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Novembro de 2014, Número 4, Volume 1
Novembro de 2014, Volume 1, Número 4
www.proceedings.blucher.com.br/evento/2cisep
PSICANÁLISE NO HOSPITAL
Eliane Costa Dias 1
Resumo
Esta comunicação discute o lugar da Psicanálise nas instituições de saúde.
Psicanálise e Medicina partem de concepções de corpo, sintoma e cura
radicalmente diferentes, configurando discursos e praticas clínicas
necessariamente distintas. Mas, justamente por isso, a interlocução é possível
e necessária. Para a maior parte dos sujeitos, a entrada no hospital constitui
um momento de confronto com o real da fragilidade da condição humana e a
angústia mobilizada pode gerar a demanda pela intervenção do analista.
Ao psicanalista cabe a tarefa de “tocar o sujeito no doente”, levando-o a se
implicar com seu sintoma e seu tratamento, da melhor maneira possível.
A autora destaca a importância da construção do caso clínico como via de
transmissão do saber e da eficácia da psicanálise e de contribuição ao trabalho
da equipe multidisciplinar.
1
Psicóloga e psicanalista, mestre em Psicologia Social e Saúde pela PUC/SP, membro da EBP/AMP,
diretora de publicações da CLIPP – Clínica Lacaniana de Atendimento e Pesquisas em Psicanálise, onde
também coordena o núcleo de pesquisas: Psicanálise e Medicina. delreycosta@uol.com.br
Segundo Maria Lívia Moretto (2001), a relação entre Medicina e Psicanálise é
de antinomia radical na medida em que remetem a discursos distintos e
práticas clínicas necessariamente distintas. Mas, justamente por isso, a
interlocução é possível e necessária.
Quando o doente é enviado ao médico ou quando o aborda, não digam que ele
espera pura e simplesmente a cura. Ele põe o médico à prova de tirá-lo de sua
condição de doente, o que é totalmente diferente, pois isto pode implicar que
ele está totalmente preso à ideia de conservá-la. Ele vem às vezes nos pedir
para autenticá-lo como doente. (Lacan, 1966 [2001], p. 10)
2. A TRANSMISSÂO DA PSICANÁLISE
Um exercício acadêmico.
Uma anamnese.
PSYCHOANALYSIS AT HOSPITAL
Abstract
This text discusses the role Psychoanalysis plays at health institutions.
Psychoanalysis and Medicine are based on radically different concepts
concerning the body, symptoms and cure, thus their discourse and clinical
practices are necessarily distinct. Due to this, however, both understand
interlocution is possible and necessary. Facing hospitalization, for most
subjects, constitutes a confrontation with the real of the fragility inherent to the
human condition, so the eruption of anguish may generate a demand for the
analyst’s intervention.
It is the psychoanalyst’s job to “touch the subject in the patient”, in order to lead
him to get involved in his symptom and treatment the best possible way.
The author highlights the importance of constructing the clinical case as a way
to transmit the knowledge and efficacy of psychoanalysis to contribute with the
multi-disciplinary team work.
Referências
FREUD, S. Linhas de progresso na terapia psicanalítica (1919 [1918]).
ESB, vol. XVII. Rio de janeiro: Imago, 1980.
FREUD, S. O Ego e o Id [1923]. ESB, vol. XIX. Rio de janeiro: Imago, 1980.
Valdir Cimino
Mestre em Ciências da Saúde pela
Faculdade de Ciências Médicas
da Santa Casa de São Paulo
Professor na Faculdade de Comunicação
da Fundação Armando Alvares Penteado
Resumo
Desde que o mundo é mundo a mulher tem sofrido o estigma de Pandora e Eva, a primeira
criada por Zeus com atributos provenientes de diversos deuses da mitologia grega como a
beleza infinita vinda de Vênus, a língua de Mercúrio, a voz macia veio de Apolo e Atena que
lhe ofertou um belíssimo vestido que permitia perceber as formas suaves do corpo. Toda esta
sensualidade nasceu com o intuito de castigar Prometeu, defensor da humanidade. O presente
entregue por Zeus era uma caixa onde foram colocados todos os males da humanidade, como
o orgulho, a ambição, a crueldade, a traição, as doenças, as pestes, ou seja, a desgraça
humana. Prometeu tinha ciência de que não poderia receber nenhum presente, então Pandora
encantou Epimeteu, irmão de Prometeu, que se apaixonou perdidamente e abriu a tal caixa, a
partir daí a raça humana perdeu a felicidade de viver no eterno paraíso. Esta mesma
desesperança encontramos na história de Eva, que, tentada pela serpente (desejo), come e
depois oferece a Adão o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, proibido por
Deus. Ambos são banidos do paraíso e, mais uma vez, a culpa de todos os problemas da
humanidade passa a recair sobre a mulher. A história do mundo é exatamente a evolução das
crendices e das religiões vivenciadas pelo homem, em ambos os casos a ignorância e o
preconceito contra a mulher foram promovidos por divindades masculinas. E em um mundo
em profunda transformação vale refletir sobre a visão de (Galeano, Eduardo, 1999)
“Dia a dia nega-se às crianças o direito de ser crianças. Os fatos, que zombam desse
direito, ostentam seus ensinamentos na vida cotidiana. O mundo trata os meninos
ricos como se fossem dinheiro, para que se acostumem a atuar como o dinheiro atua.
O mundo trata os meninos pobres como se fossem lixo, para que se transformem em
lixo. E os do meio, os que não são ricos nem pobres, conserva-os atados à mesa do
televisor, para que aceitem desde cedo como destino, a vida prisioneira. Muita magia
e muita sorte têm as crianças que conseguem ser crianças.
English Title
Contemporary violence and childhood: humanization in response
Abstract:
The contemporary world, dynamic, speedy and overly competitive, makes us reflect on the
amount of irrelevant information is transmitted to the children. Pass the childhood posted in
front of the media like television or the internet, this only. The lack of adult time, patience and
tolerance dehumanize relations and the construction of values. And is in the field of health
that reflects how much children can teach parents and caregivers, health professionals and
volunteers to be human.
Cimino, Valdir; A saúde está na fila de espera da UTI . Revista Marketing. Editora
Referência, 2011
http://www.vivaedeixeviver.org.br/valdir/colunas_pdf/2011/ComSusten_Outubro.pdf (
acessado 20.09.2014)
Cimino, Valdir; Eva e Pandora, as culpadas das desgraças do mundo?. Revista Marketing.
Editora Referência, 2012
http://www.revistamarketing.com.br/materia.aspx?m=860 ( acessado 20.09.2014)
Cimino, Valdir; Inovar: política social e desenvolvimento na educação e saúde, Revista
Marketing. Editora Referência, 2013
http://www.vivaedeixeviver.org.br/images/stories/imagens/noticias/Revista_mkt/Cimino.pdf (
acessado 20.09.2014)
GALEANO, Eduardo. De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso. Rio de Janeiro:
LP&M, 1999
Blucher Medical Blucher Medical Proceedings
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Novembro de 2014, Número 4, Volume 1
Novembro de 2014, Volume 1, Número 4
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Palavras-chave:
Psicologia hospitalar, Psicanálise, Saúde infantil.
Hospital Psychology, Psychoanalysis, Child health.
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Silva, Gláucia Faria. “Implantação e alcance do Serviço de Psicologia Hospitalar: um caso”, in
Anais do 2º. Congresso Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
O adoecimento da infância
1
Psicanalista. Coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital Infantil Sabará. Membro do
Laboratório de Psicanálise, Saúde e Instituição da USP. Mestre e Doutora em Psicologia Social pelo
Instituto de Psicologia - USP. Editora assistente e membro da comissão editorial da Revista Brasileira de
Psicologia Hospitalar.
escassez. Estes olhares sobre a infância objetificam a criança, inoculando o nascimento
do sujeito com a lógica diagnóstica de observação, controle e intervenção.
O caso de TEZ
Historial clínico
Tez, uma menininha de quase 3 anos, sem diagnóstico médico fechado, não
comia nada. A hipótese psicanalítica é que se tratava de caso de melancolia materna,
onde a montagem da angústia envolvia a relação simbiótica entre mãe e filha. A partir
desta hipótese, nosso foco foi forjar um lugar para o qual mãe e filha pudessem retornar
ou apenas ocupar.
Tez foi parando de comer aos 6 meses de idade. Em julho/2013, com 2 anos e 6
meses, oscilava por volta dos 4 quilos. Apesar da gravidade da desnutrição e das
consequências visíveis do desenvolvimento neuropsicomotor, Tez se comunicava com
certa eficiência. Falava quatro ou cinco palavras (mãe era uma delas) e compreendia
tudo o que lhe era dito. Para indicar suas vontades, meneava a cabeça positiva ou
negativamente e apontava com o indicador imperativamente.
A Psicologia foi acionada quando uma faxineira viu a mãe bater na criança.
Neste período, a criança fazia um apelo incessante: dizia “mãe” o dia inteiro, em um
tom de agudo sofrimento, sem nada que a acalmasse. A mãe entrava em desespero.
Apontava para cada detalhe do quarto e perguntava à filha: quer água? Quer o copo?
Quer que eu levante? Sente? Apague a luz? Assim, ao apelo a mãe respondia com uma
interminável sucessão de perguntas concretas que as extenuava e lançava em um
crescente estado de desamparo e impotência. A criança, por sua vez, gritava e enroscava
os dedos nos cabelos, arrancando chumaços. Se a mãe saía ela berrava, se ficava, ela
gritava. Durante os poucos momentos em que conseguimos conversar, a mãe contou
que não conseguia cortar os cabelos da criança. Tudo o que queriam era sair do hospital.
Uma estenose esofágica impediu a cirurgia de gastrostomia e elas voltaram para casa,
sem responder a nenhum dos encaminhamentos feitos na ocasião.
Nesta época, Tez estava com cabelos curtos, seguia exigente e imperativa,
ordenando com os dedinhos em riste que a mãe dormisse grudada à cama para que ela
pudesse segurar seus cabelos. Cabelos que a mãe fez questão de arrumar no cabeleireiro
antes de vir ao hospital...
De nós, equipe, a dupla não queria nada: só distância. A mãe era monossilábica e
Tez se incomodava não apenas com a presença, na verdade nada entrava entre mãe e
filha. Não podíamos olhar para ela. Ela chorava a qualquer mínima intervenção e a mãe
pedia que saíssemos do quarto, todos – médicos, enfermeiros, voluntários, músicos,
contadores de história, psicóloga.
Frente à impotência, uma repetição: se é verdade que nada entrava entre mãe e
filha, um objeto fazia a função de ponte: os cabelos!
Este foi o único elemento capaz de desdobramentos que nos restou. Pois bem, na
mudança desta chave, construiu-se nossa aposta nos cabelos e nós também nos
agarramos a ele!
O Olho de Deus
Esta aposta foi disseminada inicialmente por e-mail para gerentes e equipes de
humanização. As equipes médica e de enfermagem, a princípio desconfiadas, logo
perceberam a movimentação. Estavam envolvidos por volta de 30 profissionais entre
músicos, voluntários, contadores de histórias e depois enfermeiros e médicos.
Trabalhamos por 40 dias. O que fizemos? Havia uma prescrição para que todos os
grupos de humanização entrassem com a maior frequência possível, porém sem pedir
licença, sem olhar para Tez, levando qualquer produto cultural prazeroso, delicado e
que estivesse ligado a cabelos, fio, tecer, rede...
Ao cabo de duas semanas, Tez suportava meia hora de música, olhava para
quem entrava, antecipava, esperava pelos músicos quando os ouvia ao longe.
Diversificamos seus brinquedos. Sem retirar as bolachas, oferecemos conchinhas para o
infinito enigma dentro/fora. Com a equipe, a postura imperativa já não ‘colava’. A avó
aproveitava, conversava – até que algo aconteceu quando duas educadoras a ensinaram
a tecer o Olho de Deus. O Olho de Deus é uma mandala tecida com lã multicolorida em
torno de quatro hastes de madeira.
Bibliografia
BORGNIS-DESBORDES, Emmanuelle. Anotações da aula. Universidade Rennes II,
Rennes, França. Primeiro semestre de 2011.
Resumo
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Di Lione, Fernanda Rizzo; Vianna, Fernanda de Camargo. “A Psicologia Hospitalar: do corpo à
narratividade: Fenomenologia no Hospital”, in Anais do 2º. Congresso Internacional Sabará de
Especialidades Pediátricas
Referências
1
Mestre em Health Psychology pela City University, Londres, Inglaterra, 1998.
e-mail: fernanda.dilione@gmail.com
2
Mestre em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2006.
email:fecavianna@gmail.com
ALVES, R. O retorno e o terno. Campinas: Papirus, 1992.
______. Ostra feliz não faz pérola. São Paulo: Ed. Planeta, 2008.
BOSS, M. Angústia culpa e libertação. São Paulo. Livraria Duas Cidades, 1988.
POMPÉIA, J.A.; Sapienza BT. Os dois nascimentos do homem: escritos sobre terapia e
educação na era da técnica. Rio de Janeiro: Via Verita Editora, 2011.
Summary
Tempo da Infância:
cuidado e violência
Resumo
Nesta comunicação apresento diferenças subjetivas entre a experiência do tempo no adulto
e na criança. A infância não é apenas um tempo de vida que possuiria exigências e limites
próprios, mas também que se constitui como uma maneira singular de colocar-se no tempo,
seja no sentido da duração, seja no sentido da subjetivação de acontecimentos e
significações. Disso decorre a hipótese de que o tempo deve ser pensado como um
operador clínico incontornável no manejo de intervenções com a criança, particularmente
em situação hospitalar ou de adoecimento. A criança em tratamento precisa conjugar sua
própria modulação do tempo necessário para intuir, compreender e concluir, os aspectos
implicados em sua condição articulando se assim ao tempo da urgência, da emergência ou
da convalescência, que determina a lógica institucional da cura. No escopo deste confronto
de temporalidades as mesmas ações, consideradas segundo a perspectiva procedimental,
podem implicar efetiva experiência de cuidado ou efeitos iatrogênicos de violência. Para
ilustrar e conceituar esta proposição retomaremos as práticas helenísticas do cuidado de si,
comparando-as com a posição da criança nas sociedades ocidentais no momento da
aparição da “infância” (século XVIII) e em nosso contexto contemporâneo de aceleração do
tempo e de disseminação do estado de urgência.
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Dunker, Christian Ingo Lenz. “Tempo da Infância: cuidado e violência”, in Anais do 2º. Congresso
Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
1
Psicanalista e Professor Titular do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da
USP. Pós Doutorado pelo Manchester Metropolitan University e Livre Docência pela USP, autor de
“Estrutura e Constituição da Clínica Psicanalítica” (Annablume, prêmio Jabuti 2012). Coordenador do
Laboratório de Teoria Social, Filosofia e psicanálise da USP, Analista Membro de Escola (A.M.E.) do
Fórum do Campo Lacaniano.
Tempo da Infância: cuidado e violência
a. Aeon: tempo cíclico, circular e criativo, mas também o tempo do mito, das origens
imemoriais, dos ancestrais.
d. ... e o apocalipse cristão: o tempo que tem um início, logo terá um fim. O tempo da
descoberta ou da revelação que retrospectivamente cria o início. De certa forma esta
quarta forma de tempo já estava prenunciada pela serpente Anankê (Inevitabilidade,
Necessidade) que envolve Cronos.
Estas três mais uma forma de tempo ilustram bem o percurso que a criança faz em sua
experiência do tempo, primeiro a alternância, depois o encontro, envolvendo a segmentação
de durações, escansões ou intervalos, em seguida o tempo da palavra, com suas histórias
épicas e repetições integrado aos parênteses e elipses, culminando neste tempo inesperado
de descoberta da finitude.
Cabeça de Cronos
b. A criança destituída de sujeito: é aquela que está subordinada aos cuidados do Outro,
adulto. A ela não se pede anuência, não se negocia prazos, não se concede nada além de
obedecer ao que o adulto quer e precisa. Tudo isso “em nome do seu próprio bem”. A
violência que recai sobre ela é o furto de sua palavra, a substituição do tempo no qual ela
poderia se manifestar, ainda que como resistência e indocilidade.
c. A criança operativa: é aquela que deve produzir, performar, mesmo que seja por
conformar-se à adequação esperada para o momento. Ela deve estar sempre concluindo,
brilhando aos olhos dos cuidadores para melhor confirmar sua excelência nesta prática do
cuidado.
Referências
ARIÉS, P. (1973) História Social da Família e da Infância. Rio de Janeiro, Guanabara, 1978
DUNKER, Christian Ingo Lenz Dunker. Estrutura e Constituição da Clínica Psicanalítica. São
Paulo, Annablume, 2012 (Coleção Ato Psicanalítico).
LACAN, J. (1945) O tempo lógico e a asserção da certeza antecipada: um novo sofisma. In
Escritos, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1998, p. 197-214.
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Novembro de 2014, Número 4, Volume 1
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Número 4
Resumo
Mesmo com um grande investimento de tempo e recursos por parte da equipe do Centro de Pesquisa e
do patrocinador do estudo, estima-se que de 50% a 63% dos estudos não atingem a meta de
recrutamento ou exigem uma extensão do prazo para atingí-la. Um baixo recrutamento de
participantes pode levar a aumento de custos, diminuição do poder estatístico e atrasos na introdução
de novos medicamentos, o que mostra a importância da adequada elaboração das estratégias de
recrutamento, cujos aspectos práticos são apresentados nesta aula. As estratégias não devem ser
planejadas apenas com o iminente início do estudo, mas sim durante todas as etapas que envolvem o
acompanhamento do estudo no Centro de Pesquisa: etapa de avaliação da viabilidade, etapa de
negociação contratual e orçamentária, etapa regulatória e, finalmente, antes do início do estudo com
uma revisão do que já havia sido planejado e elaboração de Planos de Ação, tudo isso seguido de
monitoramento contínuo durante todo o período de condução do estudo. Os principais desafios a
serem enfrentados estão centrados na integração com os pacientes, com outros Centros de Pesquisa e
integração entre a área técnica e de gestão. Apenas com dedicação e trabalho em equipe integrando
todos os envolvidos é que se poderá atingir o sucesso do recrutamento e, consequentemente, contribuir
para o sucesso do estudo.
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Velleca, Mariana Salles La Terza. “Estratégias de Recrutamento de Participantes para Pesquisa
Clínica: aspectos importantes e desafios”, in Anais do 2º. Congresso Internacional Sabará de
Especialidades Pediátricas
1. Introdução
Estima-se que aproximadamente um terço do tempo de condução dos estudos clínicos é
dedicado ao recrutamento de participantes de pesquisa [8]. Uma pesquisa realizada em 2013 por uma
consultoria americana de pesquisa clínica mostrou que, em média, laboratórios farmacêuticos alocam
até 15% do orçamento total dos estudos em recursos para recrutamento de participantes, dependendo
da fase de desenvolvimento do medicamento [5]. Mesmo com todo este investimento, a proporção de
estudos que não atingem as metas de recrutamento ou que requerem um tempo estendido de
recrutamento varia de 50% a 63% [2].
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1
Coordenadora de Pesquisa na Fundação José Luiz Egydio Setúbal. Farmacêutica graduada pela Faculdade
Oswaldo Cruz, especialista em Pesquisa Clínica pela FCMSCSP e especializanda em Gestão de Projetos pelo
Insper. e-mail: laterza.mariana@gmail.com
Busca no Pré-Atendimento
A primeira estratégia planejada neste caso foi a Busca Ativa de participantes, e esta foi
implantada através das seguintes ações:
Revisão dos prontuários médicos de pacientes identificados como potencialmente
elegíveis de acordo com os critérios de inclusão e exclusão definidos pelo protocolo do
estudo;
Acompanhamento das consultas de Pré-Atendimento (triagem) realizadas pela
enfermagem a fim de identificar pacientes potencialmente elegíveis e sinalizar aos
médicos para que confirmassem a eligibilidade;
Exposição de cartazes de divulgação sobre o estudo no Pronto-Socorro;
Encaminhamento médico;
Parceria com outros serviços de saúde localizados nas proximidades da instituição, para
encaminhamento de pacientes potencialmente elegíveis.
Ao longo do período de recrutamento percebeu-se que os profissionais médicos e de
enfermagem que não faziam parte da equipe do estudo, os quais eram essenciais para a identificação e
encaminhamento de pacientes, não estavam devidamente motivados a contribuir para o recrutamento,
uma vez que eles não se “sentiam parte” do estudo. Sendo assim, a segunda estratégia elaborada neste
caso focava no engajamento profissional, não só dos membros da equipe do estudo, mas de todos os
profisionais direta ou indiretamente envolvidos no recrutamento. Ações realizadas dentro desta
estratégia:
Conversa diária com os profissionais, por telefone ou presencialmente, para recordá-los
sobre a condução do estudo e esclarecer eventuais dúvidas;
Percebeu-se que a Busca Ativa no Pré-Atendimento também contribuía para o
engajamento de profissionais, uma vez que a equipe do Centro de Pesquisa acompanhava
as consultas de triagem junto com a enfermagem e aproveitava o momento para repassar
os critérios do protocolo;
Cartazes de divulgação voltados aos profissionais também foram expostos nas áreas de
Conforto Médico e de Enfermagem;
Foram organizadas sessões de café-da-manhã com treinamentos sobre o protocolo,
mantendo-se o sigilo sobre os dados confidenciais, uma vez que nem todos os
profissionais faziam parte da equipe do estudo;
Semanalmente eram enviados e-mails de lembrete sobre o estudo aos profissionais;
Foi postado na Área de Trabalho dos computadores dos médicos do Pronto-Socorro um
lembrete sobre o estudo.
Como o intuito da aula é apresentar os aspectos práticos na elaboração das estratégias, não
cabe aqui expor os resultados obtidos após a implantação das ações apresentadas acima. Outros
exemplos poderiam ser citados, como a distribuição de folhetos e divulgação nas mídias sociais e
website da instituição, que são ações que podem ser utilizadas dependendo do desenho do estudo e
da população-alvo. Vale ressaltar que no caso de materiais de recrutamento que envolvam
comunicação com os pacientes e familiares (folhetos, cartazes, texto para divulgação online,etc),
estes devem ser previamente aprovados pelo CEP [4, 7].
5. Principais desafios
Pela experiência vivenciada em Centros de Pesquisa, pode-se afirmar que os principais
desafios a serem enfrentados como forma de melhorar as possibilidades de recrutamento estão
centrados na integração: integração com os pacientes, com outros Centros de Pesquisa e integração
entre a área técnica e a de gestão.
Em relação à integração com os pacientes e familiares, a falta de conhecimento sobre o tema
ainda é um empecilho importante, pois não está claro para a população em geral que a realização de
estudos clínicos adequadamente conduzidos é essencial para o desenvolvimento e introdução de novos
medicamentos, mais eficazes e/ou seguros que os já disponíveis [4]. Além disso, o acesso a
informações detalhadas sobre os estudos em andamento e os resultados dos já finalizados pode ser
difícil e complicado [8].
Outro grande desafio é a criação de redes de pesquisa clínica que fomentem o trabalho
integrado entre os Centos de Pesquisa, como exemplo dos EUA , onde existem algumas redes focadas
em doenças ou condições específicas. Levando em conta que a população pediátrica é menor e mais
saudável do que a adulta , a criação de redes integrando Centros Pediátricos espalhados pelo país
poderia contribuir para o recrutamento de participantes, pois aumentaria as chances de alcançar a
população-alvo do estudo [8].
A integração da área técnica com a área de gestão é outro desafio a ser enfrentado pois, na
maioria das vezes os funcionários dos Centros de Pesquisa, que são especializados em suas áreas de
formação e Boas Práticas Clínicas, não dominam conceitos de marketing, por exemplo, que poderiam
contribuir para a elaboração de campanhas de divulgação sobre o estudo. Outro exemplo é a falta de
conhecimentos financeiros e de gestão para a adequada negociação com o patrocinador do estudo de
recursos para recrutamento, correndo o risco de os custos envolvidos serem subestimados. A interface
com outros setores da instituição que possam contribuir para a gestão dos estudos clínicos,
principalmente no que diz respeito ao recrutamento de participantes, deve ser incentivada [5,6].
6. Considerações finais
Diante do exposto cabe finalizar ressaltando que o recrutamento de pacientes é, e deve ser, um
esforço mutidisciplinar. Não é papel só dos monitores /patrocinadores ou só da equipe do Centro de
Pesquisa a preocupação com a inclusão de participantes no estudo. Apenas com dedicação e trabalho
em equipe integrando todos os envolvidos é que se poderá atingir o sucesso do recrutamento e,
consequentemente, contribuir para o sucesso do estudo.
Referências
[1] Bavdekar SB. Pediatric Clinical Trials. Perspect Clin Res. 2013 Jan-Mar; 4(1):89-99.
[2] Bhatnagar S, Hoberman A, Kearney DH, et al. Development and Impact of an Intervention to
Boost Recruitment in a Multicenter Pediatric Randomized Clinical Trial. Clinical Pediatrics. 2013 Oct;
53:151.
[4] Dainesi S. Como melhorar o recrutamento de pacientes em estudos clínicos? Rev Assoc Med Bras
2004; 50(3): 229-51.
[5] Evangelista E. Patient Recruitment: The Most Recognized Silent Driver of Clinical Development
Costs. International Pharmaceutical Industry. 2013 vol.5(1).
[6] Jordan S, Morgan G. Recruitment to paediatric trials: a review. Welsh Paed J. 2011; 35:36-40.
[7] Laranjeira L, Barbosa LM, Guimarães HP. Estratégias de recrutamento em pesquisa clínica. Rev
Bras Hipertens. 2008 vol.15(3):170-172.
[8] Tishler CL, Reiss NS. Pediatric Drug-Trial Recruitment: Enticement Without Coercion. Pediatrics.
2011;127;949.
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Número 4
Resumo
Mostramos como foi realizado o planejamento da estruturação de uma fundação sem fins lucrativos
voltada para a saúde infantil e o objetivo de fazer ação social com ensino, educação, e projetos sociais
através de um centro de pesquisa e ensino.
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Setúbal, José Luiz Egydio. “A formação de um instituto de pesquisa como ação filantrópica: Caso da
Fundação JLES”, in Anais do 2º. Congresso Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
1
Mesmas informações
A formação de um instituto de pesquisa como ação filantrópica - Caso da Fundação JLES
Trata-se de um trabalho descritivo sobre a criação de uma Fundação (FJES) que tem como
objetivo fazer a assistência à saúde infantil através do Hospital Infantil Sabará e também é dedicada à
pesquisa clínica; ensino e educação em saúde infantil, voluntariado e projetos sociais através do
Instituto Pensi. Nesta atuação, pretende ser um agente de transformação social em saúde infantil.
