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EFA - Técnico Auxiliar de Saúde

UFCD: 6561 - Trabalho em Equipas Multidisciplinares na Saúde


Formanda: Lígia Carolina Silva Breyer

Reflexão
Este tema fez-me contemplar por novos prismas a importância das equipas multidisciplinares no âmbito dos
Serviços de Saúde, do qual confesso nunca antes ter refletido. Como ponto de partida foi importante explorar os
conceitos de grupo. Semanticamente, a palavra "grupo" deriva do italiano "gruppo" e refere-se à pluralidade de
seres ou coisas que formam um conjunto, assim considerado do ponto de vista material ou mental. O termo é
usado em diversas esferas, nomeadamente na matemática, na astronomia, na química, na sociologia, na
informática e na música. Em sociologia, um grupo é um sistema de relações sociais, de interações recorrentes
entre pessoas.

Um grupo é formado por um conjunto de pessoas que desempenham papéis específicos e recíprocos, que
atuam de acordo as normas, valores e fins que foram estabelecidos previamente a sua formação para manter a
sua continuidade e estabilidade em uma sociedade. Assim sendo, torna-se impossível pensar numa sociedade
sem a subdivisão em grupo de pessoas. Mais ainda, é impossível pensar no ser humano isolado dos outros seres
com quem forma a sociedade toda. O ser humano constantemente necessita dos outros, da sua relação com os
demais e apresenta uma necessidade natural de interação.

É por isso que são formados grupos dentro da sociedade e estão geralmente agrupados por pessoas com
algumas características similares, sejam físicas (como grupo de atletas) ou ideológicas (partidos políticos).
Geralmente, as pessoas que a integram compartilham ideias, gostos, projetos ou outras circunstâncias que se
agrupam em um mesmo denominador comum. Estes grupos, quaisquer sejam os seus fins, são o principal
componente da estrutura social e é assim que se colocam em prática suas funções e seu status.

Vimos que há dois tipos bem diferenciados de grupos, os primários e os secundários. O primeiro engloba a
família do indivíduo, a este grupo não se escolhe pertencer, mas que é dado pela convivência diária; no segundo,
abre-se um "leque" de possibilidades, o qual assentam-se os interesses em comum, cooperação e projetos, por
exemplo, a escola, o trabalho, o grupo de amigos, a equipa de futebol ou os companheiros de teatro. Além disso,
existem grupos criados por uma pessoa ou um grupo de pessoas com fins específicos, que em geral pretendem
focar-se em alguma situação ou problema social, como as organizações civis, também chamadas "não-
governamentais"; nestes grupos, as pessoas formam equipas de trabalho que tentam focar e solucionar
diferentes problemas, como por exemplo, atender crianças em situação de risco, oferecer espaços de
participação cidadã, reunir fundos para tratamentos de saúde, lutar pelos direitos humanos, entre outras causas.

Todo tipo de grupo precisa de um líder, ou seja, um profissional responsável por orientar a equipa, de modo a
alcançar os objetivos propostos. Os grupos nas organizações de trabalho são agrupamento de pessoas na busca
de objetivos organizacionais comuns, onde o alcance é interessante para a empresa e para os colaboradores,
todos ganham. A empresa ganha em produtividade, e o colaborador ganha ao sentir-se importante no processo
de produção da empresa.

Arrazoamos também sobre a diferença entre grupo e equipa. O que mais diferencia uma equipa de um grupo é
o sonho dos indivíduos. Se cada um tiver um sonho diferente, e for cada um por si, então teremos um grupo. Se
existir um sonho em comum, e todos trabalharem evoluindo em conjunto esforçando-se para alcançar esse
sonho, então teremos uma equipa.

Juntar um conjunto de indivíduos num grupo de trabalho não cria uma equipa por si só. Um grupo é formado
por indivíduos que partilham competências e habilidades num mesmo espaço de trabalho. Num grupo, os
membros trabalham individualmente para metas comuns, mas ao fazê-lo de forma autónoma fomentam a
competição, descurando a colaboração. Um grupo de trabalho não é mais que a soma das partes. Entretanto,
numa equipa de trabalho, as pessoas trabalham para um objetivo comum, ou seja, as pessoas não trabalham de
forma individual, a tarefa de cada pessoa é o complemento da tarefa do outro e todos trabalham de forma
colaborativa garantido que o objetivo esperado seja alcançado.

