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Técnicas e estratégias de intervenção

Análise EORC

E: estímulo, variáveis da situação que antecedem o comportamento

O: organismo, variáveis genéticas, fisiológicas, história das aprendizagens passadas

R: resposta

C: consequências

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Técnicas comportamentais

Condicionamento clássico

1) Contra condicionamento: emparelhar relaxamento com o estímulo negativo. O


relaxamento muscular constitui o inibidor de ansiedade a que mais
frequentemente se recorre. Técnicas de respiração diafragmática, relaxamento
muscular progressivo (ex. body scan), imagética guiada. Para as crianças
funciona muito bem o relaxamento de Jacobson & Truax. A respiração
diafragmática é da barriga e não intercostal, exemplo do balão na barriga.
Inspira em 3 tempos, expira em 6/7 tempos. Outro modo de treina: um livro na
zona torácica e outro na barriga, só o livro da barriga mexe. Técnica de
imagética: treino do lugar seguro. Manual de relaxamento para profissionais
de saúde

2) A extinção deu origem às estratégias de exposição/habituação,


dessensibilização sistemática. É importante fazer a Prevenção do evitamento.
Problema da dessensibilização sem o terapeuta: a pessoa submete-se ao
estímulo, mas assim que começa a sentir desconforto afastam-se. Ao não
esperarem que a ansiedade diminua perante o estímulo, estão a reforçar o
condicionamento.
O evitamento mantém a reposta ao medo
Nota: imersão, mergulho total na situação ansiogénica. Ex. em vez de imaginar
primeiro o reptil, ver um vídeo do reptil, começar a tocar no reptil. Na imersão coloca-
se um reptil no ombro da pessoa diretamente. A melhor opção é a hierarquização:
imagem do reptil, imagem do reptil de perto, vídeo do reptil, vídeo de reptil de maior
duração, vídeo do reptil mas perto, tocar no ecrã do vídeo etc.

Cuidados
- O terapeuta deve estar familiarizado: 1) identificação de pistas de ansiedade, 2)
formulação de cenas de alta ansiedade, 3) ser capaz de lidar com as experiências do
cliente que podem ser negativas, ex. ataque de pânico

Condicionamento operante

Escalas de reforço – todas as respostas operantes são seguidas de reforço.


Fundamentais no momento de aquisição de resposta
Escalas intermitentes – só algumas respostas são seguidas de reforço. Podem ser
por: proporção de resposta (variável ou fixo) ao fim de x respostas tem reforço ou
Intervalo de tempo (variável ou fixo) de x em x tempo tem um reforço. Estas escalas
são as mais fortes.

3) Custo de resposta
Custos realistas aplicados imediatamente após um comportamento inapropriado. O
reforço perdido não deve ser facilmente recuperável. Tem de ser uma retirada de algo
que o individuo que o individuo valoriza muito

4) Time out
Retirar o individuo de um contexto onde ele possa receber qualquer tipo de reforço.

Reforço positivo
Reforço secundário: adquirem a potencialidade por associação com reforços primários
Dar uma recompensa

Reforço negativo
Retirada de um contexto desagradável

Modelagem
Não só o comportamento final é reforçado, mas também as aproximações ao
comportamento final. Isto é fundamental em aprendizagens mais complexas

O condicionamento operante deve ser usado simultaneamente com estratégias para


diminuir o comportamento não desejado, e reforço para potenciar o comportamento
desejado. Extinguir um comportamento para substituir com outro.

Aprendizagem social

Modelagem
Instruções: para cada comportamento alvo o terapeuta deve iniciar a terapia com
instruções detalhadas acerca dos objetivos e processos característicos do
comportamento permitido e que o cliente fique atento ás regras e elementos
essenciais da execução do modelo que irá observar
Modelagem: observar modelos simbólicos ou reais (ex. o terapeuta) a executar o
comportamento. O terapeuta deve chamar a atenção para os aspetos fundamentais da
execução. O modelo deve ainda ter consequências positivas (reforço vicariante)
Prática: após modelagem deve haver reprodução, o terapeuta deve guiar o cliente na
sua execução através de pistas e instruções.
Auto-observação e reforço: feedback imediato e objetivo, com reforço de todos os
progressos verificados.

Pode ser feito por aquisição: quando a pessoa necessita de aprender respostas que
não estão no seu reportório, especialmente respostas sociais

Para além dos comportamentos motores, ter em atenção também os cognitivos e as


respostas fisiológicas e como controlá-las.