A Fundação José Luiz Egydio Setúbal foi criada a partir da ideia de que o Hospital Infantil Sabará,
com 50 anos de existência e referência em pediatria na cidade de São Paulo fosse o gerador de caixa
para que a Fundação realizasse pesquisas, ensino e projetos sociais dentro da dimensão: Saúde Infantil.
O Hospital foi comprado e doado para ser parte da doação na instituição da Fundação, que ocorreum
no final de 2010.
Foi construído um hospital infanto-juvenil, com 110 leitos e para ser a referência em pediatria na
medicina suplementar na cidade de São Paulo. O resultado financeiro deste hospital seria usado
inicialmente para pagar as dívidas de R$100 milhões e depois para alimentar um Fundo Patrimonial
que será responsável para garantir a perenidade da Fundação e de fomentar as pesquisas, a educação e
os projetos sociais, sempre na Saúde Infantil.
Referencias
Resumo
A disfagia orofaríngea, apesar de frequente nas unidades de terapia intensiva dos hospitais pediátricos,
comumente gera dúvidas quanto às condutas mais adequadas para cada caso. Nesta aula apresentamos
casos clínicos para ilustrar as condutas cirúrgicas mais utilizadas no manuseio destes pacientes, suas
indicações, benefícios, limitações e complicações. Este conhecimento permite ao pediatra ponderar as
alternativas de tratamento para melhora do estado nutricional e pulmonar de crianças com disfagia
orofaríngea grave.
___________________________________________________________________
Imamura, Rui. “Disfagia orofaríngea na criança: Condutas cirúrgicas”, in Anais do 2º. Congresso
Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
1
Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Email:
imamurar@terra.com.br
1. Introdução
Através da discussão de casos clínicos, apresentamos as principais condutas cirúrgicas para tratamento
de crianças com disfagia orofaríngea. Infelizmente, o nível de evidência cientifica disponível quanto à
eficácia dos diversos tratamentos é baixo (Foley et al., 2008). Assim, a definição da conduta deve ser
modelada para cada paciente, após ponderação dos potenciais benefícios, das limitações e riscos de
cada procedimento e respeitando-se os desejos de pacientes e familiares.
Figura 4: Separação laringotraqueal. O coto proximal da traqueia está suturado em fundo cego. A traqueia distal
é suturada à pele, constituindo o traqueostoma.
English Title
Oropharyngeal dysphagia in children: Surgical treatment
Abstract:
Oropharyngeal dysphagia, although common in intensive care units in pediatric hospitals,
commonly raises doubts as to the most appropriate approaches for each case. In this
lecture, we present clinical cases to illustrate the surgical procedures most commonly used in
these patients, their indications, benefits, limitations and complications. This knowledge
allows the pediatrician to consider alternative treatments to improve the nutritional and
pulmonary status of children with severe oropharyngeal dysphagia.
Keywords:
Oropharyngeal dysphagia; aspiration pneumonia; surgical treatment
Referencias
GERBER ME, GAUGLER MD, MYER CM 3rd, COTTON RT. Chronic aspiration in children.
When are bilateral submandibular gland excision and parotid duct ligation
indicated? Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 1996 Dec;122(12):1368-71. PubMed
PMID: 8956752.
KLEM C, MAIR EA. Four-duct ligation: a simple and effective treatment for
chronic aspiration from sialorrhea. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 1999
Jul;125(7):796-800. PubMed PMID: 10406320.
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Resumo
O trabalho trata a descrição do caso clínico de uma criança, fruto de gestação gemelar e com histórico
de prematuridade e baixo peso extremos, que ao longo da sua evolução desenvolveu um quadro de
enterocolite necrotizante. Todos esses fatores, aliados à morte de seu irmão gêmeo, culminaram em
um quadro de distúrbio alimentar, principal causa da demanda fonoaudiológica. Ao longo dos
atendimentos realizados à beira do leito hospitalar, evidenciou-se que a causa da recusa alimentar
ultrapassava os limites de natureza puramente orgânica.
___________________________________________________________________
Madureira, Denise L. “A cada ausência tua eu vou te amar”, in Anais do 2º. Congresso Internacional
Sabará de Especialidades Pediátricas
O trabalho expõe o relato do atendimento fonoaudiológico realizado com uma criança com histórico
de internação prolongada devido a nascimento prematuro e baixo peso extremos. A criança foi
atendida no leito da Unidade de Terapia Intensiva de um hospital da cidade de São Paulo por um
período de quatro meses, com o principal objetivo de introduzir a alimentação. Devido a incontáveis
intercorrências que ocorreram ao longo de sua permanência no hospital, a criança desenvolveu um
quadro grave de distúrbio alimentar. Para a análise do presente estudo, buscou-se a teoria psicanalítica
como embasamento da compreensão da constituição do sujeito.
O trabalho fonoaudiológico hospitalar com enfoque na alimentação trabalha diretamente com
as funções orais da criança. No entanto, a medida de eficácia da intervenção fonoaudiológica não pode
ser avaliada somente por meio do estímulo mecânico para aumentar o desempenho das funções orais.
Torna-se fundamental que ao realizá-lo, o profissional tenha a consciência da importância do lugar da
pulsão oral para a constituição psíquica e o lugar privilegiado da boca como zona erógena.
(SALES, L.)
Um outro ponto que merece ser lembrado é que na vida de uma criança com um período de
internação prolongado e com uso de via alternativa de alimentação, ocorre o impedimento da vivência
da boca como fonte de contato com o outro e como fonte de prazer capaz de saciar a sua fome.
O atendimento fonoaudiológico desta criança expôs de forma clara que existe um limite de
abrangência terapêutica, que ultrapassa o arsenal dos aparatos técnicos e da disponibilidade do
terapeuta. Neste caso, os limites foram revelados pela própria criança, cuja recusa em se alimentar não
encontrava justificativa dentro do seu exame físico e nem dentro de sua capacidade neuro- anatomo-
funcional, cujas possibilidades eram indiscutíveis. O desfecho foi então ditado pela sua morte
inesperada, causada por uma parada cardíaca irreversível.
O estudo do presente caso ilustra a necessidade de ampliar a visão do terapeuta quando se
depara com pacientes cuja demanda pode ultrapassar o contrato a priori estabelecido.
“...ao fechar a boca enquanto puro orifício real de alimentação, o bebê tenta convocar o outro em sua
dimensão libidinal(..) Inevitavelmente isto angustia demais o Outro materno, pois o desconserta no
intuito de “cumprir suas obrigações...”( SALES, L).
English Title
The paper treats the case description of a child, the result of twin pregnancy with a
history of extreme prematurity and low weight, which throughout its evolution has
developed necrotizing enterocolitis. All these factors combined with the death of his
twin brother, culminated in complications and development of food disorder, major
cause of this demand. During the care provided at the bedside, it was revealed that
the cause of food refusal was multifactorial.
Referencias
(1)
Fonoaudióloga. Mestre em Fonoaudiologia. Coordenadora do setor de
Fonoaudiologia do Hospital Infantil Sabará.
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Resumo
Introdução: Mycoplasma pneumoniae (Mp) é uma causa comum de pneumonia adquirida na
comunidade, relatada em 10 a 40% dos casos especialmente na idade escolar e adultos jovens.
Mycoplasma pneumoniae (Mp), atinge o trato respiratório superior e inferior, com uma variedade de
manifestações pulmonares e extra pulmonares. Afeta crianças de todas as faixas etárias, mas as
manifestações clínicas variam de acôrdo com a idade, desde infecções assintómaticas a pneumonias
fatais. Objetivos: Descrever as principais manifestações clínicas, laboratoriais e aspectos radiológicos
da pneumonia por Mp em crianças internadas no Hospital Sabara no periodo de julho a
dezembro/2013. Material e Métodos: Levantamento retrospectivo de prontuarios com dados clínicos e
laboratoriais e radiografias de torax dos pacientes internados com diagnóstico de pneumonia por
Mycoplasma pneumoniae confirmado através de metodo sorologico (ELISA). Os raio x de torax foram
avaliados separadamente por 2 radiologistas( especialista em radiologia pediátrica e radiologia
torácica). As alterações do parênquima pulmonar foram classificadas em três grupos: 1) Espessamento
intersticial peribroncovascular 2) opacidade/ consolidação 3) associação entre os dois padrões.
Metodologia estatística As características demográficas e clínicas foram analisadas descritivamente.
Para as variáveis de natureza categórica foram apresentadas frequências absolutas e relativas e para as
variáveis de natureza numérica calculadas média, desvio padrão, quartis, mínimo e máximo. O
software estatístico utilizado para as análises foi o SPSS 20.0. Resultados: Foram analisados os dados
de 29 pacientes, com sorologia IGM positivo para mycoplasma pneumoniae, dos quais 17 (58,6%)
eram do sexo feminino. A média da idade dos pacientes foi de 6,6 anos (DP= 3,4 anos), sendo
observada uma idade mínima de 2 anos e máxima de 16 anos. A mediana das idades foi de 6 anos. Na
admissão hospitalar todos os pacientes deste estudo apresentaram tosse e 79,3% tiveram febre. A
media da duração da tosse foi de 7,0 (DP=5,9) dias e 4,3 dias de febre (DP=3,5). Os sintomas
associados na admissão estiveram presentes em 62%, tais como coriza, cefaleia, vomitos, dor
abdominal e urticária. Mais de 50% tinham historia de uso previo de antibiótico. Em média, os
pacientes permaneceram 6,2 dias (DP= 3,4 dias) de internação. O hemograma inicial demonstrou uma
media da hemoglobina de 12,5g (DP=1,2) e leucocitos 12.093,1(DP=5269,0) com predomínio de
neutrofilia. Na analise radiológica 51,7% dos pacientes apresentaram infiltrado intersticial e
opacidades/consolidação simultaneamente, somente opacidade/consolidação em 31% , infiltrado
intersticial em 17,2% e derrame pleural em 13.8%. Nota-se que no total foram observadas 82,8% de
casos com opacidades/consolidação. Com relação à distribuição verificou-se que 58,6% tiveram
alteração bilateral e 31,0%, focal. conclusão: A faixa predominante foi em escolares. Os sintomas
mais importantes foram febre e tosse prolongada. O hemograma em geral não foi infeccioso. O
achado radiológico mais comum foi opacidade e consolidação e diferente dos demais trabalhos o
acometimento radiológico foi bilateral. Necessitamos de mais estudos para avaliar a pneumonia por
Mp em crianças menores de 5 anos. A frequencia da pneumonia por Mycoplasma pneumoniae é ainda
subestimada na pratica clínica por causa da falta de um quadro clínico especifico e o exame
diagnóstico que necessita de um método sorológico ou reação em cadeia polimerase (PCR) nem
sempre disponíveis nos serviços de saude em nosso meio.
___________________________________________________________________
Chiba SM, Gomes, CET, Sawamura MVY, Almeida LR, Suzuki L, Ionemoto HF. “Característica clínicas e
radiológicas de pacientes com pneumonia por Mycoplasma pneumoniae internados no Hospital
Infantil Sabará”, in Anais do 2º. Congresso Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
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Resumo
O artigo tem o objetivo de recordar as diversas causas de obstrução nasal na faixa etária pediátrica.
___________________________________________________________________
Weber, Raimar. “Causas de Obstrução Nasal na Infância”, in Anais do 2º. Congresso Internacional
Sabará de Especialidades Pediátricas
1
Médico Otorrinolaringologista do Hospital Infantil Sabará. Doutor em Otorrinolaringologia pela
Faculdade de Medicina da USP. E-mail: raimar@doctor.com
1. Introdução
A respiração bucal na criança não deve ser considerada uma alternativa fisiológica, e sim uma
condição patológica. As diversas consequências da respiração bucal na infância - alterações
craniofaciais, de oclusão dentária, nutricionais, cardiopulmonares, além de distúrbios do sono,
desempenho escolar e de qualidade de vida - serão abordadas em capítulo à parte. O presente artigo
tem o objetivo de revisar as causas de obstrução nasal na infância.
5. Conclusões
Diversas são as causas de obstrução nasal no paciente pediátrico. O não especialista pode e deve saber manejar
rinites e sinusites. A persistência de obstrução e outros sintomas nasais apesar de tratamento clínico adequado
demanda a avaliação pelo especialista otorrinolaringologista
A endoscopia nasal é exame importante para o diagnóstico da(s) causa(s) de obstrução nasal, podendo ser
realizado em consultório sob anestesia tópica.
Lembrar que, na maioria dos casos, há mais de uma causa de obstrução nasal presente.
RESUMO
A obesidade na infância e adolescência tornou-se um grave problema de saúde pública. Doenças
típicas do adulto relacionadas à obesidade, tais como diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemia, são
cada vez mais prevalentes na população jovem, diminuindo consideravelmente a expectativa de vida.
Desta forma, é preciso abordar o problema mais precocemente, a fim de evitar as graves
consequencias dessas doenças a longo prazo. Neste contexto, a cirurgia bariátrica tem sido tema
frequente no manejo da obesidade em indivíduos mais jovens.
O tratamento cirúrgico da obesidade em adolescentes apresenta riscos e benefícios a serem
considerados e deve-se levar em conta determinadas características psicológicas e emocionais típicas
do adolescente.
Os resultados iniciais da cirurgia bariátrica em adolescentes são promissores, semelhantes aos
observados em adultos, entretanto há necessidade de maior tempo de seguimento para avaliá-los a
longo prazo.
Neste capítulo, os autores discutem a epidemiologia e o impacto da obesidade infantil, as indicações
do tratamento cirúrgico da obesidade, os tipos de procedimentos atualmente realizados e seus
resultados.
INTRODUÇÃO
O presente capítulo visa abordar o tratamento cirúrgico do adolescente obeso mórbido, tema que vem
ganhando popularidade nos últimos anos, principalmente devido ao aumento da prevalência da
obesidade nesta faixa etária.
Para análise do grau de obesidade na infância e na adolescência utiliza-se o gráfico índice de massa
corpórea (IMC) por idade (figura 1). Define-se sobrepeso quando o IMC encontra-se acima do
percentil 85, enquanto que obesidade e obesidade mórbida são definidas quando o IMC encontra-se
acima do percentil 95 e 99, respectivamente. A utilização do gráfico faz-se necessária, uma vez que o
IMC, embora uma boa ferramenta para avaliação antropométrica populacional, quando utilizado
isoladamente, tem menor utilidade na avaliação da criança e do adolescente, pois as variações de peso
e altura são esperadas nesta faixa etária.
EPIDEMIOLOGIA
IMPACTO DA OBESIDADE
Uma das principais preocupações é o impacto que a obesidade na adolescência exerce na vida adulta.
Sabe-se que crianças e adolescentes obesos têm maior chance de serem obesos quando adultos. Além
disso, frequentemente são vítimas de bullying e preconceito, aumentado o risco de depressão e
levando à piora da qualidade de vida.
Além disso, a obesidade na infância acarreta diversas comorbidades (tabela 1) que tendem a agravar
ao longo da vida adulta. Dentre elas, a síndrome da apnéia obstrutiva do sono acomete mais de 50%
dos adolescentes obesos mórbidos. Esteatose hepática, por sua vez, apresenta prevalência em torno de
80%, enquanto que 20% dos adolescentes obesos mórbidos já apresentam esteatohepatite. A
intolerância à glicose, associada a hiperinsulinemia, importante fator de risco cardiovascular entre
adultos, é 3 a 5 vezes mais frequente em adolescentes obesos mórbidos quando comparada em
adolescentes obesos não mórbidos.
O grau de obesidade do adolescente é diretamente proporcional ao número de fatores de risco para
doenças cardiovasculares em adultos (hiperinsulinemia, elevação da pressão arterial sistólica ou
diastólica, hipercolesterolemia com redução dos níveis de HDL e hipertrigliceridemia).
Aproximadamente 11% dos adolescentes obesos mórbidos apresenta 4 ou mais fatores de risco,
enquanto que 84% apresenta pelo menos um fator de risco. 3
TRATAMENTO CLÍNICO
O tratamento clínico da obesidade a base de dieta hipocalórica e estímulo à prática de atividade física
apresenta resposta insatisfatória, semelhante à população adulta. O uso de medicamentos para auxiliar
a redução de peso nesta faixa etária é controverso e não será abordado no presente capítulo.
A baixa eficácia deste tipo de tratamento pode ser comprovada em estudo longitudinal avaliando os
efeitos do tratamento clínico não medicamentoso em adolescentes obesos mórbidos. Observou-se
aumento médio do IMC em 6% após 7 anos de acompanhamento periódico visando estimular a
prática de atividade física e consumo de alimentos hipocalóricos com baixo índice glicêmico. 4
Desta forma, frente à ineficácia do tratamento clínico, a cirurgia bariátrica tornou-se cada vez mais
popular em adolescentes, principalmente após os bons resultados quanto à perda de peso e à resolução
das comorbidades observadas na população adulta. Além disso, os baixos índices de morbidade e
mortalidade, principalmente após o aprimoramento da técnica cirúrgica, contribuíram para o aumento
do número de procedimentos realizados.
Dados da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica mostram que nos últimos anos o
número de procedimentos bariátricos em adolescentes quintuplicou, sendo realizados mais de 4000
procedimentos anualmente em adolescentes.
Os resultados observados em cirurgia bariátrica nos adultos mostram que quanto maior a duração da
obesidade e a gravidade das doenças associadas, menor é a probabilidade de resolução dos mesmos
após a cirurgia. Desta forma, questiona-se atualmente qual o melhor momento para a cirurgia
bariátrica no adolescente.
De acordo com a portaria 424 de 19 de março de 2013 do Ministério da Saúde, a cirurgia bariátrica
poderá ser realizada em adolescentes com idade entre 16 e 18 anos somente após análise cuidadosa do
risco e benefício deste tipo de tratamento, desde que a consolidação das epífises de crescimento
tenham ocorrido. Por outro lado, acredita-se que a cirurgia não deveria ser retardada, especialmente
em adolescentes obesos mórbidos com comorbidades graves, uma vez que ao ser realizada mais
precocemente, diminui o risco de complicações e aumenta a probabilidade de bons resultados,
diminuindo o risco de recidiva e a probabilidade de reoperações por perda de peso insuficiente. 5
CRITÉRIOS DE INDICAÇÃO DE CIRURGIA BARIÁTRICA EM
ADOLESCENTES
Atualmente, os critérios de indicação para cirurgia bariátrica em adolescentes levam em conta o IMC,
à semelhança dos adultos. Assim sendo, a cirurgia é indicada para os pacientes com IMC > 40 kg/m2
ou IMC > 35 kg/m2 quando associado a pelo menos uma comorbidade de difícil controle clínico, tais
como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, apnéia obstrutiva do sono, dentre outras.
Nesta população, é importante destacar a necessidade de atingir a maturidade puberal (estágio IV ou
V de Tanner) e/ou desenvolvimento físico avaliado pela idade óssea (aproximadamente 95% da altura
do indivíduo adulto com idade óssea semelhante). Avaliando esses critérios e considerando a idade do
adolescente, observa-se que a maioria dos adolescentes do sexo masculino acima dos 15 anos e do
sexo feminino acima dos 13 anos, já atingiram esses critérios de desenvolvimento físico/puberal, o
que autorizaria a realização do tratamento cirúrgico em uma população mais jovem do que a
atualmente proposta pela legislação. Tal observação só poderá ser validada após a divulgação de
maior número de dados de estudos randomizados e controlados, atestando a segurança e eficácia da
cirurgia bariátrica em uma população mais jovem.
A capacidade de compreender as mudanças de comportamento e hábitos de vida, visando melhor
resultado a longo prazo é fundamental. Assim sendo, o adolescente deve estar apto a tomar decisões,
compreendendo os riscos e benefícios da cirurgia. Para tanto, deverá contar com o acompanhamento
de uma equipe multidisciplinar. Além disso, o apoio familiar nesta fase é igualmente importante. Nos
casos de doenças psiquiátricas, estas deverão ser tratadas e acompanhadas por psiquiatra, podendo a
cirurgia ser indicada apenas quando estiverem controladas.
O leitor mais atento poderá questionar a esta altura o porquê de um tratamento invasivo, senão
drástico, (muitas vezes definitivo) em uma população tão jovem, alguns com 13 anos conforme
proposto anteriormente.
De pronto, questiona-se os termos invasivo e drástico como adjetivos da cirurgia bariátrica. De forma
alguma os resultados atuais da cirurgia preconizam o uso destes termos. Artigo de revisão publicado
pela Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica em conjunto com outras sociedades de
diversas especialidades, observou que a morbidade da cirurgia bariátrica em adolescentes foi de 2,9%,
enquanto que não ocorreram óbitos nesta população. Estes resultados são muito inferiores aos
observados em outros tipos de cirurgias pediátricas, como por exemplo cirurgias cardíacas, onde a
mortalidade é de 5,4%. 6
TIPOS DE CIRURGIA BARIÁTRICA E RESULTADOS
Desta forma, as principais opções de cirurgia bariátrica em adolescentes são a gastrectomia vertical
(GV) e a gastroplastia em Y Roux (GYR). (Figura 3)
Para efeitos comparativos, a GV, embora apresente resultados comparáveis aos observados após GYR
nos primeiros 2 anos, não possui resultados a longo prazo. Por ser um procedimento relativamente
recente, carece de seguimento por tempo mais longo. Além disso, é um procedimento definitivo, uma
vez que, nesta cirurgia, parte do estômago (fundo e parte do corpo e antro) é ressecada, de forma a
confeccionar um tubo longitudinal a fim de conferir restrição ao procedimento. Sabe-se que existem
mecanismos metabólicos inerentes a este procedimento, embora seus efeitos a longo prazo sejam
questionáveis. De qualquer forma, quando comparada a procedimentos puramente restritivos, como a
banda gástrica, os resultados da GV são superiores, embora sejam inferiores aos observados na GYR.
(Tabela 2)
A GYR apresenta bons resultados com relação à perda de peso e resolução das comorbidades,
implicando em redução da mortalidade, principalmente quando avaliadas complicações referentes ao
diabetes tipo 2. Neste caso, observa-se redução de 92% na mortalidade relacionada ao diabetes na
população adulta submetida a GYR. 9
Resultados semelhantes na população adolescente foram observados após GYR conforme relatado por
Olber e cols. Em seguimento de dois anos em 100% dos pacientes, os autores reportaram redução de
32% do IMC (76% do excesso), resultado semelhante ao observado na população adulta (redução de
31% do IMC) e superior ao tratamento clínico (dieta hipocalórica e prática de atividade física), em
que se observou ganho 3% do peso em adolescentes. Além disso, houve melhora significativa de
conhecidos fatores de risco cardiovascular, tais como níveis de insulina e proteína c-reativa. 10
CONCLUSÕES
A obesidade infantil vem aumentanto progressivamente, atingindo uma população cada vez mais
jovem. Consequentemente, comorbidades típicas de adultos vem sendo observadas em adolescentes
com uma frequencia cada vez maior, o que pode, a longo prazo, trazer graves complicações.
É neste cenário que a cirurgia bariátrica consolida-se como alternativa eficaz quando medidas clínicas
falham. Soma-se ao fato de ser extremamente segura, com baixo índice complicações e elevado indice
de sucesso, semelhante aos observados em adultos, podendo adicionar anos de vida com qualidade.
Figura 1 – IMC x idade para o sexo feminino (idade 2 a 20 anos). Os percentis para
sobrepeso, obesidade e obesidade mórbida (85, 95 e 99, respectivamente)
encontram-se destacados.
Figura 2 – Análise da prevalência da obesidade em crianças e adolescentes no
Brasil entre os anos de 1989 e 2009 (Fonte: IBGE)
Tabela 1 – Co-morbidades associadas à obesidade em adolescentes
Pulmonar Asma
Renal Glomeruloesclerose
Proteinúria
Gastrointestinal Paniculite
Esteatohepatite
Fibrose hepatica
Colelitíase
Doença de Blount
Pé chato
Dislipidemia
Inflamação crônica
Disfunção do endotélio
Hipogonadismo (meninos)
Figura 3. Tipos de cirurgia bariátrica em adolescentes. Extraído de Hinge et al.
JAMA Pediatrics online, 2003.
Tabela 2 – Resultados da cirurgia bariátrica em adolescentes. Adaptado de Black et
al. Obesity 2013 8
ajustável
ABSTRACT
Pediatric obesity has become a serious problem in public health. Obesity
related diseases commonly observed in adults, such as diabetes,
hypertension and dyslipidemia, have become increasingly prevalent in
teenagers and will have a significantly decrease in life expectancy.
Such problem prompts immediate action, such as surgical treatment for
obesity at an earlier stage in life in order to avoid adverse outcomes in
the long-term. Bariatric surgery in adolescents has its particular risks
and benefits that must be accounted for, especially when dealing with
unique psychological and emotional needs of the adolescent.
Initial outcomes of bariatric surgery in adolescents are promising and
available data show they are comparable to those seen in adults.
However, long-term data are still needed.
In this chapter, the authors discuss the epidemiology and burden of
childhood obesity, indications for bariatric surgery in adolescents, types
of procedures that are currently being performed and reported
outcomes.
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Número 4
Resumo
Conceito: ação ou omissão do adulto cuidador que resulta em dano físico, emocional,
intelectual ou social da criança ou adolescente (Código Penal Brasileiro). É de notificação obrigatória
segundo o Código Penal Brasileiro, de 1940. Reforçado Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) 1990 e pelos profissionais de saúde desde 2001 sob pena de multa (Código Penal Brasileiro).
Supõe-se que a incidência de maus tratos envolve até 1,5% de todas as crianças, causando
duas mil mortes por ano nos EUA.
As crianças agredidas possuem um perfil característico de prematuridade e adoção. São
geralmente não desejadas ou não planejadas, sexo diferente das expectativas ou portadores de doenças.
Já os agressores são solitários ou infelizes, vivem em desagregação familiar; foram, no
passado, espancados quando crianças. Ainda sofrem de crises financeiras ou conjugais (PFEIFFER,
2004).
Diagnóstico: é baseado na história fornecida pelos responsáveis, comportamento dos pais e da
criança e as diversas manifestações clínicas. Caracteristicamente são lesões não compatíveis com a
idade ou desenvolvimento psicomotor, lesões que não se justificam pelo acidente relatado, lesões em
várias partes do corpo ou bilaterais, ainda que envolvam áreas normalmente cobertas. Estágios
diferentes de cicatrização (LABBÉ, 2001), indicando agressões em vários momentos diferentes e o
inexplicável atraso entre o ocorrido e a busca por socorro.
O trabalho do médico: examinar a criança como um todo evitando observar apenas o que foi
relatado pelos acompanhantes, exames complementares de imagem que possam evidenciar
acometimento múltiplo como ultrassonografia e radiografias. Tentar associar os mecanismos causais
do trauma como queimadura, esmagamento tração ou compressão etc.
