortas, mas não o suficiente delas. Ele tinha que ajudar.
Tinha que chegar até eles.

Através do espaço, perto da parede oposta, Aric enviava bolas de fogo nas
bestas restantes, ajudando a virar a maré. Jax esperava. Mas o fogo foi se
espalhando, as caixas e paletas de madeira queimando como se fossem palha
seca.

Primeiro, as bestas. Mate-as, leve seu time para fora. Uma delas tinha Zen
preso, pronta para rasgar sua garganta. Jax lançou-se como um barril a poucos

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metros deles, derrubando a coisa. Esta teve o mesmo fim da primeira e Jax
sentiu uma pequena satisfação.

"Os outros", resmungou Zan, tossindo.

Eles olharam ao redor e viram que o restante das criaturas estavam mortas.

Algumas deviam ter voado, assustadas com o fogo. Outras haviam sido
despachadas pelos seus amigos. De alguma forma, ele e Zan arrastaram seus
companheiros de equipe, um por um, das chamas famintas. Alguns não
estavam se mexendo.

Quando Zan tentou usar seus poderes de cura na perna mutilada de Jax, ele o
deteve.

"Eu vou ficar bem. Pegue os piores primeiro."

A boca de Zan se apertou em uma linha fina, mas ele assentiu e se moveu. E
prosseguiu quase matando a si mesmo, fazendo o impossível. Ele não
conseguiria salvar a todos.

Jax flutuou, desejando que estivesse nos braços de Beryl. Que tudo isso
tivesse acabado, ou nunca tivesse acontecido. Ele imaginou estar enterrado
entre suas coxas, dando a eles o que ambos precisavam. Ele quase podia
ouvir sua risada.

Depois de alguns momentos ele percebeu que o som era real, não sua
imaginação. Ele abriu os olhos para ver Beryl de pé em frente a ele, um sorriso
maldoso em seu adorável rosto, a crueldade transformando-o em algo feio,
zombando.

"Beryl? Minha equipe, como eles estão?"

Ela riu novamente. "Mortos. De que outra maneira estariam?"

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"O quê?" Ele olhou para ela, sem compreender.

Agachando-se ao lado dele, ela correu uma unha ensanguentada em sua


bochecha. "Como você não percebeu isso? O contato de Terry estava, na
verdade, trabalhando para mim."

Ela não poderia. A Beryl que ele conhecia era divertida, amorosa. Insaciável.
Ele pensava que conhecia.

"Por quê? Por que você fez isso?" Agonia atravessou seu peito. A dor da
traição e da perda.

"Você gostaria de saber? Alguém muito importante tem grandes planos, e isso
é tudo o que você precisa saber. Obrigada pelos bons momentos, amante."

Agonia se transformou em raiva. Sentando-se, ele ignorou a dor, empurrando-a


para os pés. Agarrou a frente da sua blusa e a sacudiu. "Para quem você
trabalha? Diga-me!"

"Foda-se", ela cuspiu.

Uma névoa vermelha desceu destruindo toda a razão. Mancando, meio


arrastando a perna ferida, ele a puxou através do edifício em chamas. Ela
assassinou sua equipe. Os homens que ele amava como irmãos. "Queime no
inferno, prostituta."

Com suas últimas forças, ele jogou a vadia traidora no fogo. Caiu de joelhos.

Seu grito de ultraje, prometendo vingança e os gemidos de seus companheiros


morrendo perseguiu-o nas trevas.

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UM

Seis meses mais tarde...

Kira Locke teve trinta segundos para pegar as amostras e dar o fora.

Cada segundo contava. E então, tecnicamente, ela seria uma ladra. Uma
criminosa. A polícia não saberia realmente o que fazer com os itens que ela
roubou se ela fosse capturada, mais do que ela saberia fazer com os itens se
não fosse.

Seu plano brilhante tinha incluído tirar as amostras daqui, mas não para onde ir
depois. Ou a quem dá-las. Em quem ela se atreveria a confiar quando
oferecesse um pouco mais do que pequenos pedaços de tecidos mortos e um
par de acusações selvagens? Quem acreditaria nela?

Um barulho metálico raspando em algum lugar no corredor a levou a saltar,


suas mãos tão trêmulas que ela quase deixou cair os recipientes preciosos.

Grande merda, trinta segundos. Merda.

Rapidamente, ela verificou as tampas uma vez mais para ter certeza de que o
formol não iria vazar, então colocou as pequenas latinhas em sua bolsa. Lá.

Vamos ver o que o Dr. Jekyll e os vampiros são capazes.

O som de raspagem veio novamente, mais alto desta vez. Mais próximo.

Os estáveis e pesados passos no concreto, o sistemático abrir e fechar das


guinchantes portas de metal anunciavam que um dos guardas noturnos estava

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fazendo sua ronda, checando todos os laboratórios e outras salas da área
restrita do seu local de trabalho nas quais ela não tinha autorização para entrar.

Se fosse pega, seria seu ex-trabalho.

Os passos se aproximaram, outra porta guinchou ao se abrir e ela


silenciosamente amaldiçoou a má sorte quando A.J. ligou dizendo que estava
doente esta noite.

O jovem guarda provavelmente a cobriria, considerando que ele nutria as


mesmas suspeitas que Kira sobre alguma coisa esteja sendo escondida neste
lugar.

Algo terrível.

Então, novamente, provavelmente era bom que o amigo não soubesse o que
ela tinha planejado esta noite porque agora ele não poderia ser acusado por
ajudá-la.

Com o coração na garganta, ela considerou suas opções – encontrar algum


lugar para se esconder e esperar o guarda seguir em frente ou,
despreocupadamente, dar uma volta na sala e tentar enganá-lo fingindo que
tinha todo o direito de estar ali.

Jogue com calma, mas então ela se perdeu.

Um sentimento de afundamento em seu estômago disse a ela que a segunda


opção estava fora de questão e os guardas eram a última das suas
preocupações.

Olhando ao redor do laboratório, ela focou em uma longa mesa de trabalho


construída em uma sólida base, o único objeto grande o suficiente para
protegê-la fora da vista.

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Depois de apagar a luz, ela contornou a borda, movendo-se para colocar a
mesa entre ela e a porta e se abaixou. Bem na hora.

A porta se abriu, a luz acendendo novamente. O guarda fez uma pausa e ela
podia imaginá-lo olhando pela sala tentando decidir se havia algo fora do lugar.
Suas botas rasparam no chão enquanto ele se movia um pouco mais longe.

Ela se encolheu como um assustado coelho em um buraco, certa de que a


qualquer momento, ele decidiria se mover ao redor da mesa. Capturá-la e
chamar seu chefe, o Dr. Gene Bowman. E se o pomposo sacana soubesse o
que ela estava bisbilhotando, o que estava com ela, e o que ela suspeitava....

Vá embora, por favor. Por favor.

Seu pulso martelava no fundo da sua garganta e ela estava certa de que ele
poderia sentir o seu medo. Cheirava azedo e espesso no ar úmido.

Gradualmente, seus passos recuaram após ele apagar as luzes novamente e


fechar a porta. Apenas quando o barulho dos seus passos sumiu no corredor,
ela se afundou no alívio arrastando uma mão no cabelo. Tomando algumas
respirações profundas, ela se levantou, o alívio temporário chegando ao fim.

Ela ainda tinha que sair do maldito prédio sem ser vista, embora fosse quase
meia-noite e com nada mais do que a equipe de segurança reduzida, as
chances fossem um pouco melhores.

Certo. Continue dizendo isso a si mesma.

Agarrando as alças de sua bolsa num aperto de morte, caminhou em direção à


porta. Girou a maçaneta e, lentamente, centímetro a centímetro, a pesada
porta de metal se abriu. Um pouco de cada vez, apenas o suficiente para
escapar e fechá-la novamente.

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Sua paciência foi recompensada com um mínimo ruído das dobradiças, mesmo
assim o ruído soando como um trompete explodindo em seus ouvidos.

O corredor era claro. É claro que não poderia ser mal iluminado e com muitas
sombras para se esconder, como nos filmes.

O espaço semelhante a um túnel era iluminado como um estádio de futebol no


intervalo, e se o guarda viesse, ela estaria frita. Felizmente, a falta de cobertura
significava que ninguém poderia esgueirar-se sobre ela também.

Andando rápido, ela se forçou a não entrar em uma corrida. Só mais alguns
metros e – "Nãooo!"

Ela congelou, o coração trovejando, olhos arregalados. "Jesus Cristo", ela


sussurrou.

Forçando seus ouvidos, ela escutou. Nada. O fraco gemido de desespero


poderia ser fruto da sua imaginação - o produto do stress e pouco sono. Por
um louco segundo, ela sentiu-se compelida a dar a volta e procurar a fonte.

Para descobrir, de uma vez por todas, se o espírito que constantemente pedia
ajuda todas as horas do dia e da noite era real, ou se ela estava perdendo a
cabeça.

A porta no final do corredor se abriu e um guarda corpulento ficou à vista.

"Ei! O que você está fazendo aqui? Eu preciso ver alguma identificação".

Kira se virou e correu, ignorando o homem com o grito zangado. Tão rápido
quanto seus pés podiam levá-la, lutando para pensar em outra maneira de sair,
ela abriu a porta no fim do corredor e continuou correndo.

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Um elevador de serviço surgiu à sua frente, o qual ela assumiu servir para
entregas sendo localizado na parte de trás do edifício e distante dos
funcionários em geral.

E se fosse para entregas, ele deveria abrir perto do estacionamento. Ela


apertou o botão, quase frenética. As portas do elevador deslizaram abertas,
mas o guarda não estava muito atrás. Pulando para dentro, ela apertou o botão
marcado com "CD" - oh meu Deus, que significa Carga e Descarga - então
para fechar as portas ela o apertou repetidas vezes.

O guarda gordo virou a esquina, a barriga balançando, o rosto vermelho, a mão


na coronha do revólver.

"Pare!" Ele tirou a arma do coldre, continuou chegando, uma mão rechonchuda
chegando perto para segurar as portas. Tarde demais. Ele perdeu.

A face corada desaparecendo de vista, o elevador balançando, começando a ir


para cima. De acordo com o painel, a viagem era de apenas um andar, mas
parecia uma eternidade.

Agora mesmo, o guarda deveria estar falando ao rádio pedindo reforços para
impedi-la de sair com... o que quer que seja que ela tivesse na bolsa. E se suas
suspeitas estivessem corretas e ela fosse presa?

Tchauzinho, Kira, e nunca mais se ouviria falar dela.

O elevador parou e ela segurou a respiração enquanto as portas se abriam.

Nada além de escuridão. Nada além de um espaço vazio e escuro a


cumprimentou e ela se apressou para fora, examinando a grande área.

Parecia, de fato, algum tipo de área de descarga ou uma garagem. Um par de


vans como logotipo da NewLife Tecnologia estavam vazias à esquerda.

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Aqueles eram praticamente o conteúdo do espaço cavernoso, além de algumas
caixas descartadas.

Do outro lado, havia duas portas de compartimento grandes o bastante para,


praticamente, qualquer tipo de caminhão atravessá-las e, à direita delas, uma
porta comum com um sinal de “SAÍDA” iluminado acima dela.

Ela a abriu, não importando quanto ruído ela faria. Ela tinha que dar o fora dali
e ir para o carro, agora.

Ela pulou para fora, dentro da noite, o calor de junho batendo nela como uma
bofetada. A temperatura alta, no entanto, era a menor das suas preocupações.

Enquanto corria ao redor da esquina do edifício, em direção ao estacionamento


para funcionários, gritos soaram à sua frente e à direita.

“Merda!”

Dois guardas, incluindo o gorducho, romperam de uma saída diferente,


claramente na intenção de eliminá-la. Seu Camry velho estava a poucos
metros à frente, e ela correu mais rápido, tateando seu chaveiro, pressionando
o botão para desbloqueá-lo. Quando ela escancarou a porta do condutor, uma
série de estampidos altos foram disparados, bombardeando a lateral do seu
carro.

“Oh, Deus!” Pulando para dentro, ela bateu a porta, jogou a bolsa no outro
assento, empurrou a chave na ignição e disparou.

Cantando os pneus, ela derrapou, então endireitou o veículo e correu para a


entrada da empresa. Um olhar no espelho retrovisor revelou que uma dupla de
homens de terno se juntou aos guardas que acenavam os braços em agitação.

Os homens interromperam os guardas e correram em direção a um sedan


escuro estacionado perto do prédio.

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Kira voltou sua atenção para a pequena guarita na entrada, as cancelas laranja
e branco estendendo-se nas vias de entrada e saída. Normalmente, ela pararia
e levantaria o braço mostrando o crachá, mas com dois capangas atrás dela,
que provavelmente também estavam armados e prontos para atirar primeiro e
perguntar depois? Ela pulou as formalidades.

Pisando no acelerador, ela agarrou o volante firmemente e atravessou a


barreira, encolhendo-se sob o horrível impacto de madeira e metal. Ela arriscou
outro olhar para ver a cancela voando, quebrada como um palito.

O sedã escuro estava agora lhe perseguindo. Inabalável. Seja qual for o
modelo que os idiotas estavam dirigindo tinha mais potência do que o antigo
Camry mantido inteiro através de arames e fita adesiva. Ela estava com sorte
que ele atravessou o portão e bateu em uma peça só, mas através do som das
engrenagens rangendo e do motor chiando, sua sorte duvidosa não duraria
muito mais tempo.

Correção: sua sorte tinha acabado semanas atrás quando ela começou a ter
visões alucinantes de um cara morto, sexy – não seria um paradoxo? -
implorando por ajuda, e ela, na verdade, escutava.

Onde diabos ela poderia ir? A delegacia não estava longe. Ela conhecia dois
policiais, um deles detetive. E ela diria a eles o quê? Que estava de posse de
propriedade roubada e que estavam atirando nela? Isto faria seus
perseguidores se afastarem, por enquanto.

Mas ela seria presa, a propriedade voltaria para a NewLife, e ela não teria nada
para provar suas reivindicações.

Assim, a polícia estava fora. Restava o aeroporto.

Se ela pudesse apenas despistar esses pit-bulls ela iria para lá e compraria
uma passagem para algum lugar, qualquer lugar e pegaria um quarto em um
hotel. Então ligaria para um colega que era médico especializado em genética

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e combinaria um encontro com ele. Com alguém do campo da medicina ao seu
lado ela poderia ter a chance de chegar a algum lugar, provando o que os
médicos da NewLife estavam fazendo.

Teria sido um grande plano se o Camry não tivesse virado um espírito. A


maldita coisa tossiu, balbuciou e... morreu!

“Não!” Virando o volante, ela guiou o carro para fora da rua, em um


estacionamento escuro. Custando a parar, ela colocou o carro em ponto-morto
e deu uma olhada nos arredores.

Ela estava a uma rua de distância da Strip*, atrás de um dos cassinos e fora do
caminho tradicional.

E os caras maus tinham freado bruscamente perto do seu carro, do lado do


motorista. Ambos emergiram do sedan, a luz da lua refletindo as armas em
suas mãos. Trocaram um olhar e se aproximaram lentamente, confiantes,
usando idênticas expressões de malicioso triunfo.

O homem que tinha sido o passageiro, abriu sua porta, agarrou-a pelo braço e
empurrou-a, batendo suas costas contra a lateral do carro.

“Parece que você está bisbilhotando o que não lhe pertence”, ele zombou em
seu rosto. “O nível subterrâneo é restrito por uma razão. Por que você não nos
diz o que esperava encontrar lá em baixo? Ou talvez você tenha encontrado
algo que não deveria.” Ele virou a cabeça e chamou seu parceiro. “Veja o que a
doçura tem em sua bolsa.”

*Las Vegas Boulevard, mais conhecida como Strip, onde se encontram os


cassinos mais imponentes do mundo como o Bellagio, Caesars Palace,
Excalibur, Luxor, Mandalay Bay, MGM Grand, Monte Carlo.

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Kira se aproveitou da momentânea distração e levantou o joelho duramente
entre suas pernas abertas, fazendo o seu melhor para realocar suas bolas.

Soltando um grito rouco, o homem agarrou a virilha e caiu de joelhos. Kira


inspirou profundamente e lançou um grito alto o suficiente para acordar os
mortos.

***

“Alguém perguntou a Hammer se ele queria carona nesta viagem?” Jaxon Law
estudou o perfil de Zander Cole e o modo como o homem de cabelos escuros
dirigia a van Mercedez, através do tráfego da Strip.

Fiel à sua natureza como curador, seu melhor amigo estava sempre pensando
naqueles que estavam quebrados – e como consertá-los. Não que Hammer
estivesse, necessariamente, quebrado; o grande e quieto homem estava
apenas... assustadoramente diferente. “Eu perguntei”, ele disse. “Ele
respondeu que queria ir para a cama cedo e ler.”

Lá detrás, Aric bufou. “Jesus. Será que ele vai fazer tricô, também?”

Ao lado de Aric, Ryon soltou: “Colchas.”

“O quê?”

Jaxon esticou o pescoço e olhou para os dois, rindo da expressão perplexa de


Aric. O ruivo estava franzindo a testa para Ryon como se ele tivesse falado
uma palavra em outro idioma.

"Ele não faz tricô - faz colchas", disse Ryon lentamente como se estivesse
falando com uma criança de três anos. "Disse que o acalma. Ele é muito bom
nisso, também. Você deveria ver os detalhes dos seus projetos..."

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"Acalmar?" Zan interrompeu levantando as sobrancelhas. "Deus, se ele
estivesse mais relaxado, estaria morto."

Jaxon apostou. "Eu acho que o que nós vemos do lado de fora desse cara é
uma máscara cuidadosamente controlada. Não me surpreenderia se ele fosse
o cara mais perigoso que nós já conhecemos."

Neste ponto, eles não tinham argumentos. Jaxon, Zander, Aric e Ryon tinham
estado juntos desde que eram SEALS* na Marinha - uma promissora carreira
ceifada anos atrás quando sua unidade foi atacada por Weres marginais, mais
da metade deles abatida e o resto, incluindo eles quatro, transformada em
lobos shifters**.

Mas Hammer, juntamente com seu novo chefe Nick Westfall, só estavam com
os Alpha Pack há poucos meses. Aqueles dois já nasceram shifters, fato que
deixou a equipe e os médicos e cientistas do Instituto de Parapsicologia
completamente fascinados.

Nick, um raro lobo branco, substituiu o falecido Terry Noble e trouxe Hammer
com ele para a equipe, quando deixaram o FBI, e Jaxon tinha que admitir que
os novatos estavam trabalhando muito bem.

Nick era extremamente duro, mas justo, e sabia rir de si mesmo quando a
situação exigia isso. Ao contrário de Terry, ele não se achava superior, saía
para tomar cerveja com os caras e às vezes, se juntava a eles quando seus
lobos precisavam correr e caçar. Ele era a retaguarda deles, sempre.

*Os Navy Seals são a principal força de operações especiais da Marinhados


Estados Unidos e parte do Comando Naval de Operações Especiais (NSWC).
A sigla da unidade é derivada de sua capacidade em operar no mar (sea), no
ar (air) e em terra (land).
** Em ficção, um shifters é um ser ou criatura com capacidade de assumir a
forma de qualquer animal, porém tem um controle maior sobre determinada
família de animais.

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Hammer foi cortado no mesmo molde que Nick, mas ele era mais misterioso. O
enorme lobo cinza preferiu cuidar de si mesmo e permanecer abrigado com o
seu líder em seu complexo no fundo da Floresta Nacional de Shoshone em vez
de fazer a viagem a Las Vegas para transar e relaxar.

"Colchas", Aric murmurou com um pequeno sorriso. "Cara eu vou dar-lhe o


inferno sobre isso."

Zan balançou a cabeça. "Provavelmente não é uma boa ideia perseguir um


cara que pode matá-lo com apenas um golpe de seu punho. Acalme-se,
Savage." Zan virou à direita, em direção ao Bellagio, e sorriu. "Aqui estamos.
As reservas estão em meu nome. Temos quatro quartos para não fumantes
com camas king-size e o final de semana de folga, meninos. Não façam nada
que eu não faria."

Isso levou a uma rodada de aplausos e assobios.

Enquanto Zan encontrava uma vaga no estacionamento, Jaxon dirigiu-se ao


grupo. "Mantenham os celulares carregados e sempre à mão. Alguém, além de
mim, vai sair sozinho?

Aric riu. "Você está brincando? Eu não quero saber desses dois", disse ele,
indicando Zan e Ryon.“Mas se eu não encontrar uma mulher com a moral
perdida muito rápido, eu vou entrar em autocombustão e virar uma tocha no
meio da Strip."

Considerando seu particular poder Psy, era apenas meia brincadeira do


homem.

"Não brinca", Ryon ansiosamente concordou.

"Eu vou ao cassino, por enquanto, apenas relaxar, talvez jogar BlackJack." Zan
colocou. "Há algo a ser dito: vão devagar e aproveitem o passeio."

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"Eu vou devagar no segundo tempo, talvez no terceiro. Vamos, senhoras."

Jaxon saiu da van carregando sua mochila e cheirando o ar. Seu sangue corria
quente em suas veias, seu pau já meio duro com a perspectiva de ser
enterrado entre um par de coxas de seda, deslizando profundamente. Fodendo
a noite toda, em todas as posições.

Fazia semanas que não tinha sido capaz de vir a Vegas e, como seus amigos,
ele estava sentindo a queimadura.

Dentro do hotel, eles checaram seus quartos, largaram a bagagem, mas não
demoraram. Zan tinha reservado todos eles no mesmo andar, então eles
desceram juntos novamente e, em seguida, se separaram. Zan foi procurar as
mesas de Blackjack, Zan e Ryon atravessaram as portas da frente e sumiram
na noite.

Jaxon contornou a área de jogo e caminhou até o bar mais próximo, pedindo
uma dose de uísque Jack Daniels e Coca-Cola. Ele se sentou com as costas
para o bar, tomando sua bebida e examinado a multidão, esperando.

Ela estaria aqui. Direto no ponto, como antes.

Jaxon não queria perder um tempo valioso procurando por um "encontro",


quando tinha apenas duas noites de folga, e Alexa tinha sido não apenas
confiável em seus dois finais de semana anteriores juntos, mas extremamente
talentosa na cama. A garota de programa loira ensinou-lhe coisas más que ele
nunca havia considerado fazer ou nunca havia permitido que fizessem com ele,
e algumas daquelas memórias deliciosas fizeram-no se retorcer em seu banco.

Maldição, a mulher amava o seu trabalho.

Sorte a minha.

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Como se ele a tivesse conjurado, ela caminhou em torno de um casal de
idosos e foi em sua direção com um sorriso largo, vestindo um pequeno vestido
frente única preto, saltos combinando e mais nada. Ele sabia por experiência
própria. Sua longa cabeleira loira caía pelos ombros, cheia e penteada em um
estilo dramático que nunca falhava em trazer-lhe à mente os anos oitenta. Mas
o cabelo volumoso enquadrava um belo par de seios fartos, os mamilos agora
mesmo espiando através do tecido fino do seu vestido e aguardando sua
língua.

Seu rosto estava exageradamente maquiado em sua opinião e ela tinha o olhar
duro de uma menina que já tinha visto muito da porcaria que a vida tinha a
oferecer. Mas, mesmo assim, ela ainda era atraente.

"Ei, gostosão", ela cumprimentou-o com uma voz sensual. Parando entre seus
joelhos, ela entrelaçou os braços a redor do seu pescoço, empurrou os seios
contra seu peito, e capturou sua boca com a dela. Sua língua deslizou para
dentro, duelando com a dele, exigindo e provando. Seus mamilos roçaram
através da camiseta preta, implorando para serem apreciados.

Envolvendo um braço em volta da sua cintura, ele quebrou o beijo. "Meu


quarto".

"Ainda não."

Ele franziu a testa. "Por que não?"

"Eu tive uma ideia." Seus olhos brilhavam, travessos. "Vamos dar um passeio."

"Eu não estou pagando você para me levar a um passeio pela Strip, linda."

"Há bastante tempo para jogar em seu quarto, mas isso é diferente. Apenas
confie em mim."

27
Ele hesitou. Por dentro, seu lobo rosnou desconfiado, não confiando nela ou
em nenhuma situação que era "diferente". O homem, entretanto, estava pronto
e disposto a ser liderado por seu pênis, especialmente se ela viesse, mais uma
vez, com seu amor pelo ousado e pervertido.

"Tudo bem." Deslizando para fora do banco, ele lhe ofereceu o braço. "Faça do
seu jeito."

Comendo-o de cima a baixo com os olhos ela passou a língua sobre os lábios
em um gesto exageradamente sedutor. "Se você insiste."

Empurrando para baixo outra onda de mal estar, Jaxon deixou-a puxá-lo para
longe do bar e através das portas da frente, para o lado de fora. Ele imaginou
que jogo ela tinha em mente enquanto caminhavam em silêncio, para longe do
Bellagio, descendo uma rua lateral até a próxima quadra deixando a horda de
pessoas para trás.

Ele não queria especular muito. Puxando sua mão, ela o levou através de um
estacionamento escuro, ocupado apenas com alguns poucos carros, em
direção a um pequeno prédio abandonado que costumava ser um clube ou
algo assim. Na parede de trás, ela empurrou-o ao redor da esquina para o lado
da loja que estava encoberto da vista da empresa vizinha por uma cerca alta
de madeira. Ela o apoiou contra o tijolo, atacando a braguilha da sua calça
jeans. Que, reconhecidamente, se sobressaiu com excitação.

"Alexa", começou ele, balançando a cabeça.

"Shhh. Isso vai ser muito bom." Habilmente, ela o libertou, acariciando sua
ereção. "Você já fez sexo em público? É muito emocionante."

"Ah, mas quem vai nos ver? Não há ninguém por perto." Havia algo errado com
a lógica dela nisto, mas dane-se que ele ficaria pensando o que era.

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Porque naquele momento ela se ajoelhou e manipulou suas bolas doloridas
com dedos hábeis com unhas pintadas de vermelho sangue. Bateu a cabeça
de seu pênis gotejante com aquela pequena língua rosada. Começou a lamber
o seu eixo, chupando-o como se fosse o último sorvete de casquinha do
deserto do Mojave. Ele gemeu, enterrando os dedos em seu cabelo, não se
preocupando que o galão de spray no cabelo fizesse os fios grudarem na
palma da sua mão como uma maldita teia de aranha. Tudo o que importava era
sua boca deslizando sobre sua vara, o calor, a sucção, levando-o
profundamente...

Um grito rasgou a noite, quebrando o clima.

Jaxon se endireitou com um suspiro, desligando-se de sua acompanhante mais


rápido do que pretendia, empurrando-a para trás. Ele escutou, ignorando os
murmúrios de protesto da prostituta.

Outro grito passou através dele como um raio de energia elétrica, o terror na
voz feminina chamando alguma coisa primitiva dentro dele.

Rapidamente, ele colocou sua ereção decaindo dentro de jeans, fechou o zíper
e puxou Alexa para cima. "Eu tenho que ver o que é isso. Volte para o hotel,
onde é seguro."

"Ah, vamos lá", ela começou fazendo beicinho. "Isso não é problema seu.
Deixe outro alguém lidar com isso."

Girando em torno dela, ele a empurrou para o canto. "Vá, agora, e não me siga.
Eu ligarei para você." Neste momento, ele soube que nunca iria, mas a razão
lhe escapava.

Cavando seu iPhone do bolso da calça jeans, ele saiu em uma corrida,
estremecendo com a pontada de dor na perna mutilada. Na forma humana ele
podia andar mancando ligeiramente, mas em atividades mais extenuantes

29
como correr, ou treinar com sua equipe ainda causava dor no ferimento e uma
grande quantidade de agonia.

Ignorando a dor, ele cheirou o ar. Medo.

O pânico da mulher arranhou seu peito, mais do que deveria, por ser uma
estranha. Ele tinha que chegar até ela, certificar-se de que ela estava bem.

Seguindo o cheiro, ele diminui o passo o suficiente para chamar Zander.

Felizmente, seu amigo atendeu na mesma hora.

"O que foi?"

"Minha conhecida, Alexa. Você já a encontrou."

"Certo."

"Nós fomos dar uma caminhada, mas algo aconteceu e eu tive que mandá-la
de volta. Ela está indo em sua direção." Ele deu a Zan sua localização e a
interseção que ele tinha acabado de passar.

"Eu vou chamar os outros e enviá-los como reforço. Depois de ter certeza que
ela está segura, estarei indo para lá também. O que está acontecendo?"

"Não tenho certeza. Eu ouvi uma mulher gritar duas vezes."

"Esteja lá, rápido."

"Obrigado, cara." Encerrando a ligação, ele enfiou o telefone no bolso e


acelerou o passo. Ele não entendia essa necessidade de se impulsionar mais
rápido para ficar entre esta mulher e qualquer que fosse a ameaça que ela
enfrentava. Ele correu aguentando o máximo possível, sabendo pelo cheiro
doce que devia ser dela que ele estava quase lá. Ela estava próxima.

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Sua rota o levou mais longe ainda da Strip, através de outro estacionamento,
além de edifícios mais escuros. Não era uma área que qualquer pessoa
deveria vaguear sozinha.

O que trouxe a mulher a uma parte tão isolada da cidade? Ele descobriria em
breve. Quando deu a volta em outra construção, ele a viu.

A mulher cujo cheiro poderia levá-lo à loucura se ele tivesse poucos segundos
para saboreá-lo.

A pequena loira estava lutando contra o domínio de um homem de terno


escuro, brigando como um gato selvagem raivoso, mordendo, arranhando e
chutando.

Um segundo homem se levantou, arma em uma mão, segurando a virilha com


a outra e Jaxon sentiu uma onda de orgulho sabendo que ela o tinha
derrubado.

Então o primeiro homem bateu-lhe com força na lateral do carro e deu-lhe uma
pancada no rosto que estalou sua cabeça para trás, fazendo-a chorar de dor e
de terror.

Rasgue seu fodido coração e festeje enquanto ele bate.

A besta de Jaxon surgiu como uma vingança, irrompendo de sua pele sem um
pensamento consciente. Seu rugido sacudiu a terra fazendo o quadro vivo
diante dele paralisar-se completamente.

Ele tirou a camisa, mal tinha consciência do resto das suas roupas caindo
quando a pele se tornou pêlo, músculos e ossos se contorcendo e
remodelando, a dor usual um pouco mais do que um sussurro em sua mente.

Mãos se alterando para patas, unhas para garras, homem para puro e furioso
lobo cinza.

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Tudo zerado com o homem que golpeou a loira pequena e bonita.

O soldado dentro dele sabia que o movimento inteligente seria ir para cima do
cara com a arma; a besta exigia o sangue daquele que estava com as mãos
sobre ela. O único que tinha batido nela. O único que agora a deixou ir,
virando-se para confrontar a nova ameaça... e olhou para ele com horror.

O predador dentro dele sentiu uma onda de satisfação.

Seu lobo não foi tão prejudicado pela lesão na perna tanto quanto o homem.

O lobo correu através da distância, pulou, e o homem gritou, o último som que
ele pôde fazer. Suas patas dianteiras atingiram o centro do peito do bastardo,
derrubando-o para trás, ao lado do carro. Desequilibrado, o homem tropeçou e
caiu e Jaxon o levou para o chão. Dando uma guinada, ele foi para matar,
atirando suas mandíbulas em torno do vulnerável pescoço, dentes afundando
na carne através de músculos e ossos. O grito do homem terminou em um
murmúrio áspero, suas mãos agarrando desesperadamente o pêlo do lobo,
tentando deslocá-lo. Não adiantou.

A luta enfraqueceu assim como o sangue encheu a boca do lobo, rico e doce, e
ele não estava consciente do parceiro do homem gritando de terror. A besta
desejava demorar-se sobre seu prêmio, rasgando sua saborosa carne para
pegar o recheio. Uivando seu triunfo sobre o homem que se atreveu a atacar
sua...

Um estouro abafado e uma dor lancinante em seu ombro o trouxe de volta


rosnando, sua caça abandonada enquanto ele encarava a ameaça restante.

Esse idiota também queria machucar a mulher, e por isto, ele estava
fodidamente morto. O lobo lançou-se sobre o segundo homem, que recuou
com um grito, apontou a arma e disparou novamente. Seu tiro passou ao lado e

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Jaxon derrubou-o tão facilmente quanto o primeiro tonto, arrancando sua
garganta. O desejo de se alimentar era forte, quase insuportável, agora que
eles não eram mais uma ameaça para a mulher.

A mulher.

Mais uma vez seu perfume invadiu seus sentidos. Passado o perigo, ele
hesitou, soltou a presa de suas mandíbulas e, finalmente fez uma análise,
deixando o aroma de frutas cítricas e baunilha enchê-lo, a essência nítida e
limpa de sua impressão sobre cada célula do seu ser. Uma estranha onda
queimou seu sangue, como se o homem dentro do animal tivesse consumido
uma carga de cocaína, uma comparação que poderia fazer honestamente.

Quando era muito mais jovem e imprudente, Jaxon tinha flertado com esse
caminho sem volta, antes de entrar para a Marinha.

O instinto lhe dizia que o efeito do perfume desta mulher tinha o potencial de
ser duas vezes mais inebriante que qualquer droga, e muito mais perigoso,
para o homem e para o lobo. Virando-se, ele a viu.

Ela andou para a frente do carro em ruínas com as mãos sobre o capô, olhos
arregalados em choque, tentando colocar o veículo entre eles.

O predador nele ficou tenso, concentrando sua atenção apenas na mulher,


avançando lentamente. Começou a persegui-la, mas não pela razão que ela
estava pensando.

Ela era magra e pequena, de ossos finos, com um rosto delicado, anguloso e
dominado por grandes olhos azuis da cor do céu. Quase o rosto de uma fada,
especialmente o cabelo loiro na altura dos ombros que emoldurava essas
doces características. Ele duvidou que sua cabeça alcançasse seu queixo, e
considerando isso, ela se encaixaria em seu peito e se moldaria perfeitamente
contra seu corpo muito maior.

33
Minha.

E por que diabos ele estava todo possessivo com uma mulher que ele nem
conhecia? Sua irritação com ele mesmo emergiu como um grunhido.

"C-cachorrinho simpático", ela gaguejou, enquanto se movia para trás, ao redor


do carro. "Bom cachorrinho. Como você é bonitinho!"

O lobo bufou, o que saiu como um espirro. Ele havia sido chamado de muitas
coisas, muitas delas pouco corteses, e certamente nunca de bonito. Mas, vindo
dela? Ele poderia viver com isso.

Ela agarrou a maçaneta da porta do passageiro e puxou, apenas para bloqueá-


lo desse lado. Olhos redondos de medo, ela olhou para ele, e ele reconheceu o
momento em que ela percebeu que estava presa.

Não havia nenhum lugar para ir, nenhum escape. A mulher era dele.

***

Kira olhou para o... cão? Husky? Lobo? Homem-lobo? Não. Ela não tinha visto
um bêbado aspirante a Rambo explodir das sombras, retirar a camisa, e se
transformar em uma grande bola de pelos. Essa imagem deve ter sido um
produto de sua mente, aterrorizada e exausta. Mas parecia tão real. Ela piscou,
estudando o animal com cautela, uma vez que voltou a olhar.

A criatura era enorme, com pelagem branca cremosa, as pontas das orelhas
pretas e em torno de seu rosto, ombros e costas era cinza. Seus olhos eram de
um azul-cinzento como aço e pareciam olhar diretamente para sua alma.

Apesar do sangue manchar seu pêlo no ombro direito, ele era lindo.

E ele rasgou facilmente dois homens adultos, um deles armado.

34
Ele continuou a avançar sobre ela, e ela se encolheu contra o lado do
passageiro do seu Camry, coração batendo na garganta.

Ela não podia correr mais do que ele, se tentasse, um fato refletido nos olhos
penetrantes. Eles eram assustadoramente inteligentes, quase desafiando-a a
tentar para que ele pudesse desfrutar da emoção de persegui-la.

"Bom garoto", ela sussurrou, a voz oscilando. Levantando a mão trêmula, ela
tentou um comando. "Fica!"

O animal parou, levantou a cabeça, uma expressão quase confusa em seu


rosto canino.

"Bom garoto. Sente-se!" Ele o fez.

Alguns de seus medos começaram a diminuir e ela se perguntou quão bem


treinado o animal estava. Talvez ele fosse o cão de guarda de alguém que se
perdeu? Ele certamente a protegeu desses bastardos.

"Role".

Com isso, a forma da criatura começou a oscilar. Um tipo de remodelagem. Ela


piscou rapidamente, pensando que devia haver algo de errado com sua visão.

Mas não, ela simplesmente estava perdendo a cabeça depois de tudo, porque
a pelagem se retraiu, tornando-se pele. Patas tornaram-se mãos e pés com
membros muito humanos ligados. Tufos de orelhas pretas foram embora; o
focinho desapareceu e de repente, havia um nariz majestoso.

E agora um homem de cabelo preto estava agachado onde o lobo estava


segundos atrás. Um grande, e muito pelado homem que desdobrou o corpo
alto e olhou para ela, um canto de sua boca curvando para cima.

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"Eu vou fazer um monte de coisas sob comando", disse arrastando as palavras
preguiçosamente. "Mas eu não rolo para ninguém, querida."

Seu cérebro fritou. "Eu-eu ... você..." Ela parou, impotente, incapaz deformar
uma resposta coerente.

Seus olhos passaram em seu corpo, e ela pensou que ele tinha que ter cerca
de 1,95 de altura e mais de 90 quilos. Era muito bem distribuído, peito, pernas
longas, e tronco esculpidos com músculos. Ombros definidos e um peito largo,
bronzeado, polvilhado com cabelo escuro macio e adornado por dois mamilos
másculos. O ombro direito estava sangrando e tinha a marca de um arranhão,
só terminando na beira de uma grande e linda tatuagem tribal que se
espalhava sobre a área do bíceps e descia pelo seu braço. Será que se
estendiam pelas costas também? Tinha também uma espécie de desenho
parecido com redemoinhos em seu ombro, mas ela não parou para estudá-lo.

Seu exame minucioso desceu abaixo do estômago, tenso, rígido, para a


inclinação de seus quadris.

Deslizou para baixo, pelas longas pernas atléticas.

Uma rede de cicatrizes em torno de sua coxa direita, joelho e panturrilha, e se


perguntou como a lesão terrível tinha acontecido, mas não parecia prejudicar
sua potência física.

Inevitavelmente, a sua atenção se voltou ao ápice de suas coxas, a prova de


que qualquer coisa que ele pudesse ser, um macho cem por cento puro estava
diante dela agora. Um homem bem-dotado, mesmo em repouso, seu sexo
impressionante aninhado entre o espesso e elegante cabelo escuro e
encaracolado.

Um riso histérico escapou antes que ela pudesse detê-lo.

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Seu homem lobo bufou. Que cortês já que ele, obviamente, não tinha
problemas com a nudez pública.

"Vê algo divertido?" Seu tom severo fez com que ela erguesse a cabeça, e
estudasse seu rosto pela primeira vez. Uma única palavra ecoou em seu
cérebro, fazendo ela estremecer: letal. Se ela não soubesse que ele era
seriamente mau, sua aparência confirmava a impressão.

Ele não era o modelo do cara perfeito. Seu cabelo preto espetado parecia
desafiar a gravidade, de alguma forma organizado em um estilo artisticamente
bagunçado que lembrava folhas entrelaçadas. Sobrancelhas escuras estavam
arqueadas acima de um nariz proeminente e boca cheia, com lábios
exuberantes. Em cada uma de suas orelhas tinha um brinco preto brilhante.

Sua mandíbula era forte, escurecida pela sombra de uma barba de cinco horas,
e uma cicatriz enfeitava seu queixo. Normalmente, ela preferia os homens sem
barba, mas nesse cara? Ela se encaixava nele. Não, não era bonito em tudo.

Cru. Impressionante. Indomável.

Ele falou, e ela levou um segundo para perceber que ele repetia a pergunta.

"Não, não realmente. Eu só estava pensando que é tão bom que você encontre
tempo para se exercitar. Quando você não está arrancando a garganta das
pessoas." O que estou dizendo? Cale-se, sua idiota! "Você vai fazer isso
comigo? Porque eu tenho que te dizer, eu sou provavelmente muito ruim.
Muito, muito indigesta e..."

"Relaxe", disse ele, estendendo a mão para acariciar seu rosto. "Eu não vou te
machucar. Eu ouvi você gritar e eu..."

De repente, ele ficou imóvel, olhando profundamente em seus olhos.

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Baixando a mão, ele agarrou seu pulso, a sua espera suave, mas firme. Os
olhos vidrados, e parecia que de alguma forma ele estava olhando através
dela.

Para sua alma.

"O que você está fazendo?" Ela puxou, tentando se livrar, consciente do calor
de sua mão, seu cheiro viril. Um mix de folhas frescas, de ar livre, e de suor.

Deus, ele cheirava bem.

Ele balançou a cabeça, quebrando o momento estranho. Rapidamente, sua


expressão escureceu, sua boca torceu de raiva.

"O que você está escondendo? Diga-me o que você roubou desses bastardos,
os que eu matei para salvar sua bunda."

O sangue sumiu de seu rosto. Oh, merda. Será que ele trabalha para eles,
também? "Eu não sei do que você está falando."

Seus olhos eram pedras. "Claro que você sabe. Despeje."

"Porra, cara. O que aconteceu aqui? Não podemos deixá-lo sozinho por uma
maldita hora?"

Assustada, Kira se virou e olhou por cima do teto de seu carro para ver dois
homens altos, um ruivo e um loiro, passando para o círculo de luz, olhando
para os homens de terno mortos, com expressões sombrias.

O loiro empurrou uma mecha de cabelo prateado de seus olhos e assobiou.


"Merda. Limpeza no corredor seis." Sua voz tinha uma nota de humor, e sua
expressão era amável quando ele olhou para cima, encontrando-a.

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"Está com um pouco de problema, hein?" O cara com o longo cabelo ruivo,
chateado, falou primeiro. Ela assentiu, a traqueia encolhendo para o tamanho
de uma agulha. "Bem, não se preocupe, querida. Nós vamos cuidar de você",
ele disse suavemente.

Horas de medo e tensão fizeram com que aquele dia corresse sobre ela e, de
repente, ela se sentiu exausta. A simpatia de um estranho no meio de todo
aquele caos, não mencionando a raiva emanando de seus dois companheiros,
a fizeram ruir. Lágrimas ardiam seus olhos e ela lutou para não deixá-las
caírem quanto seu captor arrastou-a ao redor do carro para encontrar seus
companheiros.

"Não olhe para eles", ele ordenou a ela, apontando para os corpos espalhados.

O que, claro, a fez olhar novamente.

E quase ficar doente.

"Pelo amor de Deus, coloque algumas malditas roupas antes que meus olhos
comecem a sangrar", o ruivo rosnou.

"Sim, bem, é meio difícil não perder a linha quando nos tornamos peludos,
idiota."

Tornar peludo. Nós?

Red lançou-lhe um olhar cortante. "Ela o viu se transformar?"

"Afirmativo".

"Oh, fantástico. Você sabe que essa coisinha doce agora é nossa convidada
especial?" Sob o brilho venenoso de Red, ela pressionou para trás, para o
homem que tinha vindo em seu socorro.

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"Nós. Estamos. Fodidos. Nick vai rasgar nossas bundas."

“Por quê?” Um quarto homem se juntou à festa, saindo das sombras. O recém-
chegado de cabelos escuros estava parado, olhando a cena: "Cristo".

"Confie em mim, fica melhor," Red informou-o, torcendo o lábio. Ele estendeu a
mão para Kira e o homem - Law - , quem sabe, colocou seu corpo
protetoramente entre ela e os outros. "A bela donzela se meteu em alguma
merda. Nosso amigo aqui se passou por seu herói, eliminou os vermes, mas,
oh, espere, a garota o viu fazer sua performance Caninos Brancos. Então,
agora ela vai com a gente, quando o chefe nos perfurar. Está certo?" Ele
grunhiu a questão para Law.

"Foi isso mesmo", disse ele friamente, olhos como aço. Um músculo em sua
mandíbula tremeu. "E eu faria de novo. Então agora nós vamos lidar com a
bagunça, e se você não gostar, paciência. Após a limpeza, ela é minha
responsabilidade. Eu vou enfrentar a fúria de Nick e cuidar dela."

"Maldição, é certo que vai."

"Parem com isso, vocês dois." O loiro jogou uma pilha de roupas para Law.
"Vista-se para que possamos dar o fora daqui. Eu vou pegar a van."

O cara de cabelo escuro sacou um conjunto de chaves e jogou-as para o loiro.


Law a soltou e colocou um par de jeans, seguido por sua camiseta preta.

Quando ele puxou um par de pesadas botas de amarrar, Kira encontrou sua
voz.

"Espere um segundo", disse ela, se afastando deles. "Cuidar de mim? Como


você tomou conta deles? Não, obrigado. Eu vou ficar bem por conta própria."

"Não é mais uma opção." Law endireitou, atirou-lhe um sorriso selvagem.


"Bem-vinda à Alpha Pack, querida."

40
DOIS

"O q - o que é Alpha Pack?”

A mulher estava a cerca de dois segundos de ter um curto circuito. Ela estava
cansada e assustada como o inferno, e a atitude de Aric não estava ajudando.
Amigo ou não, se o lobo vermelho rosnasse para ela de novo, Jaxon iria plantar
seu punho na cara do idiota. Mesmo que ela fosse uma criminosa em fuga.

"Eu vou explicar isso mais tarde." Ele fez um gesto apontando para o carro.
"Você tem alguma coisa importante para trazer?"

Ela assentiu com a cabeça. "Minha bolsa."

"É onde você escondeu o que quer que seja que roubou?"

Seus ombros caíram. "É. Como é que você sabe?"

"Pegue a bolsa. Isso é parte da conversa que teremos mais tarde."

Evitando os corpos, ela se aproximou da porta do motorista, abriu-a e se


inclinou. Em segundos ela surgiu, apertando a bolsa em seu estômago.

"Pronto".

"Qual é o seu nome?"

"Kira", disse ela, hesitante. "Kira Locke."

Kira. Ele gostou. O nome combinava com ela. "Eu sou Jaxon Law."

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"O que devemos fazer com esses caras?", Zander perguntou, interrompendo
as apresentações.

Jaxon pensou por um momento. "Vamos levar suas carteiras para que
possamos checar seus nomes depois e fazer uma verificação de antecedentes.
Ver para quem eles trabalhavam. Então vamos colocá-los no carro, um atrás
do volante, o outro no banco do passageiro, e acender uma fogueira."

Aric sorriu, seu humor melhorando com a perspectiva.

"O prazer é meu."

"Antes que você o faça, deixe-me ver se posso fazer uma leitura dos dois."
Atravessando até o homem mais próximo, aquele que tinha atirado nele, ele se
agachou e passou os dedos ao redor do pulso, certificando-se de pegar a
manga. Objetos e roupas frequentemente carregavam sinais melhores do que
pessoas. As impressões que ele poderia pegar de uma pessoa morta
desvaneciam-se rapidamente, e os vivos, às vezes protegiam os seus
pensamentos, percebendo ou não.

No fundo, a mulher, Kira, sussurrou: "O que ele está fazendo?"

"Shh."

Como sempre, ele preparou-se para o zumbido em seu cérebro, como milhares
de abelhas furiosas. Sua visão esmaeceu, o chão sob ele desapareceu, e ele
foi caindo, caindo. E então o pegou, enlaçando-o em uma teia feita por outra
pessoa. Um fio pegajoso roçou sua bochecha, agarrou seu cabelo e puxou
suas roupas, mas ele já não tentou arrancá-lo em pânico, como quando tinha
treze anos e sua habilidade psíquica tinha se manifestado pela primeira vez.

As teias não estavam realmente ali, no sentido físico. Em vez disso, ele
pensava nelas como fios esfarrapados de memórias soltas de seus
proprietários, à espera de alguém com a sua capacidade para agarrar e usá-las

42
como um guia para as imagens que procurava.

Elas eram tudo, menos consistentes, e ele comparou com o tentar pegar uma
bolha de sabão sem que estourasse. O processo era tedioso, cansativo, e
quanto mais rápido ele pegasse um fio e fizesse a leitura, melhor.

Os dois primeiros caíram longe, mas ele pegou firme no terceiro, seguindo-o
até o fim.

Algumas lembranças eram meros instantâneos, mas este era um trecho de


filme, e Jaxon encontrou-se a olhar através dos olhos do primeiro homem - o
que foi morto pelo seu aperto. A raiva residual do homem e a sua apreensão,
envolveram Jaxon. "Eu estou dizendo a você, isso não é problema meu. Eu
estou cagando e andando para o que Chappel diz, eu não estou sendo pago o
suficiente para lidar com o seu louco complexo de Deus!"

Um homem aparentando ser de meia idade, vestido com um jaleco branco


torceu os lábios em um sorriso condescendente. "Você está sendo muito bem
pago, e você vai fazer o seu trabalho. A menos que você prefira se voluntariar
para ser o seu próximo tema." Ele pegou o telefone no balcão. "Eu posso
chamá-lo agora e informá-lo dos seus problemas."

"Experimente, seu pequeno nojento desprezível, e eu vou quebrar seu


pescoço. Eu não disse que eu não iria fazer isso, só disse que não estou sendo
pago o suficiente para assumir este tipo de risco. Eu mesmo vou falar com ele,
e você cuide dos seus malditos negócios. Entendeu?"

Sem esperar por uma resposta, ele saiu e bateu a porta do laboratório.

"O nojento asqueroso iria ligar de qualquer maneira. Merda, o que eu vou fazer
a respeito... "

"Jax!"

43
"… e, mais cedo ou mais tarde, a polícia vai notar..."

"Jax! Jesus, acorde!" O fio se partiu e ele voltou a si de forma gradual.

Sons da cidade à noite filtrados através do calor opressivo. E o fato de que ele
não estava mais de joelhos, mas caído para trás contra um corpo grande. A
voz de Zander estava calma e ansiosa ao lado de sua orelha. "Você me
assusta infernalmente, cada vez que faz isso."

"Desculpe", ele gaguejou.

"Você está bem?"

"Acho que sim."

"Quer alguma coisa?"

"Sim, mas eu não sei o quê." Ele teria que pensar sobre isso. Mais tarde. Deus,
ele estava tão cansado.

Ele sempre ficava assim depois que entrava tão profundamente em uma
memória. Era muito diferente do flash simples que ele tinha captado da mulher
há poucos minutos. Ele não queria nada mais do que dormir até amanhã ao
meio-dia. O que poderia ser uma opção, até que Nick ficasse sabendo de sua
hóspede.

"Pode se levantar?"

Não. Sua perna estava gritando. "Sim".

"Tudo bem. Segure-se em mim."

Zander ficou de pé, levantando-o e firmando-o enquanto ele piscava para


colocar para fora o resto da confusão. Pegando sua posição. Quando os

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arredores entraram em foco novamente, ele viu seus amigos e sua nova
conhecida olhando para ele, obviamente preocupados.

Zander deu uma palmadinha em sua bochecha. "Ei, você precisa de um turbo
do 'Z-Man'?"

Balançando a cabeça, ele deu ao seu melhor amigo um sorriso torto. "Não, eu
estou bem. Eu vou dormir no caminho de volta para o complexo."

"Como está sua perna?"

"Reclamando, mas eu vou ficar bem."

"Se você tem certeza..." Ele parecia em dúvida.

"... Eu tenho."

O ato de usar sua capacidade de cura atingia Zan tão duramente tanto quando
Jaxon usava seu poder RetroCog. Jaxon não deixaria o amigo gastar sua
energia com algo que facilmente passaria com algum descanso.

Ryon chegou com a van, ao mesmo tempo que Aric e Zander colocavam os
dois homens mortos no carro da moça e os fechavam lá dentro. Jaxon se
aproximou de sua mais recente adição, um pouco instável em seus pés, tomou-
lhe o braço e começou a conduzi-la para o veículo deles. Zander os seguiu,
mas Aric ficou a uma distância segura do carro dela, encarando-o. Preparando-
se para fazer a sua parte.

"Não olhe", Jaxon disse quando ela resistiu, se torcendo para olhar por cima do
ombro.

"O que ele está planejando usar para iniciar o fogo", ela perguntou, franzindo a
testa. "Não há nada em suas mãos. E o que diabos aconteceu com você lá? "

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"Eu vou explicar."

"Mais tarde." Ela bufou. "Certo. Entendi."

"Você faz mais perguntas do que qualquer um que eu já conheci."

"Talvez, porque muitas pessoas que você conhece acabem como eles?" Ela
atirou, acenando com a mão para indicar seus atacantes infelizes. "Apenas
uma opinião abalizada".

Ela tinha um ponto. Ele suspirou, pensando que ia ser uma noite longa. E não
tão divertida como ele originalmente havia planejado. Qualquer réplica que ele
poderia ter feito foi emboscada por um assobio alto e uma explosão de calor.

Automaticamente ele se virou, olhando por cima do ombro para as chamas


laranja e amarelo que engoliram o carro e seus ocupantes. O incêndio disparou
para o ar e espalhou-se lambendo a calçada, apagando todos os sinais do
sangue de Jaxon que foi derramado.

Aric estava parado com sua propagação, os braços estendidos, as palmas das
mãos para fora. O inferno se intensificou em resposta ao seu comando
silencioso. Depois de mais alguns instantes, ele baixou os braços para os lados
e caminhou em direção ao resto do grupo.

"Oh, meu Deus! Ele … Não, ele não fez. Esse homem não iniciou um incêndio
somente com as próprias mãos!" Kira estava olhando para Aric, uma mistura de
incredulidade e espanto gravada em seu rosto bonito.

"Bem, isso vai atrair atenção", Aric murmurou quando chegou até eles. "Vamos
botar o pé na estrada."

"Vamos." Jaxon puxou sua nova carga relutante junto, forçando-a a abandonar
os olhos arregalados do fogo e mexer-se.

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Ryon permaneceu ao volante e Zander ficou na frente com ele. Aric subiu atrás
sem dizer uma palavra, tomando posição para assistir sua retaguarda, Jaxon
sabia, e eliminar possíveis perseguidores, se necessário. Um fato que ele não
mencionou a Kira quando tomaram os assentos do meio, Jaxon atrás do
condutor. Ryon pisou fundo, ficando longe da cena tão rápido quanto ousava,
sem ganhar a atenção indesejada do Departamento de Polícia de Las Vegas.

No momento, sirenes fracas podiam ser ouvidas à distância, e estavam bem no


seu caminho.

Ao lado dele, Kira limpou a garganta. "Para onde vamos?" Se não fosse o
tremor sutil em sua voz, ele poderia ter se atirado nela. Mas, por alguma razão
estranha, o fez querer acalmar suas preocupações. Protegê-la de danos como
tinha feito anteriormente. Foda-se.

"Para o nosso avião. Temos um jato particular e uma pista de pouso em um


hangar, não muito longe, fora da cidade."

"Aonde?"

"Wyoming". Silêncio. Ele se virou e a viu segurando a bolsa em seu colo em


um aperto de morte, os olhos arregalados. Na esperança de aliviar seus
temores, ele esclareceu mais um pouco. "Shoshone National Forest. Vamos
pousar no nosso complexo, e você vai ficar conosco por um tempo."

"E eu não posso falar nada?"

"Não." O pensamento de deixar sua folga escavava sob sua pele como uma
urtiga, embora ele não tivesse ideia do por quê. O que diabos estava errado
com ele?

Sua voz se elevou em uma nota de histeria. "Então, eu vou ser mantida em
cativeiro em uma instalação desconhecida por um grupo de estranhos, leitores
de mente, incendiários, lobisomens violentos?"

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"Ei, nós não somos estranhos", protestou Ryon da frente.

Jaxon o ignorou. "Você é nossa convidada, não uma prisioneira. Além disso,
você preferiria agora estar morta nas mãos dos caras lá por roubar o que quer
que seja que está na bolsa? Você quer que a gente a coloque para fora e a
deixe à mercê de quem os enviou?"

Ela desviou o olhar, engolindo em seco. "Claro que não."

"Então somos a sua única opção no momento, portanto sente-se e desfrute da


viagem. Você está em boas mãos. Ninguém no Alpha Pack vai te machucar,
inclusive eu."

Isso trouxe sua cabeça para perto, e ela examinou seu rosto, como se pudesse
ler a verdade de suas palavras lá. "Você quer que eu acredite que vocês são os
mocinhos?"

Ele deu uma risada suave e sem humor. "Eu não estou tão certo sobre isso.
Mas nós não somos os caras com que você tem que se preocupar. Vamos
colocar dessa maneira."

Ela mordeu o lábio por um momento, então suspirou.

"Então, você vai me apresentar aos seus amigos?" Ela parecia genuinamente
interessada e ele esperava que fosse um bom presságio da forma que os
próximos dias iriam tomar. Ele não queria que ela tivesse medo.

"Claro. O cara dirigindo é Ryon Hunter, e ao lado dele é Zander Cole." O par
disse seus alôs e mostrou seus sorrisos encantadores sobre seus ombros. "O
quente e fofinho filhote atrás é Aric Savage."

"Foda-se, cara", respondeu o ruivo, mas com menos rancor do que antes.

Kira sorriu nervosamente para Jaxon. "Prazer".

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Jaxon olhou para ela, ficando mudo por alguns segundos. Ele podia ver no
escuro muito bem, e as sombras pouco fizeram para esconder o sorriso que
iluminou o interior da van, e que apertou sua virilha em um nó doloroso.

Ela não era apenas bonita, ela era incrível.

"Suponho que eu possa esperar por mais apresentações quando chegarmos?"

"Humm, sim. Você vai conhecer o nosso chefe e outro companheiro de equipe,
bem como um grupo de médicos e cientistas que vivem e trabalham lá."

Sua testa franziu. "Todos vocês vivem no local?"

"Sim. Por quê?"

"Humm... Seu complexo está localizado na Floresta Nacional de Shoshone",


disse ela lentamente. ”Isso é propriedade do governo."

"Certa de novo."

"E se a sua instalação está lá, e todo mundo mora lá também... Vocês todos
trabalham para o governo, então. Material ultra secreto. Operações Especiais?"

"Algo nesse sentido." Ele sorriu para ela. "Você é rápida, Srta. Locke."

"Kira, por favor." Ela pegou seu olhar, segurando-o.

O ar engrossou, o momento se estendendo esticado. Para sua surpresa, ele foi


o primeiro a desviar o olhar. Até mesmo o seu lobo estava sobrecarregado,
além de estar despertado ao ponto da loucura.

Ele limpou a garganta. "Chame-me Jaxon, ou Jax", disse ele. "E antes que
você pergunte, sim, o 'material secreto' que você mencionou, inclui as
habilidades que você testemunhou em nós até agora."

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"Algo me diz que eu apenas raspei a superfície."

"Você está batendo a mil."

Com isso, ela ficou em silêncio e olhou pensativa para fora da janela para o
nada, porque não havia literalmente nada a ver além do manto de estrelas que
coroava o céu do deserto. Jaxon tinha apenas começado a ser embalado para
dormir pela escuridão e pelo movimento do veículo quando eles chegaram à
pista de pouso. Ryon saltou para abrir a porta larga, colocou a van diretamente
dentro do hangar, e as luzes do teto acenderam, ativadas por sensores de
movimento.

Jaxon endireitou-se quando um pensamento súbito bateu nele. "Nossas malas


estão no hotel."

"Não, elas estão aqui de volta", disse Aric. "Z-Man deve ter trabalhado o seu
charme com a recepcionista do hotel para pegá-las tão rápido."

Zan riu. "Ela me devia um favor. Eu cobrei."

Ryon estacionou e Aric passou as malas para a frente. Jaxon pegou a sua e a
colocou no ombro enquanto saía da van, e depois dirigiu-se para o jato. Um
pontinho alegre soou atrás dele quando Ryon ativou o alarme do veículo, e o
barulho ruidoso das botas no concreto encheu o espaço cavernoso.

Enquanto caminhavam, Jaxon notou que Kira ficou perto dele. O que lhe
agradou de maneira sem fim, e confundia-o a reação de cada um deles a ela.

Não fazia sentido esta necessidade de proteger, de colocar-se, não só entre


ela e o perigo, mas entre ela e os homens que ele amava como irmãos. Ele mal
conteve um rosnado para Zan, que pegou a mão dela e educadamente a
ajudou a entrar no avião antes que Jaxon pensasse em se oferecer.

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E o cheiro dela ainda está me transformando em um insano assustador. Eu
estou me perdendo.

A voz de Kira interrompeu suas reflexões. "Onde está o piloto?"

Aric subiu e sorriu para ela. "Esse seria eu, docinho. Ainda se sente segura?"

Ela encarou-o com um olhar gelado. "Eu tenho um nome. É Kira. E eu nunca
disse que me sentia segura, ele disse que eu deveria me sentir segura." O
olhar foi direcionado quando ela olhou para Jaxon.

Aric riu e se dirigiu para a cadeira do piloto.

"É isso aí, você está ao vivo, amigo. Divirta-se com o seu novo show sendo
babá."

"Se alguém precisa de uma babá aqui é você", ela atirou de volta. "Ou uma
surra, isso sim."

Jaxon estremeceu. Ela estava se encaminhando exatamente para isso.

Seu amigo lançou-se sobre a abertura. "Não me ameace por um bom tempo, a
menos que você pretenda seguir adiante. Sempre que você quiser, aonde você
quiser que eu tire a cueca, é só dizer a palavra, docinho - ops, Kira.”

Ele piscou, ignorando completamente o lábio que ela frisou para ele com nojo,
então se virou em seu assento e deu a partida no motor.

"Não ligue para ele", aconselhou Ryon quando ele e Zan pegavam os assentos
atrás dela e de Jaxon. "Ele é tão imaturo que ainda gosta de colocar o pé no
sofá."

O que fez todos caírem na gargalhada. Exceto Aric, que atirou o dedo do meio
para os passageiros em geral, enquanto taxiava o avião no hangar.

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"Ele é sempre tão irritado?" Kira perguntou em voz baixa.

Jaxon deu de ombros. "Não, Aric é um cara legal. Não sei o que se passa,
exceto, talvez, que ele não esteja muito feliz que o nosso fim de semana de
folga tenha sido cancelado."

"Ah." Ela fez uma careta. "Desculpe por isso."

"Não é um problema."

Quando Aric guiou a nave em posição no final da pista e injetou o combustível


no motor, Jaxon foi surpreendido por quão sinceramente ele quis dizer o que
disse. Não foi um problema para ele, de qualquer maneira. Ele devia estar pelo
menos um pouco aborrecido por estar voltando para seu posto avançado
isolado, em vez de desfrutar de uma brincadeira de dois dias na Cidade do
Pecado. Ao contrário, ele simplesmente não se importava. E era o que
realmente o incomodava.

Ele nem percebeu o avião decolar.

Em vez disso, ele conjurou uma memória da última vez que ele havia passado
um fim de semana com Alexa, em sua cama. A garota loira apoiada em suas
mãos e joelhos enquanto ele empurrava em seu calor. Quão difícil tinha sido,
por não ser capaz de obter o suficiente. O pulsar delicioso quando sua
realização estava chegando, querendo que ela durasse. Mas aqui e agora... A
memória encolheu seu pau e encheu-o com um sentimento de repugnância.

Assim como os pensamentos de hoje à noite, quando ela se esfregou contra


ele como uma gata no cio, e ele respondeu. Havia permitido que a garota de
programa o levasse a um canto escuro e chupasse o seu pau, com a intenção
de fazer muito mais.

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De repente, ele precisava tomar um longo banho quente para se livrar de
qualquer vestígio do cheiro de Alexa. Se pudesse esfregar seu cérebro assim
também.

Eu devo estar ficando doente. Mas ele não engoliu essa.

Kira vai me trazer mais problemas do que os que eu já conheci. Não precisa
ser um PreCog como Nicky para saber disso.

Estes pensamentos inquietos o perseguiram dando voltas em sua mente até


que ele finalmente cedeu à exaustão que o atormentava desde que ele tinha
olhado através dos olhos de um homem morto, e o que ele tinha lido.

Acomodando-se para o voo, ele caiu em um sono inquieto. Kira teria que ficar
na fila, porque o primeiro problema seria seu chefe.

O voo transcorreu sem incidentes e Jaxon acordou tão logo Aric trouxe o jato
para uma aterrissagem perfeita. A pequena pista iluminada era uma faixa
esculpida na floresta e podia ser vista apenas a partir do ar. O complexo se
aninhava perto, silencioso e escuro, protegido pela cobertura espessa das
árvores. Jaxon sempre pensou neste lugar como sendo mágico, misterioso, e
mais do que um pouco perigoso. Uma linha de um filme frequentemente surgia
em sua cabeça sempre que ele chegava em casa.

A sede do Alpha Pack só poderia ser encontrada por aqueles que já sabiam
onde ela estava. E sua equipe era formada por guerreiros escravizados para
servi-la por toda a eternidade.

Deixando de lado as ideias fantasiosas sobre piratas e navios fantasmas


condenados, ele agarrou sua bolsa. No segundo em que Aric parou o avião
dentro do hangar, Jaxon saltou, tendo o cuidado de colocar o seu peso sobre a
perna boa, e ofereceu a Kira sua mão antes que mais alguém tivesse a chance.

Quando ela colocou sua pequena mão na sua, ele notou o sorriso malicioso de

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Zander e optou por ignorá-lo.

"E agora?" Kira perguntou, olhando ao redor do vasto espaço. Ao contrário do


hangar de Las Vegas, este alojava não só um jato, mas um helicóptero do tipo
militar grande e uma grande variedade de veículos armados até os dentes.

"Agora temos que te acomodar em um quarto, e todos nós iremos dormir um


pouco. Tudo vai ficar melhor amanhã, depois de algum descanso e um café da
manhã regado com muitas xícaras de café."

Ela lhe lançou um olhar dúbio. "Claro! Nada como um prato de ovos mexidos
para me fazer esquecer que eu estou sem teto, sem emprego e entrei na lista
do Dr. Jekyll. Para não falar que eu estou me sentindo um pouco como a
Chapeuzinho Vermelho quando percebeu que o nariz da avó era apenas um
pouco maior e mais peludo do que deveria ser."

"Ai".

A jovem deu de ombros e cruzou os braços. Ele não pôde deixar de notar as
coisas boas da ação, que fez com que os seios atrevidos empurrassem contra
a blusa.

"Se o focinho, humm, a carapuça serviu. Você pode me culpar por estar...
inferno, eu nem mesmo sei a palavra certa."

"Com medo? Pega de surpresa?"

"Para dizer o mínimo." Ela suspirou. "Eu duvido que vá dormir muito, mas
suponho que eu deva tentar."

Jaxon conseguia pensar em uma maneira infalível para ter certeza de que
ambos dormiriam como bebês.

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Seu pênis se contraiu em concordância e ele sacudiu a cabeça para se livrar
dos pensamentos sujos. A última coisa que qualquer um deles precisava era
complicar ainda mais aquela bagunça. Mesmo que ela estivesse disposta.

E ela não estaria, se soubesse o que era bom para ela.

"Vamos, eu vou lhe mostrar onde os nossos quartos estão localizados."

Se ela notou que seu coxear estava agora mais pronunciado, não mencionou
quando andou ao lado dele. Os outros tinham ido na frente e desapareceram
um por um, através da porta na parte de trás que ligava o hangar ao corredor
que conduzia ao edifício principal do complexo. Quando chegaram à entrada,
Jaxon abriu a porta e conduziu-a para dentro.

"Uau, isso é melhor do que eu imaginava", disse ela, apontando para a


decoração. O corredor tinha um tapete verde escuro, as paredes texturizadas
pintadas em um bege quente. Luminárias de bom gosto foram colocadas em
intervalos, as lâmpadas brilhantes apenas o suficiente para permitir-lhes ver,
mas não tão brilhantes ao ponto de ofuscar as vistas.

"Você estava esperando paredes brancas estéreis como as de um hospital e


telhas industriais?"

"Você chamou de complexo, e não de Hilton."

"Verdade. Mas temos que viver aqui, por isso não há razão para o lugar
parecer austero e sombrio. Além disso, há várias mulheres na equipe de
funcionários que gostam de enfeitar as áreas comuns sempre que Nick lhes
aloca mais dinheiro. Elas não nos deixariam sair impunes se fosse simples e
feio, mesmo que nós quiséssemos."

"Nick?"

"Nosso chefe", ele lembrou.

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"Ah, certo. Quando eu vou conhecê-lo?"

Vozes exaltadas adiante, uma delas um estrondo profundo acima das outras,
respondeu a pergunta mais cedo do que ele teria preferido.

"Merda".

"Acho que isso responde a minha pergunta."

A trepidação no rosto pálido de Kira o fez querer rosnar para qualquer um que
chegasse muito perto, incluindo Nick. Quando chegaram ao final do corredor e
entraram na sala de recreação, Jaxon viu que o cabeça dos lobos Alpha, tinha
encontrado o grupo e estava observando atentamente.

Ele não pareceu se entusiasmar com o que estava ouvindo quando Zander
tentou explicar por que eles haviam retornado poucas horas depois que eles
saíram.

"Não tivemos escolha, Nick. Estes dois idiotas estavam atacando a mulher, e
Jax teve que entrar em cena."

A boca do homem mais velho se contraiu em uma linha fina. "Tudo bem. E
vocês todos tiveram que trazê-la aqui, por quê?"

Isto não vai ser divertido? Jaxon avançou, angulando seu corpo para que
ficasse principalmente entre ela e o semicírculo de homens. "Os homens
tinham armas, e eu tive que me transformar, a fim de derrubá-los. Ela viu a
coisa toda."

O olhar azul e tempestuoso de Nick o esfaqueou como punhais gêmeos. "Deixe


ver se eu entendi. Você deixou seu lobo sair na porra do centro de Las Vegas,
matou dois homens, e trouxe para casa a possível vítima que testemunhou a
porra do episódio todo. Foi isso?"

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"Sim. Eu não faria nada diferente, e acredito que você também não. Eles
estavam indo para matá-la, e eu tinha cerca de dois segundos para decidir."

Ele permaneceu impassível em face da raiva formidável do homem.

Suas ações haviam seguido o curso certo e ele não pediria desculpas, não até
que Nick o respeitasse por isso.

Eles ficaram olhando uns aos outros durante longos momentos. Seus três
amigos se moveram ligeiramente em direção a Jaxon em um apoio tácito ao
que ele tinha feito, até mesmo Aric. Foi um gesto que devia ser levado a sério.

Jaxon havia quebrado normas rigorosas, trazendo um civil para o seu mundo,
um mundo que muito poucos podiam compreender ou poderiam ser confiáveis
para manter o silêncio sobre eles, uma vez que os conheciam.

A postura de Nick relaxou, só um pouco. "Não há outras testemunhas?"

"Não. Nós teríamos sentido o seu cheiro."

Seu líder estudou cada um deles longamente antes de sua expressão suavizar
finalmente, substituída por resignação. "Tudo bem. Jax, eu quero falar com
você e nossa convidada no meu escritório. Agora."

Depois que ele se virou e se afastou, Ryon murmurou: "Bem, pelo menos ele
não vai rasgar sua garganta."

Jaxon deu um pequeno sorriso. "Ainda".

"Boa sorte, irmão", disse Zan, encolhendo-se em simpatia.

Os outros acenaram em concordância, e eles se revezaram juntando as


cabeças com Jaxon antes de se encaminharem aos seus próprios quartos.

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Ao lado dele, Kira os viu sair, inconscientemente mordendo o lábio inferior. Em
sua opinião, ela se manteve muito bem, apesar de tudo, recorrendo ao humor
tingido de sarcasmo quando estava com medo ou se sentindo insegura em vez
de ir ao fundo do poço, como muitos gostariam. Mesmo assim, ela estava
chegando rapidamente no fim da sua corda esta noite.

"Vamos lá", disse ele, colocando uma mão em suas costas suavemente para
guiá-la à frente. "Não vai demorar muito para ele nos interrogar e estabelecer
as normas. Então, poderemos dormir."

Ela ficou em silêncio por alguns momentos enquanto caminhavam.

Quando ela falou, sua voz estava cansada. "Eu não tenho nada para vestir.
Todas as minhas coisas estão no meu apartamento em Las Vegas."

"Eu te empresto uma camiseta para dormir esta noite. Na parte da manhã, eu
vou pegar algumas roupas emprestadas com uma das outras moças, até
sermos capazes de substituir as suas coisas."

"Obrigada." Ela fez uma pausa. "Eu acho que enviar alguém para arrumar
meus pertences está fora de questão."

Olhando para ela, ele assentiu. "É muito perigoso, pelo menos agora, e o risco
de enviarem mais perseguidores até aqui é muito grande. Você não tem
nenhum animal de estimação, não é?"

"Infelizmente, não. Eu gosto de cães e gatos, mas eu não fico em casa tempo o
suficiente para ter um. Não seria justo deixá-lo sozinho tanto tempo."

Admirável e favorável. Ele teria amado ir atrás de seu amado animal de


estimação, mas estava feliz por terem uma preocupação a menos. Outro
pensamento lhe ocorreu. "Há alguma evidência que você possa ter deixado

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para trás que poderia dar pistas a quem está atrás de você, a respeito do
quanto você sabe?"

"Não. Para dizer a verdade eu não sei de nada, mas eu nunca coloquei minhas
suspeitas por escrito. Meu laptop está em casa, mas eu nunca ousei usá-lo
para pesquisar a extração de genes. Em vez disso eu acessei diferentes
computadores nas áreas comuns do trabalho, onde seria difícil provar que
estava on-line."

"Uou, espere aí." Parando do lado de fora do escritório de Nick, ele franziu a
testa." Extração de genes? NewLife faz pesquisa médica, certo?"

"Sim".

"Então, o que é tão incomum sobre o teste genético. O que?"

"Não seria notável, exceto..."

Nick interrompeu. "Por que vocês dois não entram e vamos conseguir as
respostas de que precisamos?" Ele se virou, esperando que eles o seguissem.

Jaxon conduziu-a para dentro, fechando a porta atrás deles. Eles se sentaram
em um par de cadeiras em frente à mesa de Nick, enquanto o próprio homem
estacionava seu traseiro na borda da mesa e cruzava os braços.

Agarrando os braços da cadeira, Kira falou primeiro, olhando para o chefe dele,
nervosamente.