Ou inibição/desinibição: inibir comportamentos que estão em excesso ou melhorar


comportamentos que já existem mais estão em défice

Deficiência na discriminação: a pessoa tem as competências, mas não sabe usá-las de


acordo com os contextos, ex. é sempre muito extrovertida e comunicativa em todos os
contextos

Treino de competências sociais

Estilo assertivo
Corpo relaxado, postura firme, respiração regular. Mantém contacto ocular a maior
parte do tempo, tem expressão facial apropriada ao conteúdo refletindo
adequadamente os sentimentos. Poucos gestos, que enfatizam o conteúdo da
comunicação. Gestos marcados, objetivos e apropriados á mensagem verbal. Tom
firme, sem hesitações ou interjeições, sem sarcasmos ou hostilidade. Fala devagar e
com altura apropriada. Mantém tom de voz no fim das frases

- Expressar aquilo que sente, com respeito pelos outros


O estilo de comunicação mais saudável

1) Estabelece uma relação com os outros fundada na confiança, não no domínio e


calculismo
2) Não utiliza mimica ou uma entoação oposta ao que se diz por palavras
3) Está à vontade na relação face a face, pronunciando-se de forma construtiva
4) Procura compromissos realistas
5) Facilita a expressão dos sentimentos dos outros sem os bloquear

Treino das competências verbais e não verbais


Contacto ocular: olhar para os olhos da outra pessoa, nem para o chão nem para o
lado

Postura: manter o corpo relaxado, nem rígido nem tenso, atenção á respiração. Não se
mover incessantemente, trocar os pés ou torcer as mãos. Saber agir seriamente, sem
rir, sem sorriso inapropriado quando alguém está a ultrapassar os direitos

Tom de voz: falar com a voz firme para que as palavras digam aquilo que querem dizer
sem hesitações, ou interjeições ou sarcasmo nem hostilidade. Quando zangado deve-
se dizer isso diretamente. Falar devagar e com postura apropriada. Se o outro está a
gritar deve-se falar baixo e firme.

Tentar usar frases que comecem por “eu não quero” “eu quero”, em vez de “eu
preciso” “eu não posso”; dar uma razão factual e não grandes desculpas; quando
zangado dizer aos outros “estou zangada porque...”, sem atacar ou ameaças

Exprimir sentimentos: exprimir sentimentos negativos (estou zangado... não gosto


quando ...) e sentimentos positivos (gosto da forma como tu trabalhas),
autorrevelação (tenho problemas com álcool por isso não bebo)

Responder aos outros: aos elogios, agradecendo apenas sem desvalorizar, responder a
pedidos (sim, mas ...), recusar pedidos; responder às críticas (justas admitir o erro e
pedir desculpa, injustas explicar porque não concorda, ou vagas – aprofundar o
conteúdo)

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Técnicas cognitivas

Aceder a atividade cognitiva

Método de registo (a pessoa ter um caderno ou uma folha onde escreve o que sente
para o terapeuta ler) (fazer o registo de onde estava, com quem estava, o que sentiu
quando teve o ataque de pânico etc)

- Método de endosso (questionários, ex. STAI, DBI depression beck inventory)

-Projeto de vida (ex. A pessoa tem 31 anos, traz 32 cartões/folhoas, correspondentes a


cada ano da vida do paciente, mais 1 ano que corresponde á gravidez da mãe) tentar
perceber que eventos, memórias, temas que aparecem várias vezes ao longo dos
cartões, o “projeto de vida” pode ser pautado por temáticas de luto, desempenho etc.

- Grelha de reportório, George Kelly (mais construtivista)


Paradigma do autocontrolo

Estratégias de auto-observação/auto-monitorização

a) Identificar e discriminar o comportamento que vai ser alvo do processo de


autocontrolo: comportamento a aumentar ou a diminuir
b) Mapear a auto-observação: como, quando e onde vou registar o meu
comportamento alvo? O registo deve abranger os estímulos discriminativos,
respostas e as consequências
c) Autoavaliação e estabelecimento de objetivos: o sujeito compara os dados
obtidos na auto-observação com os critérios pessoais e ideias de realização
d) Conclusões acerca da adequação ou não do meu comportamento (preciso de
aumentar, preciso de diminuir).

