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Cadernos Socialgest, nº 3 (Dinâmica de Grupos) – 2006

CADERNOS
SOCIALGEST
Nº 3 - 2006

Luís Jacob - 2006

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Cadernos Socialgest, nº 3 (Dinâmica de Grupos) – 2006

Dinâmica de Grupos

O homem como ser gregário que é, necessita de viver em conjunto com os


outros, de viver em grupo.
Desta forma desenvolve relações com os seus semelhantes, relações essas
que podem ocorrer de várias formas e em diversos contextos. Em função destas
relações, os indivíduos aglomeram-se em grupos.
Um grupo é constituído por diferentes pessoas com relações interpessoais,
que partilham os mesmos objectivos e necessidades.

Grupo

Mais de duas pessoas Objectivos Relações interpessoais

Todos nós convivemos diariamente com vários grupos e ao longo da nossa


vida iremos ser parte integrante destes, como sejam:
- A família, a turma, a equipa desportiva, a classe, o departamento da
empresa, os amigos, os vizinhos, o partido político, etc.
Nestes grupos iremos adoptar diferentes comportamentos e posturas. Em
alguns grupos seremos mais ou menos activos, mais ou menos intervenientes, mas
seremos sempre parte importante do grupo.
Os elementos do grupo regulam as suas interacções adoptando as mesmas
crenças, normas, regras e padrões de comportamento. Só assim é possível existir
interdependência e cooperação, de modo a se atingir os objectivos ou satisfazer as
necessidades do grupo.
O indivíduo comporta-se como membro de um grupo desde que tenha
consciência que partilha dos mesmos valores, regras e objectivos característicos dos
outros elementos que formam o grupo. O essencial é reconhecermo-nos como
membro desse grupo.
Todos os grupos, enquanto entidade viva e dinâmica, evoluem,
ultrapassando diversas etapas ou fases de desenvolvimento durante o seu período
de vida.
Nós vivemos em grupo para satisfazer as nossas necessidades básicas e de
atracção interpessoal.
Em grupos podemos atingir metas pessoais proporcionadas por este,
identificamo-nos com a força e o prestígio social do grupo a que pertencemos e
beneficiamos dos recursos materiais e espirituais do grupo.

O grupo satisfaz as nossas necessidades:


• físicas (alimentares, saúde, descanso, sexo)
• de segurança (integridade física, laboral, económica)
• sociais (valorização, projectar qualidades)
• pessoais (sentir a estima dos outros, reforçar a autoconfiança)

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No entanto um grupo só funciona como tal se for coeso. A coesão é a


atracção magnética dos membros para com o centro invisível do grupo, aumenta se
o facto de fazerem parte dele for, de alguma forma, proveitoso para os indivíduos.
Há maior probabilidade de que os membros se sintam atraídos para o grupo, se
este tiver um bom registo de êxitos no passado no que respeita à competição com
os outros.
A coesão do grupo é determinada pela força dos laços que ligam os
elementos individuais num toda unificada.
Os factores que conduzem à coesão do grupo são:

• A proximidade física: As pessoas que trabalham juntas ou que


passam muito tempo juntas, têm mais tendência para a coesão.
• Trabalho igual e\ou semelhante: As pessoas que fazem trabalhos
semelhantes defrontam-se com os mesmos problemas e podem
entre ajudar-se, o que é uma forma de tomar o grupo coeso.
• A Homogeneidade: A coesão do grupo é tanto maior quanto mais
forem as características comuns dos seus membros, idade,
profissão, origens, etc.
• A comunicação: A coesão é tanto maior quanto os seus membros
comunicarem mais facilmente entre si.

Para optimizar e desenvolver o espírito, o trabalho e coesão de um grupo


utilizam-se diversas dinâmicas de grupo (Brainstorming, jogos, inquéritos,
dramatização, etc.), cada qual com objectivos específicos.

Fases de criação de um grupo

Uma equipa ou um grupo não surgem por acaso, surgem por alguma razão.
Como já vimos um grupo para ser reconhecido como tal necessita de três elementos
(pessoas, objectivos e interelações). Um grupo pode desenvolver-se a partir de
qualquer destes elementos.
O conjunto de indivíduos que compõem o grupo pode ser:

• Informal se este for constituído espontaneamente


ou
• Formal se for uma hierarquia a escolher as pessoas do grupo

• Restrito se o campo de selecção dos membros do grupo for


limitado pela idade, sexo, profissão, habilitações literárias, etc.
ou
• Amplos se não existirem condições ou requisitos para integrar o
grupo

Os objectivos que os grupos perseguem podem ser:


• De tarefa quando o grupo pretende arranjar soluções e/ou
trabalhar

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ou
• De relação quando o grupo quer desenvolver e criar laços entre as
pessoas do grupo ou do exterior.