"Não há muitas respostas que eu possa lhe dar, além de como eu conheci os
seus homens e tive a sorte de ser resgatada por Jaxon."

Se Nick foi surpreendido por ela usar o nome de Jax, não deu nenhuma
indicação. Sua atitude foi tão direta como sempre, apesar de seu tom ser gentil
e paciente quando ele começou a entrevista.

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Nick podia ser um filho da puta rígido, mas Jaxon nunca o tinha visto tratar uma
mulher com qualquer outra coisa, além de cortesia. A menos que ela
merecesse ser tratada de outra forma.

"Você é Kira Locke", afirmou, assustando-a.

"S-sim... Mas como você sabe o meu nome?"

"Simplificando? Eu sou um Precog*. Eu, às vezes, 'sei' coisas ou 'vejo' eventos


antes que eles aconteçam. Mais cedo, eu tive uma visão de que os meus
homens voltariam antes e a trariam com eles. Mas eu não podia ver a razão,
que é o que eu estava perguntando aos outros quando você e Jax se
aproximaram."

A coitadinha estava atordoada. Ela olhou para Nick, boquiaberta.

Jaxon e todos no Instituto que estavam envolvidos com o Projeto Alpha tiveram
anos para vir a enfrentar a realidade, muitas vezes terrível, que nem tudo o que
se encontrava na noite era o vento. O aprendizado de Kira ia ter que ser muito
mais rápido. Jaxon colocou a mão sobre a dela, esfregando a pele macia na
parte de trás com o polegar, tentando consolar a sua ansiedade, da qual ele
podia sentir o cheiro vindo em ondas.

Ela olhou para ele com surpresa, mas não se afastou. O calor queimou sua
mão, se espalhou através dos dedos até os seus membros. Direto para sua
virilha. Ele teve que soltar sua mão ou iria envergonhar-se na frente dela e do
seu chefe.

*Precog: poder do líder dos Alpha Pack e possuidor das habilidades mais
poderosas.

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Retirando-a, forçou-se a se concentrar em colocá-la à vontade. "Nós todos
temos habilidades especiais, o que você já sabe. Você já viu algumas delas, e
vai levar algum tempo e alguns ajustes, para aceitar plenamente. Mas agora, o
que é importante, é dizer ao Nick o que a trouxe até nós."

"Ok. Isso vai parecer loucura." Percebendo a ironia, ela riu. Em seguida, ela
lambeu os lábios e respirou profundamente, obviamente tentando se
reorganizar. "Até hoje, eu era uma assistente de laboratório na NewLife
Tecnologia. Eles têm renome mundial na área médica por fazer avanços no
tratamento do câncer, AIDS, e não apenas sobre qualquer mal ou doença que
se possa pensar."

"Já ouvi falar da NewLife e eles fizeram alguns avanços excelentes", disse
Nick. "Vá em frente."

"Alguns meses atrás, eu comecei a notar alguns acontecimentos inusitados. O


médico para o qual eu trabalhava, Gene Bowman, começou a ficar até mais
tarde e a enviar todos os outros assistentes para casa, inclusive eu. Isso foi
bastante notável porque o homem é um ditador quando se trata de colocar a
todos nós em horas extras. Não necessariamente devido a sua dedicação em
encontrar uma cura para o que estivermos pesquisando, mas porque ele não
acredita em fazer o trabalho pesado por si mesmo quando ele tem o resto de
nós sendo pagos para fazer isso."

"Então, você começou a suspeitar do seu projeto?"

"Mais como curiosidade em primeiro lugar. Então, eu descobri, por meio de um


outro técnico, que o Dr. Bowman não estava trabalhando sozinho. Outro
médico estava trabalhando com ele, atrás de portas fechadas de forma segura,
e seus assistentes estavam sendo enviados para casa, também."

"Quem é o segundo médico?" Nick perguntou.

61
"Ivan Rhodes. Ele é alguns anos mais novo do que Bowman, mas ambos são
brilhantes. Eles também são muito sutis ao lembrar os peões o quão grande
eles pensam que são." Seu nariz enrugou como se tivesse mordido um limão.

Jaxon começou a formar um perfil. "Tipos passivo-agressivos?”

"Exatamente. O tipo que vai dizer alguma coisa com um sorriso e você
concorda, pensando: Ele acabou de me insultar? Eles são profissionais em
torcer suas palavras, ou a sua, especialmente se vão derrubar um ou dois
pinos teus." Ela encolheu os ombros. "Eu poderia ter encontrado outro
emprego na área há muito tempo, mas quais as chances de encontrar um
médico para se trabalhar que não tem um ego? Boa sorte com isso."

Nick se levantou e deu a volta em torno da mesa, sentando-se em sua cadeira.


"Isso é interessante, mas um par de médicos egocêntricos trabalhando até
tarde, especialmente na busca de uma cura para um número qualquer de
doenças, não é exatamente alarmante. O que mudou?"

"Você está certo e eu, provavelmente, teria ignorado completamente se os dois


não tivessem começado a agir estranhamente. Para mim, de qualquer maneira.
Quer dizer, esses caras não eram realmente amigos, mas, de repente, estavam
sussurrando pelos cantos, agindo animadamente sobre algo. Um par de vezes
pareceu que eles tinham uma diferença de opinião que fez a coisa esquentar.
Ouvi o nome Orson Chappell uma vez, e Bowman disse algo sobre uma
reunião com ele e os membros do conselho."

"Chappell", Jaxon disse, sentando-se em linha reta. "Eu tenho uma visão de um
dos homens que eliminei esta noite. Ele disse a um homem com um jaleco de
laboratório que ele não estava sendo pago o suficiente para lidar com 'o
esquisito complexo de Deus do Chappell', como ele o chamou. O cara do jaleco
perguntou se ele preferia ser o próximo assunto de Chappell, fazendo uma
ameaça. O homem disse ao rapaz de jaleco para ficar fora disso. Ele estava
nervoso, com medo que seu companheiro fosse ligar para Chappell e estava
preocupado com a polícia."

62
Kira se virou para olhar para ele. "Como o homem de jaleco se parecia?"

Por um segundo, ele foi arremessado. Ele esperava que ela questionasse sua
visão ou risse de quanto isso era ridículo. Quando pareceu que ela o aceitava
pelo seu real valor, o encheu de algo muito parecido com orgulho. Era uma
coisa para ser aceita por seus irmãos Pack. Mas por alguém de fora, por esta
mulher... Por alguma razão, parecia significativo. Especial.

"Quarentão. Altura e peso médios e cabelo castanho. Eu não consegui ver a


cor dos seus olhos".

"Esse poderia ser o Dr. Rhodes, mas é difícil de dizer. Ele se encaixa nessa
descrição, assim como um monte de homens. A NewLife é um lugar grande."

"Chappell é o Diretor Executivo da NewLife." Nick inclinou a cabeça, um olhar


engraçado nublando seu rosto. Sentado em sua cadeira, ele ficou em silêncio,
olhando para o espaço.

"Isso mesmo." Quando ele não lhe respondeu, Kira se virou para Jaxon,
mantendo a voz baixa. "Ele está fazendo a sua coisa mística?"

Ele teve que sorrir por causa da sua descrição. "É. Ao contrário de mim, ele
não tem que tocar um objeto para receber uma visão, ainda que, às vezes,
possa tornar a visão mais clara para ele.”

“Será que ele vai ficar bem? Esta visão está realmente acabando com ele",
observou ela.

"Ele vai ficar bem. Ele é mais poderoso do que qualquer um de nós, de
qualquer forma". Mesmo assim, Jaxon não poderia deixar de se preocupar,
dois minutos depois, quando o chefe finalmente saiu de seu transe. Seus olhos
pareciam mais sombrios, mais escuros do que o normal, e por apenas um
segundo, enquanto seu olhar saltou entre eles, Jaxon podia jurar que viu um
flash de algo como arrependimento lá.

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"Nicky? Você está bem?"

O homem se sacudiu e passou a mão pelo rosto. "Eu estou bem. Onde
estávamos?"

“Orson Chappell."

"Certo." Ele parecia estar tendo problemas para se livrar do olhar fixo.

"Você viu algo importante?"

"Somente algumas coisas espaçadas por um segundo. Nada muito claro."

Ele não vai olhar para mim. Ele está mentindo. Um arrepio percorreu sua
espinha. Mas não houve tempo para pressionar Nick sobre o que estava
errado, não que ele iria dizer a Jaxon de qualquer maneira.

O homem mais velho levantou-se abruptamente. "Você sabe o quê? É


malditamente tarde e estamos todos cansados. Vamos terminar isso amanhã
depois que todos nós tivermos uma noite de sono decente e café da manhã.
Vejo vocês dois aqui às oito."

"Claro", Jaxon disse lentamente. Mas que diabos? Ele franziu a testa, sem se
preocupar em esconder sua preocupação. "Kira, você pode esperar lá fora por
um minuto?"

"Sem problema." Olhando entre eles, ela levantou-se e saiu, fechando a porta
atrás dela.

"Tudo bem, confessa", Jaxon disse calmamente. "O que aconteceu agora?"

"Nada com o que você precise se preocupar."

"Mentira. Você parece pronto para desmaiar."

64
"Eu estou bem. É você quem parece a ponto de se quebrar, não eu. Agora dê o
fora daqui e cuide de nossa nova adição antes que ela comece a perambular
por aí." Ele suavizou suas palavras com um sorriso.

Bastardo teimoso.

"Tudo bem. Mas eu estou aqui para conversar se precisar de mim."

"Eu vou manter isso em mente."

Não havia sentido em bater sua cabeça contra a parede.

Uma vez que seu chefe teimoso colocava na cabeça que tinha que manter os
lábios firmemente fechados, nem mesmo um pé de cabra poderia abri-los. Ele
encontrou Kira à espera no final do corredor a uma distância respeitosa da sala
de Nick e brevemente agarrou seu ombro antes de se afastarem. Por que ele
se sentiu compelido a continuar lhe tocando, foi além dele. Ele tinha que parar
antes de... Não. Não vá para lá.

"Vamos levá-la para um quarto. Eu te levo amanhã para conhecer tudo.”

"Parece bom." Um largo bocejo pontuou a declaração. Seus lábios tremeram,


mas ele se absteve de sorrir. Ela era uma ladra, na melhor das hipóteses, com
problemas com alguns babacas ruins, na pior das hipóteses.

Imaginou por que ela tinha que ser tão malditamente bonita que ambos, tanto o
homem quanto o lobo, queriam devorá-la. Da melhor maneira, o que deixaria
os dois encharcados de suor e esperma. Merda!

Obrigando seu pênis a se comportar, ele levou-a através da sala de estar, além
da sala de jantar e por outro corredor em direção aos alojamentos.

Ele parou na frente da segunda porta do final e apontou a mão para ela.

65
"Esta é uma das várias unidades vazias nesta ala. Elas são mais como
pequenos apartamentos do que quartos de hotel, o que torna mais confortável
viver no local. Algumas das mulheres vivem aqui com este fim, incluindo a Dra.
Mackenzie Grant, que está ao seu lado. Meu quarto é em frente ao hall e a um
par de portas." Ele apontou. "Se você precisar de alguma coisa, não hesite em
bater."

"Obrigado." Ela olhou para o pequeno painel na parede perto da maçaneta.


"Podemos entrar? Parece que precisa de um código.”

"Este não está definido ainda, mas vamos cuidar disso para você amanhã. Ele
bloqueia a partir de dentro, para que você possa se sentir segura.”

Abrindo a porta, ele a conduziu para dentro e acendeu a luz.

"Oh! Isto é muito melhor do que eu esperava." Um rubor tingiu suas bochechas
e ela sorriu com tristeza. "Isso não caiu muito bem. Sinto muito."

Ele riu, gostando da forma como os cantos de seus olhos se voltaram para
cima quando ela sorriu. "Eu sei o que você quis dizer. Ele nunca vai fazer parte
da capa da Better Homes and Gardens*, mas não é ruim."

Ela passou a mão sobre a parte de trás do sofá de bom gosto. "Ficará tudo
bem. Obrigada. Por tudo."

Um mundo de significados ponderou essas palavras quando seu sorriso


morreu. Ele entendeu o que ela não poderia expressar – ela poderia estar
morta agora, se ele não tivesse intervido. Era difícil dizer obrigado por algo
parecido.

*Better Homes and Gardens: Revista especializada em decoração de


ambientes e jardins.

66
Ele devia saber.

"Você é mais que bem-vinda." Ele limpou a garganta, quebrando o momento


intenso. "De qualquer forma, deixe-me correr e pegar uma das minhas
camisetas."

"Oh, você não precisa. Sério."

"Não se incomode. Espere um minuto." Correndo para o outro lado do corredor,


entrou em seu apartamento e correu para o quarto. Passou alguns segundos
cavando através da sua cômoda, em busca de uma camisa limpa, que não
estivesse muito desgastada. Encontrando uma, ele correu de volta para a porta
de Kira e bateu. "É Jax".

A porta abriu e ela encontrou seus olhos. "Eu aprecio isso, mas não precisava",
ela disse, tomando a camisa. Seus dedos se roçaram e ele sentiu aquela
corrente de novo. Elétrica, correndo como um raio.

Ele balançou os ombros. "Você tinha que ter alguma coisa para dormir."

"Não, eu não." Ficando na ponta dos pés, ela deu um beijo em sua bochecha, e
murmurou: "Eu durmo nua, mas eu apreciei o gesto. Boa noite, Jax!"

Com isso, ela fechou a porta e deixou-o ali ofegante assim também como o
lobo estava, ostentando uma ereção que estava tentando perfurar seu zíper.

Se ele não conseguisse alívio rápido, explodiria em seu jeans.

Eu durmo nua.

Tempo para cuidar dos negócios. E então ele estava partindo para uma longa,
longa corrida. Com alguma sorte, ele estaria exausto demais para sonhar com
uma loira bonita, com olhos azuis da cor do céu.

67
***

Andando pelo seu escritório, Nick olhou para a noite fora da janela. A lua o
chamou, acenando de forma convidativa a levantar sua voz na canção,
derramando suas mágoas. Não seria a primeira vez, nem a última. Às vezes,
ele, porra! odiava seu "dom", como um vidente. Hoje foi um desses momentos.

Dois corações estavam destinados a ser vinculados para sempre, a encontrar


um amor mais forte do que qualquer outro que eles já tinham conhecido ou
jamais conheceriam novamente. Sua estrada não seria fácil, mas a sua alegria
quando cedessem seria ilimitada.

E, oh, Deus, seria tão breve. Duas almas seriam dilaceradas. Um coração seria
deixado afogado em tristeza.

Mas Nick não podia interferir com o futuro, com o livre arbítrio. Ele cometeu
esse erro uma vez, com resultados trágicos. Não havia nada que ele pudesse
fazer para mudar o resultado horrível. Nenhuma maldita coisa.

Lá fora, ele tirou suas roupas e se transformou, batendo no chão sobre quatro
patas brancas, e correu.

Se ele corresse longe o suficiente, rápido o suficiente, talvez ele pudesse


esquecer que existiam verdadeiros monstros. Só por um pouco de tempo. E
apenas talvez, ele poderia esquecer que era um deles.

68
TRÊS

Em vez de ir para o seu quarto, Jaxon continuou andando. Todo o caminho


para o final do corredor até as portas duplas, onde ele as empurrou para fora,
respirando os aromas exuberantes da floresta com profundo alívio.

Apesar da exaustão de antes e da dor em sua perna ruim, ele tinha conseguido
um segundo fôlego e não tinha esperança de dormir até que gastasse essa
energia estranha. Seu corpo era um barril de pólvora pronto para explodir. Ele
se sentiu muito grande dentro de sua pele, pronto para estourar. Seus nervos
fervilhavam como fios vivos, estalando até os dedos dos pés.

Por causa de Kira Locke. Não.

Ele não iria aceitar isso. Porque aceitar que ela era a responsável pelas
reações estranhas que ele estava experimentando desde que ele colocou os
olhos sobre ela pela primeira vez, quando inalou o sedutor aroma de citrus e
baunilha, significava reconhecer uma implicação que ele simplesmente não
estava pronto para enfrentar.

Não agora. Talvez nunca.

Você não aprendeu a lição? Nenhuma mulher pode amar um homem que é
metade besta. Não sem a Disney manipular o final.

Fazendo o seu caminho através do campo de treinamento de tiro, ele pegou o


ritmo.

Seu lobo queria sair e ele estava pronto para se vincular.

69
Na borda das árvores ele tirou sua roupa, deixando-a em uma pilha para
recuperá-las mais tarde.

Inclinando o rosto, ele fechou os olhos, soltou seu aperto sobre a besta, e
deixou a transição ocorrer. Músculos e ossos remodelados, e ele caiu de
quatro, quando a camada espessa emergiu. O processo não aconteceu sem
alguma dor em suas juntas e em sua perna ferida, mas não era nada como a
agonia que tinha sofrido há cinco anos, quando o animal dentro dele era novo e
eles lutaram com todo o seu poder. Resistir se mostrou pior e foi um erro que
cada um deles aprendeu rapidamente a não cometer.

Abraçar sua natureza selvagem trouxe mágoa para os seus ombros e fechou a
porta sobre suas antigas vidas para sempre. Mas também incluiu alguns
benefícios, e este era um dos melhores – correr através da noite, caçar e
matar. Para se banquetear e depois uivar para os céus, embora fosse em
triunfo ou solidão, ele não sabia ao certo.

Simplesmente ser e deixar para trás as preocupações humanas, mesmo que


apenas por um tempo. Ele correu, saboreando a terra sob as patas, o vento em
seu rosto.

Felizmente sua lesão diminuía, como de costume, na forma de lobo e ele foi
capaz de desfrutar de sua corrida.

Depois de um tempo farejando um coelho, perseguiu-o desde uma toca


confortável perto de um tronco caído, sabendo que ele não tinha a menor
chance. A necessidade de provar a carne fresca, saborear os doces sucos,
governou seu coração e mente caninos. Até que ele segurou a criatura se
contorcendo com as patas maciças, que gritou de terror, um grito longo e alto.

Várias vezes antes, ele caçou e não foi afetado pelos gritos de sua presa. O
fraco alimenta o forte e era desta maneira no mundo inteiro. Um corte das suas
garras, um estalar de mandíbulas e a luta estaria acabada, a besta maior,
sustentada.

70
Por que a vontade de sobreviver do valente coelho afetou sua metade humana
esta noite?

Lentamente, ele aliviou o aperto sobre o coelho que se contorceu livre, deu um
salto, e disparou para a vegetação rasteira. Seu lobo uivou para suas ações
inexplicáveis, abrindo mão de um lanche duramente conquistado. Talvez ele
tivesse matado o suficiente por uma noite.

Girando, ele correu novamente, dirigindo-se para um riacho a cerca de um


quilômetro e meio distante do complexo, que ele gostava de visitar. O local era
isolado, na propriedade do Instituto, e relativamente seguro, mesmo a esta
distância do edifício principal. Mesmo que o campista mais durão ou um
caçador se aventurasse tão longe no deserto, eles encontrariam rapidamente
uma cerca de alta segurança com arame farpado.

Caso alguém fosse estúpido o suficiente para tentar rompê-la, alarmes


silenciosos notificariam a equipe, assim como a localização do intruso e ele
teria que lidar com isso.

Chegando ao seu destino, na plataforma à beira da margem, enfiou o nariz na


água gelada, e bebeu. Quando ficou saciado, levantou a cabeça, cheirando o
ar para ter certeza de que ninguém da sua equipe estava por perto. Satisfeito,
ele se transformou e ficou de pé.

Porra, ele esperava a corrida não só para limpar a cabeça, mas para livrá-lo da
excitação desenfreada sobressaindo por entre suas coxas. Antes pelo
contrário, a liberdade da sua corrida só tinha feito piorar.

Franzindo o cenho para o seu problema atual lá embaixo, ele se perguntou o


por quê dessa insistência obstinada. Ele normalmente tinha total controle sobre
seu corpo, mas desde que ele sentiu o seu cheiro, era como se sua libido
tivesse ficado maluca.

Eu durmo nua.

71
Neste exato minuto, Kira estava, provavelmente, esparramada nos lençóis,
dormindo como um belo anjo, os cílios muito escuros enrolados contra as
bochechas de porcelana. Membros tonificados se enroscavam com o algodão
branco, afundando na macia curva de um traseiro pequeno, apertado.

"Merda". Gemendo de frustração, ele encontrou um local macio e esponjoso a


poucos metros da beira do riacho e recostou-se no chão. De costas, ele
colocou as mãos em concha sobre as bolas, já elevadas e apertadas. Isso não
ia demorar muito.

Agarrando seu pênis, ele deu uma pancada violenta com o polegar sobre a
cabeça, espalhando o fluido viscoso do pré-sêmen. Conjurando uma fantasia
deliciosa, ele imaginou Kira meio deitada de barriga para baixo, pacífica no
sono. Ele moveu o lençol para o lado, expondo seu pequeno e lindo rabo, e ele
não tinha dúvida de que ela seria toda bonita e abriu suas pernas.

Ele acariciou seu sexo, lambeu e sondou, acordando-a lentamente. Semi


acordada, ela gemeu e implorou por mais.

Ele deu o que ela pediu, fazendo-a se contorcer quando sua língua explorou as
dobras orvalhadas, brincou e provou o clitóris pequeno. Quase fora de si, ela
ficou de quatro, implorando para ser tomada. E ele, com muito prazer, se
obrigou, colocando a cabeça de seu pênis em sua abertura e empurrando na
entrada. Ele deslizou profundamente, mostrando a ela os prazeres de estar
sendo montada e preenchida por algo mais que humano.

Algo primordial.

"Deus, sim." Empunhando sua vara, ele golpeou, apertando duramente para ter
um pouco mais de aspereza. Ele faria com ela exatamente assim, deslizando
profundamente, mais rápido e mais rápido até que ele estava batendo duro.
Seus gritos seriam como bolhas em suas orelhas, levando a sua besta adiante,
com alegria selvagem. Quando ele não conseguiu se segurar mais, se arrumou
sobre ela, empurrou uma última vez e bombeou a sua semente em seu

72
ventre... E afundou seus caninos profundamente em sua garganta. Reclamou-
a.

Minha! Minha companheira.

"Oh, fodaaaa!" Ele gozou duro, o sêmen pintando cordas cremosas em sua
barriga e em seu peito. Novamente e novamente ele jorrou até que sua mão e
tronco estavam escorregadios e ele estava gasto, sem fôlego. Deus, foi muito
bom, fantasia ou não.

Quando virasse realidade, provavelmente iria matá-lo.

Aos poucos, seu cérebro espalhado começou a recolher-se e um calafrio


desceu sobre ele que não tinha nada a ver com a sua nudez e o ar fresco da
noite. Do que ele a chamou?

Minha companheira.

Não. De nenhum jeito maldito isso iria acontecer. Ele gostava da sua vida do
jeito que ela vinha sendo pelos últimos anos, flexível e sendo capaz de eliminar
sua comichão com uma mulher disposta sempre que a necessidade se tornava
grande demais para ignorar. Alexa podia não o agradar mais e Vegas era uma
longa viagem, de qualquer maneira, mas sempre havia Jacee, a barman sexy
do Cross-Eyed Grizzly. O ponto de encontro acolhedor ficava distante apenas
30 minutos dirigindo, em Cody, a cidade mais próxima do Instituto. Jacee não
se importava em ser chamada somente para um sexo ocasional.

Somente porque ela é tão solitária quanto você, sua consciência incomodava.
Ela merecia coisa melhor.

Não importava. Caras como ele tinham de se contentar com o que eles
poderiam obter da vida, e para Jaxon, isso significava estar satisfeito com seus
irmãos.

73
Perdendo-se em um par de braços de vez em quando. Lutando contra
predadores sobrenaturais que ele nunca sonhou existir antes de ter se
transformado. Sobrevivendo mais um dia. Sua vida nunca poderia incluir uma
alma gêmea. Ele não iria se abrir para a rejeição terrível e se machucar de
novo, para não falar no perigo de colocar a vida de seus irmãos em risco uma
segunda vez. Nunca.

Sacudindo para fora os pensamentos sombrios, ele se levantou e se lavou no


córrego frio. Em seguida, se transformou e correu. Daqui até o equador não
seria suficiente.

***

Kira rolou, espreguiçou-se e abriu os olhos, apertando-os contra a luz do sol


que se infiltrava através das persianas. O pulsar maçante nas têmporas
atestava o pouco sono que ela teve. Um lugar estranho, cercado por pessoas
estranhas que eram como seres do canal Sy-Fy*, não era propício ao sono
tranquilo. Adicionado a isso, o triste uivo que lhe deu arrepios e a levou a puxar
as cobertas sobre a cabeça. Esses caras não dormiam nunca? Ou foram lobos
reais fazendo a serenata? Durante toda a noite, ela meio que esperou Jason
Hawes e Grant Wilson** entrarem em seu quarto carregando câmeras térmicas
e gravadores de EVP, concluindo sua pequena jornada com o Paranormal-
RUs***.

* Sy-fy: Canal de TV por assinatura conhecido por transmitir programas de ficção científica,
filmes trash e seriados com enfoque no paranormal.
** Jason Hawes e Grant Wilson são os protagonistas da série Ghost Hunters (caçadores de
fantasmas), exibida pelo canal Sy-Fy e que mostra uma equipe investigando fenômenos
paranormais com o auxílio de diversas ferramentas, como o gravador EVP (Eletronic Voice
Phenomen) que capta frequências de som inaudíveis para os ouvidos humanos, câmeras
térmicas (thermal cameras) que gravam imagens a partir da emanação de calor.
***Paranormal-R-Us é uma série sobre um time de investigadores paranormais que tem
experiências em encontros com fantasmas. Alguns capítulos estão disponíveis no YouTube.

74
E então, havia os pensamentos renegados de Jaxon, aqueles que a fizeram ter
calafrios de um jeito bom. Claro, ela estava infernalmente assustada e mais do
que um pouco apavorada ao ver um homem se transformar em um lobo e
correr pela escuridão.

Rasgou os dois caras que tentaram matá-la, e com pouco esforço. Mas os
idiotas com as armas a tinham assustado mais e, verdade seja dita, ela sentia,
no fundo, que o lobo não queria fazer mal a ela.

O que ele disse? Que ele e os seus amigos não eram aqueles com quem ela
tinha que se preocupar. Até agora, parecia ser a verdade. Ele correu para
defendê-la como se fosse seu vingador pessoal e continuou a protegê-la até
mesmo de seus amigos.

Ela imaginou se ele percebeu que havia colocado constantemente seu corpo
entre eles e ela, seu olhar prometendo problemas para quem se atrevesse a
tocá-la.

Ok! Será que estou sendo um pouco romântica demais aqui, vendo mais em
suas ações do que realmente estava lá? Talvez. Mas ele tinha protegido ela.

Pareceu condenadamente bem fazendo isso, também. Todos os músculos


ondulando, aquela alma em pedaços, o cabelo preto espetado, e as pervertidas
perfurações na orelha emprestando ao homem um leve ar de irreverência.
Confiança.

Aqui estava um cara que sabia como tocar o seu negócio.

Ela adoraria saber se ele poderia lidar consigo mesmo tão bem na cama assim
como quando estava fora dela.

"Certo. Ele provavelmente tem uma série de mulheres que podem responder a
essa pergunta." E por que isso deveria deixá-la tão irritada?

75
Sentando-se com um suspiro irritado, ela rolou na cama e depois fez seu
caminho para o banheiro, estremecendo quando olhou no espelho. "Falando
sobre vampiros," ela murmurou, fazendo uma careta para si mesma.

A careta olhando para ela de volta não deixava dúvidas sobre o motivo pelo
qual o lobo correu para as colinas com o rabo entre as pernas. Tempo para um
banho e café. Nesta ordem.

Antes que ela pudesse ligar a água, uma pancada firme e seca chegou aos
seus ouvidos. Dirigindo-se para fora, ela passou pelo quarto e pegou a
camiseta que Jaxon tinha trazido, arrastando-a sobre a cabeça.

Assim que ela entrou na sala de estar, a batida soou novamente.

Apressando-se para a porta, ela espiou pelo olho mágico para ver uma mulher
de pé no corredor. Deslizando o trinco, ela abriu a porta e deu um sorriso
hesitante à morena linda parada na soleira.

"Olá. Eu sou Kira Locke."

"E eu sou o comitê de boas vindas", a mulher disse calorosamente, segurando


uma pilha de roupas." Eu achei que você gostaria de alguma coisa para vestir."

"Sim, obrigada! Entre." Dando um passo para o lado, ela deixou sua visitante
entrar. Embora, tecnicamente, ela fosse a visitante aqui, se lembrou.

A morena colocou as roupas no sofá e se virou para Kira. "Eu espero que elas
sirvam bem o suficiente para você passar um ou dois dias. Eu sou mais alta e
não tão esbelta como você, então você pode ter que arregaçar as calças jeans
e usar um cinto. Ah, eu sou Mackenzie Grant", disse ela, estendendo a mão.

Kira apertou a sua mão, já gostando dela. "Jaxon me falou de você. Você é
uma das médicas, correto?"

76
"É isso mesmo. Eu sou uma psicóloga, embora eu não seja mais chamada
assim, por não usar muito essa formação. Pelo menos não como eu era no
começo, quando os homens tiveram de se ajustar a tantos problemas. Agora
eu sou uma cientista e parapsicologa aqui no Instituto. Eu estudo fenômenos
paranormais, particularmente como as mudanças afetaram os homens da
Alpha Pack ou irá afetá-los no futuro." Ela corou. "Eu sinto muito. Eu me
empolguei com o meu assunto, especialmente porque raramente tenho alguém
novo para discutir sobre ele.

Kira sorriu. "Sem problema. Eu posso ver porque você estaria tão animada,
Dra. Grant. Eu não posso imaginar o que deve ser estar na vanguarda de um
campo fantástico de estudo e ter que manter isso em segredo do mundo
exterior."

"É um inferno", ela concordou. "E, por favor, me chame de Mac. Todo mundo
faz isso."

"Tudo bem... Mac.” Kira fez uma pausa, curiosa. "Por favor, se isso não for da
minha conta é só dizer, mas... Você é uma shifter, também?”

A médica balançou a cabeça. "Não, eu sou completamente humana. Fui trazida


aqui pelo meu pai para ajudar a lançar o Projeto Alpha há mais de cinco anos
atrás, depois que a equipe SEAL foi atacada no Afeganistão e se transformou.
Ele era o Chefe de Operações da equipe e recomendou-me a vir e aconselhá-
los, o que levou ao que eu estou fazendo agora. Quando o complexo foi
concluído, eu apenas me hospedei e nunca mais saí."

"Parece o trabalho dos sonhos, estudar na vida real as coisas paranormais e


ser paga para isso."

"É, mas pode ser assustador também. Há tantas coisas lá fora que nós
acreditamos ser contos de fadas, e... Bem, é o suficiente para o momento",
disse ela, um pouco brilhantemente. "Você deve estar faminta."

77
Tantas coisas lá fora. Como o que, além de lobos mutantes? Sua pele se
arrepiou. "Eu poderia comer. No entanto, preciso de um banho primeiro."

"Leve o tempo que for preciso. O café da manhã é servido às sete, mas ainda
haverá muita comida se você for mais tarde do que isso. Você não tem que se
preocupar com uma agenda, pelo menos não até descobrir o que você vai
fazer e isso é tudo de bom."

Tudo de bom. Certo. Kira quase riu do absurdo. "Eu... Obrigada."

“Vejo você em breve. E tente não se preocupar, certo? Você está segura aqui."

"Isso foi o que Jaxon disse."

Mac inclinou a cabeça. "Bem, ele está certo. Nenhum dos nossos caras vai
deixar nada acontecer com você. Você pode confiar a qualquer um deles a sua
vida."

"Eu tive uma demonstração disso ao vivo e a cores. Talvez eu possa retribuir o
favor algum dia."

A outra mulher piscou e se dirigiu para a porta. "Boa sorte com isso. Eles são
como super-machos quando estão na forma humana."

Depois que Mac saiu, Kira aproveitou o chuveiro, saboreando a água quente
sobre os músculos sensíveis que a estavam fazendo tomar conhecimento
deles mesmos agora. Suas costas estavam especialmente sensíveis, supondo
que foi quando o troglodita a jogou contra o carro ontem à noite. Bem, ele
pagou por isso. Ambos pagaram.

Lembrando-se do enorme lobo arrancando suas gargantas, ela estremeceu


apesar do spray de vapor.

Saindo do chuveiro, ela encontrou uma toalha macia no armário e se secou.

78
Franzindo a testa, ela percebeu que não tinha forma de pentear ou secar o
cabelo e se amaldiçoou por não ter pensado nisso quando Mac esteve aqui. A
mulher amigável provavelmente teria emprestado a ela uma escova, um
secador de cabelos, e até mesmo um pouco de maquiagem, se ela tivesse
pensado em perguntar. Não que ela normalmente usasse muito, mas ela não
estava entusiasmada em ir sentar para comer em uma sala cheia de gostosos,
ostentando cabelos molhados e parecendo como uma figurante do filme o
Regresso dos Mortos Vivos.

"Fantástico".

Depois de usar a toalha para secar o cabelo o melhor que podia, ela penteou-
os com os dedos para tentar remover a maioria dos emaranhados e depois
desistiu. Em seguida veio o jeans, que era muito grande na cintura e cerca de
dez centímetros mais comprido. Para não pisar sobre elas, enrolou-as para
cima, fazendo com que parecessem algemas. Então veio a camiseta vermelha,
que também era muito grande, mas pelo menos ajudou a esconder o fato de
que ela estava prestes a perder a calça jeans.

Olhando-se no espelho da cômoda, ela caiu em depressão. Por hoje,teria que


servir. Mac não era uma mulher grande, de modo algum; Kira é que era
pequena demais. Sempre tinha sido, por isso ela nunca tinha conseguido trocar
roupas com as amigas na escola.

"Eu pareço uma refugiada."

O que era muito preciso. Depois de escorregar em um par de meias limpas e


em seus próprios tênis, ela pegou sua bolsa e se certificou de que os frascos
ainda estavam lá dentro. Tranquilizada, ela atirou as alças sobre o ombro e
saiu. Uma vez no corredor, ela também percebeu que não tinha pedido
instruções para chegar à sala de jantar. Jax não tinha passado através dela na
noite anterior? Ela estava tão arrasada, que passou despercebida por ela, e
não tinha ideia de onde se localizava.

79
Ela se lembrou que os aposentos de Mac ficavam ao lado dos dela. Ela bateu
na porta e esperou. Nenhuma resposta.

Mordendo os lábios, ela olhou através do corredor até a porta que Jax tinha
dito que lhe pertencia.

Valia a pena fazer uma tentativa.

Mas ele não estava lá, também. Resignada a encontrar o caminho sozinha, ela
começou a descer o corredor.

No cruzamento em forma de T, ela hesitou.

Tinham vindo da direita ou da esquerda na noite passada? Escolhendo ao


acaso, ela foi para a direita.

Era a direção errada, é claro. Ela fez essa descoberta quando ela acabou
dando um par de voltas e atravessou um conjunto de portas duplas
encontrando-se no que parecia ser uma sala de espera.

Havia cadeiras estofadas com vinil e uma mesa sem recepcionista.

Provavelmente estava no café da manhã com todos os outros, uma vez que
não era assim um serviço público, onde estariam esperando alguém.

Retrocedendo, ela fez as voltas opostas que a levariam de volta para o


corredor onde seu quarto estava localizado. Ou assim pensava.

"Merda, onde diabos eu estou?"

Um minuto depois, ela se encontrou em outro corredor, este não tão iluminado
quanto os outros. Portas alinhadas de cada lado do corredor, cada uma feita de
um metal escuro e pesado, com uma única janela mantida no lugar por meio de

80
rebites pesados. Chegando perto, ela inspecionou a primeira, notando que o
Blindex tinha duas ou três camadas de espessura.

Além da janela estava uma cela. Não havia mais nada que aquele espaço
pudesse ser, decorado apenas com uma cama, uma pia e um vaso sanitário.

"Que lugar é esse?", Ela perguntou em voz alta. Em resposta, um grunhido


baixo e ameaçador ecoou no final do túnel, fazendo-a pular. Com a mão no
peito galopante, ela avançou para frente, atraída pela fonte do barulho, apesar
de o senso comum gritar para ela correr. Quando ela tateou o lado com a mão
direita, descobriu o culpado na segunda cela. Ela puxou uma respiração para
ver um lobo negro, quase tão grande quanto Jax, andando na largura do
espaço, tanto quanto a pesada corrente no final da coleira de metal permitia.

Para frente e para trás, como um animal no zoológico, e ela teve a impressão
de que ele estava lentamente perdendo a cabeça.

De repente ele parou, virou-se e levantou a cabeça, olhando diretamente para


ela através da pequena janela. Seus olhos brilharam, apesar de que não
poderia dizer de qual cor eles eram. Ela só viu raiva impotente um segundo
antes de ele se lançar à porta, os lábios puxados para trás em um grunhido
feroz, dentes brancos como a neve contra sua pele escura.

Ela pulou de volta no reflexo, mas a corrente o segurou e o lobo foi empurrado
fora de seus pés por sua própria velocidade e força. Ele caiu, rolou sobre o
estômago e tossiu. Em seguida, ele pulou e correu de novo, tendo o mesmo
resultado. Lágrimas ardiam em seus olhos e ela se moveu para ficar fora da
sua visão.

Pobre criatura. Se ele não pudesse vê-la, eventualmente iria parar. Ela
esperava. A próxima cela, não surpreendentemente, estava vazia.

81
Criaturas selvagens provavelmente não deviam ser mantidas lado a lado,
mesmo que estivessem rodeadas pelo mesmo tipo de metal espesso das
paredes, piso e teto.

Na quarta cela, ela viu algo realmente enorme enrolado na cama, tão pesado
que o colchão cedeu sob seu peso. Piscando, ela viu que estava enrolado, com
a cabeça descansando elegantemente em um travesseiro, aparentemente
dormindo.

Agora, porque motivo eles haviam aprisionado uma cobra? Mesmo que fosse
tão grande quanto um maldito Volkswagen. Perplexa, ela seguiu em frente,
grata pelo rosnar do detento número um haver cessado.

A cela número seis, no entanto, proporcionou o segundo maior choque desde


que a vida dela tinha ido de cabeça no buraco do coelho*. Ela piscou para ter
certeza do que ela estava vendo. Uma criatura humanoide se sentou na cama.
Humanoide porque...

... Jesus, ele tinha asas. Lindas asas, de um azul profundo combinando com os
cabelos na altura da cintura que seriam, sem dúvida, gloriosos quando as
tranças estivessem limpas. Embora as asas estivessem encolhidas contra suas
costas, as penas maiores se arrastavam como seda em todo o colchão
descoberto atrás dele.

Ele estava nu e muito masculino, com uma pele que brilhava como a neve. Ele
seria, sem dúvida, um belo exemplar quando em plena saúde, mas suas
costelas e clavículas proeminentes testemunhavam a falta de alimentação
adequada.

* Menção ao primeiro capítulo do livro de Lewis Carrol “Alice no País das


Maravilhas”, no qual ela cai de cabeça no buraco do coelho.

82
O homem alado estava balançando, os braços cruzados em volta do seu peito,
olhando para a parede oposta para o nada. Olhos amendoados orlados com
cílios escuros estavam se afogando em desespero e lágrimas corriam pelas
bochechas magras. Como o lobo, ele usava uma coleira de metal, mas não
havia corrente.

Curiosamente, apenas os pulsos estavam algemados, e suas mãos estavam


cobertas com algum tipo de luva de malha prateada. Ele era impressionante. E
absolutamente desanimado. Ele não tinha sido alimentado, não tinha roupa e
não havia roupa de cama para mantê-lo aquecido. O ultraje a deixou sem
fôlego. Quem, supostamente, deveria estar cuidando dessas pobres criaturas?

Por qual motivo eles estavam aqui, trancados como presidiários no corredor da
morte?

"Oh, Deus", ela respirava. Estavam eles marcados para morrer? Do outro lado,
as celas opostas guardavam uma série de criaturas diferentes, parecendo
adoráveis e, bem domésticas. Algumas estavam rosnando e chateadas com o
mundo, algumas tão tristes quanto o homem alado. Uma parecia um gremlin
pequeno coberto de pêlo marrom, a boca mostrando um conjunto duplo de
dentes nitidamente afiados, parecendo um maníaco mastigando a corrente em
torno do seu tornozelo. Era fácil ver por que alguns prisioneiros como o lobo
feroz e o pequeno gremlin estavam detidos, mas o que dizer dos outros?

Tremendo de raiva, ela recuou. Batendo em retirada, girou e correu...

Direto para um sólido peito masculino.

"O que diabos você está fazendo em uma área restrita, docinho?" O homem
rugiu, agarrando seu braço.

Inclinando a cabeça para trás, ela se encontrou olhando dentro dos olhos verde
claros de Aric. Aborrecimento estava estampado em seu rosto bonito e ela se

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perguntou se ele era capaz de expressar felicidade. O cabelo castanho escuro
avermelhado se arrastava sobre um ombro e fez cócegas em seu nariz.

Assim como também fez seu aroma potente e masculino. Quase tão bom
quanto o de Jaxon.

Ela tentou soltar seu braço. “Eu não sabia que estava fora dos limites, tendo
em vista que não há nenhum sinal".

"Existe um sinal, lá embaixo.” Ele apontou para o final do corredor. "Você deve
tê-lo perdido."

"Desculpe. Agora vamos."

“Não até que você responda a minha pergunta: o que você estava fazendo?"

"Procurando a sala de jantar. Obviamente, eu me perdi."

Seus lindos olhos se estreitaram e ele sacudiu a cabeça na direção de onde ela
veio. "Viu algo interessante lá?"

"Bastante", ela sussurrou, fervendo. Porra, era impossível fazer ele se mexer.
"Por que essas pobres criaturas estão trancadas como criminosos? O que você
está planejando fazer com eles?"

Sua risada não foi agradável. "Querida, qualquer uma dessas pobres criaturas
arrancaria seu rosto de boa vontade se tivesse a chance. E eu não estou
planejando fazer algo com eles. Nós apenas trazemos os paranormais
perigosos que estão causando estragos em qualquer parte do mundo para a
qual somos enviados. Nós os subjugamos e os reabilitamos se for possível.
Senão, nós os exterminamos."

"O quê?" ela gritou, estupefata, para ele. "Isso não é justo! Que tipo de
monstros são todos vocês para brincar de juiz e júri com criaturas que nem

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mesmo são humanas? Eles podem não entender o que está acontecendo com
eles! Eles provavelmente estão confusos e assustados! Eu ia tentar arrancar
sua cara também se eu estivesse correndo perdida ao redor de um mundo
estranho e você viesse para mim com uma arma! Inferno, eu preciso saber!"

Ele olhou para ela por cerca de dois segundos antes de começar a rir. Homem
irritante!

FDP egoísta.

"Acalme-se, gata selvagem. Se estivesse no comando, o que você faria


diferente, hein?" Seu polegar roçou seu lábio inferior em uma carícia íntima.

Muito íntima para o seu gosto.

Ela empurrou a cabeça para trás, quebrando o contato e olhando para ele. "O
oposto de tudo o que está sendo feito agora, isso eu posso te dizer. Eu acho
que eles precisam de alguém para lhes mostrar um pouco de compaixão, para
ver que alguém se preocupa. Se qualquer um deles puder ser enviado para
casa, onde quer que isso possa ser, devemos fazer isso acontecer. Se não
pudermos, eles precisam de um propósito. Um trabalho, qualquer coisa para
fazê-los se sentir úteis. Importantes."

"Uau, uma Pollyanna* da vida real." Vindo de seus lábios não soou como um
elogio, as palavras tingidas com amargura. "Espalhar um pouco de amor e todo
o universo irá dar as mãos e ser curado. Que tal você começar a praticar aqui
mesmo?"

* Polyanna é uma personagem de um romance escrito por Eleanor H.Potter em


1913. A filosofia de vida de Pollyanna é centrada no que ela chama "o Jogo do
Contente", uma atitude otimista que aprendeu com o pai. Esse jogoconsiste em
encontrar algo para se estar contente, em qualquer situação porque passemos.

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Antes que ela processasse o desafio, ele segurou seu rosto, baixou a cabeça e
tomou sua boca em um beijo ardente. Pega de surpresa e insanamente
curiosa, ela foi com o beijo. Seus lábios eram cheios e firmes, sua língua
talentosa.

Ele tinha um gosto bom, como hortelã. Sim, o homem tinha um beijo de
primeira classe. Mas a terra não se moveu. Seu toque não carregava uma
fração da centelha que ela tinha experimentado com Jaxon e ele ainda não a
tinha beijado.

Primeiro gentilmente, ela tentou se desvencilhar. Depois, com mais insistência,


empurrando seu peito. "Aric, deixe-me ir."

"Doçura, eu..."

"Eu não sou sua doçura, docinho, ou querida, e quão talentosos seus lábios
são? Desculpe. Eles não fazem o meu universo dar as mãos e cantar, ou o que
quer que seja. Então, pela última vez. Me. Deixe. Ir!”

O ruivo abriu a boca para dizer alguma coisa, mas nunca teve chance.

De repente, ele foi arrancado dela e seu corpo jogado contra a parede, um
Jaxon seriamente furioso encarando-o.

"Quantas vezes uma dama tem que lhe pedir para deixá-la ir antes de entrar na
sua cabeça dura?", gritou ele, agarrando os ombros de Aric e empurrando
duramente para dar ênfase.

"Sai de cima de mim, idiota." Ele empurrou de volta, mostrando os caninos


alongados e a luta começou. Kira guinchou em alarme quando os dois
combatentes bateram forte nas paredes, dando socos, sacudindo o edifício.

Mais ou menos após o quarto salto, eles desceram, Aric em cima de Jax,e se
transformaram ainda dentro de suas roupas. Calças e sapatos foram jogados

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de lado quando um lobo vermelho e outro cinzento rolaram, rosnando e
rasgando um ao outro.

Em pouco tempo, suas camisetas estavam ensanguentadas e penduradas em


farrapos fora de seus ombros largos, garras cortantes e presas mortais.

Apavorada porque eles matariam um ao outro, ela correu.

Ela não tinha ideia para qual lugar ir, mas tinha que encontrar ajuda.

Pouco antes de ela chegar ao fim do corredor, Ryon, Zander, e um homem


careca que ela nunca tinha visto antes dobraram a esquina.

"Oba, briga de cachorro!" Ryon gritou. Ele deu um tapa no ombro musculoso do
homem com as costas da mão. "Cara, vá buscar o Nick."

"Merda," o cara cuspiu. Mas ele fez o que Ryon disse, desaparecendo pelo
mesmo caminho de onde veio.

Ryon a pegou pelo braço e gentilmente a moveu para alguns metros mais
longe da briga enquanto Zander ficava tão perto quanto ousava, gritando com
seus amigos. "Ei, seus idiotas! Cortem-se antes do Nick chegar aqui!"

Ansiosa, ela torcia as mãos. "Ele não pode fazer alguma coisa?", ela
perguntou, referindo-se a Zander.

"Eles estão muito longe para ouvir alguém, a não ser o líder Alfa", disse Ryon,
estremecendo enquanto o lobo cinzento cortava o ombro do vermelho.
"Qualquer outra pessoa que tentar estará ferrada."

Parecia uma eternidade, mas era provável que não tivesse sido mais do que
um minuto antes que um muro de pelos brancos entrasse na luta, separando
os dois lobos rivais e chutando cada um em sua bunda. Dentes arreganhados,

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ele soltou um grunhido baixo, ameaçador, olhando de um de seus soldados
errantes para o outro.

Kira olhou com admiração. O lobo branco era um pouco maior do que os
outros, o que dizia muito. Ele era lindo e não era difícil ficar impressionada com
a maneira como ele fez os seus subordinados desistirem. O lobo vermelho
cedeu primeiro, achatando as orelhas para trás e abaixando a cabeça em
submissão. Em seguida, o cinza, embora claramente não quisesse desistir,
uma vez que manteve os olhos atirados para o lado e rosnando para o outro.

Sem aviso Nick se transformou e levantou, ficando de pé, gloriosamente nu, no


meio do corredor. "Se limpem e venham ao meu escritório. Agora mesmo,
porra! Vocês vão ter sorte se eu não suspender os dois”. Com isso, ele virou-se
e caminhou para onde Kira estava com Ryon.

Ela não pôde deixar de notar o homem, que devia estar com seus quarenta e
poucos anos e era malditamente bonito.

Ele acenou com a cabeça, em seguida, avançou além deles como se não
estivesse nem aí para o que ela viu. Quando ela voltou sua atenção para Jax e
Aric, viu que eles também se transformaram. Ela teria que estar morta e
enterrada para não notar a tensa e tatuada carne masculina em exibição
orgulhosa. A qualquer segundo, seu cérebro iria sobrecarregar. Que bela
maneira de partir.

Como se estivesse lendo sua mente, Ryon falou com uma risada. "Você vai se
acostumar com isso. Mac e a Dra. Mallory fizeram. Nós somos parte lobo e
qual a necessidade que os lobos têm de roupas? Está em nossa natureza não
nos preocuparmos em demasia sobre a nudez quando nos transformamos de
volta à forma humana. Economiza tempo se todos nós deixarmos pra lá e irmos
em frente com os negócios."

"Faz sentido", ela murmurou. Fazia. Mas... uau.

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"Não que nós cavalguemos para a cidade e desfilemos por aí nus", Zander
colocou com uma piscadela. "Isso só acontece quando estamos aqui, entre nós
mesmos."

"Claro." Extremamente quentes, mutantes lobos nus.

Oh, uma agonia que devo suportar. Mas espere.

As outras mulheres tinham se acostumado a isso? A ideia de que Mac ou


qualquer outra mulher tinha visto Jaxon nu em pêlo não caiu bem.

Absolutamente. Na verdade, ela foi francamente sugada, embora não


conseguisse entender por que devia se preocupar.

Jax e Aric já tinham colocado suas calças e ainda estavam deslumbrantes. Jax
se aproximou, invadindo o espaço do ruivo. “Nunca mais a toque de novo, a
menos que ela peça."

A mandíbula de Aric se contraiu, mas ele manteve a calma. "Eu não pretendo.
O que você interrompeu, fui eu tentando pedir desculpas a ela. Mas você não
me deu a oportunidade."

Kira ouviu a verdade em suas palavras. As bochechas de Jax coraram e ele


recuou. "Então eu te devo um pedido de desculpas. Pensei..."

"Sim, eu sei o que você pensou," ele disse calmamente. "Eu sou agressivo,
mas eu nunca forçaria a mim mesmo a uma mulher. E eu esperava que você
me conhecesse melhor atualmente."

"Eu te conheço, homem. Sinto muito." Ele suspirou. "Eu perdi minha cabeça e
eu não tenho a menor ideia do por quê."

Ele deu um longo olhar a Jax. "Espero que você descubra isso."

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"O que isso quer dizer?"

"Nada. Vamos pegar nossas bundas mastigadas para que possamos continuar
com esse dia maravilhoso."

Aric caminhou em sua direção e parou a uma distância segura de um metro.


"Sinto muito, Miss Locke. Eu não tive a intenção de ofendê-la. Inferno, quem
estou enganando? Eu queria te provocar, porque esse é o tipo de bastardo que
eu sou. Mas eu não quis causar nenhum dano real. Por favor, acredite nisso.”

"Eu acredito, desculpas aceitas. E é Kira." Ela tentou um sorriso, que ele
devolveu. Seu sorriso real, tirando a sua máscara de espertinho, foi de tirar o
fôlego. Não tanto quanto o de Jaxon, mas ainda de tirar o fôlego.

"Obrigado." Com isso, ele se despediu.

Jax parou em frente a ela, ignorando Ryon e Zan, que olhavam com interesse.
"Meu pedido de desculpas é o próximo. Sinto muito por assustar você. Meu
lobo ficou louco quando o viu manipulando você, não que isso desculpe
totalmente o meu comportamento. Eu poderia ter me controlado melhor, mas
não o fiz."

"Está tudo bem. Desculpas aceitas", disse ela, bebendo da visão dele. Sua
camisa estava perdida. Ele estava coberto de sangue, tinha mordidas e cortes
em todo o peito, ombros e braços. "Você dois não necessitam ser tratados?"

"Eu estou bem. Eles vão curar logo. Depois de vermos Nick, eu vou tomar outro
banho e então deve ser a hora de ele nos encontrar." Sua expressão ficou
preocupada."Você não apareceu no café da manhã. Você já comeu?"

"Não, eu me perdi e acabei na área restrita. Eu juro que não vi o sinal. Aric me
encontrou aqui. Então você nos encontrou e as coisas foram de mal a pior."

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Olhando ao redor, ele levantou as sobrancelhas. "Eu só percebi agora onde
estamos. Deu uma olhadinha, não é?"

"Você poderia dizer isso." Relembrando por que estava tão chateada quando
Aric a encontrou, ela sentiu seu humor escurecer tudo de novo. "Alguém vai me
dizer o que está sendo feito para aquelas criaturas lamentáveis que vi
trancadas como assassinos. Especialmente o cara com asas."

"Parece que temos muito o que discutir. Mais tarde, no entanto."

"Eu estarei esperando você, para isso."

Usando a camisa rasgada, ele limpou uma gota de sangue de sua têmpora.
"Vamos, eu vou levá-la de volta. Vá comer alguma coisa enquanto eu sou
repreendido."

"Sim, senhor." Ela deu-lhe uma continência simulada.

"Seja mais parecida com isso, soldado."

"Não se acostume com isso."

Seus lábios se curvaram para cima. "Quer apostar? Eu sou terrivelmente bom
fazendo as coisas à minha maneira."

Por alguma razão, ela queria muito que ele tentasse.

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QUATRO

Jaxon assistiu Aric deixar o escritório de Nick sem se preocupar em se levantar


da sua própria cadeira.

Como esperado, seu chefe os tinha repreendido friamente por seu


comportamento, não aceitando desculpas antes de dispensar Aric. Jaxon
sabia, sem a necessidade de palavras, que Nick ainda não tinha terminado.

Ele teria mais a dizer antes de enviá-lo para buscar Kira.

Por um longo tempo, Nick simplesmente ficou olhando para ele, a expressão
ilegível. Como sempre, Jaxon se esforçou muito para não mostrar a ele o
quanto isso o incomodava, imaginando o quanto o homem tinha visto.
Finalmente, ele quebrou o tenso silêncio.

"Nós te falamos que Kira se perdeu a caminho do café da manhã e que foi
assim que ela correu para Aric. Mas você precisa saber que ela tropeçou no
Bloco R."

Essa notícia infeliz teve uma reação rápida. Nick praguejou. "Eu deveria ter
imaginado que foi isso o que aconteceu, considerando aonde a luta ocorreu.
Por que você não mencionou isso antes?”

Ele encolheu os ombros, evitando estalidos. "Você é o Precog. Por que você
não saberia?"

Nick odiava quando as pessoas diziam estas merdas.

"Eu estou mencionando isto agora."

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"Como ela reagiu?

"Eu poderia dizer que ela está chateada e se solidarizou com a situação. Ela
está particularmente preocupada com a situação de “Blue", apelido que a
equipe deu à criatura alada, sendo que ninguém havia sido capaz de descobrir
seu verdadeiro nome, se é que tinha um.

"Não estamos todos?" Uma declaração desagradável, não uma pergunta.

"É. Nenhum deles está em estado terrível, mas ele e Raven são os piores."

À menção do selvagem lobo negro, a atmosfera da sala escureceu. Raven era


um assunto doloroso para todos eles, uma tragédia incompreensível. Nick se
recostou na cadeira e estudou Jaxon, pensativo.

"Além de ser uma assistente de laboratório com formação médica, ela é uma
espécie de acalentadora. Ela é genuína e tem empatia. Mais importante, ela vai
ficar aqui por um tempo e precisa de um emprego. Se ela está inclinada a
trabalhar com as criaturas do Bloco R, acho que devemos deixá-la tentar."

Jaxon achou a probabilidade interessante. "Você viu isto em uma visão?".

"Não essencialmente. É mais como um sentimento forte e positivo."

"Então é tão bom quanto uma visão." Ele fez uma pausa. "Você está
perguntando minha opinião sobre isso?" Nick normalmente não discutia
questões sobre funcionários, a menos que afetasse a equipe inteira, o que
normalmente eles faziam.

"Estou. O que você acha?"

"Eu não a conheço muito bem, mas pelo que eu vi, não tenho certeza. Afinal,
ela está com problemas, presumivelmente por roubar, alguém na NewLife está
atrás dela e ela ainda não terminou de se explicar. Eu digo que devemos ouvir

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o resto de sua história primeiro, antes de decidir dar-lhe acesso a informações
delicadas e colocar vidas vulneráveis em suas mãos."

Nick assentiu. "Eu concordo. Por que você não vai buscá-la para terminarmos a
entrevista? Depois disso, eu preciso me reunir com toda a equipe."

"O que houve?"

“Alguns itens vieram parar em minha mesa esta manhã trazidos por Grant. Nós
temos um problema em potencial para lidar com quatro assassinatos incomuns
para investigar.”

"Que tipo de problema?"

"Relatórios estão informando um homem vagando junto ao cemitério de Cody*,


possivelmente um ser paranormal. Ele está começando a assustar os
moradores."

"Acha que ele está conectado com os assassinatos?"

"Não tenho certeza. Eu vou acelerar as coisas com todos os outros."

"Sabia que estava tudo muito quieto por aqui." Ele se levantou com um
grunhido. "Volto já."

Ele encontrou Kira na sala de jantar, limpando seu lugar em uma das grandes
mesas de carvalho. Do mesmo jeito, desde a noite passada, a visão dela o
atingiu no estômago. Em outros lugares, também. Ela deveria parecer ridícula,
afogada como estava em uma camisa vermelha e calças jeans enormes, mas
ao contrário, estava bonita como o inferno. Olhando para cima, ela o viu
caminhando em sua direção, então, cumprimentou-o com um olhar
desconfiado.

"Oi. Eu estava prestes a levar isto para a cozinha."

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Ele havia despertado aquela hesitação nela? Idiota.

É claro que sim. Em menos de vinte e quatro horas, ela o viu rasgar dois
homens e ir atrás de um bom amigo. Como um lobo. Naturalmente, ela não ia
ficar muito feliz ao vê-lo.

"Deixe aí. O cozinheiro e seus dois ajudantes são bem pagos para manter o
local limpo."

"Oh, certo. Então acho que estou pronta para enfrentar o pelotão de
fuzilamento." Ela fez uma careta, pegou sua bolsa que estava no chão ao lado
de uma cadeira e deu um passo para o lado dele.

"Não vai ser tão ruim. Nós estamos perdidos e não é por culpa sua. Eu, ou
alguém, tínhamos que nos assegurar que você tivesse uma escolta para o café
da manhã. Não se preocupe. Nick não vai desenterrar as brasas até que você
esteja oficialmente empregada e não tiver mais desculpas para não quebrar as
regras."

Ela olhou para ele com surpresa. "Ele está planejando me oferecer uma
posição?"

"Talvez. Vamos terminar a nossa conversa com ele e vamos ver."

Uma vez que eles se acomodaram, Jaxon relaxou e Nick retomou a entrevista
interrompida ontem à noite. Kira se mexia, aparentemente nervosa.

"Srta. Locke"

"Kira", ela falou bruscamente. "Desculpe. Mas é Kira."

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Ele sorriu, sem dúvida, na esperança de colocá-la à vontade. Mas isso só fez
com que ele parecesse mais perigoso, o que Jaxon sabia, não era sua intenção
no momento.

"Certo, Kira. Vamos rever o que você nos contou antes." Ele misturou alguns
papéis em sua mesa, observações que ele devia ter anotado depois que o
deixaram, na noite passada. "Você disse que começou a suspeitar do Dr.
Bowman e do Dr. Rhodes. Eles estavam mandando os assistentes para casa,
trabalhando até tarde e você os ouviu falar sobre um encontro com Orson
Chappell e alguns membros do Conselho, correto?"

"Sim."

"Eu fiz algumas verificações sobre a NewLife. Chapell não é apenas o Diretor
Executivo, ele é o proprietário e fundador da empresa. Parece que ele mantém
um domínio sobre o Conselho, que, estrangulado, transfere a responsabilidade
para ele."

"Isso foi o que eu ouvi. Ele é uma figura pública carismática, mas há rumores
de que é uma pessoa difícil de lidar e de trabalhar lado a lado."

"Mas você não tem conhecimento em primeira mão?"

Ela balançou a cabeça. "Eu nunca o encontrei pessoalmente."

"Durante quanto tempo você trabalhou na NewLife?"

"Quatro anos."

"E você nunca encontrou com o chefão?"

"O Governo Federal emprega quase dois milhões de pessoas, cerca de oitenta
e cinco por cento dessas pessoas moram ou vivem nos arredores de
Washington, DC. Quantas delas realmente conheceram o Presidente?"

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"Bom ponto", ele admitiu com um meio sorriso. "Então, isso nos traz às
questões principais da discussão. Qual foi o fator que passou da conta para
você? Quando a curiosidade se transformou em suspeita de que algo,
possivelmente..., antiético estava ocorrendo? Se esta é a palavra correta."

"Antiético descreve o que eu pensei que poderia encontrar. O que eu comecei


a questionar não é só a ética em questão, mas legalidade e moralidade." Ela
desviou o olhar de Nick, olhando pensativamente para a parede, como se
estivesse lembrando. "Por acaso, ouvi o Dr. Bowman sussurrar algo ao Dr.
Rhodes sobre a área restrita no porão da NewLife. Um segurança encontrou
um funcionário da limpeza lá embaixo sem autorização e o trabalhador foi
demitido, mas esta não foi a coisa interessante. Estou parafraseando, mas o
Dr. Bowman estava chateado e disse algo como: 'Lembra da explosão da mídia
nos anos noventa quando a primeira clonagem bem sucedida de um mamífero
adulto foi feita com a ovelha Dolly? Se alguém descobrir isto, vai fazer aquele
avanço científico parecer brincadeira de criança e isso não pode acontecer,
não antes de estarmos prontos.'"

Jaxon e Nick se endireitaram, arregalando os olhos. "E você acredita que eles
estavam se referindo a alguma pesquisa que eles estão fazendo na área
restrita que o trabalhador foi descoberto?"

"Eu tenho certeza de que era sobre isso que eles estavam falando. Mas eu não
pude ouvir mais naquele momento porque eles se afastaram. Alguns dias mais
tarde, o Dr. Bowman foi chamado em uma emergência familiar e eu meio que
aproveitei a oportunidade para, hummm..."

"Bisbilhotar?" Jaxon sugeriu amavelmente.

Suas faces coraram. "Bem, eu tinha que pegar um relatório do qual ele havia
esquecido de me entregar na pressa para sair, e, quando eu fui pegá-lo em sua
mesa, esbarrei no mouse. Naturalmente, ele havia esquecido de se
desconectar e desligar o computador e a proteção de tela desapareceu. O

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computador ainda não tinha se desligado automaticamente, então a tela e
todos os ícones estavam lá. Ele tinha um documento aberto que estava
minimizado na parte inferior da tela e eu cliquei nele. Eu sei, eu sei...", ela
disse, o rubor aumentando. "Foi errado da minha parte e eu poderia ter sido
demitida."

Nick juntou os dedos e olhou-a pensativo. "Você teria sido demitida, se fosse
comigo, a menos que você tivesse uma razão que fosse de vida ou morte, e
você tinha. Mas considerando o que veio depois, ser demitida foi a menor das
suas preocupações."

"Eu fiz uma coisa estúpida", ela admitiu.

"Mas a seção que eu fui capaz de ler no documento era alarmante. Não era um
texto, como uma narrativa escrita, mas várias páginas contendo fórmulas.
Linhas e linhas de letras e números, arranjadas e rearranjadas como notas em
um número de experiências com cobaias."

Nick franziu o cenho. "Como se o médico estivesse gravando o que funcionou e


o que não funcionou? Tentativa e erro e o que ele ou eles tentariam a seguir?"

"Exatamente. Levei um minuto para perceber que os padrões que se repetiam


na página eram códigos genéticos e filamentos de DNA. E esta é a parte que
vai soar meio louca... Alguns dos códigos ou, mais precisamente, os
filamentos, não eram humanos.”

Jaxon trocou um olhar que dizia tudo com Nick, antes que ele falasse. "Não é
tão louca, de onde nós estamos sentados. Nosso DNA não é exatamente
humano, também."

Ela piscou para ele. "Eu não tinha pensado nisso dessa maneira, mas você
está certo. De qualquer maneira, eu examinei o documento e tive dificuldade
em acreditar no que eu estava vendo. Se eu estava interpretando

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corretamente, parecia que as linhas representando os genes estavam
encaixadas e o DNA sendo forçado a sofrer mutações.

Inclinando-se para frente, ela se empolgou com seu tópico. "Desde o topo da
página, em cada linha aparecia a representação de uma cadeia de caracteres,
o código de mutação do DNA e, de alguma maneira, a fita de DNA anterior a
esta."

"Espere." As linhas das sobrancelhas de Nick se uniram enquanto ele tentava


acompanhar. "Você está dizendo que estas linhas representavam uma
mudança progressiva..."

Como Nick, Jaxon lutava para assimilar aonde ela queria chegar. Inferno, ele
era um soldado, não um cientista.

"Sim, a progressão registrada de um único indivíduo, de humano para alguma


outra coisa. Isso é o que estava na página em preto e branco. A partir dos
dados, deduzi que uma série de testes deve ter sido realizada no indivíduo
para obter estes resultados."

A voz de Nick era baixa e preocupada. "Para que fim? No que eles estão
tentando forçar o DNA humano a se transformar? E por quê?"

"Isso é o que eu estava esperando descobrir quando tirei as amostras de tecido


do laboratório na noite passada."

Abrindo a bolsa em seu colo, ela alcançou, remexendo lá dentro, e pegou


vários recipientes pequenos. Ela os colocou na mesa de Nick e olhou o seu
conteúdo. Nick e Jaxon pegaram um recipiente, cada um, e cuidadosamente o
viraram. Um pedaço de tecido, aparentemente carne e um pedaço de músculo,
flutuava no líquido claro dentro do recipiente que Jax segurava. Uma etiqueta
grudada no lado declarava que o frasco pertencia ao "Indivíduo 0013".
Também tinha uma sequência de letras e números e tinha a data de duas
semanas atrás.

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"Bizarro", Jax comentou com aversão, colocando a coisa na mesa do seu
chefe.

Nick alinhou-os e estudou as etiquetas.

"Três destes são do Indivíduo zero, zero, um, três. Os outros cinco são de
diferentes indivíduos." Ele olhou para Kira. "Houve alguma coincidência ou
razão para você pegá-los?"

"Zero, zero, um, três, era a etiqueta que estava no topo do documento que eu
vi no computador do Dr. Bowman. Peguei os que eu encontrei destes, depois
alguns outros. Eu estava com pressa. Eu tinha um plano vago para levá-los
para um amigo meu, que é geneticista em Los Angeles e ver o que ele podia
descobrir." Seus ombros se curvaram. "Evidentemente, eu não planejei muito
bem."

"Eu acho que você pode ter acabado no lugar certo, todavia", disse Nick
levantando uma sobrancelha. "Você é capaz de imprimir uma cópia do
documento do computador do Bowman?"

"Não. Eu ouvi alguém do lado de fora do escritório e tive que sair de lá. Eu
minimizei o documento da forma que eu o encontrei e não consegui mais voltar
lá."

"Que pena. Teria sido interessante ter nossos cientistas interpretando esse
documento. Estes devem ajudar, no entanto." O homem mais velho acenou
para os recipientes. "Eu vou levá-los para o nosso laboratório. Você estaria
disposta a assisti-los lá embaixo, se eles a conhecerem e decidirem que
gostariam de contratá-la? Depois que eu fizer uma verificação completa e você
passar, é claro.”

"Hum... eu não sei, mas... Aonde mais eu poderia ir e quais são as minhas
outras opções?"

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"A lugar nenhum e pronto", Jaxon colocou, não dando tempo a Nick de vir com
qualquer outra coisa.

Ele ignorou o homem, que estava tentando esconder um sorriso.

"Nós não podemos deixá-la sair por enquanto e, já que você está aqui, poderia
fazer o trabalho de laboratório com o qual está familiarizada, só que melhor.
Quantas pessoas podem dizer que estudaram os shifters e outras criaturas?"

"Verdade." Kira se iluminou, olhando-o animada "Sabe, eu acho que gostaria


muito. Estou disposta a fazer uma tentativa e sei que vou passar na sua
verificação. Eu tenho um registro limpo, com várias recomendações, até que eu
fugi com algo que não era meu. E porque é algo que vale a pena. Eu tenho o
pressentimento de que alguma coisa muito errada está acontecendo na
NewLife. Simplesmente não posso provar, ainda."

Uma mistura de alívio e preocupação inundou Jaxon. Ele ficou feliz por ela ter
concordado em ficar, mas não a queria perto do que quer que seja que
Chappel e seus cientistas estavam fazendo.

As próximas palavras de Nick ecoaram seus pensamentos.

"Ótimo! Mas você vai seguir as pistas em nosso laboratório e se alguma outra
ação for necessária contra a NewLife, incluindo mais investigação, a equipe
Alpha Pack cuidará disto, entendeu?"

"Sim, senhor." Ela estremeceu. "Acredite em mim. Eu não quero ir para


nenhum lugar próximo de lá, se não precisar."

Algo brilhou nos olhos de Nick, desaparecendo tão rápido que Jaxon achou
que tinha imaginado.

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"Este é o caminho inteligente, até sabermos o que está acontecendo. Agora,
precisamos discutir sobre o que você viu no Bloco R."

Seu bom humor desapareceu e ela lutou para manter seu tom respeitoso
apesar da raiva.

"É assim que você chama o lugar horrível onde mantém aquelas pobres
criaturas prisioneiras? Onde alguns deles não têm comida, água, ou mesmo
roupa para mantê-los aquecidos?"

"Eu entendo o quão ruim deve parecer para estranhos, mas como tal, você não
conhece os fatos." O tom de Nick era firme, mas paciente enquanto lhe
explicava. "Bloco R significa 'Resgate e Reabilitação'. Todos os seus habitantes
estão recebendo os melhores cuidados que somos capazes de lhes
proporcionar, dada a considerável falta de conhecimento e de recursos
disponíveis. Piorando o assunto, quão perigosas muitas dessas espécies
podem ser para os humanos, sua confusão e medo e nossa incapacidade de
nos comunicarmos com elas."

Jaxon acrescentou sua fala. "Não só isso, nossos médicos estão no limite
máximo fazendo apenas seu trabalho para dar-lhes o cuidado pessoal que
merecem."

Kira não se amansou. "Então por que vocês não contratam pessoal para
preencher esse buraco? Não há desculpas para a negligência que eu vi. Vocês
não podem prender seres inteligentes em celas e deixá-los lá assustados,
incapazes de compreender o que está acontecendo com eles! É errado em
tantos níveis que eu nem sei por onde começar. E, em seguida, exterminá-los
quando se tornam incontroláveis."

"Ei, espere um segundo! Nick interrompeu com uma carranca. "Nós nunca
'exterminamos' qualquer um dos habitantes do Bloco R. De onde você tirou
essa ideia?"

102
"De Aric", ela disse.

"Aí está o nosso primeiro problema: Aric abriu a boca." Jaxon revirou os olhos.

"Ele disse que quando as criaturas não podem ser reabilitadas, elas são
mortas”, ela continuou, de forma insistente. "É verdade ou não?"

Jaxon sentiu uma onda de irritação. O confiante Aric jorrou a merda fora de
contexto para obter uma reação da novata sensível.

Nick esclareceu. "Nós eliminamos criaturas desonestas apenas quando não há


outra escolha. Mas normalmente isso é feito no lugar para onde fomos
enviados e só quando vidas foram ou estão sendo ameaçadas. Os únicos que
regularmente trazemos aqui são aqueles que não tiraram vidas, mas não
podem ser liberados até que possamos levá-los para casa ou até aprenderem
a lidar com o nosso mundo. A única exceção é quando precisamos encarcerar
um perigoso trapaceiro porque precisamos de informações, mas ele não pode
ser mantido com os outros."

"Então... o Bloco R não é como o corredor da morte?

"Não. Alguns de nossos hóspedes são letais? Sim. Mas nós sentimos que
alguns dos que estão lá podem ser alcançados com o tempo. O que me traz à
sua pergunta anterior. Eu não contratei ninguém antes, especificamente para
trabalhar com eles, porque nenhum dos nomes que me foram enviados pelo
meu comandante era certo para o trabalho. Não é como se pudéssemos
colocar um anúncio no jornal."

Kira ficou em silêncio por alguns momentos, então perguntou: "Seria possível
combinar os meus deveres no laboratório e cuidar deles? Eu poderia trabalhar
em ganhar a sua confiança."

Nick sorriu, parecendo extremamente satisfeito.

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"Tenho a sensação de que você vai ser boa para eles. Dedique-se hoje se
orientando em torno do complexo e você pode começar amanhã. Tenha
certeza de estar sempre com alguém da equipe com você, por razões de
segurança, até que faça alguns progressos. Pegue Zander ou Aric."

"Eu vou com ela", Jaxon disse rispidamente.

O inferno, que Aric passaria mais tempo a sós com ela do que o necessário.

Kira assentiu antes de abordar Nick novamente. "E o cara bonito com asas?
Por que ele está preso? Ele aparentava estar tão triste. E parecia estar mal
nutrido e com frio, também." O apelo em sua voz pegou Jaxon. Havia tanta
coisa que ela não entendia e a mulher tinha um grande e delicado coração que
já a havia colocado em problemas duas vezes.

Nick suspirou. "Nós o chamamos de Blue por razões óbvias, porque não
conseguimos que ele nos contasse seu nome. Ele nunca falou, mas sabemos
que é muito inteligente. Nós o capturamos na Irlanda após recebermos uma
chamada de emergência há algumas semanas atrás na qual algo parecido com
um anjo estava correndo enlouquecidamente em um vilarejo, causando uma
grande agitação. No momento em que chegamos, ele se escondeu, mas nós o
achamos, pensando que trazê-lo seria relativamente fácil, em comparação com
algumas das estranhas coisas com as quais temos lidado."