O médico deve também conhecer os diferentes estágios de cicatrização óssea, de manchas de
equimose na pele, tipos e localizações de fraturas mais comuns e principalmente as mais raras que
podem direcionar às suspeitas de dolo.
Diagnóstico diferencial: devem ser levadas em conta as doenças do metabolismo, tumores
ósseos, raquitismo, leucemia, osteogênese imperfeita, osteomielite, pioartrite e tocotraumatismo
(RUBIN, 2003)
Tratamento: considerar a história detalhada, radiografia do corpo todo ou bilateral com o
objetivo de identificar o risco precoce e prevenir as sequelas mais graves com o dever de realizar
terapêutica adequada e comunicar a suspeita às autoridades competentes (E.C.A., 1990).
1
Médico graduado em medicina pela Santa Casa de São Paulo, especialista e membro das
Sociedades Brasileiras de Ortopedia e Ortopedia Pediátrica, Mestre em Ortopedia e traumatologia
pela Santa Casa de São Paulo, SLAOTI member desde 2011. wlinojr@terra.com.br e
wlinojr@gmail.com
Abstract: Concept: action or omission of the adult caregiver that results in physical,
emotional, intellectual or social harm the child or adolescent (Código Penal Brasileiro). It is
notifiable according to the Brazilian Penal Code, 1940 Reinforced By Statute of Children and
Adolescents (ECA) in 1990 and by health professionals since 2001 under penalty of fine.
It is assumed that the incidence of maltreatment involves up to 1.5% of all children, causing
two thousand deaths per year in the USA.
Battered children have a characteristic profile of prematurity and adoption. Are usually
unwanted or unplanned, different expectations of gender or disease carriers.
Already bullies are lonely or unhappy, living in family breakdown; are in past, beaten as
children. Still they suffer from financial or marital crises.
Diagnosis is based on history provided by the responsible and the behavior of parents and
children, also the various clinical manifestations. Characteristic not compatible with age or
psychomotor development, lesions that are not justified by the reported accident, injuries in
various parts of the body or bilateral lesions, involve of usually covered areas. Different
stages of healing (Labbe, 2001), indicating assaults at several different times and the
unexplained delay between the incident and the search for help.
The job of the doctor is to examine the child as a whole, avoiding observe just what was
reported by caregivers, complementary imaging tests that can show multiple abnormalities
such as ultrasound and x-rays. Try to associate the causal mechanisms of trauma such as
burns, crushing traction or compression etc.
The doctor should also know the different stages of bone healing, spots on the skin
ecchymosis, types and locations of the most common fractures and especially the rarest that
can direct to suspected fraud.
Differential Diagnosis: should be taken into account metabolic disorders, bone tumors,
rickets, leukemia, osteogenesis imperfecta, osteomyelitis, pyoarthritis and tocotraumatism
(RUBIN, 2003)
Treatment: consider the detailed history, radiographs of all or bilateral body with the goal of
identifying early risk and prevent more serious consequences with duty to perform adequate
treatment and reporting suspicious to the competent authorities (ECA, 1990).
Keywords: maltreatment. Aggression. child. Adolescent.
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Blucher Medical Proceedings
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Novembro de 2014, Número 4, Volume 1
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Resumo
O desafio de manter pesquisa científica de alto nível no Brasil é focado em três pilares. O primeiro é
organizacional, “put your money where your mouth is” Se uma instituição acredita que pesquisa é
relevante para atividade médica os resultados esta área devem fazer parte das metas
organizacionais. Aproximadamente 20% das metas no Balanced Score Card, que determina as
gratificações da liderança são metas de ensino e pesquisa. O segundo é estrutural, a área de pesquisa
oferece todo o apoio para a realização de estudos científicos, desde o apoio para a obtenção e
gerenciamento de grants, até área, pessoal, material e suporte técnico para pesquisa translacional e
pesquisa clínica. O terceiro pilar é administrativo, o instituto gerencia as atividades de pesquisa
utilizando entre outras ferramentas um software desenvolvido in house (I.Search) que permite o
entendimento em tempo real de todas as atividades ligadas à ciência na instituição e
consequentemente permitindo intervenções positivas sempre que diagnosticadas como necessárias
através da leitura dos indicadores diários. Baseado nestes três pilares é possível vencer as grandes
barreiras à pesquisa científica no Brasil que são de ordem burocrática. As dificuldades trabalhistas, os
problemas com insumos e uma legislação que se move constantemente sem nenhuma política de
estado.
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Rizzo, Luiz Vicente. “Desafios a superar no ambiente de pesquisa no Brasil”, in Anais do 2º.
Congresso Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
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1-Médico pediatra e nutrologo. Professor Associado do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente do Departamento de
Pediatria da Universidade Federal de São Paulo. Coordenador científico da Força Tarefa Estilos de Vida Saudável ILSI Brasil.
Coordenador do Centro de Dificuldades Alimentares do Instituto Pensi- Hospital Infantil Sabara.
2- Nutricionista, especialista em Adolescencia para equipes multidisciplinares, Setor de Medicina do Adolescente, departamento
de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo. Nutricionista do Centro de Dificuldades Alimentares do Instituto Pensi-
Hospital Infantil Sabara.
Resumo
Uma alimentação adequada durante a infância é essencial para a saúde ao longo da vida e o
bem-estar. As boas regras da alimentação já começam na infância, desde o nascimento, pela
amamentação exclusiva até os seis meses de vida, para obter um ótimo crescimento,
desenvolvimento e saúde. Daí em diante, para satisfazer as suas necessidades em evolução
nutricional, as crianças devem receber uma alimentação complementar nutricionalmente
adequada e segura, enquanto continua o aleitamento materno até aos dois anos como
recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a UNICEF. A industrialização, a
urbanização, o desenvolvimento econômico e tecnológico, acarretaram mudanças na
alimentação e no estilo de vida, aumentando dramaticamente a prevalência de obesidade no
mundo, caracterizando a transição nutricional, em que a desnutrição apresenta acentuado
declínio e a obesidade emerge como grave problema de saúde pública. No entanto,
aproximadamente 51% das mães de todo o mundo referem que estão preocupadas com o fato
de seu filho não comer de forma adequada. O tratamento desta situação deve ser baseado no
conhecimento da causa e da individualização do problema, por meio de equipes
multidisciplinares especializadas.
Palavra-chaves: Dificuldade Alimentar, picky eating, estilo parental, anorexia infantil,
nutrição normal.
___________________________________________________________________
Fisberg, Mauro; Tosatti, Abykeyla Melisse; Abreu, Camila Leonel. “A criança que não come-
abordagem pediátrico-comportamental”, in Anais do 2º. Congresso Internacional Sabará de
Especialidades Pediátricas
Introdução
Uma alimentação adequada é de fundamental importância durante toda a vida, pois
contribui decisivamente para o crescimento, desenvolvimento fisiológico, desempenho e
produtividade, assim como para a manutenção da saúde e do bem-estar. As crianças precisam
de um suporte equilibrado de nutrientes, para possibilitar seu apropriado desenvolvimento
cognitivo e psicomotor.
Cada vez mais os países estão testemunhando crescentes problemas de saúde pública
que representa a dupla carga da má nutrição - tanto a desnutrição e sobrepeso. (WHO, 2011)
Globalmente, 30% (ou 186 milhões) de crianças menores de cinco anos apresentam
desnutrição e 18% (ou 115 milhões) têm baixo peso para estatura, principalmente como
consequência da má alimentação e infecções repetidas, enquanto 43 milhões estão acima do
peso (WHO, 2011a).
Há crescentes evidências de que os danos nutricionais sofridos durante a fase fetal
manifestados como desnutrição, terão fortes consequências na vida adulta, como a obesidade
e doenças crônicas não-transmissíveis.
As rápidas mudanças na alimentação e estilo de vida, resultantes da industrialização,
urbanização, desenvolvimento econômico e globalização do mercado estão tendo um impacto
significativo sobre o estado nutricional infantil. Devido às mudanças nos padrões alimentares e
de vida, as doenças relacionadas à alimentação, incluindo a obesidade, diabetes mellitus,
doença cardiovascular, hipertensão, derrame cerebral e câncer são causas cada vez mais
significativas de incapacidade e de morte prematura no mundo todo. O excesso de peso leva a
doenças antes não imaginadas na infância e aumenta o risco de problemas precoces,
cardiovasculares e metabólicos em adolescentes e adultos jovens.
Um número muito grande de crianças na idade pré-escolar (podendo esse número ser entre 10
a 25% de acordo com dados internacionais, chegando até a 80% se houver problemas
dietários na família) desenvolvem dificuldades alimentares como rejeitar a variedade, preferir
alimentos líquidos, comer muito devagar, demonstrar pouco interesse pelas refeições, evitar
comida sólida. Para os pais nos dias de hoje a alimentação dos filhos tem sido realmente um
grande desafio. Isso por uma série de motivos, dentre eles não ter o conhecimento sobre o que
é uma alimentação adequada nessa idade, ou não ter tempo e paciência para se dedicar a ela.
Quase sempre, uma queixa de que a criança não come, exprime um grito de angústia para
todos os pais, por atentar especialmente para a incapacidade de alimentar seus filhos, num
inconsciente coletivo silencioso de não atendimento a sobrevivência das espécies. Esta
situação, na maior parte das vezes, determina um quadro de pouco apetite, apetite muito
seletivo ou uma enorme incapacidade de entender as necessidades nutricionais das crianças
pequenas. O próprio profissional de saúde pode ser pressionado pela família a interceder de
alguma forma, caindo no círculo vicioso da pressão para que a criança coma mais, sem haver
um verdadeiro entendimento de por que a criança apresenta alguma dificuldade.
A partir da introdução da alimentação complementar, por volta dos seis meses de vida ou antes
em muitos casos, a oferta de alimentos totalmente liquefeitos e homogeneizados, pode
ocasionar a difícil aceitação posterior de alimentos pastosos, semi-sólidos e da alimentação
adulta. Técnicas inadequadas de alimentação com o uso de utensílios incorretos ou grandes
para a criança, forçar o alimento ou oferece-lo em condições não fisiológicas para a postura e
para a mastigação, podem criar ojeriza, pânico ou fobia ao alimento, ao instrumento ou ao
modo de alimentar.
As dificuldades alimentares são aquelas situações em que a criança apresenta uma menor
aceitação alimentar como possibilidade de levar a consequências físicas, emocionais,
familiares e no crescimento e desenvolvimento, dependendo da duração, intensidade,
diagnóstico do problema e da atuação dos profissionais de saúde e da família. Pode ser uma
situação passageira e também pode ser persistente. Devem ser identificadas logo nos
primeiros problemas, que costumam ocorrer em diferentes situações como a introdução do
alimento complementar, no período da modificação da alimentação infantil para mais solida e
na idade pré-escolar. As dificuldades alimentares podem levar a preferencias e aversões,
pânicos e fobias em relação a alimentos ou formas de preparação e isto pode chegar a idade
adulta. Muito dos problemas que vemos vem da atitude familiar, com famílias com
comportamentos inadequados, com excesso de controle, dificuldades de estabelecer limites ou
serem muito permissivas ou negligentes. A falta de modelos adequados, levam a hábitos
inadequados na infância. Culpa, falta de preparo, educação, medos e famílias nucleares e sem
experiência, ou com padrões corporais de risco, podem ser elementos de risco. As crianças
devem ser diagnosticadas, assim como o comportamento da família, o ambiente, o modelo...
Mas devemos antes avaliar se existem problemas orgânicos ou emocionais, do ambiente ou
das diferentes combinações de problemas. O tratamento pode ser comportamental,
multiprofissional, envolvendo medicamentos, suplementos e terapias especificas.
Inúmeras causas podem originar a recusa alimentar como única manifestação clínica. Nos
serviços de pediatria, os motivos mais comuns de a criança “não comer” são desmembrados
em causa orgânicas e comportamentais, conforme descritos no quadro 1.
Parasitoses intestinais.
Causas orgânicas
Transtornos do sistema nervoso central.
Desnutrição.
Monotonia alimentar.
Causas
Papas liquidificadas.
comportamentais
dietéticas Peculiaridades desagradáveis quanto ao sabor, à aparência, ao odor
e à temperatura da comida.
A título de exemplo, uma grande parte das crianças com idades entre um e três anos come
somente uma variedade muito limitada de alimentos, que abrange apenas três ou quatro
alimentos distintos. No que diz respeito à idade pré-escolar, é comum as crianças
atravessarem uma fase de alimentação bastante restritiva
Esse comportamento, caracterizado pela relutância e/ou rejeição em fazer uso de alimentos
novos, é denominado neofobia alimentar e proporciona uma função protetora em um ambiente
de possíveis itens danosos ao organismo humano. Estudos que investigaram o impacto da
exposição repetida nas preferências alimentares das crianças em idade pré-escolar apontam
que as crianças eram significativamente mais receptivas a novos alimentos depois de dez ou
mais exposições. Além disso, evidenciaram que, se o intuito é alterar as preferências das
crianças, elas devem provar os novos alimentos, em vez de simplesmente cheirá-los ou
observá-los.
A partir da queixa "que a criança não come" ou "não mastiga", as mães ou forçam a criança a
comer de qualquer maneira ou substituem a "comida" por mamadeira ou leite. Além de cuidar e
nutrir, a relação mãe-criança e alimento está inserida em uma dimensão afetiva; de estímulo;
de busca, ou não, de autonomia e de socialização. Na ânsia de que a criança fique alimentada,
é comum a identificação de práticas alimentares inadequadas.
A alimentação ocupa um lugar central no desenvolvimento infantil, já que é em torno dela que
se organizam, desde o nascimento, os primeiros contatos entre a mãe e o bebê, assim como
também se delineiam e se expressam os conflitos da díade mãe-bebê.
Do mesmo modo que a criança progressivamente vai adquirindo uma relativa independência
em relação à mãe; sendo desejável que suporte suas ausências, assim como também a mãe
suporte se distanciar do filho; no que concerne à alimentação, espera-se uma independência
gradual que, embora seja de grande importância, ocorre de forma sutil e despercebida.
A alimentação do bebê sofre uma série de mudanças desde o nascimento até a idade em que
a criança se torna capaz de se alimentar de modo autônomo. Essas mudanças nem sempre
são bem aceitas (pelas crianças e mesmo pelas mães), sendo muito comum o aparecimento
de dificuldades relativas à alimentação justamente nos períodos de transição (do seio – ou
substitutos – ao desmame, à introdução da alimentação pastosa e à comida sólida).
Estima-se que de 25% a 40% dos lactentes e crianças pequenas saudáveis apresentem algum
sintoma de problema alimentar. Quando a análise é de crianças com doenças gastrointestinais
e problemas de desenvolvimento, como prematuridade e baixo peso ao nascer, o índice oscila
entre 33% e 80%; vale ressaltar que esse grupo é propenso a dificuldades alimentares graves.
Um estudo recente de nosso grupo, mostra que, em uma amostra representativa de mães com
problemas alimentares, aproximadamente metade das crianças apresentam dificuldades na
alimentação.
A falta de apetite é um dos motivos de maior busca de auxílio médico, especialmente na faixa
etária de 6 meses a 7 anos de idade. Afetando meninas e meninos de todos os níveis
socioeconômicos e culturais, a dificuldade alimentar, em alguns casos, pode apresentar
repercussão nos parâmetros do desenvolvimento da criança, enquanto que, em outras
situações, não são impeditivos de um desenvolvimento harmonioso.
Como proposta para lidar com esse problema de abordagem difícil, Chatoor et al. propuseram
uma classificação dos distúrbios da alimentação, com o objetivo de estratificar o aparecimento
do sintoma na criança de acordo com a fase de desenvolvimento, e posterior conduta para
prevenção e tratamento. Por ser extremamente psiquiátrica, esta classificação não é fácil de
ser entendida pelo pediatra.
Nos últimos anos, temos trabalhado em um grupo internacional com uma nova classificação,
que é dirigida ao pediatra, e chefiado pelo grupo do professor Benny Kerzner ( 2002), a divisão
leva em conta o apetite presente ou ausente, a época do aparecimento do problema e o tipo da
criança e da família . Algumas mães confundem a dificuldade de adaptação do recém-nascido
com o seu próprio despreparo para lidar com o filho, isto é, situações típicas do comportamento
da criança que poderiam ser conduzidas de uma maneira simples e casual acabam
desencadeando uma série de conflitos e insatisfações, demonstradas com quadros de
inapetência ou choro excessivo.
No pós-parto, a mãe precisa desenvolver uma identificação com seu bebê para que possa
imaginar do que ele precisa. Durante essa jornada, a mulher enfrenta novos desafios – para os
quais muitas vezes não está preparada – como sobreviver aos ataques de cólera de seu bebê,
à sua indiferença, à sua recusa ou extrema voracidade de se alimentar e à falta de sono que
lhe é imposta. De modo global, acontece uma mudança de rotina e prioridades. A mãe precisa
aprender a renunciar aos seus próprios interesses para poder cuidar de seu bebê.
A expectativa dos pais em relação à necessidade de formar bons hábitos alimentares em seus
filhos pode trazer consequências desastrosas; transformando a alimentação – um ato que
deveria ser espontâneo e natural – em um confronto entre pais e filhos. O problema da
seletividade costuma coincidir com o período de introdução dos alimentos complementares.
Conduta investigativa
Durante toda a consulta, além dos procedimentos de rotina: (a) Anamnese clínica e nutricional
(quantitativa e qualitativa); (b) Exame físico detalhado (busca de sinais clínicos relacionados a
distúrbios nutricionais); (c) Aferição dos parâmetros antropométricos; (d) Avaliação do consumo
alimentar habitual e (e) Exames bioquímicos, é essencial prestar atenção na atitude dos pais
diante do problema, assim como o tipo de relação que eles mantêm com a criança.
Conduta terapêutica
Diante de uma criança com hiporexia e/ou consumo alimentar inapropriado, a nossa principal
dúvida é: Como recuperar o apetite de uma criança que não quer comer, na ausência de uma
enfermidade evidente?
Na prática clínica, Bleichfeld e Montgomery propõem um esquema terapêutico de apreciação
da gravidade e de atuação do clínico, pautado em três etapas: Observação, Intervenção e
Orientação.
Características:
Estratégias frente à seletividade e recusa alimentar: os problemas podem ser resolvidos por
intermédio da explicação da variabilidade do apetite no primeiro ano de vida e das oscilações
no apetite entre uma refeição e outra.
Características:
Estratégias frente à seletividade e recusa alimentar: estabelecer uma rotina alimentar (horários
e fracionamento); acomodar a criança à mesa com os outros familiares; evitar distrações (por
exemplo, desligar a televisão) e não utilizar subterfúgios, tais como os famosos - “aviãozinho
ou trenzinho”; não forçar, ameaçar punir ou obrigar a criança a comer, assim como não
oferecer recompensas e agrados.
Características:
Com o passar dos anos, foram aparecendo várias correntes de condutas nutricionais e
médicas que propuseram medidas terapêuticas para o problema.
Salienta-se que a adoção de uma estrutura dual nas consultas, isto é, uma parte da sessão
dedicada aos pais e a outra, à criança, é uma forma de envolver a família no processo
terapêutico e na construção do plano de tratamento. Tal envolvimento contribui para a aliança
terapêutica e para a adesão ao processo, levando à promoção do conhecimento e
diversificação da alimentação39-41.
a) Promoção do conhecimento
Nessa etapa, o principal objetivo é que a criança tenha estímulos sensoriais possíveis em
relação aos alimentos, a fim de ampliar o leque de alimentos conhecidos. Para tal conduta,
recomenda-se levar a criança a distintos ambientes (supermercado, feira) permitindo a
observação e, quando possível, o tocar, o sentir e o experimentar dos alimentos.
Quanto aos pais, a meta é incentivar e apoiar comportamentos que ajudam a promover um
ambiente tranquilo durante as refeições, como não ameaçar ou gritar para que a criança coma;
dar pequenas porções de cada vez, promovendo a habituação aos alimentos; permitir alguma
liberdade de escolha dos alimentos e encorajar os progressos. É importante também evitar
atitudes impotentes/inoperantes para enfrentar as dificuldades alimentares. Esse quadro de
desânimo pode ser evidenciado por frases como: "Hoje você não vai querer comer, né?" ou
"Será que você vai comer hoje? Será que vai acontecer esse milagre?". Além disso, incentivar
os pais a agir como uma equipe coesa, ou seja, eles devem estar em acordo com as medidas
combinadas com o profissional de saúde.
b) Diversificação da alimentação
Nos casos de seletividade, a variedade do consumo alimentar não deve se restringir à análise
qualitativa e quantitativa. Para alcançar sucesso no tratamento, é preciso que os pais
desenvolvam a sensibilidade para reconhecer e valorizar as informações vindas da criança
sobre quando, quanto e em que ritmo deseja ser alimentada. A criança, por sua vez, deve ser
capaz de sinalizar o que deseja, com um mínimo de clareza e regularidade.
Em suma, atitudes simples, como (1) servir as refeições em local agradável (limpo, arejado, de
preferência de cor clara); (2) sentar a criança confortavelmente à mesa em companhia de
outras pessoas (familiares, irmãos); (3) disciplinar e fracionar o consumo de alimentos,
estabelecendo horários (oferecendo refeições menos volumosas mais vezes ao dia); (4)
oferecer refeições atrativas e saborosas (usar temperos naturais como alho, cebola, cebolinha,
salsa, orégano e outros, evitando, assim, o abuso do sal); (5) colocar um fundo sonoro no
ambiente, deve-se optar por músicas suaves; (6) promover um contraste de cor entre os
utensílios e o forro da mesa melhora o estado de ânimo da criança, influenciando
positivamente o seu apetite e proporcionando mais prazer com a alimentação.
Em relação aos medicamentos com efeito orexígeno, os princípios ativos dos mais utilizados
são: ácido gama aminobutírico (GABA); vitaminas do complexo B (tiamina ou vitamina B1,
riboflavina ou vitamina B2, piridoxina ou vitamina B6 e cianocobalamina ou vitamina B12);
cloridrato de L-lisina; buclizina (cloridrato de buclizina) e ciproeptadina (cloridrato de
ciproeptadina).
Considerações finais
Abstract
In a world where our food is more and more contradictory, a mix between the search for
healthier foods and eating less adequate diets, it is quite difficult to understand how we
forget our millennial history. Those times when we were hunters and collectors, we ate
meat and fish, fruit and vegetables from nature, with an enormous difference in our
capacity of storing, preparing and preserving those products for periods of inclement
weather. Once we started to settle in, with the beginning of a more sedentary life, planting
seeds and other products, we depended less and less on hunting and fishing, on
seasonality and started to conserve. At the same time, we started to drink milk from other
animal species. Milk is a multifunctional food, as it keeps the protein source available to
more people, as people started to raise animals in their farms or villages. Through
fermentation, milk became a good-quality protein and it is portable, characterized by the
first snack used outside of the household (bread, cookies, dairy products - cheese, yogurt,
curd). Since the time of the Cossacks, dairy products have been associated with health
and longevity, mainly for the population of the Balkans. The association with health is
anecdotal, with priorities that ranged from diarrhea prevention and treatment, physical
strength, longevity, and health in general. It was only in 1898 and beginning of the 20th
Century that Grigorov and Metchnikoff, associate the yogurt bacillus with longevity and
therapeutic properties. The associations between calcium and vitamin D with bone health
and rickets were described in the end of the 20th Century. Since then, dairy studies moved
from individual studies to large epidemiologic and clinical association studies, relating with
weigh and cardiovascular health. Today we define the epidemiologic rule that milk and its
byproducts are the major source of calcium in our diet, representing more than 50% of the
available sources. Studies from various groups all over the world show that the intake of
dairy products is associated with the decrease in body mass and fat amount and bone
health, osteopenia and osteoporosis prevention. Nevertheless, different populations have
different lactase levels and adjust to more or less intake of dairy products, directly from its
byproducts (cheese, creams, butters, curds, yogurts).
Today, a new risk situation has risen in the nutrition world, and it is the lactose-free
movement. A sudden removal of dairy products from the human diet has led to inadequate
prescriptions by health professionals to restrictive diets that do not allow for enough
calcium for the human needs. It also led to generalization of situations of lack of capacity
of milk digestion to totally dairy-free diets. The health professional needs to have a balance
of an adequate diagnosis of partial lactose intolerance and a correct intake of calcium
vitamin D, lactose and a crucial food source for human health
Keywords: feeding difficulties, picky eating, parental style, infantile anorexia, normal nutrition
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Blucher Medical Blucher Medical Proceedings
Proceedings
Novembro de 2014, Número 4, Volume 1
Novembro de 2014, Volume 1,www.proceedings.blucher.com.br/evento/2cisep
Número 4
Dieta Cetogênica
Letícia Pereira de Brito Sampaio1
Resumo
Palavras chave: dieta cetogênica, dieta para epilepsia, dieta modificada de Atkins, baixos
índices glicêmicos, epilepsia de difícil controle
___________________________________________________________________
Sampaio, Letícia Pereira de Brito. “Dieta Cetogênica”, in Anais do 2º. Congresso
Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
Ketogenic Diet:
Keywords: ketogenic diet, modified Atkins diet, low glycemic index diet, diet for
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Patrícia Junqueira1
Resumo
Dificuldades alimentares na infância são extremamente comuns. Estudos realizados em diferentes
regiões do mundo mostram que a queixa de não comer está entre as principais situações, não apenas
nos consultórios de pediatras como também na clínica de especialistas, como gastroenterologistas e
fonoaudiólogos. Por ser uma alteração complexa e com etiologias diversas, as dificuldades alimentares
necessitam de uma abordagem multiprofissional, que seja capaz de identificar e tratar todos os
aspectos envolvidos na refeição da criança. Aspectos sensório-motores orais alteram o comportamento
alimentar da criança. O papel do fonoaudiólogo é identificar se há e quais dessas interferências estão
impactando nesse processo. Cabe ainda prever uma abordagem holística que não enfoque apenas a
cavidade oral, mas todos os aspectos que compõem e se inter- relacionam no momento da refeição.
Desse modo estará colaborando para o desenvolvimento de uma alimentação saudável e prazeirosa
para todos: a criança e sua família.
___________________________________________________________________
Junqueira, Patrícia. “Aspectos sensório-orais e suas interferências no comportamento alimentar da
criança”, in Anais do 2º. Congresso Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
1
Fonoaudióloga. Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana- UNIFESP
Responsável pelo Serviço de Fonoaudiologia do Centro de Dificuldades Alimentares Infantis do
Instituto de Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil – PENSI- Hospital Infantil Sabará, São Paulo, SP,
Brasil.
patriciajunqueiram@uol.com.br
Dificuldades alimentares na infância são extremamente comuns. Estudos realizados em
diferentes regiões do mundo mostram que a queixa de não comer está entre as principais
situações, não apenas nos consultórios de pediatras como também na clínica de especialistas,
como gastroenterologistas e fonoaudiólogos.Diferentes levantamentos científicos mostram que
o problema acomete de 8% a 50% das crianças, dependendo dos critérios diagnósticos
utilizados, independentemente de idade, sexo, etnia e condição econômica Para a família, as
dificuldades alimentares representam uma das preocupações mais importantes enfrentadas na
infância, sendo causa frequente de conflitos nas relações entre pai, mãe e filhos.