As razões do surgimento do grupo e os seus motivos podem ser:


• Pessoais quando satisfazem necessidades pessoais
• Colectivos quando satisfazem necessidades de uma comunidade
• Ideológicas quando as pessoas trabalham por um ideal ou por um
espírito
• Económicas quando o sentido do grupo é lucrarem com a
actividade
• Sociais quando se está no grupo com intuito de apoiar quem
necessita
• Valorização quando o grupo serve de plataforma social e
intelectual para os seus membros

Em seguida o grupo ou alguém por ele, escolhe um líder e estabelece uma


hierarquia (ordem e relações interpessoais).

O líder pode ser:


• Imposto quando é uma ordem superior a impor um líder ao grupo
ou
• Natural quando do seio do grupo ergue-se alguém com esse perfil

A hierarquia pode ser:


• Simples quando a distancia entre o topo e a base da hierarquia é
reduzida (Ex.': professor/alunos ou Treinador/jogadores)
ou
• Complexa quando existem vários intermediários entre os
diferentes gruas hierárquicos (Ex.': Presidente/Vice-presidente /
Secretário/Chefe de divisão/Chefe de secção/Funcionário).
E
• Flexível quando a hierarquia rege-se por normas facilmente
adaptáveis ás mudanças (Ex.: Formação, se a formação não estiver
a ter os resultados pretendidos pode-se facilmente alterar o
método utilizado)
ou
• Semi-rígida quando surgem modificação e essas não são muito
fáceis de executar (Ex.: Alterar o processo administrativo de
matricula numa escola)
ou
• Rígidas quando a hierarquia é muito esquematizada e
normalizada e as modificações são muito difíceis de realizar (Ex.:
O sistema militar)

Após a constituição do grupo e esclarecidos os objectivos é útil criar normas


de funcionamento, aprovar os métodos e técnicas a utilizar, fazer um inventário
dos meios e materiais necessários no presente e no futuro, estabelecer prazos,

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organizar as tarefas individuais ou colectivas e principalmente regular formas de


avaliar o decorrer do trabalho.
Esta avaliação pode ser feita através:
 De reuniões periódicas entre os elementos do grupo
 De inquéritos no interior ou exterior
 De sondagens ao grupo e/ou ás entidades para e quem este
trabalha

1º - Criar um grupo ou uma equipa

A criação de um grupo pode ter origem: ou Num conjunto de pessoas:


*Formal ou informal
*Restrito ou amplo
Na existência de objectivos comuns:
*Pessoais, colectivos, sociais, ideológicos ...
*Trabalho ou de relação
É preciso definir objectivos
*Pessoais, sociais, ...
*Trabalho ou de relação

É preciso reunir vários elementos


*Formalmente ou informalmente
*Restrito ou amplo

É preciso criar relações


* Escolher um líder
- Natural ou imposto
- Autoritário, liberal ou democrático
* Criar uma hierarquia
- Rígida, semi-rígida ou flexível
- Simples ou complexa

GRUPO
2º - Estabelecer regras, tarefas, meios, métodos de avaliação
e de comunicação, prazos, comportamentos, e técnicas.
3º - Executar as actividades preestabelecidas necessárias
para alcançar os objectivos propostos.
4º - Analisar resultados
5º - Proceder ás alterações necessárias a nível de:
Elementos, tarefas, objectivos, liderança e hierarquia, meios
e materiais.
6º - Executar as actividades preestabelecidas necessárias para alcançar os
objectivos propostos.
7 - Comparar os objectivos iniciais com os finais
8º - Termina o grupo ou surgem novos objectivos e o grupo continua.

Depois de todas as tarefas realizadas, chegou o momento de fazer uma


analise aos resultados e concluir se os objectivos inicias foram alcançados ou não.

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Por fim o grupo dá por terminado a sua função e dissolve-se ou procura


novos objectivos e retoma o trabalho.