Estratégias de controlo de estímulos

a) Alteração do contexto físico


b) Alteração do contexto social
c) Alterações da função discriminativa do estímulo

Seleção das consequências apropriadas (recompensa ou “castigo” definidos pelo


próprio); definição de planos de contingências

Terapias de reestruturação cognitiva

Terapia cognitiva de Beck

- Esquemas negativos

- Tríade cognitiva da depressão (visão negativa de mim, dos outros, e do mundo)

- Distorções cognitivas

As cognições estão organizadas em esquemas: existe uma distinção entre pensamento


aberto (verbalização) e esquemas (mais profundos, inconscientes e estáveis)

Os erros cognitivos expressos em pensamentos automáticos resultam na ativação de


determinados esquemas cognitivos. Temos acesso ao pensamento automático através
da verbalização.
Questionamento socrático: que evidencias tem que isto seja assim? Tentar
desconstruir o esquema, que pode estar longe da realidade, através do
questionamento, fazer com que a pessoa perceba por ela própria a sua falácia

Distorções/erros cognitivos

Inferência arbitrária – chegar a uma conclusão autodreciativa na ausência de provas ou


quando existem provas contrárias á sua conclusão

Abstração seletiva – focalização de um detalhe negativo retirado do contexto,


ignorando outros aspetos mais positivos, conceptualizando a experiência
depreciativamente com base nesse fragmento

Sobregeneralização- chegar a uma conclusão geral com base em um ou mais


incidentes negativos isolados, projetando esta negatividade para outras situações
presentes ou futuras

Magnificação – distorção da importância ou amplitude do acontecimento, por


exemplo, dando excessiva importância a uma critica ou desvalorizando um elogio

Personalização – propensão para relacionar ocorrências externas consigo próprio,


atribuindo às suas características acontecimentos desagradáveis que ocorrem no meio.
O oposto também pode ser verdade (locos de controlo externo), quando a culpa de
tudo o que nos acontece se deve a fatores externos

Pensamento absolutista e dicotómico – tendência para categorizar todas as


experiências em categorias opostas, colocando-se a si próprio e às suas experiências
no polo mais negativo. Ou é perfeito ou não dá, ou é tudo ou nada

Pensamentos automáticos (o acontecimento, o que é que a pessoa sentiu, e o que


pensou)

Erros cognitivos (aqui incorri em “x” erro, a pessoa deve chegar a esta conclusão por
si própria, através do debate cognitivo com o terapeuta)
Ver vídeos da APA do Beck e do Ellis

Atitudes disfuncionais – entramos cada vez mais fundo no pensamento cognitivo da


pessoa
Identificação das distorções (análise das evidências, classificação dos erros,
formulação de pontos de vista alternativo, lidar com as consequências negativas,
descatastofização, aptidão de confronto paliativo) ex: quantas vezes já teve um
ataque cardíaco depois de sentir isso? Ex: tem medo de não pagar as coisas a tempo,
e se isso acontecer? E depois, qual o pior que pode acontecer?

Registo de pensamentos adaptativos

Ponto/contraponto – apresentação da situação e da distorção, pedindo cognição


adaptativa

Modelo ABC

Terapia racional emotiva. Combate os pensamentos irracionais (os que impedem o


individuo de atingir os seus objetivos) ex. alguém sair da faculdade e acreditar que tem
logo de ter emprego. Por vezes, quando mais tentamos agarrar uma coisa mais ela
foge.

O ser humano está perpetuamente insatisfeito. No limite, nada é bom ou mau por si,
não existe um único caminho para ser feliz. Ex. ter filhos não é absolutamente bom, as
pessoas que tem filhos tem outros tipos de problemas

1) Estratégia de disputa racional


Atitudes de distanciamento: lidar com factos e não opiniões; aceitar factos provados;
evitar conclusões dogmáticas; reconhecer diferenças entre hipóteses e factos;
permanecer sem resposta até obter uma; não aceitar á priori qualquer teoria, não
rejeitar á priori qualquer teoria; procurar evidencias e contra evidencias

2) Discriminação/técnicas de inversão

Inversores anti catastróficos: em que é que isso é uma catástrofe

Inversores racionais: o que é que isso muda efetivamente na sua vida

Inversores utilitários: para que é que isso serve

Inversores Humorísticos: fazer com que a pessoa se ria dela própria


Estratégias emocionais

Identificação das emoções (explorar, listar, discriminar)

Aceitação das emoções (normalização do sentimento, aceitação ativa) Redução do


sentimento acerca do sentimento. Ex. a primeira emoção, é normalmente adaptativa,
mas por vezes a emoção primária é acompanhada de uma emoção secundária, “sinto-
me triste por “x” evento, ao sentir me triste sinto-me culpada (emoção secundaria). O
deprimido sente-se triste por estar triste.

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