Na tentativa de auxiliar o entendimento dos diferentes aspectos do problema, Kerzner sugere a
expressão “dificuldade alimentar” como nomenclatura geral e propõe uma classificação
baseada em características de apresentação do quadro, organizada em sete perfis: interpretação
equivocada dos pais, ingestão altamente seletiva, criança agitada com baixo apetite, fobia
alimentar, presença de doença orgânica, criança com distúrbio psicológico ou negligenciada e
choro que interfere na alimentação. As dificuldades alimentares apresentam, ainda, a
característica de serem distúrbio duradouro, que se apresenta nos primeiros meses de vida e
persiste durante muitos anos, conforme demonstrado por Ostberg&Hagelin, que
acompanharam 230 famílias suecas e verificaram que as crianças com essa condição nos
primeiros anos de vida persistiam com problemas nessa área após seis anos de seguimento.
Por ser uma alteração complexa e com etiologias diversas, as dificuldades alimentares
necessitam de uma abordagem multiprofissional, com participação do pediatra, nutricionista,
fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional e gastropediatra, entre outros. Os
fonoaudiólogos há muito tempo atuam com bebês e crianças com dificuldades alimentares,
com o objetivo de “fazer a criança comer” uma quantidade específica e/ou em qualidade mais
adequada em termos de textura e consistência do alimento. Para alcançar esses
objetivos,foram desenvolvidos programas de tratamento da motricidade orofacial que
enfatizavam a estimulação e os movimentos da mandíbula, língua e lábios, com o objetivo de
adequar essas estruturas para que a criança assim pudesse se alimentar. Esse modo de atuação
tem um conceito restrito subjacente que permeia esse tipo de terapia, no qual o grande
objetivo é melhorar as habilidades motoras orais da criança para que ela possa comer. Nessa
visão a lente do fonoaudiólogo se fecha num enorme zoom para a criança caracterizando o
modo de olhar e tratar as dificuldades alimentares infantis.
De acordo com Morris para melhor compreensão das dificuldades alimentares infantis é
necessário a análise da problemática sob novo ângulo, porque quando se abre o foco,
ampliando o campo de visão, outros aspectos são observados e o fonoaudiólogo tem uma
compreensão mais ampla do momento da refeição e não apenas da dificuldade da criança.
Passa-se a apreciar e compreender os relacionamentos que se estabelecem durante a refeição e
como os mesmos são expressos e influenciados pela comunicação, aprendizagem, aspectos
físicos e sensoriais que compõem e fazem parte desse momento.
Esses aspectos compõem o Círculo da Refeição descritos por Morris. FIG 1.
Fig 1- Círculo da Refeição
Pre-feeding skills:acomprehensive resource for mealtime development. Morris SE, Klein MD. 2nd ed. Pro-ed
2000.
Esse círculo representa a total interação e influência sob a refeição da criança. Ele inclui todos
os aspectos dos quatro ciclos fechados que estão interconectados. Em adição ele incorpora o
amplo aspecto do relacionamento da criança com a sua família na refeição.
Algumas crianças vivenciam uma quebra nesse ciclo normal de desenvolvimento devido as
dificuldades físicas (motoras orais) e sensoriais.
Normalmente essas dificuldades surgem nos momentos de transição alimentar. Ao iniciar a
introdução da mamadeira, alguns bebês podem apresentar dificuldades em aceitar o bico.
Outros momentos importantes são o início da primeira papa, a introdução de grãos, e a
passagem para a alimentação usual da família.
As famílias usualmente respondem a essas dificuldades da criança com alimentação ou recusa
alimentar com pressão na tentativa de controlar o tipo e a quantidade de alimento que a
criança come.
Muitas vezes sem compreender os motivos pelos quais a criança não aceita determinado
alimento, ou ainda sem uma real compreensão da dificuldade apresentada, começam a travar
verdadeiras “batalhas” para que a criança coma. Esse comportamento dos pais contribui
para uma relação desfavorável entre todos os envolvidos no momento da refeição, desgastando
as relações estabelecidas nesse momento, além de criar uma negativa associação entre
alimento e desejo de comer.
Desse modo, identificar os bloqueios que limitam o desenvolvimento das habilidades para
comer com conforto, é essencial para ajudar as crianças a retornarem seu desejo natural de
participar do momento da refeição
Os aspectos físicos e motores- orais envolvidos no ato de comer e beber quando alterados
aumentam a tensão e limitam os padrões de movimentos da boca, podendo facilitar padrões de
movimentos automáticos ou reflexos orais. Podem também reduzir o controle da cabeça e tronco que
proporciona a estabilidade postural e suporte dos movimentos orais.
Os aspectos sensoriais exercem grande papel em determinar o tipo de movimento que será utilizado
ou se a criança vai explorar a experiência de aprendizagem de novos padrões de movimento para a
alimentação.
Compreendendo as habilidades sensoriais normais como:
1-Capacidade dos órgãos sensoriais receberem a informação sensorial ; 2-Habilidade do
SNC interpretar e ou perceber a mensagem sensorial; e 3- Controle da quantidade total de
informação que está sendo processada, qualquer desvio em uma dessas habilidades
compromete o desenvolvimento do processo da alimentação.
Isso acontece porque uma disfunção sensorial pode aumentar ou diminuir o nível de
intensidade de sensações ao comer promovendo desconforto; causar sensações associadas ao
alimento que são percebidas como extremamente desagradáveis, perigosas e ameaçadoras,
limitando o número de alimentos que a criança come, contribuindo para a recusa alimentar.
Os reflexos dessa disfunção na integridade sensorial acarretam mudanças no comportamento
da criança que nem sempre são compreendidos pelos pais. Muitas crianças não toleram sentar
a mesa, outras fogem ao ver determinados alimentos, outras desenvolvem fobia extrema a
determinados tipos de preparação.
O papel do fonoaudiólogo é identificar se há, e quais dessas possíveis interferências estão
impactando no desenvolvimento alimentar da criança. Prever uma abordagem holística que
não foque apenas a cavidade oral, mas todos os aspectos que compõem e se inter- relacionam
no momento da refeição.
Desse modo estará colaborando para o desenvolvimento de uma alimentação saudável e
prazeirosa para todos: a criança e sua família.
Oral motor sensory issues and their interference in the child's feeding behavior
Abstract:. Feeding difficulties in infancy are extremely common. Studies conducted in different
regions of the world show that the complaint of not eating is among the leading situations, not just in
pediatricians in the clinic as well as specialists such as gastroenterologists and speech language
pathologists. To be a complex and diverse etiologies change, food difficulties require a
multidisciplinary approach, which is able to identify and treat all aspects involved in the child's meal.
Aspects of oral sensorimotor alter the feeding behavior of the child. The role of the speech therapist is
to identify if there is interference and which of these are impacting this process. It should also provide
for a holistic approach that not only the oral cavity, but all aspects that comprise and interrelate at
meal time. Thus will be collaborating for the development of a healthy and enjoyable food for all: the
child and his family.
Key words:1- Feeding therapy, Feeding behavior, Oral motor disorders
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Resumo
O cálcio e a vitamina D são nutrientes essenciais para a saúde óssea, e o adequado fornecimento destes
implica em melhor formação do esqueleto e, consequentemente, em adequado crescimento infantil e
prevenção da ocorrência de osteoporose na vida adulta. Há, porém, evidências de elevada prevalência
de inadequação de ingestão destes nutrientes entre a população de crianças e adolescente brasileiros, o
que reflete mudanças comportamentais e de hábitos dietéticos e tem como consequência principal os
possíveis impactos sobre a saúde óssea ao decorrer da vida.
___________________________________________________________________
De França, Natasha Aparecida Grande; Peters, Bárbara Santarosa Emo; Martini, Lígia Araújo.
“Carência de cálcio e vitamina D em crianças e adolescentes: uma realidade nacional”, in Anais do 2º.
Congresso Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
1
Mestra em Nutrição em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São
Paulo (FSP/USP). natasha.agf@gmail.com
2
Pós-doutoranda no Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de
São Paulo (FSP/USP). bsepeters@hotmail.com
3
Profa Livre Docente e Associada nível III do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde
Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP). lmartini@usp.br
1. Introdução
Este artigo traz dados atuais sobre a prevalência de inadequação de ingestão de cálcio e vitamina D
entre crianças e adolescentes brasileiros e discute sobre a importância da investigação, prevenção e
tratamento da deficiência destes micronutrientes.
O cálcio e a vitamina D são nutrientes essenciais para a saúde óssea, e o adequado fornecimento
dos mesmos, desde o período gestacional (pela gestante) até o final da puberdade, implica em melhor
formação do esqueleto e consequentemente em adequado crescimento infantil e prevenção da
ocorrência de osteoporose na vida adulta (Zhu e Prince, 2012). Estudos apontam que o aumento em
um desvio padrão (DP) no pico de massa óssea (ápice da formação do osso, que ocorre geralmente
entre os 18 e 20 anos) pode reduzir em até 50% o risco de fraturas ao longo da vida (Boot et al., 2010;
Baxter-Jones et al., 2011).
Aproximadamente 99% do cálcio encontra-se no osso, onde juntamente com o fósforo formam
os sais de hidroxiapatita (Ca 5 (PO 4 ) 3 OH), garantindo a dureza e função de sustentação característica do
esqueleto (Bonucci, 2012). Entretanto, para que a homeostase do cálcio ocorra de forma adequada,
faz-se necessária a ingestão combinada com concentrações séricas suficientes de vitamina D, uma vez
que esta colabora positivamente no processo de absorção do cálcio no lúmen intestinal, bem como na
reabsorção de cálcio no osso, garantindo que a remodelação óssea ocorra dentro dos parâmetros de
normalidade (DeLuca, 2004).
2. O cálcio
O cálcio é um mineral fundamental para a manutenção de inúmeras funções no organismo. Além da
saúde óssea, ele também é necessário aos processos de coagulação sanguínea, transmissão nervosa,
função neuromuscular e permeabilidade das membranas celulares (Joint Health Claims Initiative to
the Food Standards Agency, 2003). Dessa forma o Brasil adota as recomendações de ingestão
preconizadas pelo Instituto de Medicina (Institute of Medicine, 2011), as quais variam de acordo com
a faixa etária, sendo menores no início da infância (700 mg/dia), e maiores na puberdade (1.300
mg/dia), justamente por se tratar do período que antecede o pico de massa óssea. É importante
enfatizar, entretanto, que são aceitáveis valores 200 mg inferiores (Estimated Average Requirements -
EAR), mas é fundamental garantir a máxima adequação à recomedação (Recommended Dietary
Allowances - RDA).
A principal fonte alimentar de cálcio é o leite e seus derivados (queijos, iogurte), não somente
por apresentarem boas quantidades nas porções usualmente consumidas, mas também pelo fato de se
tratar das fontes em que o cálcio é mais biodisponível, possivelmente pela presença da lactose, a qual
por agir como prebiótico no intestino grosso elevaria a solubulidade do cálcio (Pereira et al., 2009).
Além disso, uma vez que as recomendações de cálcio são elevadas, o consumo dos latícinios pode ser
traduzido como o meio mais simples de alcança-las, isto porque outras fontes, como os vegetais verde
escuro, além de apresentarem menor biodisponibilidade não são usualmente bem aceitos pelo paladar
info-juvenil.
Dessa forma a baixa ingestão de alimentos lácteos na infância e adolescência pode ser traduzida
em maior risco de fraturas. Kalkwarf et al. (2003) encontraram um aumento em 60% na ocorrência de
fraturas ao longo da vida quando ingestão menor ou igual à uma porção de leite por semana entre
crianças e adolescentes (OR: 1,60; 95%IC: 1,17 – 2,18). Entretanto, os resultados da Pesquisa de
Orçamentos Familiares 2008 - 2009 revelaram que os adolescentes brasileiros estão ingerindo cada
vez mais bebidas açucaradas, como sucos artificiais e refrigerantes, em relação (e provavelmente em
substituição) ao leite, iogurte e bebidas lácteas.
E, de fato a baixa ingestão desses alimentos reflete em baixa ingestão de cálcio. A própria POF
revelou uma média de ingestão de 535 mg de cálcio entre jovens de 10 a 18 anos de idade, ou seja,
aproximandamente 52% de inadequação em relação à recomendação. Entre residentes no município de
São Paulo, o estudo ISA-Capital (Martini et al., 2013) encontrou resultados ainda mais preocupantes
ao avaliar adolescentes de ambos os sexos, os quais apresentaram 93% de ingestão inadequada de
cálcio. Entre crianças, o Estudo Nutri-Brasil Infância (Bueno et al., 2013) avaliou a ingestão de 3.058
crianças de 2 a 6 anos de escolas públicas e privadas e encontrou uma média de prevalência de
inadequação de 45% entre aquelas na faixa etária de 4 a 6 anos, sem diferença entre as que
frequentavam o ensino público ou privado, o que indica que os efeitos das mudanças nos hábitos
alimentares nacionais estende-se às diferentes classes sociais.
Os resultados desses estudos revelam a crescente prevalência de deficiência de ingestão de
cálcio no Brasil entre as crianças e adolescentes, o que provavelmente resultará em consequências
negativas para a saúde óssea dessa geração, além de maiores gastos para os sistemas de saúde. Com
isso, faz-se fundamental que políticas públicas sejam traçadas a fim de incentivar a ingestão desses
alimentos, principalmante durante essa fase de vida, a fim de reduzir os possíveis danos futuros ào
nossa população.
3. A vitamina D
Concentrações séricas adequadas de vitamina D (VD) são fundamentais para a melhor absorção do
cálcio dietético, as quais, segundo a Sociedade de Endocrinologia, são traduzidas em valores de
vitamina D ≥75 nmol/L (≥ 30 ng/mL) (Holick et al., 2011).
Devido sua associação com o metabolismo ósseo, a deficiência de VD pode resultar em
distúrbios de crescimento durante a infância e, quando acentuada, em raquitismo. Entretanto, além de
sua ação sobre o esqueleto, estudos tem mostrado que sua deficiência nessa fase de vida também
estaria associada ao maior risco de infecções do trato respiratório (Dawodu, Nath, 2011), doenças
autoimunes, como a Diabetes mellitus tipo 1(Hypponen et al., 2001), e posterior desenvolvimento de
esclerose múltipla (Willer et al., 2005) e doença de Crohn (Bartels et al., 2013). Isto porque a VD é
considerada um hormônio pleiotrópico, com capacidade de modulação da resposta do sistema imune
inato (Liu et al., 2006) .
A VD é encontrada naturalmente em duas formas, o ergocalciferol (vitamina D2) produzido
pelas plantas, e o colecalciferol (vitamina D3), sintetizado pelo tecido cutâneo animal mediante
exposição à luz solar. Apesar de ainda controversas, as recomendações atuais de VD são de 10 µg
(400 UI) por dia, à partir do nascimento até os 8 anos, e de 15 µg (600 UI) até o final da vida (Maeda
et al., 2014).
O Estudo Nutri-Brasil Infância encontrou uma inadequação de aproximadamente 90% na
ingestão de VD entre todas as crianças avaliadas (2 a 6 anos) (Bueno et al., 2013). Resultados que
parecem se estender à população de adolescentes, uma vez que, tanto o estudo conduzido por Peters et
al. (2009), quanto o estudo ISA-Capital (apenas no município de São Paulo) (Martini et al., 2013),
demonstraram haver uma baixa ingestão dessa vitamina. Contudo, as fontes dietéticas de VD são
poucas e os alimentos que apresentam boas concentrações não são consumidos habitualmente por
nossa população, como é o caso do salmão (36 µg em 155 g) (Garcia e Martini, 2010). Além disso, há
no mercado nacional, poucos alimentos fortificados disponíveis, com isso, torna-se claro que a
principal forma de obtenção de VD é por meio da exposição à radiação ultravioleta, a qual é capaz de
ativar o 7-dehidrocolesterol presente na pele, desencadeando uma cascata de ativação e duas
hidroxilações da VD, até que seja obtida sua forma ativa, capaz de realizar as funções a que se destina,
o calcitriol [1,25(OH) 2 D] (Maeda et al., 2014).
Entretanto, a irradiação solar sofre alterações sazonais (menor nos meses que contemplam o
outono e o inverno) e também ao longo do dia (maior pico em torno do meio dia) (Maeda et al., 2013)
que poderia implicar em variações quanto à produção de VD. Além disso, com o aumento da
criminalidade e também nos casos de câncer de pele, somados à vida moderna, os responsáveis pelas
crianças e adolescentes tem limitado sua exposição à ambientes externos e, consequentemente, à luz
solar. Fator que pode ser agravado pelo sedentarismo e obesidade infanto-juvenil, uma vez que o
excesso de tecido adiposo também é fator de risco para a deficiência de VD. Apesar de escassos, os
estudos nacionais apontam para uma mesma direção. Peters et al. (2009) encontraram prevalência de
insuficiência de VD em 62% de 136 adolescentes moradores do interior de São Paulo. Oliveira et al.
(2013) revelaram que aproximadamente 71% dos adolescentes avaliados em Juiz de Fora – MG
apresentavam VD sérica insuficiente. Resultados ainda mais alarmantes foram encontrados por e
Santos et al. (2012), com 54,3% de insuficiência e 36,3% de deficiência entre crianças e adolescente
de Curitiba – PR.
Para prevenção deste quadro, a Sociedade Americana de Pediatria, preconiza a suplementação
com 400 UI (10 µg) entre as crianças com amamentação exclusiva (quando a impossibilidade de
adequada exposição solar), entre as crianças alimentadas com fórmulas fortificadas, mas que não
ingerem quantidades suficientes, ou quando ingestão ou exposição solar insuficientes pelos
adolescentes (Wagner e Greer, 2008). Entretanto, questiona-se quanto à eficácia dessa dosagem, uma
vez que parece ser suficiente para garantir uma não deficiência, mas não necessariamente um estado
de suficiência (Gallo et al., 2013) e também quanto à suplementação indiscriminada, uma vez que
sugere-se que somente as crianças com deficiência comprovada seriam de fato beneficiadas
(Winzenberg et al., 2011).
Portanto, há a necessidade de que mais estudos sejam conduzidos, principalmente longitudinais,
a fim de se avaliar o real impacto da suplementação e suas consequências na vida futura dessas
crianças, e também de mais discussões sobre o impacto dessa suplementação sobre a amamentação
exclusiva (o leite materno não era suficiente ?).
3. CONCLUSÃO
Há entre a população de crianças e adolescente brasileiros, uma elevada prevalência de inadequação de
ingestão de cálcio e vitamina D (esta também pela insuficiente exposição solar), o que reflete
mudanças comportamentais e de hábitos dietéticos e tem como consequência principal os possíveis
impactos sobre a saúde óssea na vida adulta, aumentando o risco de desenvolvimento de osteoporose e
fraturas.
Calcium and vitamin D deficiency in children and adolescents: a national reality
Abstract: Calcium and vitamin D are essential nutrients for bone health. The adequate intake of both
implies in a more adequate skeleton formation and, consequently, contributes positively to child
growth and to prevention of osteoporosis in adulthood. There is, however, evidence of high prevalence
of inadequate intake of these nutrients in the population of Brazilian children and adolescents, which
reflects changes in behavioral and dietary habits, leading to possible negative impacts on bone health
in later life.
Keywords: Vitamin D deficiency; Calcium deficiency; Childhood; Adolescence
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Resumo
Cerca de 5% das crianças e adolescentes tem hipertensão arterial, sendo que nas
crianças, a hipertensão é mais comumente assintomática. A definição de
hipertensão na infância baseia-se na distribuição normal da pressão arterial (PA) em
crianças saudáveis.
O tamanho corporal é o determinante mais importante da PA em crianças e
adolescentes. Desta forma, os percentis que normatizam os valores de PA são
baseados em dados de medidas da pressão arterial de acordo com sexo, idade,
altura em estudos de base populacional.
O objetivo desta apresentação é mostrar a técnica correta da mensuração da
pressão arterial na infância e adolescência e os métodos de investigação de acordo
com a provável etiologia: se primária ou secundária.
Métodos:
Definições de pressão arterial:
PA normal em crianças é definida como pressão arterial sistólica (PAS) e pressão
arterial diastólica (PAD) inferior ao percentil 90 para idade, sexo e altura.
Pré-hipertensão: pressão sistólica e/ou diastólica percentil ≥ 90 BP porém <percentil
95
Hipertensão: é definida como pressão sistólica e/ou diastólica percentil ≥95 medido
em três ou mais ocasiões.
Hipertensão estágio 1: PA sistólica e/ou diastólica entre o percentil 95 e 5
mmHg acima do percentil 99.
Hipertensão estágio 2: PA sistólica e/ou diastólica percentil ≥99 BP mais 5
mmHg.
Discussão: O processo de decisão para a avaliação e tratamento varia de acordo
com a gravidade da HA.
O diagnóstico da HAS é dependente de medições precisas de rotina da pressão
arterial durante a infância, através de um processo e equipamentos padronizados.
Fatores de confusão incluem o tamanho do manguito, a técnica utilizada (isto é, da
posição do paciente e da escolha do quarto ou quinto som Korotkoff para determinar
diastólica), o número de medições efetuadas, e/ou o tipo de aparelho utilizado.
A avaliação inicial da criança com hipertensão arterial sistêmica (HAS) inclui
anamnese, exame físico, exames laboratoriais e procedimentos. Com base na
história inicial, no exame físico, e na avaliação laboratorial, o pediatra deve ser
capaz de determinar se a hipertensão é primária (sem causa identificável) ou
secundária ( quando uma doença de base é identificável). Esta distinção vai
determinar se uma avaliação mais aprofundada deve ser realizada para se encontrar
uma causa potencialmente reversível de HAS, como a HAS de origem reno-vascular.
Resultados: A mensuração da pressão arterial é obrigatória a partir de 3 anos de
idade nas consultas de rotina e nos atendimentos de emergência. Deve ser
mensurada mais precocemente nos recém-nascidos em UTI neonatal, nos pacientes
com cardiopatias congênitas, malformações do trato urinário ou anormalidades do
exame de Urina I, assim como em situações com aumento da pressão intracraniana.
Também é necessária se houver antecedente pessoal ou familiar de: doença renal,
transplante de órgão sólido e/ou de medula, neoplasias, e uso de medicamentos que
aumentam PA (beta2-estimulantes).
Conclusão: Atualmente está bem claro que a hipertensão (HAS) começa na
infância e adolescência, e que contribui para o desenvolvimento precoce de doença
cardiovascular (DCV).
___________________________________________________________________
De Andrade, Maria Cristina. “Hipertensão Arterial na Infância e Adolescência: Definição e
Investigação da Hipertensão Arterial”, in Anais do 2º. Congresso Internacional Sabará de
Especialidades Pediátricas
Cerca de 5% das crianças e adolescentes tem hipertensão arterial, e, em adultos, a
hipertensão arterial é uma das principais causas de doença cardiovascular, doença
renal em estágio terminal, e de acidente vascular cerebral. Apesar da lesão de
órgãos-alvo decorrente da HAS ocorrer mais comumente em adultos, a hipertensão
e suas complicações também ocorrem na infância. Nas crianças, a hipertensão é
mais comumente assintomática, mas pode estar associada a mudanças sutis no
comportamento ou no desempenho escolar.
As recomendações atuais estão resumidas em vários documentos, sendo que
o mais utilizado é o quarto relatório sobre o diagnóstico, avaliação e tratamento da
hipertensão em crianças e adolescentes (National High Blood Pressure Education
Program Working Group (NHBPEP), the American Academy of Pediatrics, the
American Heart Association Council on High Blood Pressure Research on routine BP
measurements in children and adolescents, and the National Heart, Lung, and Blood
Institute’s Expert Panel on Integrated Guidelines).
A definição de hipertensão na infância baseia-se na distribuição normal da
pressão arterial (PA) em crianças saudáveis. Isto está em contraste com a HAS
adulto, que é definida principalmente por dados clínicos (ou seja, o risco de doença
cardiovascular e mortalidade) obtidos de ensaios de terapia anti-hipertensiva.
O tamanho corporal é o determinante mais importante da PA em crianças e
adolescentes. Assim, a classificação da PA é mais precisa quando os valores são
ajustados para altura, bem como a idade e sexo para evitar interpretação
inadequada de crianças nos extremos do crescimento normal. Desta forma, os
percentis que normatizam os valores de PA são baseados em dados de medidas da
pressão arterial de acordo com sexo, idade, altura em estudos de base populacional.
Definições:
PA normal em crianças é definida como pressão arterial sistólica (PAS) e pressão
arterial diastólica (PAD) inferior ao percentil 90 para idade, sexo e altura. A PA
sistólica e diastólica são de igual importância; e se houver uma disparidade entre as
duas, o valor mais elevado determina a categoria da pressão arterial.
Pré-hipertensão: pressão sistólica e/ou diastólica percentil ≥90 BP porém <percentil
95, ou em adolescentes, se a PA > 120X80 mmHg, mesmo abaixo do percentil 90.
Globalmente, a prevalência de pré-hipertensão varia de 9,5 a 24% da população
pediátrica.
Hipertensão: é definida como pressão sistólica e/ou diastólica percentil ≥95 medido
em três ou mais ocasiões.
Hipertensão estágio 1: pressão sistólica e/ou diastólica entre o percentil 95 e 5
mmHg acima do percentil 99 ou, em adolescentes se a PA exceder 140X90 mmHg,
mesmo < percentil 95.
Hipertensão estágio 2: sistólica e/ou diastólica percentil ≥99 BP mais 5 mmHg.
O processo de decisão para a avaliação e tratamento varia de acordo com a
gravidade da HA. Como observado acima, são definidas duas fases para HAS.
Estágio 2 identifica as crianças que necessitam de uma avaliação mais rápida e
tratamento farmacológico imediato, enquanto que o estágio 1 permite que haja mais
tempo para avaliação e tratamento inicial com a terapia não farmacológica, a menos
que o paciente seja sintomático ou apresente lesões de órgãos-alvo.
O diagnóstico da HAS é dependente de medições precisas de rotina da pressão
arterial durante a infância, através de um processo e equipamentos padronizados.
Fatores de confusão incluem o tamanho do manguito, a técnica utilizada (isto é, da
posição do paciente e da escolha do quarto ou quinto som Korotkoff para determinar
diastólica), o número de medições efetuadas, e/ou o tipo de aparelho utilizado.