Desenvolvimento emocional do grupo

A primeira fase de qualquer grupo é a sua origem, momento em que o grupo


não é mais que um conjunto de pessoas.
O processo de origem de qualquer grupo inicia-se com a apresentação.
Durante este período domina a insegurança psicológica dos membros, "Irão gostar
de mim ?", "Serei bem aceite ?', "E se eu só responder mal ?" são algumas das
angustias porque que passam todos os elementos de um grupo nos primeiros
contactos.
Esta fase é caracterizada por quatro atitudes básicas:
* Descobrir os amigos e aliados
* Descobrir os inimigos
* Definir o comportamento com a autoridade (líder)
* Procurar os objectivos do grupo

Depois de esclarecidos os propósitos de cada elemento no seio do grupo,


surge a definição de tarefas e posições de cada um na hierarquia do grupo.
Após esta fase, segue-se o desenvolvimento dos objectivos. Este crescimento
pode ser orientado para objectivos de trabalho ou orientado para objectivos de
relação.
Os grupos direccionados para o trabalho ou tarefa produzem atitudes que
visam alcançar o seu objectivo; trocam informações, examinam, analisam,
compõem, ...
Os grupos direccionados para a relação produzem comportamentos que
visam tornar o grupo coeso; falam, discutem, apoiam, incentivam...
Todavia estes dois níveis são interdependentes. Os grupos de trabalho não
podem esquecer a vertente da relação nem os grupos de relação podem esquecer os
métodos e actividades de trabalho.

Nos grupos vocacionados para a tarefa:


1ª Etapa: Orientação para a tarefa, os elementos tentam compreender as
partes mais importantes da tarefa e procuram saber como podem contribuir para o
seu melhor desempenho.
2ª Etapa: Resposta emocional à tarefa, os membros resistem às obrigações
que as tarefas exigem Existe uma diferença entre o que lhes é proposto e o que
conseguem fazer, o que pode provocar reacções emocionais negativas.
3ª Etapa: Intercâmbio de ideias, os elementos do grupo dialogam entre si,
trocam informações. Debatem os assuntos entre si.
4ª Etapa: Soluções, surgem atitudes para resolver os problemas.

Nos grupos vocacionados para a relação:


1ª Etapa: Comprovação e dependência, fase de estudo das relações pessoais,
procura de inimigos e aliados. Tentam-se identificar os outros elementos.

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2ª Etapa: Conflito intragrupal, os membros oscilam entre o "eu" e o grupo, é


a fase de conflito e de desarmonia do grupo.
3ª Etapa: Desenvolvimento da coesão do grupo, as atitudes de defesa
diminuem, trabalha-se para o grupo, constroi-se uma referência comum a todos os
elementos. É a fase em que o grupo assume uma identidade.

Desenvolvimento emocional do grupo

1ª Fase: Génese do Grupo


(O grupo não é mais que um conjunto de pessoas)

2ª Fase: Etapas de Desenvolvimento do grupo ( 2 tipos):

1) Desenvolvimento orientado para a tarefa


1ª Etapa: Orientação para a tarefa
(Os elementos tentam compreender as partes mais importantes da
tarefa)
2ª Etapa: Resposta emocional à tarefa
(Os membros resistem às obrigações que as tarefas exigem)
3ª Etapa: Intercâmbio aberto das interpretações relevantes
(Os elementos do grupo dialogam entre si, trocam informações)
4ª Etapa: Soluções
(Surgem atitudes para resolver os problemas)

2) Desenvolvimento orientado para a relação

1ª Etapa: Comprovação e dependência


(Fase de estudo das relações pessoais)
2ª Etapa: Conflito intragrupal
(Os membros oscilam entre o “eu” e o grupo, é a fase de conflito)
3ª Etapa: Desenvolvimento da coesão do grupo
(As atitudes de defesa diminuem, trabalha-se para o grupo, constrói-se
uma referência comum a todos os elementos)

Elementos de um grupo

São vários os elementos que podemos encontrar num grupo e é fulcral saber
identificá-los e saber lidar com cada um deles. É muito difícil e falível traçar perfis
psicológicos dos membros de um grupo, porque o ser humano não é previsível
nem normalizado.
Em todos os grupos de surgem elementos que podem ser ais ou menos
identificados com personagens-tipo.
No entanto podemos com algum êxito desenhar o carácter e atitudes de
alguns elementos tipo que podem surgir num grupo. O normal é surgirem
indivíduos com características de mais de um tipo, o importante é ter a
sensibilidade e competência para lidar com cada um.
Os tipos de pessoas que podemos encontrar habitualmente num grupo são:

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“O Sabe-tudo"

O que faz ?
 Impõe as suas ideias aos outros.
 Não ouve as opiniões dos colegas
 Defende-se com grande convicção
 Interrompe incessantemente os outros

O que fazer ?
 Desarmá-lo, fazendo-lhe perguntas
 Concordar com a sua opinião mas ouvir o resto do grupo

“O Bocas"

O que faz ?
 Destabiliza e esta sempre pronto a “disparar”.
 Diz comentários desagradáveis ao grupo.
 Está frequentemente distraído.