"Ele certamente parece inofensivo."

"Não parece? Bem, aquele 'anjinho' deixou metade de uma equipe inconsciente
com apenas um único movimento de sua mão. Felizmente, a outra metade
usou seus poderes psíquicos antes que ele pudesse causar mais danos."

Ela franziu o cenho. "Mas ele só bateu nos seus homens, sem causar nenhum
dano permanente. Certo?"

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"Sim, mas uma vez que nós o tínhamos aqui, pensamos que ele estava calmo
o suficiente para deixá-lo ir. Queríamos que ele percebesse que tinha um porto
seguro aqui. Em vez disso, ele tentou sair correndo e colocou-se numa luta e
tanto. No segundo tempo não foi tão fácil dominá-lo. Ele lutou conosco desde
então e não tivemos escolha a não ser prendê-lo para sua própria segurança."

"E sobre comida? Roupas para vestir e de cama?

"Ele não vai comer. Ele tornou-se cada vez mais desanimado e há alguns dias
atrás as coisas finalmente chegaram a um ponto de ruptura."

"O que você quer dizer?"

Jaxon disse baixinho: "Ele usou a corrente em seu colar para tentar se
enforcar."

"Oh, meu Deus!" Ela chorou. "Pobre criatura. É por isso que não há nada em
sua cela, para que ele não possa usar nada para tentar de novo."

"Temo que sim. Seus pulsos estão algemados por esta razão, mas as luvas de
malha de prata impedem que ele jogue um feitiço em nós. Ou o que quer que
seja que ele faça."

Kira caiu para trás em sua cadeira, claramente chateada. "Deve haver uma
maneira de alcançá-lo."

"Você é bem vinda para tentar. Apenas seja cuidadosa."

"Que tipo de ser é ele?"

Jaxon respondeu. "Melhor do que imaginar, dadas as suas características


físicas, poderes e o fato de que foi encontrado na Irlanda? Possivelmente,
Fae."

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"Fae... como em um país das fadas?" Seus olhos se arregalaram.

"Sim. Especificamente Seelie, por causa da sua beleza física e sua falta de
vontade de nos fazer qualquer mal real, que são características típicas da sua
espécie. Como ele veio parar em nosso plano de existência é uma incógnita. A
menos que você possa levá-lo a falar."

"Caramba", ela murmurou.

"Sem pressão, nem nada." Nick riu. "Uma responsabilidade muito grande, não
é? O importante é não apressá-lo ou qualquer um deles. Eu acho que você fará
isto muito bem."

"E sobre o lobo negro? Eu acho que ele vai ser o meu maior desafio."

O humor do chefe morreu. "Você está certa sobre isso. Raven é


completamente selvagem, mas nós não desistimos dele. Nós não podemos."

"Por que não? Eu sou totalmente a favor da reabilitação, mas se não há


nenhuma esperança parece crueldade deixá-lo caminhando naquela cela, dia
após dia ficando louco."

Jaxon limpou a garganta que, de repente, ficou apertada. "Nós não podemos
desistir porque Raven é um de nós. Cinco anos e meio atrás, ele era o melhor
SEAL que já tínhamos conhecido. Depois que fomos atacados por Weres
desonestos no Afeganistão, ele virou lobo. Ao contrário do resto de nós,
sobreviventes, ele nunca mais voltou."

A cabeça de Kira balançou com a sobrecarga de informação que Nick e Jaxon


estavam jogando no seu colo. Nunca tinha imaginado ter uma conversa tão
estranha com alguém. Fae. Um Seelie correndo assustado pela Irlanda. Um
lobo enlouquecido com sua contraparte humana presa dentro de si.

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Mais e mais estranho. O que levou à pergunta óbvia: "E os outros? E a cobra e
a coisa peluda que parece um gremlim?"

Jaxon cruzou os braços, transformando seu bíceps em um monte sedutor. "O


cara peludo é apenas o que ele parece, um pouco de dor na bunda. Ele morde.
Pergunte-me como eu sei", ele brincou fazendo Nick sorrir. "A cobra não é uma
variedade típica de jardins, como você sem dúvida observou por seu tamanho.
Mas não é apenas pelo fato de que ele tem o tamanho de um pônei. Ele é um
basilisco. E antes que você pergunte, esqueça quase tudo o que você leu em
lendas sobre ele."

"Eu não ouvi muito. Só que eles são extremamente venenosos e,


supostamente, matam com um olhar. Coisas de contos de fadas."

"A parte do veneno está correta, mas eles não podem ou não matam com um
olhar ou todos no complexo estariam mortos. O mais interessante é que ele
pode assumir a forma humana."

É claro que pode. "Então ele é um shifter. Será que ele fala?"

"Infelizmente sim", Jaxon curvou os lábios.

"Belial é... Bem, você vai ver por si mesma."

"O quê?" Ela olhou entre os homens. "Ele é horrível ou algo assim?"

"Não, muito pelo contrário. Seu poder é a sedução e ele sabe como manuseá-
lo. Ele é um filho da puta astuto e isso o torna mais perigoso do que qualquer
outra coisa. Eu não consigo ter uma visão do seu passado. Até mesmo Nick
não consegue ter uma boa leitura se ele poderia ferir alguém no futuro, embora
ele jure que não o faria."

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"Apesar de morder e quase ter matado Ryon", acrescentou Nick, sua voz dura.
"A única razão para ele não o matar é que ele insiste que nunca teria atacado
se não estivesse tão aterrorizado quando tentamos levá-lo para dentro.

"Com todo o respeito, a maioria de nós, meros mortais, nunca vai saber se
podemos realmente confiar na pessoa que parece ser a mais sincera, para não
nos machucar. Temos que aguentar nossos vizinhos, porque não temos
escolha. Nós não podemos sair por aí trancando pessoas, apenas porque não
temos certeza. É realmente justo segurar esta pessoa em um nível diferente só
porque ela é um basilisco e lhe irrita?"

Ambos os homens tiveram a decência de parecerem culpados ante aquela


declaração. Ainda assim, Nick não estava totalmente convencido.

"A maioria das pessoas não pode te engolir inteira, enquanto você está
dormindo."

Ela suspirou. Parecia que ela tinha um monte de trabalho a fazer com seus
novos encargos antes até que eles pudessem começar a ser integrados à vida
no complexo. Mas ela estava ansiosa pelo desafio, mais ansiosa do que jamais
esteve em qualquer outra época. Certamente batia o trabalho com o Dr.
Bowman, o idiota.

"Certo, eu vou fazer uma previsão", ela começou, observando suas reações.
“Dentro de um mês, eu vou tê-los prontos para conviver com um rei. Talvez,
não com reis, mas com um monte de lobos pulguentos e ocasionais humanos."

Jaxon deu-lhe um olhar ardente que fez seus nervos formigarem, mas não se
levantou ao ouvir a provocação, na observação "pulguento". "Eu digo que não
pode ser feito em um mês. Seis meses, se você for persistente."

"Quer apostar?"

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"Feito. Se você levar mais de um mês, a partir de hoje, você vai ter que lavar
toda a roupa suja e suada da equipe inteira por seis semanas." Ele sorriu com
a ideia. Cuecas fedidas e camisas manchadas de sangue?

"Eca! Três semanas."

"Quatro. Isso é justo - o mesmo tempo que você terá com os nossos
'convidados'."

Ela pensou sobre isso. "Você está dentro. Acredito que eles virão visitá-lo. E se
eles provarem que estou certa, você tem que..."

Levar-me para jantar. Certo, como se ela deixasse escapar isso na frente do
seu chefe. Esqueça isso. Com Jax, eu prefiro ser o jantar.

E a sobremesa. Hum. E de onde diabos tinham vindo esses pensamentos


impertinentes, de qualquer maneira? Não poderia ser daqueles lábios cheios
ou o ângulo das maçãs de seu rosto. Ou daqueles esfumaçados olhos cinza-
azulados apreciando-a com prazer. Ou daquela sexy tatuagem tribal rastejando
pela manga da sua camiseta para correr por seu braço musculoso.

"Kira? Se você ganhar?"

Ela sacudiu-se, lutando para não corar. "Hum, você tem que prometer que vai
fazer o seu melhor para ver que eles chegaram em casa ou aonde quer que
eles quiserem ir, dentro da razão."

Jaxon olhou para Nick esperando uma confirmação.

Quando seu chefe assentiu, ele concordou.

“Certo, se estiver em nosso poder, eles sairão se eles quiserem. Mas só para
você saber, pode não ser possível para todos eles. Eu não tenho um portal
para o reino Fae debaixo da minha cama."

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"Temos um acordo."

Nick levantou-se sinalizando uma conclusão para a reunião. "Kira, bem vinda a
bordo. Dê-me um relatório do Bloco R a cada final de semana, para que
possamos discutir o seu progresso. Eu vou falar com Mac sobre como iniciá-la
no laboratório também."

"Obrigada, Nick. Eu não vou te desapontar."

Seu olhar suavizou e por um segundo, ele aparentou melancolia. "Eu sei." Ele
virou-se para Jaxon enquanto caminhava para a porta. “Diga aos caras que eu
quero ver todos em meia hora, na sala de reuniões menor."

"Falarei".

Quando ela e Jaxon saíram juntos, ela estava super consciente do grande
homem ao seu lado. Ele devia exalar alguns feromônios perigosos porque tudo
o que ela queria fazer era se esfregar contra ele como uma gata no cio. Ela já
havia ficado atraída por homens, mas nunca deste jeito. Era quase como se ela
não tivesse controle sobre a necessidade de estar perto dele, o que a
assustava um pouco.

"Eu vou te mostrar lá fora, se você quiser", ele ofereceu. “Se você nunca
esteve em Shoshone, você terá um verdadeiro deleite."

Só de estar com Jax já era um deleite, mas ela manteve isso para si mesma.
"Eu adoraria isso."

"Vamos." Ele ofereceu o braço e depois de um segundo de hesitação, ela


escorregou os dedos ao redor de seu bíceps. O gesto foi tão doce e antiquado
e tão em desacordo com a besta que arrancou a garganta de dois homens, que
ela não sabia o que dizer. Ele fazia coisas engraçadas para o seu coração e

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trouxe suas defesas para baixo em vários níveis, o que a fez se sentir
desconfortável, também.

Ela achava difícil compreender que este homem e seus companheiros eram
shifters. Onde estava a linha entre homem e animal? Ou não havia definição,
um simplesmente articulava com o outro para criar outro ser diferente? Poderia
uma mulher se apaixonar por um homem assim?

Poderia ela fazer amor com um shifter? Então veio o perturbador e inevitável
pensamento - com quem ela estaria fazendo amor? Com o homem, o lobo, ou
ambos?

Ela estremeceu e Jax não entendeu a razão. Sua voz estava preocupada e ele
olhou para ela.

"Você está com frio? É geralmente quente durante o dia no verão, mas pode
ficar frio por aqui à noite."

"Não, eu estou bem, mas obrigado." Ele a levou por uma porta lateral e ela
ficou olhando com admiração para a vista. Elevados álamos alpinos e pinhos
contornavam a orla do complexo e, além deles, um grande lago brilhava à
distância, talvez a uns oitocentos metros. À distância, as Montanhas Rochosas
subiam majestosamente para o céu desafiando a humanidade e as mudanças
moldadas por milhões de anos. Ela só tinha visto, até hoje, uma coisa mais
impressionante.

"Impressionante, não é?"

Ela encontrou seu olhar diretamente. "Muito".

Porra, ela não tinha intenção da sua voz soar tão baixa e rouca, traindo sua
confusão interna. A consciência dele e de quanto cheirava bem, tão quente e
certo quando ele estava ao seu lado. Sólido.

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Por que ele tinha de ser tão perigosamente sexy?

Suas pupilas dilataram e sua voz era profunda, apontando para uma parte nas
árvores.

"Quer dar uma volta? Há uma trilha grande e um córrego no caminho. A vista é
impressionante."

Tão tentador. "Você tem uma reunião em trinta minutos. Eu não quero fazer
você se atrasar.”

Ele deu de ombros. "Eu sou um menino grande. Além disso, não vamos longe."

"Mostre o caminho", disse ela já se amaldiçoando por sua fraqueza. O que


havia neste cara que nublava seu julgamento?

Gentilmente, ele retirou a mão dela do seu braço.

Desapontada, ela começou a colocar algum espaço entre eles, mas ele pegou
em sua mão em vez disso, engolindo-a completamente na sua. A faísca do
contato atravessou seu braço e se espalhou pelo corpo todo. Enrugou seus
mamilos e fez o desejo chegar mais perto. Com os lábios se levantando, ele
puxou a mão dela e começaram. Quando entraram na boca da trilha, ela forçou
sua atenção para um cenário diferente.

"É realmente bonito por aqui. Eu gosto de caminhar de manhã, quando eu


tenho tempo, e eu não posso imaginar lugar mais pitoresco para fazer meus
exercícios."

"As trilhas são ótimas para este propósito, mas nunca se aventure sozinha", ele
disse em tom sério. “Ainda há ursos negros, alces e outros inúmeros
problemas. Se você sair sozinha e se machucar, poderemos encontrá-la
seguindo seu cheiro, mas pode ser tarde demais."

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"Eu sei disso, mas é fácil esquecer que coisas ruins também podem ser
encontradas em pacotes bonitos."

Ele deu-lhe um olhar estranho. "Não que eu saiba."

Jaxon não lhe explicou e ela não perguntou, mas ficou curiosa. Ela imaginou o
que tinha transformado o homem em um batráquio, qual dor se escondia em
seu passado. Ela percebeu que, aonde quer que ele fosse, o que o
incomodava mais do que ter se transformado em um ex-SEAL da Marinha, era
ter se transformado em um shifter, apesar de que isso já era ruim o bastante.
Mesmo sem nada ser dito, ela sabia que precisaria muito mais do que uma
amizade incipiente e alguns passeios na mata para quebrar sua armadura.
Havia alguma mulher conseguido essa façanha antes?

Existiria alguém sério?

Não existia agora, decidiu ela, ou ele não estaria segurando a sua mão. Não
existiria essa centelha que ameaçava se incendiar quando eles se tocavam.
Jax não parecia o tipo de homem errante, uma vez que decidia seu curso
romântico. Se ele já houvesse feito.

Será que ele já teve um encontro? Será que desenhou flores e corações? Não.
Esse homem poderia ter e possuir. Ele envolveria sua amante e a afogaria de
tal forma que ela nunca iria querer voltar à tona.

Ele seria o seu ar, reivindicaria tudo dela e ela daria de bom grado.

Que absurdo! Sonhar acordada, não faria o homem mais importante das suas
fantasias emergir da neblina e carregá-la para ser deliciosamente devastada
até o final de seus dias. Homens como este não existem, exceto em livros e
filmes.

"Este é um dos meus lugares favoritos", disse a ela apontando para frente onde
a floresta crescia mais escassa. Um pequeno riacho borbulhava o sol pegando

113
a água caindo sobre as rochas. A área ao redor era verde e exuberante,
perfeita para descansar o dia inteiro. Pena que eles não podiam.

"Você vem muito aqui?"

"Não tanto quanto eu gostaria, mas tenho que sair daqui agora e depois eu
volto, principalmente quando eu tenho que correr no meio da noite."

Ela daria qualquer coisa para ver o seu lobo neste lugar encantado, ao luar.

Qual seria a sensação de correr com ele, ser como ele?

Em vez disso, ela observou: "Você me disse para não sair sozinha, mas você
assume o risco."

"Eu tenho uma vantagem, não se esqueça. A única criatura que me incomoda
quando estou na forma de lobo é um ser humano e aqui há pouca chance que
isto aconteça."

"Ainda", ela bufou. Ele se virou para ela, chegando realmente perto.

"Você está preocupada comigo?" Estendendo a mão, ele acariciou a curva de


sua mandíbula com seus dedos. Ela estava distraída demais para responder
quando ele abaixou a cabeça e tomou a sua boca.

Fogo. Doces e impiedosas chamas lambendo-a enquanto sua língua


escorregava para dentro.

Provando, acariciando. Ela se pressionou contra a linha dura de seu corpo,


saboreando seus lábios cheios reivindicando-a. Seu cheiro de macho terrestre
a deixava louca e ela queria mais. Contra seu estômago, sua ereção voltou à
vida, inchou, cresceu longa e dura, cavando e procurando o que ele mais
queria. Ambas as mãos emolduraram seu rosto e ele o explorou, movendo a
língua, os músculos se contraindo junto ao seu corpo tenso. Este homem

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transformou um beijo em uma forma de arte sedutora e erótica. Ninguém mais
teria comparação com o quão malditamente bem ele a fazia sentir-se.
Exatamente aqui, tomando o que ele queria.

Recuando um pouco, ela abriu os olhos. Ela queria ver o rosto dele e não se
desapontou. Ele estava tão perdido no momento quanto ela, olhos fechados, os
cílios pretos abanando em suas bochechas como renda. Gemendo, ele abriu
os olhos e interrompeu o beijo.

O brilho da excitação levantou pouco a pouco e sua expressão tornou-se feroz.


"Eu posso sentir o cheiro dele em você", falou asperamente. Seus lábios se
afastaram um pouco, mostrando os caninos afiados. Os mesmos dentes que
mataram aqueles homens.

"O-o quê?" ela gaguejou.

"Aric. Eu sinto o cheiro dele em você."

Esta manhã. O beijo de Aric. Ele estava com ciúmes.

"Ah. Bem, ele beija muito bem.” A raiva escureceu seu rosto e ela descobriu
que provocá-lo com essa questão não era inteligente. "Mas ele não fez nada
para mim. Pronto."

Ele se acalmou um pouco. "É? E o meu beijo?"

Ela fingiu pensar sobre isso. "Hummm, foi um pouco melhor." Ao ver seu olhar
cabisbaixo, ela não pôde manter a farsa. Sorrindo, ela entrelaçou os braços ao
redor do seu pescoço forte. "Eu estou brincando. Você, coisa sexy, este foi o
mais maravilhoso beijo que eu já tive. Balançou o meu mundo."

"Sério?"

"Sério."

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Ele puxou-a contra si, a mão espalmada em sua cintura. Estreitando os olhos,
ele rugiu um aviso. "Não me deixe sentir o cheiro dele, ou de outro homem, em
você novamente. Eu não vou ser responsável pela forma como o meu lobo vai
reagir. Eu nunca iria machucá-la, mas ele? Todas as apostas estão fora."

Engolindo em seco, ela pôde apenas acenar, incerta de como se sentia em


relação à ameaça. Olhando presunçoso, ele plantou outro beijo fumegante,
recuou e tomou sua mão.

"Agora, infelizmente, eu tenho uma reunião para ir."

Ele caminhou de volta para o complexo, nunca soltando a sua mão. Ela não
entendeu sua reação ao Aric colocando suas mãos nela e tinha a sensação de
que ele também não.

"Eu não sei o que Nick nos mandará fazer esta tarde, mas eu vou te ver mais
tarde", ele prometeu, uma vez que estavam lá dentro.

"Claro. Mais tarde", ela se controlou. Ele se virou e ela viu sua bela bunda
balançar para frente e para trás em sua calça jeans, até que ele virou a
esquina. Bom Deus. Talvez o homem de suas fantasias pudesse se tornar
realidade depois de tudo.

116
CINCO

Jaxon mal conseguia se concentrar quando Nick moveu-se para frente na sala
de reuniões. Sua ereção pulsava no mesmo ritmo da dor de cabeça em suas
têmporas. O que, em nome de Deus, havia de errado com ele? Meia hora,
sozinho com Kira, e ele estava pronto para pular em cima da mulher e tê-la à
sua maneira.

Seu cheiro o estava deixando louco. Era como se ele tivesse um zilhão de
formigas rastejando sob sua pele, a urgência de acasalar - fodê-la até que
ambos estivessem mancando e exaustos - quase uma dor física. Ele estava
louco para beijá-la, mas muito menos louco para as demandas para as quais
eles não estavam prontos. A quem ele estava enganando? Ele nunca estaria
pronto para se estabelecer com qualquer outra mulher. Não depois - não. Ela
foi um pesadelo que não gostaria de reviver. A única finalidade para a qual
Beryl servia agora era lembrar adequadamente porque ele estava sozinho. Por
que ele ficaria daquele jeito?

Ele retiraria o que disse a Kira sobre permanecer longe de outros homens. Diria
que foi um erro, o que era verdade. Era como se a boca de outra pessoa
estivesse dizendo as palavras, mas ele não tinha sido capaz de detê-las.

Mas esta coceira sob sua pele era insuportável. Ele tinha de encontrar alívio
sexual o mais rápido possível.

E não por suas próprias mãos. Ele precisava enterrar seu pênis em uma vagina
quente e disposta e fodê-la, até perder o fôlego. Não seria Kira, não importando
que a ideia fizesse seu lobo gemer em perigo.

Qualquer mulher serviria. Hoje, amanhã, no máximo, ele chamaria Jacee.

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Ela nunca o afastou e provavelmente nunca o faria. Ele não precisava de Kira,
somente de um corpo elegante e ele lembraria a si mesmo em breve.

"Jax, você está comigo?"

Sacudindo a cabeça, ele encontrou a atenção de todos sobre ele.

Grande. Encontrando o olhar de Nick, ele educou seu rosto em uma máscara
fria. O homem viu demais. "Eu sinto muito. Eu perdi o que você disse."

Depois de atirar para Jaxon um olhar irritado, o homem mais velho começou
novamente.

"Temos dois casos que Grant colocou na minha mesa esta manhã. O primeiro
é uma série de assassinatos que aconteceram em Cody*. Ou, mais
precisamente, os corpos foram deixados nos arredores da cidade, mas as
vítimas foram mortas em outro lugar. O segundo é um cara que está vagando
ao redor do cemitério não muito longe de onde os corpos foram encontrados e
está fazendo um excelente trabalho em deixar os moradores nervosos.
Querendo ou não, ele é o responsável pelos crimes ou sabe alguma coisa
sobre eles, nós não sabemos, mas vamos descobrir."

Zander falou: "Por que nós pegamos isso? Parece mais um trabalho para o
escritório do xerife."

Ryon bateu na parte de trás da cabeça de seu amigo. "Para que pensar, idiota?
Estes não são apenas corpos e esse cara não é um vagabundo comum. Caso
contrário, Grant não teria nos envolvido."

Uns poucos risos abafados se seguiram, antes de Nick continuar.

* Cody, cidade no Wyoming, USA.

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"Correto. Quatro corpos foram encontrados em covas rasas na fronteira
nordeste de Shoshone, todos a poucos metros uns dos outros. Após o xerife e
os forenses irem até a área, o legista do condado foi chamado. Ele
imediatamente apurou o que os policiais desconfiavam - todos os quatro corpos
estavam em adiantado estado de decomposição, o mais recente há apenas
alguns dias."

"Eles encontraram um local de desova", Jaxon adivinhou.

"Certo. Todos eram homens, idade aproximada entre vinte e trinta anos. Sem
identidades e nenhum homem foi declarado desaparecido em Cody ou nos
arredores. Em termos leigos, os homens foram torturados até a morte. Parece
que foram mantidos em cativeiro - marcas de amarras nos pulsos e tornozelos -
e estavam desnutridos. Marcas de bisturi e pele faltando em várias partes do
corpo sugerem que suportaram algum tipo de procedimento médico."

"Jesus", Ryon sussurrou. Em princípio, Jaxon pensou que o amigo estava


reagindo ao que Nick disse. Mas seus olhos estavam fechados e sua face
empalideceu, sua pele cinza e úmida. "Eu não sei o que você quer. Eu não
entendo."

"Merda, alguém o traga de volta", Aric desabafou. Sempre irritava o lobo


normalmente impetuoso quando os espíritos de Ryon o chamavam. O único
canalizador e telepata da equipe, Ryon muitas vezes foi procurado pelos
mortos rogando-lhe ajuda, que muitas vezes ele não sabia como dar. Como
agora.

Jaxon removeria sua habilidade RetroCog algum dia. Ele não tinha nenhum
controle sobre os eventos que já haviam ocorrido, mas pelo menos ele não era
bombardeado por pessoas mortas, o que lhe convinha muito bem.

Inclinando-se, agarrou o ombro de seu amigo e o balançou suavemente. "Ei,


amigo. Deixe-os ir, vamos voltar." Os olhos claros se abriram. "Ryon?"

119
"Deus, eu odeio quando eles me cegam. Por que eles não entendem que não
há uma única maldita coisa que eu posso fazer para ajudá-los?"

"Quantos desta vez", Nick perguntou, franzindo a testa.

"Dois. Eles estavam gritando para mim, mas, como de costume, as palavras
estavam truncadas. Um deles ficava apontando para você, como se ele
estivesse preocupado com o que você estava dizendo."

"Uma das quatro vítimas?"

"Talvez. Eu não sei. Você tem fotos?"

"Ainda não. Grant vai enviá-las por e-mail em breve."

"Ok." Ryon esfregou as têmporas.

"Você está bem?"

"Estou. Não vou vomitar os meus biscoitos ou algo assim. Desculpe por isso,
pessoal."

Hammer bateu-lhe nas costas. "Dê um tempo a si mesmo, cara. Está tudo
bem." Depois do silêncio do grupo, era praticamente um discurso.

Nick retomou o rumo da reunião, mantendo um olhar atento sobre Ryon.

“Então, o médico legista determina a causa da morte. Imagine a surpresa dele,


quando descobriu que os homens não eram humanos."

Aric assobiou entre os dentes. "Deixe a diversão começar."

"Não, merda." Falou Zan.

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"Shifters?" Jaxon se perguntou em voz alta. Sua mente vagava pelas suspeitas
que Kira tinha compartilhado com ele e Nick e no relatório de genes e DNA que
ela tinha lido. Os olhos de Nick se encontraram com os seus e Jaxon sabia que
seu chefe estava pensando a mesma coisa, apesar de que, como eles estavam
relacionados, era um mistério.

"Bingo! Dizer que o legista ficou animado é um eufemismo. Graças a Deus, o


xerife Deveraux está no nosso circuito e chegou ao homem antes que ele
alardeasse a descoberta a todos que conhecia. Deveraux chamou Grant e
agora, estamos 'ajudando' o escritório do xerife na investigação. Em off, claro."

"Com quem estão os corpos?" Zane perguntou.

“Melina e sua equipe irão buscá-los esta manhã no legista. Nós vamos ser
capazes de aprender muito mais sobre as vítimas depois de realizar alguns
testes, muito mais do que algumas fotos da cena do crime irão nos dizer."

Aric recostou-se na cadeira e apoiou os pés sobre a mesa. "Isso tudo é


realmente fascinante, mas eu não vejo o que podemos fazer aqui. Quer dizer,
me aponte um demônio, ou o que quer que seja, e eu vou apagá-lo. Foda-se,
nós somos soldados, não detetives."

"Bem, parece que você vai ter que ser os dois", Nick estalou. "A menos que
você tenha o número de outra equipe paranormal de Black Ops* na discagem
rápida, para tomar esta bagunça das nossas mãos. Não? Foi o que pensei."

Aric fechou a boca, mas balançou a cabeça, deixando claro o seu


descontentamento.

* Jogo para videogames e pc de tiro em primeira pessoa.

121
Nick apoiou a bunda no canto da mesa. "Nossa vantagem são as habilidades
psíquicas. Vamos usar todos os nossos recursos para obter uma pista do que
aconteceu com estes pobres caras e por quê. O que nos leva para o
vagabundo no cemitério. Testemunhas relatam que ele é jovem, por volta dos
vinte anos, com cabelo preto na altura do colarinho. Deveraux, pessoalmente, o
enxotou na noite passada. Disse que ele é gótico, usa um pentagrama pesado
de prata, três piercings em cada orelha e um sobretudo de couro negro.
Tradução: ele não é de Wyoming."

Isto rendeu uma boa risada de todos. "Brincadeiras à parte, à luz da descoberta
dos corpos e sua proximidade com o cemitério, ele é uma pessoa de interesse.
Deveraux tem o seu nome - Kalen Black. Vai entender. Se os corpos tivessem
sido encontrados na época, ele teria segurado o cara para um interrogatório.
Hoje à noite, vamos demarcar o cemitério, ver se ele aparece. Se ele não o
fizer, vamos fazer perguntas ao redor e tentar descobrir aonde ele pode ter ido.
Vamos partir ao pôr do sol. Perguntas?"

Ninguém tinha e Jaxon aproveitou para ausentar-se antes que alguém pudesse
lhe perguntar para onde estava indo. Inferno, supostamente, este seria o seu
final de semana de folga, mas tinha certeza de que tinha sido jogado à merda,
não tinha? Ele tinha sido autorizado a ter um pouco de descanso e relaxamento
desde que tinham sido obrigados a abortar a missão na noite passada e ele
não se sentia nem um pouco culpado por tomar o que lhe era devido ou não
convidar seus amigos para cavalgar em Cody. Eles eram meninos grandes.

E para onde ele ia, ele não precisava de nenhum puxa-saco.

Em vez de pegar uma das Mercedez pretas da equipe, ele pulou em seu bebê -
uma lustrosa Honda Shadow ACE 750 prata e azul escuro - um grande, mau
menino, com muita potência para a estrada. Aric e Zan eram homens de
Harley, mas na opinião de Jaxon, a marca foi superestimada.

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Consternados, os outros dois declararam que era apenas antiamericano. Foi
um debate amigável enquanto mexiam na garagem e flexionavam seus
músculos, por assim dizer.

Colocando seus óculos escuros, Jaxon tomou a estrada sinuosa longe do


complexo, saboreando o vento em seu rosto, passando os dedos frios em seu
cabelo. Colocar um capacete teria sido uma coisa inteligente,
independentemente do fato de que adultos não eram obrigados a usá-lo no
Wyoming, mas ele estava se sentindo um pouco imprudente. Mesmo um shifter
não poderia curar seu cérebro espalhado pelo asfalto, mas por um momento
ele simplesmente queria se sentir livre. Não aprisionado por regras e
regulamentos.

Sem mencionar a sua própria natureza.

As milhas deslizavam e ele rugiu em cima de Cody, mais relaxado. Mas não
menos excitado. O ronronar entre as pernas não tinha ajudado, mas ele estava
indo remediar isso em breve. Obrigando-se a não pensar em como tinha
chegado a tal estado ou quem era o responsável, ele virou na familiar rua, no
bairro mais antigo, que se transformava em um caminho obstruído por ervas
daninhas, como ele já havia feito várias vezes antes.

Um pensamento feio deslocou-se furtivamente, mas ele o soterrou com


esforço. Ele não estava usando Jacee. Inferno, ela aproveitava muito cada
pedaço de satisfação de seus interlúdios escaldantes, assim como ele. Tudo o
que tinha a fazer era dizer não e pedir-lhe para não vir mais por aqui e ele não
viria.

Não era grande coisa. Mas ela nunca o fez.

Então ele estacionou atrás do seu Focus, desligou o motor e caminhou até a
porta. Mãos levantadas, ele hesitou, então bateu ignorando o sentimento
gorduroso em seu estômago.

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Provavelmente, era o seu café da manhã recusando-se a assentar. Ovos
mexiam com seu estômago, às vezes. Quando Jacee abriu a porta com um
grande sorriso e se afastou para deixá-lo entrar, ele afastou tudo de sua mente,
menos ela. Quando ela trancou a porta, ele a tomou em seu jeans apertado e
um confortável top branco com alças finas que acabava logo acima do umbigo
e mostrava sua barriga plana e tonificada. Ela não usava sutiã hoje e o algodão
branco abraçava seus seios fartos, os mamilos escuros claramente visíveis.
Eles enrugaram sob seu olhar faminto, antecipando o que estava por vir.

"Gostaria de saber o que o traz à minha humilde moradia, hein?"

Perseguindo-o como um gato, ela deu um passo em sua direção e pressionou


seu exuberante corpo contra o dele, entrelaçando os braços em volta do seu
pescoço. Seus seios fartos se esmagaram contra seu peito e sua virilha
montou em sua ereção, rebolando contra ele, sugestivamente.

“O que você acha, linda?” Ele respondeu brincando. “Você tem algum problema
com isso?”

“Eu deveria ter?” Sua voz era como o uísque, lisa e perigosa. “Porra, faz tanto
tempo.”

Seu corpo respondeu e ele capturou sua boca, empurrando sua língua para
dentro.

Ela era uma mulher alta, de modo que ele não precisava abaixar a cabeça para
desfrutar do beijo. Ela era toda curvas, construída como uma amazona, braços
fortes de bartender e de jogar para fora do bar clientes bêbados. Ela era dura,
áspera, sexual e gostava que seus homens também fossem assim.

Portanto, ao contrário da pequena Kira.

O pensamento foi tão indesejável que ele quebrou o beijo em reflexo e olhou
para os olhos castanhos de Jacee. Eles estavam esfumaçados com luxúria,

124
enquanto ela sorria e espalmava a mão sobre sua calça jeans, acariciando-o.
“Por que não vamos direto às coisas boas?”

Ele sorriu. “O que, sem conversas estimulantes? Talvez eu queira falar sobre a
minha semana.”

Ela bufou. “Desde quando? Se você quer conversar, obviamente estou fazendo
algo errado. Venha comigo e eu vou curar isso por você, coisa quente.”

Tomando-o pela mão, ela o puxou pela pequena sala de estar até seu quarto,
que não era muito maior.

Mas era grande o suficiente para a cama kingsize, colocando em prática o


mesmo ritmo do passado. Parando ao lado da cama, ela agarrou as bordas do
top minúsculo e lentamente puxou-o sobre a cabeça, revelando seus seios nus.
Quando ela jogou-o de lado, cortinas de cabelo escuro caíram-lhe pelos
ombros e emolduraram o caminho que ela sabia que ele gostava. Eles
balançavam, implorando por sua boca e ele agradeceu, pegando-os e
levantando seu peso nas palmas das mãos. Ele sugou cada mamilo, raspando-
os delicadamente com os dentes.

Teriam os mamilos de Kira um gosto tão doce?

Melhor, sua mente insistiu. Muito melhor.

Irritado consigo mesmo, ele continuou lambendo os picos tensos até Jacee cair
de joelhos gemendo. Duro como uma estaca de ferro, ele olhou quando ela
trabalhou em seu jeans, abrindo o zíper.

Ela abriu a calça e empurrou-a para baixo dos quadris, tirando-a do caminho.
Seu pênis saltou livre, inchado e gotejando, apontado para seus lábios.

Sua língua lambeu a gota úmida na cabeça protuberante e ele gemeu,


empurrando seus quadris em direção à felicidade.

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Enterrando os dedos em seu cabelo, ele a guiou quando ela engoliu seu pênis
até o fundo da garganta. “Foda, sim. Chupe-me.”

Ela o fez, deslizando-o profundamente, para fora de novo e então repetindo o


movimento. Lento e fácil, fazendo-o sentir-se tão bem. Ele buscou a faísca que
desfrutavam antes, aquela que iria transformar a pequena chama em um
inferno e torná-lo mais do que bom. Espetacular. Ele procurou, mas não
conseguiu encontrar.

Franzindo a testa, ele fechou os olhos e imaginou como seria se o cabelo


deslizando entre seus dedos fosse loiro e na altura dos ombros. Se a boca
fosse menor, tanto que ela poderia ter problemas para tomar tudo dele,
chupando e fodendo ao mesmo tempo. Se os seus olhos não fossem
castanhos, e sim azul da cor do céu. Se o seu nome fosse diferente. Com a
imagem que ele queria firme na mente, ele encontrou a faísca e gemeu. Sim,
exatamente deste jeito. Chupe o meu pau, meu anjinho. E então eu vou foder
você. Lento e fácil. Duro. Áspero. Da maneira como você gosta.

O cheiro da sua excitação invadiu seu nariz, canela e especiarias. Mas em vez
de melhorar seu dinamismo, levando seu desejo a uma nova altura, ele se
quebrou em meio à névoa do desejo e começou a clarear sua cabeça.

Porque o cheiro estava completamente errado. Escuro.

Não era de fritas cítricas e baunilha. Não era nítido e ensolarado, céu azul e ar
fresco.

Não era o cheiro da pessoa com a qual ele estava destinado a ficar.

O conhecimento lavou seu corpo como um banho de água fria. E foi assim que,
em cerca de dois segundos, sua ereção ficou completamente mole, como um
balão estourado por um alfinete. Jacee tirou-o da boca e se agachou

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segurando seu pênis flácido, como se ela nunca o tivesse visto antes. E ela já
havia visto – mas não neste estado patético.
“O que, inferno, aconteceu?”

“Não é essa a pergunta de um milhão de dólares?” Envergonhado, ele se


afastou dela, o remorso aconchegando-se em seus jeans novamente,
fechando-o. “Eu sinto muito, querida. Não é você”, ele mentiu. Era ela, ele só
não sabia a quem agradecer por isso, o homem que queria Kira ou sua
estúpida biologia shifter. Mas Jacee não tinha nenhuma pista sobre sua
verdadeira natureza, e ele nunca precisou lhe dizer nada sobre isso. “Nada
pessoal. Tem sido uma semana difícil.”

Ela não estava feliz. “Junte-se ao clube.”

Levantando-se, ela recuperou seu top e vestiu-o novamente, colocando-o no


lugar. “Quer café? Algo mais forte?”

Ele deu-lhe pontos por ela tentar salvar uma situação embaraçosa. E ele
soube, naquele momento, que não voltaria jamais. Ele sentiu que ela sabia
disso também.

“Não, obrigado. Outra hora?”

“Claro.”

Eles fizeram bonito enquanto ela caminhava para a porta da frente, motivo pelo
qual ele foi profundamente grato. Mulheres desprezadas podiam ser um
negócio desagradável.

“Tome cuidado, Jax.” Havia um toque triste em suas palavras.

“Você também, querida.”

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Dando-lhe um rápido beijo na bochecha, ele agiu como um fantasma e
desapareceu. Quando foi embora, as formigas sob a pele reapareceram. Sem
considerar o por quê, ele virou a moto em direção ao lar, doce, complexo e
dirigiu tão rápido quanto ousaria.

Uma vez que ele estivesse de volta, estaria bem. Tão normal quanto possível.

Para um homem que tinha uma verdadeira besta vigorosa dentro de si.

***

Kira disse a si mesma que não estava desapontada quando Jaxon


praticamente saiu correndo do prédio depois que a reunião com Nick acabou.

Aonde ele ia não era sua preocupação, apesar dele imprimir sua marca de
homem das cavernas mais cedo – uga, uga, você cheira a homem rival – sua
deserção sem olhar para trás a deixou com as pontas soltas. Uma espécie de
solitária. Ela não conhecia ninguém muito bem aqui, até mesmo Jax, mas ela
pensou que haviam criado uma conexão lá no riacho. Ela ficou andando por ali,
até que a reunião houvesse acabado, esperando que ele a levasse até o Bloco
R como ele disse que faria, para ela se familiarizar com os “residentes”, e
agora parecia que ela ia ter que encontrar outra pessoa para acompanhá-la,
desde que tinha ordens para não ir sozinha.

Embora a sua ordem para não deixá-lo sentir o cheiro de outro homem nela
tivesse sido excitante no momento, agora a enchia de irritação. Quanto ele
realmente se importava com ela, quando simplesmente valsou para fora como
se ela não existisse? A tentação de procurar por Aric para ser seu protetor no
Bloco R montou seu ombro como um demônio travesso, mas ela não era
estúpida. Ela viu os resultados do seu beijo fracassado com o amigo de Jax e
não queria ter uma repetição da feia cena.

Nick, sem dúvida, estaria muito ocupado fazendo o que quer que o líder Alpha
fazia. À esquerda, a Dra. Mac, ou um dos outros membros da equipe.

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Ela estaria mais à vontade com outra mulher, mas Mac era humana. Ela seria
capaz de protegê-la se um dos detidos ficasse violento? Achava que não.

Resignada, ela foi atrás de um assistente disposto. No fim do corredor perto da


sala de jantar, ela viu Zander encostado na parede conversando com o grande
homem careca que ela tinha visto antes.

Curiosa, ela estudou o careca enquanto se aproximava. Ele não tinha uma
beleza clássica, mas era um impressionante macho, musculoso, tipo um Vin
Diesel. Sua semelhança com o ator era notável e ele sorriu timidamente
enquanto desviava o olhar de Zander e a viu se aproximando.

Seu estômago se agitou um pouco e ela retribuiu o sorriso e decidiu, com


certeza, que não era permitido que homens caseiros se inscrevessem para
participar dos Alpha Pack. O lugar inteiro era um banquete de testosterona, tão
saudável quanto engolir metade de uma torta de morango inteira de uma só
vez.

“Ei, pessoal”, ela disse em saudação e se virou para o amigo de Zander. “Nós
não fomos oficialmente apresentados. Eu sou Kira Locke. Chame-me Kira.”

Ele estendeu a mão, que ela tomou.

“Kira, eu sou Hammer. Prazer em conhecê-la.”

“O prazer é meu. Será que Nick disse a qualquer um de vocês quais são as
minhas funções?”

Zander esfregou o queixo. “Veio para pensar sobre isso, não? O que há?”

“Ele me ofereceu um emprego. Estou começando amanhã no laboratório como


assistente.”

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“Uau, isso foi rápido”, disse Zan estudando-a. “Então, de novo, o chefe não é
conhecido por arrastar os calcanhares quando sente que algo está certo.
Parabéns.”

Hammer ecoou a aprovação, e ela se perguntou como eles receberiam a


próxima notícia. “Eu também estou indo trabalhar com os convidados do Bloco
R para prepará-los para viver em nosso mundo. Bem, a vida fora das celas é o
que será por enquanto, mas vocês sabem o que eu quero dizer.”

“Você está brincando.” Ele balançou a cabeça escura, olhando-a com simpatia.
“Boa sorte com isso.”

“Eu preciso mais do que sorte. Eu preciso de um assistente. Estou sob ordens
restritas do nosso chefe para não ir lá sozinha e meu autodenominado
assistente parece ter desaparecido do mapa.”

“Jax?”

“O próprio. Então, qual de vocês dois vai se voluntariar a barbear o leão na sua
toca comigo?”

Hammer riu e se afastou. “Não eu. A última vez que eu fui lá, o garoto cobra
quase me comeu. Que bastardo do mal.”

Zan arqueou uma sobrancelha. “Eu acho que ele levou a mal ser chamado de
garoto cobra na própria cara.”

“Agora que você vem me dizer.”

Ela olhou para Zan. “Vamos, eu preciso de alguém para pular esta etapa aqui.
O que você acha?”

“Eu acho que não...”

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“Eu pensei que vocês fossem lobos, não galinhas”, ela murmurou. “Tudo bem.
Eu vou procurar Aric. Ele estará disposto a...”

“Não”, Zan desabafou. Ele limpou a garganta. “Isso não será necessário. Uma
rinha em uma semana é o suficiente e da próxima vez um, ou os dois, vai
acabar na enfermaria.”

Isso a fez se sentir meio mal, por coagi-los a ver as coisas à sua maneira, mas
não o suficiente para ceder. A lembrança do cara alado sentado em sua cama,
sozinho e perdido, deu um puxão nela. “Eu não quero isso mais do que você,
mas eu não posso fazer isso por mim mesma e aquelas pobres almas
merecem um tratamento justo. Você pode imaginar o que deve ser ficar
olhando para quatro paredes dia após dia, mesmo não sendo do nosso reino
ou compreendendo nossas regras? Estar sem ninguém da sua espécie para se
comunicar, desprovido de esperança?”

“Eu posso mais do que imaginar...”, Zan disse, com os olhos abrandando. “...
Desde que isso aconteceu conosco.”

Ela gemeu em voz alta por suas palavras impensadas. “Oh, não. Eu não quis
dizer...“

“Não se preocupe. Eu posso lamentar ter feito isso, mas eu vou ajudar.”

Hammer suspirou. “Merda, eu também.”

“Obrigada”, disse ela, empurrando a vergonha de lado. É claro que estes


homens tinham atravessado o inferno quando se transformaram. Como ela
podia ser tão estúpida? “Mostre-me o caminho. Eu me virei por aqui antes, mas
eu não tenho certeza de como voltar lá.”

Quando eles começaram a sair, Zan comentou: “Coisinha persuasiva, não é?


Jaxon está tão ferrado e ainda não sabe disso.”

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“Humm”, seguido por um pequeno sorriso foi toda a contribuição do seu amigo.

Zan levou-a na direção do lugar que ela suspeitava ser o saguão da enfermaria
com a qual se deparou anteriormente e aonde não tinha ninguém trabalhando
na mesa. Antes de chegarem, no entanto, ele fez um par de voltas e caminhou
por um longo corredor que ela reconheceu. Ele tinha um conjunto de portas
duplas no final, marcadas com “Área Restrita”.

Ela acenou com a mão para a placa e empurrou a porta. “Eu não vi esse sinal
antes, mas fui capaz de entrar sem nenhum problema. Como é que não há
nenhum cartão de passe ou código requerido?”

“Nós não temos visitantes”, Zan respondeu. “Além disso, esta não é uma área
de alta segurança para a equipe. Esta seria o Bloco T, no porão.”

Um frio penetrou-lhe a espinha. “O que o 'T' representa?”

“Terminal.”

Detendo-se um pouco antes da linha de celas começarem, ela olhou


boquiaberta para o amigo de Jax.

“O quê? Nick me disse que nenhum dos moradores do Bloco R já foi


exterminado!”

“Isto é verdade.”

“Então para que ter um corredor da morte no local? Eu gostaria de ter uma
resposta direta às minhas perguntas, porra!”

“Ele não estava mentindo para você, Kira. Ele simplesmente não tem o hábito
de dar mais informação do que é absolutamente necessário.” Vendo que isto
não a estava aplacando, o homem de cabelos escuros continuou. “Criaturas
que não são apenas mortais, malignas além da esperança, são enviadas

132
diretamente para o Bloco T, sem passar por nenhum outro lugar, etc. Nem toda
criatura paranormal é resgatável, querida, assim como nem todo ser humano
é.”

Kira engoliu em seco, lutando com isso. Ela não se considerava uma liberal de
coração mole, mas a vida é preciosa. Sim, ela estava junto com a lei e os
culpados mereciam ser punidos de acordo, mas se houvesse qualquer
esperança de que uma alma pudesse ser salva, parecia um desperdício
extingui-la.

“Existem moradores lá, agora?” Ela conseguiu falar em um tom uniforme.

Seus olhos endureceram. “Sim, há um. E nem pensar em ir lá embaixo na


esperança de salvar aquela escória, você está me ouvindo? Ele não quer e
nem precisa de uma Mary Poppins para varrê-lo com uma colher de açúcar e
consertá-lo e a única razão pela qual ele ainda não é comida de vermes
porque ele tem informações vitais de que precisamos. Fim da história.
Entendeu?”

“Sim.” Ela imaginou que tipo de criatura ele seria, mas isso não importava.
Nenhum ponto em discussão. Se ele era assim tão ruim, ela ficaria longe.
Apesar de sua curiosidade terrível.

Deixando morrer o assunto, ela apontou para a cela que estava mais ansiosa
para visitar. “Vamos?”

Hammer falou, em tom divertido. “O que, não vamos visitar o menino cobra
primeiro?”

“Do modo como o seu temperamento tem sido descrito, eu acho que ele pode
se segurar por um tempo.”

“Isso que é colocar de forma branda.”

133
O basilisco parecia que seria uma pílula. Mas as aparências enganam e ela
tinha que descobrir quão duramente eles haviam tentado, após sua ajuda ter
sido inicialmente repreendida. Até os seres humanos rosnavam ou atacavam
quando tinham medo. Por que esses caras seriam diferentes?

Zan introduziu um código no teclado ao lado da porta, mas bloqueou sua visão
com seu corpo, para que ela não pudesse ver a sequência de números.

Ela teria que ganhar sua confiança para obter os códigos e ela não os culpava.

Ele deu um empurrão e a pesada porta se abriu para dentro com um gemido.

Ele e Hammer entraram primeiro, com Kira em seus calcanhares.

Ela não tinha certeza do que esperar, mas a visão que os saudou a golpeou
mais duramente do que quando ela o tinha visto anteriormente.

O corpo esguio encolhido na cama, encravado no canto onde as paredes se


encontravam, sentado com os joelhos dobrados, as grandes asas azuis
enroladas protetoramente ao redor de seu corpo, cruzadas na frente. Apenas a
parte superior da cabeça e os dedos dos pés eram visíveis, e ela não podia
dizer se ele estava dormindo ou não.

Dando um passo ao redor de seus companheiros, ela tentou uma saudação


suave. “Olá. Você está acordado?”

Nenhuma resposta. Ela chegou mais perto, sendo abordada rapidamente pela
mão de Zan em seu braço, puxando-a de volta em advertência. Ela o sacudiu,
mas ficou onde estava e tentou novamente.

“Ei, você está com fome? Já trouxeram o café da manhã?” Imediatamente ela
se sentiu uma tola. Será que um membro da Fae conhecia o termo “café da
manhã”? Estúpida. “Nós não vamos te machucar, eu prometo. Poderia falar
conosco, por favor... Sua Alteza?” As últimas palavras ela tinha acrescentado

134
por impulso. Porque, ela não tinha certeza. Só parecia certo, como se ela
estivesse pegando uma vibração do homem lindo. Seja qual fosse o caso,
acabou por ser a coisa certa a dizer.

Lentamente, ele levantou a cabeça, suas asas abaixando apenas o suficiente


para que ele pudesse observá-la e ainda proteger a sua nudez.

Ela esperava que seus olhos fossem azuis, mas eram dourados.

Brilhante, luminoso e límpido dourado como os olhos de uma águia que tinha
visto uma vez, atrás das grades em um zoológico.

Mas, ao contrário do pássaro, não havia nada de orgulho ou ferocidade em seu


olhar, embora ela pudesse sentir que sua postura poderia ter sido diferente,
uma vez.

Derrotado. O que quer que ele tenha sido antes, essa era a melhor palavra
para descrevê-lo agora – sem mencionar cansado e mais do que um pouco
cuidadoso com o que os recém-chegados queriam dele. Poderia ter havido
uma breve faísca de curiosidade também, mas ela não tinha certeza.

Inclinando a cabeça, ele surpreendeu a todos ordenando com suavidade,


“Chegue mais perto.”

Quando ela começou a obedecer, Zander colocou a mão em seu braço e ela
novamente o sacudiu. Talvez ela fosse ingênua por não ter mais medo, mas
sentiu que podia confiar em Blue. Ou qualquer que fosse o seu nome.

Fazer com que confiasse nela ou em qualquer outra pessoa seria um desafio.

Quando ela se moveu até ficar próxima da borda do colchão descoberto, ele
ergueu as mãos atadas e enluvadas, indicando a ela para parar.

135
Imediatamente, os dois homens entraram na frente dela e rosnaram um aviso
para o homem alado. Tardiamente, ela lembrou que este ser, supostamente,
imobilizou metade da equipe com um simples gesto. Mas ele estava lutando
por sua vida, então, ou assim ele acreditava, sem dúvida. Alguma coisa lhe
dizia que, mesmo que ele estivesse com as mãos livres, ele não iria fazer o
mesmo novamente, sem uma boa causa. Ela esperava que não estivesse
errada.

“Honestamente, como é que supostamente eu vou fazer algum progresso com


os brutamontes super desenvolvidos ficando no meu caminho?” Irritada, ela
andou em torno deles e captou suas expressões incrédulas.

“Brutamontes! Aquele vaga-lume lá, já quase nos transformou em estátuas de


sal”, Zan protestou.

“Silêncio! E deixem eu me concentrar.” Levando sua atenção de volta ao Blue,


ela teve outro sobressalto agradável. Ele estava sentado ereto, apreciando-a
com um olhar enlevado, os lábios curvados em uma mínima fração.

“Quem é você?” A macia e melódica qualidade de sua voz correu sobre ela
como água fresca.

“Eu sou Kira Locke. Como você, eu sou nova aqui. Realmente nova – hoje é o
meu primeiro dia.”

“Você é minha carcereira?”

“O quê? Não. Eu vou ser assistente de laboratório e uma espécie de


cuidadora.”

Ele parecia confuso. “Assistente de laboratório?”

136
“É alguém que ajuda os médicos que trabalham no laboratório com – bem, não
importa no momento. Muita informação. O que importa é que eu vou cuidar de
você e das outras criaturas que estão aqui, fazer vocês se sentirem em casa.”

Mais uma vez, ela lamentou sua má escolha de palavras quando sua face
abaixou e a tristeza, mais uma vez, substituiu a curiosidade. “Eu não tenho
casa. Sou um exilado.”

“De onde?” ela cutucou amavelmente.

“Da Alta Corte Seelie. Eu era um príncipe. Agora não sou nada”, ele sussurrou.

Ela balançou a cabeça. “Eu discordo, mas vamos trabalhar nisso. É por isso
que você estava correndo perdido nas ruas da Irlanda quando a equipe te
encontrou? Você tinha acabado de ser expulso?”

“Sim. Eu estive uma vez na Irlanda, quando criança, mas quando fui jogado
através do portão, estava desorientado e assustado. As pessoas estavam
gritando e eu corri. Não quis causar nenhum dano.”

O remorso coloriu sua voz e ela soube que ele falava a verdade.

“Por que você simplesmente não disse isso aos caras da Alpha Pack quando
eles foram até você? Poderia ter economizado um monte de problemas.”

“Como eu disse, estava assustado. Pensei que eles tivessem sido mandados
por meu pai para me matar.”

“Qual o seu nome?”

“Sariel.”

Ela sorriu. “Que belo nome. Combina com você.”

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Abaixando a cabeça, ele corou. “Obrigado.”

“Quem é o seu pai? Você acha que ele vai segui-lo até aqui?”

Isso provocou uma risada amarga. “Meu pai é Malik. Ele não vai parar com
nada até me ver morto. Ele é Unseelie e é a razão pela qual não sou mais bem
vindo em meu mundo.”

Nada promissor. “Você é a realeza, certo? Seu povo não pode te proteger?

“De Malik? Você não sabe nada sobre os Unseelies, então. Eles são um pouco
melhores que demônios e Malik é o pior. Quando a Alta Corte Seelie descobriu
que eu sou um Halfling, eles ficaram chateados o suficiente. Mas quando
descobriram que Malik é o meu pai, o clamor público forçou-os a me banir, em
vez de correr o risco de enfrentar sua ira. Veja, ele está em uma cruzada para
me destruir e matará qualquer um que ficar em seu caminho.”

“Por quê? Eu não entendo.” Como era terrível para Sariel.

“E isso importa? Ele é um fedor podre, a pestilência em qualquer terra que


escolhe para corromper.” Sariel fez uma pausa como se procurasse o termo
certo. “Malik é o mal que o tempo esqueceu. E agora ele acordou.”

138
SEIS

“Esse é um tipo melodramático, não é?”

Sariel nivelou Zan com um olhar frio. “Malik gosta de paralisar suas vítimas
com seu veneno, depois tira a carne de seus ossos, comendo-os vivos e isso
quando ele está com um humor jovial.”

“Jesus”, Hammer murmurou. “Tem certeza que você não tem outros parentes
com os quais podemos entrar em contato para levá-lo daqui? Um primo
distante ou algo assim?”

Dor brilhou em seus olhos dourados e rapidamente desapareceu. “Minha


família é a razão de eu estar aqui. Mas se você gentilmente der um passo para
o lado e permitir-me passar, eu deixarei de ser seu problema.”

Zan discordou. “Você só vai quando nós tivermos despachado a polêmica,


onde quer que seja que você tenha estado, antes de ser flagrado por humanos
novamente. Plano ruim.”

“Eu não imagino que todas as áreas do seu mundo estão invadidas por sua
espécie.” Suas asas farfalharam e ele acenou com a mão de forma negligente.
“Aponte-me um desses lugares e eu passarei os últimos séculos da minha vida
lá.”

Kira queria perguntar quantos anos ele tinha, mas a dor por trás da sua
declaração a preocupava mais. “Sozinho e sem ninguém para ajudar se Malik
te localizar? Eu acho que não.”

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“Quando ele me localizar”, disse Sariel com absoluta certeza. “E nenhum de
vocês vai querer estar no mesmo lugar que eu neste dia. Não, é melhor eu ir.”

“E eu acredito que é para o seu melhor interesse, ficar.” Ela olhou para os
caras, que não pareciam satisfeitos. “O que? Vão me dizer que vocês são um
bando de covardes que não podem pegar um Unseelie desagradável?”

“Unseelie desagradável, comedor de carne.” Zan suspirou, aparentemente


decidindo que não ia ceder. “Tudo bem. Não é como se algum de nós já tivesse
desistido de uma luta, de qualquer maneira.”

“Ótimo, está resolvido. E sem argumentos da sua parte, Vossa Alteza”, disse
ela com firmeza. “Eu não posso imaginar qualquer outro lugar melhor para você
estar, do que aqui, onde a maioria das pessoas não são humanas e se
identificam com a sua situação. Bem, eu posso me identificar, mas sou humana
- não há nada de especial em mim.”

Ele a estudou, confuso. “Eu sou simplesmente Sariel agora, sem realeza. E
você está errada sobre o seu valor. Se você possuísse asas, seria Seraphim –
o mais alto na hierarquia dos anjos, um ser de pura luz e amor.”

Certamente, os lobos poderiam ter uma aula de charme com esse cara.

“Bem, não é que você é doce? Talvez suas maneiras possam contagiar uns
certos caras por aqui.” Ela virou-se para Hammer. “Será que você consegue
algumas roupas para Sariel? Ele não pode desfilar por aí pelado.”

Maldição.

“Claro.” Ele olhou para o seu mais novo residente. “Alto e magro. Vou ver o que
posso encontrar.”

140
Depois que ele saiu, ela se dirigiu a Sariel novamente. “Se deixar você sair,
tenho a sua palavra de que não vai tentar se ferir novamente?” Ela deveria ter
pensado nisso, antes de enviar Hammer em sua busca.

O Fae teve a graça de parecer envergonhado.

“Sim. Eu não teria conseguido, de qualquer maneira, não por tentativa de


estrangulamento. Os Fae não são tão facilmente mortos e eu desonraria ainda
mais o meu nome ao tentar essa loucura. Eu estava me sentindo muito
desesperado e eu ainda não sei como as coisas podem acabar bem para mim.
Mas eu lhe dou minha palavra de que não tentarei me prejudicar novamente.”

Olhando para ele, sentiu que estava dizendo a verdade.

“Eu acredito em você, mas não sobre a parte de desonrar-se. Todo mundo se
sente sozinho, às vezes, como quando não têm para onde ir e ficam sem
opções. Mas você tem a nós agora, então coloque os seus problemas de lado
por um tempo e deixe-nos cuidar de você. Certo?”

Ele hesitou, então sorriu. “Tudo bem. Vou tentar.”

Meu Deus, que espécime adorável do sexo masculino, não importava sua
espécie. Pena que os mal humorados e possessivos lobos fizessem mais o seu
tipo. Um tatuado, de cavanhaque, super macho lobo, em particular.

“Zander, existe algum outro quarto vazio que ele possa ocupar, por um acaso
próximo ao meu? Eu assumo total responsabilidade pela sua liberação.”

“Eu não sei, Kira”, começou ele, franzindo a testa.

“Nick me deu a chance de provar que eu poderia fazer diferença. Como posso
fazer isso sem um pouco de cooperação? Trabalhe comigo. Sariel não irá
prejudicar ninguém aqui e ele não teria lutado contra todos vocês, se não se
sentisse ameaçado. Certo?”

141
“Isto é verdade”, disse ele gravemente. “Eu nunca iria prejudicar outra pessoa a
não ser em legítima defesa.”

Ela deu a Zan seu melhor olhar suplicante e, depois de alguns segundos, ele
cedeu embora não estivesse feliz.

“Não é só o seu rabo na reta, se você estiver errada, é o de todos nós. Mas eu
vou com ele, por enquanto.” Seu olhar passou dela para Sariel. “Você causou
problemas e está por sua própria conta. Nada pessoal.”

O Fae apertou os lábios em uma linha fina e inclinou a cabeça. “Eu entendo.”

Hammer voltou empurrando uma calça camuflada do exército verde e marrom


e uma camiseta verde, junto com meias e botas, para Ariel. “Não consegui
encontrar a fantasia que você estava usando. Foi o melhor que eu pude fazer
em curto prazo.”

Sariel olhou para as roupas, em dúvida. Kira duvidava que um príncipe Fae
tivesse uma oportunidade de se vestir como uma moita de grama, mas ele era
muito bom para falar isso.

Ele as pegou, pronunciando um educado “Obrigado”, que ganhou alguns


pontos de aprovação de todos, embora não intencionais.

“Mas eu não posso colocá-las a menos que isto seja removido.”

Ele levantou as mãos atadas.

Aqui estava o teste. Se ela estivesse errada sobre Sariel, eles estariam
ferrados. Zan olhou para Hammer, que assentiu. Eles estavam a bordo.

Zan removeu um conjunto de chaves do seu bolso e folheou-as. Encontrando a


que ele queria, ele abriu as algemas de prata e retirou as luvas de malha de
prata em seguida.

142
O macho Fae flexionou as mãos, em seguida, expressou seu agradecimento.

“Mais uma vez, vocês têm a minha gratidão. Permitam-me um momento?”

Ela deu um suspiro de alívio e foi para o corredor, deixando a porta um pouco
aberta para que ele pudesse vir para fora quando estivesse pronto. Kira ouviu
roupas e penas farfalhando, alguns resmungos e, finalmente, se juntou a eles.

Ele estava vestido, com exceção da camiseta, que segurava no alto. Ela foi
atingida novamente pelo fato dele estar tão magro, e fez uma nota mental para
fazê-lo comer.

“Eu não posso colocá-la no lugar sobre minhas asas”, explicou.

“Talvez um de vocês possa ajudá-lo?”

“Deveria ter pensado nisso”, Hammer disse.

Enfiando a mão no bolso, ele tirou um pequeno canivete e o abriu. “Segure-a


no alto para que eu possa ver a parte de trás.”

Ele fez e Kira agarrou a borda da camisa, puxando o material esticado.


Hammer trabalhou e fez duas longas fendas verticais na altura dos ombros.

“Experimente agora.”

Sariel puxou a camiseta e, em seguida, Kira o ajudou gentilmente guiando cada


asa através da fenda. Elas foram passando um pouco apertadas e o tecido se
rasgou em alguns lugares, mas uma vez no local, ele estendeu uma, depois a
outra parecendo satisfeito.

Kira olhou, incapaz de esquecer o magnífico vão das asas e sua iridescência.

143
“Muito melhor.” Ele recolheu suas longas asas azuis sobre um ombro e olhou-
os com uma inclinação régia de sua cabeça. “Para meus aposentos?”
No caminho, eles causaram um pouco de agitação.

Dra. Mac e uma outra mulher vestindo um jaleco branco estavam andando com
um par de pessoas vestindo batas – um jovem e uma terceira mulher – que
indicava que poderiam ser enfermeiros ou assistentes de laboratório. O grupo
parou e olhou de boca aberta, para a comitiva. A mulher com Mac, aquela de
jaleco, entrou no caminho deles, sua expressão mudando de incredulidade
para raiva.

“Desculpe-me, mas o que está acontecendo aqui?” Seus olhos passaram sobre
Kira e então, aparentemente, dispensou-a como se não tivesse importância no
assunto. Ela voltou sua atenção para Zander e Hammer enquanto os outros
trocavam sussurros. “Aonde vocês pensam que vão com o Blue? Eu não
autorizei qualquer ordem para o meu paciente ser removido.”

O queixo da mulher se levantou, seus olhos negros estalando com raiva. Seu
tom de voz não deixava dúvidas sobre quem governava este cantinho do
complexo. Atrás dela, Mackenzie deu um aceno a Kira, sua expressão
encorajando-a. Kira retornou o aceno e voltou sua atenção para a amiga de
Mac.

Ela imediatamente reconheceu seu tipo de mulher por sua própria experiência
de trabalho.

Os nomes e os endereços haviam mudado, mas a música permanecia a


mesma. Esta mulher de aço com cabelos pretos curtos seria a cadela alfa,
aquela que poderia fazer da sua vida aqui um inferno, ou não.

Quer queira ou não, ela também era uma pessoa justa e bem quista entre seus
colegas, Kira descobriria em breve.

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Zan lidou com ela suavemente. “Ei, doutora, que bom ver você. Agora que o
nosso amigo está fora da cama e começando a se movimentar, temos algumas
apresentações a fazer.”

Ele acenou para o macho Fae vir adiante e ficar ao seu lado. “Sariel, esta é a
Dra. Melina Mallory. Melina, este é Sariel, príncipe da Alta Corte Seelie.”

“Desalojado, por sinal.” Sariel fez uma reverência e depois a olhou com
firmeza. “Doutora, já nos encontramos antes, mas é bom conhecê-la em
circunstâncias menos estressantes. Chame-me pelo meu nome de batismo, é
muito mais simples.”

A médica em questão olhou para o Fae com espanto, boquiaberta.


Rapidamente, ela recuperou a compostura abalada. “Sariel é bom vê-lo
restabelecido e disposto a falar. A quem é que temos que agradecer por esta
mudança positiva nos eventos?”

Embora ela parecesse sincera, também parecia um pouco cautelosa.

Sariel acenou com a mão para Kira. “Minha nova amiga me convenceu a dar
uma chance para a sua hospitalidade fazer a diferença para mim. Não sei por
quanto tempo conseguirei impor minha presença sobre vocês, mas por
enquanto viverei aqui e cumprirei as regras do seu líder.”

Dra. Mallory acenou com a cabeça, pensativa. “Eu acho que você não vai se
arrepender.”

Uma onda de emoção balançou Sariel, deixando Kira surpresa. Será que ela
realmente sentiu um profundo arrependimento e tristeza emanando do príncipe
Fae ou ela estava simplesmente projetando seus próprios sentimentos? Isso já
havia acontecido na primeira vez que ela o viu chorando, suas emoções se
derramando sobre ela como uma cachoeira. Isso aconteceu quando ela
conheceu Jaxon, também. Antes que ela pudesse quebrar mais a cabeça, a
Dra. Mallory se dirigiu a ela.

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“Você deve ser a nova assistente de Nick, a Dra. Grant me contou esta manhã.
E já está tão ocupada quanto uma abelha.”

Apesar de não ser hostil, seu tom de voz tinha uma nota de censura quando
ela deslizou brevemente um olhar de lado para Sariel. Ao fazer isso,
silenciosamente deixou claro que, enquanto ela não tinha problemas com a
iniciativa de Kira na frente dos outros, ela apreciaria ser mantida no circuito
futuramente.

“Eu sou Kira Locke. Peço desculpas se pisei em algum calo”, disse ela,
injetando sinceridade na voz, tanto quanto possível. “Eu simplesmente não
conseguia ver Sariel tão infeliz e queria ajudar.”

“Sim, bem, isso é compreensível. Ninguém quer isso para quem vive aqui.
Vamos discutir sobre os outros residentes do Bloco R mais tarde, certo? Eu
vou lhe dar algumas dicas sobre eles antes de continuar o seu trabalho.”

Então, a médica era durona, mas não era o tipo de repreender seus
subordinados em público. Bom saber. “Isso me parece bom. Eu descerei para
vê-la esta tarde, se estiver tudo bem pra você.”

A mulher mais velha pareceu satisfeita. “Me ligue primeiro para ter certeza de
que não estou no meio de algo no laboratório ou com um paciente, mas deve
funcionar.”

“Farei isso.”

“Prazer em conhecê-la, Kira. Sariel, eu gostaria de te examinar depois que


você tiver a chance de se estabelecer em seu quarto. Que tal depois do
almoço? Três horas?”

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“Como você quiser.” O Fae direcionou à doutora toda a força de seu sorriso
brilhante, fazendo-a piscar um par de vezes para ele antes de olhar para
Hammer e Zan.

Luxúria. Foi subitamente irradiando da doutora, aparentemente estoica, bem


como uma onda distinta de… medo? Vulnerabilidade? Será que ninguém mais
percebia? Parecia que não. Kira sufocou uma risadinha e pensou que devia
estar perdendo a cabeça – se ela já não tivesse perdido, provavelmente estava
segura.

“Mais tarde”, disse a Dra. Mallory. Então ela saiu com sua equipe seguindo-a.
Mac acenou para Kira e correu atrás deles.

“Por que me sinto como se tivesse passado por uma inspeção?”

“Porque você passou”, Zan disse com uma risada. Colocando uma mão no
ombro dela, deu-lhe um amigável abraço de um ombro só. “Depois de receber
o equivalente a uma luz verde de Melina, o resto será lucro.”

“Se você diz que sim.” Kira fez uma pausa, relembrando algo em retrospecto.
“Eu senti muita raiva na Dra. Mallory. E, por incrível que pareça, um sentimento
de vulnerabilidade, como se ela não estivesse tão no controle como ela
gostaria que os outros acreditassem.” Ela olhou para os homens, que estavam
olhando atentamente para ela. “O quê?”

Hammer cruzou os braços sobre o peito enorme. “Isso acontece muito?”

“O que aconteceu?” Ela perguntou, confusa.

“'Pegar' sentimentos das pessoas.”

“Não, eu acho que não.” Ela franziu a testa, lembrando.

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“Pelo menos, não antes de eu conhecer Jaxon na noite passada. Estranho, não
é? Provavelmente é este lugar e a súbita imersão na estranha crença no
inacreditável que está fritando o meu cérebro. Sem ofensa.”

Hammer olhou para o amigo e levantou as sobrancelhas. Os dois parecendo


partilhar o mesmo pensamento, antes de Zan se voltar para ela.

“Talvez você devesse mencionar isso para Melina, quando se encontrar com
ela.”

“Por quê? Além de sofrer de ilusões porque eu falo com príncipes Fae e pensar
ver homens se transformando em lobos, estou perfeitamente saudável”,
brincou ela.

Os dois homens deram uma risada calma, e depois Zan respondeu. “Eu sei
que você está porque eu sou um curandeiro e eu saberia se você não
estivesse. Ainda assim, não vai prejudicá-la se contar a ela e ver o que ela diz.
Desde que o Instituto de Parapsicologia foi estabelecido, Melina o transformou
na meta da sua vida para saber o que marca cada criatura sobrenatural. Diga.
Então, ela pode registrar suas informações no caso de serem importantes.”

Kira achou que eles estavam exagerando, mas não via nenhum mal. “Claro.
Por que não?”

“Alguma vez você já teve tendências para habilidades paranormais?


Fantasmas em casa, ver coisas que os outros não viam, alguma outra coisa?”

“Nem um pouco.” Ela franziu o cenho, recordando a voz que ela pensou que
tinha ouvido quando fugiu da NewLife com as amostras de tecido. Em seguida,
desconsiderou.

Certamente tinha sido sua imaginação.

“Mas eu sou uma grande fã de 'Ghost Hunters'!”

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Eles lhe deram um olhar vazio. “Vocês sabem, no canal Syfy?”

“Hum, não assistimos muita televisão. Mas quando o fazemos, provavelmente


não vai ser com nenhuma coisa que lide com o paranormal. Tipo gente que
trabalha em uma sorveteria que não pode comer os sorvetes porque ficam
doentes”, Hammer colocou.

“Exatamente.”

“Ah! Bem, vocês vão ter que fazer uma exceção neste caso. Grande show.
Estou completamente viciada: até sigo 'Jason e Grant' no Twitter.” Ela sorriu
das suas expressões perplexas.

“Não importa. Passos de bebê.”

“O que é Syfy e TV?” Sariel perguntou confuso. Todo mundo o havia esquecido
e ele tentou seguir a conversa.

“Jesus, o que eles fazem para se divertir na Alta Corte Seelie”, ela brincou.

O príncipe Fae fez uma careta. “Diversão? Muito pouco. Minha existência toda
foi sobre pompa e comportamento adequado. Acredito que os humanos
chamam isso de 'chute no saco'.”

Os três riram e Kira bateu em seu braço. “Isso prova que algumas coisas não
mudam, não importa onde você está.”

“Eu acredito”. Eles acompanharam Sariel até um quarto, apenas a duas portas
do quarto de Kira. Ela e os outros fizeram o seu melhor para assegurar ao
Seelie que ele estava seguro e era bem vindo.

“Eu estarei lá”, disse ela apontando. “Dra. Grant está lá e Jaxon está do outro
lado do corredor. Os outros estão por perto também. Não hesite em bater, se
você precisar de alguma coisa.”

149
“Ou use o telefone”, Zan colocou. “Há uma lista de ramais ao lado dele.”

O Fae olhou para eles, desamparado. “O quê?”

Zan sorriu. “É um dispositivo de comunicação que parece uma caixa. Entre.


Vamos lhe mostrar. Ele abriu caminho e Sariel o acompanhou, ficando à sua
volta. Zan deu um breve tutorial sobre como usar o telefone, enquanto Sariel
estudava a coisa como se fosse um inseto estranho e declarou que em seu
mundo não havia necessidade de tal engenhoca.

Eles usavam simplesmente a leitura de pensamentos ou se teletransportavam


para outro lugar para falar pessoalmente. Então, ele pareceu triste e ela achou
que ele estava se lembrando que havia perdido sua casa e seu povo.

Depois disso, o trio passou algum tempo mostrando ao Fae de olhos


arregalados mais alguns dispositivos terrenos, como o forno de micro-ondas e
a geladeira.

Seu novo amigo começou a parecer mais e mais desanimado.

“Eu não sei cozinhar”, ele murmurou. “Eu não sei como.”

“Não se preocupe.” Hammer bateu em seu ombro. “Esta cozinha e os


aparelhos estão aqui apenas para o caso de você querer comer sozinho.
Temos um refeitório e o cozinheiro é bom de verdade. Você não vai passar
fome.”

“E isso me lembra”, ela começou. “Eu ouvi dizer que você não tem comido.”

Um ligeiro rubor coloriu as bochechas pálidas do príncipe. “Eu não estava com
fome. Mas eu não vou continuar a evitar sua hospitalidade.”

Ela imaginou que isso significava que ele tinha estado faminto, mas era muito
orgulhoso para admitir.

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“O almoço é em um par de horas”, Zan disse a ele. Por que você não descansa
e eu vou garantir que alguém venha te pegar um pouco antes de comer?”

Sariel assentiu. “Eu gostaria disso.”

“Você estará bem aqui?” Ela não podia deixar de se preocupar. Quando ela o
tinha visto antes, ele era o retrato da miséria absoluta e agora ele estava quase
demasiadamente calmo. Ela esperava que isso não significasse que ele
planejava fazer algo drástico no minuto em que eles virassem as costas.