As equipas têm um líder, as tarefas estão claramente definidas, cada pessoa sabe exatamente qual é o seu papel
no seio da equipa e a comunicação flui. Neste contexto, as organizações aproveitam as sinergias do trabalho em
equipa, podendo definir-se uma equipa de trabalho como a multiplicação das partes. O trabalho em equipa
proporciona um ambiente criativo com comunicação eficaz e troca de experiências de forma transparente,
potenciando a realização pessoal e a confiança nos membros da equipa. As críticas e os conflitos são vistos
como alavancas de crescimento e aprendizagem dos membros da equipa, sendo resolvidos prontamente
através de feedbacks.
Ao abordarmos os conceitos de liderança, vimos que há vários estilos, que se adequam ou não a depender do
seguimento profissional e os objetivos da empresa/instituição.

Quando pensamos num contexto de trabalho e numa equipa gostamos de imaginar um bom ambiente e uma
equipa esforçada, entusiasta e capaz de atingir os seus objetivos. No entanto, se refletirmos melhor sobre estes
aspetos conseguimos perceber que gerar motivação numa equipa de trabalho não é tarefa fácil. Aliás, a
motivação de equipas pode ser uma das maiores exigências para o líder, uma vez que cada pessoa é diferente,
tem formas de estar diferentes e objetivos de vida e profissionais também diferentes, que precisam de se alinhar
com os objetivos da organização. Cabe, então, ao líder adaptar-se e gerir a sua equipa no geral e cada elemento
em particular, levando as pessoas a adotar comportamentos desejáveis e ajustados que se traduzam em
produtividade sustentável e num nível de compromisso cada vez mais elevado.

Cada elemento de uma equipa tem, portanto, um papel específico a desempenhar dentro da mesma e irá
desenvolver atividades e comportamentos de acordo com o esperado pelo líder e pelos restantes membros.
Todavia, se estes papéis não forem bem definidos e desempenhados de acordo com as expectativas da equipa,
torna-se difícil sustentar o seu funcionamento de forma produtiva. Contrariamente, se uma equipa estiver
motivada e funcionar de forma coesa, satisfazendo algumas das necessidades individuais e coletivas, conseguirá
resolver vários dos problemas de gestão, comunicação e coordenação dentro da organização, rumo ao sucesso.
Podemos, então, encarar a Motivação como um conjunto de “forças energéticas que têm origem quer no
indivíduo quer fora dele, e que dão origem ao comportamento de trabalho, determinando a sua forma, direção,
intensidade e duração” (Pina e Cunha, 2007) através, também, do seu esforço e da sua persistência face aos
obstáculos.

Um líder à altura do seu papel deve “perceber o que motiva os seus colaboradores, o que estes apreciam na
função, no ambiente, na equipa e o que os leva a darem esse algo mais” (Costa, 2012). Alguns autores defendem
que são os fatores intrínsecos (projetos, interesses e objetivos pessoais) que mais importam para as pessoas se
sentirem motivadas, enquanto que para outros são fatores extrínsecos (remuneração, a formação ou atividades
realizadas, o reconhecimento pelos pares, benefícios, incentivos, dentre outro). É fundamental que, para os
trabalhadores, se manterem motivados estes possam ser envolvidos nas decisões acerca do seu próprio
trabalho, do trabalho da equipa e que os seus resultados sejam monitorizados e alvo de avaliação e reflexão,
quer sobre os seus aspetos mais positivos, quer sobre aqueles que devem ser alvo de melhoria. Citado por
Daniel Goleman, “Os bons líderes não conhecem apenas um estilo de liderança – são competentes em vários e têm a
flexibilidade de alternar entre eles conforme as circunstâncias".