O que Fazer ?
 Ser rígido e chamá-lo à razão
 Mostrar o desagrado do grupo pelas suas atitudes

"O Fala-barato ou Bobo”

O que faz ?
 Fala muito e sem interrupção
 Interrompe muitas vezes os outros
 Cansa o grupo e brinca muito.
 Precisa constantemente de atenção

O que fazer ?
 Cortar o seu monólogo.
 Alertá-lo que os outros elementos também querem participar.

“0 Tímido”

O que faz ?
 Participa pouco porque tem medo de errar.
 Tem dificuldade em expressar as suas ideias.
 Muitas vezes é um observador atento

O que Fazer ?
 Procurar as suas opiniões
 Agradecer e reforçar a sua participação

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"O Zé Marreta"

O que faz ?
 É agressivo e de ideias fixas
 Não gosta de trabalhar em grupo
 É critico e actua muito na defensiva

O que Fazer ?
 Aproveitar algumas boas ideias dele de forma a tentá-lo inserir no seio do
grupo
 Não deixá-lo criar conflitos

"O Animador"

O que faz ?
 É bastante participativo e extrovertido
 É alegre e amigo do grupo
 Gosta de ajudar e animar os colegas

O que Fazer ?
 Reforçar a sua confiança e apoiá-lo

“0 Trabalhador"

O que faz ?
 Participa activamente no trabalho de grupo
 É seguro de si e tem boas ideias

O que Fazer ?
 Assegurar e reforçar a sua contribuição

"O Preguiçoso'

O que faz ?
 Não actua no grupo e esta regularmente distraído
 É pouco participativo e dinâmico
 Gosta de se aproveitar do trabalho dos outros

O que Fazer ?

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 Intervir de forma a ele assumir algumas responsabilidades


no grupo

“O Excluído”

Existe ainda nos grupos, um elemento muito importante, o excluído ou no


sentido mais pejorativo, a “ovelha negra”. Este membro do
grupo é aquele que é constantemente excluído das
actividades do grupo. Esta exclusão pode ser desencadeada
por ele próprio ou pelo grupo.
Por vezes é a pessoa que por si mesma se coloca á
margem do grupo, por se sentir diferente, superior ou
inferior, por ser mais tímida ou introvertida ou por não
concordar com o espírito do grupo.
No entanto a maioria das vezes é o grupo, ou a maioria deste, que exclui
automaticamente este indivíduo, decidem afastá-lo por ser diferente, preguiçoso,
calado, antipático, mais velho ou novo ou simplesmente por não gostarem.
No entanto esta atitude agressiva ou de indiferença perante alguém, pode
ser resultado do desconhecimento pessoal ou social ou por medo deste.
O que faz ?
 Coloca-se ou é colocado fora do grupo
 Sente-se ou é excluído
 Provoca comportamentos negativos
 Não participa activamente nas actividades do grupo

O que fazer ?
 Descobrir as causas da exclusão
 Procurar conhecer melhor o indivíduo
 Tentar inseri-lo nas tarefas do grupo

É importante que ao lidar com elementos perturbadores do grupo, se tente


que seja este mesmo a tomar uma posição com estes indivíduos. Deste modo é
mais fácil ao líder dirigir o grupo, dado que são os próprios elementos do grupo a
agirem quando este é abalado por alguém.
É sempre preferível que seja o grupo em si a actuar, do que só o líder. Esta
atitude melhora o espírito de grupo e fortalece a responsabilidade de cada
elemento na vida da equipa.

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Líderes

O líder é aquele que é reconhecido e seguido pelos seus pares. O poder do


líder emana destas duas condições. Ao líder cabe o dever de orientar e
representar o grupo que dirige.
Liderança é a capacidade de fazer com que alguém ou um grupo faça uma
actividade, de livre vontade, que não faria se não fosse a interferência de um líder.