Tamanho do manguito: Em relação à largura, a câmara de ar deve ocupar
aproximadamente 40% perímetro do braço, que é medido a partir da determinação
de um ponto médio entre o olécrano e o acrômio e 80 a 100% em relação ao
comprimento. Manguitos menores produzem leituras mais elevadas e manguitos
maiores levam a resultados menores.
A medida da pressão arterial deve ser realizada no braço direito após o paciente ter
ficado quieto e confortavelmente sentado por pelo menos três minutos em um
ambiente tranquilo.
Na avaliação inicial, medidas de pressão arterial são obtidas em ambas as
extremidades superiores e inferiores para detectar a possível presença de
coarctação como a causa da hipertensão.
Número de medições – A PA deve ser tomada pelo menos duas vezes em cada
consulta, com as medidas, separadas por um ou dois minutos para permitir a
liberação de sangue. Se o segundo valor for maior que 5 mm Hg diferente do
primeiro, as medições devem ser continuadas até um valor estável seja atingido. O
valor registrado no prontuário do paciente deve ser a média das duas últimas
medidas estáveis.
Aparelho: Dispositivos oscilométricos são cada vez mais usados na prática
devido à sua facilidade de utilização e por diminuir o viés do observador [47]. Eles
são particularmente úteis quando ausculta é difícil como com bebês e recém-
nascidos, no ambiente de terapia intensiva, quando a medida da PA frequente é
necessária, ou para mensuração inicial da PA em pronto-socorro movimentado.
No entanto, se a medida da pressão arterial for superior ao percentil 90 por
oscilometria, ela deve ser confirmada por uma medida pelo método auscultatório.
Som: Ao realizar uma medição de PA pelo método auscultatório, o primeiro
(surgimento do som) e quinto sons (desaparecimento) de Korotkoff são usados para
identificar os valores pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente.
Todas as crianças maiores que três anos de idade devem ter sua pressão arterial
medida nas consultas de rotina e nos atendimentos de emergência. Crianças com
menos de três anos de idade devem ter sua pressão arterial aferida, se eles têm um
histórico de internação na UTI neonatal, cardiopatias congênitas, malformações do
trato urinário ou anormalidades do exame de Urina I, assim como também em
situações com aumento da pressão intracraniana. Além disso, se houver
antecedente pessoal ou familiar de: doença renal, transplante de órgão sólido e/ou
de medula, neoplasias, e uso de medicamentos que aumentam PA (beta2-
estimulantes).
Os objetivos da avaliação inicial da criança e do adolescente hipertensos são:
Identificar hipertensão secundária (HTN) (isto é, uma causa subjacente da
hipertensão), o que pode ser curada, evitando a necessidade de uma terapia
medicamentosa prolongada.
Identificar outros factores de risco (por exemplo obesidade e dislipidemia)
para doença cardiovascular (DCV) ou doenças associadas com um risco
aumentado de doenças cardiovasculares (por exemplo, diabetes mellitus)
Identificar pacientes com estágio 2 HTN ou com evidência de lesão de órgão-
alvo (retinopatia, hipertrofia de ventrículo esquerdo e proteinúria) para que a
terapia farmacológica possa ser iniciada.
Abstract:
About 5% of children and adolescents have high blood pressure, and in children,
hypertension is most commonly asymptomatic. The definition of hypertension in
children is based on the normal distribution blood pressure (BP) in healthy children.
The body size is the most important determinant of BP in children and adolescents.
Thus, the percentiles that regulate BP values are based on data from blood pressure
measurements according to sex, age, height in population-based studies.
The purpose of this lecture is to show the correct technique of measuring blood
pressure in childhood and adolescence and research methods according to the
probable etiology: primary or secondary.
Methods:
Definitions of blood pressure:
Normal BP in children is defined as systolic and diastolic blood pressure (SBP and
DBP) lower than the 90th percentile for age, sex and height .
Pre-hypertension: systolic and or diastolic BP percentile ≥ 90th but <95th percentile
Hypertension is defined as systolic and/or diastolic ≥95th percentile measured on
three or more occasions pressure.
Stage 1 hypertension: systolic and/or diastolic blood pressure between the 95th and
5 mmHg above the 99th percentile.
Stage 2 hypertension: systolic and/or diastolic BP percentile plus 5 mmHg ≥99th.
Discussion: The decision process for the evaluation and treatment will vary with the
severity of hypertension.
The diagnosis of hypertension is dependent on accurate routine measurements of
blood pressure during childhood through the process and standardized equipment.
Confounding factors included the cuff size, the technique used (i.e. the position of the
patient and the choice of the fourth or fifth Korotkoff sound to determine diastolic), the
number of measurements taken and/ r the type of device used.
The initial evaluation of the child with systemic arterial hypertension (SAH) includes
history, physical examination and laboratory tests and procedures. Based on the
initial history, physical examination, and laboratory evaluation, pediatrician should be
able to determine if hypertension is primary (no identifiable cause) or secondary (an
underlying disease is identifiable). This distinction will determine if further evaluation
should be performed to find a potentially reversible cause of hypertension, such as
renovascular hypertension origin.
Results: The measurement of blood pressure is mandatory from age 3 in routine and
emergency room visits. It should be measured early in newborns in the Neonatal
Intensive Care Unit, in patients with congenital urinary tract malformations or
abnormalities. Urine examination I and situations with increased intracranial
pressure. Moreover, if personal or family history of kidney disease, solid organ and/or
bone marrow transplant, cancer, and use of medications that increase BP (beta2-
stimulants).
Conclusion: It became clear that hypertension begins in childhood and
adolescence, and contributes to early development of cardiovascular disease (CVD).
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Blucher MedicalBlucher Medical Proceedings
Proceedings
Novembro de 2014, Número 4, Volume 1
Novembro de 2014, Volume 1,www.proceedings.blucher.com.br/evento/2cisep
Número 4
ASSIMETRIA CRANIANA:
RESUMO
___________________________________________________________________
1.INTRODUÇÃO
É muito importante considerar que as questões estéticas não são questões de menos valia para
nossa sociedade e que a estética se insere, em nosso cotidiano, como fator de grande
importância para a grande maioria das pessoas. Um dos componentes da mesma é a questão da
simetria que se conecta á aparência. Alguns estudos literários tem demonstrado a associação
entre a atratividade física e muitas atribuições de características positivas3, 8.
As assimetrias podem ser de origem deformacional (que ocorre devido á forças externas
pré ou pós-natais modeladoras sobre o crânio ainda maleável do bebê) ou sinostótica (um
formato assimétrico resultante do fechamento prematuro de uma ou mais suturas cranianas) e
esse deve ser o foco no diagnóstico diferencial quando o pediatra recebe o bebê com a
deformidade em seu consultório 7,10,13.
As assimetrias posicionais por sua vez, tiveram aumento da incidência a partir de 1992
após a campanha “ back to sleep” da sociedade americana de pediatria que recomendava que
as crianças fossem colocadas na posição supina para dormir, a fim de prevenir a morte súbita do
recém-nascido.As mais comuns são as plagiocefalias e braquicefalias posicionais cujas
manifestações geralmente são respectivamente de um paralelogramo com achatamento
occipital, uma bossa anterior ipsilateral e um abaulamento occipital contralateral.; e a
braquicefalia, por sua vez é conhecida pelo achatamento occipital bilateral e pode apresentar-se
de forma simétrica ou assimetrica11,14.
A etiologia das mesmas podem ser intrauterinas (por fetos muitos grandes, gestações
múltiplas ou uma pelve materna pequena, trabalho de parto prolongado) ou determinada por
fatores extrínsecos de um posicionamento ‘ viciado’ da cabeça do bebê que pode ocorrer
devido á mudanças no nosso atual estilo de vida que determinam o uso extensivo de
dispositivos como carrinhos, bebês –conforto, cadeirinhas, etc ; ou ainda, a presença do
torcicolo muscular congênito, deformidade postural resultante do encurtamento do músculo
esternocleidomastoide que faz com que o bebê mantenha uma posição de inclinação para o lado
do músculo afetado e rotação para o lado oposto mantendo sempre a mesma região do crânio
sobre apoio da superfície1,4,10,16.
2.TRATAMENTO DA CRANIOESTENOSE E DA
PLAGIOCEFALIA POSICIONAL.
A órtese craniana apresenta-se como uma terapia vantajosa, pois através da restrição do
crescimento craniano em uma direção ( aonde a cabeça apresenta bossas/abaulamentos) e o
direcionamento do crescimento na direção desejada ( nos locais em que se tem o achatamento)
é possível alcançar a simetria desejada. A órtese age, então com uma contraposição de forças
apoiando as áreas abauladas e deixando espaço interno livre nas áreas achatadas conforme
mostra a figura 12.
Fig 1:Figura representando esquematicamente a ação do capacete direcionando a
assimetria craniana. Retirado de Biggs, W2.
Uma ferramenta comumente indicada também é a estratégia “ tummy time” que são
atividades na posição prona por pelo menos 30 minutos ao dia, que o médico pode orientar para
favorecer o fortalecimento da musculatura cervical contribuindo com o reposicionamento para
evolução do ganho de simetria posterior. Além disso, é sempre importante a recomendação do
tratamento fisioterapêutico quando se encontra o torcicolo congênito em associação á
plagiocefalia posicional4,13.
English Title
Abstract
Cranial asymmetry may be synostotic or deformational origin and that should be the
focus in the differential diagnosis when the pediatrician gets the baby with the deformity
in his office. The aim of this study is to present a review of literature on cranial
asymmetries allowing best treatment differentiation. The results for both treatments are
best achieved when diagnosis is early and allow adequate direction for every need of
intervention. So it is important that the pediatrician, who is the medical reference for
every baby, can develop a broad view of the topic to enable preventive intervention
and management of the early signs of each condition This is important to the
development of a primary care-based on a multidisciplinary view and the to supply
the needs and goals of each family.
BIBLIOGRAFIA
Decio Brunoni
Resumo
___________________________________________________________________
Abstract
Autism Spectrum Disorders (ASD) are clinically and etiologically heterogeneous. The
most common known causes are genetic. Dozens of chromosomal and genetic
syndromes have been and are being recognized as comorbidities. In total represent
around 15-20% of the investigate patients. About 5% represent environmental causes
(perinatal in the most). The remaining patients (80%) have a multifactorial etiology
condition with epistatic interaction, the complex inheritance. The risk of recurrence in
the sibs of affected individuals varies from negligible do 15%.
2. Causas Genéticas
A investigação genética de um paciente com diagnóstico suspeito ou estabelecido de
TEA é eminentemente clínico. Não há, a priori, um exame, ou uma sequência de
exames, a ser solicitado, ou seja, não há triagem genética nos quadros clínicos do
espectro do autismo.
A caracterização do fenótipo cognitivo comportamental por meio dos
diferentes instrumentos diagnóstico é sempre importante, pois, se o diagnóstico de TEA
não for bem estabelecido, haverá uma desnecessária profusão de indicações de exames
genéticos. Por isso, o médico deve conhecer os fundamentos clínicos dos TEA para
estabelecer o diagnóstico. De maneira geral, deve-se buscar os critérios de inclusão
especificados na CID-10 e no DSM-IV para os transtornos globais do desenvolvimento,
e para sistematizar a pesquisa de sinais e sintomas, podem-se utilizar escalas de triagem.
Existem diversas escalas validadas para a população brasileira
(MARTELETO&PEDREMÔNICO; 2005; SATO et al., 2009).
Em regra todo paciente com TEA que apresentar alterações do fenótipo
morfológico com ou sem deficiência intelectual deve ser investigado. Nestes pacientes
encontra-se cerca de 20% de causas genéticas. Entre elas estão síndromes muito bem
conhecidas, como a Síndrome do X Frágil, a Esclerose Tuberosa até mutações de genes
muito raros. A Tabela 1 apresenta as principais causas genéticas dos TEA e os exames
que os identificam.
Tabela 1. Exemplos de síndromes e alterações genéticas que ocorrem em pacientes com sintomatologia
de Transtornos do Espectro do Autismo
Permit
%
e
Alteração/Síndro entre Método de
Quadro Clinico % com TEA suspeit
me os detecção
a
TEA
clínica
Síndrome de
típico cerca de 10% sim cariótipo
Down
45,X; 47,XXY,
típico sim cariótipo
polissomias X
variado, DI,
deleção 2q37 sim cariótipo, FISH
dismorfias,
variado, DI freqüente,
deleção 22q13.3 sim cariótipo, FISH
dismorfias,
variado, DI
freqüente,dismorfias
deleção Xp22.3 sim cariótipo, FISH
,
DI ; linguagem
del dup* 16p11.2 não aCGH
deficiente;
variado, DI freqüente,
Síndrome de Sotos sim teste molecular
leve;
Síndrome de Hipo/agenesia do
sim teste molecular
Joubert verme cerebelar; DI
variado; grave;
Doenças
histoquímica do sim teste molecular
mitocondriais
músculo alterada,
variado; grave;
Doenças
história de erro inato sim teste bioquímico
metabólicas
do metabolismo
Neuroliguinas 3 e 0,5-
DI não teste molecular
4 1,0 %
DI;
comprometimentosoc teste molecular,
SHANK3 não
ial e de linguagem aCGH
intensos
Cornelia de Lange,
Angelman, Williams,
Diversas
San Filippo, Moebius sim clinico
Síndromes
apresentam TEA em %
mal definida
3. Causas Ambientais
Há um grande número de teorias quanto a possíveis causas ambientais. Os
eventos pré e peri-natais já foram relatados como apresentando alta incidência na
história das crianças com autismo quando comparado com seus irmãos e com controles
normais. Desde quadros de asfixia, de infecções, de agentes teratogênicos (bebidas
alcoólicas ou abortivos como o misoprostol) até stress materno na gestação têm sido
relatados. Estes diversos agravos ao embrião e/ou feto que apresenta vulnerabilidade
genética ao transtorno explicaria o mecanismo causal.
Das inúmeras causas ambientais relatadas parece ser mais consistente a
prematuridade e o baixo peso ao nascer (TORDJMAN et al., 2014).
Em conclusão podemos dizer que a identificação de fatores genéticos e
ambientais possibilitam o esclarecimento de cerca de 20 a 25% dos pacientes com
diagnóstico de TEA. Estes pacientes com causa definida terão as condutas clinicas e de
aconselhamento genético de acordo com a causa: os riscos de recorrência podem variar
de insignificantes como nos casos esporádicos nos quais a mutação genética ocorreu de
novo, ou seja, pela primeira vez até riscos consideráveis de 50% (translocações
cromossômicas herdadas; mutações dominantes herdadas ou 25% síndromes com
modelo autossômico recessivo. Nestye t´pico do aconselhamento genético, lembrar com
particular cuidado da síndrome do X Frágil (FRAXA) na qual casos esporádicos tem
risco, a priori, de 30% de trem sido herdados da mãe. Sempre será necessário a
investigação da condição materna de heterozigota.
Uma vez esgotadas as possíveis causas identificáveis os pacientes com TEA são
interpretados como decorrentes de herança multifatorial. Neste modelo, variantes
genômicas de vulnerabilidade ao transtorno, associadas a causas ambientais perinatais,
seriam a causa do TEA. No momento, este modelo explica a grande maioria dos casos
(cerca de 80%). O aconselhamento genético aqui se dá em função do modelo
multifatorial: tanto maior quanto maior for o grau de parentesco com o afetado. Para
irmãos este risco varia de 10 a 15% (SANDIN et al., 2014).
5. Referências
Resumo
___________________________________________________________________
Cunha, Mariana Lucas da Rocha. “Tomada de decisão da criança e família:
visão da enfermagem”, in Anais do 2º. Congresso Internacional Sabará de Especialidades
Pediátricas
1
Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
(EEUSP). Docente da disciplina de Enfermagem Pediátrica e Oncológica na Graduação em
Enfermagem da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICASE). Coordenadora da
Pós-Graduação em Enfermagem Pediátrica e Neonatal da FICSAE. Mariana.cunha@eisntein.br.
A sociedade é frequentemente desafiada por transformações constantes que afetam os
relacionalmentos humanos. Em nossa realidade assistencial lidamos com indivíduos de diferentes
gerações, sejam com colegas de profissão, famílias ou os nossos próprios pacientes e esperado que isto
interfira nas relações que estabelecemos com eles.
Nos deparamos com indivíduos nascidos em diferentes gerações que apresentam crenças,
comportamentos e necessidades condizentes com a sua época. Para aqueles indivíduos conhecidos
como Geração X ou “Perdida”, nascidos entre 1961-1979, são considerados “descolados” ou
modernos, gostam de tecnologia e procuram-se comportar e ter uma aparência jovial. São focados e
interessados. (15)
Pessoas pertencentes a Geração Y ou “nativos digitais”, são definidos como a geração da
internet, nascidos nos meados de 1970 até meados de 1990, nasceram em um mundo de avanços
tecnológicos e prosperidade economica. Muitas vezes, foram filhos de pais carentes de atenção, e
desta maneira, foram superestimados com presentes, atenções e atividades, são percebidos como
impacientes. (15)
Na denonimada Geração Z ou “Zapping”, nascidos na segunda metade da década de 1990 e
nos anos de 2000, são elementos muito familiarizados com o “webworld”, têm como características
trocar o tempo todo o foco de atenção nas coisas (como televisão, telefone, internet). São voláteis na
profissão, para eles, a comunicação não tem barreiras e são imediatistas, impacientes e impetuosos. (15)
O ambiente de cuidado também vem se transformando, influenciado pelas transições da
economia e pelos avanços tecnologicos. Os hospitais em boa parte da nossa realidade, perdeu o foco
das casas de irmandades, que tinham como objetivos primordiais prestar caridade e abrigar pobres e
(12)
desabrigados, principalmente quando doentes ou por morrer , sem se preocupar com o resultado
financeiro. As constantes descobertas na área da saúde durante o século XX, o desenvolvimento da
tecnologia, a crescente sofisticação da hotelaria, a necessidade de expansão de serviços de apoio à
assistência e outros fatores, fizeram com que a organização hospitalar, gradualmente, se tornasse mais
complexa, com características e objetivos diferentes. (12) Atualmente, são considerados como grandes
empresas, que além do cuidado, precisam se preocupar com o retorno do investimento, modernização
e otimização de recursos materiais e humanos.
A enfermagem dentro deste contexto também evoluiu de atores puramente assistencialista para
gestores do cuidado, do ambiente e dos recursos. E a ética do cuidado em enfermagem, seguindo
paralelamente as transformações da sociedade, também sofreu grandes mudanças, originariamente de
uma postura de subserviência médica, que progrediu lentamente para a acompreensão da autonomia
profissional e que atualmente vem enfrentando complexos desafios frente aos padrões éticos e legais
que têm se desenvolvido nos direitos do consumidor, do paciente e dos avanços tecnológicos. Fez-se
necessário definir o que significa uma boa prática de enfermagem, embasada nos princípios da ética
como autonomia, beneficência, não maleficência e justiça. (5)
O conceito de promoção da autonomia embasa a condição primária para a tomada de decisão.
A tomada de decisão é um processo que começa antes e termina depois da decisão em si. Dentro do
contexto de saúde, pacientes devem ser livres para escolher ou rejeitar as intervenções nos cuidados de
sua saúde, sem coerção, e devem ser dadas todas as informações necessárias sobre sua condição e os
(5)
tratamentos possíveis, para que eles possam fazer uma escolha informada. É preciso incluir a
família nesta questão quando tratamos da criança doente e hospitalizada.
A tomada de decisão envolve três elementos principais nesta realidade de cuidado em saúde: o
hospital (ou ambiente de cuidado), a criança e sua família e a equipe de saúde. O impacto que cada
elemento tem no processo de decisão necessita ser delineado e neste sentido, iremos focalizar uma
fração da equipe de saúde, de fundamental importância que é a enfermagem.
O hospital é percebido como um ambiente complexo e despersonalizado, regulado por ações
mecanizadas, com regras e rotinas específicas, burocrátizado e com a cultura própria de cada serviço.
(8, 17)
Existem vários hospitais em um mesmo hospital, o contexto da unidade de terapia intensiva
difere do ambulatório, o ambiente da unidade de internação não se compara ao do centro cirúrgico,
além de que, muitas vezes, a criança e a família precisam lidar com a internação em unidades de
adultos. Essas situações demandam da criança e família adaptação constante nas suas relações com a
equipe de saúde, no seu comportamento e no atendimento de suas necessidades.
A família frente a doença e hospitalização da criança apresenta reações e sentimentos
decorrentes desta experiência, influenciados por perceções e emoções alteradas, que afetam sua
(14)
capacidade de compreender a situação. Normalmente a vivência da família no hospital é
caracterizada por um período de desestruturação familiar, realinhamento de papeis, surgimento de
(7)
sentimentos como incerteza e ameaça a sua integridade, além de medo, tristeza e ansiedade. A
depender da gravidade da doença e o fato da hospitalização ser um evento estressantemente
inesperado, submete a família a dependência da equipe de saúde, descontrole, fragilidade e isolamento
social; que deflagram ameaça a sua autonomia e consequente estado de vulnerabilidade. (6)
Frente as normas e rotinas hospitalares, o familiar pode sentir sua vida invadida pela
imposição dos deveres institucionais diversos a suas crenças, valores e habitos de vida e seu contexto
(18)
social/familiar. Há momentos em que a família aceita a situação imposta, concordando com as
regras estabelecidas ou resignando-se às condições, e outros enfrenta as dificuldades, buscando seus
direitos, tendo confiança e esperança, desejando participar do tratamento, querendo ser conhecida pela
equipe e contando com a rede de apoio. (6)
As relações da família com a equipe de saúde e os conflitos decorrentes destes
relacionamentos; além dos aspectos que envolvem a participação da família no cuidado da criança
doente e internada, vem sendo explorado de maneira substancial na assistência pediatrica. (10)
A compreensão desta perspectiva nos obriga a considerar que na história, o envolvimento da
família pela enfermagem, se deu de modo inverso, ou seja, a enfermagem teve seu início nos
domicílios dos pacientes, o envolvimento familiar era natural. A transição das prática de enfermagem
para o contexto hospitalar , durante a Segunda Guerra Mundial, decorreu no afastamento das famílias
dos cuidados de seus membros doentes e de grandes eventos no ciclo da vida como nascimento e
morte. Com a evolução dos estudos e da assistência propriamente dita, a enfermagem iniciou um novo
ciclo no cuidado às famílias , com ênfase e a obrigação de convidar as famílias para participar
novamente de seus próprios cuidados de saúde. (19)
Na realidade brasileira, a inclusão da família neste cenário, iniciou com a preocupação de
humanizar o cuidado a criança enferma, entendida como uma situação de crise, ao tira-la do seu
cotidiano e a colocando em contato com uma realidade desconhecida. A questão da humanização
hospitalar começou a ser discutida durante os anos 80, com o “Programa Mãe Participante” e
consolidou-se nos anos 90, com o chamado “Família Participante”. Estes programas visavam
minimizar o sofrimento psíquico das crianças e fortalecer a capacidade de resposta favorável ao
tratamento proposto. (14)
O marco conceitual da inserção da família, foi sobretudo, a regulamentação do Estatuto da
Criança e do Adolescente, que garante a permanência de um acompanhante em período integral
(3)
durante a hospitalização infantil. No entanto, sabe-se que a inserção da família exigia das
organizações de saúde, adaptação nos processos de trabalho e realinhamento da relações interpessoais,
que na prática, não aconteceu e fomentou as relações conflituosas entre família e equipe de
(16)
enfermagem.
Com a inserção da família no ambiente hospitalar, o foco do cuidado da enfermagem ampliou
para o binômio criança-família. No entanto, como este processo não foi embasado por um
planejamento gradativo, mas, sobretudo adaptado a concepção individual dos profissionais quanto ao
que significava compartilhar o cuidado da criança, a família foi inserida com a expectativa de realizar
cuidados às crianças rotulados pela equipe como simples ou “semelhantes aos domiciares”, ainda que
ações de responsabilidade da enfermagem. (16)
A equipe de enfermagem tem realizado um cuidado centrado em tarefas e a família tem sido
incluida como uma realizadora de cuidados. Há o reconhecimento de que o trabalho da enfermagem
está se distanciando do cuidado integral e humanizado, e portanto, as necessidades do binômio criança
e família não têm sido identificados nas suas singularidades pelos enfermeiros. (16)
Contudo, estudo revela que apesar de parecer satisfatório, de algum modo, a dinâmica do
cuidado à família estabelecida pelos enfermeiros pediátricos, os mesmos vivem dilemas éticos nesta
realidade. Onde os enfermeiros sentem-se angustiados na tentativa de proteger os direitos dos
pacientes, preocupam-se com a falta de informações oferecidas a criança e família o que afeta
diretamente a autonomia do binômio, enfrentam grandes desafios na rotina de trabalho com condições
pouco favoráveis de trabalho e dificuldades de comunicação entre a equipe interdisciplinar. (5)
Parte da solução para estes dilemas, é considerar algumas premissas para o dia-a-dia de
trabalho da enfermeira com as famílias, é acreditar que “a família tem um impacto significativo sobre
a saúde e o bem-estar de cada um de seus membros, podendo exercer considerável influência sobre
suas enfermidades”, “ a doença é um assunto de família” e ainda que, “ enfermeiras têm o
compromisso, bem como a obrigação ética e moral, de envolver as famílias em seus cuidados de
saúde.” (19 ) Cada uma destas assertivas, carrega em si, o olhar para a família como um sistema e que o
que afeta um dos indivíduos afeta aos outros também. (2, 19)
Para a enfermeira é alinhando o planejamento e a implementação da sua assistência aos
principios do Cuidado Centrado na Família (CCF), que são: Considerar a família uma constante na
vida dos indivíduos, acreditar que o cuidado deve ser construido com base na colaboração entre os
envolvidos, que há necessidade da informação ser compartilhada entre os envolvidos (criança-família
e a equipe de saúde), que há de se trazer valores e crenças de ambos os lados desta relação, reconhecer
que cada indivíduo tem sua maneira de enfrentamento, favorecer a existência de uma rede social de
apoio e finalmente, que as famílias frente às situações de crises como doença ou hospitalização são
famílias (4), que se pode favorecer a autonomia da criança e família.