O intuito desta abordagem conceitual serve para compreendermos o tema principal desta UFCD, o qual está
direcionado ao estudo e compreensão do nosso papel como futuros profissionais da área da saúde e elementos
ativos dentro de uma equipa multiprofissional, ainda que, em posição periférica hierarquicamente, porém de
suma importância a ação dos cuidados de saúde. Em termos técnicos, a equipa multiprofissional de saúde é
formada por um grupo de profissionais de saúde que trabalha em conjunto com o objetivo de promover a
recuperação mais rápida e efetiva do utente. Esta, pode ser constituída por diferentes profissionais de saúde,
como médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas, por exemplo, podendo a formação da
equipa variar de acordo com o objetivo a ser alcançado. É fundamental que a equipa multiprofissional trabalhe
em conjunto, com uma interação comunicacional ativa, a fim de promover a qualidade de vida do utente.

A equipa multiprofissional torna-se, portanto, fundamental para o acompanhamento do utente e para garantir a
sua recuperação integral, uma vez que, as ações são tomadas de acordo com a necessidade de cada utente.
Através de uma equipa multiprofissional é possível ter várias pessoas olhando para o mesmo quadro clínico, o
que dá origem a mais discussões e, consequentemente, uma melhor avaliação do utente, resultando numa
melhor abordagem terapêutica e menor tempo de internamento, por exemplo.

O cuidado ao utente hospitalizado ocorre tradicionalmente através de ações isoladas, apesar de


contextualizadas em um todo, sem interação entre a equipa de saúde. A comunicação entre os profissionais
pode ser facilitadora da humanização assistencial prestada pela equipe, pois através dela, consegue-se identificar
os problemas e compreender as necessidades dos utentes. Nos cuidados intensivos, por exemplo, a assistência
prestada ao utente é preconizada como um cuidado de risco, integral, que demanda uma especialização e uma
equipa multiprofissional interligada.

Vivemos em tempos de muita preocupação e agitação em volta dos sistemas de saúde. Diante disto, os
profissionais que exercem atividade neste setor têm assumido um papel preponderante e necessário, tendo das
unidades de saúde visto como necessário o reforço das suas equipas, nas mais variadas categorias profissionais.
Assim, o/a Técnico/a Auxiliar de Saúde assume uma extrema importância pela sua capacidade de apoiar e
colaborar nas tarefas de uma equipa em cuidados de saúde.
Universalmente, o Técnico Auxiliar de Saúde tem como funções, auxiliar na prestação de cuidados de saúde aos
utentes, auxiliar nos cuidados post-mortem, na recolha e transporte de amostras biológicas, na limpeza,
higienização e transporte de roupas, materiais e equipamentos, na limpeza e higienização dos espaços, no apoio
logístico e administrativo das diferentes unidades e serviços de saúde, sob orientações do profissional de saúde.

O trabalho do TAS é exigente e requer perseverança, dedicação e disponibilidade, além de competências ao nível
dos cuidados prestados. Em suma, é uma atividade que requer uma elevada capacidade de comunicação,
compreensão, e empatia.

Na linha do tempo desta unidade de formação, aprendemos a partir de diversas atividades lúdicas e dinâmicas
de grupo. Em uma destas, dispusemos em cartazes frases motivadora, com o objetivo de incentivar não somente
a turma, como todos que por eles passassem. Tivemos também a oportunidade de desenvolver, em parceria
com a minha colega Goreti, um artigo sobre Liderança na Saúde. Contudo, particularmente, o "Dia Fora da Caixa"
foi a proposta que mais atribuiu valor à esta unidade de formação, pois pudemos experienciar de forma prática
os seus conceitos, bem como nos conduziu não somente a conhecermos uns aos outros, mas também ao
autoconhecimento.

Cuidar de alguém é uma das missões mais complexas que podemos enfrentar, pois o doente é um ser dotado
de sensações e sentimentos. Neste sentido, é fulcral exercer uma comunicação adequada ao perfil da pessoa a
qual estamos a prestar os cuidados de saúde; indispensavelmente utilizar a assertividade e a empatia como
regra nesta interação. Os conhecimentos adquiridos permitiram uma maior consciencialização da importância ao
trabalho em equipa no domínio da saúde, bem como da minha posição dentro das equipas multidisciplinares.

Concluo citando Andrew Carnegie, "O trabalho em equipe é a capacidade de trabalhar juntos em direção a uma
visão comum. A habilidade de direcionar realizações individuais para objetivos organizacionais. É o combustível que
permite que pessoas comuns alcancem resultados incomuns",

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