Um líder só funciona quando os restantes elementos do grupo o aceitam e


sentem como tal. Após este reconhecimento ele poderá ser seguido pelo grupo. E
só nestes casos, em que o líder é aceite e seguido, é que se pode falar de um
verdadeiro líder.
O líder de um grupo pode ser imposto, quando é nomeado para essa função
por uma hierarquia superior ao grupo (professor,
chefe, formador), ou pode ser natural, quando surge
espontaneamente no seio do grupo (amigos, grupos
informais).
Quando o líder é imposto a sua função pode
ser dificultada se o grupo não o aceitar. Neste caso
ele pode ser o líder formal, mas no seio do grupo não é reconhecido como tal, e
assim podem ocorrer duas situações:
ou
- Surge um líder natural no grupo e passam a existir dois lideres, um formal
e reconhecido no exterior e um informal e reconhecido no interior do grupo, com
os consequentes conflitos.
(A este elemento que anteriormente estava como que escondido no grupo, e
que perante uma crise emerge espontaneamente como líder, damos o nome de
“líder submarino”. Num grupo podem existir vários lideres submarinos, que só
surgem como lideres quando necessário.)
ou
- O líder deixa de ter poder no grupo e a liderança dilui-se, o grupo fica sem
orientador e anda à deriva.
Quando o líder é imposto a sua primeira tarefa deve ser tentar ser aceite pelo
grupo e depois deve tentar ser seguido de modo que o grupo cumpra as suas
directivas.
Quando o líder é natural acontece o inverso, normalmente ele surge pelos
seus actos ou palavras, ou seja ele torna-se líder quando é seguido pelos outros. A
sua tarefa então será tentar ser reconhecido, internamente e externamente, como
líder.
O bom líder deve possuir algumas características que o distingam dos
restantes elementos, para que este possa servir de exemplo, interno e externo, ao
grupo.
O líder ou animador gere a vida do grupo, assegurando que as suas
diferentes funções se realizam e que os objectivos são alcançados. Este pode
adoptar diferentes estilos de gestão do ambiente pedagógico (autoritário, liberal ou
democrático) com diferentes consequências na produtividade e no clima
psicológico do grupo.

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Os líderes são peças fundamentais no desenvolvimento, caminho escolhido


e identidade de cada grupo.

Um bom líder deve ser:

 Honesto
 Inteligente
 Comunicativo
 Eficiente
 Organizado
 Carismático
 Etc.

A todas estas características deve-se acrescentar ser possuidor de uma


sensibilidade que lhe permita sentir as alterações ao ambiente no interior e exterior
do grupo.

O líder deve considerar e preservar:


• As opiniões dos outros
• A sua postura e atitudes
• A situação interna e externa do grupo
• A imagem do grupo

Do mesmo modo deve evitar ser:


• Parcial e injusto
• Intolerante e agressivo
• Ausente e desleixado
• Egocêntrico e narcisista

O líder pode assumir essencialmente três posturas, autoritária, liberal e


democrática, todas elas com vantagens e desvantagens. Mas como o grupo é uma
entidade em permanente evolução, este pode passar durante um determinado
período de tempo por várias formas de liderança.
Por exemplo, um grupo pode iniciar-se com um líder liberal, que mais tarde
pode passar a democrático e acabar com uma liderança autoritária.
O grupo está em evolução constante (entrada ou saída de elementos,
alteração dos objectivos, melhoria dos meios, etc.) que o podem levar a atravessar
por diversos estilos de liderança.

O líder autoritário centraliza o poder em si;


E caracteriza-se por:

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1. O líder concentrar o poder


2. Centralizar em si o trabalho
3. Manter uma relação afastada do grupo
4. As decisões serem pessoais
5. Não ouvir o grupo

O estilo autoritário reflecte-se no grupo da seguinte maneira:

1. Existe uma liderança forte


2. A produção é elevada em quantidade
3. Há uma baixa participação do grupo
4. Existem conflitos escondidos
5. O ambiente é negativo e depressivo

O líder autoritário ao centralizar em si o poder executivo e decisório remete


Os restantes elementos do grupo para uma posição de total subordinação
O que provoca nestes uma sensação de angustia e frustração por não
Poderem ter um papel mais activo no grupo, limitam-se a fazer o que o líder
ordena. Existe de facto uma liderança forte e trabalho realizado, no entanto o
ambiente não é agradável nem o potencial criativo dos os elementos é aproveitado,

O líder liberal ou passivo remete o poder para o grupo;


E caracteriza-se por:

1. O líder entrevir e decidir muito pouco


2. O poder ser delegado ao grupo
3. O líder não ser membro activo do grupo
4. Não existe controlo dos resultados
5. O líder "deixa andar" o grupo e as tarefas.