A enfermeira que trabalha com crianças e família tem múltiplos papéis, dependendo das
necessidades dessas, das situações e da assistência, deve desempenhar o papel de “Educadora de
saúde”, onde ensina formal ou informalmente as famílias sobre saúde e enfermidade e, age como
principal provedor de informações de saúde; “Prestadora de cuidados de saúde”, prestando cuidados
diretos bem como supervisão dos cuidados prestados por outros; “Conselheira da família”, onde deve
ter um papel terapêutico para ajudar a enfrentar problemas e identificar recursos; “Defensora da
família”, trabalhando no sentido de dar apoio às famílias. Estes papéis servem como base para as
intervenções com as famílias e para a promoção do relacionamento positivo entre os envolvidos. (19)
O relacionamento entre a enfermeira e a família é parte essencial do cuidado da criança e
família (17), a qualidade e a natureza dos relacionamentos influenciam na experiência de cuidado tanto
para a família quanto para a enfermeira. As relações colaborativas entre as enfermeira e as famílias
devem ser pautadas em cinco pressupostos: (19)
1. O relacionamento família-enfermeira caracteriza-se pela reciprocidade.
2. O relacionamento família-enfermeira não é hierárquico.
3. Enfermeiras e famílias têm, respectivamente, habilidades especializadas para manter a
saúde e lidar com os problemas de saúde.
4. Enfermeiras e famílias trazem pontos fortes e recursos ao relacionamento família-
enfermeira.
5. Processos de feed-back podem ocorrer de modo simultâneo em níveis diferentes do
relacionamento.
Estabelecer relações colaborativas é parte essencial no contexto da tomada de decisão da
criança e família. Para que a tomada de decisão seja competente deve envolver o conhecimento dos
riscos e das consequências de cada opção de escolha (11), onde os papeis que devem ser incorporadas
pelas enfermeiras podem auxiliar no fornecer informações, defender os direitos da criança e família e
ter um papel terapêutico.
Para as crianças, especificamente, as decisões de saúde devem ser baseadas no que é melhor
para a criança, não no que é melhor para os outros. O padrão de melhor interesse é importante em
pediatria, pois ajuda a proteger as crianças. Deve-se considerar o equilíbrio entre benefícios e
potenciais danos da decisão a ser tomada e se possível pelo melhor juiz desta decisão. Outra questão
importante é solicitar o assentimento da criança para os procedimentos que são possíveis.
“Assentimento implica que a informação de saúde deve ser prestada às crianças, adaptada à sua
capacidade de compreender, e sua cooperação voluntária deve ser solicitada tanto quanto for
razoavelmente possível.” (5)
Em estudo realizado para analisar as situações e contextos que propiciaram ou dificultaram as
relações de acolhimento e autonomia, em uma enfermaria pediátrica, demonstrou que o princípio da
autonomia foi respeitado nos momentos de cuidados das mães em relação aos seus filhos, nas
(1)
conversas com as equipes e na apropiação do seu espaço e do processo de tratamento. Este estudo
reforça a importância da autonomia das famílias, nos momentos que para a enfermagem, muitas vezes
podem ser considerados inexpressivos.
Frente ao exposto, fica evidente que as famílias podem vivenciar relações positivas no
hospital quando se sentem potencializadas para desenvolver o cuidado à criança e conseguem
(8)
desenvolver o dialogo com a equipe de enfermagem, vivenciando uma relação colaborativa. É a
prática do cuidado compartilhado, preconizado por ações humanísticas e ações de cuidados na
(10)
interação dialógica com a criança e a família , que permea a autonomia e consequente a decisão
compartilhada.
O cuidado compartilhado com a criança e família deve abranger, entre outros requisitos: respeitar
a criança e família e inclui-las no plano terapêutico ( respeitar a individualidade), valorizar a
participação da família no cuidado da criança (definir papéis e o que se espera de cada um), instituir
praticas cuidativas embasadas no dialogo, na negociacao e na participação, sensibilizar e
instrumentalizar os profissionais de saúde e sobretudo, ter apoio das instituições onde o cuidado é
realizado. (16, 18)
As transformações promovidas pela realidade que estamos enfrentando no cenário do cuidado
em saúde a criança e a família, indicam que as mudanças no papel do enfermeiro se fazem necessárias,
quando percebemos que incluir a criança e família na tomada de decisão, pode favorecer a
recuperação da criança, melhorar a satisfação da criança e família, possivelmente diminuir o tempo de
internação e consequentemente os custos do cuidado em saúde.
Child and family decision making: the nurse's view
Mariana Lucas da Rocha Cunha1
Abstract
Referencias
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Blucher Medical Proceedings
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Novembro de 2014, Número 4, Volume 1
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Resumo
___________________________________________________________________________
1
Fisioterapeuta Mestre em Neurociências pelo Departamento de Neurologia da Faculdade
de Ciências Médicas da UNICAMP
Responsável pela área de Fisioterapia Neonatal do Hospital da Mulher Prof. Dr. José
Aristodemo Pinotti – CAISM-UNICAMP
Responsável pelo Serviço de Fisioterapia da Maternidade de Campinas
2
Fisioterapeuta Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente pelo Centro de Investigações
Pediátricas da UNICAMP
Responsável pelo Setor de Fisioterapia do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo
Pinotti – CAISM-UNICAMP
Principais Técnicas de Fisioterapia Respiratória em Pediatria
Fisioterapia respiratória é um processo dinâmico que deve ser visto como uma
aplicação terapêtica de intervenções mecânicas, baseadas na fisiologia das vias aéreas. Faz
parte de seus objetivos a prevenção ou a redução das consequências da obstrução por
secreção, tais como hiperinsuflação, atelectasia, má distribuição da ventilação, alteração da
relação ventilação/perfusão (V/Q) e aumento do trabalho respiratório. Secundariamente, a
remoção de secreções infectadas, de mediadores inflamatórios e a consequente redução da
atividade proteolítica e oxidativa das vias aéreas, pode prevenir ou reduzir as lesões teciduais
provocadas pelas infecções broncopulmonares. (OBERWALDNER, 2000; GÜRSLI, 2002;
POSTIAUX, 2000)
No que diz respeito à faixa etária neonatal e pediátrica, onde os pacientes estão em
constante crescimento e desenvolvimento, a abordagem fisioterapêutica difere de forma
substancial das práticas utilizadas no adulto, devendo respeitar a idade do paciente e fatores
anatômicos e fisiológicos relativos; doença pulmonar e doenças associadas; condições
clínicas e evolução do quadro; cooperação e aderência ao tratamento; e crescimento e
desenvolvimento neuropsicomotor.
Em pediatria, a aplicação das técnicas varia entre as formas passiva, ativo-assistida ou
ativa, de acordo com a idade e o grau de cooperação do paciente.
A DRR é uma manobra de inspiração forçada que tem por objetivo remover secreções
da rinofaringe. Pode ser utilizada com ou sem o uso de instilação local de solução fisiológica.
Quando utilizada com instilação, recebe a denominação de DRR+I.
Seu princípio está fundamentado no aumento da velocidade do fluxo aéreo inspiratório que
diminui a pressão dos orifícios sinusais e da trompa de Eustáquio (provocando o chamado
efeito de Venturi), favorecendo a mobilização das secreções destas cavidades para o conduto
rinofaríngeo principal. (POSTIAUX, 2000)
É realizada de forma passiva em lactentes e crianças pequenas, ou ativa em crianças
acima de 4-5 anos, adolescentes e adultos. Na forma passiva, o aumento do fluxo é gerado
pelo reflexo inspiratório originado após uma expiração completa, provocado pelo choro ou
por uma manobra de fisioterapia respiratória [Expiração lenta e prolongada (ELPr), ou
aumento do fluxo expiratório lento (AFEL)por exemplo]. (POSTIAUX, 2000; FELTRIM,
2001)
Para a aplicação da técnica na forma passiva, a criança deve estar em decúbito dorsal,
elevado a aproximadamente 30o. O fisioterapeuta pode posicionar-se de duas formas:
- atrás da maca, com uma das mãos elevando a mandíbula, apoiando os dedos indicador e
médio na base da língua, ao final do tempo expiratório, obrigando a criança a inspirar
profundamente pelo nariz. (imagem 1)
- lateralmente ao leito, ocluindo a boca do paciente com a região hipotenar da mão, fechando
rapidamente o orifício bucal. (imagem 2)
Esta técnica foi descrita por Barthe, no final da década de 1960, sendo denominada
“Aceleração do Fluxo Expiratório” até 1994. Após a Conferência de Consenso de Técnicas
Manuais de Fisioterapia Respiratória (Lyon, França, 1995), passou a ser conhecida pela
denominação atual.
A AFE é definida como um aumento passivo, ativo-assistido ou ativo do fluxo aéreo
expiratório, com o objetivo de mobilizar, carrear e eliminar as secreções traqueobrônquicas,
com ou sem a ajuda de um fisioterapeuta.
A AFE, de acordo com o objetivo desejado, pode ser realizada de forma rápida,
aumento do fluxo expiratório rápido (AFER), ou de forma lenta, aumento do fluxo expiratório
lento (AFEL): (POSTIAUX, 2001; BARTHE, 1990; DELAUNAY, 1998; WILS, 1998;
POSTIAUX, 1992; BERNARD-NARBONNE, 2003; COPPO, 2007)
- AFER: tem por objetivo promover a progressão das secreções dos brônquios de médio para
os de grande calibre, por meio do aumento do fluxo aéreo expiratório nos primeiros troncos
brônquicos e traqueia, a grande velocidade. A técnica assemelha-se a um exercício de
expiração forçada não prolongada, próximo ao pico de fluxo, e se aproxima da tosse sem o
fechamento da glote. Está indicada quando a ausculta pulmonar evidencia secreções nas vias
aéreas de grande calibre.
- AFEL: tem por objetivo mobilizar as secreções dos pequenos brônquios até as vias aéreas
proximais, por meio de uma expiração lenta e prolongada, gerando baixo fluxo e baixo
volume pulmonar, para permitir a eliminação de secreções mais periféricas. Nesta técnica,
realiza-se uma expiração longa e não forçada, impondo um fluxo lento e prolongado ao
paciente, de forma a conservar a abertura dos brônquios de pequeno calibre e inibir o
fechamento precoce dos pontos de igual pressão.
Em função da localização das secreções nas vias aéreas inferiores, pode-se graduar a
expiração, tornando a técnica variável em velocidade, fluxo e volume de ar mobilizado;
modulável em função do grau e do local da obstrução, da doença, da quantidade e da
qualidade das secreções; e adaptável segundo a idade, o grau de compreensão e de atenção do
paciente.
A dinâmica da técnica consiste num movimento obliquo da mão torácica, de cima para baixo
e de frente para trás (simultaneamente), acompanhando o movimento expiratório. Já a mão
abdominal pode variar de acordo com a idade e a doença do paciente, podendo ser adaptada
das seguintes formas:
1 – movendo-se de maneira sincronizada e ativa com a mão torácica, para uma manobra mais
intensa. Esta variável está mais indicada para pacientes maiores de 2 anos, quando a
maleabilidade e a conformação torácicas já sofreram as alterações fisiológicas próprias da
idade. (imagem 5)
2 – de forma passiva, funcionando como uma cinta abdominal, em contra apoio. Na nossa
experiência, utilizamos esta variável preferencialmente em lactentes. (imagem 6)
Imagem 6- arquivo do Setor de Fisioterapia – CAISM-UNICAMP
3 - como uma ponte, cujos pilares são o polegar e o indicador (ou dedo médio). Esta variação
é denominada “Técnica da Ponte” e tem por objetivo limitar a expansão das últimas costelas,
aproximando origem e inserção do diafragma durante a inspiração, melhorando a força de
contração. Além disso, preserva o abdome, criando um limite mecânico para a mão torácica, o
que previne alterações do fluxo sanguíneo cerebral causadas pelo aumento da pressão
intratorácica. É utilizada principalmente em recém-nascidos prematuros, durante o período
neonatal. (BARTHE, 1990; DEMONT, 2007; COPPO, 2007) (imagem 7)
A pressão da manobra é sempre suave, simétrica e a mão nunca deve deslizar sobre a
pele, perdendo o contato com o tórax. A pressão/mobilização torácica deve seguir
rigorosamente as curvaturas costais, não ultrapassando a fisiologia articular nem os limites de
elasticidade costal. Quando associada à mobilização abdominal, promove a eliminação de
maior volume de ar, por redução de todos os diâmetros torácicos, proporcionando melhor
carreamento e eliminação das secreções traqueobrônquicas. (FELTRIM, 2001, BARTHE,
1990)
A manobra deve começar no platô inspiratório do paciente. A efetividade da técnica é
maior quando realizada a partir de um volume inspiratório máximo. Isto é possível após uma
expiração prolongada passiva, pois esta provoca uma inspiração reflexa próxima ao volume
de reserva inspiratório, aumentando o volume pulmonar. Se a manobra for iniciada antes do
término da inspiração, provoca um bloqueio reflexo torácico de defesa que consiste no
fechamento da glote, bloqueio da respiração ou ainda ativação da musculatura inspiratória.
Por este motivo, em recém-nascidos ou crianças taquipneicas, a manobra pode ser feita a cada
dois ou três ciclos respiratórios. Se, por outro lado, for começada após o início da expiração, o
volume pulmonar será menor, mobilizando pouca secreção e tornando-a ineficaz. (FELTRIM,
2001; BARTHE, 1990; DELAUNAY, 1998)
O número de manobras é individualizado, e devem ser repetidas até que se perceba a
vibração das secreções sob a mão torácica e/ou se escutem as secreções na boca ou no tubo
endotraqueal. Somente então, se necessário, deve ser estimulada a tosse ou realizada a
aspiração.
As manobras de AFE também podem ser associadas à vibração ao final da expiração
e/ou DRR. (FELTRIM, 2001; BARTHE, 1990; DELAUNAY, 1998; WILS, 1998)
Manobras de AFER ou AFEL devem ser moduladas durante a terapia, de acordo com
a localização das secreções, percebidas através da ausculta pulmonar, palpação das vibrações
no tórax e/ou escuta dos sons na boca.
A técnica de AFE está indicada para todas as situações de obstrução brônquica
proximal ou distal, causadas por estase de secreções. Os indicadores são os ruídos
respiratórios, a qualidade das secreções, as vibrações e suas localizações e as sensações do
paciente. A escolha do tipo de manobra (AFEL ou AFER) dependerá da análise dos ruídos
respiratórios pela ausculta pulmonar. São consideradas contra-indicações absolutas, as
situações onde ainda não existe a presença de secreções pulmonares. (FELTRIM, 2001;
BARTHE, 1990; WILS, 1998; COPPO, 2007)
Particularmente na AFER, a alta velocidade expiratória pode levar ao colapso das
vias aéreas em certas enfermidades como asma, enfisema ou traqueobroncodisplasia,
constituindo um limite para a aplicação da técnica. (POSTIAUX, 1992)
Um controle da ausculta pulmonar é sempre necessário para se apurar a eficácia da
terapia. O seguimento das terapias se faz a partir de observações qualitativas, quantitativas e
colorimétricas das secreções; das variações da frequência respiratória; da diminuição da
dispnéia e às vezes da cianose nos casos mais graves; e também de acordo com a radiografia e
a ausculta pulmonar.
O número e a duração das sessões variam em função do grau de obstrução, da
qualidade das secreções e do estado de fadiga do paciente. (BARTHE, 1990, WILS, 1998)
A ELPr é uma técnica passiva de ajuda expiratória aplicada ao lactente, obtida por
meio de pressão manual tóraco-abdominal lenta, com início no final de uma expiração
espontânea, prosseguindo até o volume residual. Descrita por Postiaux em 1980, tem como
objetivo a desinsuflação pulmonar completa, com consequente depuração da periferia
broncopulmonar, obtida por um volume expirado maior que o de uma expiração normal. Este
efeito é possível graças ao tempo expiratório prolongado, provocado em um tórax bastante
maleável (devido à suas propriedades fisiológicas nesta faixa etária), induzindo a criança a
respirar a baixo volume pulmonar (volume de reserva expiratório). (POSTIAUX, 2000;
FELTRIM, 2001; BARTHE, 1990)
Para realização da técnica o paciente deve ser posicionado em decúbito dorsal
horizontal, ou elevado a 30o, numa superfície semi-rígida. As mãos do terapeuta devem ser
colocadas uma sobre o tórax e outra sobre o abdome. A mão torácica deve estar localizada
entre a fúrcula esternal e a linha intermamária, com o apoio da mão do terapeuta variando de
acordo com o tamanho do tórax do paciente. A mão abdominal posiciona-se sobre o umbigo e
as últimas costelas. O fisioterapeuta exerce uma pressão manual tóraco-abdominal, ao final do
tempo expiratório espontâneo, prosseguindo até o volume residual. (imagens 10 e 11)
Imagens 10 e 11- arquivo do Setor de Fisioterapia – CAISM-UNICAMP
Esta pressão deve ser sustentada até que se perceba o aumento do esforço inspiratório da
criança.(imagem 13)
Ao mesmo tempo, o terapeuta realiza movimentos rítmicos para cima e para baixo,
utilizando o deslocamento do próprio corpo. Este movimento provoca alterações na
frequência respiratória do paciente, com consequentes variações do volume pulmonar.
(LANNEFORS, 2004)
Já em recém nascidos pré termo, a utilização da técnica necessita de modificações
baseadas nas limitações impostas pelas características fisiológicas desta faixa etária. A
necessidade de se manter estas crianças em incubadoras, dificulta a colocação das mãos no
tórax na posição descrita originalmente. Além disso, o apoio abdominal realizado pela cinta,
pode provocar alterações do fluxo sanguíneo cerebral. Nestes recém nascidos, utilizamos a
fralda para sustentação do abdome e posicionamos a mão torácica entre a fúrcula esternal e a
linha intermamária, realizando a técnica da mesma maneira descrita anteriormente. (imagem
16)
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Capítulo 19. em SARMENTO, GJV; PEIXE, AAF; CARVALHO, FA. Fisioterapia
respiratória em pediatria e neonatologia. São Paulo. Ed. Manole, 2007. caps 19 e 30.
Palavras chave: Asma, asma aguda grave,, Status asthmaticus, Pediatria, Terapia Intensiva
Pediátrica
Keywords: Asthma, Acute severe asthma, Status asthmaticus, Pediatrics, Pediatric
Intensive Care.
___________________________________________________________________
Cesar, Regina Gricolli. “O Uso da Pressão Positiva em Crianças Asmáticas”, in Anais do 2º. Congresso
Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
1
Profa. Dra Regina Grigolli Cesar. Coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica da
Santa Casa de São Paulo. Médica diarista da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital
Infantil Sabará.
1 Introdução
PEEP
Positive end-expiratory pressure (PEEP) pode ser adicionado a qualquer
modo de VPM é é produzido por dispositivos que regulam a pressão ao final da
porção expiratória do circuito do aparelho. O efeito do PEEP é como uma pressão
de distensão para aumentar o FRC ("volume de ar pulmonar ao final da expiração"
ou "capacidade residual funcional"). Ao manter essa pressão acima daquela na qual
os pulmões colapsam ("closing pressure"), atelectasia ou colapso alveolar são
minimizados. O efeito definitivo é diminuir o shunt intrapulmonar e melhorar a
oxigenação arterial (HEULITT, WOLF, ARNOLD, 2008).
PEEP aumenta a pressão intratorácica e leva a consequências
hemodinâmicas em potencial quando a elevada pressão intratorácica se soma à
pressão capilar transmural, reduzindo o retorno venoso ao átrio D. Em crianças sem
patologias cardíacas, esse efeito é corrigido por meio do aumento do volume
intravascular por meio de cristalóides ou colóides (HEULITT, WOLF, ARNOLD,
2008).
Bi-PAP
Não se deve confundir BiPAP® nome comercial derivado de "bi-level positive
airway pressure" (pressão positiva bifásica), com o modo de ventilação. BiPAP® é
um dispositivo desenvolvido para oferecer, em ambiente de home care, dois níveis
de pressão em resposta ao fluxo do paciente, com o objetivo de dar suporte à
ventilação de modo não invasivo, por meio de máscara assistindo a respiração
espontânea insuficiente (JAARSMA et al., 2001).
O modo de ventilação Bi-PAP (também conhecido como PeV+ na literatura
americana), por outro lado, foi inicialmente desenvolvido para dar suporte ventilatório
total em ambientes de cuidados intensivos por meio de tubo endotraqueal. Bi-PAP
utiliza variações cíclicas entre dois níveis de pressão positiva contínua, permitindo a
respiração espontânea durante cada fase ventilatória (JAARSMA et al., 2001).
Em adultos esta modalidade de ventilação resulta na diminuição dos níveis de
pico de pressão inspiratória, em menor desequilíbrio entre ventilação-perfusão, e em
menor ventilação do espaço morto (JAARSMA et al., 2001).
Devido à capacidade de respirar espontaneamente a cada fase, é uma
modalidade que permite melhor adaptação do paciente, e assim, menor sedação,
podendo ser vantajosa em crianças. Ao prolongar os períodos baixa pressão, BIPAP
pode ser usado durante todo o período de ventilação artificial, incluindo o processo
de desmame, mas o trabalho respiratório pode ser um problema em crianças
(JAARSMA et al., 2001).
Até 2000 não haviam estudos com BIPAP em crianças, sendo o primeiro
realizado por JAARSMA et al. e publicado em 2001, que compararam os resultados
em 18 crianças intubadas, 11 ventiladas em BIPAP e 7 ventiladas na modalidade
PSV por insuficiência respiratória de diversas causas, nenhuma em estado de mal
asmático. Os autores concluiram ter se tratado de modo de VPM eficaz, seguro, de
fácil aplicação nas crianças que participaram do estudo.
Embora seja empregado em diversos quadros que cursam com insuficiência
respiratória, como desordens neuromusculares, fibrose cística, bronquiolite, os
benefícios da NPPV em crianças em estado de mal asmático não está, até o
momento, adequadamente estabelecido (HOWELL, 2014). Uma revisão sistemática
revelou dados de qualidade insuficiente para sustentar o uso da NPPV em crianças
em estado de mal asmático (BRIGHAM, BRILLI, 2008).
Segundo Bigham, Brilli (2008) até 2008 apenas um estudo com crianças
apresentou resultados da comparação entre NIPPV e o tratamento convencional,
demonstrando eficácia desse modo de VPM na redução do WOB e da dispnéia. De
qualquer modo, de acordo com (HOWELL, 2014), a indicação de NPPV ainda varia
de centro a centro.
Limitações da NPPV (HOWELL, 2014):
requer cooperação do paciente;
compromete a habilidade em eliminar secreções do trato respiratório;
compromete a oferta de medicamentos via inalatória;
não proporciona controle definitivo da via aérea;
pode provocar distensão gástrica com risco de aspiração;
pode aumentar a sensação de falta de ar após sua instalação;
pacientes podem se sentir claustrofóbicos;
Pacientes de uma ampla faixa etária aparentemente toleram bem VNI em
situações agudas desde que adequadamente sedados e monotorizados
(VENKATARAMAN, 2011, HOWELL, 2014), mas deve-se atentar para os riscos pela
diminuição dos reflexos protetores de vias aéreas e redução do drive (HOWELL,
2014). Não se pode desconsiderar que os riscos da sedação fazem parte dos
argumentos contra estratégias ventilatórias que requerem intubação/SRI.
Embora alguns pacientes possam se beneficiar de uma fase de VNI na
tentativa de redução da fadiga da musculatura respiratória, o uso de Bi-PAP requer
cooperação do paciente e uma máscara bem ajustada e selada, condições que
podem se provar difíceis, se não impossíveis de serem obtidas em uma criança
agitada e ansiosa na iminência de uma falência respiratória (ROTTA, ACKERMAN,
EIGEN, 2011). Em estudos com lactentes prematuros, dispositivos de oferecem alto
fluxo via cânula nasal, como o Vapotherm 2, mostraram resultados equivalentes à
NIPPV por prog nasal quanto à redução do WOB (HEULITT, WOLF, ARNOLD,
2008).
Em adição, a despeito dos relatos sobre sucessos na ventilação sem
intubação, com vantagens especialmente em imunossuprimidos e em asmáticos, até
2008 nenhum estudo provara que VNI fora superior à VPM convencional via
intubação traqueal.
Em alguns casos específicos de asma aguda que estão progredindo para
falência da musculatura respiratória, ventilação não invasiva com pressão positiva
(NPPV) pode evitar a necessidade de intubação ao facilitar WOB enquanto enquanto
se aguarda o máximo efeito da farmacoterapia (HOWELL, 2014). Entretanto alguns
quadros de estado de mal asmático não respondem o suficiente com NPPV, e
2
Vapotherm Inc. Disponível em http://www.vtherm.com/
evoluem com uma ou mais dos fatores que contraindicam VNI (VENKATARAMAN,
2011).
Parada cardíaca ou respiratória;
Instabilidade hemodinâmica (hipotensão, choque);
Reflexos protetores de vias aéreas pobres;
Cirurgia recente de VAS ou esôfago;
Excesso de secreções;
Paciente não cooperante;
Agitação;
Pneumotórax não tratado;
Impossibilidade de ajuste adequado da máscara;
Fraqueza muscular rapidamente progressiva (e.g., Sd. Guillain-Barré).
A decisão por intubação não deve ser postergada até que que a falência
respiratória seja iminente. Intubação traqueal está indicada nesses quadros:
quando não há melhora ou há piora do WOB;
se a PaCO 2 > 50mmHg (lembrar de valorizar o pH principalmente em
pacientes crônicos) 3;
se O 2 a 60% não é suficiente;
se há alteração do estado mental;
Nos pacientes em estado de mal asmático em geral:
hipoxemia a despeito da oferta de O 2 em elevadas concentrações ou de O 2
por NPPV;
WOB intenso, dificuldade para falar;
estado mental alterado;
parada respiratória ou cardíaca.
Intubação
A intubação de pacientes com asma grave quase-fatal é complicada pelo fato
de que esses pacientes estão, por definição, fatigados, acidóticos, e frequentemente
hipoxêmicos e agitados. Uma vez decidida a intubação, o procedimento deve ser
desempenhado por profissional especializado e experiente em sequência rápida de
intubação (SRI)
3
Hipercarbia isoladamente não indica intubação, exceto se há elevação progressiva da PaCO2 a despeito da
intervenção farmacológica no limite máximo e/ou NPPV.
Na SRI, a intubação deve ser precedida pela administração de:
a. pré-oxigenação com O 2 a 100% por máscara facial durante a respiração
espontânea;
b. anestésico (e.g. um opiáceo, propofol ou ketamina);
Ketamina e propofol têm propriedades broncodilatadoras, mas o propofol não
é liberado pelo FDA para uso contínuo após indução em unidades de terapia
intensiva pediátrica.