“Isto é muito mais confortável. Obrigado.”

Zan partiu para a porta. “Vamos sair daqui, então. Se você se cansar de ficar
sozinho, só venha para fora e dê uma caminhada. Você vai ver alguém que
pode te apontar o caminho para onde você quer ir.”

Ele engoliu em seco e olhou para cada um deles, incluindo-os, todos, em suas
próximas palavras. “Eu aprecio a sua bondade e sou grato. De alguma forma,
eu lhes retribuirei.”

“Não vamos nos preocupar com isso, certo?” Zan piscou. “Vamos deixar você
fechar os olhos um pouco.”

Quando saíram, Kira olhou por cima do ombro para ver Sariel parado no meio
da pequena sala de estar parecendo muito sozinho. Ela realmente não queria
deixá-lo, mas ele precisava de tempo para se ajustar. Ele não iria querer
alguém pairando sobre si constantemente, depois que tinha dado sua palavra
que não iria prejudicar a si mesmo.

Seria uma quebra de confiança ao seu modo de ver.

No corredor, ela expressou sua preocupação enquanto caminhavam. “E se ele


tentar partir?”

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“Nós não podemos impedi-lo”, respondeu Zan. “E não podemos mantê-lo
enjaulado. Depois que você conseguiu que ele se abrisse, qualquer um pode
ver que não estava certo.”

“Mas se ele tentar sair, não vai conseguir escapar sem o nosso conhecimento.
Podemos tentar convencê-lo novamente a ficar.”

“Se ele se teletransportar, porém, ele se vai”, Hammer disse. “E não há nada
que possamos fazer sobre isso.”

Zan tentou tranquilizá-la. “Tente não se preocupar. Ele disse que ia ficar e
parece ser um homem de palavra.”

Ela esperava que sim. O pensamento de uma alma gentil enfrentando o exílio,
por si mesma, não era aceitável.

Kira agradeceu aos caras pela ajuda e eles disseram para chamá-los
novamente se precisasse de ajuda. Ela disse que o faria e foi em direção à sala
de recreação, forçando-se a olhar o lado positivo. Sariel foi libertado daquela
cela terrível e, embora confuso, iria se ajustar. Ele ficaria bem. O que deveria
fazer consigo mesma até o almoço?

Dra. Mallory tinha deixado claro como cristal que queria falar com Kira antes
que ela pegasse mais funções. E, realmente, ela não era oficialmente uma
funcionária até que Nick o dissesse. Ela não estava preocupada com a
verificação de seus antecedentes porque era uma simples formalidade. Nem
mesmo um bilhete de estacionamento não pago manchava seu currículo.

Até ontem à noite, sua vida tinha sido criticamente chata ao ponto de
necessitar de uma ressuscitação cardiorrespiratória. Na sala de recreação, ela
congelou. Jax estava sentado no sofá, braços cruzados sobre o peito, as botas
enlameadas sobre a mesa de café. Ele estava vendo um programa de
entrevistas na televisão, mas por sua expressão vidrada, ela tinha suas dúvidas
de que ele sabia ao menos qual era o tema.

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Deus, ele era tão perversamente sexy que seu coração batia mais rápido só de
ficar perto dele. Cabelo preto curto fixado em um penteado “espetado
bagunçado” que não parecia muito fácil de desmanchar. Será que ele usava
gel? Ela adoraria se oferecer para fazer o trabalho para ele, correr seus dedos
através da seda preta e bagunçá-la realmente. Enquanto ele, com seu jeito
alegre, beijava e lambia seu corpo, fazendo seu corpo se arrepiar, o que não
acontecia há tempos, e precisava desesperadamente...

“Você vai entrar ou ficar parada aí o dia todo?”

Ela detestava quando as pessoas lançavam desafios como esse. Era tentador
virar e sair, mas depois ela ia parecer uma idiota. “Entrando, eu acho. Fiz a
minha boa ação do dia e não me atrevo a fazer mais nada sem a benção da
Dra. Mallory.”

Seus olhos se encontraram quando ela se moveu para o sofá e se sentou. “Por
quê? O que está acontecendo?”

Ela encolheu os ombros. “Sariel está fora. Zander e Hammer me ajudaram.”

Ele franziu a testa. “Quem é Sariel?”

“Oh, está certo.” Ela estalou os dedos e olhou para ele. “Você não sabe porque
não estava aqui para me ajudar no Bloco R, como você disse que faria!”

“Espere. Você foi para lá sozinha?”

“Eu acabei de dizer que seus amigos me ajudaram. E Sariel é o nome do cara
alado. Ele é um príncipe que foi banido da Corte Seelie. Os sacanas o atiraram
através do portão só porque seu pai é um Unseelie com hábitos alimentares
desagradáveis.”

“Você descobriu tudo isso enquanto eu estava fora?”

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Ele olhou para ela com descrença.

“Isso mesmo. Tudo o que eu fiz foi falar com ele e eu acho que ele estava
pronto pra sair de lá.” Ela estava muito orgulhosa de si mesma por causa disso.

“Ele está solto?” Jax endireitou-se em alarme. “Onde ele está?”

“Relaxe. Ele está bem. Ele vai ficar nos alojamentos a duas portas abaixo de
mim e do seu no outro lado do corredor. Nós o alojamos depois que ele
prometeu que não vai mais tentar se ferir novamente. Ele disse que, realmente,
não poderia causar muito dano de qualquer maneira porque os Fae não são
fáceis de matar.”

“E vocês acreditaram nele? Kira, ele está desesperado”, disse ele preocupado.
“Se ele quiser morrer, ele vai encontrar uma maneira.”

Isso a levou a um pensamento horrível. “Você não acha que ele iria entregar-se
ao seu pai, não é?”

“Inferno, como eu vou saber? Ele nunca disse uma palavra até que você veio.”

Ela ficou preocupada, o lábio inferior entre os dentes.

“Ele prometeu dar uma chance à vida aqui. Eu acredito nele, assim como os
outros.”

“Bem, se ele voltar atrás com suas palavras, não há nada que possamos
fazer.”

“Foi o que Zan disse.”

“Você e Zan estão ficando muito íntimos, não estão?” inclinando-se mais perto,
ele cheirou seu pescoço e ombro. “Ele tocou em você.” Um rosnado começou

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baixo em sua garganta e só parou porque ela bateu em seu braço. Ele piscou,
surpreso, o barulho cessando.

“Não comece com esta merda comigo. Ele me deu um abraço fraternal – isto é
tudo – e não é problema seu, de qualquer maneira!” Inclinando-se, ela cheirou
seu pescoço em troca... e seu sangue começou a ferver lentamente. “Parece
que eu sinto o cheiro de uma mulher em você, e não é o meu.”

Ele tinha a mesma expressão de um cervo quando é atingido por faróis altos de
um carro e fica paralisado. Aterrorizado.

Impagável.

“Sobre o que você está falando? Você não é uma shifter e eu duvido que você
possa captar cheiros como nós fazemos.”

Fervendo de ira, ela levantou-se, os punhos fechados em seus lados. “Seu


idiota arrogante, eu não preciso de um nariz de lobo para saber quando um
perfume barato de farmácia me atinge como uma tonelada de tijolos. Eu não
tenho nenhum, e se tivesse, não escolheria um que me deixaria enjoada.”

“Merda.” Ele se levantou para encará-la e estendeu as mãos. “Não é o que


você pensa.”

“Ah, você foi atacado por uma demonstradora de perfumes enquanto


caminhava pelo shopping?”

“Não. Não foi isto – eu não...”

“Sabe o quê? Não é da minha conta o que você faz ou deixa de fazer. Eu não
me importo.” Ok, essa foi uma pequena mentira. Ela se importava, mas não ia
deixar um idiota mulherengo saber. “O que é assunto meu é quem eu decido
beijar ou tocar. Você não tem o direito de exigir que os outros homens fiquem
longe de mim e então voltar cheirando a vadia.”

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“O quê?”

“Leia os meus lábios – v-a-d-i-a! Ela deu-lhe um forte empurrão no centro do


peito e ele deu um passo para trás. “Se eu quiser transar, por meu caminho
feliz, com toda a equipe Alpha Pack, não há uma maldita coisa que você possa
fazer sobre isso.”

“Certo!” Ryon cruzou a porta, entusiasmado. “Eu tenho a bandeira de boas


vindas exatamente aqui, para você.”

Kira percebeu que tinha levado Jaxon um pouco longe demais com suas
últimas palavras antes dele agarrar-lhe os pulsos e mostrar os caninos. Puxou-
a diretamente contra seu corpo rígido. E esmagou sua boca na dela.

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SETE

Ele a estava forçando demais e muito cedo. Ela tinha muito com o que lidar e
ele não estava lhe dando tempo para processar tudo o que estava
acontecendo. Mas, porra, ela estava ficando completamente louca. Jax
devorou sua boca como um homem faminto em sua última refeição, as mãos
em volta da sua cintura, esmagando seu pequeno corpo contra o seu, muito
maior.

De nenhuma maneira ela poderia não reparar na ereção aninhada em seu


ventre, procurando alívio. Isso é tudo o que era, certo? A necessidade física
que ficaria satisfeita quando ele enterrasse seu pênis dentro dela e, depois,
quando ambos estivessem encharcados de suor, o que quer que ela tivesse
sobre ele seria quebrado e eles poderiam seguir seus caminhos separados.

Quebrando o beijo, ele pegou a mão dela e puxou-a em seu rastro,


empurrando além de Ryon, que tinha um sorriso maroto no rosto. Ele iria
quebrar o rosto do idiota, mais tarde.

Agora, ele precisava ficar sozinho com ela.

"Ei!", ela chiou. "Para onde vamos?"

Ele olhou para baixo. Pegou em suas bochechas rosadas, olhos acesos de
desejo, enquanto ela corria para acompanhar seus passos largos. Ele diminuiu
um pouco, mas continuou em direção ao seu destino.

"Em qualquer lugar no qual a interferência dos meus irmãos não esteja
presente. Neste momento, o local mais próximo é o meu quarto."

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"Mas, mas..." Ela não conseguiu terminar o protesto o que era bom para ele.
Se ela não podia desenterrar uma razão do por que isso seria uma má ideia,
ele não iria dar-lhe uma.

Quando chegaram ao seu quarto, ele digitou seu código pessoal e conduziu-a
para dentro.

Abençoadamente a sós com ela, finalmente, rendeu-se ao animal que não


queria nada mais do que acasalar com a fêmea. Empurrando-a contra o lado
interior da porta, ele começou a esmagar os sentidos dela enquanto a despia
das roupas folgadas que a escondiam demais. Ele acariciou seu pescoço,
beijando e percorrendo com a língua a pele sensível, intrigado com o por quê
ele sentia uma necessidade quase irresistível de mordê-la. E por que negar
essa necessidade parecia fazer com que a queimação ficasse ainda pior.

Talvez ele a mordesse, mas não hoje. Ele não iria arriscar, sem falar com
Melina sobre as possíveis consequências. Suas mãos encontraram a barra da
sua camisa e as palmas das mãos deslizaram sobre sua barriga plana.
Moveram-se para cima, para os seios pequenos, tão diferentes das peitudas,
que eram seu tipo usual. Os dela mal enchiam sua mão e, ainda assim, eram
perfeitos. Seus polegares roçaram os mamilos, ficando satisfeito quando eles
apontaram e endureceram. Um pequeno gemido escapou de sua garganta e
ela se arqueou contra ele, implorando sem palavras.

"Você gosta disso, anjo?" Ele murmurou.

"Faz tanto tempo." Sua voz estava ofegante, rouca de excitação.

"Você quer que eu pare?" Ele puxou os picos, apertando apenas o suficiente
para dar uma sacudida pequena, fazendo-a querer mais.

"Esta não é uma boa idéia."

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Raspando a ponta de uma presa ao longo do local onde seu pescoço e ombro
encontravam-se, ele mordiscou, cuidando para não arranhar a pele bonita.

"Isso não é uma resposta. Você quer que eu pare?" Ele enunciou, colocando
mais ênfase na questão.

"Não."

"Diga-me o que você quer", ele persuadiu. Movendo uma palma para baixo, ele
não teve nenhum problema em correr a mão dentro da frente do jeans muito
grande. Lentamente, ele passou os dedos através dos cachos puros, dando-lhe
tempo para protestar. Em vez disso, ela alargou sua postura com um gemido,
convidando-o para tocá-la, emocionando-o.

Mas ele tinha que ouvir isso. "Diga-me, baby."

"Toque-me", ela sussurrou, enterrando o rosto em seu peito. "Dê-me tudo."

“Sim! Eu posso fazer isso. Você confia em mim?” Ela não tinha motivos para
não confiar, não a esse ponto e sua aquiescência foi um presente.

"Cer... Certo."

Sua camiseta foi primeiro. Ele puxou-a sobre a cabeça e jogou-a numa direção
qualquer do sofá. Então, ele a envolveu e desenganchou o sutiã, deslizando-o
pelos ombros. Ela o deixou cair, mas depois levantou os braços, tentando
cruzá-los na frente de si mesma, protetoramente. Ele não estava gostando
nada disso e empurrou os braços para baixo, expondo-a a seu olhar faminto.

"Não. Não se esconda de mim", ele repreendeu suavemente, colocando as


mãos em forma de taça sobre os globos cremosos. "Você é perfeita."

Suas bochechas ficaram rosadas. "Eu gostaria que eles fossem maiores".

159
Uma imagem indesejada dos seios de Jacee, cheios e pendentes, vieram à
tona. Apenas alguns dias atrás, ele estava feliz entregando-se à luxúria e ela
também, sempre que o seu humor era golpeado. Estudando Kira agora, ele
não podia imaginar o que ele tinha achado de atraente em mulheres como
Jacee ou Alexa. Elas não chegavam nem perto da classe de Kira, uma dama
em sua mente, inteligente, corajosa, e adorável.

"Isso faz você se sentir bem?" Curvando-se, ele capturou um mamilo com os
dentes, beliscando o pico.

"Oh, sim. Faz." Suas mãos se enterraram em seu cabelo.

"E isso?" Ele chupou o mamilo, lavando-o.

"Sim! Jax. . . "

"Sinta como você me afeta." Tomando uma de suas mãos, ele a guiou para a
protuberância entre suas pernas. Envolveu seus dedos em torno de suas bolas
apertadas através do brim e moveu-os para cima, esfregando ao longo da
haste que, maldição, alcançava quase o seu umbigo. Seu toque era como fogo,
mesmo através da roupa. Quando ele ficasse nu, ela provavelmente o assaria
vivo.

"Será que provei que eu te acho incrivelmente desejável?"

Ela sorriu, levantando o queixo para olhar para ele. "Bem, isso mostra que o
que você diz é verdade."

Deus, ele não podia mais esperar. "Segure-se. Enrole suas pernas em volta de
mim." Com um mínimo esforço, ele a ergueu e ela fez o que ele pediu.
Envolvendo os braços em volta dela, ele segurou seu traseiro e caminhou para
o quarto, apreciando o modo como ela se encaixava em seus braços. Ele
gostou de carregá-la e a ação fez coisas estranhas, não só para sua libido,
mas para este lado protetor que continuava a atormentá-lo.

160
Este que gritou “Minha!” em seu cérebro e confundiu o inferno fora dele.

Ao lado da cama kingsize, ele a deixou deslizar para o chão e não perdeu
tempo empurrando o jeans ofensivo para baixo e para fora dos seus quadris
estreitos.

Ela arrancou os sapatos, agarrando-se a ele enquanto se livrava das meias, e


ficava de pé à sua frente com mais nada além de uma calcinha em tons de
pêssego.

Ele bebeu na visão dela. Ela era um pequeno pacote com pernas longas que
pareciam se estender para sempre, apesar de sua baixa estatura. Dedos
delicados ostentavam um esmalte em um tom escuro de vermelho. Seu cabelo
loiro na altura dos ombros estava despenteado após tirar sua camisa e se ele
estivesse no caminho certo, eles logo estariam despenteados além da conta.

"Não é justo", protestou ela, os olhos azuis arregalados. "Eu quero ver alguma
pele." Outra onda de citrus e baunilha provocou o seu nariz, desta vez
escurecida com o aroma inconfundível do puro desejo. Algo sobre ela o
chamou de uma forma que nenhuma outra mulher já havia feito e ele estava
muito fraco para resistir. Ele teve pouco trabalho com as roupas, rasgando sua
camisa e chutando de lado os sapatos, meias e calças jeans.

Seu pênis túrgido apontou diretamente para ela, pedindo para ser acariciado.

Ela se aproximou e estendeu a mão para acariciar o seu ombro direito,


admirando as tatuagens tribais. Ele a deixou explorar, amando seu toque
curioso. Aos poucos, ela avançou ao redor, examinando o desenho em forma
de espiral que se derramava pelas suas costas.

"Isso é lindo. Todos os seus amigos têm um?" Com um dedo, ela contornou o
desenho em seu ombro direito. A silhueta que simbolizava sua fera interior,

161
orelhas planas, as mandíbulas abertas, caninos prontos para rasgar seu
inimigo.

"Sim. Nós o fizemos como uma espécie de memorial."

Ele pensou em como explicar. "Quando fomos atacados por perigosos lobos
shifters no Afeganistão, a maioria do nosso esquadrão foi morto. Pensamos
que as tatuagens seriam um tributo a eles, pelo que nos transformamos e como
nós nunca deixaríamos nossos inimigos pegarem o melhor de nós novamente.
Uma proteção contra o mal, eu acho."

"Será que isso funciona?"

"Não", ele disse suavemente. Agora não era o momento de entrar na


emboscada que tinha dizimado metade da equipe Alpha Pack e o deixara
aleijado.

O massacre pelo qual ele foi parcialmente responsável, porque deixou a mulher
errada atravessar suas defesas. Beryl. Puta traiçoeira. A equipe se recusou a
acreditar que Jax era tão culpado quanto Terry. Mas Jax sabia melhor. Não só
ele tinha confiança em Beryl, o que os levou ao desastre, mas ele teve a
chance de usar seu dom como um Guardião do Tempo quando ele percebeu
que ela os tinha traído e desperdiçou.

Minha culpa. Eu mesmo falhei e ninguém mais.

Impiedosamente, ele empurrou para baixo a culpa horrível e se concentrou em


Kira. Seu cheiro, seu calor pressionando o seu lado. Ele nunca deixaria que
outra mulher segurasse seu coração, mas seu corpo era outro problema. E sua
queimação pela loira angelical com os olhos inocentes azuis. Mas talvez ela
não fosse tão "inocente", como aparentava.

Para seu crédito, ela não fez mais perguntas sobre a tatuagem e qual foi o mal
do qual ele não conseguiu protegê-los. Nem perguntou sobre as cicatrizes que

162
desfiguravam a carne da sua perna direita, embora seus olhos tivessem
pairado brevemente sobre elas. Ela continuou sua jornada, mapeando seu
corpo com aquelas mãos macias como se memorizasse todas as colinas e
vales. As palmas das mãos quentes deslizavam por seus peitorais, brincavam
com seus mamilos.

Eles se impeliram para ela e ele estremeceu involuntariamente, um arrepio


irrompendo em seu peito e braços.

Rindo baixinho, encantada, ela se aventurou mais embaixo, fixando o seu olhar
sobre sua ereção.

Desde o seu murmúrio de aprovação quando ela arrastou um dedo sobre sua
extensão, ela não estava, de fato, corando inocentemente no quarto. Por que
pensar nela com outro homem o fazia querer rasgar algo? Forçando sua mente
para outra linha de raciocínio, ele se concentrou em absorver suas atenções.

Quando ela colocou os dedos ao redor de seu pênis e deu um par de golpes,
ele quase voltou a ter quinze anos de idade, tendo sua primeira transa sob as
arquibancadas. "Deus, Kira", respondeu asperamente. "Na cama, antes que eu
perca o controle."

Ela sorriu, parecendo muito satisfeita consigo mesma. "E se eu quiser que você
perca?"

"Eu vou, quando eu estiver enterrado dentro de você."

O inconfundível cheiro de luxúria se lançou para fora dela, incitando seu lobo
para uma quase insensata emoção.

Sua besta estava arranhando seu intestino, uivando com ele para reclamá-la e
ele segurou o impulso na alcova com um esforço sobre-humano enquanto
arrancava as cobertas. Ela subiu na cama e ele atacou, arremessando-a de
costas.

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Seu grito alegre, que irradiava a luz que havia dentro dela, fez algo engraçado
em seu interior, mas ele optou por ignorar o sentimento. Porque se ele não o
fizesse, podia ser forçado a reconhecer que era muito bom ela estar aqui,
rolando com ele. E a sua consciência não era bem-vinda a esta festa.

Ele sugou e lambeu seus seios enquanto ela passava as mãos em seus
ombros e se contorcia.

Depois, ele seguiu para o sul, beijando seu caminho para baixo da sua barriga
lisa, mergulhava sua língua em seu umbigo e a fazia rir. E então mais abaixo,
até que ele se agachou entre suas coxas, enfiou os dedos em sua calcinha, e
começou a trazê-la para baixo.

Ela se levantou para ele um pouco e ele puxou a seda pêssego por suas
pernas e a tirou, jogando-a longe. Todo o humor fugiu de sua expressão e ela
se abriu completamente para ele, dando-lhe uma visão tentadora que lhe deu
água na boca.

"Oh, sim", ele murmurou. Agachando-se, ele acariciou o seu monte. Deu à sua
pequena fenda uma longa, lenta lambida. Porra, ela tinha um gosto bom, uma
espécie de doce, assim como o seu cheiro. Seu sabor era como ambrosia
explodindo em sua língua e ele a lambeu avidamente, seu desejo egoísta de
extrair até o máximo possível de sua essência quase igual ao seu desejo de
agradá-la.

Ela se contorcia, enterrando os dedos em seus cabelos e apertando o couro


cabeludo. Ele lambeu cada centímetro e depois separou as dobras macias,
apunhalando a língua em sua entrada, fodendo o canal liso quando seus
quadris começaram a se mover, rebolando em seu rosto. Deus, ele adorou!

"Oh! Oh, Jax, sim!"

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"Seu gosto é tão bom, meu anjo." Lambeu. "Malditamente bom, como um
doce."

Jesus, ela era tão maldita receptiva, abrindo-se como uma flor após a chuva.

Ele nunca soube que uma mulher poderia ser doce e sexy, vulnerável e ainda
uma bombinha quando tratada da forma certa. Travando-se em seu clitóris, ele
sugou até que ela tremeu, começando a se desfazer e então se moveu
agachando-se de joelhos entre suas pernas, pronto e preparado.

"Você quer isso?" Ele não tomaria qualquer mulher sem a sua concessão. Ela
teria que deixá-lo saber o que queria, sem chance para enganos.

"Eu quero, mas..." Ela hesitou, a incerteza nublando seu olhar.

"Eu não posso pegar nenhuma doença sexualmente transmissível, nem posso
passar qualquer uma para você", disse ele. "E eu não posso engravidá-la, a
menos que nós fôssemos acasalados. Ainda estamos aprendendo sobre a
nossa espécie, mas os médicos já confirmaram muitas coisas. Eu nunca
colocaria em risco uma amante por não ter certeza."

Kira assentiu, parecendo aliviada. "Tudo bem, então. Sim, por favor."

"Por favor, o quê? Diga."

Ela corou, mas não desviou o olhar. Sua voz estava rouca com o desejo. "Eu
quero você dentro de mim. Agora".

"O prazer é todo meu." Dando-lhe um sorriso malicioso, ele esfregou os dedos
ao longo de suas dobras, espalhando a umidade. "Você está gostosa e
molhada. Tão quente e pronta para mim."

Seu pênis latejou. Ela arqueou os quadris.

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"Sim".

Ignorando o toque de dor em sua perna ruim, ele permaneceu de joelhos, e


trouxe a cabeça de seu pênis para sua fenda. Separou a carne escorregadia e
começou a guiar-se em seu calor. Colocando as mãos sob seu traseiro, ele a
levantou, inclinou-se para frente e enfiou a sua vara profundamente, com um
grunhido gutural de pura felicidade.

"Porra, você é tão apertada, meu anjo."

Seu gemido, a maneira como ela se submeteu a ele, abrindo posse de seu
corpo completamente, eletrificou seu sangue. Aonde seus corpos se juntaram,
a conexão chiou, enviando fogo correndo ao longo de cada terminação
nervosa. Seu mundo se restringiu naquele delicioso fecho da sua bainha de
seda abraçando seu pênis, a pequena loira se alargando para recebê-lo. Para
ele.

Minha.

"De mais ninguém, só minha", ele disse para ela, seu tom não admitindo
nenhum argumento. Ele não sabia de onde as palavras vieram e o estranho
instinto de proteção o confundia mais e mais. Ele não sabia de nada, exceto
que ele sentia que era certo tê-la debaixo dele, enquanto se introduzia em seu
canal apertado. Impulso, longo e lento, todo o caminho até o punho, suas bolas
batendo em sua bunda. Novamente.

"Oh, Jax." Ela se agarrou em seus ombros, enganchando as pernas ao redor


de sua cintura. "Oh, Deus, me foda mais duro!"

Ele bombeou com mais força, cuidando para não machucá-la. Ela retribuiu sua
paixão com igual fervor, parecendo não se importar com um pouco de
aspereza. Na verdade, seu espírito era mais forte do que parecia, evidenciado
por suas mãos cavando em seus músculos, dando tudo de bom que ela tinha.
Quando seus pequenos dentes retos afundaram em seu ombro, tudo o que ele

166
não podia fazer era devolver o favor com seus caninos afiados. Mas ele não
pararia com uma mordida suave. Não, ele afundaria suas presas com
profundidade, e seu sangue teria um sabor tão bom...

Seu controle quebrou e ele endureceu com um grito, esvaziando-se tão


duramente nela que, droga, parecia perto de ficar do avesso. Seus espasmos
logo foram acompanhados por Kira enquanto ela se agarrava a ele com um
grito, ordenhando-o até que ambos estavam gastos e ofegantes.

Depois de um minuto, ele afastou-se dela, não querendo esmagá-la sob seu
peso. Quando ele o fez, percebeu que, a enlouquecedora coceira tinha
apaziguado, mas ele, definitivamente, não tinha. Com medo, ele fez um
balanço, suspeitando que o alívio pudesse ser temporário. Se a coceira não
fosse embora, ele teria que ver Melina para um checkup, gostando ou não. Ele
não queria ouvir o que ele temia, lá no fundo, que ela iria dizer.

Rolando para fora da cama, ele se dirigiu para o banheiro, consciente do olhar
dela seguindo seu progresso.

Ele se limpou rapidamente, amaldiçoando-se quando a luxúria resfriou e a


realidade se estabeleceu. Que maldito idiota ele foi, complicando as coisas
entre ele e seu novo encargo. O que ele estava pensando? Simples, ele não
estava.

Ele deixou que a sua quinta perna pensasse e olha aonde chegou. Entrando no
quarto, ele perguntou o que diabos iria dizer. Ele emperrou na conversa fiada e,
na verdade, conversar nunca tinha estado no topo de sua agenda quando uma
bela mulher enfeitava sua cama.

Kira estava deitada de costas, o lençol puxado modestamente sobre a sua


nudez. Ela o estudou com tanta cautela quanto ele, como se não tivesse
certeza do que dizer. Mas ela deu-lhe uma facada.

"Você foi fantástico. Eu me sinto como um macarrão mole."

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Ele não podia ajudar, mas se envaideceu um pouco. "Obrigado. Você foi
incrível mesmo."

Eles olharam um para o outro, um silêncio constrangedor se estendeu entre


eles. Sentando-se, Kira suspirou e empurrou uma mecha de cabelo loiro de seu
rosto. O lençol caiu revelando um mamilo rosado.

"Olha, isso foi divertido, mas não pense que eu vou ficar toda pegajosa em
você. Eu percebi que éramos dois adultos consentindo em deixar sair alguma
pressão e eu estou bem com isso."

Jax olhou para ela, lançado em uma volta. "O quê?"

"Eu quero dizer, a última coisa que eu pretendo fazer é colocar pressão sobre
seus relacionamentos por aqui e, apesar do que eu disse antes sobre enroscar
meu caminho através da equipe, eu não pretendo ser a puta residente." Ela
deslizou para fora da cama e começou a caçar suas roupas. "Portanto, isto foi
fantástico, mas vamos deixar por isso mesmo. Certo?"

"Uh, com certeza." Ele deveria estar aliviado por ela estar desenganchando-o
tão facilmente. Por que não estava?

Localizando sua calcinha, ela colocou-a e pegou o sutiã. "E agora que você já
eliminou sua coceira, eu estou assumindo que a coisa possessiva 'não me
deixe sentir o cheiro de outro homem’ não deve mais ser um problema para o
lobo."

Ele piscou para ela. "Você está me perguntando ou me dizendo?"

Agarrando seu jeans emprestado, ela encolheu os ombros. "Pedindo, eu


suponho.”

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Observando-a se vestir, ele se deparou com a questão. Ele seria fino e
elegante com a ideia de que ela, de repente, estaria fedendo com o cheiro de
outro homem? Com o conhecimento que ela havia sido tocada,
prazerosamente, por outra pessoa?

Seu lobo se eriçou, rosnando de forma ameaçadora dentro dele.

"Eu não sei o que aconteceu comigo antes", disse ele, se esforçando para
parecer casual. "Não é da minha conta com quem você passa o seu tempo."

Sua pele ficou arrepiada, a queimadura da coceira piorou e o alívio,


aparentemente, chegando ao fim.

Suas próprias palavras pareciam ácido em sua língua e ele ficou parado como
uma estátua, forçando para baixo a raiva do seu lobo. E não era só a besta que
estava infeliz, percebeu, seu lado muito humano estava chateado como o
inferno com a sua calma despedida da aventura e, pior ainda, a sua própria
estupidez em concordar com ela.

"Estou feliz que tenhamos esclarecido", disse ela.

Mas um flash de que algo poderia ter sido ferido nublou seus olhos e, então, foi
encoberto, enquanto ela se sentava na beira da cama e se abaixava para
amarrar seu tênis.

Com prejuízo, Jax agarrou suas roupas, bem como, escondeu suas emoções
conflitantes. Ele sabia que ela estava certa, a sua possessividade era nada
mais do que um subproduto da sua besta flexionando seus músculos, mas por
algum motivo isso não o fez sentir-se melhor.

"Como você machucou sua perna? Se você não se importa que pergunte."

Ele se importava, muito. Mas ela estava olhando para ele com tal preocupação
honesta, não pena, que ele se encontrou respondendo. "Seis meses atrás,

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minha equipe foi emboscada e cinco de nós foram abatidos. A perna mutilada é
a minha lembrança daquela noite. Acho que tive sorte.” O sarcasmo amargo
em sua voz não foi perdido por nenhum deles.

"Eu sinto muito", disse ela suavemente. Seus olhos se encontraram com os
dele. "Mas eu pensei que você tinha dito que os shifters eram quase
impossíveis de matar."

"Quase é a palavra. Mas fomos atraídos para um prédio abandonado e


baixamos a guarda quando vimos que estava desocupado. A próxima coisa da
qual tomamos conhecimento era que balas estavam voando. As de prata.”

Relembrar o horror o fez engolir em seco. Gritos de agonia, seus amigos


caindo. Contorcendo-se no chão de concreto frio. Criaturas diferentes de todas
que eles já haviam visto, como se evocadas do pior dos seus pesadelos,
mergulhando das vigas.

Berrando em alegria obscena quando rasgavam carne e osso, rasgando-os em


partes.

Sangue por toda parte, correndo como um rio.

"Jax?"

Sacudindo-se da terrível lembrança, ele percebeu que ela tinha se levantado e


estava acariciando seu braço. "Eu estou bem. Isso só me pega de surpresa, às
vezes."

"Seis meses não é muito tempo para se curar, seja fisicamente ou


emocionalmente. Peço desculpas por trazer à tona um assunto tão doloroso."

"Não foi sua culpa", assegurou a ela. "De qualquer forma, não poderíamos nos
transformar para nossos lobos por causa das balas de prata. Prata desliga
nossos sistemas e é angustiante, não importa a forma que estamos. Enquanto

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estávamos incapacitados, essas criaturas atacaram. Bastardos com pele de
couro negra, com mandíbulas escancaradas e dentes afiados. Tudo o que eu
podia fazer era ficar ali enquanto eles nos fatiavam e picavam."

Ela estremeceu. "Demônios?"

"Não. Nenhum de nós nunca tinha visto nada como eles. Quatro de nós
sobreviveram: eu, Zander, Aric e Ryon. Zan escapou do pior do ataque e curou
três de nós o melhor que podia. Quase se matou tentando salvar os outros. Eu
acordei de volta na enfermaria e soube que o resto estava morto, incluindo o
nosso líder, Terry Noble."

"Então, Nick e Hammer entraram como os caras novos", ela terminou.

"É. Eles se adaptaram direito e Nick é um bom chefe. Diferente de nós, porém”,
ele disse, ansioso para dirigir o tópico para longe do massacre.

"Como assim?"

"Ele nasceu um shifter, não foi feito. Ele também é um raro lobo branco e um
Precog. Tudo isso fez dele o objeto favorito de estudo dos médicos aqui do
Instituto."

"Eu aposto". Sua expressão se iluminou com interesse.

"Compreender a sua fisiologia e a sua linhagem deve percorrer um longo


caminho para ajudar os médicos a aprenderem sobre o ciclo de vida de sua
espécie. Como ser um shifter reduz ou aumenta o seu tempo de vida, o que
acontece quando você toma uma companheira e tenta ter uma criança, todos
esses tipos de coisas."

Acasalamento. Outro assunto que ele não queria discutir, embora ele tenha
aberto o assunto antes de fazerem amor, na tentativa de aliviar suas
preocupações. Mas ele tinha que falar sobre isso com mais profundidade

171
quando visse a doutora e ele deveria ir em breve, se ele quisesse falar com ela
hoje.

Em poucas horas, eles sairiam para demarcar o cemitério e esperar o cara


gótico aparecer. Ele acenou com a cabeça. "Eles estão estudando tudo o que
podem sobre o que nos faz funcionar, e eu acho que você vai ajudar com a
pesquisa e testes. Quando você não estiver fazendo algo agradável com seus
novos amigos do Bloco R."

"Eu acho que vou aprender mais depois que eu vir a Dr. Mallory." Ela inclinou a
cabeça, curiosa. "A propósito, qual é a criatura 'má' que está hospedada no
momento no Bloco T?"

Seus olhos se estreitaram. "Quem lhe falou sobre isso?"

"Zander. Ele também me disse para não ir para lá por qualquer motivo."

O melhor caminho a seguir, Z-Man. Agora, com certeza, Mary Sunshine*


tentaria entrar lá, seu idiota. "Ele está certo, não pense em encontrar o Bloco T.
Nenhuma das criaturas que vai para lá pode ser reabilitada, e nosso hóspede
no momento não é exceção."

"O que ele é?", repetiu.

Droga. A mulher era teimosa quando queria uma resposta.

"Durante o massacre, uma das criaturas que nos atacou ficou ferida. Seus
amigos a deixaram para morrer e ela terminou aqui como nossa prisioneira na
esperança de obter informações de quem montou o ataque. Ela pode ou não
se comunicar ou se recusa. Não temos certeza de qual das duas."

* Personagem de um filme que mistura drama e comédia, no qual o amor da


menina transforma positivamente as pessoas ao seu redor.

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"Você sabe, eu consegui que Sariel falasse quando ninguém mais pôde. Talvez
eu pudesse."

"De jeito nenhum, porra!" Ele praticamente gritou. "Mantenha a sua parte
intrometida longe desse pedaço de merda ou vou colocá-la sobre o meu joelho
e bater em sua bunda até que você não possa se sentar por uma semana."

Afastando-se dele, ela endureceu com raiva.

"Um simples ‘não’ seria suficiente. Eu sou perfeitamente capaz de seguir


regras."

"Diz a mulher que furtou algo de seu empregador, há, não menos, do que vinte
e quatro horas", ele disparou de volta.

"Eu expliquei por que eu peguei essas amostras e foi uma coisa boa o que eu
fiz, já que algo muito estranho está acontecendo lá e que é ainda mais
estranho do que o que se passa aqui. Agora, se me dá licença, minha parte
intrometida tem negócios urgentes com a minha nova supervisora.”

Passando por ele, ela saiu do quarto.

"Ei, espere! Kira, me desculpe!"

Alguns segundos depois, a porta de seu apartamento bateu e ele ficou sozinho.
"Bem, foda-se!"

Até mesmo Mary Sunshine tinha seus limites, parecia.

Este não foi o modo como ele imaginou o fim do seu interlúdio. Mas foi
provavelmente o melhor. Ele nunca quis ligar-se a nenhuma amante, ainda
mais desde que seu último relacionamento tinha sido desastroso. Nada de bom
pode vir de alguém tão verdadeiro como Kira.

173
Passando na sala, ele tentou decidir o que fazer a seguir. Kira estava em seu
caminho para se encontrar com Melina, de forma que a própria visita de Jax
com a médica teria que esperar. Talvez ele visse se Zan queria fazer algum
treinamento no ginásio.

Nada como um pouco de banho de sangue amigável para manter sua mente
longe da loira bonita. Porém, ele já sabia quais as chances de a distração ser
completamente bem sucedida. Droga!

***

"Intrometido", ela xingou, fugindo da perseguição de Jax tão rápido quanto


seus pés podiam carregá-la. "Idiota insuportável. Aonde é que ele iria gritando
comigo?"

Ela estava curiosa. Então, o que? E se essa característica indesejável a ajudou


a descobrir algo ilegal ou imoral, então não era de todo ruim. Não, seu maior
problema no momento era que Jax parecia estar acreditando que tinha o direito
de dizer a ela o que fazer. Quando gritavam, então, ela sempre tinha a
tendência de se fechar.

Seu pai tinha sido um que gritava quando transmitia o seu desagrado sobre
qualquer coisa, não importava quão pequena fosse. Ela e sua mãe tiveram que
suportá-lo quando Kira estava crescendo e sua mãe ainda tinha que aguentar
suas provocações.

Mas Kira não tinha que aceitar isso de Jax, ou de qualquer outro homem. Deus,
se ela pudesse esquecer o toque dos seus músculos sob suas palmas. A forma
como ele se movia dentro dela, tomando o controle. Possuiu seu corpo como
nenhum amante já o havia feito.

"Kira? Posso caminhar com você?"

174
Parando no caminho, se virou para ver Sariel fechar a porta e caminhar em
direção a ela. Foi atingida novamente pela sua beleza etérea, tão diferente da
potência rústica do sexo masculino de Jax, mas não menos eficaz.

Se não fosse por Jax... Não! Ela não iria para lá, não com o Seelie e não com
Jax, nunca mais. Ela tinha sido uma tola por cair em sua sedução, sabendo
muito bem que era uma substituta para sua ligação fracassada com outra
pessoa.

"Claro. Eu estou indo ver a Dr. Mallory. O que me lembra que, supostamente,
eu tinha que ter ligado primeiro."

Alcançando-a, ele sorriu. "Gostaria de usar minha caixa de comunicação?"

"Seu telefone", ela corrigiu, rindo.

"Sim, aquela coisa."

"Poderia também." Ela já ia sugerir usar seu próprio telefone, já que a sua porta
era mais perto, mas Jax escolheu esse momento para deixar seu apartamento
e os viu. "Seu quarto, então."

Ok, isso foi, provavelmente, maldade dela, falando suficientemente alto para
Jax ouvir. Mas ele precisava chegar ao ponto. Ela não iria seguir ordens no que
dizia respeito aos seus interesses pessoais. Mesmo que ele fosse quente o
suficiente na cama para colocar os lençóis em chamas.

Ela estava feliz por sua habilidade psíquica não ser a de atear fogo porque o
olhar que ele deu a ela e a Sariel quando passou por eles teria fritado ambos
em seus sapatos.

Erguendo o queixo, ela arrastou o Fae até seu quarto e caminhou até o
telefone, verificando a lista de ramais. Encontrando o número correto, ela
digitou os números e esperou a doutora atender.

175
"Dra. Mallory."

"Oi, hum, aqui é Kira Locke. Eu sei que é cedo, mas eu queria saber se você
teria tempo para me ver antes do almoço." Ela olhou para seu novo amigo
pairando perto. "Sariel, também."

Houve uma pausa e o som de papéis sendo embaralhados. "Eu estava


terminando um par de testes, mas devo estar livre em dez minutos ou menos.
Eu vou vê-la primeiro, depois ele. Será que funciona?"

"Sim, isso é ótimo. Obrigada."

"Você é bem-vinda. Vejo vocês em poucos minutos."

Kira desligou e colocou o telefone na base. "Ela vai nos ver em dez minutos. Eu
primeiro, depois você." Ela olhou para Sariel e sentiu um tremor de ansiedade
rolar dele, apesar de sua expressão plácida. "Não se preocupe. Ela parecia
mais calorosa do que quando nos conhecemos antes."

Sua testa franziu. "Mais calorosa? Ela estava com frio?"

Ela olhou para o príncipe por um par de segundos antes de perceber que ele
tinha tomado suas palavras literalmente. Não querendo ferir os seus
sentimentos, ela sufocou uma risadinha. "Não. O que eu quis dizer é que ela
não parecia tão hostil."

Sua confusão foi limpa, mas não o seu medo. "Ah. Bem, acho que isso é bom."

"Sariel, eu não acredito que qualquer um de nós precisa se preocupar em estar


em perigo aqui. Essas pessoas estão apenas tentando proteger o mundo do
mal."

176
"Não são as pessoas aqui que me preocupam", disse ele, os olhos dourados
escurecendo. "E ninguém será capaz de me proteger de Malik quando ele
descobrir onde estou escondido. Ele vai me destruir e, se eu tiver sorte, ele vai
permitir que eu morra."

Suas palavras, efetivamente, enviaram um arrepio através dela. Ela desejava


oferecer-lhe conforto, mas sabia que ele não gostaria de receber promessas
vazias que ela não tinha condições de fazer. "A equipe Alpha Pack vai fazer o
seu melhor, não tenho dúvida. Nós temos que acreditar que é o suficiente."

Seu sorriso foi acompanhado por uma onda de tristeza que a fez querer chorar.
"Talvez será." Mas ele não acreditava nisso. Sariel esperava morrer nas mãos
de seu próprio pai. Sua caminhada ao consultório do Dr. Mallory, do lado da
enfermaria, foi tranquila, pontuada apenas por seus passos e o farfalhar
ocasional de suas asas.

Dando-lhe um olhar curioso de soslaio, ela notou que seu porte real nunca
vacilou apesar do assalto de emoções que o golpeou. Ao contrário de antes,
quando ela o tinha visto calmamente se desmoronando em sua cela. Isso não
podia ser bom.

Como poderia o seu povo tê-lo mandado tão insensivelmente embora? Ela
gostaria de dar aqueles tensos esnobes, mais pareciam covardes, um pedaço
de sua mente.

Eles encontraram o consultório da Dra. Mallory sem incidentes, graças a uma


enfermeira que estava indo para o mesmo caminho. O consultório da doutora
estava localizado na enfermaria que ela tinha encontrado antes, passando a
área de recepção e um corredor curto.

A porta foi aberta e Kira deu uma espiada para ver a mulher inserir algum tipo
de informação em seu computador. Com a batida de Kira, ela olhou para cima
e, em seguida, se levantou. "Entre," ela convidou. Seu tom de voz era bastante
agradável, embora reservado.

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"Sariel pode esperar na área de recepção."

Kira olhou para o príncipe, que apenas deu de ombros e voltou-se para fazer o
que a doutora disse. Estranho, mas agora suas emoções não estavam vindo
através de tudo. Como se tivessem sido bloqueadas por trás de uma parede
invisível. Agora não era o momento de tentar decifrar o enigma, no entanto.

Fechando a porta atrás de si, ela sentou-se e esperou que a Dra. Mallory
começasse a reunião. A outra mulher foi direto ao ponto. "Eu tive uma conversa
com Nick," ela começou, sentando-se e brincando com uma caneta
esferográfica em uma mão.

Eu apostaria que você teve. Seus olhos escuros prenderam Kira no lugar
enquanto ela continuava. "Vamos deixar uma coisa bem clara. Sem dúvida,
Nick é o chefe e tem total influência sobre o composto e os seres sob nossos
cuidados. Ele pode até mesmo decidir se os estrangeiros podem receber
santuário aqui."

Oh! E eu aposto que ele apenas chutou sua bunda, né? Mas Kira manteve a
boca fechada.

"Mas eu sou a chefe de gabinete do Instituto de Parapsicologia e tenho a


palavra final sobre quem se junta a minha equipe, não Nick."

A médica fez uma pausa, aparentemente esperando algum tipo de resposta.


Kira ergueu o queixo e encontrou o olhar da mulher de frente, recusando-se a
ser intimidada.

"Ele nunca disse o contrário. Ele apenas perguntou se eu estaria interessada


em ajudar no laboratório e com os moradores do Bloco R e disse que, se assim
fosse, eu teria que passar por uma verificação de antecedentes e você teria
que concordar em me conduzir."

178
Bem, ela não se lembrava de Nick mencionar a Dra. Mallory pelo nome, mas
percebeu que tinha que omitir isso. Este último pedaço de informação pareceu
apaziguar a mulher dura, sua postura relaxando um pouco e a dureza de seus
olhos amolecendo um pouco.

"Isso foi o que ele me disse também."

Ela não acreditou nele? Hum, atrito entre a boa doutora e Nick.

O que foi aquilo? Ela inclinou a cabeça.

"Ele também me enviou algumas amostras extremamente interessantes que


você liberou do seu antigo empregador."

"Ele disse por que eu as peguei?"

"Sim. Eu estou disposta a dar-lhe o benefício da dúvida porque Nick insiste que
você vai desempenhar um papel vital aqui e eu tenho que admitir que ele tem
como saber. Pelo que tenho visto até agora, com o seu progresso espantoso
com Blue, eu estou inclinada a dar-lhe uma chance."

"Sariel," ela corrigiu automaticamente.

A mulher não se sentiu ofendida. "Certo. Mas de volta para as amostras. Eu


acreditava que elas eram de seres humanos, num primeiro momento, mas
alguns marcadores interessantes se apresentaram. Eu, então, chamei dois
assistentes e estamos trabalhando para verificar o que é, exatamente, que
você trouxe para nós."

"Por que Jax e Nick, você sabe, não podem fazer as suas coisas místicas nelas
e encontrá-las?"

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A médica deu-lhe um olhar fixo penetrante que foi suficientemente eloquente
sobre o quão idiota a pergunta tinha sido. "E se eles manusearem o tecido, e
falharem em obter uma leitura?"

Kira corou. "A amostra será provavelmente prejudicada."

"Não só isso, mas você tem alguma ideia dos efeitos adversos em seu corpo
quando eles usam seus poderes psíquicos? Em alguns casos, isso pode deixá-
los esgotados por dias. E se eles são chamados para lidar com um canalha?
Pode ser mortal."

"Mas, com todo o respeito, a ciência não pode nos dizer tudo", disse ela, com
cuidado para manter seu tom respeitoso. "Não se pode sempre contar a
história ou o processo de investigação é tão lento, que o momento crítico é
perdido."

"Bem, isso é o que ainda nos faz todos humanos, não importa os nossos dons",
a médica respondeu suavemente. "Nós todos temos que fazer o nosso
julgamento e aprender a viver com ele."

Kira se perguntou com quais decisões a Dra. Mallory estava tentando viver. "E
quanto a mim? Você vai me dar uma chance ou eu preciso mendigar para Nick
para um trabalho lavando banheiros?"

Pela primeira vez, a boca da outra mulher se curvou com humor. Uma pequena
bicada na casca. "Tenho certeza de que não será necessário. Reporte-se a
mim amanhã de manhã, após o café. Você pode observar, enquanto
continuamos a testar suas amostras e vemos o que encontramos. Suas tardes
serão livres para trabalhar com seus novos encargos no Bloco R." Ela se
levantou, concluindo a reunião.

"Obrigada." Ela ofereceu à doutora sua mão e recebeu um vigoroso aperto.


"Envie-me o Blue, Sariel, quer dizer, se você não se importa. Eu gostaria de
falar um pouco com ele e, em seguida, fazer-lhe um check-up."

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"Claro."

Quando ela foi buscar Sariel, ponderou sua conversa com a doutora. Estranho!
Cada pedacinho de suas emoções tinham sido tão vigiados tanto quanto os do
Seelie foram há poucos minutos. Impenetráveis. E eu devo ser louca,
pensando que podia ler emoções, de repente!

Ela fez uma nota para perguntar à Dr. Mallory sobre isso amanhã, entre outras
coisas. Sariel ficou de pé, rapidamente, mascarando a trepidação que brilhou
em seu rosto quando ela se aproximou.

"Relaxe", ela disse ao seu novo amigo. "Ela só quer falar com você e então ver
se você está saudável. Ok?"

"Se você insiste," ele administrou. "Eu vou confiar em você."

"Quer que eu espere até você terminar?"

Não havia dúvida no alívio profundo quando ele respondeu. "Se você não se
importa."

"Sem problema."

Ele tentou um sorriso e depois passou por ela, de cabeça erguida, como se
fosse o seu julgamento. Mas ela não estava preocupada. Dra. Mallory podia
não ser toda merdas e risos, mas ela parecia justa. Talvez a doutora só
precisasse transar. Pensando em Jax e onde esse pensamento a tinha levado,
ela fez uma careta. Então, novamente, talvez não.

181
OITO

"Cuidado! Apoie-se com a perna esquerda, não com a direita!" Jaxon lutou para
se alavancar, lutando uma batalha perdida, tanto com Zan quanto com sua
própria maldita perna parasita. Ele queria gritar com Aric que estava tentando,
gentilmente, mandá-lo se foder, mas ele não podia berrar com o amigo e
respirar através da dor, ao mesmo tempo.

O suor escorria pelo seu rosto e pelos flancos e sua perna mutilada tremeu
quando Zan usou sua posição para tirar vantagem, curvando Jaxon para trás
para forçá-lo a deslocar seu peso para o membro.

Zan o tinha em um abraço de urso, seu aperto tão poderoso e indestrutível


como o de um urso pardo. Tudo o que ele tinha que fazer era ser paciente e
derrubar Jax, levando-o à exaustão. Foi patética a rapidez com que ele tinha
feito isso.

Então, de repente, Zan esmoreceu, afrouxando o aperto.

Distraído pelo alívio de ser capaz de se endireitar, pensando que sua luta tinha
acabado, Jax foi tomado completamente de surpresa quando Zan desfechou
um chute rápido em sua perna ferida.

"Aaah, porraaaa!", ele gritou, a agonia varrendo através de seus músculos


como um maçarico. A perna dobrou e ele caiu com força. A esteira grossa de
ginástica amorteceu sua queda. Para sua vergonha, ele não podia fazer nada,
apenas se contorcer na esteira, respirando com dificuldade e batendo o punho,
enfrentando as ondas de enjoo subindo em sua garganta.

182
“Ei, golpe baixo!", Aric gritou. Jax mal tinha consciência do ruivo saltando de
seu lugar nas arquibancadas e correndo para empurrar Zan. "Que diabos, seu
babaca?”

Zan o ignorou e levantou o polegar e o indicador, como se apontasse uma


arma entre os olhos de Jaxon. "E bum, você está morto."

Aric empurrou Zan novamente e olhou direto em seu rosto. "Eu estou falando
com você, pinto fino. O que você quer com essa besteira? Era pra você,
supostamente ser o seu melhor amigo e você o colocou no chão, como um cão
de merda!"

Jaxon não estava certo do que o surpreendeu mais: Zan fazendo apenas o que
Aric disse ou Aric pulando em sua defesa. Não foi apenas esta manhã que ele
tinha arrancado um pedaço do lobo vermelho por ficar muito acolhedor com
Kira? E aqui estava o homem pronto para fazer o mesmo com Zan por desferir
o golpe baixo.

Os dois homens olhavam um para o outro quando Zan respondeu. "O que você
acha que um demônio faria na batalha? Ou alguém com uma arma? Desculpar-
se e oferecer-se para beijar seus dodóis? Tome uma atitude, cara. Nós não
podemos ajudá-lo a melhorar suas habilidades mimando-o."

Aric curvou o lábio. "Mas você não é o inimigo, caralho. Ele não vai melhorar
com você batendo no ferimento."

"Eu discordo."

"Por que você não vai dar um tiro em alguém que pode chutar sua bunda?"

Jesus. Sentando-se com uma careta, Jax estendeu a mão e tocou a panturrilha
de Aric. "À vontade, soldado. Ele está certo. Vocês me ajudam, não é?"

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A dupla ficou se encarando alguns segundos a mais. Aric cedeu primeiro e
aproximou-se para emprestar-lhe uma mão. Zan pegou a outra e, juntos, eles o
puxaram para ficar de pé. Outro raio de dor disparou através do membro
reclamando, mas ele conseguiu se firmar por breves instantes, segurando o
ombro de Zan.

Ele assentiu, sob seus olhares indagadores. "Eu estou bem. Vou tomar um
banho e ver Melina antes do almoço."

"Cristo, Jax, eu te feri tão mal assim?" Zan perguntou com os olhos
arregalados. "Deus, desculpe-me!"

"Não", ele disse com uma risada curta e sem humor. "Algo totalmente
diferente."

"O que está acontecendo?", perguntou Aric, que estava franzindo a testa com
preocupação. "Você está doente?"

"Não penso assim." Ele fez uma pausa. "Não tenho certeza. Eu tenho essa
coceira me queimando..."

"Uau." Zan deu-lhe um sorriso provocante. "Pensei que você não poderia mais
ter estes tipos de doenças."

"Ha-ha, muito engraçado. Não é esse tipo de coceira, mas é tudo mais, sob a
minha pele. Não erupção cutânea ou qualquer coisa, mas isso está me
deixando louco." Especialmente quando ela está por perto e, então, eu tenho o
desejo insuportável de mordê-la. Mas ele se absteve de dizer-lhes essa parte.

Zan passou a mão pelo seu cabelo preto. "Hum. Bem, se alguém pode
descobrir isso, esse alguém é Melina. Deixe-nos saber que você está bem
depois de falar com ela."

"Pode apostar. Levem-me até lá fora?"

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Ele realmente não precisava de qualquer ajuda, mas não estava disposto a
deixá-los lá sozinho para possivelmente entrarem em outra discussão. O
temperamento inflamável de Aric seria sua queda um dia. No corredor, na
interseção que levava para seus aposentos, no entanto, ele não teve opção, a
não ser deixá-los à própria sorte enquanto se dirigiam para a sala de
recreação. Pelo menos os dois pareciam calmos agora. Eles podiam lidar com
suas diferentes opiniões como adultos.

Ele esperava.

Em seu quarto, ele tirou a roupa e tomou banho sem pressa, deixando a água
quente cascatear sobre seus músculos doloridos. Apoiando as mãos contra o
azulejo, ele abaixou a cabeça e lutou contra os sentimentos de inutilidade que
ameaçavam assumi-lo. Ele não era bom para a sua equipe nesta condição,
mas Nick se manteve firme contra ele desistir do Alpha Pack.

Deus sabe por quê. O patrão tinha suas razões e Jaxon tinha certeza que não
queria estar a par delas. Uma voz pequena e insistente em seu cérebro
lembrou-lhe que ele tinha manipulado muito bem os bastardos que atacaram
Kira. Na forma de lobo, ele não estava fraco.

Não era por menos. Mas como ela, ou qualquer outra mulher, poderia amar a
besta, assim como o homem? O que o fez levantar a cabeça, os olhos
arregalados. Amor? Não.

Hã, hã. Nem agora nem nunca. Luxúria? Que venha. E Kira era boa demais
para ser usada dessa forma. Seu pequeno coração mole iria se quebrar
completamente, suspenso assim como o dele. Ela merecia coisa melhor.

A coceira maldita retornou no mesmo momento, agarrando-o como vingança.

Braços, pernas e tronco, ele inspecionou cada centímetro e, nada. Gemendo,


ele coçou como um louco, só para perceber que fazia piorar um milhão de

185
vezes e aumentava a sensação de queimação. Ainda assim, sua pele estava
totalmente sem mácula.

"Filha da puta!" Batendo no difusor para desligar a água, ele abriu a porta de
vidro e pisou no tapete. Então ele pegou a toalha pendurada na barra nas
proximidades e se secou, correndo para o quarto para colocar um jeans fresco
e uma camiseta que tinha a escrita O CALOR QUE EU ESTOU SENTINDO É
JUSTIFICADO, sem realmente prestar atenção ao que tinha escolhido.

Em seguida, ele estudou-se no espelho, perguntando se devia mudar a camisa.

Ele sorriu. Não. Seu bom humor durou pouco enquanto ele mancava em
direção ao escritório de Melina. Ele provavelmente deveria tê-la chamado
antes, mas ele estava com uma pressa muito grande para poder parar. Não
fazia diferença se ela estava ocupada ou não, ele tinha que vê-la e conseguir
algo para parar a coceira antes que perdesse o que restava de sua mente.

Mancando para a área de recepção, viu Kira sentada em uma cadeira


folheando uma revista, mas parou apenas o tempo suficiente para latir para a
recepcionista jovem, "a Dra. Mallory está lá?"

"Sim, mas espere! Ela está com um paciente!"

Merda difícil. Ele estava morrendo. Apressando-se para seu escritório, ele
encontrou a porta aberta, o espaço vazio. Ela devia estar em uma das salas de
exame, então. Indo de quarto em quarto, teve a presença de espírito para bater
antes de abrir as portas. No quarto, ele encontrou a doutora de pé ao lado do
príncipe Fae, que estava sentado em uma mesa de exame.

O papel branco debaixo dele amassou enquanto desviava o olhar da doutora


para Jaxon. Seu movimento alertou Melina, que estava segurando uma bola de
algodão com força na dobra de seu cotovelo. Olhando por cima do ombro para
Jaxon, ela lhe lançou um olhar de aborrecimento e, em seguida, virou-se para
seu paciente.

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"Eu vou colocar um Band-Aid sobre isso. Deixe-o um tempo, até o
sangramento parar."

"Tudo bem." O príncipe deu-lhe um sorriso.

"Isso não foi tão ruim quanto eu temia."

"Normalmente, não é." Jaxon assistiu com espanto ela sorrir para o homem em
troca.

Ainda havia uma mulher aconchegante sob os espinhos do cacto, depois de


tudo. Quem diria? Ele esperou pacientemente enquanto ela deu um tapinha no
braço de Sariel em um gesto reconfortante e, em seguida, recolheu um frasco
de líquido azul safira do balcão próximo.

"É o seu sangue?", ele perguntou, erguendo as sobrancelhas.

"Sim", ela retrucou. "Não que isso seja problema seu. Isto é um encontro social
ou você está tendo algum problema?"

"Um problema".

"Espere na sala de exame dois, enquanto eu termino." Ela apontou o caminho


com uma dispensa brusca.

Ela estava chateada, mas ele estava se sentindo desgraçadamente miserável


para tomar cuidado. Ele andou duas portas para baixo e caminhou pelo quarto
vazio, ouvindo a conversa enquanto ela concluía o negócio com seu paciente.
Ele não queria escutar, mas mesmo com o carpete, a acústica proporcionava-
lhe cada palavra.

"Ok, eu vou fazer mais alguns testes que eu ainda não fiz em você, na sua
maioria para pesquisa, para estudar e registrar como o sistema dos Fae
machos funciona. Como ele se compara com os humanos e os shifters."

187
"Tudo bem."

"No entanto, alguns deles vão me dizer o que eu já sei. Como o fato de que
você perdeu muito peso. Você tem que começar a comer, mesmo que você
não queira, a fim de recuperar sua energia e recuperar sua saúde."

"Eu vou tentar", ele disse com uma voz grave. "Mas, como eu disse, não como
carne ou qualquer outra coisa que já experimentei e me fez ficar doente. O que
não faz sentido, porque os legumes não são tão diferentes, pelo que eu já vi."

"Nós vamos trabalhar nisso. Agora, quanto a você tentar tirar sua própria vida?
Preciso me preocupar que você tente isso de novo?"

"Não! Por minha honra, eu não vou." Ele parecia sincero e envergonhado. "Eu
estava me sentindo como se eu tivesse perdido tudo. Mas eu posso ver, talvez,
que isso não é verdade."

"Não é verdade. Você tem amigos aqui, se você quiser e eu acho que você vai
ficar bem. Mas venha me ver imediatamente se aqueles sentimentos
depressivos voltarem."

"Eu venho."

"Ótimo. Assim que eu terminar com Jax, eu vou falar com a cozinha e fazê-los
preparar alguns outros pratos para você experimentar. Se isso não funcionar,
vou continuar a cavar até chegar ao fundo disto, eu prometo."

"Obrigado, Doutora."

"Melina, por favor", ela disse suavemente.

Oh-oh! Jaxon parou a meio passo e sorriu, perguntando-se se o cara tinha


alguma ideia do presente que tinha acabado de cair em seu colo. Se não, ele
logo descobriria se as coisas ficassem próximas e pessoais entre eles.

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"Sariel." Ele fez uma pausa, depois acrescentou: "Mas você pode continuar a
me chamar de Blue, se você quiser."

"Eu continuarei, então."

Isto estava ficando mais e mais interessante.

Pena que a doutora estava caminhando com ele para fora, terminando o drama
fascinante. Quando chegaram à sala onde Jaxon estava, ela parou por ali e
disse que ia vê-lo novamente em breve. Sariel agradeceu novamente e saiu.

Ela entrou e fechou a porta. "O que é tão importante que você invadiu meu
exame com outro paciente? E é melhor que seja bom, porque não parece que
você esteja morrendo", disse ela, olhando-o.

"Não, mas eu sinto que eu estou", ele murmurou, carregando sua alma em
pedaços. "Cristo, Melina, estou comichando essa merda toda de novo. E olhe
para mim." Ele abriu os braços e, em seguida, puxou a barra de sua camiseta
para que ela pudesse ver o seu estômago. "Sem irritações, nada."

"Você esteve em contato com alguma planta estranha ou não identificada,


talvez enquanto corria na floresta?"

"Não, e eu tenho certeza que teria notado."

A médica franziu a testa, sua irritação desaparecendo.

"Tire a camisa."

"Você não vai encontrar nada." Mas ele obedeceu e ela o circulou, balançando
a cabeça em concordância. "Você está certo. Claro como um sino". Agarrando
seu estetoscópio, ela apontou para a mesa de exames. "Vamos começar com

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os parâmetros padrão, como coração, pulmões e garganta. Você já tirou a
temperatura?"

"Não. Eu não me sinto quente e shifters não podem adquirir doenças de


qualquer maneira." Ele se moveu para a superfície coberta de papel.

"Isso foi o que fomos capazes de aprender", ressaltou. "Essa regra pode se
aplicar apenas às doenças sexualmente transmissíveis." Depois de ouvir o seu
coração e os pulmões, ela tirou o instrumento de seu pescoço e colocou-o
sobre o balcão. Em seguida veio a espátula de língua. "Limpo até agora. Abra."
Ela colocou a coisa desagradável de madeira dentro o suficiente para alcançar
seu maldito cólon e empurrou para baixo. "Hum... Há alguma vermelhidão e
inchaço. Sua garganta está doendo?" A espátula saiu e ela jogou-a na lata de
lixo.

Engolindo em seco, ele fez uma avaliação. "Um pouco. Eu realmente não tinha
notado até que você perguntou. Não está ruim, entretanto."

"Numa escala de um a dez?"

"Uh, dois."

"O que significa que é realmente um três ou quatro, sabendo que vocês nunca
admitem a porcaria, mesmo quando estão jorrando sangue."

Sabendo que a doutora estava certa, ele não discutiu quando ela abriu uma
gaveta e retirou um frasco e uma seringa selada em uma embalagem estéril.
"Eu vou pedir para um dos meus assistentes verificar os testes usuais: a
contagem de células, os níveis de hormônio, a tireoide, etc. Vamos colocar
pressa nisso. Deve estar pronto até amanhã."

"Melina... Eu preciso lhe fazer algumas perguntas. Como um paciente",


esclareceu ele. Todos eles trabalhavam, de certa maneira, tão próximos,

190
vivendo juntos por anos, que a incluía entre seus amigos. Poderia ter sido
pessoal, mas desta vez não foi.

"Nós vamos conversar no meu escritório depois disso. Eu tenho perguntas para
você, também."

Ele estudou seu rosto angular enquanto ela habilmente esfregava a pele na
dobra do cotovelo com o álcool e, em seguida, abria o pacote contendo a
seringa. Uma franja preta enquadrava sua testa e as maçãs do rosto em picos
curtos, mais longo do que o seu próprio corte de cabelo, mas ainda tão severo
quanto o dele. Seu cabelo tinha sido longo e glorioso, uma cortina de seda
preta que ela mantinha puxado para trás, enquanto trabalhava e solto quando
estava de folga.

Uma vez, também, ela tinha sorrido mais, as bordas ásperas suavizadas pelo
contentamento. Ela era casada, então, com seu ex-líder, Terry Noble. Depois
que ele foi morto no massacre há seis meses, ela tinha cortado seus cabelos
bonitos. E seus sorrisos que, na verdade, eram os únicos atualmente que
iluminavam seus olhos, eram agora tão raros quanto o lobo branco de Nick. Ou
um príncipe Fae. Mas ela sorriu para Nick não muito tempo atrás, quando ele
não estava olhando. E ela tinha feito o mesmo hoje, com Sariel.

"Por que você está me olhando assim?"

Ele começou. Ela tinha terminado e colocado a bola de algodão com o Band-
Aid em seu braço, sem ele perceber. "Nenhuma razão. Só estava pensando
que eu sinto falta do seu cabelo longo."

O que ele realmente sentia falta era da amiga que ela tinha sido com todos eles
antes de Terry morrer. Mas ele não podia dizer isso a ela, sem aliená-la ainda
mais. Especialmente quando Jax foi a causa.

Ela olhou para ele, com uma expressão engraçada no rosto. "De onde é que
isso veio?"

191
"Não sei. Apenas sendo um cara estúpido, eu acho."

"Nisso eu acredito."

"Eita, anestesie um cara antes de esfaqueá-lo, sim?"

"Você começou." Seus lábios se curvaram e o entristeceu perceber que isto era
o mais próximo de implicar com ele que ela chegaria.

"Então, eu fiz."

"Meu consultório. Espere lá por mim. Eu estou indo deixar isso no laboratório."

"Claro."

Ele colocou a camisa e fez o que ela lhe disse.

Uma vez que estava sentado, ela levou apenas um minuto para se juntar a ele.
Tomando o seu lugar atrás da mesa, ela cruzou os braços no tampo e
começou. "Minhas perguntas primeiro e depois as suas." Ela olhou para ele,
pensativa.

"Exatamente quando a coceira começou?"

"Na noite passada. Depois que resgatamos Kira." Seu olhar aguçou, junto com
seu tom.

"Você já a tocou?"

E muito. "É. Ontem à noite eu toquei sua bochecha e tive uma impressão de
desmaio. Então eu tomei o pulso dela e tive uma visão mais clara dela
roubando algo e correndo dos homens que queriam matá-la."

192
"Tudo começou depois disso."

"Sim, provavelmente antes que eu estivesse ciente disso."

"Há momentos em que os sintomas parecem piores do que outros?"

Não iria haver nenhuma maneira de desviar de contar-lhe a verdade. Não


quando isso estava relacionado às suas próprias perguntas. Maldição.
"Definitivamente", disse ele com um suspiro. "Ficou infernalmente pior depois
fomos caminhar esta manhã e eu a beijei. E então..."

"Não deixe nada de fora, Jax. Pode ser importante", ela insistiu.

Ele limpou a garganta. "E uma vez que fizemos amor, ficou condenadamente
perto de ser insuportável."

Ela piscou para ele e, em seguida, soltou um suspiro. "Você, com certeza, não
perdeu tempo."

Ele lutou contra uma onda de constrangimento." Foi outra coisa - eu tinha que
estar com ela. Para, para acasalar com ela, eu acho que é a palavra certa, e
isso não pode acontecer tão rápido. Eu queria afundar meus dentes em seu
pescoço, Melina, para provar o seu sangue! Eu não sabia, porém, da
necessidade de tê-la novamente e dar seguimento a isso está me deixando
louco! O que diabos está errado comigo?"

"Jax", disse ela suavemente. "O que você descreveu é exatamente o que Terry
passou antes de ele me tomar como sua companheira. Uma vez que ele me
mordeu durante o sexo, os sintomas desapareceram."

"Oh, Deus". Ele fechou os olhos, afundando em sua cadeira. Era disso que ele
tinha medo, a coisa que ele mais temia.

"Há algo mais."

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Ele estremeceu só de imaginar. "O quê?" Abrindo os olhos, ele reparou em sua
expressão sombria.

"Uma vez que ele acasalou comigo, ele nunca mais foi capaz de se excitar com
outra mulher. Foi físico, como se o acasalamento o tornasse incapaz."

"Mas... Cristo! Você quer dizer que é irreversível? E não temos o que dizer
sobre com quem estamos acasalando? Que o destino ou os genes ou o que
quer que seja, o inferno decide por nós? Isso é uma asneira total!"

Ela estudou-o por um longo momento antes de responder. "Eu acho que é a
forma negativa para visualizar. Eu prefiro acreditar que os shifters vão sentir
estes sintomas quando eles encontrarem a pessoa que será perfeitamente
adequada para eles. Aquela que os completará em todos os sentidos."

"Como você e Terry?", ele desabafou.

"Bem, quase perfeitamente. Ele me mordeu, mas eu nunca me transformei em


uma shifter. Ele sentia um vínculo comigo que ele dizia ser como um fio fino de
ouro, mas eu nunca senti isso com ele. Eu não tenho certeza que fomos
companheiros verdadeiramente, mas éramos felizes."

Uma pontada de remorso atingiu seu estômago como uma baioneta. Felizes
até que eu me apaixonei por uma prostituta que nos levou a todos em uma
armadilha e teve o seu marido assassinado. E então eu tinha a capacidade de
manipular o tempo, mudar o que aconteceu, e não a usei. Esse último fato era
sua maior vergonha.

Seu horror para carregar. Mas Melina não culpou ninguém. Nem mesmo Jax.
"Você acha que Kira é a minha companheira?" Ele perguntou.

"Só há uma maneira de saber com certeza."

"Mordê-la."

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"Sim. No entanto, se você fizer isso e ela não for sua companheira, você ainda
corre o risco de transformá-la em uma shifter. Você tem que ter certeza de que
é o que ela quer de qualquer maneira."

Ele passou a mão pelo rosto em agravamento.

"Que pesadelo. E se eu não..."

"Você deve se lembrar que Terry ficou muito doente antes que ele finalmente
cedesse e mergulhasse, por assim dizer. Seus poderes estavam quase
esgotados e ele estava tão mal que esperou até que fosse quase
demasiadamente tarde para me morder."

"Você está dizendo que ele quase morreu?"

"Não. Mas, como uma médica que viu o seu rápido declínio, eu acredito
plenamente que ele teria morrido se tivesse esperado mais alguns dias. E você
deve saber que uma vez que ele acasalou comigo, suas habilidades
desapareceram por semanas. Elas voltaram eventualmente, mas nós não
sabíamos se elas voltariam."

Jax não sabia disso. E duvidava que os outros soubessem, também.

A notícia não era bem vinda e também era bastante assustadora. Ele não
queria o destino, a genética ou qualquer outra coisa escolhendo sua
companheira.

Foda-se! Ele não queria uma companheira mesmo!

"Eu preciso de um tempo para processar isso", disse ele. "Você respondeu
minhas perguntas."

"E você respondeu a minha." Ela se levantou ao mesmo tempo que ele e
dando a volta em sua mesa, colocou a mão em seu ombro. "Tome um

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ibuprofeno* para sua dor de garganta. Gostaria de uma amostra de cápsulas
de Benadryl** para a coceira? Eu não sei se ele vai ajudar muito, mas vale a
pena tentar."

"Eu tomaria qualquer coisa para me livrar dela", ele murmurou, coçando a
barriga.

"Eu sei", disse ela em simpatia. "Vai dar tudo certo. Você vai ver."

"Eu não tenho certeza sobre isso, mas agradeço o discurso animador, curto e
doce como tem que ser."

Um traço de humor iluminou a aridez de suas características. "A qualquer


hora."

Depois que ela trouxe um frasco de medicamentos, ele lhe disse adeus e saiu,
vasculhando a área da recepção procurando por Kira. É claro que ela tinha
esperado seu mais recente amigo, o que parecia um maldito modelo do outro
mundo e agora estava muito longe. O que o fez querer chutar seriamente
alguns traseiros de Faes.

Kira estava sentada em uma das grandes mesas de carvalho na sala de jantar,
almoçando e conversando com Mackenzie e Sariel quando Jax entrou,
parecendo mais quente do que o pecado e pronto para um urso. Seu olhar de
aço imediatamente focou no príncipe Fae sentado ao lado dela e se estreitou,
então fez um caminho mais curto em direção a eles, sentando-se em uma
cadeira ao lado de Mac e em frente a Kira.

*O ibuprofeno é um remédio do grupo dos anti inflamatórios não esteróides,


sendo também analgésico e antipirético, utilizado frequentemente para o alívio
sintomático das dores.
**Benadryl é um anti alérgico.

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"Se importam se eu me juntar a vocês?" Seu tom dizia que ele não se
importava se eles quisessem ou não. Espiando os sanduíches e as batatas
fritas servidas em estilo familiar no meio da mesa, pegou um prato de papel da
pilha e começou a enchê-lo.

"Só se você conseguir suportar uma intrometida curiosa como eu", ela
arremessou de volta.

"Ei, eu tentei me desculpar por isso." Ele enfiou um pedaço de sanduíche na


boca enquanto seus companheiros olhavam com grande interesse.

"Talvez não o suficiente."

Colocando o sanduíche em seu prato, ele olhou para ela com sinceridade,
ignorando seu público.

"Escute, eu sinto muito. Eu estava apenas preocupado com você se colocando


em uma situação de perigo novamente. Se você diz que não vai, então eu
acredito em você."

Ele parecia sincero e seu olhar no dela era firme e sério. E nunca tinha sido da
sua natureza segurar a irritação por muito tempo. "Então eu aceito suas
desculpas. Para registro, eu vou tentar não cometer transgressões ou fazer
qualquer outra coisa para me colocar no caminho do mal."

"Isso é tudo que eu posso pedir."

Enquanto comiam, ela refletiu sobre por que tinha ficado tão irritada em seu
quarto. Por que ele parecia se importar com seu bem-estar mais do que um
estranho casual deveria? Porque, enquanto não havia uma clara ligação de
nenhum tipo entre eles e ela gostava de seus amigos mais e mais a cada
minuto, era isso que eles eram: estranhos.

***

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De ninguém mais, minha!

Suas palavras voltaram com a força de um soco e ela se engasgou com um


gole de refrigerante.

Afastando a sua preocupação, ela pegou um guardanapo e pressionou sobre


sua boca enquanto ela tossia, os olhos lacrimejando. Sariel deu um tapinha nas
suas costas e ninguém na mesa perdeu o rosnado de aviso no fundo da
garganta que retumbou no peito de Jax, quando ele o fez.

Os dois homens fecharam os olhos e a mão de Sariel congelou. O coração de


Kira deu um puxão brusco com a ameaça muito real no rosto de Jax. Um lábio
enrolado para revelar uma presa alongando e todo o seu corpo de repente
estava tenso como uma corda de arco, pronto para saltar sobre a mesa e
rasgar a garganta do outro homem. A raiva queimava lentamente, estendendo-
se como fumaça, enrolando-se em torno de todos eles, especialmente o Seelie.
Ela tinha visto Jax cortar dois bandidos humanos como se fossem brinquedos
de morder, mas ele poderia ganhar uma luta contra um Fae? A voz forte e firme
de Sariel quebrou o silêncio e todos os olhos na sala estavam grudados na
cena.

Inconscientemente, ele respondeu a sua temível pergunta.

"Acalme-se, lobo. Eu não tenho planos com a sua fêmea e confie em mim
quando eu digo que você não deseja uma batalha com um Seelie de nove mil
anos de idade."

Puta merda! Em outra mesa, um par de caras murmurou um para o outro com
surpresa.

Zander e Aric estavam de pé, prontos para intervir se necessário. Espere um


minuto. Sua fêmea?

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"Tire a mão dela", aconselhou Jax, cada sílaba enunciada com raiva mal
contida.

Eu vou, depois que você estiver calmo." A expressão do príncipe estava agora
tão ameaçadora quanto a do outro homem. Ele podia ser bonito, mas ele
definitivamente não era fácil.

"Eu vou arrancar o seu braço, caralho, e bater em você com ele." Jax começou
a se levantar.

"Antes que você possa, eu vou transformá-lo em uma lesma."

"Bem", disse Aric com uma risada. Jax fez uma pausa. "Isso é trapaça."

O príncipe deu de ombros. "Qualquer coisa que funcione. Como você é o único
a me ameaçar. Eu me reservo o direito de acabar com o conflito, de preferência
sem derramamento de sangue."

O macho Fae estava tão seguro de si que ninguém na sala de jantar parecia
duvidar que ele pudesse fazer exatamente o que ele dizia. A atenção de Kira
estava fixada em seu amante de uma única vez, toda a saliva seca na
garganta. Jax se acalmou, sua expressão fria como o gelo, os planos e ângulos
de seu rosto assumindo nítida definição.

Diante de seus olhos, besta e homem em guerra sobre qual regra seguir,
nenhum deles querendo evitar derramamento de sangue, mesmo sabendo que
deviam recuar. Como poderia este predador mortal ser o mesmo homem que a
tinha levado para as alturas do prazer apenas algumas horas atrás? Sua luta
para se controlar era assustadora como o inferno, mas não tão assustadora
quanto o que ele disse em seguida, sua voz gutural baixa e rouca.

"Você pode dobrar a estrutura do tempo, príncipe?"

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"Jax, não." Zan fechou rapidamente a distância entre ele e seu amigo e agarrou
seu braço.

O príncipe fez uma careta. "Tal coisa é impossível, mesmo para os Fae."

"Não é para mim." Ignorando Zan, ele deu uma risada sem graça. "Eu sou um
Guardião do Tempo e meus dentes rasgariam seu pescoço fino antes mesmo
que percebesse que eu não estava mais no mesmo lugar de antes."

Sariel leu a verdade na declaração do lobo e seu rosto empalideceu, se isso


era mesmo possível.

"Pelos deuses", ele murmurou, balançando a cabeça. "Agora, isso é trapaça,


em sua melhor forma."

"Tudo o que funcionar."

Por alguma razão, ter suas palavras arrogantes jogadas de volta, fez Sariel rir.
Um som autêntico saudável que quebrou a tensão perigosa na sala e fez os
amigos de Jax exalarem suspiros sinceros de alívio. Incluindo Kira, embora ela
ainda não estivesse certa de que ela contava como um amigo.

"Eu gosto de você, lobo." Incisivamente, ele tirou a mão de trás de Kira. "Talvez
um dia você vá desencadear esse talento especial no meu pai."

O outro homem relaxou, seus caninos recuando junto com sua raiva. "Agora,
isso é uma guerra e eu vou olhar para frente para ganhar."

Da sua parte, ela falhou em conseguiu encontrar qualquer parte do intercâmbio


ao menos um pouco bem-humorada. Por que os homens de qualquer espécie
sentiam a necessidade frequente de sacar seus paus e comparar tamanhos?
Ela não tinha certeza de como se sentia sendo disputada como um filé,
também. Talvez não teria sido tão embaraçoso, se a sala estivesse menos
cheia de pessoas encarando.

200
“Bem, isso foi divertido", disse ela com firmeza, olhando para Jax. "Da próxima
vez, por que não você levanta a perna e mija em mim como se eu fosse uma
maldita árvore?" Afastando-se da mesa, ela se fez escassa, despejando os
restos de seu almoço na saída.

Atrás dela, Zan disse, presumivelmente para Jax, "Assim mesmo, imbecil."

Ela não poderia concordar mais.

201
NOVE

Mal-humorado, Jaxon olhou para fora da janela do carro e amaldiçoou-se pela


milésima vez pelo modo ele tinha tratado o confronto com Sariel. Foi sua
própria culpa, estúpido. Agora sua equipe pensava que ele estava perdendo
sua mente condenada e, pior, ele chateou Kira.

A partir do assento do motorista, Ryon cutucou.

"Cara, pare de se coçar."

"Estou tentando", ele assobiou. "Melina me deu um medicamento, mas a


porcaria não está ajudando."

"Você tem pulgas?" Aric, o espertinho.

"O garoto tem um caso ruim ou outra coisa," Zan disse da parte de trás, um
sorriso em seu tom. "Poderia ser uma coceira por uma pequena loira
deliciosa?"

Aric riu. "Uma pequena loira gostosa que está comendo nosso menino com
seus grandes olhos azul, quase tanto quanto os dele estão fazendo com ela."

Seu lobo rosnou dentro dele. "Calem-se. Vocês, seus fodidos retardados, não
têm ideia do que estão falando."

"Claro que não. É por isso que o cheiro dela em cima de você é como uma
mordaça sobre nós", disse Aric.

202
Todos eles flagraram-se a rir, mesmo Hammer, soprando suficientemente para
fora sua contestação aquecida. Eles o conheciam muito bem, o que fazia viver
com seus melhores amigos tão perto uma grande dor na bunda, às vezes. Mas
o retorno seria o inferno.

Ele retribuiria o favor algum dia quando cada um desses babacas encontrasse
a sua – Não. Kira não era sua companheira. Só porque Terry tinha passado
exatamente pelos mesmos sintomas antes do acasalamento com Melina...
Sintomas que foram aliviados apenas quando cedeu a seus impulsos
primitivos. Oh, Cristo, eu estou muito ferrado.

Hammer mudou de assunto. "Quem tem as fotos das quatro vítimas? Quero
dar uma olhada."

Jaxon passou-as de volta à equipe e deu mais uma olhada nas fotos da cena
do crime que tinham sido enviadas a Nick, cortesia do Delegado Deveraux. O
simples ato de tocar o papel no qual as fotos foram impressas lhe deu arrepios.
Nick relutantemente pediu para Jax fazer uma leitura sobre os corpos, que
estavam agora com Melina e sua equipe e Jax ficou condenadamente feliz por
ser capaz de adiar a tarefa até amanhã.

"Nada de especial sobre esses caras," Hammer observou. "A menos que você
perceba que todos eles têm uma aparência que se encaixa perfeitamente em
um momento. Ombros largos, músculos, nada de gordura extra. Eu acho que
esses caras poderiam ter sido militares." Ele bateu numa foto.

Aric se inclinou. "Deixe-me ver. Ah, sim, a tatuagem no bíceps. Não tivemos
nenhuma pista disso."

"O que você acha que isso significa?"

"Não sei. Poderia ser alguma coisa, no entanto."

203
Ryon virou na estrada rural estreita, que levava para o cemitério. Depois de
alguns quilômetros, ele tirou a van da estrada e a deixou entre as árvores, onde
estaria bem escondida já que o sol havia se posto há uma hora. Eles
percorreriam o último quilômetro, ou menos, em forma de lobo para melhor ver
e sentir o cheiro da floresta e do cemitério à noite.

Isto facilitava muito mais caminhar com sua perna, que pulsava mais do que o
normal desde que Zan lhe desferiu o duro chute, enquanto eles estavam
treinando. Ele deveria ter pedido a Melina que desse uma olhada nela, mas ele
teria que fazer isso mais tarde.

"Quanto tempo vamos esperar para o Black aparecer?" Aric perguntou quando
eles saíram do veículo.

Jaxon enfrentou seus amigos. "Daremos a ele até duas, três da manhã?"

Ryon falou. "Não importa o negócio que ele tem no cemitério, eu acho que, se
ele não tem aparecido por três dias, ele não vem. A noite começa a diminuir,
então; o poder da hora da bruxa desaparece." Como especialista em morte, ele
sabia.

Ninguém discordou. Despiram-se em silêncio, jogaram suas roupas na van, e


se transformaram. Jax saboreou o alongamento e o estouro de ossos e
músculos e o alívio moderado que estar em forma de lobo trouxe para seu
braço machucado. Tornaria mais fácil lutar, também, embora ele esperasse
que não tivessem vindo para isso.

A visão melhorada de Jaxon ajustou-se à escuridão, seu lobo desfrutando de


uma imagem clara da densa floresta banhada pelo luar. As cores límpidas em
torno deles em tons de branco pálido, azul royal e preto, brilhando de uma
forma que, a olho nu, os humanos nunca poderiam ver sem o auxílio da
tecnologia. Ele cheirou o ar, sentindo o cheiro de um coelho, e algo maior.
Veados. Escondendo-se nas sombras, tremendo, cientes de que a morte
estava próxima.

204
Mas não precisavam temê-lo esta noite. Ele não teria tempo de correr e caçar e
sua missão o chamou de volta à atenção.

Ele manteve seus sentidos em alerta, enquanto eles escolhiam seu caminho
através da floresta com discrição, dificilmente fazendo um som. Eles fizeram
um bom tempo, chegando à clareira em minutos. Uma vez lá, eles pairaram no
limite, mantendo-se na vegetação rasteira, onde eles ainda permaneciam
ocultos e capazes de observar. Eles tinham um bom alcance da área e
estavam agachados na parte de trás da propriedade a uma distância segura da
entrada principal e de carros que pudessem chegar, apesar de que a esta hora
não deveria haver nenhum, exceto aquele que o seu homem poderia estar
dirigindo. Nunca fez mal estar seguro.

Eles olharam. Depois de um tempo, eles deitaram sobre suas barrigas, ainda
alertas, mas ficando mais entediados a cada hora. Quando passou de uma
hora da manhã, Jaxon estava lutando com a necessidade de cochilar quando a
voz urgente de Ryon telegrafou em suas cabeças, fazendo-os ficar totalmente
despertos.

Hora do show, meninos. Nossa presa está aqui.

Uma pausa. Jesus, veja a carga desse cara. De jeito nenhum. Jaxon piscou,
apenas para ter certeza de que não estava vendo coisas. Sim, Nick estava
certo, não sobre o Wyoming, de jeito nenhum.

Sua presa estava a pé, carregando uma mochila. Ele saiu das sombras
diretamente para uma piscina de luar e, lentamente, começou a caminhar em
sua direção com um passo solto que Jax sabia muito bem que era de um
predador companheiro. Enquanto suas roupas e características ficavam mais
definidas, ele não podia deixar de ficar um pouco impressionado com a visão
diante deles.

O macho era alto e magro, com pouco mais de um metro e oitenta.

205
Ele usava um sobretudo de couro preto que tinha visto melhores dias,
rachaduras e rasgos estragando a superfície. Por baixo, ele usava tudo preto,
calça jeans e uma camiseta confortável abraçando um peito esculpido e coxas
compridas e pesadas botas de caubói em seus pés.

O olhar de Jaxon viajou para o cabelo de ébano de astro do rock caindo em


camadas desarrumadas em torno de seu rosto quase até os ombros. Mesmo a
essa distância, ele podia ver o esmalte preto na unha e os olhos pintados de
preto do cara. Jax já tinha ouvido algumas mulheres destacarem essa merda
em um cara, mas ele dispensava, obrigado.

O único contraste entre o homem e sua pele pálida era o impressionante


pentagrama de prata pendurado em uma corrente ao redor de seu pescoço e
descansando em seu peito. E os olhos que brilhavam como esmeraldas em
seu rosto... Ele esperava alguém mais velho. Alguém na casa dos trinta. Deus,
ele era jovem, pouco mais do que um garoto que acabou de ter idade suficiente
para pedir uma cerveja.

E havia algo mais. Kalen Black irradiava potência de cada centímetro do seu
corpo. Uma postura antiga curvava o poder, o que criava uma aura em torno
dele, não tão visível e presente no ar quanto a pressão, a eletricidade, e o
cheiro de terra de uma tempestade que se aproximava.

Ryon colocou a questão em todas as suas mentes. Que porra é ele? A criança
amada de Criss Angel* e Adam Lambert**?Jaxon se jogou para trás. Seu
amigo deu uma bufada suave que também poderia ter sido uma risada. Com
um pouco de Nikki Sixx*** misturado, com certeza.

*Christopher Nicholas Sarantakos (19 de dezembro de 1967), mais conhecido como Criss
Angel, é um mágico/ilusionista, ator e músico.
**Adam Mitchel Lambert (Indianapolis, 29 de janeiro de 1982) é cantor, compositor e ator nos
Estados Unidos. Tornou-se o primeiro homossexual assumido quando estreou em 2012 com
seu álbum Trespassing no primeiro lugar da Billboard.
***Nikki Sixx, (Frank Carlton Serafino Ferrana Jr., nascido em 11 de dezembro de 1958 em San
Jose, California) é um baixista e compositor da banda de metal glam Motley Crue e Sixx: A.M.

206
Ele não podia ouvir os pensamentos dos outros, só os de Ryon já que ele era o
telepata, mas imaginou que eles estavam bem de acordo. Ele não conseguia
tirar os olhos do garoto, que estava agora procurando as lápides.
Cuidadosamente, Black escolheu o seu caminho até uma fileira, então mais
uma para baixo. Curiosamente, ele parava de vez em quando, se abaixava, e
rastreava o nome da pessoa falecida, que estava esculpido no granito.

Às vezes, a data da morte, também, mas nunca a data de nascimento.


Estranho. O que diabos ele estava procurando? Era quase como se ele
estivesse os considerando para algum propósito e os descartava, um por um.
Sim, isso era exatamente o que ele estava fazendo, mas eles tinham que
esperar para descobrir o por quê.

Este processo continuou por quase meia hora. A equipe se mantendo tão
próxima quanto possível em sua cobertura. Finalmente, os dedos de Black
pararam sobre o nome de um Henry Ward, recentemente partido desse mundo.
Ele fechou os olhos por alguns momentos e, em seguida, soltou a pedra para
se ajoelhar ao lado da sepultura fresca.

Eles assistiram em fascinação extasiada quando ele removeu alguns itens da


mochila e as colocou em um círculo sobre o monte.

Então ele abriu um frasco, polvilhando uma substância branca em pó sobre o


círculo, e colocou o pequeno recipiente de volta em sua mochila. Ele começou
a entoar um cântico, as mãos estendidas com as palmas para baixo em cima
do monte.

Primeiramente, Jaxon pensou que o que quer que ele estivesse fazendo, era
grotesco. Mas, em sua profissão, ele aprendeu muito bem que não podiam ser
tão rápidos em julgar o garoto, especialmente graças ao poder que ele usava
como um manto. Após cerca de quinze segundos a terra começou a tremer,
vibrando o chão sob suas patas e balançando as várias folhas das árvores. Jax
e seus irmãos trocaram olhares inquietos.

207
Diga-me que ele não está fazendo o que eu acho que ele está.

Mas nenhum deles poderia tranquilizar Ryon que suas suspeitas não eram
sobre o dinheiro. Especialmente quando o solo em cima da sepultura começou
a subir como um bolo no forno, rachando no meio, os itens que formavam o
círculo rolando para os lados.

Através da rachadura, uma mão cinza e murcha apareceu, retorcida pela idade
e pela morte. Em seguida, o braço magro, seguido pela cabeça e os ombros de
um homem velho, com apenas algumas mechas prateadas do cabelo
agarradas teimosamente no seu couro cabeludo.

Meu Deus, Jaxon projetou para Ryon. O garoto é um Necromante*!

Oh, sim, mas ele é muito mais do que isso.

Jaxon estava com medo que seu amigo estivesse certo, mas eles não tinham
tempo para especular mais. O chão parecia dar à luz ao homem velho de uma
maneira horrível quando ele recuperava sua antiga forma e se sentava na
borda da rachadura na terra, olhando fixamente para o seu libertador.

Ainda ajoelhado, o jovem acenou com a mão para o cadáver em um


movimento lento com a palma para fora, e falou a voz soando com autoridade.
"Henry Ward, eu te ordeno a falar comigo e a responder a todas as minhas
perguntas com sinceridade para que eu possa devolvê-lo ao seu descanso
eterno. Diga seu nome completo para mim. Então, nós estaremos prontos para
começar."

Jax e seus irmãos estavam grudados na cena.

*Necromante é um bruxo que usa cadáveres na maioria das vezes para se comunicar com os
mortos, a necromacia é a pratica de adivinhação através dos mortos. Um necromante costuma
usar cadáveres para se comunicar com os mortos, muitas vezes eles moram em cemitérios,
roubando os cadáveres para usar e fazer os rituais.

208
O cadáver piscou para ele, os olhos pouco mais do que bolas de estanho
pegajosas no mármore do seu crânio.

"Quem..." A voz do velho rachou e ele tossiu, aparentemente por usar cordas
vocais que, supostamente, nunca mais estariam em funcionamento. “Quem é
você? Por que você me chamou?"

O Necromante suspirou exasperado e revirou os olhos para o céu. "Por que


eles sempre respondem perguntas com perguntas?" Ele olhou para o velho,
redirecionando-o. "Eu sou Kalen Black. Diga seu nome, por favor."

"Humpf! Henry Allen Ward." Henry olhou ao redor, sua confusão aparente.
"Onde eu estou? Minha filha está me esperando para jantar e eu vou me
atrasar."

"Não, Henry", disse o jovem delicadamente. "Ela não está esperando por você.
Alguém bateu-lhe na cabeça, há três semanas quando você estava
caminhando para casa. Você se lembra?"

Jaxon se perguntou para onde isso estava indo. O garoto tinha matado o
homem velho por causa da sua carteira ou algo assim e agora ele precisava
descobrir quem poderia ter visto o crime? Mas isso não parecia certo.

"Eu... Espere. Sim, eu lembro." O velho fez uma pausa. "Eu comprei leite e pão
e fui para casa. Eu tinha apenas o tempo suficiente para chegar em casa e me
preparar para o jantar. Minha Tina faz um estrogonofe maravilhoso." Ele deu
um sorriso gengival que era decididamente macabro no rosto oco.

O garoto não reagiu à visão. "Eu tenho certeza que ela faz. Mas eu tenho de
lhe perguntar sobre o que você viu logo antes de ser atingido na cabeça. Você
vivia em uma área semi rural fora de Cody, correto? Perto o suficiente para ir
para casa, mas não havia muitas outras casas em seu caminho?"

"Sim".

209
"E quando você foi para casa naquela tarde, o seu caminho o levou a passar
por uma rua lateral onde você viu alguma coisa e foi investigar."

"Eu fui."

Black se inclinou para frente, absorto. "O que você viu, Henry? Isto é muito
importante."

O velho pensou. "Um caminhão. Não, uma van azul-escura. Encostada nas
árvores. Pensei que era estranho porque eu nunca tinha visto isso antes, então
eu caminhei até lá. Talvez alguém estivesse com problemas com o carro."

"Mas eles não tinham?"

"Não. Dois homens estavam vindo dos bosques, quando cheguei na van." Ele
franziu a testa. "Um deles tinha sangue em suas mãos e eu pensei que talvez
eles estivessem caçando, mas eles não tinham armas. O outro homem tinha
uma pá. Eu perguntei o que eles estavam fazendo e ele a apontou na minha
cabeça e isso é a última coisa que eu sei."

Então, o garoto não tinha feito nada ao velho. Quem tinha feito e o por que? e
porque o Necromante investigava seu assassinato?

"Henry, você pode descrever os homens?"

"Oh, caras brancos de meia-idade. Em boa forma, eu acho. Aquele com as


mãos cheias de sangue era mediano e tinha cabelo castanho escuro. Aquele
com a pá tinha cabelo cor de areia."

Não ajudava muito.

"Você consegue se lembrar de qualquer coisa sobre como eles estavam


vestidos?"

210
"Não. Exceto que um usava uma camisa pólo azul com algo costurado acima
da linha branca do bolso."

"O que era? Pense, Henry."

"Uh, letras."

"Como iniciais?"

"Sim. Com um logotipo", lembrou ele. "Três letras e sob essas, duas mãos
segurando um coração."

"Quais eram as letras?"

"Não sei. Não consigo me lembrar."

O jovem soltou um suspiro. "Você consegue se lembrar de mais alguma coisa,


Henry? Qualquer coisa?"

"Não." Henry olhou para ele, a expressão em branco. "Posso ir agora? Tina
está me esperando para jantar."

Jesus, assustou Jaxon o modo como o homem morto ficava repetindo as


coisas e ele sentiu pena da confusão da pobre vítima, como se ele não
pudesse compreender a sua situação. Aparentemente isso afetou o
Necromante da mesma maneira, porque ele estava olhando para Henry com
simpatia, seu carinho pela situação do homem em seu rosto.

"Sim, Henry, você pode ir. E muito obrigado."

Black acenou com a mão, murmurou algumas palavras em um idioma diferente


e uma fumaça verde translúcida desviou na direção de Henry, girando em torno
dele. O velho ficou rígido, e depois abaixou-se mecanicamente através da
rachadura na sepultura, pouco a pouco, até que ele desapareceu de vista.

211
O garoto repetiu o procedimento sobre o túmulo e mais névoa verde envolveu o
chão. Mais uma vez, tremores sacudiram a terra e a sujeira começou a
empurrar para o interior, enchendo a rachadura e, em alguns momentos, a
cicatriz foi reparada e ninguém seria capaz de dizer que uma coisa tão incrível
tinha ocorrido.

Puta merda, eu nunca vi nada parecido em toda minha vida.

Considerando algumas merdas que Ryon tinha visto, isso era dizer muito.

"Descanse bem, velho."

Ficando de pé, Black escovou a sujeira dos joelhos da calça jeans e, de


repente, se virou sem alcançar sua mochila, sua postura aparentemente
relaxada, com as mãos ao lado do corpo e olhou diretamente para o local onde
Jaxon e os outros lobos estavam escondidos na escuridão. Ou que até então
eles acreditavam.

"Vocês gostaram do show? Com medo que eu descubra quem vocês são e por
que vocês mataram o pobre Henry? Ou talvez vocês estivessem só de
passagem através do cemitério no meio da noite, para um passeio romântico."

As palavras foram lançadas como um desafio, atadas com um toque de


sarcasmo. Uma coisa era certa, o garoto não estava nem um pouco com medo
do que poderia enfrentar.

Vamos lá, vamos ver o que ele pensa sobre um grupo de lobos. Como uma
unidade emergindo das árvores, caminhando para frente, alguns se
dispersaram na tentativa de cercá-lo. Cuidando para não fazer movimentos
bruscos, eles fizeram o seu caminho em sua direção enquanto ele os estudava
de volta, abrindo e fechando os punhos como se estivesse acelerando sua
magia para arremessar-lhes, se necessário.

212
Sua expressão era dura, os olhos verdes brilhando como joias frias, nenhuma
evidência do calor ou do carinho que ele tinha mostrado com Henry.

Quando estavam a cerca de vinte metros, Jaxon, Zan, e Hammer à sua frente,
Aric e Ryon um de cada lado, o Necromante levantou uma mão. "Esta distância
já é o suficiente", ele ordenou. "Agora eu acho que seria sábio da sua parte se
transformarem, shifters, e me dizer o que diabos vocês querem."

Jaxon ofegou com surpresa, quando uma onda de choque passou por todos
eles. O garoto devia ter sabido que não eram exatamente humanos quando
saíram das árvores e depois que tomou conhecimento deles, mas chamá-los
pelo que exatamente eram, shifters, sem pestanejar?

Eles podiam estar em um problema mais profundo do que pensavam.

Jaxon meio que esperava que o homem, pelo menos, fizesse uma careta sobre
o seu estado de nudez, especialmente dada a sua juventude, mas quando se
transformaram e ficaram de pé, ele não sorriu. Nem ao menos um piscar de
olhos. Ele simplesmente deixou seu olhar viajar sobre cada um deles como se
memorizasse detalhes que pudessem ser úteis mais tarde.

Jaxon perguntou francamente. "Kalen Black? Por que você despertou Henry
Ward e o questionou sobre seu assassinato?"

"O que é que isso significa para você?" Ele desafiou, prendendo Jaxon com um
olhar frio.

"Nenhuma maldita coisa. Mas vai importar para o Xerife Deveraux, uma vez
que ele foi o único que nos pediu para ver por que você tem andado por aí."

Indiretamente, mas ele não precisava entrar em detalhes.

213
"Aquele babaca?" O garoto deu uma risada sem graça. "Ele não conseguiria
encontrar o seu pinto com as duas mãos e um tubo de KY*." Agora ele soava
mais como um cara jovem.

"Seja como for, precisamos de uma resposta aceitável ou você vai vir com a
gente para uma conversa mais privada." Ele olhou para seus irmãos. "Poderia
não ser uma má ideia de qualquer maneira."

"Segundo o requerimento", disse Aric. Os outros concordaram.

"Esqueça isso! Deveraux não tem nenhum motivo para me prender se chamou
a sua equipe canina e o que eu estou fazendo aqui não é da conta de ninguém.
Deixei tudo do jeito que eu encontrei."

"E sobre o assassinato de quatro homens que já foram desovados em torno de


Cody nos últimos meses? Sabe alguma coisa sobre isso?"

A mandíbula do garoto deu um tique e seus olhos se estreitaram, o primeiro


sinal de que seu controle estava escorregando. "Não sei do que você está
falando."

“Ele está mentindo”, Ryon projetou telepaticamente. “Preparem-se para levá-lo


no três. Um...”

"Ou talvez os dois homens que mataram Henry são seus amigos e vocês
vieram garantir que suas pistas foram cobertas?"

“Dois.”

*KY é um lubrificante íntimo.

214
"Você está completamente por fora, homem”. Seus punhos se apertando.
Relaxando. Ele estava se preparando para fugir. "De acordo com Henry, um
desses homens tinha sangue em suas mãos e o outro tinha uma pá. Se eu
fosse um homem de apostas, diria que os autores haviam acabado de
descartar a mais nova vítima da série de assassinatos que estamos
investigando. Isso faz de você uma pessoa com interesse nos crimes, e isso
significa que você está vindo com a gente."

"Fodam-se."

“Três!”

Todo mundo entrou em ação ao mesmo tempo. Gritando uma palavra, o garoto
apontou o braço para Jaxon, a palma da mão para cima e os dedos abertos,
disparando uma bola azul de energia pulsante que o teria atingido no peito, se
ele não tivesse se mexido ao mesmo tempo.

Em vez disso, a esfera meramente chamuscou alguns pêlos quando passou


zunindo, causando sabe Deus quais danos aos túmulos atrás dele quando
explodiu.

Black levantou o braço, mas antes que ele pudesse lançar outra surpresa
desagradável, Jax saltou, atingindo-o no meio do peito e derrubando-o no
chão. Ele não queria machucar o cara, mas talvez isso não fosse uma opção.
Black era forte como um touro para alguém tão magro, quase demasiadamente
fino sob o casaco grosso e estava lutando como um gato selvagem.

E a comparação se tornou correta.

O corpo se contorcendo debaixo deles ondulou e, em um instante, eles se


encontraram lutando com mais ou menos 100 quilos de uma irritada…Pantera
negra.

"Porra!" Ryon gritou. "Segure o seu rabo!"

215
Seja porque ele estava ficando fraco ou muito perturbado, Black não conseguiu
manter a mudança e se transformou de volta à forma humana. Ainda assim,
apesar de Jax o tê-lo preso, Aric saltou a bordo, o lobo vermelho fechando
suas mandíbulas em torno do pulso do jovem para ajudar a imobilizá-lo e foram
necessários quatro deles para segurá-lo. Ryon e Hammer mantiveram sua
forma humana, Hammer sentando sobre as pernas do garoto, Ryon fixando o
outro braço.

"Volte à van e traga as algemas de ferro!" Hammer gritou para Zan, parando-o
no meio do caminho, antes que ele pudesse se juntar ao monte.

Zan se transformou e se deslocou tão rápido quanto suas quatro pernas


podiam levá-lo. Não era rápido o suficiente, porém, se Black tivesse a sua mão
dominante livre para soltar mais um de seus encantos impressionantes.

Mudando de volta para a forma humana, Jaxon agarrou um punhado de


cabelos negros do rapaz e murmurou, "Desculpe-me, garoto."

Em seguida, ele bateu com força a parte de trás da cabeça de Black no chão,
estremecendo com o protesto suave que explodiu dos seus lábios antes que
seus olhos revirassem e ele ficasse mole.

As sobrancelhas de Hammer se levantaram e ele sorriu para Jax. "Isso foi


trapaça."

"Tudo o que funcionar."

Mas ele não sorriu de volta. Jaxon se sentiu como um pedaço de esterco de
cabra por nocautear o garoto.

Sim, foi sujeira, mas Black teria fritado todos eles se tivesse a chance. Não
teria?

216
Voltando ao banco do passageiro, ele olhou por cima do ombro para onde o
jovem estava caído entre Hammer e Aric, os cílios escuros descansando contra
as bochechas brancas. Seu peito subia e descia com firmeza, por isso Jax não
estava preocupado que ele tinha matado o garoto. Ele acordaria em breve e,
então, eles teriam mais perguntas para ele.

Como, por que, ele estava praticamente morrendo de fome, e não parecia
pesar tanto quanto deveria quando eles o pegaram para levá-lo para a van?

Sua camiseta tinha subido quando o levaram e, apesar da musculatura


recortada do cara, suas costelas estavam proeminentes e seu estômago,
côncavo. Seu rosto era um pouco magro demais. Ele precisaria de três
refeições completas diariamente e, em seguida, mais algumas no próximo mês
para recuperar a saúde, o que poderia ser o motivo pelo qual eles foram
capazes de obter facilmente a sua queda.

Jaxon estremeceu ao pensar o quão poderoso ele seria, quando em plena


força, se a exibição super carregada fosse alguma indicação.

"Um Necromante esquisito", Zan murmurou na parte de trás. "O que ele estava
pensando?"

"Ryon disse que ele é mais do que isso", Jaxon lembrou a eles. "Então o que
ele é? Além de um shifter pantera".

Ryon virou para a estrada principal, olhou para o espelho retrovisor e soltou um
suspiro. "Ele é um feiticeiro. E eu acho que essa é a base para todas as suas
habilidades, incluindo o seu animal."

Um silêncio atordoado encontrou seu anúncio. Se o seu amigo estivesse certo,


Kalen Black podia ser apenas o ser mais poderoso com o qual eles já toparam.
Incluindo Nick e Sariel.

217
Finalmente, Zan falou. "Você viu como ele se transformou sem sequer tirar a
roupa? Suas roupas simplesmente desapareceram, então reapareceram
quando ele se transformou de volta."

"Muito legal," Hammer disse. "Gostaria que nós pudéssemos fazer isso."

"Os feiticeiros reúnem o poder dos elementos e podem usá-lo para comandar...
diabos, quase tudo." Jaxon suspirou. "Não vai ser tão legal se ele realmente for
desonesto e tentar usar magia negra contra nós. Tudo aconteceu muito rápido
e havia muita adrenalina bombeando em mim para poder obter uma leitura
sobre ele."

Depois deste lembrete moderado, não havia muito a dizer no caminho de volta,
cada um deles perdido em seus próprios pensamentos. Cerca de dez minutos
antes de eles chegarem, Black gemeu e despertou gradualmente, os olhos
tremulando abertos. Ele tentou mover seus braços apenas para descobrir que
seus pulsos estavam algemados atrás das costas e Jaxon esperava que os
ferros fossem fortes o suficiente para fazer o seu trabalho.

Aparentemente eles eram, porque o garoto sentou-se calmamente, sua


expressão traindo nada. Sem medo ou até mesmo raiva. Ele só esperava a sua
hora, paciente, como se isso fosse apenas uma mera viagem na rachada e
rochosa estrada da sua vida.

Que tipo de sofrimento este jovem teve que enfrentar?

O complexo estava tranquilo quando eles chegaram, mas, então, eram quase
duas e meia da manhã. A única pessoa que estava acordada para recebê-los
era Nick, de pé na entrada de trás como se estivesse esperado por eles, o que
provavelmente tinha feito. Jaxon pegou seu detido por um braço e o levou para
dentro, despreparado para a corrida de escuridão que o inundou, vinda do
jovem, não de malícia, mas de tristeza e desespero.

218
Das longas noites sofrendo com fome e frio, a agonia do abandono, o
desespero sombrio. Mas eu não tenho para onde ir! Eu não posso evitar o que
eu sou! Encolhido em um beco sujo, sozinho e com medo. Estômago roncando,
com dor. Faminto, criança? Eu sei como você pode ganhar alguns dólares
rapidamente. Vergonha. Querendo sair, mas com muito medo de fazer os
cortes. Tinha que acabar. Faça-o parar. Mas se eu desistir, eles ganham.
Tenho que continuar.

Todas essas imagens e emoções eram muito mais do que ele queria ver e Jax
se sentia como um voyeur, invadindo o horror do jovem quando não tinha o
direito. Mas ele não tinha feito isso de propósito. Normalmente leituras como
estas faziam parte de um processo meticuloso que levava vários minutos até
encontrar as memórias, pegar os fios e segui-los. Mas o feiticeiro era como um
canal para um fluxo infinito de energia e Jaxon não tinha defesas contra as
emoções turbulentas do homem que se derramavam através da conexão como
sangue.

Pelo menos ele tinha coletado uma coisa importante: Kalen Black não era
inimigo deles.

Com o cultivo certo, ele seria um aliado poderoso, talvez até um novo membro
da equipe para reforçar seus números novamente. Ele esperava que os outros,
especialmente o seu chefe, tivesse a mesma sensação. O grupo parou em
frente a ele, à espera de instruções.

Nick foi direto ao assunto, abordando o jovem diretamente. "Sr. Black, estamos
indo para a sala de reuniões onde vamos ter uma discussão honesta sobre o
porque de você estar aqui. Você vai nos dizer o que precisamos saber, e
depois vamos decidir qual curso de ação vamos tomar. Está claro?"

"Sim, senhor." Seu olhar não vacilou e nem revelou engano.

Nick balançou a cabeça em aprovação e eles marcharam pelo corredor até a


mesma sala em que eles tiveram seu informe sobre os quatro homens mortos e

219
o visitante suspeito no cemitério, que agora estava sob sua custódia. Black foi
direcionado a sentar-se em uma cadeira na mesa grande como o ponto de foco
de um círculo irregular, com as mãos ainda amarradas atrás das costas. Sua
mochila foi colocada no chão ao seu lado. Ele não ofereceu nada, sem dúvida
tinha aprendido nas ruas o valor de manter a boca fechada, a menos que fosse
necessário.

Todos se sentaram exceto Nick, que permaneceu de pé, com os braços


cruzados sobre o peito. Ele estudou o garoto por um longo momento, não havia
dúvida de que tinha visto muitas das coisas que Jaxon havia sentido minutos
atrás. "Você é um feiticeiro." Uma afirmação, não uma pergunta.

"Entre outras coisas". Uma ligeira fenda na armadura do garoto revelou a


própria aversão por trás dessas palavras. Jaxon sabia que "outras coisas" ele
quis dizer e elas não tinham nada a ver com seus talentos mágicos.

"Shifter. Necromante."

"É. E daí?"

"Há quanto tempo você sabe?"

Parecia que a pergunta o abalou um pouco e ele fez uma pausa, pensando.

"Sempre, eu acho. Apesar de não ter rótulos para minhas habilidades quando
eu era criança. Eu só sabia que era estranho e minha mãe e meu padrasto me
odiavam."

"Temiam, se você quiser ser mais preciso", Nick corrigiu.

"Talvez. Que diferença isso faz? Eu estive por minha própria conta, uma vez
que chutaram a minha bunda para fora aos quatorze anos e eu não olhei para
trás. Nem uma única vez em nove anos."

220
Quatorze. Deus, pelo o que este jovem tinha sofrido, a querida mamãe e o
padrasto bastardo deveriam ser torturados e enforcados.

"Você está certo. Não faz diferença, exceto que suas ações fizeram o que você
é, um sobrevivente percorrendo um caminho que vai levá-lo a ambos, salvação
ou destruição, dependendo das escolhas que você faz. Começando hoje à
noite."

O Feiticeiro o encarou alguns segundos e em seguida deu uma risada curta.

"Certo. Não é essa a verdade de todos, Vidente?"

Um silêncio caiu sobre a sala e toda a atenção virou-se para Nick. O desafio
indisfarçável dos talentos deste recém-chegado não foi surpreendente, dado o
isolamento do jovem e sua inexperiência em lidar com os outros, mas o seu
chefe não estava inclinado a ir com calma. O garoto não precisava disso agora,
nem iria apreciar.

"Eu não vou falar de generalidades e acho que você sabe disso, assim como
sabe que a maioria dos homens nunca poderia lidar com o aprendizado de
seus destinos. O que você decidir aqui esta noite você irá definir um curso
muito específico, que o levará para os mais difíceis desafios e o maior inimigo
que você nunca vai querer enfrentar."

Por um segundo, o cara parecia nervoso, olhando em volta para todos eles.

Recuperando-se, ele balançou a cabeça. "O que você quer de mim?"

"Cooperação, para começar. Diga-nos o que o trouxe para Cody, Wyoming."

Ele deu de ombros. "Nada específico. Apenas uma espécie de ir para onde o
vento me soprar, fazendo mágica na rua por gorjetas para sobreviver."

221
"Como aquele cara, o David Blaine*", Ryon colocou.

"Sim, gosto dele. Só que eu não posso falar por ele, mas o meu material é o
negócio real. Eu poderia ter ido a Vegas, mas eu não gosto da ideia de me
vender para o peixe grande, tê-los cuidando de mim, me colocando em uma
programação e me dizendo o que fazer com a minha magia. Isso seria
realmente péssimo."

O canto da boca de Nick subiu com a sua escolha de palavras. "Além disso,
alguém pode descobrir que não é um ato."

"Poderia não ser isso, também. Então sou só eu e a estrada." Ele ergueu a
cabeça. “Eu não sei por que vim aqui, mas agora que estou dando mais
atenção a isso, é quase como se algo me chamasse. Quero dizer, é um bom
lugar longe da cidade para deixar minha pantera correr, mas havia algo mais.
Uma vez que cheguei aqui, eu senti a morte. Minha pantera sentiu o cheiro.”

"Nós estamos na floresta", Nick apontou para fora. "Os animais morrem, às
vezes, campistas e caminhantes que não são cuidadosos."

"Sim, mas eu não estou falando de morte natural ou acidente. O que eu senti
depois que cheguei era mais como... algo que faz a pele se arrepiar, que faz
você querer correr e se esconder, tremendo de terror e esperando que ele
passe por você sem perceber. Sabe o que eu quero dizer?"

"Sim, eu faço. E foi por isso que você começou a bisbilhotar ao redor do
cemitério?"

"Em parte." Ele deu um suspiro profundo, olhando com medo pela primeira vez.

*David Blaine White (Brooklyn, Nova Iorque, 4 de abril de 1973), é um


ilusionista americano, conhecido também por seus desafios mirabolantes onde
testa os limites do corpo e da mente.

222
"Antes que eu começasse a andar no cemitério, aquela sensação horrível e o
cheiro me levaram até um dos corpos dos quatro rapazes. Pelo menos eu
tenho certeza que ele era um deles."

Nick colocou uma palma espalmada sobre a mesa. "O quê? Explique."

"Eu sou a pessoa que ligou anonimamente para o escritório do xerife sobre
aquela vítima, mas eu não sei como eles encontraram os outros. Eu fiz a minha
obrigação, mas eu não queria ficar em evidência, por isso fiz a chamada e
fiquei de fora da foto."

"Mas você não ficou. Não completamente. Você foi notado por aí."

"Eu sabia que era um risco, mas eu não poderia deixar a cidade. Não quando
eu tinha um sentimento tão instável no meu estômago, como se eu tivesse
cruzado com algo verdadeiramente mal que a maioria não teria a capacidade
de entender ou descobrir. Merda, eu não tinha certeza se teria, também, mas
eu poderia ter uma chance melhor do que um homem comum.”

"Então, você decidiu brincar de detetive amador." Nick permitiu que uma pitada
de dúvida se infiltrasse em seu tom. "Que conveniente."

Jaxon sabia que Nick estava jogando com o garoto que, pelo que disse até
agora, ele não acreditava que o Feiticeiro fosse responsável por nenhuma das
mortes, mas estava testando seu valor. Sua determinação.

Ele tinha ficado na mira do escrutínio de Nick poucas vezes, não o suficiente
para saber.

"Eu não matei aqueles homens", afirmou Black, sua expressão feroz. "Eu
nunca fiz mal a ninguém e eu não sou estúpido o suficiente para permanecer
na área, se eu tivesse feito."

223
Nick o deixou em suspense por um momento, então disse, "Eu sei. Diga-me
por que você acordou Henry Ward."

"Se você viu o que eu fiz, como você não sabe? Você é o Vidente.”

"Faça a minha vontade."

"Tudo bem. Não foi tão difícil conectar o burburinho local de um velho
encontrado espancado até a morte com o corpo de um homem encontrado nas
matas próximas. Como os policiais, eu achava que havia uma boa chance de
que Ward poderia ter visto algo e eu tenho uma ferramenta que eles não têm."

"Você pode acordar os mortos e falar com eles."

"Sim". Rapidamente, ele encheu Nick com as informações que Ward havia
passado para ele. O logotipo na camisa de um dos homens provou ser uma
boa vantagem e seu chefe balançou a cabeça em aprovação.

"Isso parece o logotipo utilizado pela NewLife Tecnologia", disse ele, e Jaxon
endureceu de surpresa.

"Esse é o antigo empregador de Kira." Droga, ela não esteve longe de sua
mente durante toda a noite e simplesmente mencionar o nome dela trouxe de
volta todo o desconforto físico como uma vingança.

Nick olhou para Jax. "Quem ela alega que, possivelmente, está realizando
algum tipo de experimento de DNA no tecido humano, transformando-o em
uma fita diferente. Alguma coisa animal."

"E as fotos e os relatórios da autópsia mostram que pedaços de carne foram


retirados dos homens, enquanto ainda estavam vivos." Jaxon disse, de um
fôlego só.

224
"Isso está emergindo em uma imagem terrível." Nick concordou. "A questão é,
se a NewLife está por trás disso, o que diabos eles estão tentando fazer? E,
com o custo de vidas humanas, no mínimo."

O Feiticeiro falou. "Isso é fascinante, mas estou livre para ir?"

Seu chefe prendeu o garoto com seu olhar azul e, então fez um gesto para
Ryon soltá-lo.

"Você pode sair quando quiser. Como regra geral, eu não interfiro com o livre
arbítrio, especialmente se o indivíduo não pretende fazer nenhum dano."

"Por que eu ouvi um 'mas' aí?" Black perguntou baixinho, esfregando os


pulsos.

"Porque o seu destino é aqui", Nick disse em voz baixa, a expressão grave.
"Você pode ir, mas se o fizer, saiba que a sua vida vai seguir um caminho que
não era para seguir e você nunca vai encontrar o que está procurando. Eu não
posso dizer mais do que isso. A decisão deve ser sua."

Este foi o maior aviso que Jaxon já tinha ouvido Nick dar a qualquer um.

"Confie nele, Black", ele aconselhou o Feiticeiro.

O garoto estudou cada um deles, os olhos de esmeralda brilhando com algo


parecido com esperança que não veio facilmente. "Chame-me Kalen. Faz anos
desde que eu tive um travesseiro e um colchão. Isso vai fazer com que a
decisão sobre dormir fique muito mais fácil."

"Faça isso. Deixe para pensar nisso depois, tome todo o tempo que você
precisar. Amanhã, ou eu deveria dizer mais tarde, hoje, Jax e um par de outros
membros da equipe vai lhe mostrar os arredores, explicar o que fazemos e
como as coisas funcionam. Nós vamos lhe fazer um checkup na clínica,
também. Colocar um pouco de comida em você."

225
"Obrigado. Eu estou muito agradecido por isso." Kalen não disse as palavras
levianamente. Ele era um homem que não tinha nada e ninguém. Até hoje,
mesmo que ele não percebesse isso ainda.

"Prove ser um bom soldado e isso será agradecimento suficiente." Sorrindo,


Nick o alcançou e levantou o pingente no peito de Kalen.

Gesticulou para os brincos que tanto Kalen quanto Jax usavam. "Talvez tenha
que perder algumas joias chamativas. Isso vale para todos."

O garoto não parecia incomodado. "Eu estou disposto a negociar. Algumas."

Jax não estava realmente preocupado, também. Nick tinha perdido a discussão
sobre as ferragens decorativas antes, ou melhor, graciosamente admitiu que
elas não interferiam com o trabalho, embora o chefe não gostasse delas.

Aric riu e entregou a Kalen sua mochila.

"Vamos, eu vou te levar para mostrar um quarto."

O lobo vermelho levou seu mais novo recruta para fora, os outros seguindo-os,
conversando e tentando colocar o jovem mais à vontade. Jaxon ficou para trás,
preocupado em ver o sorriso no rosto do seu chefe derreter quando os outros
os deixaram.

"O garoto vai ficar bem?", questionou.

"Definitivamente não, se ele sair, mas mesmo que ele fique... Eu não sei. Sua
tempestade ainda está bem afastada, mas ela está vindo."

"E quando ela chegar?" Ele estava quase com medo de saber a resposta, com
razão.

226
"Kalen ainda vai encontrar em sua alma a coisa certa a fazer e escolher a mais
difícil. Ou ele vai destruir a todos nós."

Jaxon passou a mão pelo cabelo curto.

"Quem é o maior inimigo dele, Nicky?"

"Ele mesmo", seu chefe disse severamente.

227
DEZ

"Quem é?" Kira cutucou Mac e as duas mulheres observaram com grande
interesse quando um homem jovem entrou na sala de jantar, parando, incerto,
para estudar seus arredores.

"Ele deve ser o provável novo membro da equipe sobre o qual Nick nos falou,"
Mac sussurrou. “Black, o Feiticeiro."

A Dra. Mallory estava muito animada e ansiosa para que todos eles
começassem a estudar os quatro homens mortos. Esta manhã, após o café,
Nick encheu-os com tudo o que o Xerife e a Alpha Pack tinham descoberto.

Incluindo a batalha de curta duração no cemitério com esse cara. Não só era
um feiticeiro, mas um Necromante e um shifter pantera negra.

"Ele se parece com um feiticeiro."

“É a palavra."

Kira não pôde deixar de notar que a voz de Mac tinha ficado um pouco rouca, e
como suas pupilas dilataram quando ela estudou o homem. Ela não podia
culpar a amiga. O cara era seriamente quente, o cabelo bagunçado preto
caindo em torno de um rosto que pertencia a um modelo, e um corpo alto,
magro e sexy vestindo calça jeans preta e uma camiseta.

Os únicos adornos que usava eram apenas o pingente de prata em torno do


seu pescoço e os alargadores em suas orelhas. Brilhantes olhos verdes
delineados examinaram a área com cautela, e então ele caminhou para dentro,
escolhendo um lugar no final de uma mesa próxima. Ele sentou-se sozinho, de

228
costas para a parede, de onde ele tinha uma visão de toda a sala e de quem
poderia entrar. Kira imaginou se ele se posicionou desta maneira de propósito
e pensou que era provável, dada a sua linguagem corporal.

Seu olhar encontrou o dela e ele acenou com a cabeça em cumprimento antes
de voltar sua atenção para os pratos fumegantes que o pessoal da cozinha
tinha colocado sobre as mesas para o almoço. Educadamente, ele pegou um
prato e talheres da pilha. Então, ele serviu-se um pedaço razoável de torta de
carne* e pegou dois pãezinhos.

Agarrando o garfo, ele olhou para a refeição como se nunca tivesse visto
comida na sua vida e depois, lentamente, começou a comer. Uma mordida,
depois outra.

Mais e mais rápido até que ele devorou a porção inteira, e ambos os
pãezinhos, em menos de cinco minutos.

Ele encheu o prato novamente e recomeçou tudo de novo.

Kira e Mac trocaram olhares e ela sabia que estavam pensando a mesma
coisa: Kalen estava literalmente faminto. Elas mantiveram uma conversa casual
e tentaram não olhar quando ele não desperdiçou a terceira porção, mas era
quase impossível.

Finalmente Mac não aguentou mais e se levantou, caminhando para


cumprimentá-lo.

"Olá", disse ela, seu tom amigável, oferecendo-lhe a mão. "Eu sou a Dra.
Mackenzie Grant. Trabalho no Instituto de Parapsicologia, que está alojado
aqui no complexo."

*Shepherd's Pie é um clássico da culinária anglo-saxônica. De origem britânica, este empadão


de carne, cenoura, ervilha e purê de batata é tradicional no Reino-Unido, mas também na
Austrália. Um prato simples e reconfortante que cabe muito bem durante a estação fria.

229
Ele olhou para o lado, engoliu um bocado de comida e, então, apertou sua
mão.

"Kalen Black, Feiticeiro em geral. Eu trabalho em todos os lugares e em


nenhum lugar", disse ele com um sorriso irônico.

Seus olhos brilharam com bom humor. "Eu ouvi um pouco sobre isso. Você vai
se juntar à Alpha Pack?” Kalen não conseguiu tirar seus olhos daqueles olhos
verdes marcantes de Mac quando ela colocou os cachos escuros sobre um
ombro em um gesto feminino inconsciente.

"Eu não decidi. Os caras vão me mostrar os arredores depois. Estamos


começando tarde hoje, uma vez que não fui para a cama até quase três da
manhã."

Então, isso explicava por que Jaxon e os caras não tinham aparecido no café
da manhã ou em qualquer outro lugar hoje para qualquer assunto. Nick tinha
sido o único presente. "Bem, eu espero que você escolha ficar. Você não vai
encontrar uma equipe melhor para trabalhar do que os nossos rapazes, e
nunca há um momento de tédio por aqui ", disse ela com entusiasmo.

"Eu posso ver isso", ele demorou, sentando-se preguiçosamente no banco para
olhar para ela. Mac corou, mas passou pela flagrante apreciação masculina em
seu olhar. "Eu acho que você vai se encaixar muito bem. Nesse meio tempo,
venha até a clínica quando tiver uma chance. Você vai precisar de um exame
físico e eu adoraria te dar um." Imediatamente, ela percebeu como isso soou e
gaguejou um pouco, especialmente quando ele riu.

Seu sorriso genuíno e amplo o fez ficar exponencialmente mais sexy. "Quero
dizer, alguém vai te examinar. Certificar-se de que você está saudável."

"Obrigado, Mackenzie. Eu vou fazer isso."

230
"Meus amigos me chamam de Mac", disse ela e, em seguida, fez um gesto em
direção a Kira. "Aquela é Kira Locke. Ela é nova, também."

"Oi," Kira disse, acenando.

"Olá.”

Mac se deslocou, capturando sua atenção novamente.

"De qualquer forma, como médica, diria que você deve diminuir a comida,
especialmente se a equipe pretende treinar com você mais tarde. Você vai
acabar passando mal."

Seu humor desapareceu e ele colocou o garfo em cima da mesa, baixando os


olhos com vergonha óbvia. Quando olhou para cima novamente, ele assentiu.
"Bom conselho. Obrigado." Limpando a boca em um guardanapo, ele se
levantou. "Eu vou ver as damas mais tarde, certo?"

Elas acenaram em acordo e olharam a deliciosa parte traseira do Feiticeiro


desaparecer pela porta.

"Eu sou uma idiota," Mac gemeu, batendo na testa. "Por que eu tinha que dizer
algo tão estúpido?"

Kira afagou o braço de sua amiga quando ela voltou para sua mesa. "Ei! Você
estava apenas expressando uma preocupação válida e você está certa. Comer
assim, quando não se está acostumado a tanta comida, vai deixá-lo mal. Ele
vai superar isso."

"Eu espero que sim."

"Pronta para começar no laboratório?" A distração funcionou, embora


estivesse, realmente, na hora de elas irem.

231
"Pronta, como eu nunca estive." Ela fez uma careta quando Kira levantou. As
duas saíram e partiram para a clínica. "Eles não são uma bela visão e não me
refiro assim só porque eles estão mortos."

Ela tentou não pensar muito sobre isso enquanto se dirigiam para o laboratório.
Mas foi difícil ignorar a condição dos corpos quando entraram na grande sala
estéril usando seus aventais, máscaras e luvas de látex. Cada um dos homens
estava sobre uma mesa de metal, espalhados longe o suficiente para que
todos pudessem trabalhar em torno deles sem esbarrar um no outro. Kira não
estava surpresa ao encontrar Nick, que já estava lá esperando com a Dra.
Mallory.

Ele era o chefe e queria saber o que eles descobririam. Mas ela estava um
pouco surpresa ao encontrar Jax presente, inclinando-se negligentemente
contra a parede, seus olhos cinza-azulados em todos, mas devorando-a assim
que ela entrou. Ela não conseguia desviar o olhar.

Como Nick, ele não estava usando roupas de proteção. Uma calça jeans de
cintura baixa abraçava seus quadris e seu bíceps incharam ainda mais com
seus braços cruzados sobre seu peito gostoso. Seus lábios se curvaram, o
humor negro em sua expressão fazendo coisas boas em seu belo rosto. Coisas
que fizeram o almoço se revirar em seu estômago e a fizeram querer muito
arrastá-lo para fora, derrubá-lo e ser levada para o mau caminho com o seu
corpo sexy pelo resto da tarde. Ele piscou e ela balançou a cabeça, quebrando
o contato visual. Não era ela que supostamente deveria estar brava com ele?
Ela não se sentia chateada no momento, apenas realmente quente entre suas
coxas.

Droga.

Dra. Mallory reclamou a atenção de todos.

"Vamos fazer as coisas acontecerem, concordam? Primeiro de tudo, vamos ter


certeza de que todos nós sabemos por que estamos aqui. As autópsias já

232
foram realizadas e o legista foi bastante meticuloso. Todos tiveram a
oportunidade de estudar as cópias esta manhã?"

Todas as respostas foram afirmativas, incluindo as de dois técnicos que Kira


tinha encontrado mais cedo, mas ainda não conhecia muito bem.

"Ótimo. Nosso objetivo aqui não é refazer o que já foi feito, mas sim colocar a
mente para funcionar. Para estudar as vítimas, tendo em conta tudo o que
sabemos até agora e, para tentar criar um retrato não só do que aconteceu
com estes quatro homens, mas o que pode estar acontecendo no quadro
completo."

A mulher era uma profissional, mesmo que fosse um pouco indiferente. A


médica olhou para um tablet em que tinha escrito suas notas. "Todas as quatro
vítimas têm marcas de ligadura claramente visíveis em seus pulsos e
tornozelos. Eles estavam abaixo do peso na hora de suas mortes, mas não tão
mortalmente assim. Cada vítima possui cicatrização de feridas feitas com muita
precisão por um instrumento afiado, tal como um bisturi. A partir destas
cicatrizes, em várias fases de cura, no momento da morte, pode-se supor que o
tecido foi removido deles, enquanto estavam vivos, e em intervalos regulares.
Os corpos foram bombeados com uma grande variedade de drogas, também."

Kira começou a se arrepender de ter almoçado antes.

Cientistas nem sempre eram capazes de desligar seu botão sensível. "Eles
foram mantidos em cativeiro", disse Nick. "E eles suportaram algum tipo de
experimento."

"Essa seria a minha suposição", ela concordou. "A questão é, com que
propósito? Eu acredito que as amostras de tecido que Kira liberou de seu
antigo empregador, para não mencionar a ligação que estes quatro homens
têm com um de seus supostos assassinos, que estava usando o logotipo da
empresa, podem fornecer algumas respostas. Aquelas que não vamos gostar."

233
"Os homens que largaram os corpos não são necessariamente os assassinos",
Jax apontou. "Eles podem ser os lacaios que fazem o descarte."

Nick assentiu. "Verdade.”

"Seja qual for o caso, as minhas descobertas iniciais indicam que as mudanças
nas cadeias de DNA e nas fitas dos genes foram sofridas por ambas, sendo
que as amostras de tecido de Kira e as destes homens são quase idênticas. As
implicações destas mudanças são bastante alarmantes."

Jax se mexeu, sua expressão preocupada. "Nick e eu falamos com Kira sobre
os dados do tecido que ela encontrou no computador do Dr. Gene Bowman.
São estes os tipos de mudanças a que você está se referindo?"

"Temo que sim. Em termos leigos, a minha opinião profissional é que alguém
está levando os seres humanos, quer queiram ou não, e tentando forçar seus
corpos para assumir características de animais."

"Eles estão criando shifters", disse Nick, fervendo de raiva.

"Ou algo parecido com isso, sim." Ela acenou com a mão para os corpos. "E
isso, em minha opinião, é a indicação de que eles ainda não aperfeiçoaram o
processo."

A ideia era impressionante. "E, então, eles simplesmente os despejam como


lixo", Kira sussurrou.

"Isso é doentio". Parecia que Jaxon queria atravessar o quarto e abraçá-la,


mas não o fez. Em vez disso, ele levou seus pensamentos um passo adiante.
"É totalmente fodido. Se eles puderem descobrir como produzir shifters em
massa, ignorando os métodos naturais, como o acasalamento ou morder e
arranhar, o que nem sempre funciona, basta pensar como isso afetaria o
mundo como nós o conhecemos."

234
"E se eles estão imbuindo-os de quaisquer outros talentos especiais, como
suas habilidades psíquicas, ou se os humanos escolhidos já possuem essas
habilidades..." Dra. Mallory deixou a declaração suspensa, seu significado
sinistro.

Nick olhou para ela. "A raça humana pode estar em perigo real dentro de uma
questão de anos. Eles seriam o degrau mais baixo na hierarquia dos seres
inteligentes. Meu Deus."

Jax afastou-se da parede. "Nós não podemos deixar que isso aconteça, mas
para impedi-los, temos de saber, com certeza, se os médicos da NewLife são
os únicos responsáveis, e quão alto na cadeia alimentar este projeto vai, se
Orson Chappel está ou não ciente disso, e se sim, quem está envolvido com
ele."

"Chappell deve estar liderando isso, e eu aposto que ele tem parceiros fora da
empresa", disse Nick. "Algo dessa magnitude precisa de um grande suporte,
maior do que ele pode puxar por si mesmo."

"Primeiro temos que descobrir onde eles estão segurando os cativos,


assumindo que os participantes foram de má vontade. Ou se tornaram
indispostos, uma vez que perceberam a tortura que enfrentariam." Jax fez uma
pausa. "Eu estou pensando que deve ter mais de uma instalação. As amostras
de Kira vieram do edifício da NewLife em Vegas, mas estes quatro corpos
foram deixados a uma longa distância de lá."

"Eu vou me concentrar em descobrir onde se localizam as outras instalações",


disse Nick. "Se houver uma aqui, poderia explicar por que esses homens foram
descartados nas proximidades. Mas, mesmo se o edifício Vegas for o mais
próximo, é apenas um dia de carro ou duas horas de avião. Não é uma viagem
difícil, se os seus lacaios foram enviados para eliminar os corpos em uma área
de floresta."

235
"Isso faria mais sentido", Kira especulou. "Duvido que eles dispusessem os
corpos em seu próprio quintal."

Jax olhou para ela. "Eu diria que Las Vegas é o lugar para começar. Além
disso, Henry Ward disse a Kalen que os homens estavam em uma van azul. Eu
acho que ambos dirigiram até aqui com os corpos, ou os trouxeram em um
avião particular, depois alugaram a van e voltaram a Las Vegas depois."

Nick concordou. "Tudo bem. Vou verificar, e se a NewLife não tiver um prédio
aqui, vamos nos reunir e ir para Las Vegas." Ele fez uma pausa, pensativo. "De
onde eles estão recebendo os shifters para as experiências? Eu me pergunto.
Eles têm de usar shifters para fazer as mudanças nos humanos funcionarem. E
por que nenhum de seus corpos foi encontrado?"

"Nós curamos mais rápido", Jax lembrou. "Podemos sofrer um monte de


abusos antes de sucumbir."

Bem, esse não era um pensamento reconfortante. Kira sentiu pena das vítimas
de ambos os lados. Nick suspirou e olhou para um dos corpos. "Eu odeio pedir
isso, mas você poderia ver se consegue obter uma leitura?"

"Claro. Vamos fazer isso.” Ele parecia tão casual, mas Kira tinha visto em
primeira mão o quanto isso tirava dele. E hoje, apesar de sexy como sempre,
ele parecia cansado, como se não tivesse dormido bem. Ele estava se coçando
de vez em quando, também, realmente cavando em seus braços e estômago.
Ela franziu o cenho, incapaz de detectar uma erupção na pele.

Ele se moveu para o cadáver mais antigo, tocando apenas o pulso, sem o
benefício do látex das luvas, o que podia dificultar a sua capacidade. Ele se
concentrou por alguns minutos, mas sacudiu a cabeça e seguiu em frente.
"Nada. Ele se foi há muito tempo, com os elementos que trabalharam nele."

Kira escondeu sua repulsa quando ele foi para a segunda vítima. Ele teve a
mesma sorte ruim que teve com o primeiro e, então, o terceiro. Mas foi só na

236
última vítima que a maré virou. Fechando os olhos, ele tomou o pulso esfolado
e respirou lenta e profundamente, acomodando-se.

Depois de alguns momentos, sua cabeça se inclinou para trás e seu corpo
ficou tenso. À medida que os minutos passavam, a cor desapareceu do seu
rosto e ele começou a tremer. Isso era assustador o suficiente, mas o grito
agonizante que ele soltou, de repente, quase fez seu coração explodir.

"Nick!" Desesperada, ela olhou para o chefe, que tinha dado um passo na
direção de seu amigo.

Mas antes que ele pudesse intervir, Jax gemeu, "Oh, Deus, não. Por favor,
não..." Então seus joelhos se dobraram e ele caiu no chão, deitado de costas.

"Oh, meu Deus! Jax!"

Todo mundo convergiu para ele, mas Kira o alcançou primeiro. Caindo ao seu
lado, ela acariciou seu rosto e sacudiu-o."Jax!"

Ele não respondeu, mas sua respiração era constante, ela notou com alívio.
Mac avançou ao seu lado e tomou-lhe o pulso. Em seguida, ela abriu uma
pálpebra e acendeu a lanterna, testando sua reação.

"Isso já aconteceu com ele antes?" Kira perguntou ao grupo ansiosamente.

"Não", disse Nick, a voz áspera. "Nunca é fácil para ele, mas ele nunca perdeu
a consciência.

A voz da Dra. Mallory cortou o pânico crescente. "Nós precisamos colocá-lo em


uma sala de exames. Nick, pegue seus ombros e eu vou pegar seus pés.
"Entre os dois, conseguiram pegá-lo e manobrar seu grande corpo para fora,
no corredor e em uma das mesas de exame da clínica. Kira tentou entrar no
quarto, mas a Dra. Mallory não estava deixando.

237
"Todo mundo pra fora, para que possamos ver o nosso paciente. Quer seja
Mac ou eu, uma de nós virá assim que tivermos notícias."

Do nada, uma poderosa emoção golpeou Kira duramente. Como a mulher se


atrevia a mantê-lo longe de mim? A raiva feroz inchou em seu peito, sufocando
seus pulmões. Um som baixo emergiu de sua garganta que parecia muito
como barulho que Jax tinha feito com a idéia de outros homens a tocando.

Essa reação dele a tinha chateado e agora ela estava fazendo a mesma coisa.

Dra. Mallory congelou, sua máscara eficiente escorregando o tempo suficiente


para olhar para Kira com espanto.

Então ela se virou para Jaxon. "Nick, tire-a daqui."

"Vamos lá", disse ele, tomando-lhe o braço. "Vamos sair do caminho de Melina.
Jax vai ficar bem."

Quando ele a levou para a sala de espera, a ira incandescente começou a


diminuir, apenas para ser substituída por uma terrível ansiedade. Jax estava lá,
só Deus sabia o que estava acontecendo com ele. Ela não podia tocá-lo. Falar
com ele. Certificar-se de que ele estava bem. Ela precisava fazer essas coisas
ou ficaria louca.

"Nick, o que há de errado comigo?"

Ele a sentou em uma cadeira, tomando o assento ao lado dela e permaneceu


em silêncio por um longo momento.

Quando ele encontrou seus olhos, a expressão em seus olhos azuis escuros
fez seu coração dar uma guinada. "Você é uma cientista, Kira. Olhe para suas
reações com seu cérebro analítico e você me diz."

238
Involuntariamente, ela fez. Protetora, beirando a violência, em ambos os lados.
A inexplicável atração animal desde o primeiro instante em que ele se
transformou em um homem diante de seus olhos.

O desejo constante de estar perto dele.

"Não", ela disse em negação. Suas mãos começaram a tremer. "Não pode ser.
Esse tipo de coisa só acontece nos filmes."

"Querida, isso é verdade. Jax é o seu Companheiro.”

Ela olhou para ele, uma trepidação enrolando em seu estômago. "O que isso
significa exatamente? Soletre, por favor."

"Melina pode dar uma explicação melhor do que eu."

"Eu estou pedindo a você", ela insistiu.

Após uma longa pausa, ele continuou com alguma relutância. "Você é o seu
par perfeito. Aquela que o completa, tanto o homem como o lobo. Tanto um
shifter feito como Jax, ou um shifter nascido como eu, todos nós temos uma
Companheira lá fora em algum lugar."

"Esta coisa de vínculo é desencadeada quando um shifter está desenvolvendo


sentimentos por outra pessoa?" ela perguntou, esperançosa. A parte analítica
do seu cérebro podia aceitar isso, mas não a resposta que ela tinha no
momento.

"Não. Quer desenvolva sentimentos antes ou depois do shifter reconhecer seu,


ou sua Companheira, é irrelevante. Os dois estão fadados a ficar juntos,
ponto.”

"Eu não vou aceitar isso! De jeito nenhum." Sua veemência surpreendeu aos
dois.

239
"Jax é um bom homem. Há, obviamente, a química entre vocês dois. O que há
de tão ruim em ser sua Companheira?"

Bombardeada por emoções conflitantes, ela se esforçou para explicar. "Nada,


se ele me amasse! Sim, nós tivemos fogos de artifício, mas isso não quer dizer
nada. Ainda não nos conhecemos muito bem, e ele vê outras mulheres..."

"Ele não vai mais. Agora não."

"O quê? Como assim?" Ela se recusou a reconhecer a bolha de felicidade que
a notícia havia causado.

"Uma vez que um shifter lobo encontra sua parceira, ficamos fisicamente
incapazes de estar com qualquer outra pessoa, no sentido carnal. Não há
preocupações."

Ele disse isso como se ela devesse estar entusiasmada.

E ela estava, com exceção de um pequeno detalhe. "Você não entende. Eu


quero que o meu homem queira estar comigo porque eu sou eu, não porque
suas glândulas estão ditando a sua libido! Eu quero que ele se apaixone por
mim e vice-versa, não estar presos juntos, porque a ciência diz que tem que
ser assim."

"Kira, o que a faz pensar que vocês não vão se apaixonar perdidamente? Eu,
pessoalmente, acredito que vocês já estão bem no caminho, e você só precisa
dar uma chance a vocês dois."

"Mas como eu vou saber?"

"Da mesma maneira que os outros fazem. Bem aqui", disse ele, apontando
para o coração.

240
Ela considerou isso. "Alguma vez você já se apaixonou?"

Dor brilhou em seus olhos, então foi embora. Ele sorriu, mas parecia um pouco
triste. "Ei, nós não estamos falando de mim, lembra? Basta dar um tempo.
Confie em mim."

Ela não respondeu, mas toda aquela ideia ainda a incomodava muito. Foi o
pensamento de que a essência básica selvagem poderia forçar duas pessoas
juntas e antes que uma delas estivesse pronta. Isso não assentava bem, de
modo algum.

Quarenta minutos depois, Mac e a Dra. Mallory apareceram.

Kira não gostou da aura de pessimismo quase tangível em torno delas, a


ansiedade.

"O que há de errado? Ele não está bem?”

Mac olhou para a colega, que assentiu com a cabeça, indicando que ela
poderia ir em frente. "A leitura realmente bateu nele por um laço, mas, à
medida que ele for se recuperando disso, ele deve ficar bem."

"Isso é bom, mas o que você quer dizer “na medida de que vai'? Há mais?"

"Infelizmente, sim. Ele está experimentando alguns sintomas que estão lhe
causando desconforto."

"Eu percebi que ele está se coçando," Kira disse com uma careta.

"Ele está comichando e está ficando pior, começando a queimar. Ele também
tem uma dor de garganta e febre, que não tinha ontem. Ele está ficando doente
e se as medidas adequadas não forem tomadas, a sua vida estará em perigo."

Kira piscou, o peito apertando. "O que você quer dizer? Que tipo de medidas?"

241
"Uma das mais importantes, na verdade." Mac fez uma pausa. "Será que Nick
lhe disse?"

"Eu disse a ela," o chefe confirmou.

"Espere um segundo. É sobre eu ser a sua parceira? Você está me dizendo


que não só temos esta atração que não pode ajudar, mas a sua cura depende
de mim?"

"Isso é o que estamos dizendo”, Mac disse-lhe suavemente. "A vida dele
depende de você."

Ela engasgou. "Ele vai morrer se eu não acasalar com ele? Oh, meu Deus!" Ela
se virou para Nick. "Você disse que eu poderia ter um tempo! E agora eu
descubro que não tenho escolha? Suponho que eu deveria apenas entregar a
minha vida inteira para um homem que é metade canino e não é realmente um
homem no final das contas?"

Assim que as palavras saíram de sua boca, ela sabia que tinha ultrapassado o
limite. Especialmente quando uma voz rouca falou atrás dela. "Eu nunca lhe
pediria para fazer um sacrifício tão horrível. Não se preocupe. Você não será
atada a um cão sujo como eu."

Com isso, Jax passou mancando pelo grupo. Seu rosto ainda estava pálido e
ele estava segurando seu estômago enquanto caminhava lentamente pela sala
de espera e para fora da porta. O rosto de Kira ardeu, seu coração doendo de
vergonha. E outra coisa, o anseio do homem que tinha saído, parecendo mais
abatido do que alguém que ela já tivesse visto. Ela queria chamá-lo de volta,
mas as palavras tinham se alojado em sua garganta como um melão. Ela
colocou seus próprios sentimentos antes do bem-estar de um bom homem. Ele
podia morrer, e ela só pensava em si mesma.

O olhar mordaz que ela recebeu da Dra. Mallory falou por si só. "Por que você
não tira o resto da tarde de folga? Vá ver Jax e faça as coisas direito.”

242
"Eu vou", ela disse suavemente. Abaixando a cabeça, ela saiu correndo da
sala. Ela tinha que se desculpar. E, de alguma forma, fazê-lo entender esses
sentimentos que nem ela mesma compreendia.

***

O estômago de Jaxon se agitou e sua cabeça latejava. Sua garganta, todo o


seu corpo, parecia como se estivesse sendo lentamente assado em um forno,
mas os sintomas não foram o pior. Não, o pior foram as palavras de Kira ainda
ressoando em seu cérebro. Deixando-o de joelhos, trazendo-lhe mais para
baixo do que ele já tinha estado. Mesmo depois do Afeganistão, com mais da
metade de seus soldados abatidos. Ou após a emboscada na Alpha Pack,
quando Beryl o tinha traído.

Eu deveria apenas entregar a minha vida inteira para um homem que é metade
canina e não é realmente um homem no final das contas?

Não era um homem no final das contas. O que mais que ele esperava? Mas,
Deus, doeu. Tanto que ele queria se enrolar em posição fetal e morrer. Um
guerreiro e um shifter com habilidades especiais, cortado pela língua de uma
mulher, tão certo como se tivesse sido atravessado por um golpe de espada ou
um tiro entre os olhos. Este último teria sido mais gentil do que isso.

Respirando através da dor, de ambos os tipos, entrou em seu apartamento e


se dirigiu para o quarto. Sem se preocupar em tirar as botas, ele se jogou em
sua cama e se deitou de lado, cobrindo os olhos. Foi quando ele percebeu que
o incêndio em sua garganta não era somente da febre. Bom Jesus, ele não
chorava há anos e não estava disposto a ceder agora. Ele tinha lidado com um
monte de merda e ele iria lidar com o fato de ser rejeitado por sua parceira. Ele
faria. Mas isso não impediu que a umidade quente vazasse entre seus cílios.
Irado, ele esfregou os olhos, desejando que a dor aliviasse.

243
Foi essa a reação do cão sujo ou do homem? Como era triste que ele não
soubesse. Ah, sim, você não é um homem, lembra-se? Ele ouviu uma batida
na porta de onde ele estava.

Ele ficou lá, desejando que parasse, mas seu visitante não ia embora. "Filho da
puta." Arrastando-se, ele começou a ir para a porta. No meio do caminho, o
cheiro familiar de Kira flutuou até ele, congelando-o em seu curso. Se ela
estivesse vindo pedir desculpas, ele não estava pronto para ouvir seus
pretextos. Rosnando em frustração, ele mancou através da distância e abriu a
porta, educando sua expressão para parecer calmo. "O que você quer?" Sua
saudação curta a levou a recuar e se mexer nervosamente.

"Posso entrar? Eu realmente não quero fazer isso se alguém puder ouvir."

"Engraçado, você não teve um problema com isso na clínica."

"Jax, por favor?" Seu pequeno rosto estava comprimido, os olhos azuis
sombreados com preocupação.

Ele suspirou. "Eu imagino. Entre."

Deixando-a seguir, ele se arrastou para a sala e sentou-se em uma


extremidade do sofá.

Ela pegou a outra extremidade, sentando perto dele, mas não o tocando. Uma
vez que este era o seu último centavo, ele a deixou com sua batalha.

"Olha, você não sabe o quanto estou triste pelo que você ouviu”, ela começou
com dificuldade. "Mas eu não quis dizer isso da maneira como soou."

Ele bufou com uma risada feia. "Que eu não sou um homem? Sério? Eu
adoraria saber de que outra forma devo tomar isso, exceto que você acredita
que eu sou um animal ou sub-humano".

244
"Não!" Inclinando-se para ele, ela apertou seu joelho. "Isso não foi o que eu
quis dizer! Eu tinha acabado de descobrir essa coisa assustadora de saber que
não posso dizer uma palavra sobre você ser meu Companheiro. Que eu tenho
que ser obrigada a ficar com alguém por toda a vida por causa da biologia, e
não pelo amor."

Ele a estudou, decidindo que ela estava sendo honesta. "Eu entendo isso. Mas
como você sabe se esta atração entre nós não está se tornando amor já?"

"Como eu sei disso com certeza absoluta?" ela retrucou. "Eu nunca fui levada a
sério por ninguém antes, não tão seriamente o suficiente para casar ou mesmo
viver juntos. E então, de repente, eu descubro que há todo um mundo que eu
nunca soube que existia e que as criaturas das fábulas da minha infância não
são tão ficcionais, depois de tudo. Não houve tempo para me adaptar, para
recuperar o fôlego.E então, bum! Repentinamente, com a vida alterada por
mudanças, um homem e, sim, você é um homem e eu sou uma idiota, um
homem está reivindicando-me por conta própria. E, ah, sim, ele e seus amigos
são criaturas como as de um romance de JRR Tolkien* e eu estou andando
meio que esperando para ser executada por um Gollum** à procura de seu
precioso!"

Seus olhos estavam arregalados, as faces coradas com a paixão de seu


discurso e os cabelos loiros emoldurando seu rosto. Dane-se se ela não era a
coisa mais linda que ele já tinha visto. E foda-se tudo isso, ele iria perdoá-la.

Estendendo a mão, ele afastou uma mecha pálida. "Sim", ele disse
suavemente. "Eu acho que seria muito bonito bagunçar com o seu dia."

*JRR Tolkien é o autor conhecido internacionalmente por seus livros, como o


Hobbit e Senhor dos Anéis.

**Gollum é um personagem de Senhor dos Anéis que foi corrompido por um


Anel, o qual ele chama de “meu precioso”.

245
Excitação queimou em seu rosto, as pupilas dilatadas.

Engatando a respiração, ela chegou mais perto, capturando sua mão. "Muito
bonito. Me perdoa?"

"Doçura, eu te perdoei quando você disse 'Eu sou uma idiota.' "

Seus lábios se curvaram em um sorriso. "Não se acostume com isso."

"Eu gostaria de me acostumar com você, ponto final."

"Que lisonjeiro."

"Eu estou trabalhando na minha rendição. O que posso dizer?"

"Diga que você vai me beijar", ela sussurrou.

Ele sorriu, toda a sua dor esquecida com seu pedido simples. "Baby, eu vou
fazer muito mais do que isso."

Puxando sua mulher mais perto, ele esmagou sua boca na dela.

246
ONZE

Kira recebeu com alegria sua boca na dela, sua língua deslizando para dentro
para saboreá-la. Estar em seus braços fortes era o céu e ela amava o seu
tamanho, como ela se sentia cercada. Segura. Sua dureza cutucou contra seu
estômago, fazendo-a se contorcer. Ele gemia e um pouco de satisfação jorrou
através dela porque ela era a causa da sua excitação. Sua necessidade.

Grandes mãos deslizaram pelos seus lados, trabalhando debaixo de sua


camisa. Encontraram os bojos do sutiã e espalmou-as enquanto a empurrava
para cima, esfregando sua ereção, procurando alívio. A ação causou um calor
receptivo entre suas pernas que se espalhou em seu ventre. Ela precisava ser
preenchida por ele. Possuída. Devastada.

"Muita roupa", ela sussurrou, puxando sua camisa.

Rapidamente, seus olhos pareceram brilhar. "Nós podemos resolver isso."

Ela arrancou a roupa sobre a cabeça e, em seguida, correu de volta, atacando


seu cinto. Com uma risada baixa, ele levantou seus quadris para ajudá-la e ela
libertou seu pau grosso, levantando suas bolas pesadas. Ela nunca tinha
pensado no pacote de um homem como particularmente bonito, mas Jax era
tudo o que um homem deveria ser. E muito mais. De repente, ela não
conseguia pensar em qualquer coisa que ela quisesse mais do que saborear o
pré-sêmen que escorreria da fenda de seu pênis. Para envolver os lábios ao
redor da cabeça e levá-lo à loucura com luxúria.

No passado, dar a um cara um boquete era algo do tipo pegar ou largar,


principalmente largar, desde que o ato era geralmente todo sobre o prazer

247
dele, não dela, mas desta vez foi diferente. Com Jax, o prazer seria para os
dois lados.

Deslizando para o chão, ela afastou seus joelhos e se agachou entre suas
coxas vestidas pelo jeans, alisando as mãos em cima delas. Ela adorava a
sensação de seus músculos se aglomerando sob a ponta dos dedos e queria
ver mais.

"Fora com o jeans," ela ordenou, sorrindo com a sua surpresa. Um lento sorriso
curvou sua boca sexy quando ele cumpriu, deslizando o material ofensivo para
baixo de seus quadris.

"O que a senhora quiser."

"Homem inteligente.”

Quando ela retirou o jeans e a cueca boxer para baixo de suas pernas e os
puxou para fora de seus pés, olhou para cima para ver uma sombra escurecer
sua expressão. Seu olhar deu uma tremulada para a perna ferida e se desviou
tão rápido que ela poderia ter perdido se ela não estivesse prestando atenção.

Gentilmente, ela beijou a carne desfigurada que envolvia sua coxa direita.

"Suas cicatrizes não te fazem menos bonito para mim. Elas não importam."

"Você acha que eu estou preocupado com a minha aparência? Não, eu mereço
exatamente o que eu tenho e mais por confiar na pessoa errada e levar minha
equipe para uma armadilha." Sua voz estava tão cheia de aversão por si
mesmo que seu coração se partiu por ele.

"Eu não acredito nisso e você também não deveria. Alguém se aproveitou de
sua confiança e quebrou-a, e essa pessoa é a responsável pelo que
aconteceu. Não você”, ressaltou.

248
"Mas eu..."

"Quieto". Curvando-se sobre seu colo, ela agarrou a base de seu pênis e deu
uma lambida na fenda, pegando as gotas. Um sabor doce e salgado explodiu
em sua língua e ele respirou fundo. Oh, degustá-lo iria se tornar viciante
realmente rápido.

"Kira", ele gemeu. Sua cabeça caiu para trás para descansar contra o sofá e
ele abriu mais as pernas, levantando seus quadris um pouco, um incentivo
silencioso para continuar com a atenção bem vinda. Ela não precisava de muita
persuasão.

Quando ela tomou a cabeça esponjosa entre os lábios e começou a chupar,


ficou imediatamente aparente que dar isso a ele, era a sua própria
recompensa.

Sua pele bronzeada estava quente, seu longo e grosso pênis vermelho escuro,
as bolas pesadas com a necessidade. Ele estava esparramado diante dela
como um banquete, uma mão enterrada em seu cabelo, a outra segurando o
braço do sofá como se ele pudesse se lançar a qualquer momento e tivesse
que, de alguma forma, se ancorar.

Ela olhou seu rosto enquanto o levava mais fundo, sugando sua vara e
lambendo a parte inferior de seda, bombeando a base. Seus olhos estavam
fechados em êxtase, o peito subindo e descendo mais rapidamente, tornando
as tatuagens que rodeavam seu ombro se moverem e parecerem quase vivas.

"Deus, eu não posso demorar muito mais", disse ele asperamente. Seu
controle era admirável, mas ele não foi páreo para ela se movendo para cima e
para baixo.

Levando-o até o fundo da sua garganta e para fora de novo. Ela deslizou ao
longo de seu comprimento, até que ele a empurrou de volta cuidadosamente
com uma risada baixa.

249
"Droga, mulher, eu estou prestes a perder o controle. Minha vez", insistiu, seu
tom sombrio fazendo-a tremer em antecipação. Ele escorregou para o chão ao
lado dela e deu um tapinha na almofada do sofá.

"Prepare-se, querida."

Avançando, ela deitou sua metade de cima no assento confortável, super


consciente dele posicionando-se atrás dela. Mesmo que ele estivesse exposto
e vulnerável momentos atrás, ela não tinha certeza de que gostava da
sensação de se sentir da mesma maneira. Ela era muito magra, com aspecto
muito parecido com um menino sem curvas femininas e seios exuberantes que
eram um apelo para muitos homens. Ela não sabia o que um gostoso como Jax
vira em seu corpo, mas ele parecia apreciá-lo muito bem. Não podia falsificar
uma gigantesca ereção.

"Espalhe-se para mim, baby."

Ela se movimentou pouco a pouco afastando mais seus joelhos, e se


posicionou oferecendo o rabo no ar, pronta e disposta a ser sua.

"É isso. Jesus, você é tão bonita." Dois dedos mergulharam em sua fenda, já
quente e úmida.

Esfregava e lambuzava seus sucos, brincando com seu clitóris. "Você gosta
disso, baby?"

"S-sim. Por favor..."

"Mais?"

"Por favor, não pare!"

"Não se preocupe. Eu não vou deixá-la suspensa."

250
De repente, seus lábios estavam dando beijos suaves em sua bunda. Ele foi
um pouco delicado e ela sufocou uma risadinha, e depois ele se moveu. Ele
acariciou seu traseiro e, em seguida, seu sexo, fazendo uma tentativa hesitante
de lhe bater violentamente com a língua. Arqueando as costas, ela se abriu
para ele, tanto quanto possível, dizendo-lhe sem palavras para tomar o que
queria. Dar-lhes o que tanto precisavam. Quando ele lavou suas dobras, sua
língua mergulhando lá dentro, ela começou a se sentir muito grande dentro da
sua própria pele. Ela estava inchando como um balão se tornando mais e mais
cheia, o calor empurrando-a de dentro para fora. O sentimento começava em
seu sexo e se arrastava para seus membros, filtrando-se em seu sangue,
trazendo-a para uma fervura gradual. Queimando-a.

"Ah... Oh, Jax ."

"Você tem um gosto tão doce", ele sussurrou. "Eu vou te foder tão duro."

A imagem de suas palavras o inspirou, sua boca trabalhando-a em uma febre,


que quebrou qualquer resistência que foi deixada. Seus ossos se derreteram e
ela se submeteu completamente. Sua para fazer o que ele desejasse. Ela era
sua. Nada mais importava. Ela precisava dele o mais próximo possível. Dentro
dela. “Por favor! Foda-me!”

Se ela gritou em voz alta? Ela não tinha certeza. Só sabia que ele estava
segurando seus quadris agora, trazendo a cabeça de seu pênis para sua
fenda. Cutucando sua entrada. Sua pele estava escaldante e ela precisava
dele. "Vou pegar o que é meu", ele rosnou.

Gemendo, quase fora de sua mente, ela empurrou para trás e esse era todo o
consentimento que ele precisava. Seu pau deslizou para dentro, alongando-a e
enchendo-a. Tão bom, tão certo. Ele era enorme, mas não a machucou.

Simplesmente a fez sentir-se completa quando deslizou todo o caminho


interno. Suas bolas aninhadas contra ela, o cabelo ligeiramente grosso de sua
virilha e coxas sensibilizando-a para todas as nuances dele. Juntos,

251
conectados como deveriam ser. Em seguida, ele começou a empurrar,
lançando-se profundamente em seu núcleo.

Tentadoramente lento no início, deixando-a sentir cada centímetro dele. Em


seguida, ganhando velocidade, colocando algum poder por trás do
bombeamento, seus dedos cavando em sua carne. Não apenas os dedos, mas
as garras. Ardeu um pouco, mas apenas adicionou ao prazer perverso. Em
algum lugar no fundo da sua mente, ela estava surpresa que não se opusesse
à sua natureza selvagem saindo durante o sexo e não estava com medo. Em
vez disso, seu lobo mal acorrentado só a virou ainda mais e ficou chocada ao
perceber que ela abraçou ambos enquanto eles a fodiam até o esquecimento,
Jax e sua besta.

Além disso, ela não conseguia pensar. Seu corpo foi pego em um inferno feroz
que só ele podia saciar.

Carne batendo contra a carne enquanto ele a empalava repetidamente,


movendo-se ainda mais duramente quando ela deu gemidos indefesos. Quase
lá.

"M-me morda", ela implorou. As palavras escaparam da sua própria vontade,


um reflexo da necessidade que ela não poderia reconhecer antes. Quase como
se ela não tivesse escolha.

"Deus, baby. Você não sabe o quanto eu quero isso."

Seu orgasmo explodiu e ela gritou, convulsionando em torno de seu pênis. Ele
endureceu e a seguiu para a beira com um grito, bombeando e enchendo-a
com seu esperma. Esvaziando-se com tanta força, que ficou grudado em suas
costas por vários momentos depois. Ofegante, ela flutuou de volta à Terra, a
neblina pós orgásmo deixando-a mole. E muito insegura aonde eles se
encontravam agora.

"Por que você não me mordeu?" ela perguntou em voz baixa.

252
Beijando o ombro dela, ele a puxou para fora e depois a virou, reunindo-a em
seu colo. "Porque que teríamos acasalado e você não esta pronta."

"Como você sabe? Eu senti como se estivesse pronta. Era tudo que eu
precisava naquela hora, tanto que eu não conseguia nem pensar direito."

Seus olhos estavam um pouco tristes quando ele respondeu.

"Exatamente. Você se preocupa tão fortemente sobre não ceder apenas


porque é a sua natureza, mas você ainda estava impotente para puxar o
acasalamento, enquanto nós transávamos. Pense sobre isso, baby. Se eu
tivesse feito o que você pediu, no calor do momento, você teria me odiado por
tirar vantagem."

"Não, eu não teria."

"Você teria", ele insistiu. "Sua opinião mudou sobre o acasalamento antes do
amor, então?"

Ela olhou para ele com um sentimento de afundamento em seu intestino.

"Não."

"Então você teria odiado sua visão de mim e eu poderia nunca mais ter uma
chance de ganhar a sua confiança."

Oh, Deus. Ele estava certo. Com a face queimando, ela desviou o olhar e
desejou que pudesse desaparecer.

"E há outra coisa que você deve saber." Ele fez uma pausa, obviamente
relutante em continuar, quando tomou-lhe o queixo e a fez olhar para ele. "Se
eu te morder... Inferno! Se o shifter o fizer, há uma grande chance de você se
tornar uma de nós. Você precisa decidir se você pode viver com isso, antes de
acasalarmos. Porque se nós o fizermos, eu tenho que te morder."

253
Sua boca se abriu. É claro que havia uma chance. Por que não tinha pensado
nessa possibilidade?

Ela poderia se tornar como ele. Uma loba.

"Jax, eu, eu..." Oprimida, ela se atrapalhou com uma resposta que não iria
machucá-lo mais do que ela já tinha feito. "Eu preciso de tempo para pensar."

"Ei, está tudo bem. Eu entendo, mesmo que o meu lobo fique uivando como um
demônio e ameaçando enfiar as garras em seu caminho direto para fora da
minha pele, deixando-me apenas uma casca vazia."

Sua tentativa de fazer piada a fazia sentir-se pior. "Eu sinto muito. Eu sei que
você está com dor e é tudo por minha causa."

"Não, anjo", ele disse suavemente. "Não é culpa de ninguém. Vamos apenas
tomar isso quando vier e vamos ficar bem."

"Você não vai ficar bem." Ela tocou seu rosto. "Você está queimando e não se
trata apenas de ter sexo quente. Eu estou morrendo de medo sobre o que a
Dra. Mallory me disse que poderia acontecer com você. Está acontecendo."

Ele balançou a cabeça em dispensa. "Melina é excessivamente cautelosa.

Esse é o seu trabalho. Nós, shifters, somos difíceis e vai levar mais do que uns
poucos hormônios em fúria para me derrubar. Temos muito tempo para decidir
o que queremos e eu não quero que você se preocupe com isso."

"Eu não posso prometer isso."

"Faça o seu melhor, porque eu estou bem." Ele beijou seu nariz.

"Promete que vai me dizer, se isso ficar muito ruim?"

254
"Claro."

Ele não disse exatamente as palavras e ela franziu a testa, sabendo que ele
iria manter a sua miséria para si o maior tempo possível. Que ele colocaria os
sentimentos dela antes de suas próprias necessidades, não importa o quanto
isso o machucasse. Causou algo quente e maravilhoso se expandindo em seu
peito.

"Estou feliz que você me perdoou pelo que eu disse na clínica", disse ela.

Ele piscou. "Eu também. Você me derrubou, não é?"

Ela cavou seus dedos em suas costelas. "Espertinho."

Caindo para trás, ele riu, puxando-a com ele e a luta foi de cócegas. Ela
conseguiu obter um pouco mais de escavações em suas costelas, antes que
ele agarrasse um tornozelo e torturasse o fundo sensível de um pé. "Eu me
rendo", ela gritou. "Você ganhou!"

"Eu sou o chefe. Diga!"

"Ahh! Você é o chefe", ela suspirou, tentando em vão arrancar o seu pé das
mãos dele.

Felizmente, ele o soltou e a ajudou a se levantar. "O chefe exige que você tome
banho com ele."

"Uma ova. Eu suponho que você quer que eu lave as suas costas, também."

"É claro. Mas eu vou lavar as suas, também."

Sua voz prometia mais divertimento extracurricular do que uma simples


chuveirada. O lobo bonitão se entregou, também, a ensaboar certas fendas,

255
talvez, um pouco mais do que o necessário, fazendo-a rir e estremecer de
prazer em voltas.

Ela não estava rindo, no entanto, quando ele a guiou para se segurar nos
azulejos, sua dureza esfregando a fenda de sua bunda, declarando que não
tinham terminado de jogar.

"Tenho que ter você de novo", ele murmurou.

"O que você quiser de mim..."

Ele fez amor com ela lá com a água cascateando sobre eles, agradável e fácil,
com um calor suave, seus olhos queimando com lágrimas não derramadas.

Nunca tinha havido uma conexão assim com qualquer outro homem. Nunca
nada que a fizesse se sentir tão bem. Como se tudo que ela vinha procurando
se unisse aqui, com este homem, neste lugar cheio de estranhos habitantes.

Ele os levou para o pico e explodiram juntos, ele enterrado profundamente


dentro dela, sussurrando palavras carinhosas em seu ouvido. Ela estava tão
em paz, até que ele se retirou novamente sem ceder à necessidade de tomá-la
como sua, a culpa picando sua consciência.

Apesar da sua insistência de que estava bem, ela não podia deixar de imaginar
o preço terrível que a paciência exigiria. E se ela nunca fosse capaz de
conciliar o homem que ele era com a besta, sem o fogo de seu toque a explodir
para fora toda a razão?

"Jax?"

"Hein?"

Kira arrastou um dedo sobre a vasta extensão de seu peito, esperando que ele
não se fechasse quando ela se intrometesse. Mas ela tinha que saber mais

256
sobre o homem ao seu lado. "Fale-me sobre o Afeganistão. Quando vocês
foram transformados."

Ele ficou tão parado por alguns momentos, que ela não tinha certeza se ele
estava respirando. Quando ele finalmente começou a falar, sua voz era tão
baixa, sangrando com a lembrança dolorosa, que ela o segurou mais apertado.

"O que há para dizer? Nos arriscamos nas montanhas em uma patrulha de
rotina e encontramos criaturas saídas de nossos piores pesadelos. Então,
alguns de nós acordaram para perceber que os sortudos eram os mortos e o
resto teve que viver com o fato de que havíamos nos transformado em
aberrações, na melhor das hipóteses, e os inimigos da raça humana, na pior."

Ela o abraçou apertado. "Obviamente, nenhuma das duas era verdade. Vocês
foram colocados na posição única de proteger o mundo de criaturas que a
maioria das pessoas nem sequer sabem que existem. Você já parou para
pensar sobre todas as vidas que já teriam sido afetadas se vocês não tivessem
sido transformados? Quantas estariam perdidas até agora?"

Depois de um momento, ele admitiu. "Isso passou pela minha mente. Mas é
difícil conseguir enfiar isso na minha cabeça quando o custo pessoal foi tão,
malditamente, alto. Chame-me de egoísta, mas é assim que é."

"Isso não é egoísta, é apenas humano." Ela se amaldiçoou por sua mancada.

"Você sabe o que eu quis dizer."

Ele beijou o topo de sua cabeça. "Sim, eu sei."

"Você não é uma aberração."

"E, ainda assim, você não sabe se pode abraçar ambos os lados de mim."

257
Levantando, ela se apoiou em seu peito e olhou bem nos seus olhos. "Enfie na
sua cabeça, não é verdade a maneira de você querer dizer isso. Eu admito que
estava um pouco nervosa com a mudança em primeiro lugar. Mas o único
problema que tenho é com a biologia dessa coisa de acasalamento não nos
dar uma escolha. É como se nós não estivéssemos no comando de nossos
destinos."

"Todo mundo tem uma escolha." Ele arqueou uma sobrancelha escura. "Você
está aqui, por exemplo, e ninguém te obrigou a descer e se sujar comigo.
Duas. Três vezes, se você desejar ser técnico."

"Você me pegou." Ela não pôde deixar de sorrir diante de sua expressão de
satisfação própria. "Você é um homem difícil de resistir."

"Somente duro, ponto." Ele olhou de soslaio para ela.

"Você tem um ponto", brincou ela, balançando contra a dureza em questão.

O toque de seu iPhone os interrompeu. Com um suspiro, ele o agarrou na


mesa de cabeceira e olhou para o visor. "Mensagem de texto de Nick. Vamos
nos encontrar em uma hora, e ele quer você lá."

"Eu?" Ela franziu o cenho. "Deve ter algo a ver com o meu antigo empregador."

"Meu palpite é que ele está pronto para planejar o reconhecimento do edifício
da NewLife. Podemos obter as plantas baixas, mas você pode ter outras
informações que podemos usar."

"Eu não sei. Eu já lhes disse tudo."

"Vamos ver. Nesse meio tempo, precisamos de outro banho."

"Sem causar problemas ou vamos nos atrasar."

258
Seu sorriso fez saltar o seu pulso. "A pontualidade é superestimada."

Eles estavam quase dez minutos atrasados. Segurando a mão dela, Jax
puxou-a para a sala onde o restante da equipe já estava reunida e
conversando entre si à espera de Nick para começar. Todos os olhos
apontaram para o seu caminho e alguns dos rapazes riram. Nick lhes deu um
olhar avaliador, aparentando curiosidade. E se ela não estava enganada... era
uma onda de simpatia, talvez atada com um toque de tristeza, que ela sentiu
vindo do chefe quando ele os estudou? O que foi aquilo?

Embaraço coloriu as bochechas de Kira com a provocação dos outros caras,


mas ela manteve a cabeça erguida, enquanto ela e Jax encontravam assentos.

Ela ficou grata quando Nick começou a reunião sem quaisquer observações
sobre o seu atraso.

Ele não a tinha atingido como esse tipo de homem, mas a falta de censura
ainda era um alívio.

"Primeiro, eu convidei Kalen para se juntar a nós para que ele possa ter uma
idéia de como trabalhamos", disse Nick. "Alguém tem alguma objeção?"

"Não enquanto ele mantiver sua varinha apontada em outra direção", Aric
estalou. Os outros riram, com exceção de Nick e Jax.

Kalen aceitou o desafio. "Eu não apontaria minha varinha para você nem que
você fosse o último shifter horroroso, com um olho só, sustentado por três
patas, na face da terra." Um canto de sua boca contorceu-se "Não que eu use
uma, porque elas são do século passado. Só estou dizendo."

"Você está certo, homem." Aric lhe deu um tapa nas costas e alguns outros
fizeram o mesmo, como se ele tivesse passado por algum tipo de teste
masculino.

259
Kira deslizou o olhar para o jovem Feiticeiro, que era incomum para dizer o
mínimo, mesmo na presença dessas companhias. Ela nunca tinha visto alguém
parecer tão sozinho em uma sala cheia de pessoas, embora ele aparentasse
estar bem com os caras bem-humorados. Se ele planejava ficar por aqui, ele
teria que se acostumar com isso.

"Como não há protestos, vamos seguir em frente", disse Nick, ganhando sua
atenção mais uma vez.

“Eu verifiquei as instalações da NewLife e a mais próxima, na verdade, é


aquela localizada em Las Vegas. Como a maioria de vocês sabe, nosso mais
novo membro da equipe, Kira, costumava trabalhar naquele prédio e fugiu de lá
com algumas amostras de tecido e uma suspeita de que seus chefes estavam
envolvidos em alterar o DNA humano e fitas de genes. Com base no estudo
dos quatro corpos fornecidos através da cortesia do departamento do Xerife e
do legista, Melina e seus assistentes de laboratório concluíram que essas
mesmas mudanças estavam sendo forçadas a estes homens no momento de
suas mortes."

"E sua equipe ouviu o cadáver, Henry Ward, me falar sobre um dos bastardos
que o matou vestindo uma camisa pólo com o logotipo da NewLife nela", Kalen
inseriu.

"Esse cara é uma merda poderosa", Jax sussurrou em seu ouvido, referindo-se
ao Feiticeiro.

Ela olhou para seu amante. "Não brinca."

Nick reconheceu a veracidade da declaração de Kalen com um aceno de


cabeça. "E é por isso que estamos enviando uma equipe para o prédio de
Vegas, em quarenta e oito horas. Vocês vão fazer uma pesquisa, ver o que
podem encontrar. O que nos leva ao por que pedi para Kira vir." Ele se virou
para ela. "Diga-nos o que você puder sobre o nível de segurança de lá."

260
Colocada em evidência, ela se atrapalhou por alguns segundos. "Bem, eu diria
que a segurança é o que você esperaria de uma empresa desse tamanho e
reputação. Não é o Fort Knox*, mas um invasor teria alguma dificuldade para
romper seu perímetro."

Ryon sorriu. "Eles não contam conosco."

Kira duvidava que a maioria da população teria um encontro com a Alpha Pack.
Nick ignorou o comentário. "Dê-nos o resumo do que eles têm, quantos
guardas e assim por diante."

"Há um guarda de segurança em cada nível do edifício todo o tempo, e eles


trabalham em três turnos, dia, noite, e madrugada. Há câmeras em todos os
andares... exceto no porão", lembrou ela, sentando-se em linha reta.

Por que nunca havia percebido isso antes?

"Eu estou supondo que o porão é onde você encontrou as amostras de tecido",
disse Jax.

"Sim, na área restrita de laboratórios lá embaixo. E quando eu estava


escapando naquela noite, foi também onde eu poderia jurar que ouvi uma voz
masculina implorando por ajuda." Ela estremeceu com a lembrança. "Foi breve,
mas terrível. Eu pensei que eu estava apenas assustada, imaginando coisas."

"Mas você não acha isso agora?" Nick perguntou.

"Não. Com tudo o que veio à luz, eu acredito que é altamente possível eu ter
ouvido alguém precisando de ajuda. Ou pelo menos tenho uma impressão de
dor e desespero."

*Fort Knox é uma base do Exército dos Estados Unidos, mais conhecida por abrigar o United
States Bullion Depository (Depósito de Ouro dos Estados Unidos), o qual deposita a maior
parte do ouro do país, sendo assim um dos locais mais vigiados e bem guardados do planeta.

261
"Uma impressão?"

Ela assentiu com a cabeça. "Eu pego sentimentos das pessoas, suas emoções.
Ficou muito mais forte desde que eu cheguei aqui. Na verdade, não foi até que
eu chegasse aqui que eu realmente tive certeza disso. Eu diria que parece
loucura, mas entre este grupo..."

O verniz duro de Nick rachou um pouco, seu olhos se aquecendo. "Você é uma
Empática. É um risco ocupacional."

O silêncio caiu e ela se deu conta que os outros estavam olhando para ela. Ela
pensou que fosse possível, mas ouvir Nick anunciar em uma sala cheia de
caras com incomparáveis habilidades especiais a fez ficar um pouco mais do
que inibida.

Que bom que era uma Empática insignificante em comparação?

"Pode ser, mas é raramente um talento útil", ela hesitou. "De qualquer forma,
eu tenho um amigo lá dentro que eu tenho certeza que vai nos ajudar. Seu
nome é A. J. Stone, que é um guarda de segurança."

Nick saudou a notícia com cautela. "O que a faz pensar que ele estará disposto
a colocar-se em risco? Ele pode perder o emprego por causa disso, ou pior, se
alguém suspeitar dele."

"Eu não era a única que pensava que algo estranho estava acontecendo na
NewLife. A. J. também acreditava e nós conversamos sobre isso em particular
mais de uma vez. Naquela noite, porém, eu não disse a ele o que eu estava
pretendendo fazer. Ele ligou dizendo que estava doente, o que foi muito bom.
Eu não queria colocá-lo em apuros."

Uma pontada de culpa passou por ela. A.J. estava provavelmente preocupado
e pensando que algo de ruim tinha acontecido a ela.

262
Se não tivesse sido por Jax, algo terrível teria acontecido.

"Podemos, todos nós, confiar nele?" Nick perguntou.

Ela nem hesitou. "Absolutamente. Ele tem uma alma boa. Ela brilha nele como
um farol."

Jax piscou para ela. "E você pensou que seu talento não era útil."

"Eu não estou convencida de que seja qualquer coisa a mais do que a velha
intuição, claro", disse ela, corando. "Mas eu acredito no A.J. Se você quiser, eu
posso dar-lhe um telefonema e explicar o que está acontecendo, e então deixo
Nick falar com ele para que possam discutir os detalhes sobre pegar tudo que
vocês precisem e, então, sair."

"Isso soa bem." Seu chefe soltou um suspiro profundo. "Eu só sei que, seja o
que tivermos que fazer, temos que fazer rapidamente. Há algo muito mais
importante do que as amostras de laboratório esperando por nós naquele
buraco infernal e o tempo está correndo."

Os caras estavam sombrios agora, nenhum deles participando da habitual


brincadeira.

Por vê-los assim tão sérios, sabendo que as visões de Nick não eram nada
para se tomar levianamente, formou-se uma bola de gelo em seu estômago.

"Estamos levando o jato?" Jax perguntou.

Nick balançou a cabeça. "Não é espaçoso o suficiente e vamos precisar de


muito espaço em nosso caminho para casa. Vamos levar dois Hueys e um
médico em cada um deles. Assim que chegarmos a Vegas, vamos pousar no
nosso hangar de costume e pegaremos duas vans. Alguma pergunta?”

Jax tinha uma. "E sobre Kira e Kalen?"

263
"Eles vão dar um passeio, mas não vão participar. Talvez, na próxima vez, para
Kalen."

O Feiticeiro acenou em acordo.

"Eu acho que Kira deve ficar aqui", protestou seu amante com uma carranca.

"Nós precisaremos dela lá, só para o caso. Mais alguma coisa?" Assunto
encerrado. Ninguém falou. "Então nós vamos rodar em quarenta e oito horas.
Descansem; vocês vão precisar de energia.”

Quando a reunião terminou, Kira beliscou o braço de Jax, de brincadeira.


"Vamos lá, não fique irritado. Nick não me deixaria ir se não fosse seguro."

"Ele não pode interferir no livre arbítrio, você sabe disso", ele disse em voz
baixa e infeliz. "Se algo de ruim acontecer, ele não pode mudar o fato. Além
disso, eu só não queria você perto daquele prédio."

"Eu vou ficar bem. Eu prometo ficar fora do caminho, como ele ordenou."

"É melhor mesmo ou eu vou colocá-la sobre o meu joelho." Ele fez o som de
ameaça com diversão e seguiu-o com um meio sorriso.

"Acho que já lhe disse para não me ameaçar por um bom tempo se você
pretende me acompanhar."

"Ei, não é uma ameaça, é uma coisa certa."

"Nós vamos ver isso, cara grande."

"Oh, sim. Nós vamos." Seu sorriso enviou um chiado para seus mamilos, dedos
das mãos e dos pés.

E por todo o resto. Ela não podia esperar.

264
DOZE

Jaxon foi em busca de sua mulher voluntariosa, apesar de ter pouca dúvida de
onde encontrá-la.

Quando eles não estavam testando a durabilidade do seu colchão e do estrado


da cama, ela podia ser encontrada no Bloco R trabalhando com Chup-Chup,
como ela tinha chamado a pequena criatura gremlim maliciosa, pelo som que
ela fazia, socializando-a e ensinando-lhe todos os tipos de coisas. Em primeiro
lugar e, mais importante, ir para fora para fazer suas coisas e não morder a
mão que o alimentava. Ele tinha que admitir, ela já tinha começado a fazer um
bom progresso. Com a ajuda de um par de luvas resistentes para protegê-la de
beliscões e arranhões.

"Você está terrivelmente apressado. Acho que não preciso perguntar por quê."

Ele olhou para cima para ver Nick em seu caminho, parando e dando a seu
chefe um sorriso tímido. "Acho que não."

"Como estão indo as coisas com vocês dois?"

"Tudo bem. Enquanto nós evitarmos o assunto acasalamento", disse ele com
uma careta. "Eu sempre fui o único que esteve absolutamente contra a criação
de uma espécie de vínculo para sempre com qualquer mulher, mesmo Beryl, e
agora que eu encontrei a minha Companheira ela não quer nem mesmo
discutir isso comigo. Ela recua do assunto quando eu o trago à tona. Irônico,
não é?"

"Dê-lhe tempo. Ela vai mudar de opinião."

265
"Nick, apesar do que eu disse a Kira, eu não tenho muito tempo", confessou
ele, então desejou que tivesse mantido sua boca fechada.

"Está doendo muito?"

Ele ficou muito próximo de mentir. Estava na ponta da língua dizer a ele que
estava tudo bem, sem problemas. Mas segurando o olhar do homem, ele não
poderia fazê-lo. Além disso, ele sabia que estava horrível e não podia enganar
seu chefe. "É. Pra caralho. Você não sabe o quanto isso é uma merda.”

"Eu tenho uma idéia." Nick suspirou. "Olha, você não vai querer ouvir isso,
mas..."

"Então, não diga isso. Eu não vou ficar aqui esta noite, especialmente quando
Kira vai estar com vocês. Em perigo."

"Você não está em forma para viajar, muito menos para lutar em caso de
necessidade. Eu quero que você fique aqui."

"Isso é uma ordem?"

"Você vai segui-la?"

"Não se Kira estiver indo. Certamente você pode entender de onde eu venho."

"Você sabe que eu entendo." O homem mais velho passou a mão pelo cabelo
escuro. "E você sabe muito bem que eu estou proibido de manter
companheiros separados. Mesmo que eles não tenham feito ainda a união
legal."

Na verdade, ele não sabia, porque não era como se houvesse toneladas de
pares acoplados ao redor, mas a regra fazia sentido. E como um shifter
nascido, Nick sabia mais do que o resto deles em algumas áreas. "Eu vou fazer

266
a minha parte do trabalho, cobrir as minhas costas e as deles. Não se
preocupe."

"Por que eu não me sinto melhor?" ele resmungou. "Esteja no hangar em três
horas."

"Chegarei triunfante."

Nick o deixou à sua própria sorte e Jax continuou no caminho para o qual se
dirigia.

Agora, ele tinha uma desculpa para encontrar Kira, não que ele precisasse de
uma. Já era suficiente desejar ver seu rosto doce, ouvi-la rir de algo que o
gremlin estúpido fez, ou conversar com Sariel, Mac, ou qualquer outro amigo
que ela parecia tão facilmente ter feito aqui. A visão dela se acomodando, feliz,
fez seu coração apertar com alegria e também temer que ela nunca lhe
pertencesse. Deus, ele era tão patético!

O Bloco R estava tranquilo quando ele entrou no corredor. Raven estava


misericordiosamente dormindo, enrolado com sua peluda cauda preta sobre
seu nariz, a única hora que o pobre coitado sabia o que era paz. Belial, por
outro lado, tinha escolhido estar em sua forma humana hoje, e estava vestido
com calça jeans simples e uma camiseta, passeando por sua cela como o
animal enjaulado que ele era. Jax se sentiu mal pelo basilisco, mas eles ainda
não podiam confiar em uma letal shifter cobra solta no complexo. Mesmo o
charme honesto de Kira não era páreo para as artimanhas furtivas dele.

Quando chegou na cela de Chup-Chup, ela estava vazia, a porta aberta.

Alarmado, ele olhou em cada cela novamente e então saiu do Bloco R. Onde
poderiam estar? Se aquela pequena merda houvesse mordido ela de novo, ele
rasgaria sua cabeça fora e o comeria no lanche da meia-noite.

267
Cada vez mais preocupado a cada passo, ele desviou seu curso para a clínica.
Mac estava inclinada sobre o balcão falando com a recepcionista quando ele
entrou pisando forte.

"Onde estão Kira e aquele pequeno demônio? Eu vou arrancar seus dentes
se..."

"Espere, Cujo*." Mac se endireitou, os olhos brilhando de humor. "A última vez
que eu os vi, ela estava levando Chup para fora para tomar ar fresco. Eles
estavam indo bem, então deixe seu boxeador fora disso.”

"Ar fresco? E se ele fugir? Atacar um andarilho ou algo assim? Santo Cristo,
essa mulher vai ser a minha morte!" Com um esforço, ele se forçou a se
acalmar. "Onde eles estão, exatamente?"

"Eu não vou dizer se você estiver indo abordá-los assim", informou ela. "Você
vai assustar o pobre Chup até a morte e colocar Kira de volta a estaca zero."

Droga. Ela estava certa. "Eu vou ser um perfeito cavalheiro. Prometo." Ele
sorriu para ter efeito, o que lhe valeu um olhar mau da doutora de boa índole.

Depois de alguns segundos de debate, ela cedeu.

"Eles estão no gramado, ao lado da área de recreação."

"Obrigado, Mac.”

"Não mencione que eu falei isso", ela falou quando ele virou as costas, saindo.
Por todo o caminho através do prédio, ele não pôde deixar de se
preocupar.Quando ele atravessou a sala de recreação, Aric levantou os olhos
do jogo de guerra que ele e Zan estavam jogando no Wii.

*Livro de Stephen King no qual um cachorro São Bernardo (Cujo) feroz, de


quase cem quilos, mata várias pessoas.

268
"É melhor chegar lá antes que a bola de pêlos roube a sua garota", disse ele,
voltando para o jogo.

Não se preocupando em responder, ele mergulhou no corredor do outro lado


da sala, fez uma curva, e empurrou a porta lateral que levava para a área onde
a piscina, quadra de tênis, churrasqueira coberta e a cozinha ao ar livre
estavam localizadas. Lá, um pouco além do pátio coberto, deitada de costas
sobre uma colcha ao sol, estava a sua mulher.

E esparramado no seu estômago, minúsculo, as pernas peludas penduradas


em cada lado dela como um gato tomando sol em um galho, estava Chup-
Chup. Despercebido por qualquer um deles, ele parou e olhou. Seu amiguinho
estava fazendo uma espécie de zumbido e ninguém poderia confundir o ruído
com outra coisa senão como pura felicidade. Seu corpo redondo, que quase
parecia um urso coala bebê, subia e descia com cada respiração enquanto ele
cochilava. A dupla era tão, fodidamente, bonita, que ele não podia realmente
formar as palavras para descrever o que a vista lhe fazia. Tudo o que sabia era
que apertou seu peito com uma emoção que não estava pronto para nomear.

Ver esta criatura, anteriormente com medo e estalando a todos, ali tão
confiante e contente, era uma medida de sua bondade. A luz brilhante que
ninguém era capaz de resistir. Incluindo ele próprio.

Virando a cabeça, ela o viu em pé na varanda e acenou. "Você pode chegar


mais perto. Só não faça movimentos bruscos."

Isso pareceu ser verdadeiro para a mulher, bem como para Chup. Sabiamente,
ele não disse isso. "Tudo bem. Caminhando lentamente." Ele fez o seu
caminho até onde estavam e se agachou. A criatura não tinha se movido. "E
agora?"

"Nada. Ele vai perceber que você está aqui em breve e vamos ver o que
acontece."

269
"Isso é reconfortante." Ele olhou Chup cautelosamente.

"Não me diga que o grande lobisomem mau está com medo desse rapaz",
brincou ela.

"Shifter, não lobisomem. Um lobisomem é aquela coisa meio-homem saída de


um filme de terror B. E esse 'rapaz' pode mastigar meu rosto. Você já viu
aqueles dentes?"

"Perdoe-me, shifter. E ele não vai te morder a menos que você o assuste." Ela
parecia totalmente divertida com o seu sobressalto.

"Então, eu vou ter que ter certeza de não assustá-lo de novo, não é? Lembre-
se, ele me pegou antes." Ele franziu a testa olhando para suas mãos, que
carregavam arranhões vermelhos e umas pequenas marcas de mordida.

"Você não está usando suas luvas."

"Eu não preciso mais delas."

"Eu não tenho tanta certeza."

"Confie em mim."

Estranhamente, ele o fez. Depois de Beryl, ele pensou que nunca mais iria
confiar voluntariamente em nada que saísse da boca de uma mulher de novo,
mas Kira não era Beryl.

As duas mulheres não poderiam ser mais diferentes.

"Eu confio em você."

Isso a fez sorrir e sua virilha apertar. Droga, ele não conseguia o suficiente
dela.

270
"Quando vamos partir?" ela perguntou, interrompendo seus pensamentos
lascivos.

"Em três horas. Nós temos que encontrar com a equipe no hangar." Aquela
terrível e estranha emoção, levantou-se de novo, perto de estrangulá-lo. Ele
queria pedir a ela para ficar aqui, mas sabia muito bem que ela iria passar por
cima. "Eu queria que você não fosse esta noite, baby. Por favor, reconsidere."

"E perder a chance de dar ao meu antigo patrão o dedo do meio?" Quando ele
não riu, ela ficou séria. "Sério, se houver a mínima possibilidade de que eu
possa ser capaz de ajudar, tenho que ir. Mas eu prometo tentar ficar de fora da
ação."

"Eu não gosto disso, mas acho que não tenho escolha", disse ele, tomando-lhe
a mão. A estranha sensação no peito persistia. Isso era amor? Ele nunca tinha
se apaixonado antes, só pensava que tinha. O que quer que ele estivesse
sentindo, ele agora entendia que o que tinha conhecido antes era uma pálida
imitação do negócio real. Por alguma razão, ele queria dizer a ela tudo isso.

Toda a verdade sórdida sobre seu relacionamento com Beryl e o que tinha lhe
custado. O que custou a toda a equipe.

Então, um rosnado baixo de advertência parou sua confissão. Chup estava


acordado, olhando para suas mãos ligadas e inclinando-se para farejá-lo com
suspeita. Recordando o seu último tango com o gremlim poucos dias antes de
Kira vir para o complexo, ele continuou parado e deixou a criatura checá-lo.

Sentando-se com cuidado, Kira levantou o dito cujo e colocou-o sobre a grama
entre eles.

"Chup-Chup, Jax é um amigo. Ele não vai te machucar." Gentilmente, ela


acariciou a pele entre as suas orelhas de morcego. "Vê? Amigo."

271
Chup não estava convencido. Sobre as patas traseiras, ele andou como uma
criança para mais perto de Jax, seu nariz trabalhando, ainda não chegando
muito perto. O rosnado parou, no entanto ele não retomou o ruído satisfeito que
Jax queria ouvir. Deixando de lado a mão de Kira, Jax a estendeu para a
criatura, esperando que não perdesse um pedaço de carne, para seu
embaraço.

"Bom menino", ele sussurrou. "Você não é fofinho? Lembra de mim? Eu não
sou tão assustador, honestamente. Eu só como pequenos gremlins maus que
me mordem e só quando estou com muita fome. Amigos?"

Chup olhou de volta para Kira como se buscando tranquilidade, então ela fez
ruídos encorajadores, incitando-o a ir em frente sem pressionar muito.

Entusiasmado, o bichinho voltou sua atenção para Jax novamente e encurtou a


distância restante, farejando sobre sua mão toda. Os bigodes grossos fizeram
cócegas, mas ele não se atreveu a empurrá-lo.

Então, para sua surpresa, Chup começou a esfregar a cabeça contra os dedos
de Jax como um gato querendo uma boa coçada. Ele obedeceu, esbanjando
atenção em ambas as orelhas, o rosto largo, sob o queixo. E lá estava ele, o
ruído de contentamento feliz. Chup arrastou-se até seu colo e fechou os
grandes olhos castanhos em êxtase óbvio quando Jax continuou a coçá-lo.

"Bem! Parece que você tem um novo amigo", Kira declarou com um sorriso.
"Ele não vai deixá-lo fora de sua vista agora."

"Isso pode tornar difícil a saída para a operação. Você acha que eu posso usar
'eu tenho que tomar conta do gremlin' como uma desculpa para não ir?"
brincou.

"Hum, de alguma forma, eu duvido que Nick vá aceitar isso." Estendendo a


mão, ela acariciou a pele de Chup.

272
"Eu vou ter que pedir a Mac para cuidar dele enquanto estivermos fora. Odeio a
idéia de colocá-lo de volta na cela."

"Eu também. Isso poderia minar a confiança que você tanto trabalhou para
ganhar, especialmente porque ele odeia ser trancado lá dentro." Ele fez uma
pausa. "E sobre Belial? Você já fez algum progresso com ele?"

"Eu não tenho certeza", disse ela, pensativa. "Ele é muito difícil de ler, tão cheio
de merda que eu não sei se ele ainda é capaz de separar a verdade das
mentiras. Parece apenas ser da sua natureza se desviar de perguntas e ter
bondade com as tentativas descaradas de sedução, mas as coisas nem
sempre são o que parecem."

"Verdade. Então, qual é a sua intuição como uma Empática, ele pode ser
confiável? Será que ele vai ser capaz de se encaixar aqui?"

Ela mordeu o lábio, a incerteza nublando seus olhos azuis. "Eventualmente,


sim, eu acredito que ele vai chegar lá. Eu sinto uma bondade básica nele que
está bem escondida debaixo das camadas de ódio e raiva e eu não acredito na
sua encenação 'olhe para mim, eu sou um gigolô e tal' nem por um segundo."

Ele acenou com a cabeça. "Tudo bem. Eu confio em seu julgamento. Mas, se é
uma encenação ou não, eu não pretendo não odiar infernalmente saber que ele
faz esses movimentos em você toda vez que chega perto. Isso me faz querer
rasgar seu coração. Só para você saber."

"Eu vou manter isso em mente." Olhos brilhando novamente, ela se inclinou e
beijou-o nos lábios. "Você é tão sexy quando está com ciúmes."

"Eu não sou ciumento! Bem, eu sou, mas você vai ter que admitir que estou
lidando com isso. Eu estou aqui, por exemplo, em vez de derrubar a porta da
cela da cobra e cortar-lhe a cabeça bajuladora.”

273
Ela torceu o nariz. "Boa coisa ou você nunca chegaria na primeira base
comigo, amigo. Eu não tenho amantes homicidas."

"Devidamente anotado." Ele não pôde resistir à abertura. "Que tipos de


amantes você já teve no passado?"

"Nenhum que era violento! Eu tive um relacionamento com um cara que era
realmente agressivo. Queria que eu fizesse o que ele dizia, monitorasse quanto
tempo eu gastava com amigos em vez de gastar com ele, tinha que comentar
sobre tudo o que eu comprava para mim. Sempre havia algo de errado com o
que eu cozinhava para o jantar. Coisas assim."

Jax bufou. "Eu aposto que ele não durou muito tempo."

"O mesmo tempo que as pessoas de Nova York demoram para fazer as coisas.
Honestamente, eu não tive muitos namorados ou até mesmo encontros
seguidos para discutir esse assunto." Ela não tinha idéia de quão feliz o fez
quando ela o estudou com curiosidade. "E você? Eu não posso imaginar que
você teve muitos períodos de seca no departamento feminino."

"Você ficaria surpresa", ele murmurou. "Eu não deixo as pessoas entrarem
facilmente e a única vez que eu fiz isso, antes de você, acabou em desastre."

Lá. Agora ele estava comprometido. Se ela o odiasse depois, que assim fosse.

"O que aconteceu?"

"A emboscada que lhe falei, há uns seis meses atrás?" Ela assentiu com a
cabeça e, de alguma forma, ele encontrou a coragem de revelar a verdade.
"Foi minha culpa. Eu me apaixonei por Beryl ou pensei que sim. Olhando para
trás, vejo que estava cego pela luxúria, muito, pensando apenas com o meu
pênis."

Kira deixou passar o comentário, a expressão séria e adivinhou, "Ela o traiu."

274
"Da pior maneira possível." Deus, ele não queria falar sobre isso. "Estávamos
vendo um ao outro há apenas algumas semanas, quando ela revelou que sabia
o que eu era. Ela tinha algumas habilidades especiais próprias, que foi como
ela alegou ter me entendido. Eu não questionei isso. Eu estava aliviado por não
ter que mentir sobre mim mesmo."

"Ela sabia sobre você o tempo todo, antes que você a conhecesse?"

"Sim. Eu não sabia que ela era uma informante e que seu trabalho era
especificamente seduzir-me, ganhar a minha confiança."

"Qual era a sua habilidade? Com quem ela estava trabalhando?"

"Ela era uma bruxa e praticava as artes das trevas. Quanto ao seu contato, nós
nunca fomos capazes de descobrir quem estava por trás da emboscada. Tudo
o que sabemos é que o objetivo de Beryl era integrar-se aqui, ganhando a
nossa confiança e aprendendo nossos segredos, como o fato de que a prata
pode nos matar. Ela e seu contato plantaram informações falsas sobre uma
família que estava sendo mantida refém por vampiros. Então marcamos uma
operação de resgate. Eu confiava nela. Naquela noite, a bastarda desceu para
o Bloco T e seus companheiros assassinos estavam esperando por nós.
Levaram-nos para fora como peixes em um barril ", disse ele com voz rouca.

"Como é que ela sabia sobre a existência da Alpha Pack em primeiro lugar?"

"Essa é uma pergunta que todos nós já fizemos. Se um de nós fosse o traidor,
então Beryl não teria necessidade de investigar e passar adiante informações
sobre nós. Assim, esta teoria está fora."

"Mas um de vocês pode ter deixado escapar por acidente", afirmou ela.

"Sim, isso é possível."

275
"Eu sinto muito." Colocando a mão sobre a dele, ela olhou fixamente em seus
olhos. "Existe alguma chance de que ela não estivesse envolvida? Você sabe,
com certeza, que ela é a pessoa que os entregou aos caras?"

"Oh, não há dúvida. Ela estava lá, no rescaldo, rindo, quando cinco de nós
estavam mortos -Terry, Micah, Jonas, Ari, e Nix. Eu não posso descrever o
horror de saber o que eu tinha feito para a minha equipe." A agonia era quase
insuportável.

"O prédio estava pegando fogo e eu usei minhas últimas forças para jogá-la
nas chamas. Eu ainda posso ouvi-la gritando."

Seu amante engoliu em seco. "Ela está morta?"

"Sim."

"Eu diria que bom, exceto que poderia ter sido útil mantê-la viva e forçá-la a
desistir, mostrar que você estava no comando."

"Outro movimento idiota", ele admitiu. "Eu deveria ter usado o meu presente
como um Guardião do Tempo para voltar e avisar a minha equipe da
emboscada. Poucos minutos eram tudo o que precisávamos. Mas eu estava
em choque, correndo em nada além da raiva e eu reagi, usando o pouco de
força que me restava. Agora, talvez, nós nunca saberemos."

A não ser que tentem novamente. Empurrando para longe a culpa


esmagadora, ele olhou para o seu colo, onde Chup estava enrolado e
adormecido.

Chupando o dedo. Havia provas de que, às vezes, tudo o que uma criatura
aparentemente perversa precisava era de um pouco de carinho e afeição. Pena
que nem sempre era a solução.

"Então você pode realmente manipular o tempo, voltar e viver algo de novo?"

276
"Sim".

"Uau." Ela pensou sobre isso. "Você pode voltar para quando tinha dez anos e
bater no valentão da escola que te atormentava? Coisas como essa?"

Ele riu da ideia. "Não seria bom? Mas não, eu não posso pular. Eu não sou
uma máquina do tempo humana. Eu posso manipular o suficiente para ganhar
de volta alguns poucos minutos anteriores, e isso é tudo."

"Hum. Bem, isso ainda é muito legal. Mais ou menos como aquele filme em que
o príncipe usa a faca cheia de areia mágica para voltar no tempo. Só que você
não precisa de nada além de si mesmo."

"Certo." Mas quando foi o caso de poder usá-lo para fazer o bem, quando ele
poderia ter salvo sua equipe, ele errou a sua chance. "Eu não posso usar o
dom, porém, exceto nas mais difíceis circunstâncias."

"Por que não?"

"Pela mesma razão que Nick raramente diz a alguém o que ele vê acontecer no
futuro. Porque cada pequena coisa que uma pessoa faz para interferir com o
futuro afeta aqueles ao nosso redor e aqueles que nem sequer conhecemos,
de maneira que não é possível saber até que seja tarde demais."

"Isso faz sentido", disse ela. "Parece apenas um desperdício."

"Não é um desperdício quando é uma vez em que você realmente precise.


Exceto quando você fode tudo e não o usa.”

"Verdade".

Eles ficaram em silêncio por alguns momentos, desfrutando a companhia um


do outro. Ou, pelo menos, ele a desfrutava o máximo que podia, sabendo que
não merecia ser feliz.

277
"Por que nós não transferimos Chup para Sariel cuidar enquanto estivermos
fora, em vez de Mac?" Kira sugeriu. "Eu só percebi agora que Mac poderia ir
conosco esta noite."

"Boa ideia. Cuidar do rapaz vai dar a Sariel algo positivo para fazer."

"Está resolvido, então. Agora, a questão é o que fazer com ele, enquanto todos
nós estivermos comendo o jantar."

"A cozinheira iria ter um ataque se visse um gremlin na sala de jantar." A ideia
o fez sorrir maliciosamente. "Nós vamos ter que prometer ensiná-lo a não
implorar à mesa."

"Se ela o descobrir, você está por sua conta", disse ela com uma piscadela.
"Eu não tenho nada a ver com o seu plano."

"Traidora".

"Não, sobrevivente."

Com um riso quieto, ele reuniu a bola de pêlos e levantou, então, ofereceu-lhe
uma mão.

"Vamos lá, vamos ver quem podemos irritar."

"Enquanto não for com o Chup, estaremos bem."

"Concordo."

Enquanto eles caminhavam para dentro de mãos dadas, Jax sentiu-se mais
leve do que jamais tinha se sentido em meses. Ele ainda acreditava que o
massacre foi, em parte, culpa dele, mas tinha sido bom confiar nela com a
verdade como ele a via.

278
Agora, ele só tinha de enganá-la, e à sua equipe, tempo suficiente para fazê-
los atravessar esta noite. Eles não poderiam descobrir absolutamente que ele
estava com tanta dor que mal podia se manter em movimento. A razão era
simples. Ele queria Kira mais do que queria que sua próxima respiração. Mas
ele morreria antes de forçá-la a tomar uma decisão para a qual não estava
pronta.

Jaxon agarrou o descanso de couro enquanto a van se aproximava de seu


destino. Sua garganta ardia e sua pele estava quente. Apertada e seca. Seus
músculos estavam apertados, como se estivessem sendo lentamente torcidos
e dilacerados. Mas isso não era o pior. Não, o pior era estar sentado perto de
Kira, seu perfume doce deixando-o louco, e não ser capaz de tocá-la.

Porque se ele o fizesse, ele finalmente perderia o controle. A jogaria no chão


da van e daria a todos uma lição de acasalamento que prefeririam não
testemunhar. Seu pênis estava duro o suficiente para dar uma bela tacada e
ele estava tão malditamente infeliz para estar envergonhado com isso, embora
vagamente esperasse que suas calças camufladas estivessem largas o
suficiente para esconder o problema.

Hammer guiou a van para uma rua escura a uma quadra do prédio da NewLife
e Nick, sentado ao seu lado na frente, apontou para um bom lugar para
estacionar ambos os veículos. Também de carona com eles na van estavam
Kalen e Mac, que estavam olhando um para o outro desde a primeira curva da
viagem. A outra van transportava Ryon, Aric, Zan, e Melina arrastada atrás
deles. Esperançosos de que não precisariam das médicas, mas era melhor
estarem preparados.

"Hum, caras", Kira começou, olhando entre ele e Nick. "Essa não vai ser uma
opinião popular, mas eu preciso ir com vocês."

"De jeito nenhum", Jax exclamou. "Você não vai ficar dentro de uma centena
de metros do lugar. Você está esquecendo que mal escapou há alguns dias?"

279
"Eu me lembro muito bem", ela respondeu de forma uniforme. "Mas eu vou ter
a equipe comigo, para não mencionar A.J., e..."

"Seu amigo já está se colocando em muito risco sem adicionar você à mistura."

"Mas ele não conhece os laboratórios como eu", ela argumentou. "Eu acho que
nós precisamos de mais amostras, bem como fotos de todos os documentos
em que pudermos colocar as mãos e eu sou a única de nós que sabe
exatamente onde encontrá-los."

Hammer desliga a ignição e Jax fervia enquanto esperavam em silêncio pela


decisão de Nick. Por fim, ele concordou.

"Kira tem um bom argumento. Nós vamos precisar dos itens que ela mencionou
e não prevejo qualquer perigo imediato em permitir que ela nos ajude
conduzindo-nos através do edifício."

“Eu ainda não gosto." No final, ela e Nick estavam certos, então ele podia
rosnar o quanto quisesse e não iria fazer diferença. Ele escolheu salvar a sua
energia. Ele tinha uma suspeita de que iria precisar. As médicas
permaneceram nos veículos, mas todos os outros saíram e pegaram alguns
lembretes rápidos de seu líder.

"Lembrem-se, o objetivo aqui é procurar e localizar possíveis provas que a


NewLife está envolvida na experimentação em seres humanos e shifters e
depois dar o fora. A.J. Stone vai vir com a gente quando terminarmos o que
viemos fazer aqui. Ele não tem outra opção. Se ele ficar, é um homem morto."

Uma onda de surpresa passou pelo grupo, mas os homens de Nick confiavam
em seu julgamento. Eles estavam, no entanto, visivelmente curiosos. Mas as
perguntas teriam que esperar.

"Pronto?" Todo mundo estava. "Vamos acabar com isso e voltar para casa."

280
A rua estava mal iluminada e o beco adjacente quase completamente escuro, o
que ajudava a esconder seu progresso à medida que se aproximavam do limite
da propriedade da NewLife. O problema de entrar e sair seria cruzar o grande
estacionamento, que estava quase vazio àquela hora da noite. Eles estariam
completamente expostos tanto ao entrar quanto ao sair. Alvos para os
seguranças que Orson Chappell, sem dúvida nenhuma, ordenou aumentar
depois do roubo de Kira e sua fuga.

Nick ordenou que Kalen e Hammer permanecessem na entrada do beco e


vigiassem a parte de trás do edifício. Dar cobertura a eles, se necessário. O
resto deles entraria na grande área da garagem, onde A.J. estaria esperando.
Se nada tivesse acontecido com ele.

Quando saíram do beco e fizeram o seu caminho para o alambrado alto


coberto com arame farpado que cercava o estacionamento, Jax teve que
forçar-se a concentrar-se na operação. Não na curva do traseiro delicioso de
Kira pouco abraçado por suas calças de camuflagem. A forma como ela se
movia, ágil e graciosa. Como ela ficou fofa com um boné preto de malha
puxado para baixo na cabeça para esconder seu brilhante cabelo loiro.

Como uma espécie de pequena Ninja Assassina entre um grupo de


Neandertais. Respire, Jaxon, meu velho. Paciência e ela vai ser sua. Talvez.

Empunhando um alicate, Zan abriu um buraco na cerca com largura suficiente


para permitir que eles atravessassem apertados. Deixando o alicate no chão
perto da cerca, ele passou por último e puxou as extremidades dos fios
cortados e os juntou para que o buraco não fosse tão perceptível.

Eles precisariam desta rota quando saíssem. Eles atravessaram o


estacionamento sem serem notados e entraram na garagem pela porta lateral,
a qual A.J. tinha dito para Kira usar. Nick entrou primeiro e depois fez um gesto
para os outros o seguirem. A garagem era um espaço cavernoso, mal
iluminado por um par de luminárias de parede. Uma estava situada junto a um
elevador de serviço que levava ao porão.

281
"Onde ele está?" Ryon sussurrou, olhando em volta, o corpo tenso. "Eu não
gosto disso."

A resposta de Kira foi quase inaudível. "Ele vai estar aqui. Ele não vai nos
decepcionar."

Jax esperava como o inferno que ela estivesse certa. Se eles tivessem
confiado na pessoa errada ou se o cara tivesse sido descoberto, eles estariam
todos mortos. Quando uma figura esguia emergiu das sombras, tornou-se
evidente que não foi esse o caso. O guarda de segurança parou em frente ao
grupo, a mão descansando sobre a coronha de sua arma em uma pose
enganosamente ocasional. Ele era mais alto do que Jax, talvez uns dois
metros, cabelo castanho claro enquadrando um rosto todo americano, com boa
aparência, que as pessoas gostam logo de cara. Olhos azul claros os
consideravam com cautela, mas se animaram quando viram Kira.

"Ei, menina, é bom vê-la", disse ele, movendo-se para a frente para envolvê-la
em um grande abraço. O rosnado baixo e ameaçador escapou da garganta de
Jax, antes que pudesse detê-lo. Seus caninos alongaram e as unhas se
tornaram garras tão afiadas como punhais.

O homem soltou Kira e recuou, olhando para Jax sem um traço de medo. "Há
algum problema?"

"Não, desde que você mantenha suas mãos longe dela." Ele retornou o olhar
do recém-chegado sem vacilar.

"Kira", ele perguntou, a questão óbvia.

Ela lançou um olhar para Jax antes de responder.

"Por favor, perdoe Jax. Seu lado animal fica um tanto quanto irritado quando
outros caras respiram em minha direção."

282
"Sim, bem. Nenhum dano feito." Ele ignorou o incidente. Coisa boa, porque Jax
não ofereceu nenhuma explicação ou pedido de desculpas. Não havia tempo
para o primeiro e seu lobo disse para estragar em segundo. Kira era dele.

Ponto.

As apresentações foram breves, Nick indo direto ao ponto. Eles estavam


entrando e saindo e A.J. estava vindo com eles. A falta de resistência do
homem fez Jax achar que o guarda e seu chefe tinha discutido isto de antemão
e ele suspeitava que A.J. havia sido informado sobre o que o Projeto Alpha se
tratava.

Na verdade, havia algo sobre a maneira como ele se segurou, a facilidade de


seus movimentos, que dizia a Jax que este homem era mais do que um mero
guarda de segurança.

A.J. ficou de olho na posição de cada homem e também estava muito


consciente do seu entorno, mantendo os ouvidos abertos.

Oh, seu cheiro era humano, mas Jax apostaria suas economias da vida toda
que o homem tinha uma formação militar ou era um ex-policial. E se assim
fosse, como tinha acabado trabalhando aqui? Seria definitivamente um passo
atrás na carreira. Não houve tempo para especular mais porque A.J. assumiu a
liderança, apontando para um canto.

"Veem aquela câmera? Quando ela apontar para as portas da garagem, nós
transportaremos a bunda para o elevador. Preparem-se... Vão!"

Kira estava bem atrás dele, então correram para o elevador.

A.J. apertou o botão, as portas se abriram e eles correram para dentro.

Antes de a câmera completar seu circuito, eles estavam em seu caminho para
porão. "Quantos outros guardas estão de serviço esta noite?" Nick perguntou.

283
"Dois, uniformizados regulares, como eu. Mas o desaparecimento de Kira,
juntamente com alguns itens, que ouvimos que foram perdidos no laboratório,
tem deixado os caras grandes realmente nervosos. Há alguns caras de terno
em volta e eles estão armados."

A escolha de palavras do guarda chamou a atenção de Jax.

"Você ouviu falar sobre alguns itens desaparecidos? Não houve um aviso
oficial ou um memorando para os funcionários da empresa sobre o roubo?"

O sorriso de A.J. não alcançou seus olhos. "Claro que não. Isso não seria como
um serial killer reclamando publicamente que alguém havia roubado sua vítima
debaixo de seu nariz?" Ninguém encontrou falha nessa lógica.

"Isso é mais um prego no caixão do Chappell", Nick disse quando eles saíram
do elevador. "Assumindo que ele é o ápice da estrutura de poder."

"Mas você não acha isso", observou Jax.

"Não, eu não. Isso é muito fácil e se eu aprendi alguma coisa na minha


existência, é que nenhum movimento no jogo de dominação do mundo é
sempre simples."

Muito verdadeiro. As palavras calmas de seu chefe o fizeram estremecer e se


perguntar onde todos estes tópicos levariam. Mesmo um Precog poderoso
como Nick não poderia saber de tudo. Mas se o lobo branco poderia mantê-los
um passo à frente da morte e da destruição, seria mais do que qualquer um
dos seus ex-líderes, humano ou não, tinha sido capaz de realizar.

O grupo caminhou por um corredor longo brilhantemente iluminado, todos


andando apertados, esperando para serem descobertos. O som de um alarme
despertando. Mas o prédio estava estranhamente silencioso quando eles
prosseguiram, passos arrastando no concreto e ecoando nas paredes

284
completamente nuas. Perto do final, Kira apontou para uma porta fechada, em
nada diferente na aparência das outras que revestiam a passagem.

"Este é o laboratório de onde eu retirei as amostras", disse a eles, mantendo a


voz baixa. "Eu não tive a chance de fazer uma pesquisa muito profunda, mas a
papelada correspondente aos testes que eles estão realizando deveria estar
aqui, a menos que eles tenham mudado isso."

"Vamos fazer uma tentativa", disse Nick. "Mesmo que eles tenham trazido
músculos extras, eu duvido que apostaram na cavalaria mostrando-se tão
cedo."

No interior, eles encontraram exatamente o que Jax havia esperado. Não havia
em qualquer parte corpos macabros pendurados no teto ou estendidos no
balcão para dissecação, ao estilo Massacre da Serra Elétrica. O espaço estava
limpo e ordenado, tão estéril que alguém podia comer no balcão. Não que
alguém o faria.

Kira tirou um saco plástico de um dos grandes bolsos de sua calça camuflada.
"Eu vou pegar algumas amostras a mais nos armários. Os registros estão no
computador, por lá", disse ela, apontando para um escritório.

"Eles também podem ter cópias no armário que podemos pegar, mas se um de
vocês puder hackear os arquivos, vai ser muito mais fácil baixar todas as
informações em um pen drive."

Zan levantou o pequeno dispositivo em questão e se dirigiu para o escritório.


"Eu vou fazer uma tentativa. Como eu vou saber o que estou procurando?"

Nick respondeu. "Basta baixar tudo e nós o processaremos mais tarde."

"Feito". Ryon e Nick o seguiram, enquanto Aric e A.J. ficavam perto da porta,
para ouvir qualquer sinal de companhia indesejável.

285
Jax acompanhou Kira para o outro lado da sala e viu quando ela pescou uma
chave antiga de seu bolso. Ela tentou usá-la para destrancar o armário, mas
viu que não caberia.

"Droga. Esta é a chave que eu roubei do Dr. Bowman e usei para entrar antes.
Eles devem ter mudado a fechadura." Ela a jogou de lado em frustração.

"Aqui, deixe-me ajudar." Aproximando-se, pegou a alça e puxou com força


constante. Ele ficou tentado a sorrir com sua expressão de dúvida, mas seu
macho exibido estava usando as reservas preciosas de energia que ainda
restavam. A madeira começou a ranger, gemendo... e depois bateu com um
estalo. Ele jogou a porta do armário no balcão e apontou para os muitos
recipientes dentro. "Lá vai você. Pegue-os."

"Uau. Obrigada."

"A qualquer hora."

Rapidamente, ela começou a triagem através das amostras, descartando


algumas e pegando outras. Logo, seu saquinho estava cheio com mais
amostras do tipo de tecido que tinha trazido antes. "Isso deve ser o suficiente",
disse ela, selando o plástico.

"Vamos ver se Zan está tendo sorte." No escritório do pequeno laboratório, Zan
estava enfiado no computador, franzindo a testa na tela junto com Ryon e Nick.
O pen drive estava no lugar, aparentemente o download progredindo.

"O que há de tão interessante?" Jax perguntou. Kira mudou-se para o seu lado,
chegando perto.

"Eu não posso fazer muita coisa sem testar essas coisas, na realidade nada,
mas eu observei que cada documento tem um número no topo. Eu acho que
eles estão usando números de arquivo no caso, em vez de nomes para
identificar suas cobaias."

286
"Isso seria normal," Kira disse.

"A NewLife tem que proteger as identidades dos doadores de órgãos e seus
destinatários."

"Sim, mas, mesmo assim, seus nomes correspondentes estariam arquivados


em algum lugar, certo?"

"Eles deveriam estar", disse ela. "Além disso, viu como há uma data no início
de cada seção do documento? O que mostra a data em que cada teste foi feito
no indivíduo, com uma descrição do que foi feito e como o sujeito reagiu a tudo
o que eles fizeram."

Nick falou. "Então, o que encontramos são os arquivos dos médicos sobre o
que está sendo feito para cada pessoa e quando, e se eles são humanos ou
shifters."

Kira assentiu. "Parece. Eu me sentiria melhor se apressasse Zan e ficasse com


tudo, como você disse, para que possamos dar o fora daqui e estudar essas
coisas mais tarde."

"Ela está certa", disse Jax, um senso de urgência desenvolvendo-se mais do


que antes.

"E ainda temos que bisbilhotar mais antes que possamos ir."

Nick deixou escapar um suspiro. "Há um cheiro permeando as paredes deste


lugar. Sangue, suor, fome, terror, morte. Precisamos nos apressar ou mais
vidas serão perdidas."

Zan concluiu a transferência de dados em questão de minutos e guardou o


pendrive. Jax rezou para que a prova que eles precisavam estivesse no
dispositivo, porque nunca seriam capazes de entrar em uma propriedade da
NewLife novamente sem lançar um ataque completo.

287
Quando eles estavam prontos para se mover novamente, Nick olhou entre Kira
e A.J.

"Para onde vamos agora?"

"Eu encontrei algo interessante depois que Kira desapareceu na outra noite",
A.J. disse em voz baixa. "Esta não é a única área restrita aos funcionários
comuns."

"Você localizou outra? Como? Onde?" Kira perguntou ansiosamente.

"Eu estava pensando sobre isso, se eles estão aqui fazendo seu show de
cientista maluco, então onde estão os ratos de laboratório?"

Os olhos de Kira se arregalaram. "Você os encontrou?"

"Talvez. Mas não saberemos a menos que possamos atravessar a imensa


porta sólida feita de aço em estilo de abóbada que está de pé bem no nosso
caminho."

"Eu tenho uma idéia de como cuidar disso", Aric disse com um sorriso triste.

"Você brinca de guia turístico e eu vou ser o homem da demolição."

288
TREZE

Estar de volta aqui foi mais difícil do que Kira tinha imaginado. Ela escapou por
pouco antes e agora uma sensação de morte iminente estava fechando seus
dedos ossudos em torno de sua garganta, pedindo a ela para dar o fora.

Rápido. Isso não era o pior de tudo, no entanto. Jax estava fazendo a sua
melhor interpretação de sujeito durão, mas ela podia dizer que ele estava
sofrendo.

Seu mancar estava mais acentuado do que nunca, o rosto pálido. Ele não
estava se coçando mais, mas ela não estava totalmente certa de que era um
sinal positivo. E se seu corpo estivesse cedendo ao fantasma? Desligando-se?
E se a escolha de acasalar não fosse mais dela?

Se ela tivesse esperado muito tempo e ele iria morrer?

Oh, Deus. Era mais imperativo do que nunca que terminassem logo e fizessem
o rastreamento.

O que quer que esteja escondido neste edifício poderia não valer a vida de Jax
e as vidas de seus amigos. Poderia? Mas ela sabia que nenhum deles poderia
sair sem saber ao certo se haviam pessoas escondidas aqui.

Sendo cortadas em experimentos, torturadas além do que qualquer ser deve


ser forçado a suportar.

E com que finalidade? Era uma loucura.

289
A.J. enfiou a cabeça para fora para verificar o corredor, em seguida, acenou
para eles seguirem. Ela não ficou surpresa quando ele os levou na direção
oposta ao elevador de serviço que subiria para a garagem para escapar. Cada
passo a fazia ficar cada vez mais inquieta. Não, francamente assustada. Ela
tentou se lembrar de que estava com uma equipe de shifters fodões, aqueles
com habilidades especiais psíquicas de vantagem. Mas, na esteira desse
pensamento veio outro, se a Dra. Mallory e os outros pesquisadores do
Instituto estivessem corretos, então quem estava fazendo experimentos em
seres humanos e shifters claramente soube capturá-los e machucá-los.

Incessantemente. Até que seus corpos deram o fora.

Pare com isso!

No momento em que chegaram ao fim do corredor, ela estava suando,


empurrando para trás o medo entorpecente. Foi um esforço, mas não podia se
dar ao luxo de deixá-los para baixo. Se isso despencasse, ela se recusava a
ser a novata que perturbou a máquina.

A.J. apontou para uma porta marcada ALTA TENSÃO-MANTENHA-SE FORA!

E exibiu uma chave. "Peguei o anel da chave mestra um par de dias atrás e
encontrei a que abria esta porta. Quando eu vi que o sinal de alerta estava
errado ou, mais provavelmente uma farsa e não havia nada elétrico aqui, eu fui
à procura. Depois que eu descobri a passagem secreta, eu fiz uma cópia da
chave e coloquei o anel de volta."

"Passagem secreta?"

Aric bufou. "Nossa, eu estou começando a canalizar um pouco do Indiana


Jones."

290
"Enquanto não houver espinhos de veneno voando ou pedras manipuladas
para esmagar as nossas bundas, eu estou bem." Isto veio de Zan, meio
brincando. A outra metade estava pronta para qualquer coisa.

Uma vez dentro do quarto, A.J. fechou a porta silenciosamente e acenou com a
mão no espaço, que estava cheia de caixas vazias, engradados e paletas.
"Como vocês podem ver, não há muito aqui, a não ser tralha. Quando eu
cheguei e olhei em volta, eu quase saí de imediato. Mas então eu fiquei
impressionado com quão ordenada esta tralha é. Quase muito arrumada."

"Estrategicamente colocadas", observou Nick. "Não há muita poeira ou sujeira."

"Certo. Então olhei em volta um pouco mais. E eu achei isso." Escolheu o seu
caminho entre as pilhas, deixando-os o seguir. Em fila única, que eles fizeram,
cuidando para não tocar qualquer uma das caixas ou caixotes.

Na parede do fundo, no canto, havia outra porta. Seu amigo usou a mesma
chave para destrancá-la, e abriu-a. Bem lubrificada, não fez um som. Quando
ela se aproximou para dar uma boa olhada, ela piscou com a visão de uma
escada do outro lado, descendo para o nada, parecia.

"O cofre e tudo o que está lá dentro, é no fundo," A.J. lhes disse. "Nenhuma
chave comum, apenas um painel de segurança com código e cartão de acesso.
Desculpe. Eu não consegui colocar as mãos em um. Há também um teclado
numérico que eu estou supondo que é uma substituição, se o cartão não
funcionar, mas eu estava com medo de tentar cortá-lo. Pode disparar um
alarme. Além disso, eu não estava preparado para enfrentar sozinho o que eu
poderia encontrar. Eu fiquei, condenadamente, contente quando Kira me ligou
e disse que todos estavam chegando."

"Você fez a coisa certa", Nick assegurou.

"Vamos passar."

291
Quando eles foram para as entranhas da terra, Jax estendeu a mão e apertou
a dela, dando-lhe um sorriso tranquilizador que fez seu coração viajar.

Maldição, poderia ser amor o que havia entre eles?

Na parte inferior, o grupo percorreu a distância restante até o cofre de aço, que,
de fato, parecia ser impenetrável. Aric caminhou até ele, pôs a mão sobre a
superfície lisa e acenou com a cabeça.

"Fácil, fácil. Afastem-se, pessoal."

Deram-lhe espaço e ele fechou os olhos, mantendo sua mão espalmada contra
o centro da porta, inclinando seu corpo com o toque. Primeiramente, nada
aconteceu, então depois de um longo minuto, o metal em torno de sua mão
começou a brilhar. Fascinada, ela permaneceu em silêncio, adivinhando que
ele pretendia explodir toda a barreira ou, talvez, fazer o cofre deslizar aberto.

Errada em ambos os casos. Quando o metal começou a brilhar vermelho e a


derreter-se em sua mão, espalhando-se para fora, ela abafou um suspiro. Ela
não tinha idéia que o Incendiário poderia usar energia térmica para manipular o
metal ou, pelo menos, este podia. Quando, finalmente, ele cambaleou para
trás, ofegante, o suor escorrendo têmporas, o cabelo ruivo aderindo a sua cara,
um buraco do tamanho de um homem havia sido aberto no meio. Jax chamou
seu amigo, e firmou-o.

"Te peguei. Você está bem?"

"Sim", ele disse em voz baixa, nenhuma de suas bravatas sarcásticas habituais
em evidência. "Obrigado."

"Você precisa ficar aqui, recuperar o fôlego?"

"Não, cara, eu sou de ouro. Vamos fazer isso."

292
"Puta merda", A.J. respirava, cuidadosamente tocando um dedo na borda do
aço derretido. "Quem diabos são vocês?"

"Disse-lhe que explicações não nos fariam justiça", Nick disse, batendo-lhe no
ombro. "Você só tem que prestar atenção e aprender."

"Aparentemente, sim."

Seu chefe apontou para a entrada recém-feita.

"Eu vou primeiro. Esperem por mim para ter certeza que está limpo."

Nick se abaixou um pouco e entrou no buraco, desaparecendo. A tensão


aumentou enquanto os segundos passavam, sua equipe impaciente, não
gostando do seu chefe e amigo em território desconhecido sem eles em suas
costas. Kira não os culpava. Quando seus olhos se adaptaram e os sentidos
aguçaram, ela viu uma luz fraca no quarto mais além, e cheirava a algo
realmente... Pútrido.

Nick apareceu com uma expressão pétrea. "Temos três mortos e um par de
cativos em má forma. Temos que libertá-los e dar o fora daqui. Direto, porra,
agora."

Quando os outros começaram a entrar atrás dele, Jax tomou seu braço em um
aperto suave. "Eu não quero você lá dentro."

"Mais do que eu quero ir, mas eu não vou ficar aqui sozinha. Então esqueça
isso."

Relutantemente, ele a deixou ir. "Tudo bem, fique perto."

Ela bufou. "Como se isso fosse um problema." Ela estava praticamente colada
às suas costas enquanto subiam pelo buraco e observavam a prisão sombria.
"Oh, meu Deus", ela sussurrou. "Jax..."

293
"Jesus Cristo." Ele tentou bloquear sua visão com seu corpo. "Baby, não olhe."

Muito tarde. Desviando dele, ela olhou em horror, seu cérebro se esforçando
para compreender tamanha crueldade e depravação. O fedor tirou o seu
fôlego, um segundo apenas para a próxima visão terrível diante deles. O canto
de uma grande câmara foi reformado para que poderia ser nada mais do que
um lugar para torturar os prisioneiros. A cadeira de dentista de vinil estava
revestida de manchas escuras e cercada por mesas com instrumentos de
corda, alicates, serras, facas, limpeza e drenagem, funis, e outras ferramentas.
Mais do que ela podia nomear.

O resto da sala estava cheio de gaiolas.

Literalmente, uma pilha delas com não mais que três metros quadrados, quase
não grande o suficiente para um ser humano plenamente desenvolvido ou um
shifter ficar de pé, sentar-se ou deitar-se confortavelmente. E nessas gaiolas,
as vítimas. Magras, com a pele esticada sobre os ossos. Nus, enrolados em
posição fetal, definhando em sua própria sujeira, olhos desprovidos de
esperança. Olhos fundos e fixos, tão vazios de vida.

O regurgitar de Kira se levantou e ela girou, encontrando o canto mais próximo,


e caindo de joelhos.

Ela prontamente perdeu o jantar e estava vagamente consciente de uma


grande mão esfregando círculos em suas costas. Jax, confortando-a. Sempre
lá, forte e silencioso.

"Você está bem?"

"Sim", ela disse fracamente. Usando a ponta de sua camisa, ela limpou a boca
e se levantou, muito enjoada para se envergonhar. "Ou eu vou estar, quando
chegarmos com estes sobreviventes em casa."

294
Algo brilhou em seus olhos, e ele concordou.

"Vamos ver o que podemos fazer para acelerar as coisas."

Não havia muito a fazer, mas pairou ansiosamente enquanto Nick e Aric
extraíam um cativo, Zan e Ryon o outro. Ambos eram do sexo masculino. "Eles
são shifters", disse Ryon, estudando o homem inconsciente em seus braços.
"Não tenho certeza de que tipo, mas eu não cheiro um lobo."

"Eu também não." Zan cheirou e, então, congelou.

Lentamente, ele caminhou até uma gaiola ao lado da que ele e Ryon tinham
puxado uma vítima. Inclinando-se perto das barras, ele cheirou a área e
balançou a cabeça. "Não pode ser."

Jax espreitou. "O quê?"

"Micah", Zan sussurrou. "Sinto o cheiro dele. Nessa gaiola vazia. Meu Deus,
isso é possível?"

Os outros trocaram olhares atônitos.

"Z, homem, Micah está morto" Jax disse calmamente.

"Temos certeza? Como sabemos?" A voz de seu amigo tomou uma nota de
desespero.

"Eu vi por mim mesmo. Eles estavam mortos, Zan."

"Como é que sabemos?" ele praticamente gritou.

"Grant enviou uma equipe de limpeza para cuidar dos corpos. Estávamos
feridos, fora da equipe e nunca os vi depois, mortos e em uma cova! E agora
eu estou te dizendo, eu peguei o cheiro de Micah lá dentro."

295
"O que significaria que os nossos amigos do alto escalão do Governo, os
idiotas que supostamente deviam estar do nosso lado, mentiram para nós", Aric
colocou, a voz fria. "Não é como se isso nunca tivesse acontecido antes." As
palavras caíram entre eles, como pedras, e Kira observava impotente quando
eles perceberam que o que tinham descoberto esta noite foi um mero
segmento de desvendar um esquema muito maior do que tinham sonhado em
seus piores pesadelos.

A mandíbula de Jax trabalhou com raiva impotente. "Então, o que realmente


aconteceu naquela noite? Como Micah acabou aqui e onde diabos ele está
agora?"

"E se ele está vivo ou foi... "Ryon parou, olhando em estado de choque.

Nick terminou. "Então, onde estão os outros? Eu não tenho todas as respostas,
mas vamos pegá-los." Um gemido de um dos shifters libertados os trouxe de
volta à realidade. "Infelizmente, não vamos buscá-los hoje à noite. Nós temos
que ir."

Quando eles fizeram o seu caminho para fora até a escada, mais uma vez,
uma coisinha desagradável provocou a mente de Kira. Mas o medo, o desejo
de escapar deste inferno intacta, cancelou a coisinha antes que pudesse
formar um pensamento. Ela teria que examiná-lo mais tarde.

Eles fizeram o caminho de volta para a sala de ALTA TENSÃO acima sem
nenhum incidente. A sorte estava com eles até agora, mas ela correu para fora,
assim que eles entraram no corredor luminoso e aproximaram-se do laboratório
que tinham roubado antes. Outro guarda de segurança e três homens de terno,
armados, estouraram o laboratório, aparentemente, tendo descoberto a
invasão. Eles congelaram, momentaneamente, espantados pela presença de
A.J. na liderança.

"Stone? Que diabos você está fazendo?" O outro guarda latiu.

296
"O que lhe parece? Dando aos meus amigos um tour pelo prédio", ele zombou
em troca.

"Eles pegaram os prisioneiros!" Um dos caras de terno, um homem gordo, com


um anel de cabelo cercando sua cabeça careca, gritou. "Matem-nos!"

O guarda de segurança que havia falado antes parecia completamente confuso


e, claramente, não tinha nenhuma idéia do que diabos estava acontecendo. Os
de terno, no entanto, tinham e empunharam suas armas para cima. Jax
empurrou Kira para trás dele e se abaixou no chão quando tiros foram
disparados, ensurdecedores no espaço confinado. Aric e Ryon agacharam-se,
protegendo as suas cargas com os seus corpos. Caindo de joelhos, A.J.
retornou o fogo, colocando uma bala no centro da testa de um tonto enquanto
Jax, Zan, e Nick se transformaram no meio do caminho, indo em direção aos
outros dois.

Balas atingiram corpos, ricocheteando nas paredes. Esparramada de bruços,


os braços sobre a cabeça, Kira não tinha a melhor vista, mas ela viu o
suficiente. Três lobos correram direto para fora de suas calças, botas e meias,
em linha reta para os dois homens que ainda estavam disparando, os olhos
arregalados com a visão inacreditável.

Os lobos preto e prata derrubaram o homem gordo com relativa facilidade. O


lobo preto Zan foi para a sua garganta e seu grito altíssimo foi cortado
abruptamente, terminando em um gorgolejo repugnante. Ao lado deles, o
grande lobo branco levou o outro para baixo, o corpo se contorcendo debaixo
de sua massa.

Agachando-se, o lobo prateado levantou a cabeça e fixou seu olhar de aço


sobre o guarda de segurança, que tinha deslizado pela parede e ficou olhando
para a carnificina. Pêlo retraído, membros reformulados, mas Jax não se
transformou todo. Em vez disso, ele permaneceu meio shifter, corpo muscular
enorme, focinho comprido puxado para trás em um rosnado, revelando caninos

297
mortais. Uma visão aterradora e impressionante, especialmente para o guarda
chorando.

"Você", Jax disse, sua voz áspera como cascalho.

Deliberadamente, ele apontou uma garra de dez centímetros para o jovem


horrorizado. "Preciso cuidar de você agora?"

O guarda estava tão acometido de terror, que ainda não tinha tirado a arma.
Uma mancha escura se propagava em sua virilha. "N-não! E-eu n-não sei que
m-merda está a - acontecendo e eu n-não me importo! Só não me come, por
favor!"

Jax inclinou a cabeça, como se analisasse o pedido. "Então, aqui está o que
você vai fazer. Espere 15 minutos depois que nós partirmos e, em seguida,
diga ao seu chefe que você encontrou esses caras assim. Você não viu uma
maldita coisa.

Então, se eu fosse você, eu apresentaria a minha demissão e iria para longe,


muito longe. Entendeu?"

"S-sim! Merda, eu entendi!" O guarda assentiu, enfaticamente, mas não se


mexeu.

Jax olhou para Kira. "Ele está dizendo a verdade?"

Por um segundo, ela ficou surpresa e, então, um pequeno jorro de orgulho


passou por ela. Ele estava tratando-a como um membro da equipe, pedindo a
ajuda dela como uma Empática. Confiando em seu julgamento e, na frente dos
outros. Ela abriu os sentidos para o guarda e foi atingida por ondas de medo,
confusão. Esperou.

Ele só queria sair dali vivo.

298
"Sim, ele está. Não há trapaça nele."

"Então, ele vive." Jax levantou e pegou a calça, completando sua mudança
para a forma humana. "Nós estamos fora daqui."

Em seguida, ele vive. Simples como isso. Com base em sua percepção da
confusão de sentimentos rolando para fora dele, o guarda iria embora. O poder
dessa ideia era assustadora. Jax ofereceu-lhe a mão e ela a tomou, desviando
os olhos, enquanto Nick e Aric puxavam suas calças camufladas e enfiavam os
pés nas botas descartadas.

Em segundos, eles estavam prontos para continuar, todo o episódio horrível


devia ter levado menos de cinco minutos.

Com uma olhada rápida, ela viu que todo mundo estava decente.

Zan estava limpando uma ferida de bala que havia penetrado em seu lado com
a borda de sua camiseta, fazendo uma careta de dor.

"Você está bem?" Nick perguntou abruptamente.

"Acho que sim. Entrou e atravessou. Eu já estou me curando", ele respondeu.

Ele estava um pouco fora do ar, mas de pé por conta própria.

Nick olhou em volta. "Alguém mais? Eu sei que eu ouvi pelo menos outro
acerto."

"Levei um no alto do peito", Jax murmurou.

Seu rosto estava pálido, o suor escorrendo pelas têmporas.

"O quê?" Kira suspirou. "Deixe-me ver."

299
Ele balançou a cabeça. "Não há tempo. Mac pode dar uma olhada na van."

"Você está se curando?" A voz de Nick estava apertada com preocupação.

"Não tenho certeza." O que não era uma resposta. De olho em seu peito, ela
avistou o pequeno buraco no tecido escuro no lado esquerdo, quase
imperceptível.

Em uma inspeção mais próxima, ela podia ver a umidade se espalhando na


camisa dele e não parecia estar diminuindo nem um pouco. Um calafrio a
sacudiu. Quando ele a resgatou dos dois homens pela primeira vez, ele tinha
sido atingido e tinha se curado quase que instantaneamente.

E, novamente, quando ele e Aric tinham lutado, seus arranhões e mordidas


desapareceram rapidamente. Ele não estava se curando agora. A cada passo
que davam para o elevador e, em seguida, atravessando o estacionamento
fazendo sua fuga, ele diminuía.

Quando chegaram ao buraco na cerca, sua claudicação era pior do que nunca,
ele estava respirando com dificuldade e seus amigos estavam trocando olhares
preocupados. Sua camisa estava quase completamente encharcada de sangue
e a frente de suas calças foi rapidamente se tornando saturada de sangue. Ele
tropeçou e Zan estava lá, jogando o braço direito de Jax sobre os ombros, meio
que transportando ele. No meio do caminho para a van, seus joelhos dobraram,
e seus olhos reviraram para trás em sua cabeça.

"Merda!" Zan o pegou quando ele caiu, levantando-o para segurá-lo como um
bombeiro.

"Você tem ele?" Kalen perguntou quando eles chegaram à entrada do beco,
onde ele e Hammer estavam à espera.

"Sim. Porra, ele é um durão pesado."

300
Eles estavam se movendo rápido e Kira tinha que correr para acompanhá-los.
Medo agarrou-a pelo pescoço e não a deixava ir. Ele não se sentia bem para
começar, mas ele insistiu em ir de qualquer maneira. E agora ele tinha sido
baleado e não podia se curar.

Por minha causa. Se isso fosse verdade, se ela causou a morte do homem que
amava, ela nunca se perdoaria. O homem que eu amo. Oh, meu Deus, eu o
amo. Ele é meu Companheiro. Meu. E ele não podia morrer. Voltando para os
veículos, as duas médicas se encontraram com eles, rostos sombrios, mas
determinados. A cena tomou uma qualidade surreal quando o par de shifters
cansados foi carregado para a van com a Dra. Mallory, Ryon e Aric. Kalen
ajudou Zander a colocar Jax na outra van e uma vez lá dentro, Zan recusou-se
a deixar seu melhor amigo. Kira se agachou na parte de trás, perto o suficiente
para segurar a mão úmida de seu companheiro, mas dando espaço a Mac para
trabalhar. Lágrimas brotaram de seus olhos, escorrendo pelo seu rosto.

"Jax?"

Não houve resposta. Ele ainda jazia horrivelmente quando Mac cortou sua
camisa no meio e separou as abas, expondo a ferida. O sangue jorrava do
buraco localizado no alto, no lado esquerdo do peito, centímetros acima do
mamilo, perto da clavícula.

"Tenho certeza de que a bala errou o pulmão", disse a médica. O alívio no


veículo era tangível. Rapidamente, ela checou-o em volta, e colocou um
amortecedor sobre a boa notícia. "Mas ela ainda está em seu peito e ele está
perdendo muito sangue."

"Deixe-me fazer as minhas coisas." Colocando a mão sobre o ferimento, Zan


pressionou firmemente. Um brilho de cor azul iluminou sua mão e Kalen
respirou fundo, os olhos arregalados.

"Você é um Curador?"

301
"Sim, mas não está funcionando." Zan, segurando a cabeça de seu amigo em
seu colo, tirou a mão sangrando e engoliu em seco. "Por que diabos ele não
está se curando, Mac?"

"Eu tenho uma teoria, mas é informação privilegiada."

"O quê? Isso é besteira! Será que ele está morrendo ou algo assim? "Zan latiu
para a médica, o pavor estampado em seu rosto bonito.

"Ou algo assim", ela concordou, seu olhar sacudindo brevemente para Kira.
Que se sentiu como uma pilha fumegante de merda.

"Ele vai se recuperar, apesar de tudo. Certo?" perguntou Zan.

Depois de uma pausa, Mac assentiu com a cabeça. "Eu acredito que sim."

"Você acredita? O que... "

"Calma, cara." Kalen tocou o ombro de Zan. "Deixe a doutora começar a


trabalhar para que ela possa ajudar o seu amigo, certo?"

Por alguns segundos, Zan, visivelmente, lutou contra si mesmo, talvez para
evitar rosnar para o recém-chegado. No final, no entanto, ele só caiu contra a
lateral da van. "Você está certo."

Mac continuou trabalhando, colocando uma bandagem de pressão sobre a


ferida. Em seguida, ela colocou uma intravenosa e Kalen segurou a bolsa de
soro no ar para ela.

"Obrigada."

"Sem problema", disse ele em voz baixa.

302
Kira enxugou as lágrimas com sua camisa, mas elas não paravam de chegar.
Ela nunca se sentiu tão impotente. E a culpa comia suas entranhas, como um
verme empurrando através do solo podre. Ela se agarrou à mão de Jax,
roçando a pele áspera com o polegar, pensando se sua equipe iria culpá-la por
isso. Mas não poderiam odiá-la mais do que ela se odiava.

***

Seu esterno tinha sido aberto com uma chave de fenda enferrujada e um
martelo, fogo líquido derramando na cavidade. Ele abriu a boca para gritar, ou
achava que o faria, mas não podia fazer um som. Nada funcionava da maneira
que deveria.

Ele sabia onde estava, no entanto. Na van em alta velocidade, a cabeça no


colo de alguém, cada solavanco na estrada sacudindo o corpo com uma dor
torturante. A mão pequena, feminina segurava uma das suas com força. Kira.

"Jax?"

Ele sabia que era ela, mas não podia sentir o seu cheiro. Não podia falar ou se
mover, nem mesmo apertar os seus dedos, deixá-la saber que ele estava vivo.
Por quanto tempo mais? Porra, ele não queria partir assim. Ele lutou para
respirar, pensando que não deveria ser tão difícil. Quando ele tinha sido
atingido, estava certo de que a bala tinha errado seu pulmão. Tinha, certo? Ele
havia sido baleado antes e o ferimento havia se curado sem nenhum problema.

Em vez disso, ele estava deitado como se estivesse morto, durante toda a
viagem, incapaz de se comunicar de forma alguma. Ele estava ciente de Kira e
um par de outras vozes que falavam com ele em tons suaves, dizendo que ele
ficaria bem. Ele tentou tomar o coração, para empurrar o medo que o invadia,
mas não foi inteiramente bem-sucedido. Algo estava muito errado, além do
ferimento à bala. A conversa em torno dele cresceu ainda mais preocupada
quando o veículo parou e as portas se abriram.

303
As pessoas estavam gritando. Seu corpo foi empurrado e ele não podia gritar.

Algo duro deslizou debaixo dele. Uma prancha. Então ele estava fora da van,
sendo carregado rapidamente. Levado para outro transporte. Lembrou-se dos
helicópteros e percebeu que eles deviam estar no hangar. Duas horas de casa.
E a verdade o inundou. Ele não ia fazer isso. Não devia ser possível, mas foi se
tornando uma realidade. Seu corpo estava se desligando, assim como as luzes
de uma casa se apagando, uma por uma.

Ele se segurou o máximo que pôde. Contando em sua cabeça e, quando


perdeu a conta, tentou concentrar-se no alto zumbido dos motores. Imaginando
o composto se aproximando a cada milha, deixando-o em segurança.

"Respire,Jax! Vamos, amigo! "Zan gritou ao lado de sua orelha.

"Jax? Por favor, fique com a gente." Kira. Ele ouviu as lágrimas. "Não me
deixe."

Ele tentou obedecer. Realmente tentou fodidamente. Fez isso durante todo o
caminho para o pouso antes de suas chamadas frenéticas começarem a
desaparecer. Sua última consciência era de ser levantado, voando. Desejando
que pudesse ver as estrelas, se transformando em seu lobo, e correndo.
Fazendo amor com Kira. E então tudo desapareceu na névoa.

"Ele não está respirando? Mac!"

Kira foi resgatada do helicóptero após a médica. Zan e Kalen já estavam fora,
segurando cada extremidade da prancha, apressando-se na caminhada em
direção a uma entrada marcada com EMERGÊNCIA. A outra mulher não
respondeu ou lhe deu um olhar de relance, apenas correu, gritando ordens
para os enfermeiros e outros profissionais de saúde que os encontraram nas
portas duplas.

304
Coração batendo de medo, Kira correu atrás deles. Ela teria seguido a todos no
caminho para o pronto-socorro se não tivesse braços fortes em volta de sua
cintura, puxando-a de volta.

"Você não pode ir lá, querida", disse Nick, a voz cheia de pesar.

"Deixe-me ir!"

“Não é possível fazer isso. Ele está em boas mãos, porém, eu prometo."

"Ele precisa de mim! Nick, por favor."

"Eu sinto muito." Gentilmente, ele a guiou para uma cadeira. "Vamos, eu vou
esperar com você."

"Todos nós", declarou Aric, caindo em um assento. Obviamente, ele e os


outros tinham entregue os dois sobreviventes que eles libertaram do prédio da
NewLife, mas ela não estava prestando atenção.

Depois de um momento, ela se acalmou o suficiente para perguntar: "Os dois


shifters estão bem?"

"Eles vão ficar, fisicamente. O resto, vamos ver, mas eu acho que eles vão
sobreviver."

Ela assentiu com a cabeça. "Isso é bom."

A pausa foi breve e tirou sua mente de Jax por apenas cerca de três segundos.

A equipe lotou a sala de espera, nenhum deles disposto a deixá-la sem


palavras. Zan e Kalen caminharam de volta a partir da sala de cirurgia, os
rostos cansados. A enxurrada de perguntas dos caras foi recebida com pouca
informação, nenhuma delas encorajadoras.

305
"Ele não estava respirando", Zan se escorou, caindo em uma cadeira, a cabeça
entre as mãos. "Isso é tudo que eu sei."

"Jesus," Hammer murmurou em estado de choque.

Aric respondeu colocando um buraco na parede com o punho e soltando uma


torrente de palavrões.

Os outros apenas vagaram. Alguém saiu para um café. O tempo passou. Kira
não tinha certeza de quanto tempo tinha passado quando Sariel entrou na sala,
dirigindo-se diretamente para ela. Saltando para cima, ela se lançou em seus
braços. Ele pegou-a contra seu peito e envolveu-a em suas asas e a barragem
rompeu. Ela soluçou em terror, balbuciando que não podia perdê-lo.

"Você não vai, minha querida." Ele deu um beijo no topo de sua cabeça. "Eu
juro para você."

"C-como você sabe?"

"Eu apenas sei. Agora seque as lágrimas ou então o seu lobo vai ser tratado
com a visão encantadora de uma Companheira inchada e manchada quando
ele acordar."

Afastando-se, ela conseguiu dar uma pequena risada.

"Puxa, obrigada."

"Você é bem-vinda. Para o que servem os príncipes desalojados?"

Foi uma tentativa idiota de piada e ela o amava por isso. Virando-se, ela o
deixou puxá-la até uma cadeira. Com a insistência de Zan, ele foi buscar uma
caixa de lenços na recepção, confuso sobre o seu propósito primeiro, mas
entregou a ela e estabeleceu-se a seu lado para o que podia vir a ser uma
longa espera. Era pior do que longa. Interminável era uma palavra melhor.

306
Metade da equipe estava cochilando quando Mac e Melina empurraram as
portas duplas para a área de espera, mas todos imediatamente se
posicionaram, atentos.

Dra. Mallory chegou ao ponto. "Os dois shifters estão estáveis, mas ainda
inconscientes. Jax também está estável no momento e a bala foi removida.
Mas sua condição é crítica."

Ela deu a Kira um olhar aguçado. "Eu preciso que você venha com a gente."

"É claro." Ela se levantou com as pernas de borracha e seguiu as médicas. Se


qualquer um deles estava pronto ou não, ela tinha uma suspeita de que o
momento do ajuste de contas estava na sua mão. O sexy lobo de olhos
prateados estava prestes a tornar-se dela.

307
QUATORZE

"Jax, abra seus olhos."

Não quero. Ele preferia manter o sono, seguro em seu casulo aconchegante.
Além disso, a dela era a voz errada. Não a que ele amava. Espere, amava? Ah,
merda.

"Querido, você pode me ouvir? Vamos, bonitão. Deixe-nos ver seus olhos.”

Kira. Por ela, ele tentou. Suas pálpebras eram como concreto molhado, mas
ele conseguiu abri-las um pouquinho. Sua forma pequena estava inclinada
sobre ele, embaçada. Estava segurando sua mão, acariciando seu rosto. Era
tão bom.

"Eu... não posso sentir seu cheiro", ele disse asperamente.

O toque dela ficou imóvel. "O que?"

"Ele quer dizer que seu olfato se foi", disse Melina. "Ele não pode sentir seu
cheiro.”

"Ah. O que vamos fazer? Como podemos corrigir isso?" Ela estava tão
chateada. Ele não podia consolá-la. Não podia mover um maldito músculo.

"Esta é uma área não documentada, mas eu gostaria de tentar algo. Você está
disposta a deixar-me fazer uma pequena incisão em seu pulso? Eu posso lhe
dar uma anestesia local."

308
Obviamente, ela estava conversando com Kira. Espere um minuto. Melina
queria cortar o seu anjo?

Por quê? Jax tentou rosnar, mas só um lamento patético saiu. Seus olhos se
fecharam novamente.

"Sim! Qualquer coisa que o faça ficar bem."

Não! Sua mente gritou. Mas seus lábios não se mexeram.

Ruídos se seguiram, o barulho de metal em uma bandeja. Melina falou com


sua companheira, mas ele não conseguia distinguir as palavras. Ele estava
cansado e não conseguia ficar acordado por um longo tempo. Sua energia era
inexistente. De repente, um dedo liso entreabriu os seus lábios, começando a
esfregar sua língua. Ele gaguejou, tentando virar a cabeça para longe dos
dedos cobertos com a luva, mas a médica o segurou rápido, cobrindo sua
língua com algo molhado. Suas gengivas e caninos, também. Mas que diabos?

Automaticamente ele engoliu e pegou o gosto doce de terra em sua língua. Sua
impressão inicial é que era agradável, uma coisa estranha, e então... o efeito
atingiu seu sistema como a chuva no deserto. Calor fluiu por suas células e
músculos, sol líquido. E ele soube. Melina tinha lhe dado o sangue de Kira. O
aliviador e nutritivo sangue da sua Companheira.

Fazendo o trabalho que nenhum medicamento poderia realizar para trazê-lo de


volta. Lentamente, ele abriu as pálpebras novamente, contente de encontrar a
sua visão mais clara.

"Ei," ele resmungou, dando a Kira um sorriso torto.

"Oh, meu Deus!" Saindo de sua cadeira, ela o abraçou com força, colocando a
cabeça em seu peito, no lado direito, oposto ao ferimento à bala. "Eu estava
tão preocupada. Todo mundo estava. Está."

309
Com cuidado, ele levou o braço ao redor dela, segurando-a confortavelmente
contra ele. "Eu estou bem, querida. Não chore."

"Sariel diz que eu estou manchada." Ela choramingou.

"É? O que ele sabe? Você está sempre bonita." Ele beijou sua cabeça, e teria
se inclinado mais se tivesse energia. "Eu posso sentir o cheiro dele em você."
Pelo menos ele poderia sentir cheiros de novo. Um bônus.

"Ele estava me consolando, porque eu pensei que você ia morrer." Outro


soluço. "Supere isso."

Ele bufou uma risada, mas doeu e ele prendeu a respiração, esperando a dor
diminuir. Aparentemente, seus poderes de cura não estavam a toda velocidade
ainda.

"Doutora?”

Melina se moveu para a linha de visão dele, com o olhar cheio de preocupação.

"Sim?"

"Você sabe se isto é temporário?"

"O impulso que você está sentindo agora?"

"Sim."

Ela suspirou, mostrando mais emoção do que ele já havia testemunhado em


meses. "Temo que sim. O sangue de Kira fortaleceu você, porque contém as
propriedades de que você precisa por ser um saudável macho shifter de lobo.
Mas não estão acasalados. Em suma, esta é uma medida paliativa para torná-
lo forte o suficiente para concluir o processo."

310
Ele franziu a testa. "Mas se eu tomar seu sangue quando eu mordê-la, qual é a
diferença? Por que não posso tomá-lo através do corte em seu pulso ou algo
assim? "

"Boa pergunta. Eu acho que a resposta está em sua saliva, na mudança


química que ocorre com vínculo dos companheiros durante o sexo. Eu posso
estar errada.” Ela encolheu os ombros. "Há somente duas maneiras de
descobrir."

"Duas?"

"Primeiro, vamos deixá-lo tomar o sangue de Kira pelo pulso, desde que ela
concorde." Kira assentiu, então Melina continuou. "Então, nós lhes damos
algumas horas, para ver se a ligação entre vocês se forma e você fica
completamente bom. Se não funcionar, você vai se sentir cada vez pior em um
tempo relativamente curto."

"E então?"

"Nós lhe daremos mais sangue e o libertaremos para fazer o que os lobos em
estado selvagem fazem." Ela sorriu maliciosamente.

Jax olhou para Kira, que estava piscando rapidamente, suas bochechas
ficando cor de rosa. "Não, a menos que o desejo de Kira seja esse.”

Melina ficou em silêncio por um momento. "Você está dizendo que preferia
morrer a forçar Kira a acasalar com você?"

Por mais que isso quebrasse seu coração, ele tinha que deixá-la ir, se era isso
que ela queria. "É exatamente isso o que eu estou dizendo."

Grandes olhos azuis fixaram-se aos seus. "Jax", ela respirou profundamente.
"Você não quis dizer isso."

311
"Quis sim, cada palavra."

"Eu não vou deixar isso acontecer", ela sussurrou.

"Então me pare."

"Oh, eu pretendo."

"Vou lhes dar um pouco de privacidade", Melina disse com um sorriso. "Eu
voltarei."

Nenhum deles notou quando a doutora saiu.

Eles só olhavam nos olhos um do outro e Jax se perguntava para onde ir. O
que dizer. Tudo o que saiu foi: "Obrigado." O que foi completamente
inadequado.

Ele não era um homem propenso a longos discursos exageradamente


românticos, corações e flores. Ele preferia mostrar a uma mulher o que ela
significava para ele. E ele, com certeza, não poderia fazer isso estando na
enfermaria. Droga.

Um sorriso maroto curvou os lábios dela. "Você é bem-vindo. Embora eu tenha


meio que um motivo egoísta para salvar seu pele."

"Sério?" Sua mão procurou a dela, apertando seus dedos em cima do seu
estômago.

"Claro. Uma pegada de homem-lobo com poderes místicos e um corpo quente


em um smoking? E eu poderia chegar a ser uma loba, também. Onde mais eu
vou encontrar tudo isso?"

Ele riu e, imediatamente, se arrependeu.

312
Uma dor aguda explodiu através de seu ombro e ele engasgou, montando-a.
Quando as ondas de dor diminuíram, ele notou que seu humor para
provocações tinha desaparecido e lágrimas nadavam em seus olhos bonitos.

"Ei, nada disso. Eu vou ficar bem."

"E se você não ficar? Eu não posso ajudar, mas sinto que é minha culpa", ela
disse com a voz embargada. "Se eu tivesse..."

"Não. Isso definitivamente não é sua culpa ou minha. A natureza não é justa,
isso é tudo.” Estudou a expressão dela e pensou que não seria justo ele lhe dar
mais um fora. "Kira, eu quero que você saiba que eu quis dizer o que eu disse.
Você não tem nenhuma obrigação de acasalar comigo. Se você não quiser
fazer isso, eu vou deixar você ir. Você não pode sair daqui até que seja seguro,
mas eu posso. Eu poderia pedir ao Nick para me nomear no campo por um
tempo, até essa febre do acasalamento, ou seja lá qual for o nome, passar."

E o simples pensamento partiu seu coração. O fez querer destruir o quarto,


estraçalhar os móveis. Quando ela tinha entrado tão profundamente nele? Para
sua surpresa, a expressão dela tornou-se feroz. Um pouco chateada. Seu anjo
acertou em seu rosto.

"Ouça-me, Jaxon Law. Existe algo de muito bom aqui, entre eu e você e estou
aceitando tudo isso. Então, pode parar com essa porcaria de autossacrifício e
sair dessa cama para que o nosso lance animal possa acontecer."

Certo, seu lobo interior gostou da atitude. Completa e infernalmente. O resto


dele também e fez seus desejos conhecidos aumentarem com uma intensidade
latejante, as lesões que se danassem. Estendendo a mão, ele traçou um dedo
sobre seus lábios. "Sim, senhora. Você é sempre tão mandona?"

"Não, mas estou aprendendo."

313
Com isso, ela tomou sua boca, deslizando dentro. Seu sabor o excitava como
nenhuma mulher já havia feito, e ele queria puxá-la para cima dele. Seguindo
por esse caminho. Ela deve ter sentido o mesmo, porque quebrou o beijo para
morder ao longo de sua mandíbula.

"Você poderia me morder agora", ela murmurou.

"Baby, mesmo que eu quisesse, de maneira nenhuma eu vou criar o laço mais
importante que qualquer um de nós já viveu sentado na minha sexy cama de
hospital." Ele arqueou uma sobrancelha. "Dê-me um pouco de crédito
romântico."

Ela se iluminou. "Eu estou contente de ouvir você dizer isso."

"Por quê? Era algum tipo de teste e eu passei?"

"Não! Bem, talvez um pouco", brincou ela. "Eu não quero fazer isso aqui
também."

"Por que você quer isso, afinal?" Sua pergunta tranquila perfurou o bom humor,
mas ele tinha que saber. Sua própria mudança no que dizia respeito ao
coração e à tomada de uma parceira não era um mistério. Com Kira, ele não
estava tão certo. "Por que eu? Você aceitou o fato de que eu sou metade
animal e que isso faz parte de mim como homem?"

O olhar dela desviou do dele e se mudou para o seu colo. "Eu continuo dizendo
que este não era o problema."

"Então, o que... oh, certo. Você não queria que a natureza forçasse sua
escolha. Tomando o seu queixo, ele o levantou para que ela encontrasse seus
olhos. "Eu não quero isso também. Mas, de minha parte, eu não tenho que me
preocupar."

"O que você está dizendo?" Ela mordeu o lábio.

314
"Que eu estou apaixonado por você", disse ele, sorrindo um pouco. "Pelo que
você é e não por alguma versão transformada pelo meu código genético. Isto
pode parecer estúpido, mas eu sabia que você era tudo que eu queria no
segundo em que vi Chup dormindo em seu estômago."

"Isso não soa estúpido." Inclinando-se, beijou o canto de sua boca. "Na
verdade, essa é a maior coisa que alguém já me disse."

"E quanto a você?" Ele tentou manter a pressão súbita fora de seu tom. "Você
ainda se sente presa?"

"Não", ela disse, pegando sua mão. "Eu estou com medo e um pouco
sobrecarregada, mas não aprisionada. Eu acho que é porque eu não estou
totalmente ajustada a este estilo de vida ainda. Para a enormidade de tudo
isso, de seres de outro mundo, forças do mal e soldados para combatê-las.
Além disso, há uma grande possibilidade de eu me transformar em uma shifter
como vocês. Mas meus sentimentos por você se tornaram mais fortes do que o
meu medo de não ter controle. Isso faz sentido?"

"Perfeitamente."

Ela tem sentimentos por mim. Sim! É um lugar para começar. Um ótimo lugar.
Ainda...

"Então você está realmente bem com a idéia de se tornar uma shifter?"

Depois de uma pausa, ela concordou. "Estou nervosa, mas ao mesmo tempo
não posso deixar de me perguntar o que vai ser isso. Você sabe, o próprio
processo. Sem mencionar em ser mais forte e mais rápida, sendo capaz de me
defender com garras e dentes afiados realmente. É bem legal, agora que estou
me acostumando com a possibilidade. Eu acho que vou ficar desapontada se
isso não acontecer."

315
"Talvez não", disse ele suavemente. "Melina não mudou depois que ela e Terry
acasalaram."

"Eu sei. Se isso não acontecer, eu vou lidar com isso."

Caíram em um silêncio momentâneo, enquanto ela brincava com seu cabelo.

"É estranho, para mim, pensar sobre ser shifter, mas, pelo menos, eu tive um
aviso. Eu só posso imaginar o choque que foi para vocês."

“Com certeza foi. Pensei que estávamos ficando loucos, em primeiro lugar."

Ela estudou-o, obviamente, pensando em algo. "Você me disse que você, Zan,
Aric e Ryon foram SEALS na Marinha. E vocês se transformaram depois de
uma emboscada em patrulha. Certo?"

"Sim, além de Raven, que está no Bloco R. Por quê?"

"Então, quando suas habilidades psíquicas se manifestaram? Vocês só foram


capazes de fazer coisas legais depois que se tornaram shifters?"

Ele franziu a testa. "Não, nós tínhamos nossas habilidades já. Elas só se
tornaram muito mais poderosas."

"Será que qualquer um dos outros homens...os que foram mortos, eles tinham
poderes, também?"

"Eu não sei", disse ele lentamente. "Nunca me ocorreu de perguntar."

"Algum de vocês se conheciam antes de entrar na Marinha?"

"Não, nós nos encontramos no treinamento para novatos e fomos colocados na


mesma equipe. Aonde você quer chegar?"

316
"Eu não tenho certeza. Só parece estranho que, de todas as pessoas militares,
um grupo de rapazes com habilidades psíquicas acabou no mesmo time sem o
conhecimento um do outro e todos vocês sobreviveram enquanto tantos outros
não. Isso não parece estranho para você?"

De repente, a declaração anterior de Aric retornou.

O que significa que os nossos amigos do alto escalão... os idiotas que eram
para estar do nosso lado...mentiram para nós. Não é como se isso nunca
tivesse acontecido antes.

Um frio apertou seu coração. O que poderia significar tudo isso? Eles jogaram
desde o início, usando-os? Os fortes transformados em soldados paranormais,
os fracos descartados como brinquedos quebrados? Isso seria abominável. E
podia ser verdade.

"Quando você coloca os fatos assim dessa maneira, sim", disse ele. "Eu não
sei o que fazer com o que está acontecendo com a NewLife e essas
experiências, o desaparecimento dos membros da equipe Alpha Pack,
cadáveres, o que o governo faz ou não, se está envolvido, nada disso. O que
eu sei é que eu quero sair dessa cama."

Travessura despertou em seus olhos azuis e ela se inclinou, mordiscando seu


pescoço. "Meu pobre lobinho", brincou ela. "Sentindo-se um pouco ansioso?
Confinado?" Sua mão deslizou sob as cobertas.

"Kira". Seu aviso tornou-se um apelo quando os dedos dela procuraram o


prêmio debaixo de sua roupa, para encontrar o seu eixo alongado. "Deus."

"Deixe-me ajudá-lo a se livrar dessa tensão."

Sua mão começou a acariciá-lo, enviando arrepios de prazer através da ereção


crescente, até sua espinha.

317
"Eu vou fazer uma bagunça", ele engasgou. "A médica vai saber o que nós
estivemos fazendo."

"Não vai ser uma bagunça", ela prometeu a ele com uma piscadela. "Relaxe e
desfrute, eu vou cuidar de tudo."

Quando ela virou as cobertas e o descobriu, inclinando-se sobre a sua carne


pulsante, seu cérebro atordoado agarrou seu significado. Todos os
pensamentos de protesto que mal tinham se formado, morreram em seus
lábios e ele gemeu, arqueando seus quadris. A boca dela o cercou, o alojou,
quente e doce.

A sensação incendiou seu sangue, para não mencionar a visão de sua cabeça
loira balançando sobre seu colo, seu pênis desaparecendo entre seus lábios.
Só a ideia de que ela planejava engolir a sua essência quase o fez perder o
controle.

"Deus, Kira!"

Ela murmurou com seu prazer aparente, apertando os dedos pequenos,


manipulando suas bolas enquanto o chupava. A estimulação dupla não o
estava ajudando a adiar o orgasmo, mas quando a mão deslizou em seu
períneo, se aventurando para massagear seu orifício proibido e enrugado...Jax
quase se desfez.

"Baby, eu não posso aguentar", respondeu asperamente. "Por favor. . . "

Por favor, pare? Ou por favor o coma vivo? Ele não tinha certeza. Seu mundo
tinha sido reduzido a uma espiral de prazer intenso e irracional. Nada mais
existia, mas o que ela estava fazendo com ele, como era incrível a sensação
de se render a ela.

Minha!

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Incapaz de se segurar por mais tempo, ele explodiu com um grito. Seu pau
pulsava enquanto ela bebia nele, sem perder uma gota. Depois do que pareceu
ser uma eternidade, seus espasmos finalmente diminuíram e ela tirou-o para
fora, limpando o canto da boca.

"Oh, meu Deus", ele respirou, as palavras eram um louvor reverente aos seus
talentos.

Ela deu-lhe um sorriso de satisfação própria. "Será que isso ajudou?"

"Muito mais do que isso! Eu acho que os meus ossos derreteram."

"Bom, esse era o plano." Beijando seu rosto, ela arrumou as roupas dele e
recolocou as cobertas. "Pode descansar um pouco agora? Você parece
cansado."

"Não tenho certeza. Talvez eu pudesse tirar um cochilo", ele murmurou, de


repente, sonolento.

"Vá em frente." Ela tomou sua mão. "Eu vou ficar aqui mesmo."

Desgastado pelo interlúdio malandro, Jax caiu no sono, exausto e saciado.


Quando ele acordou de novo, as mãos tremiam, vozes urgentes chamando-o
de longe. Ele tentou ignorá-las, mas elas eram persistentes, e ele finalmente
conseguiu abrir os olhos, piscando contra a luz do sol, que brilhava ao redor
das bordas das cortinas.

"Você está acordado! Graças a Deus." Kira sorriu para ele, os olhos
sombreados.

"Será que eu dormi a noite toda?"

"Sim". Melina irradiou uma lanterna em seus olhos. "São 08:15."

319
"Jesus", ele murmurou, sacudindo a cabeça da luz. "Esse é o meu cérebro que
você está espetando."

"Pelo menos você ainda tem um. Você se lembra que eu trouxe uma cama
para sua mulher dormir? Que lhe demos mais sangue?" Ela colocou o
dispositivo miserável em seu casaco.

Ele pensou. "Não. Devo ter ficado fora do ar."

"Você ficou, mas eu pensei que você poderia ter tido alguma consciência. O
fato que você não teve está contando, Jax ."

"Meu corpo está falhando."

Deus.

"Mais rápido do que eu esperava. É isso, fazer ou morrer. Você vai beber do
pulso de sua companheira, ganhar um pouco de força e, então, eu vou liberar
você. Vá para onde quiser, mas se você não voltar acasalado, não há mais
volta", disse ela sem rodeios.

Kira estremeceu e ele queria dizer a Melina para usar alguma sensibilidade,
mas não faria nenhum bem. A médica não acreditava em esconder os fatos.

"Lembre-se do que eu disse sobre o que poderia acontecer com suas


habilidades após o acasalamento. Agora, eu vou deixar vocês dois sozinhos.
Assim que você sentir-se forte o suficiente para se levantar, faça."

Em seguida, ela se foi. Kira assistiu ela ir.

"Essa mulher é tão difícil de gostar. Mas por alguma razão, eu gosto."

"Porque ela é uma boa pessoa, só luta pela sua vida. Agora, me dê sua mão."

320
Ela o fez e ele acariciou a carne delicada dentro de seu pulso. Colocou a língua
para fora e provou. Seus sentidos podiam estar baleados, mas o seu cheiro
doce de baunilha e frutas cítricas apareceu, fazendo-o se sentir tonto. Ele
precisava muito dela. Resistindo à vontade de morder, ele roçou a pele com um
canino, fazendo um pequeno corte tão rápido que ela mal sentiu. Pequenas
gotas saíram do pequeno corte e ele as capturou, acalmando a área com a
língua. Como antes, o sabor foi tão forte e inebriante, que ele não podia
esperar para saber como seria a sensação de estarem verdadeiramente
unidos.

A força penetrou em seus ossos, fazendo o calor reconfortante voltar. Junto


com um calor mais insistente em sua virilha. Ele não iria ficar mais forte sem o
acasalamento. Agora era a hora.

"Minhas roupas?"

"Aqui." Ela entregou-lhe uma pilha de roupas limpas, calça jeans, uma
camiseta verde, meias e sapatos. "Zan trouxe. Todo mundo está preocupado
com você."

"Eles não terão porque, em breve."

Ela corou. "Eles todos vão saber."

"E são ciumentos como o inferno." Sentando-se, ele balançou as pernas para o
lado da cama. "Se qualquer deles lhe der um tempo difícil, lembre-se que é
apenas a sua forma de mostrar o quanto eles gostam de você. Se eles te
ignorarem, então você terá que se preocupar.”

"Acho que sim."

Vestiu-se rapidamente, contente de que se sentia muito bem. Em uma escala


de um a dez? Cerca de sete no momento. Ele iria lidar com isso.

321
"O que você acha de sair para um passeio?", perguntou ele com um sorriso.

"Para o seu lugar preferido, o córrego?"

"A menos que você prefira ir até Cody. Eu posso reservar um quarto agradável,
pedir alguns espumantes e..."

"Eu acho que o córrego é o local perfeito. E você é o estímulo que eu preciso",
disse ela, quase com timidez.

"E eu acho que é a melhor coisa que alguém já me disse." De peito inchado,
ele se levantou e estendeu a mão. "Vamos?"

"Vamos."

Colocando a mão na sua, ela permitiu que ele lhe acompanhasse para o lado
de fora, em um novo dia. Ela confiava nele para cuidar dela, agora e sempre.
Ele faria qualquer coisa para não quebrar essa confiança. Qualquer coisa.

Olhando pela janela, Nick observou-os ir, com um coração pesado. Tão pouco
tempo e eles não sabiam. Como a vida é curta e injusta.

Afastando-se do vidro, ele cerrou os punhos. "Este não é um dom, é uma


maldição. Leve de volta”, ele sussurrou. Mas ninguém ouviu ou respondeu.

Ninguém nunca o fez. Nem uma única vez, desde o dia em que ele nasceu.

Enquanto caminhavam, dedos ligados, os nervos de Kira começaram a levar


vantagem sobre ela. Porque a verdade era que Jax fazia cada fantasia ganhar
vida. Quando ele a arrastou junto, enquanto caminhava um pouco mais a
frente, ela devorava sua bunda com os olhos, coberta apenas pelo seu jeans
adorado. As costas largas flexionando-se sob sua camiseta, sua cintura. A
sinuosa tatuagem enrolando preguiçosamente sob a manga direita trilhando

322
pelo braço. Ela não podia esperar para ver o resto de novo, lambê-lo. Provar
sua pele.

"O que você está pensando tão concentrada?"

Virando a cabeça, ele olhou para ela, os lábios se curvando em um sorriso


sensual.

Por um segundo, seu cérebro parou, totalmente em curto-circuito por sua


beleza. Não era do tipo bonito, mas perigoso. Todo macho, cru, sexual. Ela
nunca tinha sido uma pessoa a preferir qualquer tipo de pêlo facial, mas o
cavanhaque era o complemento perfeito para o seu rosto masculino e de
garoto malvado.

"Terra para Kira."

Sacudiu-se, voltando do seu delírio.

"Desculpe. Muita coisa em minha mente, eu acho."

"Eu vou consertar isso soprando todos esses pensamentos incômodos ao


vento." Ele sorriu para ela, deixando claro seu significado.

"Eu tenho certeza que vai." Suas palavras a lembraram de algo. "O que a Dra.
Melina quis dizer quando ela disse para você lembrar o que pode acontecer
com suas habilidades quando acasalar? Algo pode dar errado?" A ideia de que
algo acontecesse a ele a assustava.

"Não errado, exatamente." Ele fez uma pausa. "Ela me disse que a ligação
poderia anular meus poderes por um tempo."

"Oh, não! Você vai tê-los de volta?"

"Provavelmente."

323
"Você parece muito indiferente sobre isso."

"Eu não estou. Mas quando é uma escolha entre perder minhas habilidades ou
minha vida ... "

Não era uma grande escolha. Ela esperava que ele não se arrependesse de ter
seu acasalamento, mas não podia dizer. Apesar da natureza estar forçando
uma mudança na vida deles, ela e Jax tinham formado sua própria conexão.

Baseada na confiança mútua, amizade e atração.

Nada poderia tirar isso deles. Exceto a morte. Ela estremeceu.

"Está com frio, baby?"

"Não, eu estou bem." Ela sorriu e a preocupação em seus olhos diminuiu.


Quando eles chegaram a seu ponto favorito do córrego, ele se virou e a tomou
em seus braços. Puxando-a rente ao seu corpo duro, ele segurou seu rosto.

"Relaxe, anjo. Eu não vou te devorar. Pelo menos não até que você esteja
implorando por isso."

Ela já estava lá. Suas mãos em seu rosto, o calor de sua ereção cavando sua
barriga, sua força em torno dela. . . Oh, sim. Ela queria muito mais do que isso,
com os dois nus, enrolados e suados. Seu beijo foi lento e meticuloso.

Varrendo e explorando. Como um mestre, ele levou-a delicadamente sob seu


feitiço e ela se perguntou se ele poderia ser, em parte, feiticeiro.

Ela se esfregou contra ele, necessitando estar mais perto, rastejar para dentro
dele. Quebrando o beijo, ela se ajoelhou no chão esponjoso e abriu o zíper de
seu jeans. "Primeiro eu quero devorar você", ela disse, com voz rouca. "Você
vai implorar por isso?"

324
Seus olhos escureceram com fome predatória.

"Faça-me implorar."

"Eu gosto deste tipo de desafio."

Enganchando os dedos na sua cintura, ela abaixou suas calças jeans,


deslizando-as. Ele tirou os sapatos, saiu das calças, e abriu as pernas, em pé,
com os pés ligeiramente afastados e, em seguida, tirou a camiseta. Toda a
pele gloriosa que ela estava ansiosa para tocar e saborear, estava bem ali,
uma escultura viva da beleza masculina.

Estendendo a mão, ela embalou suas bolas pesadas, apertando, manipulando


com cuidado. Ele gemia e ampliou a sua posição, incentivando-a a fazer o que
ela quisesse. O que ela queria era deixá-lo louco com um banho de língua,
assim ela segurou a base de seu pênis, levantando sua ereção rígida.
Inclinando-se para a frente, ela lambeu o saco de seda, determinada a não
deixar de fora uma polegada. Ele se contorcia, enterrando uma mão em seu
cabelo e empurrando seus quadris, claramente gostando da atenção.

Começando com sua busca, ela beijou e chupou cada bola como se
saboreasse um suculento pêssego. Delicioso, também, suave e cremoso,
como...

"Kira", respondeu asperamente.

"Hum. Pronto para implorar?"

Qualquer que fosse a resposta que ele poderia ter dado foi silenciada quando
ela engoliu-o até a raiz. Um pênis magnífico merecia atenção e ela deu,
sugando-o com firmeza, lambendo a parte inferior, preocupando-se com a
carne sensível, envolvendo-o com os lábios e passando ligeiramente seus

325
dentes. Seu lobo demorou mais do que ela esperava e ela sorriu para si
mesma, quando ele deu um rosnado baixo de advertência.

"Tire essas roupas, porque se eu fizer isso, não sobrará nada, apenas
pedaços."

"Você iria querer me ver caminhar de volta nua?"

Seus olhos se estreitaram. "Eu não compartilho."

"É bom saber, porque nem eu."

Ajoelhando, ele a ajudou a livrar-se da camisa de algodão cor de rosa que ela
estava usando esta manhã, seguida do sutiã de renda branco. Ambos foram
deixados de lado e ele literalmente se arrastou até seu corpo, empurrando-a
para deitar na grama. Ocupando-se dela, ele beliscou um mamilo que
imediatamente se animou com a atenção, em busca de mais. Mas ele seguiu
em frente, atacando seu jeans com a mesma impaciência que ela demonstrou,
tirando sua calcinha por suas pernas. Os sapatos e as meias foram os
próximos e toda a pilha se juntou ao resto da sua roupa.

"Cristo, você é tão bonita", ele respirou em reverência.

Ela resistiu ao impulso de se cobrir.

Apenas e porque ela sabia que ele não gostaria se ela o fizesse. "Estou feliz
que você pense assim."

"É um fato." Curvando-se, ele cheirou seu pescoço, inalando seu perfume. "Tão
bom. Doce. Você não tem medo do Lobo Mau comer você?"

"Devo ter?" Oh, Deus, ele se sentiu tão bem em cima dela, seu pau duro
esfregando sua barriga.

326
"Oh, sim. Tenha muito medo", ele brincou.

Em seguida, ele deu atenção aos seus mamilos, tratando-os com o mesmo
cuidado que ela dedicou às suas bolas. Ele sugou, raspou e lambeu, fazendo
cada terminação nervosa chiar de alegria. Ela agarrou seu cabelo preto curto,
quando ele começou a beijar seu caminho para o sul, cantarolando para si
mesmo o prazer. Com dedos calejados separou suas dobras e foi sua vez de
levá-la a loucura, sua língua lambendo seu clitóris, seu canal, enviando elos de
prazer em espiral através de seu abdome e membros.

De alguma forma, ele soube quando ela não aguentava mais nada, mas ao
invés de recuar, ele aumentou a aposta. "Estou te deixando louca, baby? Quem
vai implorar agora?"

Uma observação inteligente pairou em seus lábios e foi imediatamente


esquecida quando sua boca voltou a trabalhar em sua fenda. E quando um
dedo escorregadio provocou a entrada de trás dela, seus olhos se arregalaram
e ela engasgou.

"O que você está fazendo?"

"Relaxe, anjo," ele ronronou. "Abra-se para mim. Apenas sinta."

Ela começou a recusar. Ela realmente fez.

Mas a maravilha da sua língua combinada com o dedo esfregando


sensualmente ao redor do anel sensível de músculos reduziu-a a uma poça de
mingau. Em nenhum momento ele foi muito invasivo, simplesmente brincou e
acariciou, deleitando-se com ela, a ponto de que ela não era mais nada, a não
ser sua.

"Jax, por favor!"

"Por favor, o que, meu anjo?"

327
"Foda-me", ela implorou. "Eu preciso de você, dentro de mim."

"O que minha mulher quer, ela tem." Ele parecia muito satisfeito consigo
mesmo.

Habilmente, ele pediu a ela para virar e agarrou seus quadris, puxando-a sobre
os joelhos com a bunda cutucando o ar.

Oferecida a eles. Ao homem e ao animal. Ela sabia o que viria com a foda e ela
o acolheu. Queria duro e feroz, não se segurando e ela teve certeza que ele
entendeu. "Leve-me, como um lobo leva sua companheira. Mostre-me como
pode ser."

"Eu vou te mostrar como é", afirmou. ”Você é minha."

A cabeça cega de seu pênis empurrou para dentro dela, deslizando


profundamente. Ele a encheu ao máximo, seu corpo forte cobrindo o dela e ela
ainda precisava de mais. O sangue dela chamava, cada célula de seu corpo
ansiosa para a conclusão que só ele poderia dar-lhe. Para ser seu
companheiro, estar ao seu lado por toda a vida, amando-o. Lutando suas
batalhas, celebrando seus triunfos.

Ela queria tudo, com ele.

"Deus, sim", ele assobiou. Agarrando seus quadris, ele começou a empurrar,
batendo em seu núcleo com força quase brutal, beirando a dor. Ofegante, ela
gemeu, empurrando de volta para ele.

Tentando-o a aumentar a intensidade para possuí-la. Investindo sobre ela de


novo e de novo, ele os levou ao alto, para a beira. Suas unhas alongadas
tornaram-se garras arranhando sua carne. Ele pareceu crescer mais enquanto
batia em seu canal, seus músculos tensos e inflexíveis.

328
Prestes a explodir, ela chegou para trás, tentando tocar seu rosto. "Jax, eu não
posso... Por favor!"

Sentando-se, ele a trouxe para o seu colo, a posição enterrando seu pênis
profundamente. Instintivamente, ela inclinou a cabeça para o lado, oferecendo
seu pescoço em submissão a seu companheiro. Um dedo afastou seu cabelo e
ele lambeu a pele vulnerável entre o pescoço e o ombro.

"Você é minha."

"Sim, eu sou sua! Não me faça esperar mais..."

Ele atacou, afundando seus caninos em sua carne como navalhas cortando
papel. Ela gritou. A dor diferente de qualquer outra que ela já tinha conhecido,
e então... êxtase.

Puro, incandescente prazer que ferveu cerca de cinco segundos e, em seguida,


explodiu no orgasmo mais poderoso que já tinha experimentado. Gritando, ela
se contorcia em seu colo, se contraindo em torno de seu pênis. Sua liberação
desencadeou a dele e ele se derramou em seu calor, banhando seu útero. Ela
abriu os olhos e ficou chocada ao ver a floresta por meio de um brilho dourado,
quase como um véu em torno deles. Um brilho que se fundiu diretamente
através de sua pele, que os manteve ligados, enrolando-se em um fio tangível
de ouro que corria entre eles. Do seu coração para o dele. Jax endureceu com
um grito rouco, esvaziando a última gota de sua semente e depois caiu, ainda
segurando o rosto na curva do seu ombro, onde ele tinha mordido.

Quanto tempo eles ficaram lá, juntos, ela não sabia. Finalmente, ele levantou a
cabeça e recheou seu pescoço, seu rosto, com beijos. "Você está bem,
querida?"

"Eu acho que queimei um fusível", brincou ela.

329
"Eu sei que eu queimei." Ele suspirou, e então disse: "Meu lobo se foi, assim
como os meus outros dons."

"O quê? Como você pode dizer isso?" Algo como o pânico atravessou seu
peito.

"Dizendo." Saindo do seu colo, ela se sentou de frente para ele. "Bem, tente se
transformar."

"Certo". Lançando-se para trás, ele permaneceu de joelhos, concentrado.


Depois de alguns minutos, ele balançou a cabeça. "Nada."

Ela estendeu a mão, pegando a sua. "Oh, Jax, me desculpe. Mas a Dra. Melina
disse que eles provavelmente voltarão", ela lembrou.

Ele riu. "Eu sei. Eu estava pensando como é irônico que, cinco anos atrás,
quando eu me transformei em um shifter, eu pensei que estava amaldiçoado.
Eu teria feito qualquer coisa para reverter isso. E agora eu me sinto
completamente nu."

"Você está nu, caso tenha esquecido." Felizmente, ele respondeu à


provocação.

"Oh, meu Deus! Você está certa. O que vamos fazer sobre isso?"
Alegremente,ele ficou de quatro e a perseguiu.

"Eu não tenho a menor ideia." Rindo, ela começou a ir para trás.

"Ei, o seu ferimento está curado! Acho que isso significa que alguma coisa boa
veio do acasalamento, hein?"

"Isso significa que eu estou em boa forma o suficiente para perseguir minha
companheira."

330
Ele saltou e ela pulou com um chiado, tentando correr. Ela não conseguiu ir
para longe, porém. Mesmo sem suas habilidades, ele ainda era mais rápido e
mais forte do que ela. Ele a pegou com facilidade, girando em torno deles, e
levou os dois para o chão. Ele se virou, levando o peso da queda, dando-lhe
uma almofada para o pouso. E ela teve que admitir, ela não se importava de
pousar sobre ele, de jeito nenhum.

"Eu sou sua cativa. Agora o que você vai fazer comigo?"

Ele sorriu, seus caninos estranhamente normais.

"Eu tenho certeza que vou pensar em alguma coisa.

331
QUINZE

"O que você quis dizer quando chamou o complexo de casa?”

"Hum?" Kira nem sequer desviou o olhar da televisão enquanto mastigava sua
pipoca e Jax não pôde evitar o amor que floresceu em seu peito, deixando
pouco espaço para mais nada nem ninguém. A diabinha tinha conseguido
viciar a maioria da equipe em assistir ao reality show de caça-fantasma. Até
mesmo Sariel estava sentado de pernas cruzadas no chão, com suas asas
envoltas em torno de si, os olhos arregalados, fixos, como se nunca tivesse
visto nada assim tão fascinante.

"Eu disse, esta é uma casa para você? Isso é do que você a chamou na outra
noite, quando estávamos voltando do resgate."

”Eu chamei?" Ela olhou para ele, pensativa. "É claro que eu quis dizer isso. Por
quê?"

Ele deu de ombros. "Eu estava pensando que você pode querer se mudar e ter
a nossa própria casa algum dia. Eu não sou obrigado a viver aqui. É apenas
mais fácil."

Seus olhos se suavizaram. "Querido, eu não me importo onde vivemos. Lar é


onde você estiver."

"Uau". Ele beliscou seu nariz.

"Oh, me amordacem", Aric bufou, mas sem muito calor.

"Cale a boca, idiota. Você só está com ciúmes."

"Ei, eu posso ter o meu 'botão polido' na hora em que eu desejar, sem uma
bola e uma corrente penduradas em meu tornozelo."

332
"Ok, meninos, não comecem", Kira repreendeu-os com uma careta. "Eu estou
tentando assistir a isto."

Jax e seu amigo fizeram uma careta um para o outro sobre sua cabeça, e
então ele voltou para o seu passatempo favorito, que era estudar a sua nova
companheira.

Era sua imaginação ou ela tinha esse brilho muito saudável em torno dela? Ele
gostava de seu cabelo loiro puxado para trás em um rabo de cavalo, o nariz
bonito, seus pequenos pés. Ele gostava especialmente da marca de seus
caninos na curva do seu pescoço, os dois pequenos furos tinham virado uma
leve e permanente cicatriz nos quatro dias desde que eles se acasalaram.

"Pare de olhar para mim", ela murmurou, mastigando mais pipoca.

"Por quê? Eu amo olhar para você."

"Você está me dando complexo."

"Um bom, eu espero."

“Existe tal coisa, como um complexo bom?"

Exasperada, ela jogou a tigela no colo e abriu a boca, provavelmente para


mandar-lhe para o inferno, quando a voz de Nick interrompeu todo o edifício
pelo interfone.

"Alpha Pack, Kalen, Kira e A.J., para a sala de reuniões, imediatamente."

"Maldito", Aric murmurou. "O programa está apenas na metade. O que é tão
malditamente importante que ele não pode esperar até amanhã? Posso me
mudar e ter a minha própria casa?"

"Eu vou te ajudar", Ryon brincou.

333
Jax não culpava seu amigo por estar chateado.

A maioria das pessoas não vivia no trabalho o tempo todo e não tinha idéia de
como era chato ser chamado dia e noite. Com uma variedade de maldições e
burburinhos, todos se levantaram exceto o príncipe Fae, com Chup dormindo
em seu colo, que acenou para eles sem tirar os olhos da televisão.

Deixando de lado a tigela e dando ao programa um olhar de tristeza, ela deu


um passo ao lado de Jax para a curta caminhada até a sala de reuniões.

Quando eles entraram, Nick já estava esperando, assim como Melina e Mac.

Esse fato e a hora tardia só podiam significar alguma notícia se apresentando,


classificada como "necessário saber o mais rápido possível”. O comportamento
preguiçoso da equipe rolou como o óleo no papel manteiga e tomaram os seus
lugares, completamente alertas e profissionais.

Nenhuma reclamação passou pelos lábios de ninguém; eles já tinham


manifestado a todos.

"Eu aprecio todos vocês serem tão rápidos e renunciarem parte de sua noite",
começou Nick. "Vocês sabem que eu não iria interromper a menos que fosse
extremamente importante. Dra. Mallory e a Dra. Grant relataram que
aparentemente os dois shifters que resgatamos vão sobreviver. Um deles
finalmente despertou há pouco tempo e está falando. O que descobrimos com
ele é a razão pela qual eu chamei vocês aqui."

Ele fez uma pausa antes de continuar. Jax e os outros trocaram olhares, mas
ninguém falou.

"O shifter que está acordado é um jaguar chamado Beck. Ele nos disse que o
outro cara é uma águia chamado Archer que estava sendo mantido em
cativeiro mais do que ele ou qualquer um dos outros, pelo que ele sabe. Ele
também disse que haviam outros cativos que foram movidos um ou dois dias

334
antes de chegarmos, mas ele não tem certeza exatamente quando, porque não
havia nenhuma maneira para eles medirem o tempo."

Zan falou. "Quantos e quem eles são?"

"De acordo com Beck, três foram transferidos. Dois humanos e outro shifter."
Ele tomou uma profunda respiração. "Eu não quero que vocês alimentem suas
esperanças, mas... o nome do shifter era Micah."

"Cristo", Jax expirou.

"Que porra é essa?"

"Por que nós relatamos que ele estava morto?"

"E onde diabos ele está agora?"

"Se ele está vivo, e Terry, Jonas, Phoenix, e Ari?"

Nick resistiu à explosão, respondendo à sua enxurrada de perguntas da melhor


forma que pôde sob as circunstâncias. "Eu sei e acreditem mim, eu estou com
vocês o tempo todo. Se este é o nosso Micah, então, temos um problema
fodidamente grande porque fomos enganados e talvez pior. Mas temos que dar
um passo de cada vez. Deixe-me passar a palavra à Dra. Mallory por alguns
minutos para que ela possa explicar como o que descobrimos com Beck
suporta as descobertas do nosso laboratório e coincide com as informações
que libertamos da NewLife."

Dando a Nick um breve aceno de cabeça, ela moveu-se para frente. Jax
pensou que ela parecia um pouco pálida e percebeu que a ideia de que Terry
talvez estivesse vivo a abalara. Mal. Ela não desejaria vê-lo morto, mas o
acasalamento deles não tinha sido feito no céu de qualquer maneira.

335
"Como eu disse a Nick, os dois novos shifters terão uma recuperação
completa. A velocidade com a qual isso ocorreu não é nada menos do que
notável e nossos testes em Beck e Archer nos deram algumas informações
surpreendentes." Escavando um maço de papéis da mesa, presumivelmente
suas anotações, ela transmitiu suas descobertas.

"Os órgãos de ambos os shifters contém anormais níveis elevados de


epinefrina, que super-estimularam sua adrenalina. Como um efeito colateral,
esta super dosagem pode explicar, em parte, a insuficiência cardíaca em, pelo
menos, dois dos quatro corpos que recebemos do médico legista, que eles
encontraram no local. De qualquer forma, em nossos dois sobreviventes, seus
sistemas absorveram e aceitaram a droga, bem como um coquetel de drogas
sintéticas que, ao que tudo indica, alterou seu DNA para conter mais genes
animais do que humanos."

"E isso significa?" Nick solicitou.

"Em termos leigos, alguns dos médicos e pesquisadores da NewLife estão


tentando criar uma raça de super-shifters altamente avançados. Eles estão
levando shifters existentes a caber nos seres humanos, realçando as suas
maiores e mais mortais forças genéticas, empenhando-se para aperfeiçoar o
processo de fazer um inteligente homem-besta que tem dons psíquicos e é
praticamente indestrutível."

Os olhos de Ryon estavam arregalados. "Como aquela criatura do filme antigo


'O Predador' com Arnold Schwarzenegger? Eles não podiam matar o filho da
puta."

"A premissa é semelhante", Melina consentiu, “exceto que a NewLife está


trabalhando com seres humanos e shifters, não com extraterrestres e usando
DNA e genes em vez de tecnologia própria. Mas a criação de um soldado cruel,
imbatível é o resultado."

336
"Isso é o que os caras mortos estavam tentando me dizer", Ryon disse,
parecendo cansado. "Eles estão concordando com você agora mesmo, todos
animados. Eles estão me deixando louco."
Jax sentiu pena dele e esperava que ele tivesse alguma paz com os
fantasmas.

"Isso tudo faz sentido, exceto por que Beck e Archer estavam em tão mau
estado quando os encontramos", Kira colocou. "Se eles são fortes o suficiente
para se recuperar tão rápido, então por que os bastardos os deixaram passar
fome e os torturaram?"

Nick respondeu aquela. "Como você produz os melhores guerreiros? Ao


quebrá-los e construí-los novamente para cima e novamente, até que nada
possa ficar no seu caminho. O fraco perece, o forte fica mais forte ainda.”

"Isto é... diabólico."

"Sim", o chefe concordou. "É horrível para as vítimas, antiético e perigoso para
a humanidade. Pior ainda, de acordo com Beck, eles não são voluntários em
um programa honesto e sancionado. Eles estão sendo perseguidos e
seqüestrados em todas as camadas sociais e forçados a serem cobaias. Beck
disse que ele e Archer foram dois dos poucos que tinham sobrevivido a toda
engenharia dos médicos, até agora, e tinha sido programado para
'reprogramação’ da mente."

"Lavagem cerebral", Melina esclareceu.

Jax se sentou mais à frente. "Nós estávamos falando sobre quem está no topo
da pirâmide. Será que Beck sabe quem são eles?"

Nick suspirou. "Eu anseio. Ele diz que o nome de Orson Chappell foi
sussurrado e o que ele conseguiu escutar é que há, pelo menos, duas figuras
acima dele. E até o último médico, pesquisador ou outro funcionário que está
no programa tem pavor delas."

337
Um silêncio pesado se seguiu. Todo este negócio era mais terrível e mais
abrangente, do que qualquer um deles tinha imaginado.

"E agora?" Perguntou Zan.

"Nós colocamos a NewLife sob vigilância", Nick disse. "Eles podem ficar
quietos em Vegas por um tempo, mas eventualmente eles vão ter que fazer um
movimento. Eu quero colocar dois de vocês em Vegas e mais dois observando
o seu prédio em Dallas, Texas. Só documentem tudo e todos que vocês virem
entrando e saindo, nada mais. Precisamos descobrir onde eles estão mantendo
os outros shifters e os humanos para podermos planejar nosso próximo
ataque."

"Eu pego Vegas", Aric ofereceu.

Ryon saltou. "Eu vou com ele."

"Zan e eu tomaremos Dallas", disse Jax. Ele ficou surpreso quando Nick vetou
a ideia.

"Nada de trabalho de campo para você até que suas habilidades voltem."

"Com o devido respeito, eu era um soldado humano antes de me transformar.


E um malditamente bom.”

"Nós não podemos arriscar nenhuma chance, no presente. Eu estou enviando


Kalen com Zan, uma vez que ele foi tão bem em sua primeira corrida."

Aric bufou. "Difícil não fazê-la bem quando você não tem que fazer nada, mas
ficar do lado de fora e manter-se na parede." Isso lhe rendeu um olhar
venenoso do Feiticeiro, que ele ignorou.