O estilo liberal reflecte-se no grupo da seguinte maneira:

I. A comunicação é excessiva e os resultados escassos


2. A liderança é fraca ou inexistente
3. A desmotivação é grande
4. Reina a anarquia
5. A produção é diminuta

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O líder liberal ou "Laissez Faire" é um líder que não exerce as suas funções
de orientador e coordenador do grupo, deixa que todos os elementos decidam e
actuem como quiserem. O líder liberal não entrevem nos conflitos nem nos
problemas, delega a sua função ao grupo, disto resulta que não há um fio condutor
no actividade do grupo e que a produção seja escassa. Aumenta também a
desmotivação e a desorganização porque ninguém conduz o grupo e este actua à
deriva.

O líder democrático orienta e incentiva o grupo;


E caracterizasse por.

1. O grupo possui algum poder


2. O líder actuar quando necessário
3. A comunicação ser recíproca
4. Existirem atitudes de apreço
5. Ser o grupo que a controlar a actuação

O estilo democrático reflecte-se no grupo da seguinte maneira:

1. A produção é boa em quantidade e qualidade


2. A motivação é elevada em todos os elementos
3. O grupo é coeso e unido
4. A criatividade é estimulada e utilizada
5. A participação do grupo é abundante

O líder democrático é aquele que utiliza o poder para o bem do grupo.


Discute os trabalhos e os problemas com todos os elementos, sendo as acções
decidas por todo o grupo. O líder só intervêm mais energicamente quando existem
conflitos no grupo. Desta participação dos membros em todo o processo de
trabalho resulta que a produção e a motivação são boas e o grupo funciona como
um todo.

Jogos de Grupo

Os jogos de grupo são uma das técnicas de dinâmica de grupos mais


utilizada durante a vivência com uma equipa. Estes jogos tem objectivos e
estratégias muito bem definidas.
Conforme os seus objectivo, existem os jogos de apresentação, de confiança,
de selecção, de exposição, de diversão e de animação/entretenimento.

Jogos de Objectivos Estratégias


Apresentação  Conhecer os elementos  Pergunta / resposta
E do grupo  Apresentação individual
Confiança  Tomar o grupo mais  Indicação de gostos
coeso e unido

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 Fortalecer os laços
pessoais na equipa
 Identificar prioridades
e opções
Selecção  Escolher membros da  Escolha aleatória ou
equipa selectiva
 Dividir o grupo em  Voluntariado
subgrupos  Seleccionar por gostos,
idades, passatempos, etc.
Exposição  Incentivar as pessoas a  Fazer questões pessoais
revelarem-se  Solicitar a actuação
 Estimular a participação individual
do grupo  Criar situações
 Colocar a vontade os incómodas
elementos mais reservados
Diversão  Quebrar a tensão no  Provocar uma situação
grupo divertida
 Desanuviar o ambiente  Fazer com que todos os
 Amainar uma situação elementos actuem de uma
complicada forma descontraída
Animação /  Alegra um grupo  Fazer jogos e
Entretenimento  Entreter as pessoas brincadeiras
 Ocupar o tempo  Cantar e tocar música
 Contar anedotas e
histórias

Bibliografia

 Brehm, Kassin, Social Psychology, Hougton Mifflin Company


 Fritzen, Silvino José, Exercícios Práticos de Dinâmica de grupos - 19º Edição,
Vozes, 1994
 Bothwel], Lin, A Arte da Liderança - Editorial Presença, 1991.
 Saint-Arnaud, Yves, Dinâmica de grupos, Iniciação ao seu espírito e algumas
das suas técnicas, Edições Loyota, 30 Edição, 1983.
 Kirsten, Rainer e Mulier-Schwarz, Como treinar um grupo de trabalho eficiente
- Edidouro, 1980.
 Castilho, Willian Cesarm, Dinâmica de grupos populares - Vozes, 1993
 Fachada, M. O., Psicologia das relações interpessoais, Edições Raimundo.
 Cardim, L. e Marques, P., O processo de comunicação, Instituto de Emprego e
Formação Profissional.

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