Dentre os opióides, o fentanil é a escolha mais comum; morfina deve ser
evitada pois em associação com histamina libera e pode, pelo menos
hipoteticamente, pode exacerbar processos alérgicos e inflamatórios.
c. benzodiazepínico;
midazolam or lorazepam, para garantir uma sedação adequada e reduzir
risco de alucinações durante a recuperação anestésica.
d. bloqueador neuromuscular;
bloqueador neuromuscular de ação rápida como a succinilcolina pode ser
utilizada para induzir paralisia, mas bloqueadores neuromusculares não-
despolarizantes, como vecurônio, rocurônio, cisatracúrio têm sido os mais
usados;
e. o posicionamento da cânula (com cuff) deve ser conferido por ausculta, RX de
tórax, método colorimétrico ou capnografia.
f. a ventilação por ambu deve ser cuidadosa para evitar frequências elevadas
que frequentemente são administradas imediatamente após a intubação, com
risco de hiperinsuflação e suas consequências sobre a estabilidade
hemodinâmica (hipotensão com hipoxemia);
na asma grave o paciente requer frequência suficientemente baixa para
permitir expirações prolongadas. por meio de ausculta pode ser determinada
o final da expiração (cessam com ruidos adventícios), indicando que nova
inspiração pode ser iniciada.
pneumotórax por barotrauma deve ser cogitado em pacientes hipoxêmicos e
hipotensos que não respondem rapidamente à administração de fluídos e à
otimização da ventilação.
Respiração assistida via máscara facial deve ser evitada; deve-se manter
pressão sobre a cartilagem cricóide durante o procedimento para reduzir o risco de
aspiração. Quando possível, manter sonda nasogástrica para descomprimir o
estômago e também reduzir risco de aspiração.
Modalidades Assistidas
Contrariamente à ventilação controlada, as modalidades assistidas (e.g
Ventilação assistida-controlada ou ACV; Ventilação mandatória intermitente
sincronizada ou SIMV; Ventilação com pressão de suporte ou PSV) requerem que o
aparelho seja capaz de detectar esforços inspiratórios dos pacientes. Há variantes
que dependem do ajuste da FR: quando a FR é ajustada para zero, o aparelho
assiste todos os esforços de acordo com a sensibilidade do trigger; se ajustada
acima de zero, pode ser classificada como assistida-controlada.
A modalidade assistida que emprega ciclos mandatórios é denominada
Ventilação Assistida-Controlada (ACV). Quando a ventilação assistida não emprega
ciclos mandatórios, i.e., a ciclagem fica a cargo do paciente – que desencadeia o fim
da fase inspiratória e a abertura da válvula expiratória por meio de um esforço
expiratório (trigger expiratório) – temos a modalidade PSV.
Em modalidades assistidas, o número total de ciclos é a soma dos ciclos
mandatórios e ciclos espontâneos.
Conclusão:
Na Asma Aguda Grave, as modalidades controladas não estão indicadas.
Quadros que cursam com falência da bomba se beneficiam de modalidades
assistidas de VPM, nas quais a sensibilidade do trigger pode ser ajustada para
permitir respirações espontâneas que são assistidas pela máquina
(VENKATARAMAN, 2011).
De uma perspectiva simplificada, os modos de VPM (assistida) para asma
aguda são escolhidos conforme a variável da fase inspiratória "limite" (à volume ou à
pressão). É importante ressaltar que até o momento não foram publicadas
evidências que sobre o melhor tipo de limite (ROTTA, ACKERMAN, EIGEN, 2011).
Limite à pressão
Vantagens: ao se utilizar um fluxo desacelerante, garante que uma pressão
inspiratória limite não seja ultrapassado.
Desvantagens: VC pode variar amplamente em função das mudanças na resistência
de vias aéreas e no estado de hiperinsuflação.
Limite à volume
Vantagens: entrega um VC constante, desde que não haja escape significativo, e
permite a comparação do pico de pressão inspiratório e da pressão de platô ("peak-
to-plateau pressure") que pode servir como indicador longitudinal da resistência das
vias aéreas em resposta às medidas terapêuticas: o aumento da pressão de platô
indica um aumento da resistência das vias aéreas; a diminuição sugere resposta
satisfatória.
Desvantagens: podem se desenvolver volumes pulmonares muito altos se a
exalação é incompleta, já que o VC permanece constante a cada respiração.
Venkataraman (2011) recomenda nos casos de desordens que cursam com
obstrução de vias aéreas que a modalidade de VPM seja limitada a volume
("volume-controlled") com razão i:e de pelo menos 1:2. O ajuste do tempo expiratório
depende da gravidade da obstrução. Se insuficiente, ocorre “auto-PEEP” ou
“inadvertent PEEP”, cujo resultado é "air-trapping" e hiperinsuflação com suas
complicações concomitantes.
Modalidade "Pressão de Suporte" (PSV)
Rotta, Ackerman & Eigen (2011) citam o trabalho de R.C. Wetzel, que
publicou em (1996) (WETZEL, 1996) sua experiência em ventilar crianças com asma
aguda com a modalidade invasiva PSV, sugerindo que essa estratégia "curiosa" seja
investigada mais profundamente. Segundo WETZEL (1996), o paciente responde
satisfatoriamente quando é permitido que determine seu próprio padrão respiratório,
tendo o trabalho inspiratório reduzido pela pressão de suporte, enquanto mantém
expiração forçada (i.e. o paciente ajude ativamente por meio da expiração).
Se ROTTA, ACKERMAN & EIGEN (2011, p.586) consideram o uso de PSV
uma estratégia "curiosa", aparentemente pela possibilidade de uma ampla variação
no VC, (indesejável na asma aguda grave), uma modalidade que poderia ser
investigada é a Volume-support Ventilation (VSV).
Modalidades híbridas
Uma outra opção é a modalidade regulada à pressão - limitada a volume
(Pressure-regulated Volume Control - PRVC).
Também conhecida como "adaptative pressure ventilation", "variable PC",
"Autoflow", "Volume Control Plus" (HEULITT, WOLF, ARNOLD, 2008), ou ainda
"volume control synchronized mandatory ventilation" (ROTTA, ACKERMAN, EIGEN,
2011).
Disponível em alguns aparelhos, permite um fluxo otimizado, com VC
garantido mesmo com pressões de vias aéreas minimizadas (ROTTA, ACKERMAN,
EIGEN, 2011), é uma técnica híbrida (ou "dual-controled ventilation"), uma
modalidade "breath-to-breath". Aqui o fluxo é desacelerante e variável, com
respirações cicladas a tempo, volume e pressão são regulados de modo que todos
os ciclos têm um volume pré-determinado e a pressão é ajustada para que esse
volume seja obtido. Frequentemente é acoplada uma curva de complacência
desenvolvida pelo processador do aparelho que permite que uma série inicial de
respirações com VC variável que aumenta progressivamente até que que se ajuste o
valor adequado. Esse valor é utilizado para computar a pressão necessária para se
entregar o VC adequado. Dependendo da complacência do sistema respiratório, a
pressão associada ao volume respirado pode variar com o tempo (HEULITT, WOLF,
ARNOLD, 2008) <mas na asma o problema não é a complacência...>.
Modalidade preferida por ROTTA, ACKERMAN, EIGEN (2011), a PRVC é
ajustada para um VC de 8 a 12 ml/Kg. Embora possa parecer um VC elevado,
particularmente na era da VPM protetora com VCs reduzidos para pacientes com
SDRA, ele pode ser reduzido conforme o necessário de modo a gerar PIP de no
máximo 45 cm H 2 O e pressões de platô em até 30 cmH 2 O.
3 Referências bibliográficas
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Blucher Medical Proceedings
Blucher Medical Proceedings
Novembro de 2014, Número 4, Volume 1
www.proceedings.blucher.com.br/evento/2cisep
Novembro de 2014, Volume 1, Número 4
Queda em Pediatria:
Um desafio para a equipe multidisciplinar.
Renata Pereira 1
Resumo
Objetivo: O evento de queda é considerado atualmente um grande desafio para o aprimoramento da
qualidade da assistência na área da saúde portanto este estudo foi motivado para gerar dados que
suportem a melhoria na qualidade da assistência na área da saúde. Método: Levantamento de
literatura referente ao tema de queda em contexto pediátrico. Os artigos foram selecionados a partir da
base de dados Scielo em português e inglês. Resultados: Apesar das quedas serem a principal causa
de lesões não intencionais em crianças, trabalhos publicados são escassos. Nas crianças as quedas são
relacionadas claramente ao seu estágio de desenvolvimento, o nível de lesão é baixo e dentro do
ambiente hospitalar a maior parte das quedas é decorrente das condições ambientais do serviço.
Conclusão: Evidencia-se a importancia da detecção dos pacientes de risco por ferramentas validadas
para a população pediátrica, da utilização de protocolos de prevenção de quedas e da mudança da
cultura organizacional com foco na segurança do paciente.
1
Enfermeira. Bacharel em Enfermagem pela UNIFESP, Universidade Federal de São Paulo. São
Paulo/ SP, Brasil. MBA em Gestão de Pessoas pela FGV, Fundação Getulio Vargas. São Paulo/ SP,
Brasil.
1. Introdução
Segurança do paciente em pediatria é uma área relativamente nova, com poucas pesquisas publicadas
e pouca atenção é dada aos riscos de acidentes em hospitais que tratam exclusivamente de crianças.
Para implementar uma iniciativa de sucesso que melhore a prevenção de quedas, de forma
sustentada é necessário uma cultura organizacional e práticas operacionais que promovam o trabaho
em equipe e comunicação, bem como especialização individual, uma vez que a conscientização sobre
sua importância é uma responsabilidade interdisciplinar.
A existência de lesões relacionadas à queda, que comprometem a segurança do paciente, é
atualmente um grande desafio para o aprimoramento da qualidade da assistência na área da saúde.
Existem ferramentas de avaliação de risco para o contexto pediátrico porém ainda seria
importante estudos complementares para sua validação e aprovação, contribuindo para um melhor
conhecimento desta realidade e aumento da segurança do paciente.
2. Método
Levantamento bibliográfico referente ao tema de queda em contexto pediátrico.
3. Resultados
O movimento internacional de segurança do paciente, incentivado pelas empresas acreditadoras, tem
estimulado muitas instituições a começar a abordar a segurança do paciente de forma abrangente e
proativa incluindo programas de segurança do paciente as suas rotinas.
É imprencindível que a equipe compreenda de maneira clara as preocupações relacionadas a esse
tema, pois desta forma é provável que a motivação para se envolver nos programas de segurança do
paciente seja mais forte e duradoura.
As quedas são dos eventos adversos mais frequentes e relatados e estão associadas diretamente ao
aumento do tempo de internação, necessidades acrescidas de cuidados de saúde, descrédito na
qualidade da equipe assistencial e serviços prestados, lesão e até mesmo morte.
Esses eventos têm sido identificados como fator chave para o custo cada vez maior nos cuidados
em saúde. Por essa razão, as fontes pagadoras estão exigindo das instituições hospitalares maior
cuidado referente à segurança do paciente como, por exemplo, os Centros de Serviços Medicare e
Medicaid (CMS), que desde 2008 possuem uma política de restrição de pagamentos por lesões
decorrentes de queda, ou seja, não reembolsam os hospitais para determinados tipos de lesões
traumáticas que ocorrem enquanto o paciente está no hospital.
Isso porque é considerado que os hospitais possuem a obrigação de previnir e eliminar danos e não-
maleficências, de maneira que o paciente deve ser tratado da patologia de entrada no serviço sem
adquirir complicações nesse tempo de permanência no mesmo. Ainda, é importante ressaltar que os
hospitais são responsáveis pela segurança de suas instalações incluindo os equipamentos e ambiente
físico que devem ter mobiliário adequados para a idade dos clientes e nível de desenvolvimento dos
mesmos. .
Monitorar as quedas no ambiente hospitalar como um indicador de qualidade nos permite analisar
as condições do processo/ serviço e compará-las com padrões estratégicos previamente estabelecidos,
contribuindo para a verificação de desvios e consequente busca de melhorias, mantendo e aprimorando
o nível de qualidade do serviço prestado. Esse conceito de medir a fim de melhorar é crucial para o
sucesso das organizações em saúde.
Dentre os múltiplos riscos a que os pacientes se encontram expostos no ambiente hospitalar, a
queda é um evento frequente, que pode acarretar em consequências físicas, psicológicas e sociais ao
paciente e sua família sendo então fundamental investir nessa área de intervenção.
Queda é definida como um evento não planejado que levou o paciente ao chão, com ou sem lesão
e relacionado a fatores intrínsecos (alterações fisiológicas, alterações patológicas fatores psicológicos
e efeitos colaterais de medicamentos) e/ou extrínsecos (relacionados ao comportamento e atividade do
indivíduo e seu meio ambiente).
Apesar das quedas serem a principal causa de lesões não intencionais em crianças, relatórios
publicados são escassos na validação de instrumentos que avaliam esse risco na população pediátrica.
A comparação dos números no contexto hospitalar está dificultada pela escassez de dados.
Nos estudos existentes a incidência é calculada utilizando número de quedas por 1000 dias de
internação e os dados apontam para incidência de 0,56- 1/1000. A literatura sugere igualmente que a
incidência das quedas para população pediátrica é bastante menor que na população adulta porem o
nível de evidência é baixo por falta de estudos publicados.
Tal como na comunidade, e o referido em literatura para as quedas em contexto hospitalar, a
idade é um fator de risco estando mais elevado na população abaixo dos 3 anos sendo que nestas
crianças o nível de lesão é baixo.
Seria de se esperar que a presença dos pais funcionasse como fator de proteção para as quedas, no
entanto a maioria acontece na presença dos mesmos durante a realização de atividades da vida diária.
Estudos nos mostram que a incidência de eventos com lesão em crianças hospitalizada é maior
que 1%.
Nas crianças as quedas são relacionadas claramente ao seu estágio de desenvolvimento,
principalmente relacionados às competências motoras, em especial de marcha, com as atividades que
desenvolvem, a incapacidade de avaliar riscos das mesmas, curiosidade inata e níveis crescentes de
independência que coincidem com comportamentos mais desafiadores.
A maioria das quedas dentro do ambiente hospitalar são decorrentes das condições ambientais,
tais como leitos inadequados a idade da criança, grades destravadas, salas de jogos, determinados
brinquedos e comportamento de risco dos pais que deixam esquecidos as grades laterais baixas
enquanto a criança está sozinha
Os diagnósticos de doença respiratória / pulmonar e neurológico (convulsões) foram associados
com um aumento na incidência de quedas em pediatria.
É importante lembrar que os visitantes/família não podem substituir os enfermeiros na prevenção
de queda durante a internação hospitalar de forma eficaz, pois nada melhor para prever e evitar um
evento de queda do que a avaliação clínica do enfermeiro.
Para que os gastos, lesões e danos indesejáveis aos pacientes e profissionais sejam evitados,
medidas preventivas precisam ser adotadas. Para tanto se faz necessário à detecção de pacientes de
risco e a adoção de procedimentos que possam eliminar ou diminuir o risco desse determinado
paciente.
Ressalta-se ainda, que crianças são diferentes dos adultos e os motivos pelos quais elas caem
diferem também, portanto existe a necessidade clara de uma ferramenta de risco de quedas válida e de
confiança que seja capaz de prever os fatores de risco de queda em pacientes pediátricos. Essa
avaliação deve ser feita no momento da admissão do paciente e repetida diariamente até a alta dele,
pois suas condições clínicas podem variar durante o período de internação.
Além disso, utilizar estratégias de educação para os pacientes, famílias e enfermeiros sobre os
riscos de quedas no hospital, danos relacinados, quais as intervenções são eficazes para prevenção e
estratégias de redução de risco também favorece a conscientização da importancia do assunto e maior
sucesso nos programas estabelecidos.
A prevenção de quedas requer uma abordagem interdisciplinar para cuidar, uma vez que algumas
partes desse cuidado são altamente rotineiras mas outros aspectos devem ser adaptados para o perfil de
risco específico de cada paciente. Por isso todas as equipes que, de alguma forma interagem com o
paciente necessitam de treinamento específico deste programa. Desta forma também dissemina- se o
conceito da importância da prevenção de queda que será incorporado na cultura do hospital.
Integrando protocolos de prevenção de queda, agrupando os pacientes com comprometimento
cognitivo em chamadas zonas de segurança e fazendo avaliações pós-queda são algumas novas
estratégias para reduzir o número de quedas de pacientes em hospitais. A criação de um instrumento
de notificação de quedas, avaliação de suas causas e geração de informações para produção de
indicadores para monitorar o desempenho representam uma oportunidade de aprendizagem para a
organização, por meio da análise das informações, feedback dos resultados para os profissionais e
adoção de ações de melhoria, se necessário.
A utilização das precauções de queda universal ( que se aplicam a todos os pacientes),
preconizadas pela Agency for Healthcare Research and Quality em fevereiro de 2013 também se
tornou uma estratégia para prevenir o risco de queda em ambientes hospitalares.
Existem ferramentas de avaliação de risco para o contexto pediátrico, mas eles podem não ter
sido tão extensivamente validadas como as escalas de Morse e Hendrich que possuem uma literatura
substancial de pesquisas em adultos.
Estudos indicam que as escalas Morse e Hendrich quando aplicadas a população pediátrica não
contemplam alguns fatores extrínsecos importantes para a avaliação dessa população para risco de
queda, como presença de acompanhantes, atividade envolvida e equipamento envolvido. Ainda,
algumas variáveis existentes não são aplicáveis a crianças pois podem ser influenciados por seu
estágio de desenvolvimento, como é o caso da variável estado mental na escala de queda de Morse e
confusão, desorientação e impulsividade no modelo de risco de queda de Hendrich II.
Existem em literatura publicada duas ferramentas de avaliação para risco de queda em crianças
hospitalizadas sendo elas:
CHAMPS PEDIATRIC Fall Risk Assessment Tool (2006)- Avalia quatro fatores de risco:
alterações no estado mental, histórico de queda, idade menor que 36 meses e deficiência de
mobilidade, mas foi indicado que esta ferramenta ainda necessitaria de estudos mais aprofundados
para validação.
The Humpty Dumpty Falls Scale (2007)- Diferencia a população pediátrica do hospital em
categorias de baixo ou alto risco de quedas com base em fatores específicos. Sendo eles: idade, sexo,
diagnóstico, deficiências cognitivas, fatores do paciente e ambientais (histórico de quedas, a colocação
de cama adequada a idade da criança, equipamento / mobiliário e uso de dispositivos de assistência),
resposta a cirurgias / sedação / anestesia e uso de medicação.
Imagem 2: 2007 Rodriguez et AL.
Devemos ter atenção com as crianças com histórico de queda de baixa altura resultando em lesões
múltiplas e/ou graves como fratura de crânio, edema cerebral e hematoma subdural, que são
incompatíveis com a história. É evidenciado em diversos estudos que queda de baixas alturas não
produz fraturas múltiplas e que as clinicamente significantes são incomuns, portanto nesses casos o
histórico do paciente deve ser seriamente questionado, pois pode se suspeitar de abuso ou maus tratos
infantil.
4. Conclusão
Prevenção de quedas na população pediátrica é difícil devido à imprevisibilidade das quedas como
resultado de uma alteração cognitiva, crescimento e desenvolvimento da criança.
Evidencia-se a importancia da detecção dos pacientes de risco, da utilização de protocolos de
prevenção de quedas e de realizarem-se adequações físicas do ambiente e do mobiliário hospitalar com
vista a segurança do paciente durante a internação.
Fall in Pediatrics: A challenge for the multidisciplinary team.
Abstract:
Objective: The fall event is currently considered a major challenge to improve the quality of care in
health so this study was motivated to generate data to support improving the quality of care in health.
Method: A survey of the relevant falling literature in pediatric settings. The articles were selected
from Scielo data base, in Portuguese and English Results: Although falls are the leading cause of
unintentional injuries in children, published works are scarce. The falls are clearly related to stage of
development in children’s, the level of injury is low and within the hospital most of the falls are due to
the environmental conditions of health service. Conclusion: This study highlights the importance of
the detection of patients at risk through validated tolls for the pediatric population, the use of fall
prevention and change of organizational culture focused on patient safety protocols.
4. Referências
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Blucher Medical Proceedings
Blucher Medical Novembro
Proceedings
de 2014, Número 4, Volume 1
www.proceedings.blucher.com.br/evento/2cisep
Novembro de 2014, Volume 1, Número 4
Resumo
Com o objetivo de melhorar a segurança do paciente, como regra básica deve ser elaborado
documentos, guias de prática clínica, estudos científicos, elaboração de novas práticas assistenciais,
tecnológicas e farmacológicas, além de métodos de aprendizagem diversos.
O processo de informação e aprendizagem dos pacientes, bem como de seus familiares, é a
base da experiência, priorizando a comunicação entre o paciente, familiares e toda a equipe
multidisciplinar, priorizando cuidados cada vez mais seguros.
Há 4000 anos, a inalação de anticolinérgicos naturais já eram utilizados por via inalatória.
Somente na década de 30, modernos estudos iniciaram com a utilização da adrenalina, e na década de
50, os primeiros nebulizadores de jato aerossol dosimétrico com CFC foram lançados no mercado.
Os medicamentos administrados pela via inalatória propiciam uma maior concentração e
menor risco de efeitos adversos.
Enfermidades respiratórias geram impactos diretos na saúde da população de forma social e
economicamente negativos, gerando reduções na qualidade de vida, comprometimento das atividades
diárias e elevados custos direto e indiretos por visitas a salas de emergência, hospitalizações e
consultas ambulatoriais não agendadas, além do absenteísmo na escola e no trabalho.
Visando este impacto negativo, implantamos no Hospital Infantil Sabará o Programa de
Educação ao Paciente em Uso de Dispositivo Inalatório, que engloba toda a equipe de farmácia do
hospital, capacitados e empenhados em ensinar a técnica de inalação de forma adequada.
Programas de educação, tanto para crianças quanto para adultos, possuem importante papel no
treinamento de pacientes para a aquisição da técnica correta de utilização dos dispositivos inalatórios.
Diversos trabalhos no mundo inteiro, descrevem em seus estudos relatos sobre plano
educacional. Arora P et. al. 2014 descrevem que o padrão educacional, socioeconômico, idade e
1
Farmacêutico Clínico Hospital Infantil Sabará, Mestre em Ciências da Reabilitação Universidade
Nove de Julho. Email: raphael.boiati@hotmail.com
2
Farmacêutico Clínico Hospital Infantil Sabará.
3
Farmacêutica Hospital Infantil Sabará, Gerente de Suprimentos/Apoio.
4
Docente Universidade Federal de Alegre – ES.
duração no uso, influenciam diretamente no número de erros cometidos pelos usuários no momento da
utilização do dispositivo inalatório. A aplicação do plano educacional reduziu em 43,7% os erros
cometidos pelos usuários.
Alguns pesquisadores avaliaram prospectivamente 93 pacientes com DPOC ou asma que
nunca haviam feito uso de medicação inalatória por inalador dosimetrado e, após 10 dias da primeira
aplicação, somente 48,4% dos pacientes realizaram a técnica de uso do dispositivo corretamente
(Sandrini A. et al. 2001).
Analisando os resultados publicados, o plano de educação aos pacientes, além dos familiares é
de extrema importância visando a melhora da patologia, e consequentemente a melhora da qualidade
de vida dos pacientes usuários desta via de administração.
Quando pensamos em tratamentos farmacológicos, uma terapia personalizada envolve, além
do diagnóstico correto, a escolha de um fármaco na dose ótima durante um período adequado, o
cálculo da dose para cada indivíduo e, a administração pela via apropriada. Ao prescrever e dispensar
um medicamento, médicos e farmacêuticos - corresponsáveis - devem considerar que o paciente
receberá toda a dose requerida para o efeito terapêutico, durante o tempo previsto, pela via correta,
com segurança e conforto, otimizando a farmacoterapia.
A segurança é um assunto de importância crescente que está na agenda dos cuidados ao
paciente. Umadasiniciativastomadasem2003 foi o estabelecimento de metas para a segurança dos
pacientes, incluindo as direcionadas aos medicamentos a serem cumpridas pelos hospitais acreditados
pela The Joint Commission International, agência Norte-Americana de acreditação de serviços e
sistemas de saúde que possui como principais objetivos avaliar, monitorar e identificar elementos
relacionados com a segurança do paciente.
Várias ferramentas usando “triggers tool” ou “ferramenta de gatilho” têm sido utilizadas na
monitorização das RAM. Este método consiste na identificação de medicamentos, chamados de
gatilhos que podem identificar uma RAM, e, a partir deles é feita a análise comparando com literaturas
sobre a RAM que pode ou não ser confirmada, isto é feito através da revisão do prontuário do
paciente. O aumento de reações adversas a medicamentos (RAM) é uma importante causa de admissão
e prolongamento de permanência hospitalar.
Este estudo tem o objetivo de avaliar através da utilização do método “trigger tool, o número
de RAM identificadas após a utilização de medicamentos. O método utilizado foi uma análise de
prontuários de pacientes que fizeram uso de algum medicamento considerado “trigger tool” no período
de março 2013 a março de 2014, com o intuito de identificar possíveis RAM, comparou-se também
com o método de notificação voluntária.
Comparando os métodos: a análise pelo método “trigger tool” gerou 83 notificações, enquanto
o outro método (notificação voluntária) gerou 8 notificações, 69% das RAM ocorreram em pacientes
com idades entre 0 e 6 anos e 31% ocorreram em crianças e adolescentes com idades entre 7 e 18
anos. Antimicrobianos foi a classe mais relacionada com as suspeitas de RAM em 30% e em 60% pela
notificação voluntária.
Conclui-se que o método “trigger tool” mostrou-se eficiente na busca e monitoramento de
RAM.
Palavras chave: Dispositivos Inalatórios; Educação; Trigger tool; Reação adversa; Pediatria
___________________________________________________________________
Boiati, Raphael Fernando; de Lima, Rafael Portugal; Meneses, Ana Paula; Soares, Liliane, Konishi,
Janaína Cecília Oliveira Villanova. “Dispositivos inalatórios e Trigger Tool – Uma nova perspectiva em
pediatria?”, in Anais do 2º. Congresso Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
Inhalers and Trigger Tool - A new perspective
in pediatrics?
Abstract:
With the goal of improving patient safety, as a basic rule documents, practice guidelines, scientific
studies, development of new care, technological and pharmacological practices should be developed,
as well appropriate as methods of learning.
The process of information and learning of patients and their families, is the basis of
experience, prioritizing communication between the patient, family and the entire multidisciplinary
team, prioritizing increasingly safe care.
Since 4000 years ago, the natural inhalation of anticholinergics are used by inhalation. Only in
the 30s, modern studies began with the use of adrenaline, and in the 50s, the first jet nebulizers
dosimetric aerosol with CFC was launched.
Drugs administered by inhalation provide a higher concentration at the site of action, and a
lower risk of adverse effects.
Respiratory diseases generate direct impacts on population health of socially and economically
negative fashion, causing reductions in quality of life, impairment of daily activities and high direct
and indirect costs for emergency room visits, hospitalizations and unscheduled outpatient visits, in
addition to absenteeism at school and at work.
Looking this negative impact, implemented in the Children's Hospital Sabará the Patient
Education Program on Use of Inhaled device that encompasses the entire staff of the hospital
pharmacy, trained and committed to teaching inhaler technique properly.