Nick lançou um olhar de desaprovação para Aric. "Você conhece as minhas


expectativas. Se você quer fazer parte desta equipe, abandone esta atitude e

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aja como tal. Você é o mentor de um novo recruta, então engula isso e ensine-
o."

Então Kalen estava dentro. Isso era novidade, mas Jax pensava que ele iria se
encaixar bem. Se o seu chefe ofereceria uma vaga na equipe para A.J., teria
de ser confirmado.

Ele era humano, afinal.

Colocado em seu lugar, Aric corou e assentiu.

"Sim, senhor. Desculpe, bruxo."

"Feiticeiro. As bruxas são as mulheres", disse Kalen rigidamente, a expressão


irritada.

"Ei, eu não poderia dizer por causa de toda a maquiagem. Foi mal."

Nick fechou os olhos por um instante como se estivesse tendo uma dor de
cabeça e depois voltou sua atenção ao grupo. "Amanhã de manhã é
suficientemente cedo para sair. Ambas as equipes, venham ao meu escritório
antes de sair e chequem os mapas da cidade mostrando os edifícios da
NewLife e as estruturas ao seu redor para que vocês possam planejar onde
vão montar a vigilância. Façam uma verificação comigo diariamente, se vocês
virem alguma coisa ou não. Dúvidas? Bom. Vão."

Quando os outros caras saíram, Jax se aproximou de Nick. "Existe alguma


coisa específica que você quer que eu faça enquanto estou por aqui?"

"Sim." Seu chefe lhe deu um sorriso que parecia triste por um momento.
"Aproveite para conhecer a sua parceira e recuperar sua força. A vida é muito
curta para gastá-la trabalhando o tempo todo."

339
Jax olhou para ele por um momento. Foi tão estranho, o jeito que ele disse
isso. Mas o sentimento estranho passou e ele encolheu os ombros. "Eu posso
fazer isso. E espero que no momento em que estivermos prontos para nos
movermos, eu esteja em plena velocidade."

"Tenho certeza que você vai."

Virando-se, caminhou até a porta, onde Kira esperava, e tomou-lhe a mão. "De
volta para a sala de estar?”

Um sorriso sedutor curvou sua boca. "De repente eu não estou mais
interessada na televisão.”

"Eu amo sua mente um pouco tortuosa. E você parece tão doce do lado de
fora, também.”

"É parte do disfarce."

"Vamos para um lugar privado para que eu possa tirá-lo.”

Rindo como adolescentes, cambalearam para seus alojamentos e praticamente


caíram lá dentro, deixando uma trilha de roupas até o seu quarto. Ele fez amor
com ela até que eles estavam exaustos e saciados e adormeceram envolvidos
um no outro.

Ele acordou no meio da noite, o coração batendo forte, com medo de alguma
coisa. Não era um pesadelo, mas o quê? Sombras. A terrível sensação de
queda. Mas o quarto estava quieto, apenas os sons suaves da respiração de
Kira ao seu lado. Seu calor em aconchego, onde ela pertencia. Não foi nada.
Abraçados na cama, ele puxou-a mais próximo.

Eles estavam juntos e não deixaria ninguém separá-los.

***

340
Segurando Chup no colo, Kira riu, pensando que se ela pudesse vender
ingressos para esse show, ficaria rica. Assistindo shifters, um punhado de
seres humanos e um Fae jogando futebol americano, corrigindo, fazendo uma
tentativa de jogar futebol, que foi a coisa mais malditamente engraçada que ela
já tinha visto. Os shifters não eram tão ruins, porém, e era uma coisa boa a
NFL não saber sobre eles. Os seres humanos nunca mais teriam uma
oportunidade no mundo dos esportes.

Mac bloqueou A.J., que tentava deter Nick, o zagueiro do lado dela. Nick
recuou o braço e atirou a bola para Sariel na área final. Seu arremesso foi
muito alto, mas o príncipe Fae abriu as asas azuis e saltou, pegando a bola e
flutuando até o chão em um movimento impressionante.

"Falta" Aric gritou, apontando um dedo acusador para o receptor. "Isso é


trapaça, idiota!"

Sariel arqueou uma sobrancelha e apontou a bola.

"Tudo o que funcionar."

Kira desabou rindo e recebeu um olhar do ruivo, mas não podia ajudar. A coisa
toda estava histérica: Sariel desfilando ao redor como se tivesse vencido o
Super Bowl e Aric chateado como o inferno, sua natureza competitiva vindo à
tona. Ela deveria ter se sentido mal e teria, se o lobo vermelho não fosse tão pé
na bunda. Ele teria que aprender a suportar isso se ele continuasse sendo
assim.

Brincando, Jax bagunçou o cabelo de Aric. "É apenas um jogo, cara. Anime-
se."

"Você que se anime." Seu amigo empurrou sua mão para longe e saiu para
voltar ao jogo.

341
Eles o observaram ir e Jax balançou a cabeça. "Esse cara é uma viagem.
Sempre foi, mesmo nas forças armadas."

"Eu não posso imaginá-lo sendo disciplinado o bastante para durar nos
SEALs", comentou. "Ele tem um grande senso de humor que vem às vezes,
mas na maioria do tempo ele é tão irritado e sarcástico."

"Bem, quanto a isso ele mudou muito", Jax disse calmamente. "Mas, então,
todos nós mudamos."

"Eu só posso imaginar."

Seu estômago embrulhou, mas ela o colocou de lado se lembrando do que


havia acontecido com Jax e sua equipe. Limpando a garganta, ele mudou de
assunto, ela suspeitava, antes que a tristeza pudesse amortecer o bom humor.

"Não sei o que vamos fazer com todos esses shifters desalojados, para não
mencionar Sariel. Em pouco tempo, vamos administrar uma casa para párias
rebeldes do mundo sobrenatural."

Ambos olharam para o príncipe Fae, que ainda estava trapaceando no futebol,
ele e Nick contra as médicas e Aric. A idéia tinha mérito e ela olhou para Jax,
imaginando o que ele achava, quando ele percebeu que ela estava muito à
frente dele. "Então? Por que não?"

"Uma casa para párias paranormais? De verdade? Você está brincando."

"Não. E o que há de errado com isso? Vocês saem e destroem as perigosas e


más criaturas, mas e sobre os bons? Vocês já têm as celas para aqueles que
precisam de reabilitação, a clínica para os doentes, apartamentos extras, e
agora o pessoal começando por mim e Sariel."

"Por que tenho a sensação de que você já tinha discutido isso com Nick?"

342
"Porque eu fiz." Ele não parecia particularmente feliz e ela mordeu o lábio. Seu
estômago balançou novamente e ela começou a se sentir quente.

"Eu acho que você está assumindo muita coisa, especialmente considerando
que só acasalamos há duas semanas." Cruzando os braços sobre o peito, ele
tentou um olhar severo. E falhou. Um sorriso curvou sua boca sexy. "Mas,
enquanto ainda tivermos tempo para nós, eu dou tudo por isso, se é o que você
quer fazer."

"Ufa! Você tinha me preocupado por um minuto", ela disse com alívio. Com a
mão trêmula, ela limpou uma gota de suor da testa. "Eu pensei que íamos ter a
nossa primeira discussão.”

Agachando-se, ele olhou para seu rosto, a testa franzida em preocupação.


"Baby, qual o problema? Não está tão quente hoje e você está tremendo."

"E... eu não sei. O café da manhã não assentou em mim e a náusea parece
estar ficando pior."

"Você quer ir deitar?"

"Eu acho que seria..." Uma terrível cãibra bateu em seu estômago, um punho
torcendo suas entranhas. Chorando, ela caiu de lado segurando sua barriga.
Chup, despejado de seu colo, guinchou em alarme e correu para Sariel.

"Kira! Baby, o que há de errado? "A dor era tão ruim que ela não conseguia
falar. "Melina", ele gritou, pegando Kira em seus braços.

Agonia atravessou suas mandíbulas, seu torso, braços e pernas. Cada


centímetro de músculo e osso parecia estar virando do avesso, implodindo. Se
curvando nos braços de seu companheiro, ela gritou, agarrando sua camisa.

"Oh, Deus, o que há de errado? Melina, faça alguma coisa!"

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A voz da médica estava distante como se viesse de um longo túnel. "Há quanto
tempo você a mordeu?"

"Hum, duas semanas. Mas, oh, Jesus. Ela está se transformando."

"Eu acredito que sim. Converse com ela, Jax. Tente acalmá-la.”

Sua mão áspera tirou seu cabelo de cima da sua face escaldante. "Anjo, eu
sinto muito", ele murmurou. "Mas vai dar tudo certo. Esta primeira vez dói como
o inferno, mas vai melhorar, eu prometo."

Ela assentiu com a cabeça, querendo acreditar nele. Mas a parte assustada
dela sabia que nem sempre funcionava assim. Pensou no seu companheiro de
equipe selvagem, Raven, isolado em sua cela solitária no Bloco R que ela
ainda não tinha sido capaz de alcançar. E ela poderia muito bem acabar ao
lado dele. Músculos, ossos e tendões começaram a esticar e estourar. A dor
era insuportável e ela gritava sem parar enquanto Jax tentava
desesperadamente acalmá-la, sem sucesso.

Agora ela sabia em primeira mão por que um shifter lobo poderia enlouquecer.
Não me deixe acabar como Raven. Por favor.

Seus gritos se tornaram uivos caninos. A mão agarrando a camisa de Jax se


tornou uma pata, o resto de seu corpo em seguida. Remodelando-se até que
ela estava no colo de Jax, seus dedos enterrados em seu pêlo.

Pêlo.

"Aqui, baby. Deixe-me desembaraçá-la destas roupas." Ele a ajudou a se


libertar e ela olhou para o seu rosto sorrindo. "Uau, você não é linda? Você é
um lobo prateado como eu, mas não tão grande."

Todos se reuniram em volta, sorrindo e concordando com o seu companheiro,


cujos olhos cinza-azulados estavam brilhando de orgulho. Linda? Ela estava

344
completamente assustada. Lutando, ela desceu de seu colo e ficou tremendo
em quatro pernas finas.

Freneticamente, ela tentou olhar para si mesma e para trás para a cauda
espessa. Ela tentou sacudi-la e funcionou.

Oh, merda! Isso não podia estar acontecendo. Não ainda. Ela não estava
pronta. Em pânico, ela recuou. Seu primeiro instinto foi o de correr. Mas o
constrangimento de ter, de repente, quatro pernas em vez de controlar duas,
mais o aspecto de sua nova forma, tentando se acostumar com a redistribuição
de seu peso, foi muito desafio de uma só vez.

Suas pernas se emaranharam e ela caiu em uma pilha, sentando-se com um


gemido de angústia.

"Kira, está tudo certo", Jax a acalmou, agachando-se ao lado dela.


Gentilmente, ele acariciou suas orelhas. "Calma, baby. Não há nada a temer."

Para ele, era fácil falar. Ele já estava acostumado com isso. Timidamente, ela
se levantou novamente e olhou para o grupo reunido. O medo se levantou mais
uma vez substituindo suas palavras e ela fez o que veio naturalmente.
Encostou ao seu lado e olhou para todos os outros, dando um grunhido baixo,
ameaçador.

"Vamos deixá-los sozinhos," Mac disse aos seus amigos. "Vamos lá."

Eles a seguiram de volta para dentro do prédio e Kira deu um suspiro de alívio.

De alguma forma, ela se sentia melhor agora que todo mundo não estava
olhando. Ela sentiu o conforto na presença de seu companheiro, forte e sólida,
aliviando o seu medo com seu toque. Ela olhou para ele enquanto ele
continuava a acariciar seu rosto, suas orelhas.

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"Está vendo? Você está bem. Vamos tentar dar alguns passos para mim?"
Levantando, ele se moveu para trás uns poucos metros. "Só isto. Você pode
fazer."

Ela estudou a distância em dúvida, o escasso espaço se alongando como se


fosse uma milha. Mas ela moveu uma pata para frente, colocando-a no chão.
Em seguida, outra e mais outra, até que ela tinha movido todas as quatro e
teve a sua primeira caminhada verdadeira. Um pequeno bocado de emoção
começou a florescer em seu peito e ela sorriu para Jax. Ou pensou que estava
sorrindo, mas não tinha certeza.

"É isso aí", ele elogiou, sorrindo. "Agora o resto do caminho."

Ela o fez, lentamente no início. Em seguida, um pouco mais rápido, até que ela
cobriu a distância entre eles em um momento. Arqueando uma sobrancelha,
ele emitiu um desafio.

"Muito bom, mas veja se você pode me pegar." Ele decolou em uma corrida,
não tão rápido quanto ela suspeitava que ele pudesse correr, mas o suficiente
para testar suas novas habilidades. O predador nela exultou com a perspectiva
de uma perseguição e correndo atrás do seu prêmio, ela disparou atrás dele. E
prontamente tropeçou sobre suas pernas esguias e foi rolando, pegando grama
com seu nariz.

Espirrando, ela se levantou e viu seu companheiro fugindo - rindo, o idiota! E


ela tentou novamente. Desta vez com muito mais sucesso. A cada passo, sua
nova loba ganhava confiança em seu controle. Ainda assim, ninguém ficou
mais surpreso do que Kira quando ela alcançou Jax, se agrupou e saltou,
levando-o para o chão. Eles pousaram em uma pilha, seu fôlego correndo em
uma expressão excitada. Rolando, puxou-a para a metade de cima do seu
peito, começando a rir em pura alegria. Era impossível não ser afetada e ela
lambeu sua bochecha.

"Não tem medo mais, não é?"

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Hesitando, ela percebeu que não. Ainda um pouco oprimida, mas não com
medo. Porque seu companheiro estava aqui e iria cuidar dela. Ela abanou a
cabeça e sorriu.

"Bom. Agora, veja isso." Lentamente, ele tirou suas roupas e, em seguida... se
transformou.

Um lindo lobo, maior do que ela, deu um passo para frente e cumprimentou-a,
lambendo seu focinho.

Você é maravilhosa, minha pequena companheira.

Atordoada, ela piscou para Jax.

Você pode me ouvir?

Em alto e bom som! Legal, não é? Acho que Ryon não é o único que pode
fazer isso, os acasalados também podem!

Ela pensou sobre isso. Sim, isso é legal. Seria maravilhoso se pudéssemos
fazer isso na forma humana.

Acho que sim. Vamos tentar isso. Você ainda está com dor?

Não mais. Como posso mudar de volta?

Mais tarde. Vamos correr primeiro!

Mas... você não tem suas habilidades de volta.

Eu tenho agora ou pelo menos eu posso me transformar. Eu acho que fui


vinculado a você de alguma forma. Senti meu lobo retornar quando você se
transformou.

347
E sobre a coisa de Guardião do Tempo?

Não sei. Eu não posso senti-lo, no entanto. Despreocupado, ele correu em


volta dela, beliscando seu flanco e dançando ao seu redor.

Cuidado, amigo. Eu vou morder de volta.

Isso pode ser uma espécie de diversão, ele brincou.

Ele decolou e ela correu atrás dele, surpreendendo-se com o latido feliz que
veio no lugar de uma risada. Malditamente estranho!

Ela tentou manter-se junto a ele, mas começou a ficar para trás. Correndo em
quatro pernas por um prolongado período ia levar algum tempo e seu passo
era um pouco mais longo que o dela. Ela lidou com isso muito bem, saltando
sobre troncos podres e esquivando-se das árvores, mas estremecia quando
ocasionalmente pisava forte em pedrinhas no caminho que machucavam as
patas. Elas precisavam endurecer um pouco.
Em determinado momento, ele olhou para trás para vê-la lutando e parou,
esperando que ela o alcançasse. Quando ela o fez, ele cumprimentou-a com
lambidas carinhosas em seu focinho. Beijos caninos. Bons, mas estranhos.
Quando eles começaram a andar novamente, ele desacelerou para ficar ao seu
lado, mantendo seu ritmo em um trote vagaroso. Agora ela tinha a
oportunidade de se maravilhar com a forma como seus sentidos foram
inundados com as vistas, sons e cheiros, tudo se fez muito mais nítido e claro
por causa de seu novo status como uma shifter.

Era como se ela pudesse ver cada folha nos arbustos e árvores. Cheiros
atingiram o seu nariz, de outros animais que tinham passado por ali ou
estavam escondidos nas proximidades. Sua metade loba catalogou-os para
referência futura e ela sabia que ia reconhecer cada um deles novamente
quando os encontrasse.

348
Chegaram ao ponto preferido de Jax no córrego, que ela passou a pensar
como sendo deles e tomou um longo gole. Depois, ela olhou para seu reflexo.
Um lobo de olhos azuis e pêlo cremoso com as pontas em preto e prata olhava
de volta para ela, bonito o suficiente para estar em qualquer cartão postal sobre
a natureza.

Viu? Eu te disse. Sua voz em sua cabeça era tão feliz. Orgulhosa. Você está
deslumbrante.

Obrigada. Você é terrivelmente bonito mesmo. Deslizando para perto dele, ela
esfregou seu rosto. Isto é incrível. E a melhor parte é que eu nunca terei que
ficar sozinha novamente. Você já tem seus amigos, a sua equipe. Não é o
mesmo que ter um companheiro.

Suponho que não. Nenhum de nós vai estar sozinho.

Ocorreu-lhe a sorte que ela tinha por ter Jax para lhe ajudar durante a
transição. Ele tinha passado por isso sozinho, sem ninguém para aliviar seus
medos da maneira que ele tinha feito por ela. Isso a fez amá-lo ainda mais.

De repente, ele se transformou e era um homem de novo. Um homem


extremamente sexy ajoelhado no córrego, acariciando sua pele, maravilhado.
Você pode me ouvir agora?

Sim! Acho que isso funciona.

"Bom", ele disse em voz alta. "Transforme-se de volta para mim, baby."

Uma onda de medo passou por ela. Como?

"Concentre todos os seus pensamentos em sua forma humana. Imagine seus


membros se reformulando, revertendo o processo.“

Será que vai doer tanto quanto antes? Porque eu não quero fazer isso de novo.

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"Não, não deve. E fica mais fácil a cada transformação. Confie em mim."

Certo. Concentrou-se duramente, mas nada aconteceu.

"Você está muito tensa. Relaxe."

Levou várias outras tentativas e, em seguida, sem aviso, funcionou. O


processo teve início, seus membros, tronco e rosto se transformando em
sentido inverso. Ela gritou, consternada, porque era quase tão doloroso quanto
a primeira vez, sentindo como se seus ossos estivessem sendo moídos em pó.
Puxando-a para o seu colo, ele a agarrou, murmurando suaves palavras de
encorajamento até que ela era ela mesma novamente.

Sua respiração serrando para dentro e para fora de seus pulmões e a dor
gradualmente se dissipando. Depois de um tempo ela se deu conta de que ela
era uma mulher nua sendo abraçada firmemente por um companheiro
igualmente nu e excitado. Sua ereção pressionada contra seu traseiro.

"Obrigada", disse ela com voz rouca. Olhos arregalados, ela sentiu seus braços
e pernas.

"Tudo está de volta ao normal. Você fez muito bem, anjo". Preocupação nublou
sua expressão novamente. "Você tem certeza que está tudo bem?"

"Muito melhor", assegurou ela, segurando seu rosto. "Estou tão feliz que você
estava comigo quando isso aconteceu."

"Eu também." Movendo-se, beijou-a tranquilamente, levando-a de volta para o


solo esponjoso.

Ela o puxou para baixo com ela, estendendo as coxas, chamando-o para
dentro. "Aqui", ela sussurrou. "Exatamente onde você me fez sua."

350
Assentando sobre ela, com o cuidado de manter o seu peso para não esmagá-
la, Jax beijou sua mandíbula, seu pescoço, usando um pouco das presas,
fazendo arrepios subirem em sua pele. Movendo seus quadris, ele posicionou a
cabeça de seu pênis em sua entrada e empurrou.

"Tão quente e úmida para mim", ele murmurou.

"Sim." Apertando sua gloriosa bunda, ela empurrou para dentro, impaciente
para tê-lo enchendo-a completamente. Centímetro por centímetro, ele deslizou
profundamente, gemendo de prazer. "É tão bom."

"Como o que, bebê?"

"Amo você dentro de mim."

"E eu te amo."

Ela ficou imóvel. "O que você quer dizer?"

"Não estou falando de sexo. Eu te amo, Kira", ele disse suavemente.

Mesmo sem as ondas de emoção despejando sobre ela, ela leu a verdade em
seus olhos.

"Eu também te amo." Sua garganta fechou, as lágrimas queimando seus olhos.
"Não pare."

Ele não perguntou se ela queria dizer parar de amá-la ou fazer amor com ela.
Ele apenas murmurou "Nunca" no ouvido dela e começou a se mover.

Colocando seu pênis para dentro e para fora, lentamente no início, deixando-a
louca com a deliciosa sensação de ser preenchida mais e mais, levando-os
mais perto do pico. Quando seus impulsos se tornaram mais rápidos, mais
fortes, tentou adiar seu orgasmo, mas estava ficando impossível. Suas unhas

351
se transformaram em garras afiadas que cravaram em suas costas, as presas
se alongando e ela descobriu que gostava deste novo lado dela mesma.

"Morda-me", ele pediu. "Me reclame como seu, como eu te reclamei."

A ideia chamou o instinto mais primitivo em seu corpo: deixar sua marca no seu
companheiro.

Sem hesitar, ela o atacou, afundando seus caninos na curva de seu pescoço.

Seu grito foi de êxtase puro quando o seu sangue espirrou em sua língua,
quente e rico. Sua liberação explodiu dentro dela e ela agarrou-se a ele, seu
orgasmo em correspondência com o dele.

Eles balançaram juntos pelo que pareceu uma eternidade e ainda não foi
tempo suficiente. Depois de alguns momentos, ela levantou seu pescoço e
olhou para os orifícios, uma sensação absurda de orgulho inchando seu peito.

Meu companheiro.

Sim. Todo seu.

Rolando de costas, ele a puxou para cima dele e relaxaram por enquanto. "Isso
é perfeito. Eu queria que este momento nunca acabasse", ele disse em
contentamento.

Ela apoiou-se, olhando para o seu rosto saciado e sonolento. "Não precisa.
Você poderia usar aquela coisa de Guardião do Tempo que você pode fazer e
revivê-lo mais e mais."

"Verdade. Mas eu posso fazer isso em minhas lembranças muito bem." Ele
beijou a ponta do seu nariz.

352
Que amor. Ela lhe deu um beijo sem pressa e apoiou o queixo no seu peito.
"Se você pudesse ir e voltar e reviver qualquer momento perfeito em sua vida,
qual seria?"

Seu sorriso lhe tirou o fôlego. "Você sabe que eu sou proibido de usar esse
'dom', exceto na mais terrível das circunstâncias. E ele não funciona assim,
lembre-se, eu só posso manipulá-lo para ganhar de volta os últimos minutos."

"Eu sei, mas se você pudesse. Me divirta."

Ele pensou por um longo momento. "Nenhum deles."

Decepção lhe esfaqueou. "Por que não?"

"Porque o momento perfeito nunca pode ser melhorado e deve ser lembrado,
querida, do jeito que foi. Como qualquer momento gasto em seus braços",
disse ele. "Nós devemos apenas ir em frente e fazer mais momentos como
estes."

"Oh", ela suspirou. Uma lágrima escorreu pela sua bochecha. "Você tinha que
me fazer chorar, não é?"

"Apenas lágrimas de felicidade, baby."

"Eu estou esperando você para isso."

"O mesmo vale para você."

Seus braços se apertaram ao redor dela e eles não voltaram a falar durante
horas. Eles falaram tudo sem precisar de palavras.

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DEZESSEIS

Seu idílio durou exatamente mais uma semana.Três semanas depois de ele ter
acasalado com Kira, seus companheiros no campo relataram movimento nos
dois edifícios da NewLife, em Las Vegas e Dallas. Aric e Ryon voaram para Las
Vegas, enquanto Zander e Kalen ficaram onde estavam, uma vez que a
maioria da ação parecia estar centrada em Dallas. Assim que Aric e Ryon
retornaram, Nick convocou uma reunião para discutir o que eles averiguaram e
definir um plano de ação.

Todos se acomodaram, e ele chegou ao ponto. "Dr.Gene Bowman e Orson


Chappell estão mudando suas operações para Dallas. Aric e Ryon relataram
que eles passaram na última semana com uma equipe pequena movendo
equipamentos nas primeiras horas, enquanto a maior parte do pessoal regular
já tinha saído. Duas noites depois da última carga ser transferida, Zan e Kalen
assistiram à mesma equipe chegar a Dallas e passar as últimas noites
movendo tudo para o edifício."

"Qualquer sinal de prisioneiros?” Jax perguntou, o corpo tenso. Ele tinha um


mau pressentimento sobre essa operação. Muito ruim.

"Alguns grandes recipientes quadrados entraram, mas eles estavam cobertos.


Poderiam ser gaiolas, ou poderiam não ser nada. À luz das informações que
nós recuperamos de seu computador, para não mencionar os nossos shifters
resgatados, eu estou apostando na primeira. E mais uma coisa.” Nick pausou,
olhando diretamentenos olhos de Jax. "Havia uma mulher com eles."

O sangue de Jax congelou. A sala se inclinou ligeiramente e ele teve que se


lembrar de respirar. Ao seu lado, ele ficou ciente da súbita tensão de Kira. Ele
tinha que perguntar. "Era Beryl?"

354
"Zan disse que ela se encaixa na descrição: alta, longo cabelo vermelho
escuro. Mas sua pele não estava queimada."

Jax cerrou os punhos, mal consciente da praga proferida em voz alta por Aric.
"Isso não pode ser. Eu a joguei no fogo e a vi queimar. A menos..."

"A menos que seus poderes sejam maiores do que você pensava," Nick
terminou. "Ela era uma bruxa, certo? Ou é.”

"Foda-se." Isso não poderia estar acontecendo. Aquela cadela, conivente e


assassina, não poderia ainda estar viva e trabalhando com Chappell em seu
plano doentio. Mas ela estava e tinha estado por todo esse longo tempo. A
verdade era inevitável, formando um nó de culpa e vergonha fresca em seu
estômago. E agora ele sabia que teria de rever o que ele disse a Kira. Se ele
pudesse voltar no tempo longe o suficiente, ele se certificaria que Beryl estava
morta. E depois, talvez, Micah e os outros estivessem seguros agora mesmo.

Limpando a garganta, Aric recostou-se na cadeira, empurrando uma mecha de


cabelos ruivos sobre seu ombro. "Como nós estaremos indo? Silenciosos, ou
um ataque rápido?"

"Ambos carregam riscos muito maiores que antes porque eles estarão
prontos", disse Nick. "O que nós precisamos é de um traçado do edifício para
estudar primeiro e Kalen se ofereceu para cuidar disso."

O lobo vermelho franziu a testa. "Como?"

"Magia. Ele vai demonstrar quando chegarmos.” Nick olhou para o relógio na
parede, o qual mostrava que passava apenas um pouco de uma da tarde. "Nós
sairemos em quatro horas, a tripulação é a mesma de antes, exceto Kira, que
não irá. Ela vai ficar com Melina na van."

355
Seu companheiro franziu a testa mas não discutiu. Não faria qualquer bem a
ela, porque Jax estava de acordo com o seu chefe desta vez.

"Só para que fique perfeitamente claro, o nosso objetivo aqui é encerrar suas
operações, uma instalação de cada vez, se for necessário. Destruir a sua
pesquisa e pegar Chappelle seus lacaios, caso eles não possam ser
capturados vivos. Estejam prontos. A.J., você e Sariel protejam o forte."

"Sim, senhor". Seu mais novo homem pareceu um pouco decepcionado.


Aquele continuaria de férias. O humano era muito verde para se juntar à festa,
ainda. Kalen era uma exceção, ele tinha um arsenal de truques em sua manga
Gótica. A reunião terminou e os que estavam saindo em quatro horas foram
empacotar suas coisas e resolver outros negócios. Jax tomou a mão de Kyra e
se dirigiram para seus alojamentos. Enquanto caminhavam, ele colocou a
notícia perturbadora sobre Beryl para fora de sua mente por um momento e
trabalhou a coragem para abordar a questão mais importante em sua mente.

"Eu tenho algo para lhe perguntar," ele começou hesitante.

"Manda!"

"É sobre o nosso arranjo de vida. Você está sempre no meu apartamento e eu
pensei, você sabe, isso é um desperdício de espaço..." Ele parou, sentindo-se
estúpido. "Eu estou ferrando totalmente com isso."

Ela sorriu para ele. "Você está me pedindo para morar com você?"

"Sim, eu estou. Você vai?" Jesus, ele nunca tinha estado tão nervoso. Ele se
sentia como um garoto pedindo a uma garota para ir ao baile.

"Bem,eu precisaria de uma razão melhor do que ser conveniente. Sou de certa
maneira exigente", disse ela, cutucando-o nas costelas.

356
Parando na porta dos seus aposentos, ele se virou e puxou-a em seus braços.
"Venha morar comigo porque eu sou loucamente apaixonado por minha bela
companheira e preciso de você comigo mais do que preciso de ar para
respirar."

Ela piscou. "Uau. Eu acredito que a única resposta é sim!"

Ele a abraçou apertado girando com ela nos braços, rindo. Gritando, ela
enganchou suas pernas ao redor de sua cintura e o segurou, em seguida lhe
deu um beijo que fritou seu cérebro.

"Caramba, vão para um quarto" Ryon disse, saindo de seu apartamento e


fechando a porta.

"Pretendemos! Ela está indo morar comigo", Jax respondeu de volta afastando-
se. Seu amigo acenou e seguiu em frente. Sem soltar-se de sua companheira,
ele caminhou para dentro do apartamento e começou a mostrar a ela o quão
feliz ele e seu lobo estavam com sua decisão. Eles mal tinham embalado tudo
a tempo de estar no hangar. Eles entraram nos dois Hueys, um pouco de
déjàvu perturbando-o por algum motivo. Eles sobreviveram à primeira operação
que foi um sucesso, apesar de sua grave lesão. Ele estava de volta com força
total, suas habilidades de mudança restauradas, senão seus dons psíquicos,
então não havia nenhuma razão para pensar que esta operação não seria bem
sucedida também.

O passeio no tanque voador era ruidoso e chato e ele ficou feliz quando
desembarcaram. Desceram e se encontraram em um hangar privado, em uma
área rural fora de Dallas, que nunca tinha sido usado antes e não lhes
pertenciam. Grant tinha puxado algumas cordas e duas vans escuras e sem
identificação, estavam à espera. Rapidamente, eles carregaram seus
equipamentos e rumaram para o hotel, próximo ao centro da cidade.

Kalen e Zan tinham reservado duas suítes vizinhas para todo o grupo, para que
eles pudessem ter bastante espaço para se movimentar sem atrair muita

357
atenção. Quarenta e cinco minutos depois, a equipe estava reunida em torno
da mesa de jantar de uma das suítes, onde Kalen tinha colocado um pedaço de
tijolo, bem no meio.

"Então, prontos para fazer uma maquete?" Parecia que ele estava falando mais
para si mesmo do que para o grupo, uma vez que seus olhos verdes estavam
fixos no tijolo. Ele levou um par de respirações profundas, parecendo que
tentava encontrar seu centro ou algo assim e alisou a palma da mão sobre o
pingente em seu peito.

Jax e Kira trocaram olhares curiosos e ela deu de ombros. Feiticeiros eram
interessantes, com certeza.

"Com o que, um pedaço de pedra?" Aric bufou, mas o jovem o ignorou.

Na verdade, Kalen pareceu esquecer todos enquanto concentrava toda a sua


atenção sobre o objeto, mantendo as palmas das mãos acima dele como se
aquecendo suas mãos sobre uma chama. "Você vai revelar a mim seus
segredos, assumir a forma do todo. Mostre-me", ele murmurou.

Suavemente, ele começou um cântico na língua estranha que ele tinha usado
antes, as palavras líricas e hipnóticas. Talvez Latim, mas Jax não tinha certeza.
Uma luz azul envolveu o tijolo sob as palmas de Kalen, o que era muito legal.
Mas não era nada comparado com o seu espanto quando o tijolo começou a
quebrar. De grão em grão, girando em torno do objeto como uma tempestade
de areia em miniatura, o tijolo foi ficando cada vez menor até que era somente
areia.

Rodopiando, parecia crescer em densidade. Multiplicando e reformulando.


Quatro paredes se formaram, separadas em cima. Das paredes, o piso ejetou,
criando quatro níveis Então divisórias apareceram criando várias salas. Kalen
cantou outra magia e duas das paredes desapareceram, criando uma seção de
corte onde eles pudessem ver através dela, como uma casa de bonecas. Ele

358
parou no telhado. Kalen recuou, retirando suas mãos e a luz azul desapareceu
junto com o vento.

Em cima da mesa estava uma réplica do edifício da NewLife, criado por pedra
e magia. O feiticeiro enxugou a testa e, em seguida, fez um gesto para a
maquete. "Isso deve ajudar."

"Incrível! " Hammer disse, impressionado.

Jax e os outros concordaram. Até mesmo Aric, bateu nas costas de Kalen.
"Você é o máximo, garoto. O que você não pode fazer?"

O jovem encolheu os ombros ao seu toque. "Muitas coisas."

Percebendo seu desconforto, o ruivo recuou. "Sim, isso é verdade para todos
nós. Por que não vamos dar uma olhada nesta coisa para que possamos
começar?"

Com o foco longe dele, Kalen começou a parecer mais à vontade. Quando Nick
começou, Jax se pegou olhando para o jovem feiticeiro com mal disfarçada
simpatia e talvez algo mais. Oh, cara. Caso a doutora quisesse bancar a
esperta, ela poderia se encontrar em maus lençóis, se o vislumbre de Jax na
pequena fatia do inferno de Kalen fosse um indício.

"Isso vai ser inestimável", disse Nick a título de louvor ao trabalho de Kalen. Ele
não entrou em detalhes, porém, para alívio visível do feiticeiro. "O prédio está
localizado em uma área industrial a poucos quilômetros daqui. Nós vamos
estacionarem em uma rua lateral e entrar como antes. Felizmente, esta
propriedade não tem cerca, o que tornará a abordagem mais simples. No
entanto, quando entrarmos, vamos nos separar. De acordo com Kalen e Zan,
há um helicóptero estacionado no telhado, de modo que Aric e Ryon vão
escalar até o topo para cortar esta rota de fuga. Ryon, como nosso Telepata,
vai nos deixar saber quando eles estiverem seguros e nós vamos arrebentar
para dentro. Ataque rápido."

359
Um estrondo de diferentes opiniões se seguiu à decisão, mas nenhuma
expressou uma oposição absoluta. Todos compreenderam que nenhum plano
seria infalível. Nick continuou.

"Olhando para a maquete, o primeiro e o segundo andar possuem os maiores


espaços, com o terceiro e quarto andares, divididos em áreas menores. Eu
estou supondo que o andar inferior é a recepção e área de conferência, com
base no layout e em seus negócios de pesquisa de doenças e lidar com o
público. Pelo menos parte do que eles estão fazendo é legal e eles devem ter
as instalações para realizar seus estudos. É aí que vem o segundo andar.
Estou apostando que estas são as áreas do laboratório e de pesquisa."

"O terceiro andar é basicamente dois longos corredores com fileiras de


cubículos", Zan apontou. "Estou apostando que estas são as celas, que são
convenientes para o pessoal do laboratório acessar seus prisioneiros."

Nick assentiu. "Com os escritórios executivos no piso superior. A configuração


mantém os cativos longe do público, presos entre dois andares sem saída fácil
subindo ou descendo.” Ele apontou para a maquete. "Quando Ryon der o sinal
verde, vamos invadir e tirar o guarda do hall de entrada com um tranquilizante.
Nenhuma matança, a menos que seja necessário, e sem elevadores caso eles
cortem a energia. Nós vamos pegar as escadas direto para o segundo andar,
onde Zan fará o download do disco rígido e, em seguida, destruirá o banco de
dados. Em seguida, para o terceiro e quarto andares, fazendo uma varredura
para ter certeza de que qualquer prisioneiro será liberado e o edifício estará
limpo e, então, todos nós voltamos para o primeiro andar e daremos o fora."

"Parece bastante simples", Jax disse.

Aric se inclinou sobre a mesa."O que é normalmente quando precisamos nos


preocupar."

Era verdadeiro. Houve uma pausa de peso.

360
"Nós estaremos armados?" Ryon perguntou.

"É uma escolha pessoal, como sempre," Nick disse."Alguns de vocês possuem
habilidades que mais do que compensam a falta de uma arma, então usem o
seu julgamento."

Hammer, Nick, e Ryon foram os únicos que optaram pelo artificial poder de
fogo desta vez. O resto, incluindo Jax, preferiu confiar em seus próprios
talentos. Para os céticos, Jax retrucaria que estava carregando uma M-16s* no
Afeganistão e que não tinha feito uma pouca de uma maldita diferença para o
bando de shifters selvagens que quase os matou. Eles poderiam muito bem
estar usando pistolas de água.

"Vamos fazer isso esta noite?" Aric perguntou ao seu chefe.

"Não há razão para esperar. Iremos à meia-noite, depois Aric e Ryon vão se
assegurar que o telhado estará pronto para tomarmos o edifício." Nick olhou
para o relógio. "São quase nove horas. Todo mundo tente descansar um
pouco. Vocês vão precisar."

Mac e Melina pegaram um quarto e Kira, outro. Parte da equipe se espalhou


pelo sofá e pelo chão, e alguns ficaram reunidos em torno das mesas. Jax e
Nick estavam entre os que não conseguiam dormir e, assim, encostaram-se
aos balcões na pequena cozinha conversando em voz baixa. Algo sobre o
comportamento de Nick lhe pareceu distante, mas ele não conseguia descobrir
o quê.

"O que está incomodando você, Nick?"

*Designado oficialmente como rifle, é a versão americana do rifle AR15.

361
O homem deu-lhe um olhar longo e penetrante, mas balançou a cabeça. "Só
pensando nesta noite. Estratégias."

"É mais do que isso." Um pensamento terrível ocorreu -lhe. "Nós vamos ter
nossos traseiros chutados, é isso?"

"Não exatamente."

"Vamos lá, não me venha com essa merda", Jax disse, irritado. "Diga-me o que
vai acontecer."

"Você sabe que eu não posso fazer isso, Jax. Eu não sei tudo e mesmo que
soubesse..."

"Eu sei. Você não pode interferir com o livre arbítrio. Você não pode mudar o
futuro." Droga, isso queimava.

"Não é que eu não esteja autorizado, é que eu não farei isso. Cada decisão
que tomamos afeta aqueles ao nosso redor de uma maneira que não podemos
prever", insistiu ele, com a voz cheia de pesar. "Eu aprendi isso da pior maneira
e é uma lição que não vou esquecer nunca."

"Nós iremos fracassar esta noite." Uma bola formou em seu estômago.

"Defina fracasso."

"Significa que não vamos cumprir qualquer tarefa que nos propusemos a
fazer."

“Será que alguém...”

"Droga, Nick!"

362
"O que você quer que eu diga?" Ele estava ficando com raiva, provavelmente
porque odiava carregar seu fardo e estava dilacerado pelo conhecimento.

"Diga-me se vamos perder alguém", Jax sibilou, agarrando a frente da camisa


do homem com seu punho. O silêncio de Nick, a angústia em suas feições
normalmente rígidas, contaram-lhe tudo o que precisava saber. Lentamente,
Jax o soltou e caiu contra o balcão.

"Quem? Sou eu?"

Seu chefe encontrou seu olhar, apertando a mandíbula, obviamente, travando


uma guerra com ele mesmo. Por fim ele se desencostou do balcão. "Eu sinto
muito. Apenas cuide de sua retaguarda esta noite, ok?"

O frio anestesiou-lhe até os dedos dos pés. "Você vai cuidar de Kira se algo
acontecer a mim. Prometa."

"Você sabe que eu cuido de qualquer pessoa que eu acolho. Você tem a minha
palavra.” Por alguns segundos, ele se debateu para dizer algo mais, mas em
seguida, saiu da cozinha.

Oh, Deus. Sou eu. Eu vou morrer. O que Kira iria fazer depois que ele fosse
embora? Ela vai sofrer, mas vai ficar bem, no tempo certo. Nick e os outros vão
cuidar dela. Eu sei disso.

Com o coração pesado, ele foi para o quarto onde sua companheira dormia tão
pacificamente. Tão bonita e inocente no sono. Seu anjo. Se eles estivessem
sozinhos, ele faria amor com ela até que tivessem que sair. Como não
estavam, ele contentou-se em segurá-la em seus braços, acomodando a
cabeça em seu peito. Amando estar abraçando, também, assim como o sexo.
Ele beijou o topo de sua cabeça loira. "Eu amo você, baby. Para sempre."
Resmungando, ela se aconchegou. Ele se sentiu um homem de sorte. Por
algumas horas mais, ele teria tudo o que ele nunca soube que queria, até que
fosse tarde demais. Isso deveria durar uma eternidade.

363
***

Nick e Jax estavam agindo estranhamente.

Enquanto a equipe se preparava para ir, um pouco antes da meia-noite, Kira


observou os dois homens falando apenas quando necessário, evitando olhar
um para o outro diretamente. Um par de vezes, porém, ela pegou o chefe
olhando para ela e Jax quando achava que não sabiam. Várias vezes ela
tentou ficar sozinha com um deles para descobrir a fonte da tensão, mas com
toda a atividade em torno deles, foi impossível. O máximo que ela e seu
companheiro sexy conseguiram foi um beijo rápido, quando deixaram as suítes
para trás e se dirigiram para as vans. Na garagem, dividiram-se em dois grupos
de ação, como antes e partiram em questão de minutos.

Jax segurou sua mão durante o curto percurso. Ninguém falou. A área
agradável e elegante ao norte de Dallas logo deu lugar à escassa, deprimente
e degradada parte ao sul, com sua mistura aleatória de unidades de
apartamentos, casas antigas de um único comodo e empresas. Kira podia ver
porque Chappell e seus capangas utilizavam parte do local para sua operação,
pois ninguém em seu perfeito juízo iria querer sair neste lugar. Até mesmo a
polícia. Hammer virou para um lado da rua, estacionando logo atrás da primeira
van, dizendo uma rápida oração.

"Senhor, por favor, vigiai nossos pneus e aros. Amém ."

Jax e seus amigos bufaram com o riso e Kira sorriu com o humor sombrio.
Hammer nunca tinha muito a dizer, mas quando o fazia ou era muito engraçado
ou realmente importante. Neste caso foi os dois. Ela saltou depois de Jax e ele
a puxou para um abraço prolongado, segurando-a contra ele, como se nunca
mais quisesse deixá-la ir. Uma enxurrada das suas emoções a atingiu de uma
só vez, medo, tristeza, raiva e, acima de tudo, amor.

Recuando, ela procurou o seu rosto, mas sua expressão não revelou nada da

364
agitação abaixo da superfície. Ela abriu a boca para perguntar o que estava
errado, mas ele a interrompeu.

"Permaneça aqui e fique segura com Melina e Mac", disse ele. "Eu vou estar de
volta antes que você saiba que eu parti." Seu beijo eliminou qualquer outro
protesto. Ela disse a si mesma que estava se preocupando sem motivo.

Seus poderes tinham voltado e esta não era sua primeira missão. A equipe
inteira estava preparada para proteger uns aos outros. Seu companheiro ficaria
bem. Ele ficaria.

"Eu estarei esperando", disse ela suavemente. "Eu te amo".

"Eu te amo mais." Sua boca se ergueu em um sorriso e, então, ele virou-se
para se juntar à equipe. Quando o grupo de homens mais gostosos no qual ela
já tinha posto os olhos partiu para seu destino, aquele que possuía o seu
coração deu-lhe uma piscadela por cima do ombro. Então desapareceu dentro
da noite.

"Ei, ele vai ficar bem," Mac disse, colocando um braço em torno do seu ombro.

"Algo está errado." As palavras foram arrancadas de sua alma. Ela nunca tinha
estado tão certa de algo...

"Confie nele. Vocês estarão aconchegados juntinhos ao amanhecer, após tudo


isso acabar."

"Mac, eu sinto frio", disse ela calmamente. "Eu só vi o amor da minha vida ir
embora e eu não pude fazer nada para impedi-lo."

"Mas, querida, você não poderia. Esses caras são mais próximos do que
irmãos e aonde um vai, todos vão. Então é melhor se acostumar com isso."

"Eu sei. Tenho certeza de que eu vou, eventualmente."

365
Ela deu um sorriso valente para Mac, mas não estava sentindo isso. Esta
operação era um grande problema. Ela podia sentir isso em seus ossos. Algo
muito ruim estava por acontecer e ela não iria descansar até Jax estar a salvo
em seus braços novamente.

***

"Eu não gosto disso. Está muito quieto ", Aric assobiou.

Ryon revirou os olhos. "É depois de uma da manhã e não há ninguém


aqui, exceto nós.Você estava esperando uma banda?"

"Espertinho. Eu tenho um mau pressentimento, é tudo que eu estou dizendo."

"Vá com o grupo de arrombamento e invasão. Pronto?"

"Merda, sim. Vamos acabar com isso. "

"Tenham cuidado", Nick disse.

Ryon deu-lhes um sinal positivo e os dois desapareceram na esquina, indo


para a parte de trás do edifício e da escada de incêndio. De lá, eles escalaram
até o telhado. Jax e seu grupo mantiveram-se nas sombras, encostados ao
lado do edifício em uma saída lateral, esperando. Oito minutos depois, a voz de
Ryon penetrou em sua consciência coletiva.

“O telhado está seguro. Vamos chutar uns traseiros!”

Nick e Hammer se posicionaram de cada lado da porta, as armas empunhadas.


Jax deu um forte chute, arrebentando a porta em uma tentativa, um feito que
ele não teria sido capaz de realizar, se ainda fosse humano. Nick e Hammer
conduziram a equipe para dentro. Eles correram em um ritmo rápido pelo

366
corredor lateral e pelo lobby, onde não havia guardas de segurança na mesa.
O grupo se espalhou, circulando, de olho no grande espaço. Nada se movia.

"O alarme não está soando", Nick estalou.

O medo disparou pela espinha deJax. Eles viveram essa cena antes. Oh,
Deus, é uma armadilha!

"É uma armadilha!" gritou. "Saiam"

Figuras que brotaram das sombras, ao redor deles, tornaram-se homens


armados. Flashes de tiros explodiram, o barulho ensurdecedor no saguão
aberto. Nick e Hammer se agacharam, retornando o fogo, protegendo ao
máximo o quanto podiam, cobrindo a equipe. Jax se transformou, não
perdendo tempo precioso para retirar sua camisa, vislumbrando Zan fazendo o
mesmo e, então, ele lutou para tirar a calça e os sapatos.

Colocando uma explosão de velocidade, ele saltou para o próximo atirador,


levando-o para baixo. Antes do bastardo poder atirar novamente, Jax arrancou
sua garganta. Uma rápida e fácil matança. Ele girou, buscando o seu próximo
alvo e viu que sua equipe tinha despachado vários inimigos, mas vários ainda
permaneciam.

Seu chefe e Hammer tinham tomado cobertura atrás da mesa do guarda e


foram mantendo os capangas na defensiva, apanhando-os. Zan estava lutando
na forma de lobo com dois homens que o imobilizaram. Kalen estava de lado,
fora da disputa, com as palmas das mãos para fora, cantando. Deus sabe o
que o garoto estava fazendo. Felizmente, transformou todos os desgraçados
em sapos.

Jax correu para os dois homens que tinham Zan, mas uma explosão de calor
atingiu seu flanco. Ele girou e atacou o idiota que tinha atirado nele, fazendo o
mesmo trabalho que ele fez com o outro. Quando se voltou, ele viu Zan
inconsciente, em forma humana, os dois homens arrastando-o para a saída

367
mais próxima. Nesse momento, ele entendeu que nem todos eles iriam morrer.
Pelo menos alguns deles estavam programados para serem capturados para o
uso de Bowman e os experimentos terríveis de Chappell.

Assim como na emboscada há seis meses. Será que Grant e o governo não
mentiriam dessa vez, também, lhes dizendo que Zan estava morto? Decolando
através da distância, lançou-se no homem prendendo os ombros de Zan.
Recuando, o cara deixou cair sua carga freneticamente pegando a arma presa
em sua calça.

Jax foi mais rápido, lançando o pulso dele para baixo exatamente quando ele
empunhou a arma, esmagando carne e osso com suas mandíbulas. Gritando, o
atirador caiu no chão e, sabendo que ele estava incapacitado, Jax enfrentou o
outro homem, o único que mantinha Zan de pé.

Que agora tinha a arma apontada diretamente entre os olhos de Jax. Seu
coração falhou e ele esperou o disparo que nem mesmo um shifter poderia
curar. O bastardo sorriu.

"Eu vou aproveitar isso."

Mas o tiro nunca veio. O sorriso se tornou uma careta, sua boca torcendo em
dor, olhos se tornando incrivelmente grandes em suas órbitas. Jax observava,
congelado pelo fascínio e horror, quando o cara simplesmente. ..murchou.
Como uma uva secando, transformando-se em uva passa. E então ele entrou
em colapso, nada além de um saco de pele e ossos. Assim como todos os
seus companheiros armados, caindo por todos os lugares.

Que porra foi essa?

Na extremidade do lobby, Kalen baixou as mãos e inclinou-se em um suporte


da coluna, claramente drenado.

368
"As pessoas são feitas principalmente de água", informou à sua equipe
atordoada. "Remova o elemento e não há muito para sobrar. Como vocês
podem ver."

Então ele deslizou para baixo na coluna e desmaiou. Jax deu um passo para
Kalen, mas a voz urgente de Ryon empurrou em sua cabeça.

“Preciso de alguma ajuda por aqui, estamos em desvantagem! Eles estão


tentando levar Aric!”

Merda! Jax correu para a escada, se transformou rapidamente para a forma


humana apenas para conseguir abrir a porta de acesso, transformou-se de
volta e continuou. Sua velocidade sobrenatural era muito maior na forma de
lobo e cobriu os andares rapidamente. Ele apenas rezava para ser rápido o
suficiente para evitar o desastre.

***

Ao lado da van, Kira caminhava, roendo a unha do polegar.

"Querida, ele vai ficar bem", Mac a acalmou. "Venha para a van e se sente."

"Eu não posso. Algo está errado. Esta noite inteira parece que o mundo está
fora do seu eixo e agora está pior."

"Confie nele. Ele é um soldado experiente e..."

Oh,Deus, é uma armadilha! Kira congelou, ofegante. "Jax".

Mac agarrou seu braço. "O que foi?"

"Ele disse que é uma armadilha." O sangue foi drenando de seu rosto e ela
puxou seu braço da retenção de Mac. "Eles estão em apuros!"

369
"Kira, você não pode ir! Jax quer que você fique aqui, onde você estará segura.
Você sabe disso!"

Sua amiga se moveu para bloquear seu caminho.

"Eu não ficarei acovardada aqui, enquanto meu companheiro está lá dentro e
algo terrível está acontecendo, por isso não tente me impedir", alertou. O
rosnado em sua voz deixou Mac saber o que ela quis dizer com isso. Ela a
derrubaria se fosse necessário.

Passando em torno de sua amiga, ela correu pela rua. O edifício parecia muito
longe. Levou apenas um par de minutos para chegar à porta lateral que haviam
arrombado para entrar, mas parecia ter durado uma eternidade. Ela cobriu a
distância para o saguão rapidamente e estancou na horrível visão.

Nick e Hammer estavam sangrando, mas estavam agachados sobre Zan e


Kalen, cuidando deles. Ao redor, aquilo que devia ter sido o inimigo estava
espalhado pelo chão. Estavam encolhidos e secos como ameixas. Deus.

"Onde está o Jax?" Ela sufocou. "Diga-me!"

"Telhado," Hammer disse. "Mas não..."

Ela não esperou para ouvi-lo lhe pedir para não ir. Não teria feito nenhuma
diferença. Rapidamente, ela encontrou a escada, dando um silencioso obrigado
para Kalen pela maquete que tinha estudado. Uma vez lá dentro, ela se despiu
e concentrada, chamou sua loba.

A mudança não foi tão dolorosa como da primeira vez. Ela tinha praticado
muito durante sua corrida com Jax e estava ficando boa nisso. De quatro, ela
tomou um segundo para se ajustar aos seus sentidos de loba e farejar seu
companheiro. Cheirava seu medo, sua determinação. Seguindo seu rastro, ela
fugiu pelas escadas.

370
***

Jax irrompeu no telhado e dentro do caos.

Seus amigos estavam sob ataque, Ryon em sua forma de lobo prata, lutando
contra dois homens, sozinho. Mais dois arrastavam Aric para o helicóptero que
estava esperando, com as mãos atadas atrás das costas com algemas de
prata. O que explicava por que o lobo vermelho não foi capaz de se transformar
ou mesmo lançar o seu fogo sobre eles. Ele não podia usar sua telecinese para
mover objetos enquanto preso, também. Uma olhada no helicóptero confirmou
seus temores. Dr.Bowman e Chappell estavam esperando no interior, e eles
não estavam sozinhos. Beryl, sua amante traidora, estava sentada junto à porta
aberta, o rosto que ele uma vez pensou ser tão bonito puxado em um sorriso
feio.

Ele começou a correr para os homens que arrastavam Aric longe, mas a dor
explodiu através de sua perna ferida. Com um grito, virou para ver um dos
homens que estava lutando com Ryon voltar sua atenção para impedi-lo,
surgindo de repente e atingindo seu membro ferido.

Normalmente sua perna traseira não seria um grande problema na forma de


lobo, mas quando ele saltou para a nova ameaça, ela se dobrou. Ele conseguiu
derrubar o atirador, mas a agonia em sua perna estava distraindo-o. Graças a
Deus eles não estavam usando balas de prata.

O bastardo conseguiu desferir um par de golpes em sua cabeça que deixou


suas orelhas zumbido.

Só então,um rosnado chamou sua atenção.

Erguendo a cabeça, ele viu um pequeno lobo atravessando a porta aberta do


telhado vindo em linha reta para ele. Medo e orgulho guerrearam dentro dele.
Ela era magnífica, mas ele estava apavorado por ela ser ferida.

371
Kira! Volte!

Não!

Jax tinha o braço armado do homem em suas mandíbulas e Kira foi para sua
garganta. O grito do atirador foi abruptamente cortado. Ela girou e se juntou a
Ryon para despachar rapidamente o seu assaltante. Vendo que tinha as coisas
sob controle, Jax foi para o helicóptero. Mas, com a perna ferida retardando-o,
ele não ia chegar a tempo, antes do helicoptero decolar com Aric dentro.

De repente, um flash de cinza e branco matizado passou por ele. Antes que ele
percebesse o que ela estava prestes a fazer, sua companheira saltou para o
helicoptero aberto e foi direto para o atirador que prendia Aric. Gritos se
seguiram quando ela esmagou a garganta do capanga. O homem caiu,
soltando Aric e em um instante, Kira empurrou seu amigo com toda sua força.
Aric aterrissou no telhado com um baque e rolou com os pulsos ainda
amarrados. Esfolado, mas seguro. Jax correu, sua claudicação retardando-o.
Mas o helicóptero estava levantando vôo. Kira tentou chegar até Bowman, que
estava sentado ao lado de Beryl. Desesperado, Jax mudou para a forma
humana e gritou acima do barulho.

"Kira, salte!"

Virando-se, ela viu sua oportunidade de se vingar indo embora. Tomando a


decisão de deixá-los ir e lutar outro dia, ela se transformou para a forma
humana e se preparou para saltar.

"Pule", ele gritou de novo. O helicóptero estava se afastando, formando um


espaço entre ela e o telhado. Kira se tensionou para dar o salto, exatamente
quando Beryl agarrou-a por trás, segurando-a de volta. A distância entre o
edifício e o helicóptero se ampliou ainda mais. Não havia maneira de Kira
poder saltar agora.

372
Em seguida Beryl ergueu uma bota e a chutou com força, entre os ombros. Jax
só pode assistir em horror quando sua companheira perdeu o equlibrio.

"Kira!"

Ela foi arremessada do helicóptero. Os olhos arregalados de terror, tentando


agarrar a borda do edifício. E não conseguindo. Seu grito perfurou a noite.
Quebrou seu coração. Depois, o silêncio. Ele não conseguia respirar. Não
conseguia entender o que tinha acontecido.

Sua companheira não estava morta. Ela não estava. Ele tomou a sua forma de
lobo e correu. Tão rápido quanto sua perna ferida permitia, voou para baixo na
escada. Passando por sua equipe que tinha se reagrupado e estava subindo
para o telhado. Todo o caminho, para fora do prédio. Para o lado onde ela tinha
caído.

Ela estava deitada no chão, pálida e quieta.

Seu lobo se aproximou, a metade animal farejando e percebendo, negando que


sua companheira estivesse morta. Mudando de volta, ele a tomou em seus
braços, embalando-a. Delicadamente afastou o cabelo loiro emaranhado de
seu rosto machucado. Seus olhos estavam fechados, as pestanas escuras nas
faces delicadas, sangue escorrendo pelo canto da boca.

"Baby?" Sua voz tremeu. Tremia ao lutar contra o conhecimento. "Kira? Abra
os olhos, meu anjo. Por favor, por favor..."

Sem batimentos cardíacos. Nenhuma vida. Seu corpo estava quebrado, suas
almas não estavam conectadas. O vínculo foi cortado. Sua companheira estava
morta. Agarrando-a junto ao seu peito, jogou a cabeça para trás e gritou. E
gritou.

373
DEZESSETE

Jax, amigo, você tem que deixá-la ir.

Oh, Deus, alguém faça alguma coisa!

Deixe-o em paz, idiota! Você não pode ver que ele está de luto?

Suas vozes vieram a ele de longe.

De luto? Sim. Ele estava de luto por sua companheira. Assassinada por sua ex-
amante e seus parceiros do mal. Nada ficaria bem novamente. Durante todo o
tempo era Kira, que deveria morrer. Não eu.

Nick sabia disso. Não havia nada a fazer agora, exceto segui-la até a morte e
esperar que ela estivesse esperando por ele. Exceto...

Se você pudesse voltar e reviver qualquer momento perfeito em sua vida, qual
seria? Ele lhe dissera nenhum. Que eles continuariam a viver suas vidas e
fazer mais momentos perfeitos.

E agora havia apenas uma maneira de fazer isso. Usar o seu dom. O que ele
não usou naquela noite há seis meses, e, como resultado, havia falhado com
sua equipe. Ele tinha o poder de fazer isso direito. Por ele e Kira.
Carinhosamente, ele beijou a testa fria de sua companheira e colocou-a
cuidadosamente no chão. Tempo era literalmente a essência.

Oh, Deus, por favor, deixe que meu dom retorne.

374
Ele não estava consciente da sua equipe em torno dele quando se levantou,
estendeu os braços, as palmas das mãos para cima. Ignorando seus
chamados enquanto deixava a raiva consumi-lo, abastecendo seu poder e,
então, eles perceberam o que ele estava fazendo.

Seus poderes não poderiam ter desaparecido. Se isso tivesse acontecido, ela
também desapareceria. Para sempre. Alcançando os seus sentidos, ele não
encontrou nada no início. Apenas o silêncio vazio onde o seu dom costumava
estar. Não, por favor!

Nada.

E então, quando ele estava prestes a ceder ao desespero, um vislumbre de


algo... Lá! Os fios. O tecido do tempo. Desesperado, ele agarrou-os um por um,
reunindo-os, interrompendo-lhes a vontade. Puxando-os, correndo o carretel
para trás. A cena diante dele passava ao longe e ele viu o filme fora de si
mesmo, um observador esperando exatamente o momento certo. Ele só tinha
uma chance e, se falhasse, ele não teria forças para fazê-lo novamente.

Ele estava no telhado de novo, indo para o helicóptero enquanto Kira ajudava
Ryon a despachar seu agressor. Agora!

Jax soltou os fios e se preparou para o impacto. Com força brutal, ele bateu de
volta dentro do corpo do seu lobo, o choque roubando seu fôlego. Mas ele tinha
apenas alguns segundos preciosos para se recuperar. O helicóptero estava
prestes a decolar com Aric dentro e uma lança de agonia atravessou Jax por
causa da decisão que ele já tinha tomado.

Sua companheira de vida ou Aric. Não havia escolha.

Desta vez, em vez de ir para o helicóptero, ele girou e interceptou sua


companheira quando ela tentou passar por ele. Ele abordou-a, prendendo o
corpo menor do lobo com o seu muito maior. Mesmo com a lesão, ela não tinha
esperança de deslocá-lo.

375
Ela não era páreo para a força de seu desespero. E do seu amor.

O helicóptero levantou, rugindo os motores. Ele levantou a cabeça para ver os


homens dentro, segurando um Aric lutando. A expressão de Beryl estava felina,
satisfeita. Somente Deus sabia o que eles fariam para seu amigo. Mas foi o
olhar de mágoa e traição no rosto de Aric que Jax nunca iria esquecer.

Ele salvou a sua companheira, mas o custo tinha sido grande. Não só para ele,
mas para toda a equipe. Nick provavelmente iria demiti-lo pelo que ele tinha
feito. Mas a memória de manter o corpo ferido e sem vida de Kira sacudiu-o e
ele sabia que não iria mudar o que tinha feito.

Debaixo dele, ela mudou e ele também. Grandes olhos azuis o olharam
confusos e preocupados. "Por que você me parou? Eu poderia tê-lo salvo", ela
sussurrou.

Lágrimas escaparam e escorreram pelo seu rosto. Ele não poderia tê-la
impedido, mesmo se tentasse.

"Eu sei que você poderia. Você fez."

"O quê?"

"Você salvou Aric, mas Beryl te empurrou do helicóptero," ele engasgou. "Você
caiu para sua morte."

Seus olhos se arregalaram e seu queixo caiu. "Você está brincando?"

"Eu queria estar. Eu nunca vou esquecer isso enquanto eu viver.” Apertando-a
em seus braços, ele esmagou-a contra o peito. Ele mal tinha consciência de si
mesmo, de Kira e Ryon sendo envolvidos no telhado pelo restante da sua
equipe.

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"Eu acho que me lembro de estar caindo", disse sua companheira depois de
alguns momentos. "É como um sonho."

"Um ruim."

Ele não tinha certeza de quanto tempo ele a segurou quando, de repente,
apareceram roupas para ele e Kira.

Olhando para cima, viu Kalen ali perto com um leve sorriso em seus lábios.
"Vocês estavam me cegando", disse ele.

Ele deu uma risada oca. "Obrigado, Feiticeiro."

"Não mencione isso."

"Eu não acho que você poderia projetar aquele helicóptero aqui de novo, não
é?"

Arrependimento riscou seu rosto. "Sinto muito, cara. Eu tentei executar um


feitiço para derrubá-lo, mas ele fugiu antes que eu pudesse obter uma boa
aderência sobre ele."

Jax se levantou e ajudou sua companheira, mancando um pouco sobre sua


perna ruim. Ele tinha que ter a ferida examinada. Mais tarde.

"Está tudo bem. A culpa é minha que esses filhos da puta fugiram com Aric. Eu
assumo toda a responsabilidade."

Ele a puxou para seu lado, incapaz de deixá-la ir. Não agora, talvez nunca.
Como era possível para um homem ser tão feliz, mas completamente
consumido pela culpa? O que aconteceu com Aric estava em sua cabeça. Para
ter sua companheira viva e saudável, ele iria pagar qualquer preço que o futuro
lhe reservava.

377
"Todo mundo está bem?", ele perguntou a Kalen.

O Feiticeiro assentiu. "Um pouco machucados, mas já se curando."

"Isso é bom."

Nick se aproximou sua expressão ilegível. "Nós vamos conversar no


complexo." Seu olhar se moveu para Kira. "Estou feliz por você estar bem."

"Graças ao meu companheiro."

"Sim". Seu chefe ficou em silêncio por um momento. "Vamos terminar nossa
varredura, verificar se não há prisioneiros aqui e sair."

Eles terminaram seus trabalhos, falando muito pouco.

Os outros sabiam o que ele tinha feito, lembrando mais do que Kira. Ele
poderia dizer pelos olhares solenes direcionados a ele. Eles nunca iriam negar
a vida da sua companheira, mas estavam todos doentes sobre Aric. Nenhum
prisioneiro foi encontrado, nem havia qualquer cheiro de Micah ou quaisquer
outros shifters no laboratório ou áreas de retenção. Os discos rígidos de
computador não continham nenhuma informação que pudessem usar. A cena
inteira que Zan e Kalen observaram, com Bowman, Chappell, Beryl e seus
capangas e caixotes com equipamentos no prédio foi um ardil. Um plano do
início ao fim para capturá-los.

Cansada, a equipe começou a longa e cansativa volta, tristes pelas perdas dos
seus. No momento em que chegaram ao hotel, a madrugada já tinha passado.
Eles arrastaram-se para dentro dirigindo-se, cada um, para seu quarto. Jax
virou-se para seu chefe esperando suas instruções, com um nó no estômago.

"Você vai me dispensar?"

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Nick suspirou. "Eu não sei. Vocês dois descansem um pouco e verei você em
meu escritório esta tarde."

Ele os deixou ali de pé, olhando para ele.

"Vamos lá, bonitão." Kira puxou sua mão. "Vamos."

Ele a deixou levá-lo para o seu apartamento, puxando-o para dentro. À medida
que se despia, ele lembrou-se das suas feridas de bala e inspecionou-as no
espelho do banheiro. Apenas um arranhão na nádega direita e a ferida mais
grave na perna já estava curando. Ainda doía, mas ele poderia viver com isso.
Ele tinha sua companheira.

Eles escovaram os dentes e, então, ele ligou o chuveiro. Deixou a água ficar
quente e, em seguida, puxou-a para dentro com ele. Apenas a abraçou
enquanto o jato lavava parte do terror e tristeza das últimas horas.

"Eu não podia perder você", disse ele com voz rouca, apertando seus braços
em torno dela.

"Você não o fez e não precisará fazê-lo".

Seu pênis inchado se pressionou contra sua barriga. Ele quase a perdeu e,
tanto o homem quanto o lobo, precisavam reafirmar a sua conexão. Reclamar
sua companheira. Acariciando-a, ele beijou o caminho até seus mamilos,
lambendo as gotículas que escorriam sobre eles. Sugou-os até que ela se
contorceu, puxando seu cabelo molhado. Ele se endireitou e uma pequena
mão encontrou seu saco, os dedos manipulando, deixando-o louco.

"Eu não posso esperar, baby. Eu preciso estar dentro de você."

"Então, não espere," ela insistiu, sem fôlego. "Foda-me."

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Segurando-a pela cintura, levantou-a e colocou de costas contra o azulejo. "Se
segure."

Ela se agarrou a seus ombros, as pernas enroscadas em torno de sua cintura e


ele posicionou a cabeça de seu comprimento latejante em sua abertura.
Empurrou lentamente em seu interior empalando-a, centímetro por centímetro.

"Oh, Deus! Isso é muito bom", ela elogiou. "Mais."

Ele lhe deu tudo, apoiando-a com as mãos em concha em suas nádegas.
Começou a empurrar, amando a sensação de seu calor liso massageando seu
pênis. Novamente e novamente ele se dirigiu dentro dela, sabendo que isso
não iria durar muito. Quando ela estremeceu ao redor dele, gritando, ele se
aproximou da borda. Bombeado fundo, dando-lhe tudo dele. Este era o lugar
ao qual ele pertencia.

"Eu amo você, Kira."

"Eu também te amo. Muito."

Ele se afastou para ver as lágrimas em seus olhos e enxugou-os. "Não chore,
meu anjo." Cuidadosamente, ele se retirou e a colocou no chão.

"Eu não pude ajudá-lo. Você me salvou, e agora Aric..."

"Shhh. Eu não mudaria o que fiz mesmo se pudesse. Nós vamos encontrá-lo.
Enquanto isso, seguiremos em frente e viveremos todos aqueles momentos
perfeitos, exatamente como o planejado. "

"E os não tão perfeitos."

"Esses, também." Secou a ambos e a levou direto para a cama abraçando-a.

"Hey, eu só agora percebi que perdi a aposta", disse ela, a voz sonolenta.

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"Que aposta?"

"Eu não consegui reabilitar Raven ou Belial dentro do prazo de um mês. Agora
eu tenho que lavar a roupa suja de toda a equipe."

Ela parecia tão triste, que ele riu. "Eu nunca disse aos outros sobre isso, você
sabe. Acho que podemos deixar passar."

"Mesmo?"

"Absolutamente. Durma bebê."

Ela adormeceu, mas o sono lhe escapava. Em vez disso, ele simplesmente
relaxou e aproveitou a sensação daquele corpo quente aconchegado ao seu.
Amando o fato de que ela estava aqui, inteira e saudável. Ele não iria perder
essa segunda chance. Ele devia isso a ela. E quanto a Aric...

Nick estava esperando quando Jax entrou em seu escritório várias horas
depois.

"Sente-se."

Ele o fez, certo de que o machado estava prestes a cair. "Eu vou ter as minhas
coisas limpas e Kira e eu partiremos até hoje à noite."

Seu chefe arqueou uma sobrancelha. "Só isso?"

"Sim. É o que eu mereço."

"Sério? Você acha que merece fugir das conseqüências de suas ações? Você
acha que sua equipe merece ter que abandoná-los justamente quando mais
preciso de você?"

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Jax recostou-se, atordoado. "Bem, não. Mas eu não entendo como você pode
me aceitar tão facilmente, depois que eu escolhi Kira em vez de um dos meus
irmãos."

"É isso que você pensa? Que eu estou facilitando?” Nick deu um sorriso, mas
que não alcançou seus olhos. "Não, Jax. Você vai ficar aqui e fazer a sua parte
nesta equipe. Você vai nos ajudar a ganhar a guerra contra Chappell e
descobrir quem está apoiando ele. E você vai nos ajudar a localizar Aric,
Micah, e qualquer outra pessoa na qual eles tenham colocado as suas mãos
sujas e trazê-los para casa. Essa é a sua missão. Está entendido?"

Ele engoliu em seco. "Sim, senhor. Eu não vou abandonar nenhum de vocês
de novo."

"Você não nos decepcionou com a escolha de salvar sua companheira", disse
Nick baixinho. "Todo mundo entendeu, até mesmo eu. Especialmente eu. Mas
as ações têm consequências, por vezes, de grande alcance."

"Eu ferrei completamente o futuro, nos colocando em um perigo ainda maior?"


Ele temia a resposta. Mas não era a que ele esperava.

"Nenhum homem deve ser amaldiçoado com o conhecimento do que o futuro


trará ou como a infinita variedade de escolhas feitas a cada segundo afeta os
resultados possíveis. Essas escolhas são como bolas atingindo umas às
outras, em uma mesa de bilhar, você entende?"

"Eu, eu acho que sim."

"Cada escolha afeta o outro. Uma única ação ou palavra sussurrada pode
derrubar um império... Ou salvar um ente querido. Tudo o que podemos fazer é
pesar os riscos e benefícios, e seguir em frente. É tudo o que um homem pode
fazer e, apesar de todas as suas habilidades, você ainda é um homem de
coração. Nada mais."

382
Suas palavras humilharam Jax. Ele abaixou a cabeça por um momento,
pensando. Então ele olhou para seu chefe e amigo. "Pode não ajudar, mas me
sinto como se tivesse falhado."

"Não", ele disse com firmeza. "Nós descobrimos o que Chappell e seus
parceiros estão fazendo e ficamos sabendo que Beryl está viva e é uma deles.
Resgatamos dois shifters e vamos libertar mais, incluindo o nosso. Estamos no
rastro de nossos inimigos e nós estamos indo para ganhar."

"Se nós fizermos os movimentos certos."

"É claro."

Jax sabia que Nick não iria revelar mais. Ele se levantou, ofereceu sua mão,
que seu chefe apertou. "Eu não vou te decepcionar", repetiu ele. "Ou a minha
equipe."

"Eu sei. Agora vá encontrar sua companheira." Ele soltou sua mão. "Hoje nós
descansaremos. Amanhã vamos nos reagrupar."

"E chutar alguns traseiros."

Nick riu. "Esse é o plano."

Jax saiu do escritório de seu chefe se sentindo otimista. Chappell e quem quer
que estivesse mexendo os pauzinhos, poderiam ter vencido essa batalha, mas
eles não iriam vencer a guerra.

"Espere aí, velho amigo", disse Jax. “Nós estamos indo para você. Conte
comigo.” Com um novo propósito em cada passo, ele foi encontrar sua
companheira. Seu coração e alma.

***

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Aric acordou lentamente, a cabeça latejando. Seu cérebro parecia estar cheio
de algodão e seu corpo todo doía. Onde diabos ele estava? Ele tentou se
mover, apenas para descobrir que estava acorrentado contra algo sólido, talvez
uma parede, braços e pernas bem abertos. E estava nu como no dia em que
nasceu. Das sombras, uma figura alta e esguia emergiu. Uma mulher com
cabelo longo, de um tom mais escuro de vermelho do que o seu próprio. Ela
estava vestida com calça preta e um top fino que deixava pouco à imaginação.

"Beryl, sua vadia", ele assobiou.

A risada dela cintilava com diversão. "Isso é maneira de falar com sua irmã?"

Sua voz era fria. "Eu nunca aleguei isso. Eu nunca te reconheci."

"É por isso que você nunca disse a seu amigo sexy a verdade? Eu me
pergunto como sua equipe reagiria a sua traição", ela pensou em voz alta. A
perspectiva, aparentemente, a agradava. Muito.

"Eu não os traí. Eu pensei que Jax estava feliz e, apesar de ser a safada que
eu sei que você é, eu não queria interferir. Eu não vou cometer esse erro de
novo."

"Não, você não vai ter a chance." Muito tarde, ele viu a faca em sua mão,
brilhando, vermelha, por ter sido colocada no fogo. "Grite, irmão querido."

Enquanto ela pressionava a lâmina quente em seu lado, ele prometeu a si


mesmo que não o faria. Mas meia hora depois, ele falhou, gritando até que sua
voz se quebrasse. Até que a consciência começou a desaparecer.

Ryon? Alguém me encontre, ele implorou. Mesmo que eu não mereça isso. Por
favor, encontrem-me.

Felizmente, a faca, Beryl e o terror sumiram no nada.

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