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Juliana Padilha2
Isaura Rocha Vilela3
RESUMO
Artigo Original:
Elaborado em: setembro / 2010.
Recebido em: dezembro / 2010.
Publicado em: dezembro / 2010.
1
Trabalho apresentado no Congresso de Psicologia Fenomelógico-Existencial | Fundação Guimarães
Rosa – 2010.
2
Psicóloga Hospitalar CTI SETIMIG no Hospital São Francisco (BH, MG). Graduada em Psicologia
pela na Universidade do Sagrado Coração, Bauru-SP (2004). Pós-graduada em Psicologia Hospitalar
pela PUC MINAS (2005). E-mail: jubapadilha@yahoo.com.br
3
Psicóloga Hospitalar CTI SETIMIG no Hospital São Francisco (BH, MG). Graduada em Psicologia
pela Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte-MG (2001). Pós-graduada em Psicologia
Hospitalar pela PUC MINAS (2005). E-mail: isaura.vilela@yahoo.com.br
Biblioteca Virtual Fantásticas Veredas – Fundação Guimarães Rosa
Página web: www.fgr.org.br l E-mail: bibliotecafgr@fgr.org.br
2 Ressignificando o morrer no centro de terapia intensiva
INTRODUÇÃO
As atenções ao corpo doente devem ser compartilhadas, com o que tal enfermidade
também interfere no psiquismo do ser humano. Reconhecer e estudar a dimensão
psicológica como coexistente das dimensões biológica, social e espiritual no adoecer
humano é de fundamental importância.
acometidos por estados críticos com risco de vida, insuficiências orgânicas graves,
ou sob potencial de desenvolvê-las (FREITAS, 2005). Vivenciam um momento
incerto na caminhada de sua restauração da saúde. E revela uma experiência única
regada de fantasias ameaçadoras, tanto para o doente quanto sua família.
Apesar disso, o Centro de Terapia Intensiva nunca deixará de ser um setor com
características marcantes, presença tecnológica avançada, rotina acelerada, clima
de apreensão, e, principalmente a situação de morte. Assim, exacerbando o estado
de “stress” e tensão para todos que estão experienciando, os colaboradores das
equipes de saúde, os pacientes e suas famílias – uma tríade em que todos estão
envolvidos na mesma luta, mas cada um a sua maneira.
Para aqueles que visitam seus entes queridos e para o próprio paciente, o CTI
remete às crenças negativas e finitude. Urizzi (2005) completa colocando que o
desconhecimento sobre as rotinas e o significado cultural do setor trazido da
sociedade definem o CTI como um ambiente assustador, sendo sua internação uma
sentença de morte.
Por isso, a falta de uma assistência adequada, que ajude diminuir o impacto da
doença e internação no CTI com os pacientes e família em estado crítico, pode
acarretar desconfianças, dificuldades na adesão dos regulamentos do hospital e
ainda mais sofrimento, desespero e desamparo (FREITAS, 2005).
É extremamente importante ressaltar que, não é uma atuação psicológica dentro dos
moldes da prática clínica. O espaço de encontro entre o psicoterapeuta e o cliente, o
chamado “setting” terapêutico, não é tão definido, nem tão preciso (ANGERAMI-
CAMON, 2004). Normalmente, a intervenção do psicólogo hospitalar, em alguns
casos, é interrompido por colaboradores da equipe (enfermeiros, médicos, pessoal
da limpeza, entre outros), ou a pessoa enferma não se apresenta em condições
físicas adequadas, – como a impossibilidade de manter um dialogo, em razão das
OBJETIVOS
Os objetivos deste relato são oferecer a visão da morte dentro do contexto do CTI a
partir de uma orientação Existencial-Fenomenológica. Compreender o papel da
psicologia inserida num Centro de Terapia Intensiva, bem como ressaltar a
importância do profissional neste contexto. E apresentar o lado fenomenológico e
quantitativo desse trabalho.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
MASCULINO
FEMININO
GRÁFICO 1: Sexo dos pacientes internados no CTI Setimig, no período Julho de 2009 a Junho 2010.
Neste período registrou-se 444 pacientes, com uma média de internação de 9,42
dias/paciente, (ou atendimentos) admitidos e abordados juntamente com sua família,
os quais 48% do sexo masculino e 52% feminino (GRAF. I), e a média de idade foi
de 65,3 anos no período supra citado (GRAF. 2).
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
GRÁFICO 2: Idade dos pacientes internados no CTI Setimig, no período Julho de 2009 a Junho 2010.
Sepse
Auto-Exterminio
Trauma
Pós-Operatório
Sistema
Respiratório
Afetado
Neuroólgico
Cardiológico
0 5 10 15 20 25 30
GRÁFICO 3: Diagnósticos mais freqüentes dos pacientes internados no CTI Setimig, no período
Julho de 2009 a Junho 2010.
A morte existe em todo contexto hospitalar, segundo Torres e Guedes (1991, p.56)
“a temática da morte é marcada e caracterizada por um conflito, uma dualidade
entre duas forças opostas – uma realidade e uma necessidade”. Assim, este
fenômeno universal e característico a todos os seres da Terra, apresenta-se como
fonte de temores, angústias e ansiedades para o homem, deixando-o uma questão
de finitude.
CTI é o local da morte. Apesar disso, no período analisado, com 444 pacientes
internados, as altas representaram 79% e óbitos 21% dos casos. Tais porcentagens
vêm reforçando a idéia de que este é um setor, onde as pessoas permanecem em
busca do restabelecimento da saúde de forma intensa, ou como se costuma definir
“há vida, há chance”, e não um lugar para meramente morrer. Como a temática da
morte aflige os usuários, acontece à desmistificação deste conceito trazido, através
do fato real e numérico (GRAF. 4).
ÓBITOS ALTAS
GRÁFICO 4: Resultado final das internações no CTI Setimig, no período Julho de 2009 a Junho 2010.
Para Dias apud Feijoo (2010), “a essa humanização da medicina dá-se o nome de
Boa Morte”, a qual depende de alguns princípios, como saber quando a morte está
se aproximando e compreendê-la, possuir dignidade e privacidade, ter acesso a
informações, a suporte espiritual e emocional, ter oportunidade de despedidas, entre
outras.
Assim, a pessoa, independente de quem seja, merece ser atendida com carinho,
competência e cortesia, atender o indivíduo como um todo e não apenas seus
órgãos, e principalmente, agir com humanização dentro de um hospital (MEZZOMO,
2003).
A família deste indivíduo criticamente enfermo também tem direito a toda atenção da
equipe, é necessário compreender, administrar e minimizar a dor, angústia e
conflitos deste momento. O trabalho da psicologia dentro do CTI Setimig traz
satisfação, pois viabiliza a minimização do sofrimento psíquico-físico do outro,
gerado por uma condição única e regada de estigmas negativos.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
RUDIO, F.V. Diálogo maiêutico e psicoterapia existencial. São José dos Campos:
Novo Horizonte, 2001.
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