The education programs for both children and adults, play an important role in training
patients to acquire the correct technique for using inhalers.
Several papers worldwide, describe in their reports studies on educational plan. Arora P et. al.
2014 describe the educational standard, socioeconomic, age and duration of use, directly influence the
number of mistakes made by users when using the inhaler device. The implementation of the
educational plan reduced by 43.7% the mistakes made by users.
Some researchers prospectively evaluated 93 patients with COPD or asthma who had never
used inhaled medication by metered-dose inhaler, and 10 days after the first application, only 48.4% of
the patients undergoing technical, used the device correctly (Sandrini A. et al., 2001).
Analyzing the results published, the education plan for patients, apart from family is of utmost
importance aiming the improvement of the condition, and consequently improving the quality of life
of patients using this route of administration.
When we think of pharmacological treatments, a personalized therapy involves, besides the
correct diagnosis, the choice of a drug at the optimal dose for an appropriate period, the dose
calculation for each individual and the administration by any appropriate means. To prescribe and
dispense a drug, doctors and pharmacists - share responsibility - consider that the patient will receive
the entire dose required for the therapeutic effect during the allotted time, the correct way, with safety
and comfort, optimizing pharmacotherapy.
Security is an issue of growing importance, and is on the agenda of patient care. One of the
initiatives taken in 2003, was setting goals for patient safety, including targeted drug to be met in
hospitals accredited by The Joint Commission International, the US agency for accreditation of health
services and systems that has as main objectives to assess, monitor and identify elements related to
patient safety.
Various tools using “trigger tool" have been used in the monitoring of ADR. This method
consists in the identification of drugs, called triggers that can identify a ADR, and from comparing
them with the literature on the ADR that can not be confirmed or analyzed, this is done by reviewing
the patient's medical record. The increase in adverse drug reactions (ADR) is a major cause of
admission and prolonged hospital stay.
The study was conducted to evaluate the method by using "trigger tool, the number of ADR
identified after use of medicines. The method used was an analysis of records of patients who used any
drugs considered "trigger" from March 2013 to March 2014, in order to identify possible ADR, also
compared with the method of voluntary reporting.
Comparing methods, the analysis by using "trigger tool" produced 83 notifications, while the
other method (voluntary reporting) generated 8 notifications, 69% of ADR occurred in patients aged
between 0 and 6 years and 31% occurred in children and adolescents aged between 7 and 18 years.
The antimicrobials are more related to the suspected ADR in 30% and 60% for the voluntary reporting
class.
This study suggest that the "trigger tool" proves efficient in finding and monitoring of ADR.
Arora P, Kumar L, Vohra V, Sarin R, Jaiswal A, Puri MM, Rathee D, Chakraborty P. Evaluating the
technique of using inhalation device in COPD and Bronchial Asthma patients. New Delhi: India. Nat
Instit TB and Resp Disea, 2014.
Coelho ACC, Souza-Machado A, Leite M, Almeida P, Castro L, Cruz CS et al. Use of inhaler devices
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Blucher Medical Proceedings
Novembro de 2014, Número 4, Volume 1
www.proceedings.blucher.com.br/evento/2cisep
Kinesio Taping®:
Como e quando utilizar no ambiente hospitalar
Rodolfo Silva Kós 1
Resumo
Introdução: O Kinesio Taping® (KT) é uma técnica relativamente nova, utilizada como
ferramenta auxiliar em programas de tratamento em reabilitação. A bandagem elástica
quando aplicada corretamente, é capaz de aprimorar o controle voluntário e melhorar a
coordenação através da estimulação de receptores cutâneos. Objetivo: Exposição de
possíveis técnicas, cuidados e orientações à família e à equipe sobre a utilização do método
Kinesio Taping® na criança hospitalizada. Metodologia: Revisão de literatura feita de 2006
a 2014 nas bases de dados Medline e Google Scholar. Resultados: Na base de dados
Medline foram encontrados 3 artigos com os descritores “kinesio taping children”, onde 1
artigo foi utilizado. No Google Scholar com os descritores “kinesio taping pediatrics” foram
encontrados 38 artigos, nos quais 1 foi selecionado para o presente resumo, além dos
descritores “crianças prevenção lesões de pele adesivo”, com 75 resultados e 1 artigo
selecionado. Os artigos foram escolhidos de acordo com o conteúdo e a relevância para
este estudo. Discussão: O método Kinesio Taping® conta com objetivos diversos, e dentro
do contexto da hospitalização, é necessário que a equipe seja instruída com relação a o que
é a bandagem, quais são os objetivos terapêuticos e formas de retirá-la sem haver episódios
de lesão de pele. Assim, deve ser realizada avaliação da condição física, de posicionamento
e manipulação do paciente, além da inspeção da região a ser aplicada a bandagem,
observando espessura da pele, hidratação, lesões pré-existentes, acessos venosos,
ostomias, sondas, drenos e demais apêndices. Após avaliação criteriosa, realizar a
aplicação que mais beneficiaria o indivíduo em determinada fase do tratamento. Conclusão:
O KT é um método comprovadamente eficaz em pediatria, sendo benéfico para a criança
hospitalizada por proporcionar estimulação contínua, mantendo ou potencializando objetivos
pré-determinados por parte da reabilitação motora.
___________________________________________________________________
Kós, Rodolfo Silva. “Kinesio Taping®: Como e quando utilizar no ambiente hospitalar”, in Anais do 2º.
Congresso Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
1
Fisioterapeuta graduado pela Universidade Paulista, especialista em Fisioterapia e Reabilitação
aplicados à Neurologia Infantil pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de
Campinas – UNICAMP, mestrando em Ciências da Cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da
UNICAMP.
Kinesio Taping®: How and when to use in the hospital environment
Abstract:
Introduction: The Taping® Kinesio (KT) is a relatively new technique, used as an aid in
treatment programs in rehabilitation. The elastic bandage when applied correctly, can
improve voluntary control and coordination through stimulation of cutaneous receptors.
Objective: Exposure of possible techniques, care and guidance to the family and staff on the
use of Kinesio Taping® method in hospitalized children. Methodology: Literature review
done from 2006 to 2014 using the Medline and Google Scholar data. Results: In Medline, 3
articles were found with the descriptors "kinesio taping children", where one was used.
Google Scholar with the keywords "pediatrics kinesio taping" 38 articles, in which one was
selected for this summary, besides the descriptors found "children preventing skin lesions
adhesive", with 75 results and one selected article. The articles were chosen according to
content and relevance for this study. Discussion: The Kinesio Taping® method has several
objectives, and within the context of hospitalization, it is necessary that staff be educated
about what is the bandage, which are the therapeutic goals and ways to remove it without
having episodes of skin injury. Thus, evaluation of the physical condition, positioning and
handling of the patient should be performed in addition to the inspection of the region where
the bandage will be applied, noting skin thickness, hydration, pre-existing lesions, venous
access, ostomies, catheters, drains and other appendices. After careful evaluation, perform
the application that will most benefit the individual at any stage of treatment. Conclusion:
The KT is a proven method in pediatrics, being beneficial to hospitalized children by
providing continuous stimulation while maintaining or enhancing goals predetermined by the
motor rehabilitation.
Referências
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espasticidad. Lérida 2014. Graduação (Fisioterapia). Faculdade de Enfermagem da
Universidade de Lleida.
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Blucher Medical Proceedings
Blucher MedicalNovembro
Proceedings
de 2014, Número 4, Volume 1
www.proceedings.blucher.com.br/evento/2cisep
Novembro de 2014, Volume 1, Número 4
Resumo
O artigo aborda o conceito de constipação intestinal e as suas causas. Tem como objetivo alertar o
pediatra geral sobre a constipação intestinal na infância.
Palavras chave: constipação intestinal, infância, pediatria
___________________________________________________________________
Assumpção, Izaura Ramos. “A criança com constipação intestinal”, in Anais do 2º. Congresso
Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
1
Mesmas informações
A constipação intestinal é queixa comum na faixa etária pediátrica e estudos referem
frequências que variam de 17 a 36% entre os lactentes e escolares e de até 22,3% entre os
adolescentes. Cerca de 60% das crianças iniciam o quadro no primeiro ano de vida. Outro
dado que chama atenção é o tempo médio entre o início dos sintomas e a primeira consulta
com gastroenterologistas pediátricos, que é de 1 ano. A amplitude de prevalência da
constipação intestinal na população pediátrica geral decorre de variações dos hábitos
alimentares, diferenças regionais e principalmente da falta de uniformidade dos critérios
adotados para caracteriza-la.
Oculta que foi introduzida em 1994, por Maffei, para aquelas crianças constipadas que só
tiveram seu diagnóstico realizado após procurar o médico por complicações da constipação
como, por exemplo escape fecal e ITUs.
A constipação intestinal crônica funcional definida pelos critérios de ROMA III está baseada
nos critérios que se seguem.
Para neonatos e lactentes jovens (< 4 anos de idade), pelo menos 2 dos critérios abaixo, por
tempo superior a 1 mês
Para crianças maiores de 4 anos e adolescentes, pelo menos 2 dos critérios abaixo há pelo
menos 8 semanas
menos de 2 evacuações por semana
evacuação dolorosa ou com esforço
ao menos 1 episódio de incontinência escape fecal
fezes grandes em reto ou palpáveis em abdômen
fezes volumosas que entopem o vaso sanitário
postura de retenção ou retenção voluntária de fezes
References
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147-156, 2000. Supl.2
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constipação em adolescentes matriculados em escolas de São José dos Campos, SP,
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atendidas no ambulatório de gastroenterologia infantil da Faculdade de Medicina de
Botucatu-UNESP (1977- 1980). J Pediatr (Rio de Janeiro) 57: 62-65, 1984.
Resumo
Qualquer reação prejudicial e não intencional ocasionada por medicamentos ou
drogas são denominadas reações adversas a drogas, segundo definição da
Organização Mundial da Saúde. Elas podem ser previsíveis, se relacionadas a um
efeito colateral pela ação farmacológica ou tóxica do medicamento, ou imprevisíveis,
quando são reações idiossincrásicas ou de hipersensibilidade. Existem muitos
exemplos de cada condição, sendo que muitos deles se manifestam na pele. Em
crianças, o diagnóstico preciso é um desafio, visto que são mais susceptíveis do que
os adultos a estas reações e, ainda, podem ser confundidas com outras doenças
típicas da infância como por exemplo o exantema viral.
Entretanto, estas reações podem variar em termos de gravidade e o diagnóstico
preciso e manejo adequado são fundamentais para um desfecho favorável. Esta
revisão busca descrever as estatísticas, fatores de risco e características principais
das reações alérgicas a medicamentos em crianças e os sinais de alerta para maior
gravidade.
___________________________________________________________________
Fernandes, Fátima Rodrigues. “Alergia a medicamentos em crianças: importância do diagnóstico e
manejo corretos”, in Anais do 2º. Congresso Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
1
Mestre em Pediatria pela UNIFESP, MBA em Gestão em Saúde pelo INSPER, Pós-graduada em
Alergia e Imunologia pela UNIFESP e pela Universidade de Barcelona, Pós-graduada em Pesquisa
Clínica pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Email: fatimamaestre@gmail.com
1. Epidemiologia e fatores de risco para Reações Adversas a Medicamentos
em crianças
Reações tardias: são reações que ocorrem após várias horas até
semanas após início da exposição e tem a participação de linfócitos e
outras células e citocinas inflamatórias. Recentemente, Pichler et col.
descreveram subtipos das reações tardias, com diferentes mecanismos
de resposta imunológica, envolvendo os linfócitos T. A intensidade das
reações e a gravidade tem um grande espectro. A reação mais comum
e menos grave é o Exantema Maculopapular (Figura 1) que representa
90% das erupções causadas por medicamentos, inicia-se cerca de dois
dias após o início do uso e podem persistir por 2 a 3 dias após a
suspensão do medicamento. As lesões aparecem em tronco,
progredindo para extremidades e caracterizam-se por máculas
eritematosas com pápulas infiltradas, acompanhadas de prurido e febre
baixa. Este quadro suscita o diagnóstico diferencial com os exantemas
virais, muito comuns na infância. Por vezes, as infecções virais são
tratadas com antibióticos, podendo inclusive aumentar o risco de
reação cutânea, como no caso da mononucleose, e nestes casos, não
está indicada a suspensão daquele antibiótico. Deve-se, portanto,
proceder uma investigação cuidadosa para não limitar o arsenal
terapêutico disponível para estes pacientes.
5. Tratamento
6. Conclusões
Abstract: Any harmful and unintended reaction caused by medications or drugs are called
adverse drug reaction as defined by the World Health Organization. They may be
predictable, if a side effect related to the pharmacological or toxic effect of the drug, or
unpredictable, when idiosyncratic or hypersensitivity reactions occur. There are many
examples of each condition, many of whom are manifested in the skin. In children, accurate
diagnosis is a challenge, since they are more susceptible than adults are to these reactions
and can be confused with other typical childhood diseases such as viral rash.
However, these reactions can vary in severity and accurate diagnosis and appropriate
management are critical for a favorable outcome. This review seeks to describe the statistics,
risk factors and key features of allergic drug reactions in children and warning signs for
severe reactions.
Keywords: drug allergy; hypersensitivity; exanthems; urticaria; adverse drug reaction; child.
Referencias
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Blucher Medical Blucher Medical Proceedings
Proceedings
Novembro de 2014, Número 4, Volume 1
Novembro de 2014, Volume 1, www.proceedings.blucher.com.br/evento/2cisep
Número 4
Consumismo Infantil
Pontos e contrapontos
Lino de Macedo
Instituto Pensi, FJLES
2014
Resumo
O objetivo é apresentar quatro pontos para refletir o problema do
consumismo infantil. A inspiração veio do filme “Criança, a alma do
negócio” / http://www.youtube.com/watch?v=KQQrHH4RrNc / produzido
pelo Instituto Alana, visando analisar esse problema nas crianças e a
ação negativa da publicidade sobre elas. No filme, especialistas, mães e
crianças fazem depoimentos. É um filme bonito e bom.
Palavras-chave: consumismo infantil / publicidade / família / brincar /
brinquedos
___________________________________________________________________
De Macedo, Lino. “Consumismo Infantil: Pontos e contrapontos”, in Anais do 2º. Congresso
Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
Abstract
The objective is to present 4 points about children’s consumer. The
analysis is inspired in the film “Criança, a alma do
negócio”, http://www.youtube.com/watch?v=KQQrHH4RrNc, produced by
Instituto Alana. In this picture it is analyzed the negative action of publicity
in children’s behavior. In it, specialists, mothers and children comments
about this subject. It is a beautiful and interesting film.
Keywords : child consumerism / advertising / family / play / toys
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Resumo completo
Primeiro Ponto
Segundo Ponto
Página 2 de 4
2a. Assumir a força e o poder do consumismo em nós mesmos, os
adultos que somos referência direta para as crianças. Elas nos imitam e
dão mais importância a nós do que à mídia, à publicidade, seus
personagens e objetos. A não ser quando nos deixamos substituir por
eles! Qual é o nosso padrão de consumo? Essa é a questão.
Terceiro ponto
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Quarto Ponto
Página 4 de 4
Blucher Medical Proceedings
Blucher Medical Proceedings
Novembro de 2014, Número 4, Volume 1
Novembro de 2014, Volume 1, Número 4
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Resumo
Infecções de repetição são queixas frequentes no consultório pediátrico sendo que são muito
frequentes ou demoram a responder ao tratamento ou são infecções graves. Entretanto, apenas 10%
das crianças com esta queixa poderão apresentar uma deficiência imunológica. Na avaliação do
paciente com infecções de repetição, para se fazer a diferenciação entre fatores de risco comuns e
distúrbio imunológico, história clínica detalhada, exame físico e eventualmente exames laboratoriais
devem ser solicitados. Deve-se levar em consideração dados como numero de infeções, localização,
patógenos causadores, resposta ao tratamento instituído e a presença de fatores de risco para infecções,
como crianças que frequentam berçários e creches, as que têm irmãos em idade escolar, as fumantes
passivas, as portadoras de alergias, defeitos anatômicos das vias respiratórias, doença do refluxo
gastroesofágico ou doenças crônicas. A suspeita precoce facilita um diagnóstico precoce e instituição
de tratamento adequado para imunodeficiência e consequente redução da morbimortalidade.
___________________________________________________________________
Kokron, Cristina Maria. “Investigação para Imunodeficiências: quando está indicada e como fazer”, in
Anais do 2º. Congresso Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
1
Prof. Colaboradora da Disciplina de Imunologia Clínica e Alergia,
Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia, LIM-60, HC-FMUSP
cmkokron@usp.br
Uma queixa muito frequente nas visitas ao consultório pediátrico são as infecções de
repetição. Ao avaliarmos estas crianças, 50% serão normais, 30% serão portadores de doenças
atópicas, 10% doentes crônicos e apenas 10% apresentarão algum tipo de imunodeficiência (Stiehm,
2014). Entretanto, em todas as situações devemos levar em consideração as variações do normal
quanto ao número de infecções e os fatores de risco para o aparecimento de infecções tais como:
crianças que frequentam berçários e creches, as que têm irmãos em idade escolar, as fumantes
passivas, as portadoras de alergias, defeitos anatômicos das vias respiratórias, problemas
cardiovasculares, doença do refluxo gastroesofágico ou fibrose cística (Ballow, 2008).
Na hipótese de imunodeficiências, as causas mais comuns de imunodeficiências são
adquiridas. Estas são mais frequentemente causadas pela desnutrição e imunossupressão secundária a
infecções bacterianas, fúngicas, parasitárias e, particularmente, infecções virais, não só pelo vírus da
imunodeficiência humana (HIV), mas também por outros vírus como sarampo e vírus Epstein-Barr. A
imunossupressão iatrogênica também é observada em situações de terapias anti-neoplásicas,
transplantes de órgãos e administração crônica de corticosteróides.
No primeiro ano de vida, outros sinais podem ser sugestivos como: presença de cardiopatias
congênitas, diabetes mellitus ou outras doenças autoimunes e inflamatórias, linfopenia <2500
células/mm3, hipocalcemia com ou sem convulsão e ausência de sombra tímica no RX (Carneiro-
Sampaio, 2011).
Originalmente, as imunodeficiências primárias eram vistas como doenças raras, caracterizadas
por expressão clínica grave de início precoce. Entretanto, hoje dois aspectos ficaram mais evidentes:
são patologias não tão raras quanto se acreditava inicialmente e a sua frequência é praticamente a
mesma entre adolescentes e adultos como em crianças e lactentes. Estima-se que nos EUA nascem
aproximadamente 1 em cada 1.200 indivíduos com defeito em algum componente do sistema imune,
mas apenas uma pequena porcentagem tem defeitos que poderiam determinar complicações com risco
de morte (Boyle et al, 2007).
A distribuição das imunodeficiências primárias na América Latina está demonstrada na figura
abaixo. Esta distribuição é semelhante à observada em outras casuísticas.
Figura 1: Distribuição das imunodeficiências primárias na América Latina (LASID, agosto 2014).
Como se pode observar na figura 1, mais da metade das imunodeficiências primárias são
decorrentes de alterações na produção de anticorpos. Entretanto, isto é fato apenas a partir dos 3-4
anos de idade. A figura 2 mostra a distribuição das IDPs de acordo com a faixa etária (Carneiro-
Sampaio, 2013). Este dado é relevante, pois, frente a um paciente com infecções de repetição diversos
fatores devem ser levados em consideração, como idade de inicio das manifestações, local das
infecções, tipos de microorganismos causadores das infecções, alterações no exame físico, entre
outros.
Figura 2: Distribuição das imunodeficiências primárias nas diferentes faixas etárias no complexo HC-
FMUSP.
Avaliação inicial
1. Idade de início das infecções: De um modo geral, quanto mais cedo o início das infecções, mais
grave a imunodeficiência.
Até 6 meses: Imunodeficiência Combinada Severa (SCID), neutropenia congênita grave, síndrome de
DiGeorge, deficiência de adesão leucocitária.
6-12 meses: SCID, outras deficiências combinadas, deficiência de CD40L.
6/12m-5 anos: S. Wiskott-Aldrich, S. DiGeorge, deficiências de anticorpos, candidíase mucocutanea
crônica, doença granulomatosa crônica
>5 anos: apresentação tardia das anteriores, ataxia-telangiectasia, imunodeficiência comum variável,
defeito de anticorpo específico, defeitos de complemento.
3. História familiar:
Muitas imunodeficiências são hereditárias, portanto atenção especial deve ser dada a história familiar.
Várias imunodeficiências têm sua herança ligada ao sexo masculino, como agamaglobulinemia de
Bruton, síndrome de hiperIgM ligada ao X, doença granulomatosa crônica ligada ao X. História de
consangüinidade levanta a possibilidade de uma doença autossômica recessiva. A deficiência de IgA e
a imunodeficiência comum variável são familiares e muito frequentemente observadas em famílias
onde outros membros apresentam patologias autoimunes.
O exame físico não só pode mostrar sinais que comprovam a história prévia de infecções do paciente,
como também existem várias imunodeficiências que estão associadas a certas anormalidades físicas
e/ou dismorfismos. Atenção especial deve ser dada ao atraso do crescimento e desenvolvimento, perda
de peso, aumento ou ausência de linfonodos, organomegalia, dermatite, teleangiectasia, petéquias,
anormalidades faciais, anormalidades cardíacas, candidíase oral, baixa estatura, alterações
neurológicas e musculoesqueléticas.
Referências
Ballow M. Approach to the patient with recurrent infections. Clin Rev Allergy
Immunol. 2008 Apr;34(2):129-40. doi: 10.1007/s12016-007-8041-2.
Barreto AK, Kokron CM. Capitulo 31 – Imunodeficiências Primárias: Diagnóstico e Tratamento. In
livro Diagnóstico e Tratamento das Doenças Imunológicas, Schainberg & Geller. Elsevier. 2a ed. In
press.
Bonilla FA; Stiehm ER. Laboratory evaluation of the immune system. www.uptodate.com ; tópico
atualizado em 2/7/2013. Stiehm ER. Approach to the child with recurrent infections.
www.uptodate.com ; tópico atualizado em 30/07/2014.
Boyle JM, Buckley RH. Population prevalence of diagnosed primary immunodeficiency diseases in
the United States. J Clin Immunol, 27:497-502, 2007.
BRAGID, Grupo Brasileiro de Imunodeficiências, www.imunopediatria.org.br
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Carneiro-Sampaio M, Moraes-Vasconcelos D, Kokron CM, Jacob CM, Toledo-Barros M, Dorna MB,
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Duarte AJS. Primary Immunodeficiency Diseases in Different Age Groups: A Report on 1,008 Cases
from a Single Brazilian Reference Center. J Clin Immunol, 33:716-724, 2013.
Blucher Medical Proceedings
Blucher Medical Proceedings
Novembro de 2014, Número 4, Volume 1
Novembro de 2014, Volume 1, Número 4
www.proceedings.blucher.com.br/evento/2cisep
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Andrade, Maria Elisa Bertocco. “Abordagem diagnóstica e terapêutica da urticária infância”, in
Anais do 2º. Congresso Internacional Sabará de Especialidades Pediátricas
1–
Mestre em Imunologia pela UNIFESP Médica do Serviço de Alergia e Imunologia do
IAMSPE e Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos.
Introdução
Urticária:
o Comum em crianças - entre 2,1% e 6,7%.
o Manejo na infância semelhante a adultos com características
específicas:
Desencadeantes indutores
Terapia farmacológica.
o Diagnóstico preciso é um pré-requisito essencial para um manejo bem
sucedido.
Definição de Urticária
Fisiopatologia
Classificação de Urticária
Urticária Aguda
2ª principal causa
Antibióticos (beta-lactâmicos e outras classes) e AINEs (prescritos em
infecções)
Papel pode ser superestimado
Confirmação do diagnóstico:
1- ensaios in vitro e/ou testes de cutâneos após avaliar risco/benefício
2- testes de provocação, baseado na história e drogas implicadas – avaliar
risco/benéfico
Conduta: suspensão da droga e prescrição de medicamento alternativo, sem
reatividade cruzada.
Urticária Crônica
Urticária Auto-imune
Urticária mais grave ou que sem resposta ao tratamento padrão pode estar
associada a doenças auto-imunes. Deve ser considerada, se sugerido pela
história. As principais doenças auto-imune associadas com urticária são:
o Auto-imunidade tireoidiana - exames laboratoriais de hormônios da
tireóide ou anticorpos não deve ser realizada de forma rotineira, mas se
a história pessoal ou familiar da criança sugere disfunção da tiróide
o D. Celíaca
pode ser subclínica, ser a causa ou doença associada, ocorre a
remissão da urticária após dieta livre de glúten. Em pacientes
com urticária crônica refratários, a doença celíaca foi
diagnosticada em 5%, e houve remissão completa da urticária
em 5-10 semanas com uma dieta livre de glúten. Crianças sem
urticária a doença celíaca ocorre em 0,67%.
o Artrite idiopática juvenil, Síndrome de Sjögren, LES, diabetes tipo 1
Urticária física
Urticária Dermográfica
Urticária ao frio
Urticária Colinérgica
• Banho quente não provoca urticária e as pápulas são maiores do que 5 mm.
• Anafilaxia induzida pelo exercício dependente de alimentos ocorre em:
o Adultos jovens e adolescentes,
o Até 30 minutos de exercício,
o Existem manifestações cutâneas e rápida progressão para reação
sistêmica grave.
o Mediada por IgE: trigo (IgE específica para Ѡ-5 gliadina), outros
cereais, mariscos, nozes, legumes, frutas frescas, leite e ovo.
o Alimento é tolerado na ausência de exercício
o Diagnóstico
provocação oral isolada e teste ergométrico sem a ingestão do
alimento suspeito por 4 h
teste de exercício após a ingestão de alimentos suspeitos
alto risco de reações graves,
sensibilidade do teste combinado é de 70%
Urticária Contato
Diagnóstico de Urticária
Investigações
Manejo da Urticária
Etapas essenciais
Comp 5 mg
2-5 a: 1,25 mg d 2 vezes /d
Levocetirizina 5 mg 1 vez / dia
Gotas 1ml /
≥ 6 a12 a: 5 mg 1 vez / d
5mg
Drogas Apresentação Dose diária para crianças Dose diária para adultos
Sol 2mg/5ml
2 ≥ a. - 0, 125 mg/Kg/dia
Cipro-heptadina 2-8 mg / dia 50 a 400mg?
(não ultrapassar 16mg)
Comp. 4 mg
Comp. 2mg
0,05mg/Kg/dia
Cetotifeno Gotas 1mg/ml 1 a 2 mg / dia
2 a 6 anos: 2 mg 2x/dia
Xarope 1ml/5ml
Amp
:50mg/2ml
Bibliografia: